Noticiário da Rádio Vaticano Noticiário da Rádio Vaticano
RedaÇão +390669883895 e-mail: brasil@vatiradio.va

Sumario del 09/01/2015

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Atualidades

Papa e Santa Sé



Francisco: somente quem ama é livre

◊  

 

Cidade do Vaticano (RV) - Somente o Espírito Santo torna o coração dócil a Deus e à liberdade. Foi o que afirmou o Papa Francisco durante a homilia da missa matutina, celebrada na capela da Casa Santa Marta.  

Uma sessão de yoga não poderá ensinar um coração a “sentir” a paternidade de Deus, nem um curso de espiritualidade zen o tornará mais livre de amar. Somente o Espírito Santo tem este poder. Em sua homilia, o Papa Francisco se inspirou no episódio do dia do Evangelho de Marcos: a multiplicação dos pães e o assombro dos discípulos ao verem Jesus caminhar sobre as águas. Os apóstolos, disse, “não entenderam o milagre dos pães porque o coração deles estava endurecido”.

Vida dura e muros de proteção

Um coração pode ser de pedra por tantos motivos, observou. Por exemplo, por causa de “experiências dolorosas”. Aconteceu com discípulos de Emaús, temerosos de se iludirem outra vez. Aconteceu com Tomé, que não quis acreditar na Ressurreição de Jesus. E “outro motivo que endurece o coração – indicou Francisco – é o fechamento em si mesmo”:

“Construir um mundo em si mesmo, fechado. Em si mesmo, na sua comunidade ou na sua paróquia, mas sempre fechamento. E o fechamento pode girar em torno de tantas coisas: pensemos no orgulho, na suficiência, pensar que eu sou melhor que os outros, inclusive a vaidade, não? Existem o homem e a mulher-espelho, que estão fechados em si mesmos por olhar continuamente a si mesmos, não? Esses narcisistas religiosos, não? Mas têm o coração duro, porque estão fechados, não estão abertos. E tentam se defender com esses muros que constroem ao seu redor”.

A segurança da prisão

Há também quem se esconda atrás da lei, seguindo “literalmente” o que os mandamentos estabelecem. Aqui, afirmou Francisco, o que endurece o coração é um problema de “insegurança”. E quem busca solidez no ditado da lei se sente seguro, disse o Papa com ironia – como “um homem ou uma mulher na cela de uma prisão atrás das grades: é uma segurança sem liberdade”. O contrário daquilo que Jesus nos trouxe, ou seja, a liberdade:

“O coração, quando endurece, não é livre e se não é livre é porque não ama: assim terminava o Apóstolo João na primeira leitura. O amor perfeito expulsa o temor: no amor não há temor, porque o temor supõe castigo, e quem teme não é perfeito no amor. Não é livre. Sempre tem o temor que aconteça algo de doloroso, triste, que me faça ir mal na vida ou arriscar a salvação eterna ... São tantas imaginações, porque não ama. Quem não ama não é livre. E seu coração estava endurecido, porque ainda não aprendeu a amar”.

O Espírito nos torna livres e dóceis

Então, “quem nos ensina a amar? Quem nos liberta dessa dureza?”, pergunta o Papa Francisco. “Somente o Espírito Santo”, é a sua resposta:

“Você pode fazer mil cursos de catequese, mil cursos de espiritualidade, mil cursos de yoga, zen, e todas essas coisas. Mas tudo isso nunca vai ser capaz de lhe dar a liberdade de filho. Somente o Espírito Santo move o seu coração para dizer 'Pai'. Somente o Espírito Santo é capaz de afastar, de quebrar essa dureza de coração e tornar um coração macio ... Não sei, eu prefiro a palavra... “dócil”. Dócil ao Senhor. Dócil à liberdade do amor”.

(BF/SP)

inizio pagina

Memória e esperança para o Haiti

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – “A comunhão da Igreja: Memória e esperança para o Haiti, cinco anos depois do terremoto” é o tema da Conferência que se realizará nesta sábado, 10 de janeiro, convocada pelo Papa Francisco.

Além de uma delegação do Haiti, composta por 12 pessoas, foram convidados os representantes dos Dicastérios vaticanos, de algumas Conferências Episcopais, de organizações de ajuda e cooperação, os superiores gerais de congregações religiosas e os embaixadores junto à Santa Sé.

A iniciativa é organizada pelo Pontifício Conselho "Cor Unum" e pela Pontifícia Comissão para a América Latina. Os Presidentes dos dois organismos, de fato, irão abrir a Conferência. Na parte da manhã, o programa prevê o pronunciamento do Cardeal haitiano, Chibly Langlois, do Arcebispo de Miami, Dom Thomas Gerard Wenski, e do ex-Representante do Banco Interamericano de Desenvolvimento no Haiti, Eduardo Marques de Almeida, que falarão sobre o processo de reconstrução material e espiritual da Ilha após o sismo.

A seguir, os participantes serão recebidos em audiência, no Vaticano, pelo Papa Francisco. Na parte da tarde, haverá testemunhos de experiências significativas de cooperação internacional, debate e propostas. A celebração eucarística na Igreja de Santa Maria em Traspontina, presidida pelo Secretário de Estado, Card. Pietro Parolin, encerrará a Conferência. Do Brasil, participa o Secretário-Geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner.

Segundo o Cardeal haitiano, este evento será a oportunidade de recordar o desastre que causou mais de 230.000 mortos, 300.000 feridos e 1,2 milhões de desabrigados. Atualmente, a Igreja Católica realiza cerca de 200 projetos na Ilha.

"Esperamos reforçar a comunhão eclesial com a Igrejas-irmãs”, afirmou o Card. Chibly Langlois, que auspicia também a nomeação, em cada diocese haitiana, de uma pessoa competente e qualificada, encarregada de acompanhar a reconstrução e a gestão das ajudas. 

(BF)

inizio pagina

"Diálogo, único caminho para evitar a guerra".diz Cardeal Tauran

◊  

 

Cidade do Vaticano (RV) – “Chocados pelo odioso atentado” perpetrado em Paris, o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean-Louis Tauran, e quatro Imames franceses em visita ao Vaticano, publicaram nesta quinta-feira uma declaração conjunta na qual condenam a tragédia  e reiteram a necessidade do diálogo entre pessoas de fés diferentes. O documento convida também os fiéis “a manifestarem a própria solidariedade humana e espiritual pelas vítimas e suas família através da amizade e da oração”.

A Rádio Vaticano perguntou ao Cardeal Tauran sobre o sentimento que experimentou ao saber do atentado em Paris:

“Obviamente, um profundo desgosto por este tipo de ação, de crime. Trata-se evidentemente de jovens completamente desviados. É terrível pensar que se possa  resolver os problemas com a violência e perpetrar estes atos de violência em nome de uma religião. Acredito que todas as liberdades estejam ameaçadas...”

RV: A visita ao Vaticano, dos quatro Imames franceses empenhados no diálogo inter-religioso, se desenvolveu neste clima. Foi assinada uma declaração comum...

“Naturalmente, estavam profundamente atordoados – como todos nós – por aquilo que aconteceu em Paris. Nestas circunstâncias, recordaram que o mundo está em perigo quando não é garantida a liberdade de expressão. Portanto, é imperativo opor-se ao ódio e a toda forma de violência voltada a destruir a vida humana, que viole a dignidade da pessoa e que mine a coexistência entre as pessoas e os povos. Nós dissemos que os responsáveis religiosos são chamados a promover, antes de tudo, uma cultura de paz e de esperança, capaz de vencer o medo, e de construir pontes entre os homens. Um aspecto que foi ressaltado na declaração é que – considerando o impacto dos meios de comunicação, como a televisão, em particular – os membros da delegação convidam os responsáveis pelos meios de comunicação social a oferecer uma informação respeitosa das religiões, dos seus adeptos e de suas práticas, para favorecer a cultura do encontro. E depois reiteramos que o diálogo inter-religioso permanece como o único caminho a ser percorrido para dissipar os preconceitos. Dois são os caminhos: o diálogo ou a guerra. Nós somos, por assim dizer, “condenados” ao diálogo”.

RV: O senhor pensa que o diálogo seja uma vontade geral, ou que – à exceção de alguns casos – se deva dialogar somente com algumas “exceções” ?

“Veja, eu acredito que como em todas as coisas, existe o bom e o ruim. A coisa particularmente importante, a prioritária, é a educação: a escola e a universidade. É necessário aprender a se conhecer reciprocamente, a compreender aquilo que o outro vive, em que acredita, quais são os seus valores, e isto supõe um longo caminho que se faz com a escola. Acredito muito no ensinamento da História na maneira mais objetiva possível, porque os problemas, os preconceitos, se escondem na ignorância”.

RV: Cardeal Tauran, o que o senhor gostaria de dizer àqueles muçulmanos que podem escutá-lo?

“Eu diria que é importante, nos sermões que são pronunciados nas mesquitas, que se incite sempre mais ao diálogo. De fato, a formação dos muçulmanos ocorre no momento das orações de sexta-feira e assim, este é o lugar e a ocasião em que se deve cultivar esta atenção ao encontro e ao diálogo. Desta forma, é necessário preparara bem os sermões...”.

Os Imames franceses, ao final da Audiência Geral de quarta-feira, encontraram o Papa Francisco que lhes desejou que prosseguissem com coragem o empenho “em favor da paz, da fraternidade e da verdade”. A Rádio Vaticano conversou com o Bispo de d’Evry-Corbeil-Essonnes, Dom Michel Dubost, Presidente do Conselho para as Relações Inter-religiosas da Conferência Episcopal Francesa:

“Foi algo maravilhoso ver o Papa pedir aos Imames franceses, em francês, “priez pour moi”, rezem por mim. Isto foi o mais importante. Segunda coisa: todo o dia de quarta-feira vivemos o drama do atentado de Paris e o vivemos junto com estes Imames, que foram atingidos como franceses, mas também como muçulmanos, acusados de fazer alguma coisa a favor da violência. Isto é horrível, porque são pessoas boas e as acusações são terríveis. Vivemos isto junto com eles, e para mim foi um momento muito importante”.

RV: Este drama, portanto, é a prova de que o diálogo inter-religioso, sobretudo entre os católicos e os muçulmanos, é cada vez mais importante...

“O diálogo é importante, Papa Francisco sempre disse isto. O diálogo entre católicos e muçulmanos é um exemplo para todos os diálogos que devem existir na sociedade”. (JE)

 

inizio pagina

Apresentado simpósio "Astronomia no Islã e no cristianismo"

◊  

 

Cidade do Vaticano (RV) – Foi apresentado na manhã desta sexta-feira (09/01) na Sala Marconi, da Rádio Vaticano, o simpósio “A Astronomia no Cristianismo e no Islã”, organizado por ocasião do Ano Internacional da Luz proclamado pela Onu. O encontro, que se realizará de 13 a 15 de janeiro, em Castel Gandolfo, é organizado pela Specola Vaticana e pela Embaixada do Irã junto à Santa Sé.

Mais do que nunca, o diálogo entre Islã e cristianismo se faz necessário. As duas religiões desenvolveram suas próprias tradições astronômicas, que foram se enriquecendo mutuamente ao longo dos séculos. “A astronomia é patrimônio comum na comunidade mundial. A civilização islâmica – recordou o Professor Farid Ghassemlou,  do Departamento de História das Ciências na "Islamic Encyclopedia Foundation – utilizou os resultados da astronomia grega para desenvolver conhecimento nos países islâmicos e as civilizações europeias utilizaram o saber dos astrônomos islâmicos traduzindo alguns livros de astronomia da civilização islâmica na Idade Média”:

“Devemos procurar fazer entender que o diálogo entre Islã e cristianismo não deve limitar-se somente ao âmbito do direito e da religião. Assim, é necessário dar peso também às questões e aos ambientes científicos, como por exemplo, a astronomia. Queremos afirmar que cientistas, quer islâmicos como cristãos, têm percorrido o mesmo caminho para conhecer o cosmos. As suas perguntas são as mesmas. Tudo isto é importante para continuar o diálogo sobre visões comuns que existem entre nós”.

O Diretor da Specola Vaticana, Padre José Funes, compartilha a mesma visão, segundo a qual a luz, no centenário das equações no campo da Relatividade Geral formuladas por Einstein, desempenha um papel fundamental na vida cotidiana. A luz cósmica – de fato – regula os ritmos da oração, do trabalho e do repouso, é mensageira cósmica que ajuda a compreender o universo e por meio dos telescópios permite visualizar imagens do cosmos, contemplando nele, as marcas do Criador. “Quer o cristianismo, mas sobretudo o Islã, tem uma grande tradição astronômica. Muitas das estrelas ainda hoje levam os nomes dos grandes astrônomos muçulmanos”, observou o jesuíta.

O Simpósio vai debater durante três dias temas variados como a Igreja e a astronomia, o caminho alcorânico no estudo do cosmos, o calendário gregoriano, a história do Universo, entre outros.

Estão previstas visitas aos Museus Vaticanos, Capela Sistina, Specola Vaticana e Arquivo Secreto Vaticano. (JE)

inizio pagina

Igreja no Brasil



CPT reprova política do governo sobre reforma agrária

◊  

Goiânia (RV) - A Comissão Pastoral da Terra divulgou na quarta-feira (07/01) o balanço da Reforma Agrária do ano de 2014 e do primeiro mandato da Presidenta Dilma Rousseff.

De acordo com a análise, no último ano do primeiro mandato, Dilma Rousseff deixou sua marca na questão agrária: foi a presidente que menos desapropriou terras e assentou famílias; menos demarcou os territórios Indígenas, Quilombolas e de diversas populações tradicionais; menos criou Reservas Extrativistas.

“Os povos clamaram por igualdade, por direitos e por justiça, gritaram também para não serem extintos. Resistiram aos inúmeros conflitos provocados por grandes obras do Estado e empresas capitalistas. Como forma de retaliação, os assassinatos no campo continuaram marcados pelo sangue destes povos, o que representou o empenho deste modelo em garantir não só a morte cultural, material e simbólica dos povos do campo, mas também a sua morte física”, lê-se no balanço, publicado no site da Comissão.

Segundo a CPT, os indicadores da Reforma Agrária atingiram os piores índices em décadas. Além da paralisação das desapropriações, seguiu-se um processo de privatização dos assentamentos, de legalização das grilagens de terra e de sepultamento do Incra.

Confira aqui o relatório.

(BF)

inizio pagina

Missão: os desafios pastorais em ser basílica

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - O Reitor da Basílica de Santo Antônio de Pádua, em Americana (SP), Padre Leandro Ricardo, ainda está se adaptando a nova realidade depois do reconhecimento pontifício de Basílica Menor concedido pela Santa Sé ao antigo Santuário.

Atualmente, a Basílica de Santo Antônio abriga até 2,5 mil pessoas e é meta de peregrinação diária de milhares de fiéis. Localizada no centro da cidade, é referência para uma população de mais de meio milhão de habitantes. Desde que se tornou basílica menor, a ação pastoral teve de ser incrementada.

Clique para ouvir  

 (SP/RB)

inizio pagina

Igreja na América Latina



Bispos venezuelanos: diálogo para sair da crise

◊  

Caracas (RV) – Os Bispos da Conferência Episcopal da Venezuela (CEV) estão reunidos na capital, Caracas, para sua 103ª Assembleia Plenária, que se concluirá no dia 12 de janeiro.

Um dos temas em debate é a situação nacional. No discurso de inauguração da Plenária, o Presidente da CEV, Dom Diego Padrón Sánchez, afirmou: "Todos dias, o cidadão venezuelano sente a crise em primeira pessoa. Uma crise ética-política e econômica-social. O ponto de partida desta crise é, de um lado, a perda dos valores morais republicanos e, de outro, a natureza e os serviços do sistema que nos governa. Já se tornou comum dizer que a Venezuela perdeu o respeito entre as pessoas e o respeito pelas instituições. Mas perdeu também os princípios da legalidade, da legitimidade e da moralidade que estão na base do quadro jurídico, legal e constitucional".

Diálogo

O Arcebispo propôs o diálogo para sair desta realidade, dominada por violência e pobreza: "A Assembleia nacional deveria ser o primeiro exemplo de diálogo no país. Em nome da CEV, proponho ainda o diálogo entre o governo e os outros setores da sociedade, como um modo para encontrar soluções comuns".

Evangelização

Entre os temas eclesiais, os Bispos estão programando a celebração do quinto centenário de fundação da Arquidiocese de Cumanà, primogênita do continente, que marcou o início da evangelização da Venezuela como ‘Tierra de Gracia’ com a contribuição, até o martírio, dos missionários franciscanos e dominicanos. “Antes ainda do nascimento da República, os missionários contribuíram para o nascimento do nosso sentimento como nação", declarou Dom Diego Padrón Sánchez.

(BF/Agência Fides)

inizio pagina

Igreja no Mundo



Mianmar: desafios do futuro cardeal birmanês Charles Bo

◊  

Yangun (RV) - A promoção da tolerância e a promoção do diálogo entre as comunidades religiosas e étnicas birmanesas: são as prioridades no centro da atenção do arcebispo de Yangun, Dom Charles Maung Bo, que em 14 de fevereiro próximo se tornará o primeiro cardeal de Mianmar.

Em entrevista concedida estes dias, após o anúncio das novas nomeações cardinalícias feitas domingo passado pelo Papa Francisco, o futuro purpurado fala sobre as preocupações da pequena Igreja deste país do Sudeste asiático nesta delicada fase de transição política rumo à democracia (no segundo semestre se realizarão as primeiras eleições livres após décadas de ditadura), marcada por um recrudescimento dos confrontos de matriz religiosa e étnica.

Apelo aos líderes religiosos em favor da promoção da paz

Segundo Dom Charles, os líderes religiosos do país podem fazer muito para mitigar estas tensões. “Se demonstrarem unidade favorecerão uma maior compreensão recíproca e a violência diminuirá”, afirma na entrevista reportada pela agência Ucan.

Por sua vez, o futuro purpurado se diz pronto a empenhar-se pessoalmente pela pacificação, em particular, nos Estados de Rakhine e Kachin, teatro, o primeiro, de violentas destruições perpetradas por budistas contra a comunidade muçulmana de etnia Rohingya; e, o segundo, de confrontos entre as tropas governamentais e os rebeldes de etnia Kachin.

As tensões e preocupações das minorias no país asiático são fomentadas por alguns grupos nacionalistas budistas, promotores, entre outros, de uma controvertida proposta de lei que pretende introduzir restrições aos matrimônios inter-religiosos e às conversões religiosas.

A Igreja presente desde o Séc. XVI

A evangelização da Birmânia, hoje Mianmar, teve início nos primeiros anos do Séc. XVI. Hoje a Igreja Católica local conta cerca de 700 mil fiéis, o equivalente a pouco mais de 1% da população, 90% budista Theravada, com uma presença particularmente significativa entre as minorias étnicas.

2014 foi o ano das celebrações do jubileu da evangelização, mas também o ano durante o qual Mianmar teve a alegria de seu primeiro Beato, o catequista Isidoro Ngei Ko Lat, martirizado em 1950 por ódio à fé junto ao missionário do Pime, Pe. Mario Vergara, também ele hoje Beato. (RL)

inizio pagina

Procissão nas Filipinas leva um milhão às ruas na capital

◊  

Manilla (RV) – Faltando uma semana para a chegada do Papa ao país, mais de um milhão de católicos saíram às ruas da capital das Filipinas, Manilla, sexta-feira, 9, para acompanhar a procissão do Nazareno Negro, um dos principais eventos religiosos do país.

Vestidos com camisetas com o Cristo coroado de espinhos, os devotos lançaram roupas e lenços para serem abençoados pela imagem, a quem é atribuída poderes de cura. A procissão, que começa nas primeiras horas da manhã e segue até o início da noite, passa pelas regiões mais antigas da cidade.

O jornal local 'The Inquired', citado pelo ‘Globo’, informou que os organizadores demoraram mais de duas horas para controlar a multidão, devido ao grande número de devotos que participarem do evento anual. Pelo menos uma pessoa morreu de um ataque cardíaco quando estava perto da imagem, disse Johnny Yu, porta-voz da Agência de Gestão e Redução de Risco de Desastres.

O Nazareno Negro chegou a Manila no dia 31 de maio de 1606 em um galeão de Acapulco, que, segundo a lenda, pegou fogo perto da costa das Filipinas. A crença popular diz que o calor das chamas deu a característica preta ao objeto, embora uma outra versão atribui a particularidade de que o artesão mexicano que esculpida queria carimbar seu próprio tom de pele na obra.

Vista de Francisco

Entre os dias 15 e 19 de janeiro, o Papa Francisco estará nas Filipinas, país mais católico da Ásia, onde visitará a cidade de Tacloban, que há pouco mais de um ano foi devastada pelo tufão Haiyan. Cerca de 90% dos 120 milhões de filipinos professam a religião cristã, dos quais 80% pertencem à Igreja Católica e os restantes são de outras denominações cristãs.

(CM)

 

inizio pagina

Cristãos idosos expulsos de Mosul

◊  

Bagdá (RV) – Os milicianos do auto-proclamado Califado Islâmico expulsaram da cidade de Mosul 10 idosos cristãos caldeus e sírio-católicos, fugidos da Planície do Nínive e temporariamente hospedados na segunda cidade iraquiana. Eles se recusaram a abjurar da fé cristã e se converter ao Islã. Na última quarta-feira o grupo de idosos – alguns com graves problemas de saúde – foi acolhido em Kirkuk, após terem passado dois dias no frio na “terra de ninguém”, entre os povoados ocupados pelo Estado Islâmico e a área controlada pelos combatentes curdos “Pershmerga”.

Ajuda de famílias muçulmanas

“Nos expulsaram de nossos povoados e de nossas casas para ocupá-las – conta Raquel, umas das idosas – e depois nos amontoaram todos numa residência em Mosul. Conseguimos seguir em frente graças à assistência de algumas famílias muçulmanas, que nos levaram comida e aquilo de que tínhamos necessidade. Depois, estes do Estado Islâmico nos disseram que poderíamos ficar somente se nos convertéssemos ao Islã. Mas eu, que me alimentei sempre do Corpo de Cristo e ia sempre ao santuário rezar para Santa Bárbara, como poderia renegar tudo isto? Disse a eles: não posso fazê-lo. Se quiserem, podem me mandar embora”.

Em Kirkuk, graças ao Patriarca Sako

Uma vez expulsos de Mosul, os idosos conseguiram entrar em Kirkuk graças também à mediação do Patriarca caldeu Louis Raphael Sako, que convenceu as autoridades civis a suspenderem o bloqueio no check point montado na entrada da cidade por motivo de segurança. Junto aos dez idosos, também foi acolhida em Kirkuk uma das famílias muçulmanas que os havia ajudado de Mosul. (JE)

 

inizio pagina

Atualidades



Migração e deportação: realidade para as famílias hondurenhas

◊  

 

Cidade do Vaticano (RV) - A deportação de imigrantes hondurenhos ilegais dos Estados Unidos aumentou 6,5% de janeiro a setembro de 2014 em relação ao mesmo período de 2013.

Segundo a ONG Centro de Atenção ao Migrante Retornado (CAMR), administrada pelas Irmãs Scalabrinianas, as autoridades migratórias estadunidenses enviaram de volta ao país cerca de 36 mil hondurenhos em situação ilegal. A diretora do CAMR, Valdette Willeman, revela que os menores deportados, acompanhados ou desacompanhados, são 7.200.

Irmã Valdette tem experiência neste campo. Depois de dois anos trabalhando junto aos deslocados internos na Colômbia, dedicou-se aos refugiados políticos no Equador, e há 10 anos dirige o Centro de Acolhida dos migrantes deportados em Tegucigalpa, Honduras.

Nós a encontramos recentemente, em Roma, participando da congresso mundial da Pastoral das Migrações, e colhemos seu testemunho. Ela começa apresentando a realidade migratória em Honduras e explicando seus dois fatores desencadeantes: o econômico e o social.

Segundo estudos do INE (Instituto Nacional de Estatística) hondurenho, o nível de pobreza registrado entre a população de Honduras é de 66.5%. A grande maioria das famílias hondurenhas vive em condições de pobreza, com renda abaixo do custo dos bens de consumo basilares, inclusive dos produtos alimentares e outros serviços. Enquanto a migração, embora ilegal, para muitas delas é uma alternativa, para outras representa a desintegração. 

Irmã Valdette termina seu relato agradecendo a colaboração dos voluntários que a ajudam nesta missão. Ouça-a, clicando no ícone acima.

(CM)

inizio pagina

Duelo entre opiniões

◊  

Belo Horizonte (RV) - Há uma palavra magistral de Jesus, no Templo de Jerusalém, dirigida aos Judeus que acreditaram nele, conforme narra São João no seu Evangelho: “Se permanecerdes em minha palavra, sereis verdadeiramente meus discípulos, e conhecereis a verdade e a verdade vos libertará”. Essa palavra é a indispensável evocação de que existem princípios e valores inegociáveis que permitem à humanidade aproximar-se da verdade que liberta. Trata-se de um ensinamento que não impede a diversidade das opiniões, mas adverte a respeito da verdade como condição insubstituível para que haja autêntica liberdade.

Compreende-se que há um perene e exigente percurso na busca da aproximação da verdade. Ninguém dela é dono ou a possui na sua inesgotável inteireza. Afastar-se desse entendimento produz consequências sérias e abomináveis, como os fundamentalismos religiosos, políticos e outros, que muitas vezes são usados para justificar a perpetração de crimes, atentados e outros tipos de desrespeitos à dignidade humana. Especialmente na contemporaneidade, diante de tantos avanços e conquistas no âmbito de direitos e cidadania, não se pode encastelar a verdade nas estreitezas de parâmetros culturais, religiosos e políticos que cegam e tentam justificar ações inaceitáveis.

As muitas ameaças à liberdade e à cidadania que ocorrem pelo mundo, em razão de opiniões equivocadamente elaboradas - particularmente as que nascem de convicções religiosas e políticas - são motivo de grande preocupação. Não menos preocupantes são os cenários que se formam no interior de culturas e nações, quando mecanismos degradam o erário, a violência ceifa vidas, as disputas desumanas intermináveis destroem sonhos e possibilidades. Cada relato de violência, vandalismo, atentado e outras abominações deve levar a um exame de consciência e a uma postura mais cidadã que indiquem a necessidade permanente de se buscar a verdade para balizar opiniões.

Esse processo educativo e civilizado é uma urgência no contexto do mundo contemporâneo que, na contramão de seus avanços e conquistas, continua a alimentar barbáries e inseguranças. Uma triste realidade em que cada pessoa busca justificar suas ações apenas a partir do próprio ponto de vista. O distanciamento da verdade é o caminho mais curto para todo tipo de terrorismo, corrupção e atentados contra grupos, sociedades e culturas.

O exercício civilizatório que o contexto atual preocupante exige é desafiador, urgente e precisa ser considerado em todos os âmbitos. Não pode restringir-se às estratégias de estado em defesa de sua integridade, ou às instituições na preservação de suas identidades, nem mesmo à família, na sua indispensável condição de ordenar a sociedade. Inclui também, e de modo muito especial, a postura cidadã de cada um diante do outro, da realidade, dos projetos e das diversas situações. Não se pode viver da alimentação indiscriminada e facilitada pelos meios todos disponíveis de um duelo entre opiniões. Continuar nesse caminho é viver sob a ameaça constante de uma “bomba-relógio”, que pode explodir aqui ou em qualquer outro lugar, com danos de toda a natureza para povos, culturas, grupos e indivíduos, acabando drasticamente com projetos, sonhos e possibilidades.

É preciso averiguar e mapear fundamentalismos de todo tipo, lacunas sérias em processos educativos, para desenvolver programas e dinâmicas que garantam aos indivíduos, nas diferentes culturas e realidades, um sentido de apreço pela verdade. Somente assim será possível a convivência de opiniões que contribuam para as escolhas e para a adoção de novas posturas, pois prevalecerá a perspectiva de que o mais importante, e está acima de tudo, é o respeito a direitos e a dignidades. Oportuno é lembrar o que diz o Papa Francisco, na sua Mensagem para o Dia Mundial da Paz deste ano: “A Boa Nova de Jesus Cristo - por meio de quem Deus renova todas as coisas - é capaz de redimir também as relações entre os homens, incluindo a relação entre um escravo e o seu Senhor, pondo em evidência aquilo que ambos têm em comum: a filiação adotiva e o vínculo de fraternidade em Cristo”. 

Esta referência é um exemplo de princípio e valor que deve incidir sobre dinâmicas culturais e modificá-las na direção de uma incontestável qualificação. Trata-se de um ensinamento que promove a fraternidade, gera paz e sustenta o sentido de igualdade que convence sempre, mentes e corações, sobre a importância de se respeitar a integridade do outro, seus direitos e a riqueza de sua cidadania. É preciso investir permanentemente nas dinâmicas sociais, políticas, religiosas e culturais presididas por valores e princípios capazes de preservar a vida em sociedade. Assim, será possível trilhar o caminho da verdade, distante das tiranias que sempre serão fonte de prejuízos e dos inaceitáveis “duelos entre opiniões” que comprometem o bem, a justiça e a paz.  

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

inizio pagina