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Sumario del 14/01/2015

Papa e Santa Sé

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Papa e Santa Sé



Francisco canoniza primeiro santo do Sri Lanka

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Colombo (RV) – O Sri Lanka tem seu primeiro santo. Com uma Missa celebrada no Galle Face Green, em Colombo, na manhã desta quarta-feira (14/01) o Papa Francisco canonizou o Beato José Vaz, beatificado há exatos 20 anos por João Paulo II e por ele considerado como “o maior missionário que a Ásia já teve”.

O grande parque de cinco hectares na costa do Oceano Índico foi tomado por cerca de 500 mil pessoas. Francisco chegou ao local às 7h45 e passeou com o papamóvel entre a multidão num percurso de 1,5km.

Em sua homilia, o Papa afirmou que em São José vemos um sinal eloquente da bondade e do amor de Deus pelo povo do Sri Lanka. “Mas nele vemos também um estímulo para perseverar no caminho do Evangelho a fim de crescermos nós próprios em santidade e testemunharmos a mensagem evangélica de reconciliação à qual dedicou a sua vida.”

Vida e missão

Padre do Oratório, José Vaz deixa Goa, sua terra natal, e chega a este país movido apenas pelo zelo missionário e por um grande amor a estes povos. Por causa da perseguição religiosa em ato, vestia-se como um mendigo, cumpria os seus deveres sacerdotais encontrando secretamente os fiéis, muitas vezes durante a noite. Os seus esforços deram energia espiritual e moral à população católica assediada. Sentia uma ânsia particular de servir os doentes e atribulados. O seu ministério em favor dos enfermos, durante uma epidemia de varíola em Kandy, foi tão apreciado pelo rei, que lhe foi concedida maior liberdade de ministério. A partir de Kandy, pôde alcançar outras partes da ilha. Deixou-se consumir pelo trabalho missionário e morreu, exausto, aos cinquenta e nove anos de idade, venerado pela sua santidade.

Exemplo e mestre

Para Francisco, três razões fazem de São José Vaz um mestre: em primeiro lugar, foi um sacerdote exemplar. “Encorajo cada um de vós a olhar para São José como para um guia seguro. Ensina-nos a sair para as periferias, a fim de tornar Jesus Cristo conhecido e amado por toda a parte”.

Em segundo lugar, São José mostrou a importância de transcender as divisões religiosas no serviço da paz. “O seu exemplo continua a inspirar hoje a Igreja no Sri Lanka, que não faz distinção de raça, credo, tribo, condição social ou religião, no serviço que proporciona através das suas escolas, hospitais, clínicas e muitas outras obras de caridade. Nada mais pede do que liberdade para exercer a sua missão. A liberdade religiosa é um direito humano fundamental.”

Finalmente, São José oferece um exemplo de zelo missionário. Embora tenha partido para o Ceilão a fim de assistir e apoiar a comunidade católica, na sua caridade evangélica ele veio para todos. “Somos chamados a ir mais longe com o mesmo zelo, com a mesma coragem de São José.”

“Amados irmãos e irmãs, rezo para que, seguindo o exemplo de São José Vaz, os cristãos desta nação possam ser confirmados na fé e dar uma contribuição ainda maior para a paz, a justiça e a reconciliação na sociedade cingalesa. Isto é o que Cristo espera de vós”, concluiu Francisco.

(JE/BF)

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São José Vaz, o clandestino com a vela

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Ivrea (RV) - Não somente para a Índia e o Sri Lanka é motivo de alegria a canonização do Beato José Vaz, mas também para o Oratório de São Felipe Neri, que vê inscrito no álbum dos santos um de seus sacerdotes. Como dizia João Paulo II há 20 anos, durante a sua beatificação: "Em consideração a tudo aquilo que o Padre Vaz foi e fez, de como o fez e nas circusntâncias nas quais conseguiu desenvolver a grande obra de salvar uma Igreja em perigo, é justo saudá-lo como o maior missionário que a Ásia já teve".

Já os seus confrades tinham consciência desta extraordinária grandeza, segundo registro histórico que remonta a janeiro de 1711, enquanto o Padre Vaz era exposto à veneração dos fiéis na igreja de Kandy: "Em 16 de janeiro morreu o venerável Padre Vaz, Vigário Geral desta missão e pai dos missionários. A dor e a desolação provocados pela sua perda são muito grandes e não podem ser descritos, pois ele foi verdadeiramente, um sacerdote santo".

O Padre José Vaz havia entrado clandestinamente no então Ceilão, terra oprimida pela perseguição contra os católicos desencadeada pelos calvinistas holandeses, que haviam conquistado a ilha. Quando os encontrou vestido como escravo e na condição de mendigo, todos os sacerdotes haviam sido assassinados ou expulsos, as igrejas profanadas ou destruídas, os fiéis dispersos, aterrorizados pelas ameaças de morte.

Quando de sua morte, a Igreja havia se tornado florescente, com setenta mil fervorosos católicos, 15 igrejas, quatrocentas capelas, dez sacerdotes e numerosos catequistas leigos que cuidavam da formação do povo, servindo-se dos manuais que Padre Vaz havia composto em língua local. Este pequeno homem, com a santidade da sua vida e o seu zelo apostólico, lançou raízes tão profundas, incapazes de serem estirpadas pelas tempestades sucessivas que se abateram sobre a ilha.

Nasceu na Índia, no vilarejo de Benaulim, território de GOA, em 21 de abril de 1651, em uma família de Bramini Konkany, convertida ao cristianismo no século XVI. Tendo realizado os estudos preparatórios, prosseguiu em GOA a formação humanística na universidade dos jesuíitas, e a filosófica e teológica no Colégio dominicano de São Tomás de Aquino.

Ordenado sacerdote em 1676, iniciou a exercitar o ministério sacerdotal no povoado onde nasceu, mas foi logo convidado a pregar na Catedral e a dedicar-se ao serviço das confissões e direção espiritual.

O ardor missionário que o animava o fez descobrir a triste realidade vivida no então Ceilão, sentindo o chamado de se dirigir àquelas terras. As autoridades da diocese, no entanto, o enviaram à Kanara, onde a Santa Sé havia erigido um Vicariato Apostólico, mas onde havia, já há algum tempo, um litígio de competências e jurisdições, o que perturbava a vida dos fiéis. Tendo voltado para Goa em 1684, na solidão e na sombra em que a ingratidão o havia deixado, Padre José sentiu o forte desejo de entrar em uma ordem religiosa. No Monte Boa Vista, encontrou três sacerdotes indianos que haviam iniciado uma vida comum na Igreja de Santa Cruz dos Milagres e quis fazer parte. Eleito superior, foi o verdadeiro fundador da comunidade, à qual deu uma nítida fisionomia espiritual e a forma jurídica da Congregação de São Felipe Neri, da qual havia chegado a notíicia de Portugal, onde o Oratório fundado pelo venerável Bartolomeu de Quental era florescente.

Quando Clemente XI, em 26 de novembro de 1706, confirmava a fundação e elogiava as suas obras, Padre Vaz já havia partido para o Ceilão. Ao final de 1686, de fato, enquanto a comunidade, rica de vocações e de bons frutos, já podia caminhar sem ele, sentiu chegado o momento de responder ao nunca esquecido chamado em favor dos católicos abandonados. Em companhia de João, um jovem que o seguiu até o fim, conseguiu entrar no país desembarcando na costa, após várias e estenuantes tentativas.

Mesmo com medo de ser descoberto, começou a procurar os católicos, a maior parte dos quais, sob a perseguição, havia assumido externamente hábitos calvinistas e não ousava se expor. Padre Vaz colocou no pescoço o terço e começou a bater de porta em porta, pedindo esmola. Entre a indiferença dos budistas e dos hinduistas, notou alguém que observava com interesse aquele sinal de piedade católica. Começou com uma família. Quando estava seguro da sua fidelidade, revelou sua identidade.

Assim, teve início a evangelização da ilha, que continuou no vilarejo de Jaffna, por dois anos, no exercício do ministério em segredo, com a celebração noturna da missa e a escuta daqueles que a ele se dirigiam para a confissão e a direção espiritual.

O florescer da comunidade católica chamou a atenção das autoridades holandesas, mas Padre Vaz - enquanto a ira do governador se voltava contra os católicos, e não poucos foram os mártires - foi colocado a salvo pelos próprios fieis que o induziram a fugir para o interior da ilha, no pequeno Estado de Kandy, ainda formalmente autônomo. O Rei o mandou prender, mas, informado por observadores sobre sua fama de santidade, acabou se tornando seu amigo e Padre Vaz teve a possibilidade de pregar e de difundir a fé em todo o reino, percorrendo à pé o território e estabelecendo a presença da Igreja em todos os lugares por onde passava.

A epidemia de varíola surgida em 1697 teria destruído completamente a população - segundo disse o próprio Rei - se a caridade e a inteligência de Padre Vaz não houvesse providenciado a cura dos doentes e o ensino de normas de higiene, o que ajudou a conter o contágio.

Na noite de 15 de janeiro de 1711, a comunidade oratoriana lhe pedia uma última recordação. E Vaz disse: "Recordem que não se pode facilmente realizar no momento da morte aquilo que se negligenciou de fazer em toda a vida". E tendo em mãos uma vela acesa e o nome de Jesus em seus lábios, encerrou sua dedicada peregrinação terrena.

Dom Eduardo Aldo Cerrato

Bispo de Ivrea

 

 

    

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Francisco no maior Santuário mariano do Sri Lanka

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco deixou a capital cingalesa às 14h locais (6h30 de Brasília) em direção de Madhu, a 250 km, onde se encontra o Santuário de Nossa Senhora de Madhu, o maior do Sri Lanka. Para esta viagem, o Pontífice usou um helicóptero, que o levou de volta a Colombo às 17h (8h30). 

Situado no norte do país, neste Santuário se refugiaram católicos tâmeis e cingaleses durante a guerra civil, que durou quase 30 anos. Chegando ao local, o Papa foi acolhido pelo Bispo de Mannar, Dom Joseph Rayappu, e recebeu guirlandas de flores de duas crianças. Cerca de 500 mil pessoas aguardavam Francisco na área ao redor do Santuário. 

As Famílias e o sofrimento da guerra

Durante a oração mariana, celebrada em inglês, cingalês e tâmil, foi elevada uma prece pela concretização da paz, alcançada em 2009. Participaram também representantes de famílias tâmeis e cingalesas sobreviventes da guerra civil. 
“Hoje estão aqui famílias que sofreram imensamente no longo conflito que dilacerou o coração do Sri Lanka”, disse Francisco, em uma breve reflexão. Nenhum cingalês consegue esquecer os trágicos acontecimentos relacionados com este lugar, nem o dia triste em que a venerável imagem de Maria, remontando à chegada dos primeiros cristãos ao Sri Lanka, foi levada do seu santuário”.

Assegurando a presença de Nossa Senhora junto a cada casa, a cada família ferida, e a todos os que estão procurando voltar a uma existência pacífica, o Papa quis hoje agradecê-La por ter protegido este povo de tantos perigos, passados e presentes.

“Hoje queremos agradecer Nossa Senhora por esta presença, depois de tanto ódio, tanta violência e tanta destruição, mas queremos também pedir-Lhe que nos alcance a graça da misericórdia de Deus. Pedimos ainda a graça de nos emendarmos dos nossos pecados e de todo o mal que esta terra conheceu”. 
“Mas, ressalvou, só podemos receber a graça de nos aproximarmos uns dos outros com verdadeira contrição, oferecendo e procurando um verdadeiro perdão. Neste esforço, de perdoar e encontrar a paz, Maria sempre está aqui para nos encorajar, nos guiar, e nos levar a dar mais um passo. Assim como perdoou aos assassinos do seu Filho junto da Cruz, hoje Ela quer guiar os cingaleses para uma maior reconciliação”. 

Por fim, Francisco pediu que Maria acompanhe com as suas orações os esforços dos cidadãos do Sri Lanka de ambas as comunidades, tâmil e cingalesa, em reconstruir a unidade perdida em um renovado espírito de reconciliação e fraternidade. 

A oração mariana no Santuário de Madhu foi o último compromisso público de Francisco no Sri Lanka. Na manhã de quinta-feira, 15, o Papa parte para as Filipinas.

(CM)

 

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Direto de Colombo: a fé do povo e a devoção mariana do Papa

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Colombo (RV) – Esta quarta-feira, (14/01), marca o segundo dia do Papa Francisco em terras do Sri Lanka. Após a grande acolhida de ontem com milhares de pessoas que se acotovelaram ao longo as estradas e ruas para ver e saudar o Papa, hoje dois momentos cheios de emoção. Na parte da manhã já tivemos a canonização de José Vaz, o Apóstolo do Sri Lanka. Em um país com somente 6% da população católica e de maioria budista vimos a presença no Galle Face Green de Colombo de mais de 500 mil fiéis. Num cenário a beira-mar, - que viu chegar as ondas do tsunami de 2004 que no país causou mais de 30 mil vítimas - as bandeiras brancas e amarelas do Vaticano dançaram com a brisa que amenizou um pouco o forte calor de mais de 30 graus. A Santa Missa teve início às 8h30, hora local, justamente para amenizar as temperaturas que se vivem aqui em Colombo e que tocam os 31 graus.

Fé e devoção

Os fiéis, provenientes de toda a Colombo e de várias partes do país, inclusive da Índia e Goa, iniciaram a chegar nas primeiras horas do dia, - muitos dormiram nas ruas de acesso ao local - para por volta das 7h10 acolher o Santo Padre que, no papamóvel, passou por entre os fiéis para saudá-los e abençoá-los antes do início da Santa Missa. Nos rostos das pessoas simples pudemos notar a grande alegria de poder ver e viver esse momento com o Sucessor de Pedro. Um evento único, nos disse um sacerdote que trouxe 11 ônibus de fiéis da sua paróquia, “porque não podemos ir a Roma ver o Papa e os nossos meios de comunicação não falam muito de Francisco. Agora temos ele aqui e estamos felizes”.

A cerimônia – concelebrada por mais de mil sacerdotes - foi um abraço ideal do povo católico que é chamado a ser ponte dentro de uma sociedade que cura suas feridas e enxuga as lágrimas dos sofrimentos vividos. A homilia do Papa, proferida em inglês, como toda a missa celebrada nesta língua, foi sintetizada nas línguas, tâmil e cingalês.

Memória Histórica

Recordamos que José Vaz foi beatificado neste mesmo local pelo Papa João Paulo II 20 anos atrás precisamente no dia 21 de janeiro de 1995. O sacerdote, que nasceu em Goa em 1651 chegou como missionário durante a perseguição holandesa e ajudou a construir a Igreja neste país. No dia 17 de setembro de 2014, o Papa Francisco aprovou a canonização de José Vaz sem a necessidade de um segundo milagre. Esta é uma potestade que só o Santo Padre tem e que já usou com outros santos como São José de Anchieta. No final da missa o Papa recebeu do Arcebispo de Colombo, Cardeal Ranjith, 70 mil dólares, oferta dos fiéis ao Santo Padre. “Nós somos um país pobre, mas queremos contribuir à caridade do Papa”, disse.

Já Francisco doou à Igreja do Sri Lanka a replica em cobre do Documento emanado pelo Rei Keerthi Sri Rajasinghe de Kandy declarando que não era mais proibido aos budistas se converterem ao cristianismo. Era o ano de 1694. O documento original foi doado ao Papa Leão XIII pelo então Arcebispo de Colombo, Dom Christopher Bonjean.

Devoção Mariana

No início da tarde de hoje o Papa Francisco deixa Colombo em direção ao norte, Madhu, região predominantemente tâmil, onde se encontra o Santuário de Nossa Senhora do Rosário. As origens deste local de culto remontam ao ano de 1544 quando o Rei de Jaffna, Sankili, ordenou o massacre de 600 cristãos de Mannar, que tinham sido convertidos pelos portugueses que chegaram ao então Ceilão em 1505.

Os holandeses, que desembarcaram no Ceilão em 1656, iniciaram uma violenta perseguição dos católicos. Trinta famílias católicas procuraram refúgio de vilarejo em vilarejo levando consigo a estátua de Nossa Senhora, estabelecendo-se em 1670 em Maruthamadhu, lugar onde atualmente se encontra o Santuário.

O Santuário mariano de Madhu é desde sempre um lugar de oração respeitado e frequentado por fiéis católicos e de outras religiões. Apesar disso, a área do Santuário esteve envolvida nos conflitos entre os rebeldes tâmil e as forças do governo. Os bispos do país conseguiram fazer de Madhu uma área desmilitarizada, garantindo a segurança dos peregrinos e dos numerosos refugiados que, com o passar dos anos se refugiaram na região, para fugir da guerra. A área circunstante do Santuário acolheu milhares de pessoas que fugiam dos conflitos tornando-se um campo de refugiados reconhecido pelas partes em luta. Em abril de 2008 o Santuário foi entregue à Diocese de Mannar e reaberto ao culto em dezembro de 2010. Está prevista a presença no Santuário de 500 mil pessoas que rezarão, com o Papa, a Nossa Senhora pedindo paz e unidade para o país. Presentes também uma representação de famílias tâmil e cingalesas duramente provadas pelos conflitos entre ambas as partes. Segundo um sacerdote que trabalhou nesta região durante o conflito os fiéis mesmo diante de todo o sofrimento, jamais se sentiram órfãos de Deus. Por isso o Santuário é um símbolo da reconciliação nacional.

 

Dos estúdios da Rádio Vaticano em Colombo, Sri Lanka, Silvonei José.

 

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Direto do Sri Lanka: a força de um santo para uma minoria

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Colombo (RV) - A Igreja Católica tem um novo Santo. O Papa canonizou na manhã desta quarta-feira, 14/01, em Colombo, José Vaz, o Apóstolo do Sri Lanka. Nascido em Goa, o missionário português do século XVIII é para a Igreja Católica um exemplo de “respeito por todos, sem distinção de etnia ou religião”. Nos tempos atuais, a mensagem é clara: Francisco quer mostrar que “é possível conciliar as diferenças”.

Sem necessidade de confirmar a existência de um novo milagre, Papa Francisco aprovou no dia 17 de setembro de 2014, a canonização de José Vaz. Esta é uma potestade que só o Santo Padre tem e que já usou com outros santos como São José de Anchieta. No final da missa o Papa recebeu do Arcebispo de Colombo, Cardeal Ranjith, 70 mil dólares, oferta dos fiéis ao Santo Padre. “Nós somos um país pobre, mas queremos contribuir à caridade do Papa”, disse.

Por sua vez, o Papa doou à Igreja do Sri Lanka a réplica em cobre do Documento emanado pelo Rei Keerthi Sri Rajasinghe de Kandy declarando que não era mais proibido aos budistas se converterem ao cristianismo. Era o ano de 1694. O documento original foi doado ao Papa Leão XIII pelo então Arcebispo de Colombo, Dom Christopher Bonjean.

Objetivo central

A cerimônia de canonização em Colombo foi o "ponto central" da visita pastoral. Francisco já na sua chegada ao Sri Lanka na manhã de terça-feira, 12, deixou bem claras as suas prioridades: mostrar ao mundo que a “reconciliação” é possível e que a conciliação entre as diferentes religiões e etnias, mesmo sendo uma tarefa difícil é possível.

O missionário José Vaz, nascido em Goa em 1651, sacerdote da Congregação do Oratório se transferiu para o então Ceilão, quando teve início a invasão da região pelos holandeses. Trabalhou ao lado das populações durante décadas, foi preso e manteve a sua missão evangélica de forma clandestina, batizando, celebrando missas e catequizando a população católica. Morreu em 1711, precisamente, no Sri Lanka onde, segundo a Igreja, deu provas de ser um grande padre missionário, vivendo de forma pobre e corajosa numa época de perseguição aos cristãos. Ele fez ainda a tradução do Evangelho para o tâmil e o cingalês.

Realidade do país

O Sri Lanka é um país de maioria budista e com uma escassa percentagem (cerca de 7%) de cristãos. Viveu uma terrível guerra interna que, entre 1983 e 2009, custou a vida a mais de 100 mil pessoas nas lutas entre as autoridades e os guerrilheiros tâmil: hoje é um país à procura da reconciliação. Francisco não esqueceu este objetivo. Já na sua chegada sublinhou que a visita era antes de tudo pastoral e que, como pastor universal, pretendia encontrar e encorajar os católicos desta ilha e levar-lhes o "exemplo de caridade cristã e de respeito por todos, sem distinção de etnia ou religião através da canonização de José Vaz. Mas disse ainda que a visita era a expressão do amor e a solicitude da Igreja por todos os cingaleses.

A canonização de José Vaz nesta manhã foi uma verdadeira festa da fé, um encontro com a realidade de uma Igreja que deseja ser ponte em uma sociedade em busca de um caminho comum. E o exemplo de humildade e santidade de São José Vaz certamente será de apoio e estímulo para um povo que vive a dimensão da sua fé em meio às vicissitudes de um país de maioria budista mas que deseja ser a terra de “todos os homens de boa vontade”.

Lugar de fé e oração

Já no meio da tarde Francisco deixou Colombo para visitar o Santuário de Nossa Senhora de Madhu, e essa visita fez com que o povo do Sri lanka voltasse ao passado e vivesse desta vez com alegria, a sua fé. Este Santuário, símbolo da reconciliação nacional, no passado foi um campo de refugiados, daqueles que fugiam da guerra civil que durante 30 anos ceifou a vida de mais de 100 mil pessoas. Foi a primeira visita de um Pontífice a este local de oração onde rezou com os fiéis desta região de maioria budista pela paz, para pedir a Nossa Senhora que interceda por esse dom. Paolo VI e João Paulo II visitaram este país, mas não puderam ir até Madhu.

Multidão de fiéis

Desde as primeiras horas do dia, como em Colombo, os fiéis se reuniram ao redor do Santuário esperando a chegada de Francisco, que tanto desejou ir a esse templo para rezar e confirmar na fé esses irmãos. Este Santuário que se encontra na Diocese de Mannar tem sua origem no ano de 1544. O então Rei de Jaffna mandou matar 600 cristãos que foram evangelizados pelos portugueses que chegaram à Ilha de Ceilão, como então se chamava o Sri Lanka, em 1505. O rei temia a expansão portuguesa. Alguns dos fiéis com temor da morte escaparam para a floresta e ali construíram um pequeno lugar de oração, colocando uma estátua de Nossa Senhora que se encontra até hoje no mesmo lugar.

Os holandeses desembarcaram nestas terras em 1656 e deram início a uma violenta persecução dos católicos. Trinta famílias católicas vão de aldeia em aldeia à procura de refúgio, levando consigo a estátua de Nossa Senhora e, em 1670, se estabelecem em Maruthamadhu, lugar onde se ergue atualmente o Santuário.

Não obstante a devoção, a zona do Santuário não foi poupada pelos combates nos anos passados entre os rebeldes tâmil e as forças governamentais. Mas os bispos do País conseguiram  fazer de Madhu uma zona desmilitarizada, garantindo a segurança dos peregrinos e dos numerosos refugiados que acorreram para essa área, fugindo da guerra.  O lugar tornou-se um verdadeiro campo de refugiados, reconhecido como tal pelas partes em conflito.

Perdão presidencial

Como informação e fruto dessa viagem de Francisco, o Presidente da República do Sri Lanka, Siresena concedeu o Decreto de perdão presidencial a 612 prisoneiros, 575 homens e 37 mulheres.

Na manhã desta quinta-feira, 15/01, o Papa  deixa o Sri Lanka. Francisco retoma o seu cajado de peregrino da paz e parte para as Filipinas, segunda parte da sua segunda viagem ao continente asiático. Retorna ao Vaticano na próxima segunda-feira.

Dos estúdios da Rádio Vaticano em Colombo, Sri Lanka, Silvonei José.

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Viagem do Papa Francisco ao Sri Lanka abre corações à esperança

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Colombo (RV) - Esta quinta-feira, antes de despedir-se do Sri Lanka e partir para a segunda etapa desta sua sétima viagem apostólica internacional indo para as Filipinas, o Papa Francisco visitará a Capela dedicada a “Nossa Senhora de Lanka” em Bolawalana. Para um balanço da viagem do Santo Padre a este país – a partir de alguns eventos não previstos –, o colega Silvonei José entrevistou o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi:

Encontro do Papa com o ex-presidente

“Foram três eventos simples, mas significativos, que se somaram – como se dá habitualmente – ao programa. O primeiro foi a visita de cortesia do ex-presidente, com seu irmão, que era também um ministro do governo precedente, e com as respectivas mulheres. Como foi este ex-presidente a convidar o Papa a vir ao Sri Lanka, era também justo e normal que desejasse saudá-lo e expressar sua gratidão por ter vindo e pelo bom êxito da visita. Tratou-se, portanto, de uma visita de cortesia, muito simples, breve, mas que dá um sentido também de harmonia, de serenidade pelo fato desta mudança que provavelmente muitos não previam. E essa mudança deu-se de modo tão pacífico e tão respeitoso, que é um sinal certamente de maturidade também para a democracia e para o país do Sri Lanka e de seus responsáveis. Portanto, creio que este encontro tenha sido um elemento para a população do Sri Lanka que em grande parte também votou para este presidente. Um sinal positivo.”

Visita a um templo budista

RV: Houve um encontro também num templo budista?

Pe. Federico Lombardi:- “Sim. O Papa tinha encontrado no aeroporto um relevante representante de uma das organizações budistas, que lhe expressara o desejo de vê-lo e que queria encontrá-lo. Este personagem tinha vindo também para o encontro inter-religioso da terça-feira, junto a todos os outros monges budistas que estavam presentes. O Papa aproveitou o tempo que teve esta tarde para fazer uma rápida visita ao centro, em que está também o templo e a sala religiosa de oração desta comunidade budista. Foi acolhido com grande familiaridade. Foi-lhe bem explicada a realidade deste lugar de oração e lhe foi mostrado o Stupa, que contém relíquias e que é um dos objetos sagrados que têm no templo, diante da estátua de Buda; e inclusive abriram o objeto sagrado para o Papa, coisa que acontece – parece-me – somente uma vez por ano. Portanto, foi uma abertura excepcional como sinal de respeito, de honra, de amizade por esta grande autoridade religiosa que os visitava. Enquanto abriam este objeto que contém relíquias, alguns jovens monges que estavam ali presentes recitaram um canto, uma oração com muita naturalidade e simplicidade. Foi um momento breve, mas significativo da naturalidade, estilo familiar com que o Papa leva adiante as relações com as pessoas, inclusive das outras religiões. De certo modo, é a sua cultura e pedagogia do encontro pessoal que, depois, faz caminhar as grandes causas como a do diálogo inter-religioso. Também neste caso notamos isso. Este personagem budista tinha ali exposta uma bonita fotografia com o Papa Bento XVI: portanto se vê que é uma pessoa que cultiva o diálogo com as outras religiões e tinha estado no Vaticano por ocasião de uma audiência. Tinha uma bonita foto sua, de 2007, com o Papa Bento XVI... Portanto, não era uma pessoa nova na relação amistosa com os católicos.”

O abraço com os bispos

RV: O terceiro evento com os bispos do país...

Pe. Federico Lombardi:- “O Papa quis ir porque na terça-feira não tinha ido à residência arquiepiscopal de Colombo. Estava programado para a manhã de terça-feira, para pouco depois da chegada, uma visita para um encontro com todos os bispos do país e o almoço com eles: na realidade, como a viagem tinha sido longa e o trajeto do aeroporto até a Nunciatura Apostólica tinha sido feito sob o sol, o Papa estava cansado e o tempo estava reduzido, preferiu repousar para estar depois em forma para os encontros da parte da tarde. Como de fato se deu... Mas como esta tarde o Papa estava muito bem ao término do dia, quis então recuperar com um ato de amizade, de simpatia, esta visita aos bispos. Na realidade os bispos estavam voltando de Madhu, do norte do país, e tinham partido tarde e já estava meio escuro, com isso chegaram atrasados: desta vez, foram eles que fizeram o Papa esperar... foi um encontro breve, mas cordial e simpático.”

Extraordinária contribuição do Papa, superior às expectativas

RV: Pe. Lombardi, para concluir: estes dois dias intensos no Sri Lanka...

Pe. Federico Lombardi:- “O Papa deu verdadeiramente uma contribuição absolutamente extraordinária, diria muito superior ao que se pudesse imaginar. Ajudado também por uma circunstância de certo modo inesperada, que é o fato que estas eleições, que eram temidas, foram realizadas na paz e com a mudança abriram esperanças que levam a pensar que também na vida concreta desta sociedade, estas mensagens, estas palavras do Papa de reconciliação, de construção comum de uma nova sociedade reconciliada, possam tornar-se realidade. E isso é uma coisa muito bonita e nós esperamos que isso aconteça. A Igreja demonstrou-se muito ativa, presente, capaz de uma preparação pastoral profunda destes eventos. Portanto, creio que a Igreja será capaz também de levar adiante a herança desta viagem e das mensagens que o Papa lhe confiou para o bem da sociedade em seu conjunto.”

Papa muito contente

RV: O Papa está contente com a viagem?

Pe. Federico Lombardi:- “Sim que está contente! Muito contente! Ele a vive como uma graça de Deus e sente muito a ajuda da Providência que lhe dá forças para fazer coisas que normalmente uma pessoa com a sua idade não conseguiria fazer e lhe oferece também ocasiões para encontrar pessoas, povos numa forma tão positiva que abre o coração à esperança.” (RL)

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Os budistas amam o Papa Francisco: diz o bispo cingalês, Dom Andradi

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Colombo (RV) - A visita do Papa Francisco ao Sri Lanka se concluirá nesta quinta-feira, mas os compromissos públicos do Santo Padre em terras cingalesas concluíram-se nesta quarta-feira com a oração mariana no Santuário de Nossa Senhora do Rosário de Madhu. Sobre o significado da visita do Pontífice ao Sri Lanka, eis o que nos disse o bispo de Anuradhapura, Dom Norbert Marshall Andradi, entrevistado pelo colega Silvonei José:

Dom Norbert Marshall Andradi: “Para nós é uma oportunidade importante, por sua mensagem de paz e de reconciliação entre os povos deste país. De fato, devemos – como nação – caminhar rumo à paz permanente, no sentido que devemos encontrar um mecanismo político que assegure os direitos às minorias.”

RV: Como é para os católicos daqui viver num país em que são minoria?

Dom Norbert Marshall Andradi:- “A questão é significativa, para mim, porque na diocese em que vivo os católicos são 1% da população. Buscamos viver entre os demais da melhor forma possível... Neste período não há grandes dificuldades; por vezes há algum extremista que cria problemas, mas normalmente convivemos tranquilamente... Por exemplo, sempre encontro os líderes budistas: eles ficaram muito contentes com nosso convite a encontrar o Papa...”

RV: O senhor tem contatos com os budistas, há algo do Santo Padre que chama a atenção deles?

Dom Norbert Marshall Andradi:- “O amor do Papa pelos pobres, seu esforço para criar a paz no mundo e tudo aquilo que busca fazer no mundo inteiro: por exemplo, com suas viagens pastorais, indo recentemente à Palestina, à Turquia e também à Albânia... Eles amam-no por este empenho que assume como homem de paz, de reconciliação e também por ser um homem que ama os pobres, um homem que busca criar boas relações com todas as outras religiões...”

RV: Qual fruto espera desta viagem?

Dom Norbert Marshall Andradi:- “Creio que com esta viagem do Santo Padre nos sentimos muito encorajados. Impressionou-nos o fato de ele ter vindo aqui, a este pequeno país, mesmo antes de visitar seu país natal, aonde ainda não foi. O fato de ele ter decidido vir estar entre nós é um grande encorajamento para nós, para crescermos em nossa fé, para conhecermos melhor a nossa vocação à santidade.” (RL)

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Pe. Spadaro: católicos são ponte de paz entre cingaleses e tâmeis

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Colombo (RV) - O Papa Francisco quis visitar o Sri Lanka para confirmar os católicos na fé, mas também para relançar o papel deles numa sociedade em busca da paz: é o que afirma o diretor da revista jesuíta “La Civiltà Cattolica”, Pe. Antonio Spadaro, que faz parte da comitiva papal. A entrevista é do colega Silvonei José:

Pe. Antonio Spadaro:- “Certamente confirmar os católicos na fé, mas também confirmar o desejo dos católicos de ser ponte nesta sociedade, ponte de reconciliação. O cristianismo é interessante neste país, porque são cristãos tanto os cingaleses quanto os tâmeis. Existem, portanto, entre os cristãos, as duas etnias, que muitas vezes estiveram em conflito entre si: a cingalesa budista, substancialmente, e a tâmil hinduísta. Houve fenômenos de violência muito fortes, como também uma intensificação do nacionalismo por parte dos cingaleses. A Igreja é uma ponte natural e o Papa quer confirmar a Igreja como ponte natural, elemento de reconciliação no seio desta sociedade.”

RV: Podemos dizer que o Papa é muito amado e que no Sri Lanka não somente os católicos e os cristãos em geral, mas também os budistas veem n’ele a simplicidade e a humildade...

Pe. Antonio Spadaro:- “O que posso dizer, após ter caminhado por aqui nestes dois dias, é que há propriamente uma relação de simpatia, definiria assim. Há uma simpatia a priori em relação a este Papa que, por assim dizer, é paradoxalmente confirmada também pela hostilidade de pequenos grupos nacionalistas, sobretudo, porque veem nesta visita do Papa um perigo, isto é, o perigo da reconciliação, que eles não querem. Então todo o povo que quer a paz, que quer viver bem, que sente que este povo, inclusive após as recentes eleições, deve trilhar num caminho de reconciliação, este povo vê a presença do Papa com simpatia. Portanto, evidentemente, o que prevalece nesta sociedade é o desejo de unidade.”

RV: Os votos do Santo Padre é de que estes dias de sua visita sejam dias de amizade, de cooperação, de unidade...

Pe. Antonio Spadaro- “Sim, o grande valor que o Papa Francisco vive não é tanto a diplomacia, embora seja muito bravo também nisso, mas é a amizade. Segundo Francisco, as relações nascem se há uma autenticidade de relação. Então vemos que o coração do Papa bate diante das pessoas, não tanto diante dos problemas e das tensões. Ele tem consciência dos problemas e das tensões, mas sabe que elas poderão ser superadas somente se houver uma amizade real entre as pessoas e os povos, inclusive de credo diferente.”

RV: Em seu primeiro discurso o Papa citou também o horror da guerra civil...

Pe. Antonio Spadaro:- “Na realidade, diria que esta viagem foi precedida do discurso ao Corpo Diplomático, que foi um discurso extraordinário, de grande amplidão, no qual observou que no mapa mundi existem lugares de tensão onde se vivem situações até mesmo de horror e de conflito. Esta terra viveu isso, de certo modo ainda está vivendo e, por isso mesmo, o desejo que emerge deste povo é um desejo renovado de reconciliação, onde – como disse neste seu primeiro discurso, assim que chegou ao aeroporto – as diferenças são importantes: não são uma ameaça, mas são – se reconciliadas – uma riqueza, uma fonte de enriquecimento.”

RV: Quanto aos frutos desta viagem, quais são seus votos?

Pe. Antonio Spadaro:- “Que esta sociedade composta por cingaleses – em 70%, por hindus – em 12%, por muçulmanos – em 9%, e por cristãos – em 7% - possa ser uma sociedade unida, sobretudo porque é uma sociedade jovem.” (RL)

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Presidente cingalês decreta libertação coletiva de presos

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Colombo (RV) – Nesta quarta-feira, 14/01, foi publicado um decreto presidencial cingalês que estabeleceu que, por ocasião da visita do Papa ao país, foram libertados 612 prisioneiros: 575 homens e 37 mulheres. 

O anúncio foi feito pelo porta-voz da Administração Penitenciária, Thushara Upuldeniya, citato pelo cotidiano Daily Mirror de Colombo. Os beneficiados pela graça presidencial são idosos de mais de 75 anos, e autores de crimes mais livres. 

A libertação foi celebrada com uma cerimônia da Penitenciária Welikada Prison. 

(CM)

 

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Papa liga para argentina internada em Portugal

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Leiria (RV) – Mesmo com os preparativos para a viagem à Ásia, o Papa Francisco não esquece dos mais necessitados. A Diocese de Leiria-Fátima revelou que Bergoglio telefonou no domingo à tarde a uma paciente do Hospital de Santo André, em Leiria. “Stella Maris Kriger enfrenta um câncer em fase avançada e Sua Santidade fez questão de lhe telefonar para a abençoar”, informou o semanário ‘Presente’.

A mesma fonte revela que o Papa havia ligado anteriormente, num momento em que a doente não pode atender, fazendo questão, no entanto, “de ligar uma segunda vez, tamanha determinação em confortar esta imigrante e dizer-lhe que iria rezar por ela, mencionando-a nas intenções da Eucaristia do próximo domingo”. O semanário diocesano precisa que o Francisco teve conhecimento da situação de Stella Krieger, de 61 anos, natural da Argentina, “através de amigas da doente e de um jornalista em Roma”.

A imigrante que vive em Portugal há 17 anos, ficou emocionada com o gesto do Santo Padre, considerando-o com “um dos momentos mais marcantes da sua vida”. O Papa Francisco costuma dedicar algumas horas do domingo, para telefonar a amigos, pessoas doentes ou presos, bem como para outras realidades que o sensibilizam particularmente. (Ecclesia – JE)

 

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Papa envia telegrama ao ex-presidente da Itália

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Cidade do Vaticano (RV) – O ex-presidente da Itália, Giorgio Napolitano, 89 anos, entregou sua renúncia nesta quarta-feira, 14/01, após nove anos no cargo, a mais longa permanência de um presidente na história da República italiana.

O Papa que, por mais de uma ocasião encontrou-se com o ex-presidente, enviou um telegrama a Roma.  “Desejo expressar-lhe sentimentos de sincera estima e de grande apreço pelo seu generoso e exemplar serviço à nação italiana, realizado com respeito, fidelidade e incansável dedicação ao bem comum”, escreveu Francisco, que cumpre Viagem Apostólica ao Sri Lanka e às Filipinas. (RB)

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Igreja no Mundo



Simpósio recorda 50 anos do Pontifício Instituto de Estudos Árabes

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Cidade do Vaticano (RV) – No âmbito das celebrações dos 50 anos do Pontifício Instituto dos Estudos Árabes e de Islamística (PISAI), será realizado o encontro internacional “Estudar e compreender a religião do outro”, que reunirá personalidades comprometidas com o diálogo islâmico-cristão, para favorecer “um reconhecimento recíproco entre as religiões e as culturas no mundo de hoje”.

O seminário será realizado na Pontifícia Universidade Urbaniana, de 22 a 24 de janeiro, organizado em colaboração com a Congregação para a Educação Católica, República Federal da Alemanha e a Georgetown University de Washington e patrocinado pelo Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso.

Personalidades acadêmicas e religiosas de destaque provenientes do Oriente Médio,  Ásia, África, Europa e Estados Unidos, debaterão nos dois dias sobre o estudo e o conhecimento recíproco entre cristãos e muçulmanos, com uma avaliação conjunta sobre a situação atual do ensinamento e da compreensão do Islã no âmbito cristão, do cristianismo no âmbito muçulmano e dos benefícios sociais e políticos que esta abordagem pode gerar.

Entre os relatores estarão Dom Michael Fitzgeral, ex-Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso e Núncio no Cairo, o Dr. Mohammed S. Dajani Daoudi, fundador e diretor do movimento Wasatia, de Jerusalém,os professores John Borelli e José Casanova, da Georgetown University, o Imame Yahya Sergio Yahe Pallavicini, entre outros.

O simpósio se concluirá com uma audiência com o Papa Francisco. (JE)

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Bispo de Amã deplora consequências dos ataques em Paris

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Amã (RV) – “Vocês vingaram o Profeta Maomé”, mas “sujaram o Islã”. “No ocorrido, não vingaram nada. Vocês são simplesmente assassinos”. Palavras fortes do Bispo de Amã, Jordânia, Dom Maroun Lahham, ao analisar as consequências dos atentados ocorridos em Paris na última semana.

Na mensagem reportada pela Agência Sir, o prelado afirma que o Profeta Maomé foi vingado, mas “foram mortas 12 pessoas inocentes, entre as quais dois muçulmanos”. “Vocês vingaram o Profeta Maomé, mas conseguiram divulgar na web as caricaturas que não vos agradavam”. “Vocês vingaram o Profeta Maomé, mas aproximaram ainda mais Marine Le Pen do poder”. “Vocês vingaram o Profeta Maomé”, mas deram “uma segunda vida ao Charlie Hebdo”. “Vocês vingaram o Profeta Maomé, mas conseguiram reunir todos os franceses”. “Vocês vingaram o Profeta Maomé, mas desencadearam uma torrente de ódio, racismo e islamofobia pelo qual os muçulmanos franceses pagarão um alto preço”. “Vocês vingaram o Profeta Maomé, mas deram argumentos aos adeptos da teoria do choque de civilizações”.

Com efeito, os atentados em Paris exacerbaram sentimentos xenófobos e de islamofobia. Segundo o Ministério do Interior francês, mais de 50 ataques contra objetivos islâmicos foram perpetrados em Paris desde a última semana. (JE)

 

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Bispos franceses: "Que sociedade queremos construir juntos?

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Paris (RV) – “Pedimos aos católicos para prosseguirem no seu empenho na vida familiar, na vida associativa, e de forma mais geral, na vida pública, de modo a fazer progredir a nossa sociedade na justiça e na paz. Convidamos a multiplicarem os esforços feitos no campo educativo, conscientes que se trata de um desafio importante para hoje e para amanhã. É juntos que construiremos a sociedade de amanhã. Não uns contra os outros, mas uns com os outros”. Com este apelo à unidade e à ajuda mútua o Conselho Permanente da Conferência Episcopal Francesa conclui a mensagem divulgada terça-feira (13/01), após as manifestações que reuniram milhares de pessoas em toda a França contra o terrorismo.

Na nota intitulada “Que sociedade nós queremos construir juntos?”, os bispos lamentam que “o terrorismo atacou e a morte  eclodiu no coração da nossa sociedade”, em referência aos recentes atentados.

Os atos “perpetrados no nosso território, no coração da nossa nação, suscitaram um poderoso impulso de coesão dos cidadãos, e manifestações por parte de muitos países no domingo, em torno aos valores que plasmam a nossa sociedade. Nós  tomamos parte neste movimento e o sustentaremos ainda”, reiteram os bispos.

Discernimento

“Deveremos ter a coragem de nos interrogar para entender como a França pode fazer crescer no seu seio tais focos de ódio”, diz a mensagem, convidando à interrogar também  sobre o projeto que se quer para a sociedade: “Qual sociedade queremos construir juntos? Qual espaço reservamos aos mais fracos, aos excluídos, às diferenças culturais? Que cultura queremos transmitir às gerações que virão? Que ideal de comunidade humana propomos aos jovens?”

“Todas as liberdades – defende a mensagem – estão intrinsicamente ligadas umas às outras. A liberdade de imprensa, qualquer que seja a imprensa, permanece como símbolo de uma sociedade sólida, aberta ao debate democrático, capaz de dar um lugar digno a cada pessoa no respeito de suas origens, da sua religião, das suas diferenças. É esta a França respeitada por todos”, afirmam os bispos, que no domingo repetiu a sua adesão profunda “aos valores de liberdade, igualdade, fraternidade”.

Os prelados pedem aos católicos das várias dioceses para que rezem pelas vítimas e confiem a Deus as almas turbadas pelos terroristas, recordando os policiais e os gendarmes que pagaram um alto preço na missão essencial de manter a paz. Os bispos recordam também da comunidade judaica, mais uma vez “ferida pelo luto”.

Evitar a generalização e a tentação de confundir uma religião com extremistas, que acabam por desfigurá-la, é o pedido final da mensagem, com a exortação para “não se entrar na espiral mortal do medo e do desprezo pelo outro”. (JE)


 

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Atualidades



Al-Azhar pede que muçulmanos ignorem novas charges de Maomé

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Cairo (RV) – A Universidade de Al-Azhar no Cairo, o mais respeitado centro teológico do islamismo sunita, lançou um apelo aos muçulmanos nesta quarta-feira (14/1) para ignorarem as novas charges publicadas pelo jornal satírico francês Charlie Hebdo, representanto o Profeta Maomé. A primeira tiragem após o atentado, com três milhões de exemplares, esgotou-se rapidamente, sendo prevista a impressão de mais 2 milhões.

“Al-Azhar apela a todos os muçulmanos para ignorarem este ódio frívolo”, pede a instituição em uma nota. "A estatura do Profeta da misericórdia é maior e mais nobre do que qualquer tentativa de manchá-la por desenhos que não respeitam nenhuma moral ou norma de civilização”.

Na noite de terça-feira, os centros de pesquisa islâmica de Al-Azhar avaliaram que a publicação de novas caricaturas “insultantes ao Profeta” iria “atiçar o ódio”. (JE)

 

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