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sábado, 03/26/2005

AS BELAS MAS DURAS REFLEXÕES DO CARDEAL RATZINGER PARA A VIA-SACRA NO COLISEU

Cidade do Vaticano, 25 mar (RV) - Os dois momentos da liturgia de hoje, sexta-feira santa, da paixão e morte de Jesus Cristo _ a Adoração da Cruz e a Via-sacra no Coliseu _ não contaram com a presença física do Santo Padre, convalescente em seus aposentos, no Vaticano.

Na manhã desta sexta-feira santa, os presentes na Basílica vaticana, sentiram a falta do Papa, que, segundo a tradição, descia à Basílica de São Pedro, para confessar alguns fiéis, em várias línguas.

À tarde, o Cardeal James Francis Stafford, Penitencieiro-Mor, presidiu, na Basílica vaticana, à celebração da Paixão do Senhor, com a Adoração da Cruz.

Durante o rito sagrado, o pregador oficial da Casa Pontifícia, Pe. Raniero Cantalamessa, capuchinho, proferiu a homilia, falando do significado da Eucaristia, o modo inventado por Deus para ser sempre o “Emanuel”, Deus conosco.

Por sua vez, durante a celebração da Paixão do Senhor, o cardeal norte-americano, James Francis Stafford, rezou pelo Papa, a fim de que Deus-Pai possa dar-lhe saúde e força para guiar e governar o povo de Deus.

No início da noite, o Cardeal Camillo Ruini, Vigário do Papa para a Diocese de Roma, presidiu ao tradicional rito da Via-sacra, no Coliseu romano, carregando a Cruz no lugar de JPII.

O Cardeal Ruini, Presidente da Conferência Episcopal Italiana, levou a cruz durante as duas primeiras estações e na última estação. A cruz foi carregada ainda por dois frades franciscanos da Custódia da Terra Santa, uma religiosa da Índia, uma leiga da Coréia do Sul, uma família de Roma, uma leiga do Sri Lanka, uma família da Albânia imigrante na Itália, e um jovem da Arquidiocese de Cartum, no Sudão.

Os milhares de peregrinos presentes, com velas acesas nas mãos, meditaram os textos da Via-sacra preparados pelo Cardeal Joseph Ratzinger, decano do Sacro Colégio Cardinalício e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé.

Em belos e duros textos, o Cardeal alemão Joseph Ratzinger denunciou que o homem atual não crê em nada, e se deixa levar por um novo paganismo, em meio à tendência de um secularismo sem Deus...

"Na queda de Jesus sob o peso da cruz, é visível todo este seu itinerário: a sua voluntária humilhação para nos levantar do nosso orgulho. E ao mesmo tempo aparece a natureza do nosso orgulho: a soberba pela qual desejamos emancipar-nos de Deus, sendo apenas nós mesmos, pela qual cremos que não temos necessidade do amor eterno, mas queremos organizar a nossa vida sozinhos. Nesta revolta contra a verdade, nesta tentativa de nos tornarmos deus, de sermos criadores e juízes de nós mesmos, caímos e acabamos por nos autodestruir. A humilhação de Jesus é a superação da nossa soberba: com a sua humilhação, Ele nos faz levantar. Deixemos que nos levante. Despojemos-nos da nossa auto-suficiência, da nossa errada cisma de autonomia e aprendamos o contrário d’Ele, d’Aquele que Se humilhou, ou seja, aprendamos a encontrar a nossa verdadeira grandeza, humilhando-nos e voltando-nos para Deus e para os irmãos espezinhados."

O Cardeal disse ainda que a cristandade, em sua história recente, abandonou Cristo e está-se deixando levar pelas tendências, criando um novo paganismo, que é pior do que o antigo, já que, querendo esquecer definitivamente Deus, terminou por desinteressar-se do homem.

"Na história, a queda do homem assume sempre novas formas. Na sua primeira carta, São João fala duma tríplice queda do homem: a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida. Assim, ele interpreta a queda do homem e da humanidade, no horizonte dos vícios do seu tempo com todos os seus excessos e depravações. Mas, olhando a história mais recente, podemos também pensar como a cristandade, cansada da fé, abandonou o Senhor: as grandes ideologias, com a banalização do homem que já não crê em nada e se deixa simplesmente ir à deriva, construíram um novo paganismo, um paganismo pior que o antigo, o qual, desejoso de marginalizar definitivamente Deus, acabou por perder o homem. Eis o homem que jaz no pó. O Senhor carrega este peso e cai... cai, para poder chegar até nós; Ele olha-nos para que em nós volte a palpitar o coração; cai para nos levantar."

O Cardeal Ratzinger, prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, pediu a Deus que livrasse o homem do poder da concupiscência, e que em vez de uma coração de pedra, lhe desse um novo, de carne, um coração capaz de ver...

"Senhor Jesus Cristo, carregastes o nosso peso e continuais a carregar-nos. É o nosso peso que Vos faz cair. Mas sois Vós a levantar-nos, porque, sozinhos, não conseguimos levantar-nos do pó. Livrai-nos do poder da concupiscência. Em vez do coração de pedra, dai-nos novamente um coração de carne, um coração capaz de ver. Destruí o poder das ideologias, para os homens poderem reconhecer que estão permeadas de mentiras. Não permitais que o muro do materialismo se torne intransponível. Fazei que Vos ouçamos de novo. Tornai-nos sóbrios e vigilantes para podermos resistir às forças do mal, e ajudai-nos a reconhecer as necessidades interiores e exteriores dos outros, e a socorrê-las. Erguei-nos, para podermos levantar os outros. Concedei-nos esperança no meio de toda esta escuridão, para podermos ser portadores de esperança no mundo."

O Cardeal alemão denunciou as vezes em que a força dos poderosos deste mundo insultam a verdade, a justiça e a dignidade, e pediu a Deus que desse força aos homens, para que não se unissem aos que se aproveitam dos mais fracos.

Recordando as últimas horas de vida de Cristo-homem, o Cardeal disse que o Juiz do Mundo foi humilhado, desonrado e exposto indefeso diante do juiz terreno, e que os homens, como costuma ocorrer com freqüência, olharam para o outro lado...

"Jesus é despojado de suas vestes. A roupa confere ao homem a sua posição social; dá-lhe o seu lugar na sociedade, fá-lo sentir alguém. Ser despojado em público significa que Jesus já não é ninguém, nada mais é que um marginalizado, desprezado por todos. O momento do despojamento recorda-nos também a expulsão do paraíso: ficou sem o esplendor de Deus o homem, que agora está, ali, nu e exposto, desnudado e envergonha-se. Deste modo, Jesus assume mais uma vez a situação do homem caído. Jesus despojado recorda-nos o fato de que todos nós perdemos a «primeira veste», isto é, o esplendor de Deus. Junto da cruz, os soldados lançam sortes para repartirem entre si os seus míseros haveres, as suas vestes. Os evangelistas narram isso com palavras tiradas do Salmo 22, 19 e assim afirmam-nos o mesmo que Jesus há-de dizer aos discípulos de Emaús: tudo aconteceu "conforme as Escrituras". Não se trata aqui de pura coincidência, tudo o que acontece está contido na Palavra de Deus e assente no seu desígnio divino. O Senhor experimenta todos os estádios e degraus da perdição dos homens, e cada um destes degraus é, com toda a sua amargura, um passo da redenção: é precisamente assim que Ele traz de volta para casa a ovelha perdida. Recordemos ainda que, segundo diz São João, o objeto do sorteio era a túnica de Jesus, a qual, "toda tecida de alto a baixo, não tinha costura" (Jo 19, 23). Podemos considerar isto como uma alusão à veste do sumo sacerdote, que era "tecida como um todo", sem costura (Flávio Josefo, Antiguidades Judaicas, III, 161). Ele, o Crucificado, é realmente o verdadeiro sumo sacerdote."

A justiça foi pisoteada pela velhacaria, pela covardia e por medo da prepotência da mentalidade dominante. A sutil voz da consciência foi sufocada pelo grito da multidão, escreveu o Cardeal, ressaltando com amargura, que muitas vezes, "os homens preferem o êxito à verdade, nossa reputação à justiça"!

O Cardeal Ratzinger fez severas críticas à Igreja...

"Quanta sujeira existe na Igreja, e justamente entre aqueles que, no sacerdócio, deveriam pertencer completamente a Ele. Quanta soberba, quanta auto-suficiência! Quão pouco respeito ao sacramento da reconciliação, no qual Ele nos espera, para nos reeguer de nossas quedas! (...) Senhor, freqüentemente a tua Igreja nos parece um barco que está para afundar, um barco no qual entra água de todos os lados. E também no teu campo de trigo, vemos mais discórdia do que trigo. As vestes a a face sujas da tua Igreja nos causam aflição. Mas somos nós mesmos a nos sujar! Somos nós mesmos a te trair, depois de nossos grandiloqüentes discursos e de nossos gestos plateais. (...) Salva e santifica a tua Igreja. Salva e santifica todos nós!"

JPII participou espiritualmente, do rito da Via-sacra, com os fiéis reunidos no Coliseu de Roma, seguindo a cerimônia através da televisão. O Santo Padre estava em sua capela privada, em atitude de profunda meditação. Na última estação, tomou a cruz nas mãos, em sinal da íntima participação nos sofrimentos de Cristo.

No início da Via-sacra, o Cardeal Camillo Ruini leu uma mensagem do Papa aos numerosos fiéis, provenientes de diversas partes do mundo. No breve texto, JPII recordou as últimas horas antes da morte de Cristo, da qual brotou uma nova esperança para a humanidade. E, através do Cardeal Ruini, o Papa deixou seu testemunho pessoal:

“Ofereço também meus sofrimentos, para que se cumpram os desígnios de Deus e para que sua palavra possa perpetuar entre seu povo. Expresso minha solidariedade a todos os que, neste momento, são provados pelo sofrimento. Rezo por cada um deles." (MT)

© Rádio Vaticano

Webmasters: Carmen de Andrade Ferreira
e Bianca Fraccalvieri


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