Berlim,
26 abr (RV) - A semana passada foi muito intensa
para o Pe. Georg Ratzinger. Além de atender à
avalanche de jornalistas, precisou defender duramente o irmão,
agora Bento XVI, contra as acusações maldosas
da imprensa, que afirmavam que o novo Papa teria pertencido
à "Juventude Hitleriana".
Quando
o jornal britânico "The Sun" escreveu o título
"Da juventude hitleriana... a Papa Ratzi" numa de
suas manchetes, Pe. Georg Ratzinger viu a necessidade de explicar
com clareza, o passado de sua família e de seu irmão.
"Quem
escreve esse tipo de coisas, escreve porque precisa escrever"
_ disse Pe. Georg, referindo-se às manchetes mais sensacionalistas,
e acrescentou que "os que escrevem isso... não
entendem que tempos eram aqueles".
Nos tempos
da Alemanha nazista, os Ratzinger escutavam no rádio,
as notícias dos aliados. "Era um ato de desafio
muito simples, mas perigoso na pequena cidade bávara.
Nosso pai fazia isso para que nós, seus filhos, soubéssemos
a verdade sobre os nazistas e a 2ª Guerra Mundial"
_ recordou ele.
Pe. Georg
comentou que, ouvir os aliados "era absolutamente proibido.
Se alguém fosse pego ouvindo os aliados, era levado
ao campo de concentração; por isso, fazíamos
em segredo. As notícias alemãs não eram
seguras. Meu pai queria escutar o que de fato estava acontecendo".
O fato
de, aos 14 anos, Joseph ter pertencido à juventude
hitleriana, e ao exército, quando tinha 18, permitiram
que o atual Pontífice e seu irmão pudessem sobreviver.
"(O
Papa) não tinha outra alternativa: ou se unia ao grupo,
ou era morto. Era um regime brutal. Era uma ditadura desumana"
_ declarou o sacerdote, acrescentando que "não
havia nada de bom nela. Ele (o Papa) foi operador de rádio.
Nunca brigou. Eram tempos duros e precisou lidar com os canhões,
pistolas e outras armas."
Segundo
Volker Dahm, Diretor de pesquisas sobre a época nazista,
do Instituto de História Contemporânea de Munique
"aproximadamente 90% dos jovens na Alemanha fizeram parte
da juventude hitleriana. Negar-se a pertencer a ela, era condenar-se
a ser enviado a um campo de reeducação, algo
parecido a um campo de concentração".
Em 1943,
quando Joseph Ratzinger tinha 16 anos, toda a sua classe do
Seminário foi convocada para ajudar nas baterias antiaéreas
que defendiam uma fábrica da BMW e depois uma fábrica
de aviões, em Oberpfaffenhofen, na qual se construíram
os primeiros jatos alemães.
Em 1944,
foi obrigado a servir na construção de diques
antitanques na fronteira austro-húngara. "Um oficial
do Serviço Secreto veio e nos obrigou ao alistamento",
como escreveu o novo Papa, em seu livro autobiográfico
"Memórias 1927 - 1977". "Alguns se alistaram
neste grupo criminoso. Eu tive a sorte de dizer que queria
ser sacerdote católico e me deixaram livre, com insultos"
_ comentou Bento XVI nesse livro.
Personagens
tão polêmicos como Abraham Foxman, Diretor da
Liga Antidifamação dos Estados Unidos, também
tomaram a defesa do novo Papa. Foxman declarou que o Papa
Bento XVI "é um sobrevivente da tirania e deve
ser valorizado como um homem que viu a pior coisa da humanidade,
e passou o resto de sua vida buscando algo muito melhor".
(MZ)