Istambul,
24 mai (RV) - Representantes das igrejas ortodoxas
do mundo inteiro estão reunidos esta semana, na sede
do Patriarcado Ecumênico, para elaborar um decreto de
destituição de Irineu I, Patriarca Ortodoxo
de Jerusalém.
O controvertido
Patriarca é acusado de ter vendido imóveis de
propriedade da Igreja Ortodoxa de Jerusalém a alguns
empresários judeus. Os imóveis fazem parte de
algumas construções que estão dentro
dos muros da cidade velha, a poucos passos da elegante porta
de Jaffa, e são usadas como hotel para os peregrinos.
O encontro
de Istambul está sendo presidido pelo Patriarca Ecumênico
Bartolomeu I, máxima autoridade da ortodoxia. Desse
encontro participam 42 representantes de 14 Igrejas ortodoxas,
dentre os quais os patriarcas de Alexandria, Antioquia, Moscou,
Sérvia, Grécia, Chipre e Polônia. Participa
também Irineu I, que chegou ontem a Istambul, acompanhado
de dois guarda-costas.
O Patriarca
de Jerusalém já foi destituído de sua
Igreja no dia 7 do corrente. Um comunicado do Sínodo
Ortodoxo de Jerusalém já decretou que Sua Beatitude
Irineu I fosse removido "de sua posição
de Patriarca greco-ortodoxo de Jerusalém e não
tem agora nenhum poder ou autoridade para agir em nome do
Patriarcado".
A venda
dos imóveis na cidade velha desencadeou a ira da comunidade
ortodoxa. Os fiéis se sentem ofendidos, sobretudo porque
o ex-patriarca teria "embolsado" uma significativa
soma (vozes em Jerusalém falam de 150 milhões
de dólares americanos). Em segundo lugar, porque em
Jerusalém há uma pressão do governo israelense
para afastar os cristãos da cidade velha, substituindo-os
por famílias judaicas. Os ortodoxos julgam a venda
uma grande traição contra a presença
da Igreja na cidade.
Semanas
atrás, os ortodoxos receberam Irineu I com injúrias,
definindo-o "traidor como Judas". O governo israelense
retardou por anos, o reconhecimento de Irineu. Segundo personalidades
da Igreja greco-ortodoxa, a venda dos imóveis foi o
preço pago pelo Patriarca para obter seu reconhecimento.
Do dia
7 do corrente maio até sua partida para Jerusalém,
Irineu I permaneceu fechado em seu apartamento no Patriarcado,
vigiado por soldados israelenses armados até os dentes,
e em companhia de guarda-costas, temendo reações
violentas por parte da comunidade.
Do ponto
de vista canônico o Sínodo Ortodoxo de Jerusalém
não tem poder para afastar o Patriarca, mas a rejeição
em reconhecê-lo pode provocar maiores problemas e tensões.
O Secretário-geral
do Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém, o Arcebispo Aristarco,
declarou que o Sínodo tomou uma "decisão
justa", ao afastar Irineu I.
Em
todo caso, todos os fiéis estão prontos a obedecer
à decisão final do Sínodo de Istambul.
(MZ)