RÁDIO VATICANO
PAPA JOÃO PAULO I: 25 ANOS DEPOIS

Cidade do Vaticano, 26 ago (RV) - “Ontem de manhã, fui à Capela Sistina, tranqüilamente, para votar. Jamais teria imaginado o que estava para acontecer...”: iniciou-se com essas palavras, acompanhadas de seu constante sorriso, o mais breve pontificado do século XX _ o do Papa João Paulo I.

No dia 27 de agosto de 1978, um João Paulo I ainda admirado por sua eleição à Cátedra de Pedro, assoma pela primeira vez ao balcão da Basílica de São Pedro, para recitar, juntamente com os milhares de fiéis que lotavam a Praça, a oração mariana do Angelus e para saudar todos aqueles que, ali e em todo o mundo, o aclamam como novo Pontífice da Igreja Católica. Em poucas semanas, o novo Papa conquistaria a Igreja e os fiéis em todos os continentes.

Aquele primeiro discurso não continha frases memoráveis, mas era permeado de um toque de gentileza d’alma, que fazia brecha facilmente nos corações. Papa Albino Luciani (esse era seu nome) explica porque escolheu um nome duplo _ João Paulo. Ele afirma que não se sente à altura de seus predecessores, que não possui as qualidades que os distinguia.

“Se o Senhor dá um peso a ser carregado _ disse _ dará também ajuda para carregá-lo. Eu não possuo nem a sabedoria de coração de Papa João, nem a preparação e a cultura de Papa Paulo, mas ocupo o lugar que eles ocuparam. Procurarei servir à Igreja. Espero que me ajudem com suas orações...”

Essa profissão pública de humildade se completa logo a seguir, quando ele conta uma anedota, que faz com que os presentes o aplaudam vivamente, entre sorrisos. Essa atitude atrai para ele uma corrente instintiva de afeto que permanece vivo até hoje, na memória de quem o conheceu: uma pessoa dotada de uma espiritualidade sacerdotal profunda e de uma intensa experiência pastoral.

O bem-aventurado Papa João XXIII o nomeou Bispo aos 46 anos de idade. Em 1969, o Papa Paulo VI o nomeia para o Patriarcado de Veneza e quatro anos mais tarde, o criava cardeal.

O Papa João Paulo I teve o pontificado mais breve do século XX e um dos mais breves de toda a história da Igreja: apenas 33 dias: faleceu no dia 28 de setembro de 1978. Breve, mas intenso, que deixou uma grata recordação em todos e em particular aos que estão empenhados na sua causa de canonização, iniciada no dia 17 de junho passado.

Eis o que diz dele, o Cardeal Prefeito da Congregação para os Bispos, Giovanni Battista Re, que, em 1978, trabalhava na Secretaria de Estado como colaborador do Substituto da mesma Secretaria: “Foram 33 dias de autêntica humanidade do “Papa do sorriso” _ afirma o Cardeal Re. As marcas de seu pontificado, 25 anos depois, ainda persistem na Igreja. JPI sentia o peso de seu cargo. Entretanto, chamou a atenção das pessoas por sua bondade de espírito e por sua humanidade. Sua mensagem permanece ainda em nossos dias, pela simplicidade e clareza de sua linguagem, que atingia os corações.”

Por sua vez, o Cardeal Joseph Ratzinger, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, afirma: “Pessoalmente, tenho a máxima certeza de que JPI era um santo, seja por sua grande bondade, simplicidade e humildade, seja por sua grande coragem. Ele tinha a coragem de dizer as coisas com grande clareza, mesmo indo contra a corrente. Ele não foi apenas um simples pároco que, por acaso, se tornou Patriarca de Veneza. Era um homem de grande cultura teológica e de enorme sentido e experiência pastoral. Enfim, era um homem de fé luminosa. Não obstante, sofria pelo peso de tanta responsabilidade.”

Na recordação do Cardeal Bernardin Gantin, Prefeito emérito da Congregação para os Bispos, Presidente emérito da Pontifícia Comissão para a América Latina, e Decano emérito do Colégio Cardinalício, “JPI é um homem que merece ser apresentado como modelo e exemplo aos cristãos, por sua adesão total à vontade de Deus”.

Apesar de sua brevidade, o pontificado de JPI não deixou de ser significativo para a história da Igreja e para a humanidade. Foi um pontificado fecundo. A lição que JPI nos deixou foi a de “nos deixarmos guiar pelo Espírito Santo, não pela nossa mentalidade e nem pelos nossos sentimentos pessoais”. (AF-MT)

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