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PUBLICADAS AS ATAS DO SIMPÓSIO INTERNACIONAL SOBRE A INQUISIÇÃO, REALIZADO NO VATICANO EM 1998
Cidade do Vaticano, 15 jun (RV) – Foram apresentadas
hoje, na Sala de Imprensa da Santa Sé, as atas do simpósio
internacional sobre a Inquisição, que se realizou no Vaticano
em 1998.
As
atas foram apresentadas pelos Cardeais Roger Etchegaray, Jean-Louis
Tauran, Arquivista e Bibliotecário da Igreja, e Georges Cottier,
teólogo da Casa Pontifícia, assim como pelo especialista
em Inquisição, o historiador Agostino Borromeo, que
preparou o livro. O perito contou que na Espanha, de 1540 a 1700, foram celebrados 44.674 juízos por tribunais inquisidores e foram mortas quase 2% (para precisão, 1,8%) das pessoas julgadas; outros 1,7% foram condenados em contumácia, ou seja, não foram justiçados pessoalmente, mas em lugar delas foram queimados ou enforcados fantoches. Sobre
o tema da bruxaria, Borromeo contou que na Espanha foram queimadas
naqueles anos 59 bruxas; em Portugal, 36, e na Alemanha, 25.000. Neste
último país, as condenações não
foram só dos tribunais da Inquisição. "A
Inquisição exerce uma obsessão nas memórias
e no imaginário como mito da intolerância e da violência,
que brotaram do profundo da própria cristandade”, disse
o purpurado francês. Ele
precisou que devemos distinguir as verdadeiras culpas cometidas pela
Igreja das imagens que muitas vezes se projetam do passado e que não
estão isentas de deformações e preconceitos.
"Não se pede perdão por algumas imagens difundidas
pela opinião pública, que têm a ver mais com o
mito do que com a realidade”, acrescentou. Quando surgiram esses movimentos, a Igreja se viu diante da necessidade de recorrer a meios mais eficazes de luta contra toda forma de heterodoxia, e assim surgiram os tribunais da Inquisição. Com o passar do tempo, se acabou por equiparar a heresia ao mais grave delito previsto na legislação civil, o crime de lesa majestade, e que estabelecia a pena de morte na fogueira para os hereges. Em 1252, o Papa Inocêncio IV autorizou a tortura. Anos antes, com Gregório IX, multiplicaram-se os tribunais inquisitoriais, sem um plano prévio sistemático, sobretudo na França, Itália, Alemanha, Holanda, Hungria e Boêmia, sendo seus membros religiosos de ordens regulares, principalmente dominicanos. O Cardeal Cottier explicou que o simpósio histórico foi fundamental para chegar ao ''pedido de perdão'' da Igreja, o qual, como é natural, não pode ter como objeto senão fatos verdadeiros e objetivamente reconhecidos. (PL) |
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