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Sumario del 24/01/2015

Papa e Santa Sé

Formação

Papa e Santa Sé



Mensagem de solidariedade do Papa Francisco ao Malawi

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Cidade do Vaticano (RV) - Mensagem de solidariedade do Papa Francisco ao Malawi, país do sul da África atingido pela maior enchente de sua história, que causou até agora pelo menos 200 mortos. O Papa,  lê-se em uma mensagem assinada pelo Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin, enviada aos bispos locais, “assegura suas orações pelas vítimas, suas famílias e todos aqueles que foram atingidos por esta catástrofe” e expressa "dos votos de que “a comunidade internacional responda com generosidade e eficácia às necessidades daqueles que sofrem”. (SP)

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Papa: diálogo com o Islã com identidade e mútuo respeito

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu no Vaticano na manhã deste sábado, os 250 participantes do encontro do Pontifício Instituto de Estudos Árabes e de Islamítica.

No seu discurso aos presentes o Santo Padre destacou inicialmente que nos últimos anos, apesar de alguns mal-entendidos e dificuldades, foram dados passos no diálogo inter-religioso, também com os fiéis do Islã. Para isso, é essencial o exercício da escuta. Não é apenas uma condição necessária em um processo de recíproca compreensão e de coexistência pacífica, mas é também um dever pedagógico, a fim de sermos "capazes de reconhecer os valores dos outros, de compreender as preocupações subjacentes os seus pedidos e de fazer emergir as convicções comuns". Na base de tudo isso, está a necessidade de uma adequada formação, para que, firmes na própria identidade, se possa crescer no conhecimento recíproco.

É preciso fazer atenção – continuou o Papa -, para não cair nas armadilhas de um sincretismo conciliador, mas, no final, vazio e prenúncio de um totalitarismo sem valores. Uma cômoda abordagem flexível, “que diz sim a tudo para evitar problemas”, acaba por ser "uma maneira de enganar o outro e negar-lhe o bem que a pessoa recebeu como um dom a ser compartilhado generosamente". Isso nos convida, em primeiro lugar, a voltar aos fundamentos.

Quando nos aproximamos de uma pessoa que professa com convicção a sua religião, - disse ainda Francisco –, o seu testemunho e seu pensamento nos interpelam e nos levam a nos questionar sobre a nossa própria espiritualidade. No início do diálogo está, portanto, o encontro. Desse encontro se gera o primeiro conhecimento do outro. Se, de fato, se parte do pressuposto da comum pertença à natureza humana, se podem superar os preconceitos e as falsidades e se pode começar a compreender o outro de acordo com uma nova perspectiva.

Francisco recordou ainda  que a história do Pontifício Instituto de Estudos árabes e de Islamítica vai precisamente nesta direção.

Não se limita a aceitar o que é dito superficialmente, dando origem a estereótipos e preconceitos. O trabalho acadêmico, fruto de um esforço diário, vai investigar as fontes, para preencher as lacunas, para analisar a etimologia, propor uma hermenêutica do diálogo e, através de uma abordagem científica inspirada no “estupor” e na “maravilha”, é capaz de não perder a bússola do mútuo respeito e da estima recíproca. Com essas premissas, nos aproximamos uns dos outros na ponta dos pés, sem levantar poeira que obscurece a visão.

Recordando os 50 anos do Pontifício Instituto, o Santo Padre destacou que o mesmo é muito precioso entre as instituições acadêmicas da Santa Sé, e precisa ser ainda mais conhecido. Meu desejo – continuou – é que se torne cada vez mais um ponto de referência para a formação dos cristãos que trabalham no campo do diálogo inter-religioso, sob os auspícios da Congregação para a Educação Católica e em estreita colaboração com o Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. No caminho de aprofundado da verdade, – foi os votos finais de Francisco - para o pleno respeito da pessoa e da sua dignidade, possa o Instituto estabelecer uma colaboração frutuosa com as outras Pontifícias Universidades, com os centros de estudo e pesquisa, seja cristãos que muçulmanos em todo o mundo. (SP)

 

 

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Francisco: “Não há unidade sem conversão, sem oração"

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã deste sábado os participantes no Colóquio Ecumênico de Religiosos e Religiosas, promovido pela Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica.

Antes de mais nada o Papa deu as boas-vindas aos participantes e agradeceu o Cardeal Braz de Aviz pelas palavras momentos antes dirigidas a ele em nome de todos os presentes, cerca de 50.

O Papa se disse alegre pela iniciativa que reuniu religiosos e religiosas de diversas Igrejas e Comunidades eclesiais, destacando que o mesmo se realizou durante a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos; todos os anos essa semana – disse o Papa – nos recorda que o ecumenismo espiritual é “a alma do movimento ecumênico”, como destaca o Decreto conciliar Unitatis redintegratio (n. 8), do qual recentemente celebramos os 50 anos.

O Papa em seguida compartilhou alguns pensamentos sobre a importância da vida consagrada para a unidade dos cristãos.

O desejo de restabelecer a unidade de todos os cristãos está presente naturalmente em todas as Igrejas e abrange seja o clero que os leigos (cf. ibid., 5). Mas a vida religiosa, que afunda suas raízes na vontade de Cristo e na tradição comum da Igreja indivisa, tem sem dúvida uma vocação particular, na promoção desta unidade. Não é, aliás, uma coincidência que muitos pioneiros do ecumenismo foram homens e mulheres consagrados. Ainda hoje, várias comunidades religiosas se dedicam intensamente a este objetivo e são lugares privilegiados de encontro entre cristãos de diferentes tradições.

Neste contexto, - disse o Papa - gostaria de mencionar também as comunidades ecumênicas, como a de Taizé e de Bose, ambas presentes neste Colóquio. À vida religiosa pertence a busca da união com Deus e da unidade no seio da comunidade fraterna, realizando assim de maneira exemplar a oração do Senhor "que todos sejam um" (Jo 17,21).

O Papa Francisco destacou em seguida: “Não há unidade sem conversão. A vida religiosa nos recorda que no centro de cada busca de unidade e, portanto, de todo esforço ecumênico, existe antes de tudo a conversão do coração, que envolve o pedido e a concessão de perdão”. Essa consiste basicamente em uma conversão do nosso próprio olhar: procurar olhar um para o outro em Deus, e saber colocar-se também a partir do ponto de vista do outro; eis um duplo desafio ligado à busca da unidade, seja no interior das comunidades religiosas, seja entre os cristãos de diferentes tradições.

Não há unidade sem oração. A vida religiosa é uma escola de oração. O compromisso ecumênico responde, em primeiro lugar, à oração do próprio Jesus, e baseia-se essencialmente sobre a oração. Um dos pioneiros do ecumenismo e grande promotor do Oitavário para a Unidade, o Padre Paul Couturier, usava uma imagem que ilustra a relação entre ecumenismo e a vida religiosa: ele comparou aqueles que rezam pela unidade, e o movimento ecumênico, em geral, a um "mosteiro invisível" que reúne cristãos de diferentes igrejas, de diferentes países e continentes.

Queridos irmãos e irmãs, - disse o Papa -, vocês são os primeiros animadores deste "mosteiro invisível": eu os encorajo a rezar pela unidade dos cristãos e traduzir esta oração em atitudes e gestos cotidianos.

Não há unidade sem santidade de vida. A vida religiosa nos ajuda a tomar consciência do chamado dirigido a todos os batizados: o chamado à santidade de vida, que é o único caminho para a unidade. Evidencia isso com palavras incisivas o Decreto conciliar Unitatis redintegratio: “Lembrem-se todos os cristãos de que tanto melhor promoverão e até realizarão a união dos cristãos quanto mais se esforçarem por levar uma vida mais pura, de acordo com o Evangelho. Porque, quanto mais unidos estiverem em comunhão estreita com o Pai, o Verbo e o Espírito, tanto mais íntima e facilmente conseguirão aumentar a fraternidade mútua”. (SP)

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Papa: causas de nulidade céleres e atentas à certeza moral

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu na manhã deste sábado, no Vaticano, 120 participantes do Congresso da Pontifícia Universidade Gregoriana sobre a Dignitas Connubii, no décimo aniversário de sua publicação. Essa Instrução trata das causas de nulidade do matrimônio nos tribunais diocesanos e interdiocesanos.

O Santo Padre saudou inicialmente os Padres da Faculdade de Direito Canônico da Pontifícia Universidade Gregoriana, que organizou o Congresso, com o auxilio do Pontifício Conselho para os Textos legislativos e da Consociatio internationalis studio iuris canônicos. Os participantes eram provenientes de várias partes do mundo.

A grande participação neste encontro – disse o Papa – indica a importância da Instrução Dignitas connubii, que não é destinada aos especialistas do direito, mas aos operadores dos tribunais locais: de fato, um modesto, mas útil vade-mécum que toma realmente pela mão os ministros dos tribunais para a realização do processo, de modo que seja seguro e rápido juntos.

Um procedimento seguro porque indica e explica com clareza a meta do processo mesmo, ou seja a certeza moral: essa requer que seja excluído qualquer dúvida de erro. Um desenvolvimento rápido porque – como ensina a experiência comum – caminha mais rapidamente quem conhece bem a estrada a ser percorrida.

O Papa faz ainda uma constatação: “O conhecimento e eu diria as preocupações desta Instrução poderão também no futuro ajudar os ministros dos tribunais a abreviar o caminho processual, percebido muitas vezes pelos cônjuges como longo e árduo”. Ainda não foram explorados todos os recursos que esta Instrução coloca à disposição para um processo célere, desprovido de qualquer formalismo fim a si mesmo; não podem ser excluídas para o futuro novas medidas legislativas que visem o mesmo objetivo. (SP)

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Formação



Reflexão para o 3º Domingo do Tempo Comum

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A liturgia deste domingo nos fala de como Deus deseja o nosso empenho na conversão de outras pessoas, especialmente daquelas que aparentemente nada se pode esperar de bom.

Jonas foi enviado por Deus para converter os ninivitas, povo adversário dos judeus.

Deus é assim, não olha a nacionalidade das pessoas e nem seus erros, mas quer salvar todos, quer dar a todos a possibilidade de mudança de vida, de conversão, e consegue! De fato, Deus “quer que todos os homens se salvem e cheguem ao conhecimento da verdade” (1Tim 2, 3-4)

 

No Evangelho, João Batista é o profeta enviado por Deus para preparar os caminhos do Senhor, isto é, para que as pessoas, com o coração convertido, aceitassem Jesus Cristo.  Ele é rejeitado, perseguido e morto por causa do anúncio de que Deus amava os homens e por isso queria que eles andassem nos caminhos da salvação, deixando uma vida cheia de pecados.

Contudo, o Senhor passa por onde ele estava e chama alguns de seus discípulos  para trabalharem pelo Reino, pela conversão das pessoas.

 

Simão e André, Tiago e João escutam o chamado e dão o sim para a missão. Para isso foi necessário deixar pessoas e atividades absolutamente importantes, como os pais e o trabalho.

O convite de Jesus é missão, isso comporta estar em primeiro lugar, ter prioridade em nossa vida.

É dizer ao povo que faça sua adesão a Jesus, que se liberte das amarras. Quais são nossas amarras? O que nos impede irmos até Deus, de deixarmos acomodações inebriantes, de abrirmos mãos de uma sociedade consumista, de relativizarmos  nossos valores e voltarmos a atenção para aquilo que nos fala de Deus, mesmo que seja uma vida simples, comprometida com o eterno e com o que nos torna irmãos? A este propósito, pensemos no que diz a Palavra de Deus: “Onde está o teu tesouro aí estará também teu coração” (Mt 6, 21).

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Editorial: Pobres, mestres de vida

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Cidade do Vaticano (RV) – Passaram-se alguns dias da visita do Papa Francisco ao continente asiático, mais precisamente ao Sri Lanka e às Filipinas. Duas viagens, dois países, encontros diferentes. Na primeira parte da viagem a aproximação a uma realidade de mais de 30 anos de conflitos internos, de uma guerra civil que causou a morte de mais de 100 mil pessoas. Agora a semente lançada da reconciliação deve dar os seus frutos: cingaleses e tâmil devem buscar o caminho do perdão para que a reconciliação seja de fato real e duradoura. E o primeiro Santo do Sri Lanka, São José Vaz, canonizado por Francisco em Colombo, é o modelo de comportamento para um povo que deseja somente paz e um futuro, depois de ver tantos de seus filhos caírem por terra. Uma fé genuína que sobreviveu aos horrores de uma guerra entre irmãos.

Depois o mar de pessoas que invadiu as ruas de Manila, nas Filipinas, demonstrando que essa nação católica, que apesar das calamidades naturais que ceifaram a vida de milhares de pessoas inermes, construiu sua fé sobre a rocha e que nenhum tsunami poderá jamais abalá-la.

Para mim que tive a oportunidade de acompanhar Francisco ao Sri Lanka junto com os jornalistas da Rádio Vaticano a viagem não se arquivou com o retorno a casa, mas abriu uma grande porta sobre um mundo, para nós, pouco conhecido, ou conhecido de modo superficial apenas pelos jornais que sempre descrevem as tristezas que investem esta parte do planeta. Conhecemos um mundo que não é só um mundo exótico feito de elefantes que saúdam a passagem do Papa, desejando-lhe boa sorte, e de tufões que estão distantes de nós, mas também é a realidade de um planeta em que vivemos ao qual pertencemos e que nos chama a atenção.

Creio que esta viagem, como o próprio Papa Francisco disse, muito mais dos que as palavras, vão ficar os gestos, com o da menina que vivia na rua e que calou o mundo e fez o Papa se emocionar com a sua pergunta, fazendo com que Francisco deixasse de lado o discurso que tinha preparado: “por que as crianças sofrem”?

Francisco, com embargo na voz, o que já tinha acontecido no Sri Lanka rezando no Santuário mariano de Madhu, lugar símbolo do sofrimento, mas também da reconciliação de um povo, conversando com os jovens, confessou sem temor, que era a única pergunta à qual ele não tinha resposta.

 

Por que as crianças sofrem? Por que a miséria existe? Por que uma mãe, um pai, devem chorar a perda de um filho em meio à indigência? Por que as guerras ainda sobrevivem aos homens? Por que Deus continua sendo rejeitado por uma sociedade opulenta e egoísta? Por que o nome de Deus ainda é usado para justificar a morte e a violência. São tantas outras perguntas que talvez tenhamos uma resposta e que poderiam ainda serem feitas em contextos diferentes. Mas a pergunta, por que as  crianças sofrem? Não.

Francisco não teve e não tem receio de enfrentar questões que atormentam o mundo. O Santo Padre não estava na periferia do mundo, - como muitos jornais sentenciaram o destino da sua viagem, ainda que seja distante de Roma geograficamente -, pois a periferia pode estar dentro de nossas casas, onde as urgências são iguais, os dramas se assemelham e as dores tem a mesma intensidade. O Papa estava diante de uma realidade com a qual se deparou, deixando-se interpelar por ela, e colocando de lado os textos escritos, foi ao âmago do momento vivido. Esta “realidade que é sempre superior à ideia – afirmou – é a realidade que vocês apresentaram, que vocês vivem, e é superior a todas as respostas que eu tinha preparado”!.

Espontânea a nossa pergunta: de tudo o que vimos e ouvimos então, o que aprendemos, o que sobrou?

Vimos o sofrimento no rosto de pessoas que sobreviveram à guerra e ao drama do tufão Yolanda: “Diante da dor daquelas pessoas – disse o Papa aos jornalistas – eu me senti abatido, a voz quase não saía”. Certas realidades da vida podem ser vistas somente com os olhos limpos das lágrimas, cunhou Francisco. “Aprendemos a chorar? A sofrer com quem sofre? Vimos multidões de pobres: aprendemos com eles? “Dos pobres se recebe”, se vai até os pobres para receber. É quase uma inversão de modo evangélico, de décadas de assistencialismo, evitando certas interpretações sociológicas.

Nestes dias aprendemos que os pobres nos evangelizam e nos demonstraram isso com gestos e palavras fortes: tocaram-nos com suas maneiras simples e humildes de serem Igreja, povo de Deus. Tocaram-nos muito mais do que os quilos de tinta de jornais e espaços na internet que chamaram a atenção para as expressões como a “do punho” a quem insulta a mãe ou “dar um chute onde não bate o sol”, referindo-se à reação aos corruptos, ou ainda sobre “o limite da liberdade de expressão” esquecendo que toda liberdade tem um limite no bem comum.

Vimos nestes dias com o Papa Francisco a realidade de povos que com a sua simplicidade e fé são fontes de inspiração, que contribuem para que o nosso mundo seja um mundo melhor e que o homem seja também ele melhor.

Francisco foi confirmar a fé e estar próximo dos que sofrem e nos mostrou um modelo de Igreja atenta aos pobres, que cuida dos sofredores, que é pobre e está próxima dos pobres. Um modelo para toda a Igreja porque não olha para os pobres de modo paternalista ou assistencialista, mas como mestres de vida. Sim porque os pobres ensinam que o homem vale por aquilo que é, não por aquilo que tem, além disso, ensinam a confiança em Deus e na sua Providência. (Silvonei José)

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