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Sumario del 30/01/2015

Papa e Santa Sé

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Papa: memória e esperança são os "parâmetros" do cristão

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Cidade do Vaticano (RV) – Um cristão deve sempre custodiar em si a  “memória” do seu primeiro encontro com Cristo e a “esperança” Nele, que o leva a prosseguir na vida com a “coragem” da fé. Foi  oque afirmou o Papa Francisco na homilia da Missa matutina desta sexta-feira, 30 de janeiro, presidida na capela da Casa Santa Marta. 

Na sua homilia, o Papa  se inspirou na frase inicial da carta aos Hebreus, na qual o autor convida todos a reevocaram “na memória aqueles primeiros dias”, quando receberam “a luz de Cristo”. Em especial, “o dia do encontro com Jesus” jamais deve ser esquecido, observou Francisco, porque é o dia “de uma alegria imensa”. E com a memória, jamais deve se perder “a coragem dos primeiros tempos” e o “entusiasmo”, a “franqueza” que nascem da lembrança do primeiro amor:

“A memoria é tão importante para recordar a graça recebida, porque se nós expulsarmos este entusiasmo que vem da memória do primeiro amor, há um perigo muito grande para os cristãos: o tepor. Os cristãos “mornos”. Eh, mas estão ali, parados, e sim, são cristãos, mas perderam a memória do primeiro amor. E, sim, perderam o entusiasmo. Também perderam a paciência, aquele “tolerar” as coisas da vida com o espírito do amor de Jesus; aquele “tolerar”, o “carregar nas costas” as dificuldades... Os cristãos mornos, coitados, estão em grave perigo”.

Quando pensa nos cristãos mornos, vêm à mente de Francisco duas imagens incisivas e desagradáveis: aquela evocada por Pedro, do “cão que volta ao seu próprio vômito”; e a outra de Jesus, para o qual existem pessoas que, ao decidirem seguir o Evangelho,  expulsaram sim o demônio, mas quando este volta, lhe abrem a porta sem estarem atentos. Assim, o demônio “toma posse daquela casa” inicialmente limpa e bela. Que seria como voltar ao “vômito” daquele mal num primeiro momento rejeitado. E vice-versa, afirmou Francisco:

“O cristão tem esses dois parâmetros: a memória e a esperança. Evocar a memória para não perder aquela experiência tão bela do primeiro amor, e que alimenta a esperança. Tantas vezes a esperança é obscura, mas vai avante. Acredita, vai, porque sabe que a esperança não desilude para encontrar Jesus. Esses dois parâmetros são justamente a moldura na qual podemos custodiar esta salvação dos justos, que vem do Senhor”.

Uma salvação, conclui o Papa citando o trecho do Evangelho, que deve ser protegida “para que a pequena semente de mostarda cresça e dê o seu fruto”:

“Dão pena, fazem mal ao coração tantos cristãos – tantos cristãos! – na metade do caminho, tantos cristãos falidos neste caminho rumo ao encontro com Jesus, partindo do encontro com Jesus. Este caminho no qual perderam a memória do primeiro amor e não têm a esperança. Estão ali… Peçamos ao Senhor a graça de custodiar o presente, o dom da salvação”. 

(BF)

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"Solução negociada para conflitos na Síria e no Iraque"

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Cidade do Vaticano (RV) – No final da manhã de sexta-feira, 30, o Papa recebeu um grupo de 30 pessoas membros da Comissão de Diálogo teológico entres as Igreja Católica e as Ortodoxas orientais. 

Esta Comissão começou um trabalho em 2003, e seguindo uma perspectiva histórica, examinou os caminhos nos quais as Igrejas expressaram sua comunhão nos primeiros séculos e o que isto significa para a atual busca da comunhão. 

Durante esta semana em que estiveram reunidos, os integrantes iniciaram também um estudo sobre a natureza dos Sacramentos, de modo especial, o Batismo. 

Falando ao grupo, o Papa dedicou palavras de reconhecimento pelo empenho inspirador do Patriarca da Igreja Sírio-ortodoxa de Antioquia e do Oriente, Ignazio Zakka Iwas, falecido no ano passado. A respeito do delicado momento que se vive naquela região, Francisco disse: 

“Nós compartilhamos consternação e dor pelo que está acontecendo no Oriente Médio, especialmente no Iraque e na Síria. Todos os habitantes da região, inclusive nossos irmãos cristãos e muitas minorias, vivem as consequências de um conflito extenuante. Junto com vocês, rezo todos os dias para que se alcance uma solução negociada, suplicando a bondade e a piedade de Deus pelos atingidos por esta imensa tragédia. Todos os cristãos são chamados para trabalhar juntos, aceitando-se reciprocamente, para servir a causa da paz e da justiça”. 

(CM)

 

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Francisco pede orações por vítimas de explosão em hospital mexicano

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Cidade do Vaticano (RV) –  Através de um telegrama e de um tweet, o Papa Francisco expressou seu profundo pesar pelas vítimas da explosão de um caminhão-tanque ocorrida ontem, quinta-feira, diante de um hospital pediátrico no México.

No telegrama enviado ao Cardeal Norberto Rivera Carrera, Arcebispo da Cidade do México, o Santo Padre oferece sufrágios “pelo eterno descanso dos falecidos”, condolências “aos familiares” e desejo de um “pronto restabelecimento aos feridos”, concedendo a todos sua Bênção Apostólica.

No tweet o Papa pediu orações pelas vítimas da explosão, com a seguinte mensagem: “Rezemos pelas vítimas da explosão no hospital de Cuajimalpa, no México, e por seus familiares, que o Senhor lhes conceda paz e fortaleza”.

Dois bebês e uma enfermeira de 25 anos morreram na explosão provocada por um grande vazamento de gás na mangueira de um caminhão que abastecia o centro médico. Os feridos são 73, entre eles nove bebês e sete adultos que se encontram em estado grave.

Os três funcionários da companhia de gás tentaram controlar o vazamento, mas não conseguiram e alertaram o Corpo de Bombeiros. Quando os bombeiros começavam a trabalhar e as pessoas eram evacuadas do hospital, houve uma forte explosão que causou o colapso de praticamente todo o edifício e danos a imóveis próximos. Cerca de mil pessoas trabalham nas operações de resgate. (BF)

 

 

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Papa celebrará Missa pelos 50 anos da reforma litúrgica

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Cidade do Vaticano (RV) – Cinquenta anos após Paulo VI ter celebrado pela primeira vez em italiano, segundo as novas normas litúrgicas estabelecidas pelo Concílio Vaticano II, a mesma Paróquia romana de Todos os Santos, na Via Apia Nova, acolherá o Papa Francisco no dia 7 de março para uma celebração eucarística às 18 horas.

Por ocasião do 50º aniversário da entrada em vigor das novas regras litúrgicas, propomos alguns trechos da homilia proferida por Paulo VI em 7 de março de 1965.

“O que estamos fazendo? Este é o momento das reflexões e se insere no sagrado Rito para suscitar os pensamentos que devem acompanhá-lo. Nós estamos colocando em ato uma realidade, que por si só, se apresenta solene e tem dois aspectos: um, o extraordinário; o outro, comum e ordinário. Extraordinário é a atual nova maneira de rezar, de celebrar a Santa Missa. Inaugura-se hoje, a nova forma da Liturgia em todas as paróquias e igrejas do mundo, para todas as Missas seguidas pelo povo. É um grande acontecimento que deverá ser recordado como princípio de vigorosa vida espiritual, como um compromisso novo ao corresponder ao grande diálogo entre Deus e o homem.

Norma fundamental é, de agora em diante, a de rezar compreendendo cada frase e palavra, de completá-las com os nossos sentimentos pessoais, e de adaptá-los ao espírito da comunidade, que faz coro conosco.

Existe, depois, uma outra circunstância que torna singular a presente solenidade: a presença do Papa, que, por si só, autoriza a resaltar tudo o que pode tornar-se útil à nossa vida cristã.

De resto, querendo considerar o segundo aspecto, isto é, aquele que  é habitual nestes encontros, tudo – o sabemos – apresenta um caráter precioso e digno da nossa reflexão.

E, em primeiro lugar: o que é o Rito que estamos celebrando? É um encontro de quem oferece o Divino Sacrifício com o povo que vos assiste. Tal encontro deve ser, por isto, pleno e cordial. Por conseguinte, não está fora de lugar que o celebrante - neste caso o Papa - dirija muitas vezes aos presentes a característica saudação: O Senhor esteja convosco!

Eis: o Papa repete o grande augúrio não somente dirigindo-se com afetuoso gesto aos presentes, mas expressava o propósito de alcançar toda a população cristã desta cidade, da santa Diocese de São Pedro e São Paulo, a Diocese de Roma. Assim, com todo o coração, com toda a força que Deus coloca em sua voz, em seu ministério, o Santo Padre diz aos Romanos: Deus esteja com você!”.

O Concílio Vaticano II, precisamente com o seu primeiro documento, pôs em marcha a reforma da celebração litúrgica, «para que o povo cristão mais seguramente alcance graças abundantes na sagrada Liturgia, a Santa Mãe Igreja deseja fazer uma cuidada reforma geral (“generalem instaurationem”) da mesma Liturgia» (SC 21).  A finalidade é pastoral, para que a comunidade cristã possa participar com maior proveito na celebração do mistério de Cristo. E o motivo é que «a Liturgia compõe-se de uma parte imutável, por ser de instituição divina, e de partes sujeitas a modificações que, no decorrer do tempo, podem ou até devem variar, se porventura nelas se tiverem introduzido elementos que não correspondam tão bem à natureza íntima da mesma Liturgia ou se tenham tornado menos apropriados» (SC 21).

Todo o primeiro capítulo da Sacrosanctum Concilium, com o título de «Princípios gerais para a reforma e desenvolvimento da Sagrada Liturgia» (SC 5-46), apresenta as orientações e critérios para realizar adequadamente esta reforma litúrgica na Igreja Católica ocidental: a centralidade de Cristo e do seu Mistério Pascal, a eclesiologia de comunhão, a primazia da Palavra.

 

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Igreja na América Latina



Família e Vida Consagrada na agenda dos Bispos colombianos

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Bogotá (RV) – O Presidente da Conferência Episcopal da Colômbia, Dom Luis Augusto Castro Quiroga, pediu, através de uma videomensagem, a oração dos fiéis para que o Espírito Santo ilumine os trabalhos dos Bispos na Assembleia Plenária que os reunirá de 3 a 7 de fevereiro, em Medellín.

 “Será um bonito momento de encontro, para que os bispos unidos em colegialidade e irmandade encontrem as melhores soluções para diferentes temas”, disse Dom Quiroga.

O Arcebispo de Tunja recordou que o tema central da Assembleia será “A Família” e explicou que a reflexão quer estar em sintonia com o Sínodo da Família, marcado para Roma em fins de outubro. 

Outro tema abordado será o Ano da Vida Consagrada.

“Peço suas orações para que o Espírito Santo seja o nosso guia, luz que nos conduzia à sabedoria para oferecer o melhor serviço à Igreja e à sociedade”, concluiu. 

 

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Na fronteira, bispos mexicanos pedem justiça para migrantes

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San Cristóbal de las Casas (RV) – Os Bispos do sudeste mexicano e de países centro-americanos rezaram e pediram pelos migrantes nas margens do rio Suchiate, na fronteira com a Guatemala, por onde cruza o fluxo migratório na rota para os Estados Unidos. 

Acompanhados por dezenas de fiéis, os Bispos fizeram uma peregrinação da igreja de Santo André Apóstolo até as margens do Suchiate. O pedido principal foi a concretização de reformas migratórias entre os países da área para facilitar a passagem dos estrangeiros e garantir o respeito de seus direitos fundamentais. 

O Bispo de San Cristóbal de las Casas, Dom Felipe Arizmendi Esquivel, criticou que haja acordos comerciais que privilegiam o dinheiro, as mercadorias, os negócios; e não as pessoas:

“É doloroso e triste que existam tratados para o livre comércio, a fim de que as mercadorias possam circular, enquanto os seres humanos não podem passar”, lamentou. “Dizemos que somos irmãos, México e América Central, mas às vezes isso é mais palavra do que fatos”. 

Os Bispos lembraram que em seu trânsito, os migrantes padecem todo tipo de sofrimentos, enfrentam violações, homicídios, sequestros, extorsões e roubos.
Ante esta realidade, pediram que a sociedade não seja indiferente e ajude os migrantes quando passam pelo território nacional. A Igreja possui 60 casas de acolhida e apoio em todo o México, mas não são suficientes, segundo os Bispos.

(CM)

 

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Igreja no Mundo



Tribunal turco determina devolução de propriedade à Fundação cristã

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Istambul (RV) – O Tribunal Administrativo de Istambul determinou ao Estado turco a restituição dos direitos de propriedade à Fundação síria Kadim Meryemana, ligada à Igreja Síria Ortodoxa, cujo terreno havia sido confiscado em 1970. A notícia da sentença foi divulgada pela mídia local na quinta-feira (29).

A ampla propriedade, localizada no histórico bairro de Bomonti, centro de Istambul, é usada atualmente por alguns departamentos da Universidade de Belas Artes Mimar Sisan. As investigações do Tribunal revelaram que a expropriação foi ilegal, baseada na anulação ilegítima dos certificados que atestavam a propriedade dos terrenos por parte da Fundação ligada à Igreja Sírio-Ortodoxa,

Originalmente, a propriedade foi doada à Igreja por um bem-feitor em 1956. Quatroze anos após, em 1970, o Ministério Turco do Tesouro cancelou todas as doações e transferências de propriedades realizadas após 1936, em favor de fundações e instituições religiosas não-muçulmanas, baseado na lei que vetava todas as aquisições de propriedades imobiliárias por parte de entidades religiosas não-muçulmanas. (JE)

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Manifestantes anti-Hebdo atacam escola cristã no Paquistão

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Islamabad (RV) – Uma escola cristão no Paquistão foi atacada por cerca de 300 estudantes muçulmanos, durante protesto contra as publicações das charges sobre o profeta Maomé no semanário francês Charlie Hebdo. Quatro estudantes ficaram feridos e o prédio danificado no ataque ocorrido em 27 de janeiro.

Armados de barras de ferro e bastões, os manifestantes pularam o muro, abriram os portões e entraram na escola, danificando toda a estutura. A escola masculina “Panel High School”, localizada na cidade de Bannu, norte do Paquistão, está há dois dias fechada. O Diretor do estabelecimento de ensino viu-se obrigado a adotar medidas de segurança suplementares.

Em nota enviada à Agência Fides, o Diretor cristão da ONG “Center for Legal Aid Assistance & Settlement” (CLAAS), Nasir Saeed, declarou ser uma realidade muito triste que radicais islâmicos ataquem os cristãos paquistaneses por causa do Charlie Hebdo. “Os cristãos são contrários e condenaram as charges blasfemas”, observou.

“Realmente é um pecado – continuou ele - que mesmo 67 anos após o nascimento do Paquistão, os cristãos ainda não são considerados como cidadãos paquistaneses, mas são vistos como ‘aliados do Ocidente’”, lamentou Nasir. “Cada vez que ocorrem incidentes nos países ocidentais, os fieis paquistaneses são atacados. Os cristãos, que já vivem sob constante temor pela própria vida, tornam-se ainda mais vulneráveis. É tarefa dos políticos – conclui ele – criar um ambiente cultural e uma sociedade em que os cristãos e as minorias religiosas se sintam seguras”. (JE)

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Formação



Alimentar os laços afetivos nas famílias divididas

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Cidade do Vaticano (RV) - O Brasil tem hoje em torno de 1 milhão de imigrantes em situação regular. Muitos deles são refugiados, e segundo dados do Comitê Nacional para os Refugiados (CONARE), integram este contingente, 76 diferentes nacionalidades. Os dados apontam que os maiores grupos solicitantes de refúgio no Brasil, por ano, vêm, em primeiro lugar, do Senegal, de Bangladesh e da Síria. Desde 2010, ano do terremoto no Haiti, cidadãos daquele país migram ao Brasil, passando por várias fronteiras, e mais de 2 mil deles já receberam vistos de reunião familiar, ou seja, o Brasil está acolhendo a família que deixaram para trás. 

Nem sempre são homens sozinhos a migrar, estabelecer-se no país hóspede, e depois receber suas famílias. Muitas mulheres o fazem: saem do país, acham um trabalho e enviam dinheiro para o sustento dos filhos. Esta situação cria rupturas, pois os laços afetivos entre os que ficam e os que vão são difíceis de ser alimentados. 

Quem trabalha com isso, cotidianamente, é a Irmã Rosita Milesi, scalabriniana, assessora da Pastoral da Mobilidade Humana e Diretora do Instituto Migrações e Direitos Humanos (IMDH) e membro do Setor Mobilidade Humana da CNBB. 

Ouça acima.

(CM)

 

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Especial Missão: de ad gentes para inter gentes e congentibus

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Cidade do Vaticano (RV) – Duas viagens à Ásia em menos de um ano demonstram que este continente está no centro das atenções da evangelização de Papa Francisco, e não somente. Na outra ponta, a Igreja asiática também passa a desempenhar um papel fundamental para a nova evangelização: o envio de missionários.

Fogo de vida

O Conselheiro Geral da Congregação do Verbo Divino, Padre Arlindo Dias, ressalta que a disponibilidade da Ásia em dialogar com o cristianismo tem aberto novas fronteiras para a missão.

 “A Ásia tem uma abertura para o diálogo inter-religioso para esta possibilidade da vida e da riqueza cultural. Nós, Verbitas, por exemplo, estamos presentes nas Filipinas, Japão, Indonésia, Coreia, Vietnã onde existe um fogo de vida e onde há este fogo de vida há a possibilidade de se anunciar o Evangelho. Na Índia, por exemplo, existe uma explosão de vida que impressiona. Sente-se a energia e o calor das pessoas que são humanas, te acolhem e te fazem sentir em casa”, contou Padre Dias.

Nova concepção da missão

O Concílio Vaticano II destacou a missão ad gentes todavia Padre Arlindo afirma que hoje fala-se muito em outros dois aspectos importantes da missão: inter gentes e congentibus.

“Inter gentes: os povos estão se misturando. Tem dois caminhos para os povos ao se misturar: ou se matam uns aos outros,  ou formar uma só família humana. Congentibus: no mesmo nível que o outro, que não é pior nem melhor, menor nem maior, somos todos irmãos desta mesma família de Deus em Jesus de Nazaré”, explica o conselheiro verbita. A missão ad gentes é encarada como uma saída de si mesmo em direção ao outro e, nesse caminho, passa a ser inter gentes, onde aprende-se com o outro. O ciclo missionário fecha-se em congentibus, no mesmo nível do outro.

Inversão

Em tempos de globalização – onde os cristãos devem ser um mar de misericórdia em meio á indiferença – terras antes de missão passam a ser celeiros de missionários, como sugere Padre Arlindo. “Mudar o conceito de missão, no sentido de que eu não só dou – e penso que o Papa Francisco tem mostrado isso – eu também recebo. Todos carregam dentro de si uma semente do Evangelho. Esta semente é para ser partilhada e quando é partilhada se torna árvore e, depois, fruto”.

Exemplo dessa mudança nas rotas missionárias está no continente europeu. “Muitos missionários estão chegando à Europa onde faltam vocações mas nós estamos trazendo missionários para partilhar com os povos da Europa o que eles aprenderam uma vez com os povos da Europa que os próprios povos da Europa estão perdendo”, explicou. (JE/RB)

 

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Confirmar os leigos dando-lhes oportunidades de aprofundar a fé

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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, nesta edição do nosso quadro "O Brasil na Missão Continental" continuamos com a participação do bispo da Arquidiocese de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, com cuja contribuição temos contado nestes dias.

Na edição passada Dom Jaime introduziu o tema da formação dos leigos no contexto da formação permanente para os fiéis nas paróquias – um tema de particular importância no Documento de Aparecida. Entre outras coisas, enfatizou que é preciso que as pessoas tenham uma orientação para uma vivência mais segura da fé e reiterou o papel sócio-transformador da Igreja: de uma Igreja mais atuante, mais presença, mais solidária e mais misericordiosa.

Na edição de hoje o arcebispo de Natal prossegue suas considerações afirmando-nos, entre outras coisas, que os fiéis se sentem confirmados em seu papel quando lhes são dadas oportunidades para o aprofundamento da fé e evidencia a importância da prática da formação permanente de uma Igreja mais servidora, missionária, sócio-transformadora em sua ação de evangelização, de pastoral e de missão.

Nesta formação permanente dos fiéis, Dom Jaime aponta para a necessidade da atuação deles na sociedade como leigos bem formados, diante de uma prática atual em que a vivência da fé passa a ser quase que desencarnada, vivendo apenas uma subjetividade muito grande, uma vivência da fé muito intimista, descomprometida com a contribuição para uma sociedade mais justa, mais solidária e mais fraterna. Vamos ouvir: (RL) 

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Resgatar toda a riqueza sócio-eclesial pastoral do Concílio

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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, na edição de hoje concluímos a participação do arcebispo de Natal, Dom Jaime Vieira Rocha, que com sua contribuição trouxe-nos, neste espaço formativo, a partir dos temas propostos, um pouco da realidade eclesial desta Igreja particular do Rio Grande do Norte.

Dom Jaime conclui voltando seu olhar para o Concílio Vaticano II ressaltando tê-lo vivido ainda quando seminarista e depois como padre novo, destacando as iniciativas voltadas para a que a Igreja pudesse assimilar e aplicar o Concílio em sua realidade própria de América Latina, e enfatiza a caminhada feita com Medellín, Puebla, Santo Domingo e, por último, Aparecida, cujo documento – a seu ver – deveria ser de cabeceira não somente para os eclesiásticos, como também para os leigos engajados nos diversos serviços pastorais e movimentos.

O arcebispo de Natal nos diz que é preciso resgatar toda a riqueza sócio-eclesial pastoral do Concílio – que foi eminentemente pastoral – para levarmos adiante uma Igreja que seja mais resposta aos apelos da humanidade. Vamos ouvir:   (RL)

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Vencer o mal pelo bem

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Belo Horizonte (RV) - O crescente processo de desumanização que atinge a sociedade contemporânea é assustador. Tem origem diversa - da violência à indiferença, da corrupção ao conformismo com situações aviltantes da dignidade humana.  Debelar o avanço desta desumanização deve ser preocupação cidadã.  O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Alegria do Evangelho, adverte sobre o risco de atingirmos níveis irreversíveis deste processo. Por isso mesmo, não se pode simplesmente constatar, lamentar ou defender-se de maneira egoísta e mesquinha de suas consequências.  Ora, se o medo e o desespero tomam conta do coração das pessoas, compromete-se, gravemente, a vivência da fraternidade. Com isso, a humanidade se distancia do compromisso com a solidariedade, eficaz remédio para redesenhar os cenários de injustiça que escravizam tantas pessoas.

Para mudar essa realidade, são importantes as complexas estratégias no âmbito da segurança pública, dos reajustes de funcionamentos e em outros tipos variados de dinâmicas, pois o descontrole, gradativamente, toma conta de tudo.  No entanto, embora fundamentais, essas estratégias não são suficientes. Estatísticas diversas comprovam que a sociedade convive com um excesso de incivilidades, consequência do processo de desumanização. Processo alimentado pelo desejo sem limites de apossar-se das coisas e pela busca irracional do prazer.  São impulsos que viciam e impedem as grandes conquistas. As maiores vitórias, para serem alcançadas, requerem sacrifício ou esforço maior. Muitas vezes, exigem que se reparta e se ofereça o tempo e as próprias posses para quem não os têm.

As instituições religiosas, educacionais, particularmente a família, os ambientes variados de trabalho, também os de entretenimento e lazer, precisam readotar princípios simples, com força educativa e incidente na vida de cada pessoa. Somente assim é possível estabelecer um contraponto à desumanização que faz multiplicar a violência. Entre esses princípios está um de grande alcance e significativa força educativa: “Não te deixes vencer pelo mal, vence antes o mal com o bem”, exortação de São Paulo na Carta aos Romanos. A adoção séria deste princípio, incidindo nos contextos comuns da vida, poderá transformar as relações entre as pessoas.  Só o bem derrota o mal, em uma longa batalha que inclui o apreço pela fraternidade, em lugar das guerras; adoção de atitudes simples e generosas, em vez de mesquinharias e fofocas.

O bem como princípio é vetor determinante na promoção da paz. Nesse horizonte, é necessário redobrar a atenção e analisar as tragédias provocadas pelo mal, que se alastra com muita facilidade. Suas raízes precisam ser conhecidas e extirpadas. Nesta tarefa, fundamental é refletir sobre a liberdade humana, que é um bem, mas, não raramente, torna-se porta de entrada para o mal que dizima vidas, destrói projetos e prejudica as relações. A experiência maravilhosa da liberdade não pode ser pautada apenas pelos critérios e interesses políticos ou sociais. É preciso incluir aportes de caráter espiritual para não assorear a fonte indispensável da ética, que inspira condutas orientadas pelo bem.

Há uma gramática da lei moral que encanta o coração para viver de modo amoroso e, consequentemente, convencer-se de que é necessário vencer o mal pelo bem. Essa gramática da lei moral é o amor único, capaz de iluminar para além da inteligência, de encontrar motivos maiores que os oferecidos pela razão e de conseguir ver além dos limites e estreitezas do humano. Capacita todos para enxergar a dignidade fascinante de cada pessoa, merecedora de todo respeito, deferência e cuidado.

Investir mais na aprendizagem da gramática da lei moral é urgente. Trata-se de experimentar o amor fraterno e solidário, edificando em cada pessoa uma interioridade que a torne sensível aos mais pobres, comprometida com o bem dos sofredores e a promoção da justiça. Não basta, pois, a sofisticação de aparatos externos que, por si só, são insuficientes para mudar quadros trágicos mundo afora, incluindo aqueles aos quais estamos inseridos. Os cenários que afligem serão redesenhados com a gramática da lei moral, com a força do amor, na medida em que for aprendido e vivenciado o princípio de que se deve sempre vencer o mal pelo bem.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

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