Semana de
28 de maio
a
03 de junho
de 2001

Rádio Vaticano

JPII CELEBRA PENTECOSTES DIANTE DOS RESTOS MORTAIS DO PAPA JOÃO XXIII

Cidade do Vaticano, 03 jun (RV) - O Papa João XXIII voltou hoje à Praça São Pedro, onde foi aclamado, depois de 38 anos da sua morte, por cerca de 30 mil fiéis. Foi precisamente no dia 3 de junho de 1963, que a notícia do falecimento do Papa Angelo Roncalli, sucessor de Pio XII, chocou os fiéis do mundo inteiro.

Diante do corpo do "Papa Bom" _ como era carinhosamente chamado por milhões de fiéis em todo o mundo _ JPII presidiu a solene concelebração eucarística por ocasião da festa litúrgica de Pentecostes. Em sua homilia, o Papa ressaltou a feliz coincidência de a festa de Pentecostes ser celebrada justamente na data da trasladação dos retos mortais de Papa João XXIII.

"Este meu predecessor faleceu há 38 anos, precisamente no dia 3 de junho de 1963, enquanto uma multidão de fiéis rezava por ele, aqui nesta Praça São Pedro, unida espiritualmente em torno do seu leito de morte. E hoje, continuamos a mesma oração, agradecendo a Deus por tê-lo dado à Igreja e ao mundo. Como Sacerdote, como Bispo e como Papa, o bem-aventurado Angelo Roncalli foi dócil à ação do Espírito Santo, que o guiou no caminho da santidade" _ precisou o Pontífice.

Reportando-se às palavras proferidas por João XXIII, exatamente no dia de Pentecostes de 1960, JPII disse que elas nos ajudam a entender o grande impulso missionário do mistério da solenidade pentecostal. De fato, a Igreja, ícone da Santíssima Trindade, nasceu com uma dimensão missionária. Com a sua presença e sua ação no mundo, ela irradia esse misterioso dinamismo entre os homens, difundindo o Reino de Deus.

"Sinal dessa vocação missionária da Igreja _ disse JPII _ foi o Concílio Vaticano II, convocado pelo Papa Roncalli."

"Podemos dizer que o Espírito Santo foi o protagonista do Concílio, desde quando foi convocado pelo Papa João XXIII. E a sua continuação hoje _ sublinhou o Santo Padre _ foi o Grande Jubileu do 2000 e o recente Consistório Extraordinário, que repropuseram a atualidade e a riqueza dos temas conciliares às novas gerações. Tudo isso, graças ao testemunho de santidade que o "Papa Bom" nos deixou como herança."

Mediante o valoroso exemplo da sua existência, disse ainda JPII, exalta-se a importância da escolha de santidade, como caminho privilegiado da Igreja, no início deste terceiro milênio. O generoso desejo de colaborar com o Espírito, para a santificação eclesial e do Povo de Deus é a condição prévia e indispensável para a nova evangelização.

A esse propósito, o Papa acrescentou: "Se a evangelização precisa da santidade, ela, por sua vez, precisa da linfa da vida espiritual: a oração e a íntima união com Deus, através da Palavra e dos Sacramentos. Noutras palavras, ela precisa de uma vida profunda e pessoal, no Espírito, como o fez, desde a sua juventude, o "Papa Bom". Eis aqui o segredo da sua bondade, que conquistou o Povo de Deus e tantos homens."

Ao término da celebração da solenidade de Pentecostes, ao meio-dia, JPII entoou o canto do Regina Coeli, a oração mariana, que marca hoje, o fim do período pascal. Antes, porém, como faz habitualmente, JPII proferiu uma alocução, no curso da qual confiou à materna proteção de Nossa Senhora, a vocação missionária da Igreja, mas também seus anseios de esperança, paz e justiça para o mundo:

"Recomendemos, de modo particular, à intercessão de Nossa Senhora as vidas de tantos jovens, vítimas de uma absurda onda de violência existente infelizmente em tantos países, como o testemunham as notícias que nos chegam, nestes dias, da Terra Santa. Entre as jovens existências, recordo, de modo especial, as crianças envolvidas em conflitos armados."

A esse respeito, o Papa recordou que em cerca de 50 países, numerosos são os menores recrutados para as guerras ou que vivem em situações de pós-guerra, vítimas de tantos tipos de abusos e de alistamentos forçados, submetidos a violências físicas e psicológicas, separados de seus pais e da escola. Por isso, o Santo Padre fez seu apelo:

"Convido a Comunidade Internacional a intensificar seus esforços, a fim de proteger e reabilitar os que vivem em condições tão dramáticas assim. Que as crianças, futuro e esperança da humanidade, possam crescer distantes do flagelo da guerra e de todo tipo de violências. Que Maria, Mãe da vida, proteja a infância em perigo e seja sustento dos que se esforçam por defendê-la."

A seguir, o Santo Padre referiu-se à devoção que o Papa João XXIII nutria por Maria Santíssima, que o acompanhou no caminho sacerdotal e em toda a sua existência.

Durante todo o domingo, 3 de junho, a urna contendo os restos mortais do bem-aventurado Papa João XXIII ficou exposta diante do Altar da Cátedra, na Basílica de São Pedro, para a veneração dos fiéis. A partir de amanhã, a urna será colocada, definitivamente sob altar de São Jerônimo. (MT)