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Sumario del 02/12/2015

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Papa: "Jovens, não excluam ser missionários!"

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Cidade do Vaticano (RV) – Recém-chegado da África, o Pontífice dedicou o seu encontro semanal com os fiéis na Praça São Pedro, na quarta-feira (02/12), a um relato da viagem: ‘um grande dom de Deus’. 

“O Quênia bem representa o desafio global de nossos tempos: tutelar a Criação reformando o modelo de desenvolvimento de modo que seja justo, inclusivo e sustentável”, iniciou Francisco, definindo este país de riquezas naturais e espirituais, com tantos recursos que provêm da terra, das novas gerações e da sabedoria de seu povo. Sobre as injustiças entre riqueza e pobreza, disse que "é um escândalo, não só na África, mas aqui também". Lembrando o lema da visita, “Sejam firmes na fé, não tenham medo”, o Papa mencionou a humildade e a simplicidade do povo e o sangue derramado pelos jovens da Universidade de Garissa, em abril passado, mortos por serem cristãos. “Que seu sangue seja semente de paz e fraternidade para o Quênia, a África e o mundo inteiro”, disse Francisco.

Uganda

Sobre a visita em Uganda, chamaram a atenção do Papa o valor do testemunho e a força animadora do Espírito Santo. Neste sentido, destacou o testemunho de caridade, do serviço dos catequistas, dos jovens e de todo o clero, consagrados e consagradas que renovam a cada dia o seu ‘sim’ a Cristo. Todas estas provas são um ‘fermento’ para a sociedade, como demonstra a eficaz obra realizada no país no combate à Aids e na acolhida aos refugiados. 

República Centro-Africana

“A terceira etapa da viagem, a República Centro-africana, era na verdade a primeira, nas minhas intenções, porque o país está tentando sair de uma fase difícil, de conflitos violentos e muito sofrimento para a população. Foi por isso que quis abrir, uma semana antes, a Porta Santa do Jubileu da Misericórdia: como sinal de fé e esperança para aquele povo e para toda a África, que é convidada pelo Senhor a “passar a outra margem”: a margem da reconciliação, da paz e do progresso. 

Falando aos fiéis sobre a última missa celebrada no estádio de Bangui, Francisco disse ter-se impressionado com a quantidade de jovens: mais da metade da população centro-africana tem menos de 18 anos. 

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O convite aos missionários

A este ponto, Francisco quis falar sobre os missionários e sua vida dedicada a homens e mulheres, deixando tudo para trás.

E improvisando, contou sobre o seu encontro com uma religiosa, italiana e missionária de 81 anos que está desde os 23 anos na África. “Ela estava com uma menina que a chamava ‘vovó’. “Eu não trabalho aqui – disse. Viemos juntas do Congo, de canoa”. Que corajosa, hein?

“Sou enfermeira, estudei um pouco e virei obstetra. Fiz nascer mais de 3 mil crianças”, prosseguiu a religiosa. “Uma vida inteira pela vida dos outros. Como ela, existem tantos outros, religiosos, padres, missionários que ‘queimam’ suas vidas para anunciar Jesus Cristo. Isto é muito bonito. Gostaria de dizer aos jovens, que são poucos, pois a natalidade na Europa é um luxo (2/3%): pensem no que farão de suas vidas. A missionariedade não é proselitismo”. 

A religiosa me disse que até os muçulmanos vão até elas, porque são boas e não fazem catequese para converter. “Jovens, não excluam a possibilidade de ser missionários e levar o amor, a humanidade, a fé, a outros países. Pensem nesta freira e em muitas e muitos outros. Peçam ao Senhor que os faça ouvir a sua vontade. A fé é pregada com o testemunho e a Palavra”, completou Francisco, em meio aos aplausos da Praça São Pedro. 

(CM)

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Papa Francisco faz nomeações para o Brasil

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco nomeou nesta quarta-feira (02) Arcebispo Metropolita de Passo Fundo, Dom Rodolfo Luís Weber, transferindo-o da Prelazia de Cristalândia.

Dom Rodolfo Luís Weber nasceu em 30 de agosto 1963 em Bom Princípio, Diocese de Montenegro, no Estado do Rio Grande do Sul.

Realizou seus estudos primários no Seminário de Bom Principio, depois os de Filosofia no Seminário “Nossa Senhora da Conceição”, em Viamão, e de Teologia no Instituto de Teologia da Pontifícia Universidade Católica de Porto Alegre. Além do mais, obteve a Licenciatura em Filosofia na Pontificia Universidade Gregoriana de Roma.

Foi ordenado sacerdote no dia 5 de janeiro de 1991 para a Arquidiocese de Porto Alegre, onde desempenhou cargos de: Vigário Paroquial da Paróquia “Santo Antônio” em Santo Antônio da Patrulha (1991-1992); Vice-Reitor (1993-1997) e depois Reitor (2000-2007) do Seminário maior “Nossa Senhora da Conceição”, em Viamão; Pároco da Paróquia “Nossa Senhora das Graças”, em Gravataí (2008-2009).

Foi nomeado Bispo Prelado de Cristalândia em 25 de fevereiro de 2009 e recebeu a ordenação episcopal no dia 15 de maio sucessivo. Na última Assembleia geral da CNBB, no último mês de  abril, foi eleito Secretário do Regional Norte 3.

Santo Amaro

O Santo Padre aceitou ainda nesta quarta-feira a renúncia ao governo pastoral da Diocese de Santo Amaro (SP), apresentada por Dom Fernando Antônio Figueiredo, O.F.M., em conformidade ao can. 401 § 1 do Código de Direito Canônico.  Como novo bispo de Santo Amaro o Papa nomeou Dom Giuseppe Negri, P.I.M.E., até o momento Bispo Coadjutor da mesma Diocese. (SP)

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Papa entrevistado pela revista Crer

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco concedeu, nesta quarta-feira (02/12), uma entrevista à revista Crer, publicação oficial do Ano Santo Extraordinário da Misericórdia.

Jubileu, resposta do Espírito Santo

“Não foi uma estratégia, mas algo que senti dentro de mim. O Espírito Santo queria alguma coisa”, respondeu o Papa à revista que lhe perguntou por que decidiu proclamar o Jubileu Extraordinário da Misericórdia que se realizará do próximo dia 8 a 20 de novembro de 2016. “Um tema destacado também por Paulo VI e João Paulo II”, disse o pontífice. 

“O mundo hoje precisa de misericórdia e compaixão diante do habituar-se a notícias más e cruéis, atrocidades enormes que ofendem o nome e a vida de Deus. Por isso, o mundo precisa descobrir que a crueldade e a condenação não são o caminho”, frisou Francisco.

Igreja, hospital de campanha

“A própria Igreja às vezes segue a linha dura, cai na tentação de sublinhar somente normas morais deixando de fora muita gente”, disse o Papa reiterando que a Igreja deve ser como “um hospital de campanha depois da batalha”, em que “os feridos são curados e ajudados a curar, e não submetidos a análises para o colesterol”. “Diante do tráfico e a produção de armas, do assassinato de inocentes nas formas mais cruéis possíveis, diante da exploração de pessoas e menores, diante do sacrilégio que está sendo feito contra a humanidade, Deus Pai diz: Parem e venham a mim”, sublinhou o Santo Padre.

Sou pecador

Francisco falou de sua vida pessoal. “Sou pecador e sou um homem perdoado que Deus curou com misericórdia. Até hoje cometo erros e pecados e me confesso a cada 15 ou 20 dias para sentir a misericórdia de Deus”, disse. O Papa recordou também o dia 21 de setembro de 1953 quando aos 17 anos sentiu o chamado vocacional graças ao Sacramento da Reconciliação e o encontro com o seu confessor, um sacerdote de Corrientes, Pe. Carlos Benito Duarte Ibarra. Do dia 21 de setembro, memória litúrgica de São Mateus, deriva também o seu moto episcopal, “Miserando atque eligendo”, porque Jesus “olhou Mateus, teve misericórdia e o escolheu”. “Mas a tradução literal seria “misericordiando e escolhendo, quase como um trabalho artesanal. Anos depois me dei conta de que o Senhor tinha me modelado artesanalmente com a Sua misericórdia”, disse o Papa.

Ternura

Respondendo a uma pergunta sobre a maternidade de Deus onde, segundo a Bíblia, mora a misericórdia, Francisco recordou a importância “da ternura do Senhor que nasce das vísceras, porque Deus é pai e mãe”, e convidou à “revolução da ternura” a fim de ter um “comportamento mais tolerante e mais paciente para com os outros”. 

“Continuarei dizendo que hoje a revolução é a da ternura porque dela vem a justiça. A revolução da ternura deve ser cultivada como fruto deste Ano da Misericórdia”, frisou.

Gesto de misericórdia

O Papa disse que durante o Jubileu “uma sexta-feira de cada mês” fará um gesto diferente para testemunhar a misericórdia de Deus, um gesto que será como “uma carícia”, aquela que os pais dão a seus filhos para dizer-lhes: “Te amo”. (MJ)

 

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Papa abençoa capela-móvel do Santuário de Pompeia

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Cidade do Vaticano (RV) – Na manhã desta quarta-feira (2/12), pouco antes da Audiência Geral na Praça São Pedro, o Papa Francisco abençoou a nova “Capela móvel”, utilizada durante o serviço pastoral da Missão Mariana do Rosário do Santuário de Pompeia, sul da Itália. Pela primeira vez na história da Missão Mariana, um Pontífice concede a bênção ao meio de transporte que leva a diversas dioceses do mundo a imagem sagrada da Virgem de Pompeia.

A tradição da Missão Mariana do Rosário nasceu por volta dos anos 1950 como esforço de evangelização fundado na mais conhecida e popular oração mariana: o Rosário.

Bartolo Longo, fundador da nova Pompeia e do Santuário, ao final de seu caminho de conversão, descobriu na divulgação do Rosário a essência de seu chamado. Foi a própria Virgem a lhe sugerir em seu coração. E propagar o Rosário significava anunciar a Cristo. Ele se fez, portanto, missionário, antes de tudo entre os pequenos agricultores de Valle, e mais tarde entre as numerosíssimas multidões de fieis que se dirigiam ao Santuário para venerar a Virgem do Rosário.

Deste espírito missionário surgiu a Nova Pompeia, que realiza a sua missão acolhendo os peregrinos de todas as partes do mundo e movendo-se em direção a todos os corações da terra. Para realizar esta específica vocação, nasce justamente a Missão Mariana do Rosário, hoje guiada por Dom Francesco Paolo Soprano, coadjuvado pelo Vice-Responsável, Padre Rosário Maria Franco Pepe, que junto ao Arcebispo, Dom Tommaso Caputo, estiveram presentes nesta manhã na Praça São Pedro.

Na Itália e no exterior, a Missão Mariana do Rosário, seguindo o carisma da Igreja de Pompeia, aproxima milhares de pessoas presentes nas comunidades paroquiais, nos hospitais, casernas, nas escolas, nas fábricas, nos lugares de detenção e, com uma catequese atenta e pontual, inspirada na “Rosarium Virginis Mariae”, indica um caminho privilegiado para a salvação: a contemplação dos Mistérios de Cristo, por meio do olhar atento de Maria, como experiência individual e comunitária de conversão, de caridade e de paz.

As numerosas Missões são realizadas durante o ano em todo o território italiano. Ao longo dos anos acabaram se estendendo também para a Austrália, Estados Unidos, Canadá e Malta.

(JE)

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Filme sobre o Papa aplaudido na première mundial no Vaticano

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Cidade do Vaticano (RV) – Os mais carentes, sem-teto, enfermos e migrantes, foram os hóspedes de honra da tarde de terça-feira, no Vaticano, aonde assistiram à pré-estreia mundial do filme “Chamem-me Francisco”, a história da vida de Jorge Mario Bergoglio.

A Esmolaria vaticana distribuiu 7.000 entradas a organizações de caridade que, por sua vez, as distribuíram entre as pessoas assistidas: ‘gente simples’, nas palavras do esmoleiro, Dom Konrad Krajewski, para eles, ‘Don Conrado’.

Foi ele mesmo a receber o público, na Sala Paulo VI: “Bem-vindos à casa, porque esta é a sua casa”, disse.

Durante toda a tarde, milhares fizeram fila para assistir à projeção do filme, dirigido pelo cineasta italiano Daniele Luchetti e que estará em exibição na Itália a partir de quinta-feira (03/12). A projeção foi interrompida diversas vezes pelos aplausos do público, especialmente no momento em que era mostrado o Conclave que elegeu Francisco como o primeiro Pontífice latino-americano.

A película narra a vida de Jorge Mario Bergoglio - um argentino filho de imigrantes italianos que, após renunciar aos estudos científicos, decide tornar-se sacerdote – repassando seu período em Buenos Aires como Provincial dos Jesuítas, após não ter recebido permissão para ser missionário no Japão. O filme recorda ainda os duros anos da ditadura militar que se seguiu ao Golpe de Estado de Jorge Rafael Videla em 1976. O Diretor Luchetti não se esquiva de retratar a ajuda que Bergoglio deu aos perseguidos pelo regime.

O período posterior à ditadura também é mostrado no filme. O Padre Jorge trabalha com os mais pobres para “levar esperança aonde existe desespero”, uma das características que é marca de  sua personalidade e que inspira o título do filme: “O Papa das pessoas”.

O filme conclui com imagens de arquivo do histórico 13 de março de 2013, quando Bergoglio assoma à sacada central da Basílica de São Pedro para apresentar-se ao mundo como Francisco.

O ator argentino Rodrígo de la Serna interpreta Bergoglio quando era jovem, um papel que inicialmente lhe causou um pouco de medo, pois “parecia ser um trabalho impossível”. “A primeira reação foi de medo, porque parecia um trabalho impossível. Meus amigos me diziam para cuidar onde ia me meter”, recordou o ator, durante uma conversa com jornalistas. A seu ver, interpretar o Pontífice “é uma responsabilidade muito grande”, aumentada pelo fato de que este personagem “está vivo, está escrevendo a história nos dias de hoje”. “A dimensão espiritual deste homem e tudo o que isto implica é uma quimera, é impossível”, reconheceu o autor.

Também o ator chileno Sergio Hernández, que interpreta o Papa nos tempos recentes, afirmou ter estudado o Pontífice – a quem qualificou de guerreiro - por nove meses. “Foi uma responsabilidade gigantesca, afirmou. Um enorme trabalho interior a partir justamente do ouvi-lo, vê-lo, segui-lo durante um longo tempo, para tratar de fazer como sua uma espiritualidade que ele tem”, observou.

Ao final da projeção, o Vaticano fez a entrega ao público carente de “uma pequena refeição” e o excedente seria distribuído entre os mendigos de rua que não assistiram ao filme, como explicou o Esmoleiro Pontifício. (CM/Efe)

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Santa Sé: Meio século de diálogo católico-anglicano

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Roma (RV) - O diálogo católico-anglicano completa 55 anos. Em 2 de dezembro de 1960, antes mesmo do início do Concílio, realizou-se o encontro no Vaticano entre o Papa João XXIII e o Primaz da Comunhão Anglicana, Geoffrey Francis Fisher. Uma visita de cortesia estritamente privada - como evidenciado por Francesco Gagliano no “Sismógrafo” – “que teve um impacto mundial, assumindo, assim, o caráter de um evento histórico”.

Afinal, eram cerca de 500 anos que um arcebispo de Cantuária não colocava os pés no Vaticano e era desde 1558 que, entre a Igreja Católica e a Igreja da Inglaterra, não existiam mais relações diretas, depois que, em 1534, tinha se consumada definitivamente a ruptura devido aos complexos eventos do casamento de Henrique VIII.

Após aquele primeiro sinal de degelo passaram-se cerca de 6 anos antes que, Concílio concluído, o novo arcebispo de Cantuária, Arthur Michael Ramsey, pudesse encontrar, desta vez oficialmente, Paulo VI, no Vaticano. Era o dia 23 de março de 1966.

“Vemos, finalmente – afirmou naquela ocasião Papa Montini - o valor propriamente espiritual e religioso da nossa mútua busca de uma comum profissão de fé em Cristo e de uma antiga e nova oração, que harmonize os corações e as vozes para celebrar a grandeza de Deus e do seu desígnio de salvação em Cristo para toda a humanidade”.

No dia seguinte, na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, foi assinada uma “declaração conjunta” que sancionava, também oficialmente, o início de um diálogo que hoje continua entre o Papa Francisco e o Primaz Justin Welby. (SP)

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Mons. Viganò: cobertura midiática do Jubileu será um evento inédito

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Cidade do Vaticano (RV) - O Prefeito da Secretaria para a Comunicação, Mons. Dario Edoardo Viganò, Diretor do Centro Televisivo Vaticano (CTV), disse numa entrevista à nossa emissora que a cobertura midiática da abertura da Porta Santa do Jubileu da Misericórdia, no próximo dia 8, será um evento inédito, pois se realizará ao vivo para todo o mundo com tecnologia Ultra HD. 

A iniciativa, que conta com a colaboração entre CTV e Rádio Vaticano, e a contribuição tecnológica de Sony, Eutelsat, Globecast e DBW Communication, foi apresentada nesta quarta-feira (02/12), na sede da Filmoteca Vaticana. 

Mons. Viganò: “Como aconteceu nestes últimos anos, este é o fruto de colocar em torno de um projeto vários sujeitos particularmente significativos. Por ocasião da abertura da Porta Santa da Misericórdia produzimos um sinal em 4K Ultra-HD que será distribuído com satélites Eutelsat. Teremos um shooting único, mas com uma multiplicidade de formatos e isso permitirá de um lado a fruição muito maciça e de outro a possibilidade para quem tem uma televisão plasma Ultra HD 4K de ver em 4k a cerimônia de abertura do Ano Santo. Penso sobretudo em algumas partes da Ásia ou América do Norte onde a televisão 4k é uma realidade cotidiana. Portanto, um conjunto de realidades e talvez a primeira ocasião em que a Secretaria para a Comunicação trabalha junto com o Centro Televisivo Vaticano e a Rádio Vaticano. A Rádio Vaticano produzirá o sinal 5.1 áudio, de grande nível, e teremos quatro canais linguísticos. Este é outro elemento muito importante. Portanto, se caminha em direção ao que o Santo Padre nos indicou, ou seja, uma fusão de duas entidades naquela que será a Rádio Televisão Vaticana.”

Uma tecnologia tão envolvente que parece ter nascido para o Papa Francisco...

Mons. Viganò: “Sim! Não obstante ele seja envolvente por natureza. Podemos ‘domesticar’ a tecnologia colocando-a a disposição, mas a força não é muito da tecnologia mais de um homem que faz de um anúncio, um anúncio que tem o peso da verdade de sua história.”

Enquanto se exploram estas fronteiras da tecnologia, o CTV e a Santa Sé não pretendem deixar de fora quem não possui esta tecnologia. Neste evento também se vê isto ou não?

Mons. Viganò: “Sim. Vê-se em dois níveis. De um lado, levando aos lugares de sofrimento o maior nível da tecnologia. Penso, por exemplo, no fato de que estaremos presentes, com pontos de transmissão, no Cárcere de São Vito em Milão, no Hospital Gemelli e estamos pensado na possibilidade de levar isto também à Terra Santa. De outro, o fato de que produzimos com todos os formatos. Portanto, quem tem a televisão SD, ou seja, de definição padrão, por exemplo, poderá ver tranquilamente este evento.” (MJ)

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Fé, caridade e fidelidade, as mensagens deixadas pelos mártires no Peru, diz Card. Amato

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Cidade do Vaticano (RV) – No próximo sábado serão beatificados no Peru três missionários assassinados in odio fidei em 1991 pelos guerrilheiros do Sendero Luminoso. A Rádio Vaticano conversou a este respeito com o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato:

“Trata-se de três sacerdotes missionários. Dois eram Franciscanos Conventuais provenientes da Polônia, Padre Michał Tomaszek e Padre Zbigniew Strzałkowski. O terceiro era italiano, Padre Alessandro Dordi, sacerdote fidei donum. Durante o período de terror revolucionário – de maio de 1980 a novembro de 1992 - a ideologia marxista do Sendero Luminoso perpetrou atentados sobretudo contra a Igreja e os sacerdotes, incendiando, profanando, destruindo, caluniando, matando. Para impedir este assalto diabólico, o corajoso Bispo de Chimbote, Dom Luis Armando Bambarén, com os sacerdotes, os missionários e os leigos da diocese, começaram uma intensa campanha de oração e de difusão da mensagem evangélica em favor da paz, da vida, da dignidade da pessoa, da fraternidade e do perdão contra toda forma de ódio e de violência. 27.000 jovens construíram a ‘Cruz de la Paz’, como símbolo de paz e de defesa da vida, para demonstrar que a religião cristã não adormenta os povos, mas promove os seus autênticos valores humanos, criando justiça e harmonia social”.

RV: Quais foram as circunstâncias de seus martírios?

“O martírio dos dois Franciscanos ocorreu em 9 de agosto de 1991. Após a missa, por volta das 20 horas, um grupo de terroristas armados, com o rosto coberto, capturou os dois sacerdotes e os colocaram em um automóvel. Neste momento, Padre Zbigniew encorajou o seu confrade dizendo: “Michał, seja forte, seja corajoso!”. Colocaram-se então a rezar, meditando a palavra do Senhor sobre o grão do trigo que se não morre, permanece infecundo. Pouco depois foram mortos com projéteis de grosso calibre, que esfacelaram seus crânios. Sem processo e sem poder se defender, os dois religiosos foram mortos por ódio à fé como cordeiros levados ao matadouro. Em suas exéquias, oficiadas pelo Bispo, o povo acompanhou o cortejo fúnebre com flores e lágrimas, enquanto as crianças cantavam chorando, os cantos aprendidos com Padre Miguel. Foram recolhidas como preciosas relíquias as pedras banhadas pelo seu sangue”.

RV: O que se poderia dizer a respeito do italiano Padre Alessandro Dordi?

“Padre Alessandro era um sacerdote italiano, membro da Comunidade Missioneira de Paraíso. Em 1980 chegou a Santa (Peru), cidade com cerca de 15 mil habitantes. Da Paróquia de Santa dependiam também trinta povoados. Na sua atividade missionária era notável o esforço de evangelização e de promoção humana. Tinha particular cuidado pelas crianças, pelas mães abandonadas, pelos doentes e pelos pobres. Havia adotado um estilo de vida modesta, partilhando tudo com os necessitados. É de sua autoria o profético projeto “Centro de Promoção da mulher trabalhadora e de seu filho em idade pré-escolar”, com cursos de formação profissional reconhecidos pelo governo. Ele trabalhou também em favor das crianças deficientes. Em 25 de setembro de 1990 foi envolvido junto a Dom Bambarén, Bispo de Chimbote, em um atentado do qual ambos saíram incólumes. No final de agosto, foi até a localidade de Vinzos onde celebrou a Santa Missa e batizou uma criança. Quando se dirigia em automóvel até o povoado de Rinconada, foi interceptado na estrada por dois jovens guerrilheiros que o insultaram e o mataram com três golpes de pistola no rosto. Era cinco da tarde de domingo, 25 de agosto de 1991. Os funerais foram realizados em Lima e o corpo foi traslado até a Itália”.

RV: O que nos dizem estes mártires?

“Nos deixam três mensagens. A primeira é uma mensagem de fé. Os mártires superaram as numerosas dificuldades de sua missão em terra peruana graças a uma extraordinária confiança na Divina Providência. Uma segunda mensagem é a da caridade. Por amor partiram como missionários, impelidos pela urgência em anunciar Cristo e de levar aos povos a Boa Nova do Evangelho. Educavam as crianças e os jovens no amor de Jesus, ajudavam os necessitados, assistiam os doentes. Eram amáveis, acolhedores, trabalhadores. A terceira mensagem é a da fidelidade à vocação cristã e Missionária. Os três mártires eram assíduos na oração, levando com alegria uma vida pobre e simples, desapegados dos bens terrenos. Foram ao Peru para servir o povo de Deus com todas as suas forças. E com tal disposição de ânimo enfrentaram a morte pelo Senhor”.

RV: Como acabou depois o Sendero Luminoso?

“Os guerrilheiro foram depois capturados em 1992 e encarcerados. Dez anos depois, em 2002, em um dramático diálogo, o comandante Abimael Guzmán revelou ao Bispo de Chimbote que a execução dos sacerdotes provinha da convicção de que a religião fosse o ópio do povo e de que a Bíblia, os Sacramentos, o Catecismo, a pregação, adormentassem as consciências dos cidadãos. Além disto, também a ação caritativa e de justiça social da diocese, constituía um muro que impedia o avanço da revolução. Ao concluir, ele reconheceu que o motivo da morte foi substancialmente religioso e não político ou social. Após dez anos de prisão e de reflexão, Abimael Gusmán, arrependido, pede e obtém o perdão do Bispo, dando ordens aos guerrilheiros remanescentes para deporem as armas”. (JE)

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Igreja no Brasil



Falece em Nampula, aos 77 anos, Irmã Amelia Marcon

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Nampula (RV) - Uma das primeiras missionárias brasileiras em solo moçambicano, Irmã Amelia Marcon, 77 anos, faleceu na terça-feira, 1º de dezembro, em Nampula, Moçambique, onde estava há 30 anos. Religiosa da Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, doou-se incansavelmente, na ação evangelizadora junto aos irmãos moçambicanos. Em testamento, pediu para ser sepultada junto ao povo “que lhe deu uma nova família”.

Amélia Marcon nasceu no dia 10 de julho de 1938 em Turvo/SC. Em 1954, ingressou na Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria, em Gravataí/RS. Professou votos religiosos em 1962. Em 1983, depois de pedido da igreja de Moçambique à Igreja brasileira, por especial solicitação do então presidente da CNBB, Dom Ivo Lorscheider, a Congregação decidiu enviar as Irmãs Lady Ribeiro, Irma Toniolo, Lidia Maria Viera e Amelia Marcon para a missão evangelizadora, em Moçambique. As Irmãs chegaram ao país, em 1985.

Em solo africano, Irmã Amelia e suas companheiras atuaram na missão evangelizadora,  especialmente em comunidades onde não haviam padres. Trabalharam  na catequese, formação de lideranças, saúde alternativa, hospital, animação vocacional, educação formal e popular. As Irmãs também vivenciaram, junto com o povo, o sofrimento da guerra civil, encerrada somente em 1992.

Sobre sua morte, a religiosa pediu, em testamento: “No que diz respeito à minha vida após a morte, bem consciente, digo que podem deixar o meu corpo onde dediquei minha vida. Se estiver em Moçambique, deixar-me lá, junto ao povo, que me ensinou amar e se deixou amar, e que hoje constitui para mim uma família”.

Em comunicado, a Província Maria Mãe de Deus, responsável pela missão congregacional em Moçambique, destacou: “No final de sua história terrena, fica plantada para sempre no solo moçambicano, e de lá ressurgirá gloriosa e triunfante pela força da fé e da doação de sua bela e prendada vida. Misturam-se, em nós, tristeza e alegria. Tristeza pelo falecimento de Irmã Amelia. Ficaremos para sempre na saudade. Alegria, pela sua ressurreição! Ressurreição que vem de solo missionário e bem distante de nós. Com o povo moçambicano que viveu, trabalhou, sofreu e promoveu, ficará para sempre plantada, junto dele que tanto amou e se doou por ele.”

Irmã Marlise Hendges, Diretora Geral das Irmãs do Imaculado Coração de  Maria, enviou mensagem de condolências às comunidades ICM em Moçambique e destacou a vida doada da Irmã Amelia Marcon, uma vida de entrega e fidelidade até o fim: “O seu corpo sepultado em terras moçambicanas será semente que fará  germinar mais vocações para o Reino de Deus.”  e continuou: “Sigam em frente, queridas Irmãs, Noviças, Postulantes e Aspirantes,  com coragem e  alegria, porque mais uma intercessora alcançará graças em favor do querido e sofrido povo moçambicano e por toda a Congregação”, disse.

Após celebração de exéquias, o corpo da Irmã Amelia Marcon será sepultado na quinta-feira, dia 03 de dezembro, em Nampula.(Congregação das Irmãs do Imaculado Coração de Maria /Assessoria de Comunicação)

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Igreja no Mundo



Universidade Católica de Irbil, Iraque, será inaugurada dia 8

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Irbil (RV) – A inauguração da Universidade Católica de Irbil, no Curdistão iraquiano, está marcada para o próximo 8 de dezembro. A Arquidiocese caldeia de Irbil convida a todos para participarem da inauguração deste importante polo de educação e para unirem-se a um “percurso educativo que levará muitos a um futuro de prosperidade e de paz”.

A pedra fundamental da universidade foi colocada em Ankawa, bairro de Irbil, em 20 de outubro de 2012. A instituição de ensino ocupará uma área de 30 mil m², colocados à disposição pela Igreja Caldeia. Após o Sínodo sobre o Oriente Médio, realizado em Roma em 2010 – havia explicado na ocasião o então Arcebispo caldeu de Irbil, Dom Bashar Warda, grande incentivador da iniciativa – haviam sido realizados os primeiros contatos com a Universitè Saint-Esprit, de Kaslik, o renomado Ateneu maronita localizado no Líbano, para pedir ajuda e orientação para a implementação do projeto. O objetivo era o de criar um polo de ensino universitário privado, aberto a todos, conforme as exigências do mercado e estreitamente associado à pesquisa científica. O Arcebispo Warda estimava na época a conclusão dos trabalhos até o final de 2015, também com a intenção de oferecer aos jovens iraquianos cristãos a possibilidade de “continuar a testemunhar o dom da fé em suas terras”.

A avançada do EI não parou o projeto

As dramáticas convulsões que sacudiram o Iraque setentrional, transformando Ankawa em local de refúgio para milhares de cristãos fugidos da Planície de Nínive das milícias do Estado Islâmico, não foram capazes de parar o projeto. Um sinal eloquente de que os cristãos iraquianos ainda continuam, não obstante tudo, a ter confiança em um futuro de paz, em que possam confessar a fé em Cristo, convivendo em harmonia com os próprios conterrâneos muçulmanos e de outras confissões religiosas. (JE)

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Retiros espirituais preparam JMJ Cracóvia 2016

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Cracóvia (RV) - Sete meses antes da Jornada Mundial da Juventude, para celebrar a inauguração do Jubileu da Misericórdia, o Departamento de Pastoral da JMJ Cracóvia 2016 preparou um projeto inovador: uma série de encontros e conferências intitulado “Por nós e pelo mundo inteiro”, que serão transmitidos online e estarão disponíveis na Internet em nove idiomas.

Entre dezembro de 2015 e junho de 2016, serão realizados sete encontros nas tardes de sábado no Santuário da Divina Misericórdia, localizada em Łagiewniki, em Cracóvia. Convidados especiais da Polônia e de outros países, como Brasil e México, irão apresentar os tópicos e obras de misericórdia, que significam um ponto de partida para a realização prática da misericórdia na vida.

Graças à transmissão ao vivo via Internet (em polonês e inglês), e em seguida através da publicação e tradução das conferências em nove idiomas, a juventude de todos os cantos do mundo poderá participar nesta preparação espiritual. Dessa forma, os jovens se encontrarão pela oração e escuta da Palavra de Deus muito antes da JMJ.

No decorrer da primeira parte do encontro, os anfitriões falarão com os convidados sobre as obras de misericórdia. Será exibido um filme sobre 12 santos de Cracóvia, cujas vidas podem inspirar-nos a realizar a misericórdia na vida cotidiana. A seguir, a celebração da Eucaristia, seguida pela parte inicial evangelizadora do encontro e por fim, o encontro termina com uma oração de louvor. Esses encontros serão conduzidos por Tomasz Adamski e Mateusz Ochman, blogueiros que são conhecidos e admirados pela geração jovem.

A primeira conferência “Por nós e pelo mundo inteiro“ será realizada no dia 12 de dezembro, a partir das 16h30 (horário local) pelos Padres Antonello Cadeddu e Enrique Porcu, missionários da Comunidade Aliança de Misericórdia no Brasil. O tópico será duas obras de misericórdia: corrigir os que erram e dar de comer a quem tem fome. Dois santos poloneses – São Estanislau, bispo e mártir, assim como Irmão Alberto – serão as “testemunhas de misericórdia”.

As conferências seguintes “Por nós e pelo mundo inteiro” serão realizadas em 16 de janeiro - tendo como convidado o Padre Michał Olszewski, SCJ - e no dia 20 de fevereiro, com o Padre Adam Szustak, OP.  (Comitê Organizador local da JMJ)

 

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Formação



A Declaração Nostra Aetate e a relação com o judaísmo

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Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos tratar na edição de hoje da Declaração conciliar Nostra Aetate. 

"Hoje, que o gênero humano se torna cada vez mais unido, e aumentam as relações entre os vários povos, a Igreja considera mais atentamente qual a sua relação com as religiões não-cristãs. E, na sua função de fomentar a união e a caridade entre os homens e até entre os povos, considera primeiramente tudo aquilo que os homens têm de comum e os leva à convivência". Assim inicia a Declaração Nostra Aetate sobre a Igreja e as Religiões Não-cristãs, promulgada pelo Papa Paulo VI, em 28 de outubro de 1965.

O resultado da votação e aprovação do documento pelos Padres Conciliares "foi uma surpresa", escreve Mons. Michael Fitzgerald (*). "Depois de João XXIII ter convocado o Concílio - falou ele em uma palestra proferida aos alunos da Pontifícia Faculdade de Teologia Nossa Senhora da Assunção - foi mandado um questionário preparatório às Igrejas locais, mas poucos bispos mencionaram em suas respostas o tema das outras religiões, e nenhum esquema provisório foi preparado sobre este assunto. Foi realmente por acidente que ele apareceu na agenda. O rabino Jules Isaac, francês, sugeriu ao Papa João XXIII que já era tempo para a Igreja fazer uma declaração oficial combatendo o “ensinamento do desprezo” em relação aos Judeus. A sugestão foi aceita e o Cardeal Agostino Bea, Presidente do Secretariado para a Unidade dos Cristãos, foi encarregado de preparar um texto que seria submetido ao Concílio. Esta iniciativa suscitou oposição, especialmente entre os bispos do Médio Oriente, enquanto os bispos da África e da Ásia apresentaram sugestões que levaram a ampliar o texto a fim de conter a atitude da Igreja, não só para com os judeus, mas para com os seguidores de todas as religiões”.

Dom Francisco Biasin, Bispo de Barra do Piraí-Volta Redonda (RJ) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB, nos faz uma breve apresentação deste documento que é um dom do Espírito para a Igreja":

"Não é fácil apresentar em poucos minutos um documento que, embora não esteja entre as Constituições Dogmáticas como os grandes documentos do Concílio Vaticano II, porém representou uma grande novidade no cenário da Igreja, sobretudo 50 anos atrás. Tinha já um caminho, antes do Concílio, relacionado ao diálogo ecumênico. Tanto é verdade, que a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos completou mais de cem anos. Portanto, já tinha um caminho feito. Em relação à outras religiões, não é que não tivesse nada, mas eram iniciativas muito tímidas. Este documento abriu um horizonte muito grande. Primeiro, em relação ao judaísmo. Por que? Porque os judeus são chamados nossos irmãos maiores e a Nostra Aetate, ela dá uma importância muito grande ao fato de que temos juntos todo o primeiro Testamento, chamado também de Antigo Testamento e o fato de termos os Profetas, as Promessas, de termos também os Patriarcas juntos, Abraão, nosso Pai na fé, na reinterpretação neotestamentária sobretudo do Apóstolo Paulo, fez com que o diálogo com o judeus realmente desse passos muito importantes. Foi ainda com João XXIII, ou talvez com Paulo VI, que foi mudada a oração da Sexta-feira Santa onde os judeus eram tratados quase que ofensivamente, dentro da Liturgia da Igreja Católica. E portanto se reza hoje em dia, a partir deste documento e da reflexão posterior, pelo judeus, nossos irmãos na fé, com os quais temos junto os Patriarcas, os Profetas, as Promessas e portanto temos uma base em comum”.

(*) Mons. Michael Fitzgerald - Revista de Cultura Teológica, V. 13 - N. 52, julho/set 2005

 

 

 

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Card. Hummes: "Crescer menos para vencer a crise e viver mais"

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Paris (RV) – Nosso prazo expirou. O planeta está mal e a pagar o preço de inundações, desertificação e mudanças climáticas são os mais pobres e os povos mais vulneráveis. Chegou a hora de agir. Com esta mensem, o Cardeal Cláudio Hummes, Presidente da Rede Eclesial Pan-amazônica, foi a Paris, aonde estão reunidos Chefes de Estado e representantes de governos do mundo inteiro, na COP21 – a Conferência sobre o Clima. Até o dia 11 de dezembro, eles têm a missão de planejar um programa que contenha o aumento da temperatura, que está ameaçando nossa saúde, nossa economia, nossa sobrevivência. O desafio é enorme, porque já estamos atrasados, mas como diz o Papa, “ainda há tempo”. 

Na capital francesa, junto a líderes sociais e religiosos, Dom Cláudio entregou às autoridades das Nações Unidas e do Governo francês mais de um milhão e 800 mil assinaturas de pessoas todo o mundo recolhidas pelo Movimento Católico pelo Clima (MCGC) pedindo justiça e decisões em favor da humanidade e da Criação. Ouça o cardeal, clicando aqui:

“Foi um momento em que se mostrou a grande participação do mundo, hoje, da sociedade que está se movimentando nestes dias. Mais uma vez como o mundo está preocupado e ao mesmo tempo, esperançoso, que os nossos governantes tenham a vontade política de assumir esta responsabilidade, que não será fácil, claro, de tomar um novo caminho para podermos vencer esta crise do clima. É preciso reduzir as emissões de carbono, diminuir e aos poucos eliminar a utilização de combustíveis fósseis; todos nós sabemos como isto é difícil, pois  grande parte do mundo a continua produzindo e faz disto a sua riqueza, suas possibilidades de desenvolvimento. Como conseguir que realmente se comece um processo de diminuir o uso de combustíveis fósseis para passar para outras energias alternativas. Sabemos que este é um processo que deve ser começado. O Papa já disse, agora, em Bangui, que é preciso agir agora ou nunca mais, porque o mundo está à beira de um suicídio. Então é preciso agir, por mais que isto custe e transformar um sistema econômico produtivo baseado neste tipo de energia e combustíveis fósseis, que é, senão a principal, uma das principais causas das mudanças climáticas, que estão havendo e que estão destruindo o planeta”. 

“É claro que tudo isso não se resume apenas nos combustíveis fósseis, muitas outras coisas são necessárias: um crescimento menos voraz e menos destrutivo do planeta, menos consumista, com menos desperdício de alimentos, de energias, de água... enfim, há tantas coisas que devem ser abordadas, como a questão de como reciclar lixo, como tratá-lo, para não deixar para o futuro – como diz o Papa – um planeta que na verdade acaba sendo uma lixeira nuclear, industrial, doméstica, de lixo de tantas origens. Tudo isto faz parte deste grande empenho que o mundo terá que assumir para poder vencer esta crise climática e a crise ecológica”. 

Dom Cláudio Hummes tem esperanças concretas de que a Conferência obtenha um Acordo vinculante a respeito das emissões de gás carbônico. Nos últimos anos, o acúmulo de dióxido de carbono (CO2) na atmosfera tem aumentado de forma acelerada e hoje, a aposta em Paris é fechar um Acordo que limite a emissões de gases do efeito estufa. Segundo a Presidente do Brasil, Dilma Roussef, o país vai fazer a sua parte: 

"Quero anunciar que será de 37% até 2025 a contribuição do Brasil para a redução da emissão de gases de efeito estufa. Para 2030, nossa ambição é chegar a uma redução de 43%".

(CM)

 

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Porta aberta: Laudato si - De 109 a 116

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Cidade do Vaticano (RV) - Cultura ecológica, um olhar diferente 

109. O paradigma tecnocrático tende a exercer o seu domínio também sobre a economia e a política. A economia assume todo o desenvolvimento tecnológico em função do lucro, sem prestar atenção a eventuais consequências negativas para o ser humano. A finança sufoca a economia real. Não se aprendeu a lição da crise financeira mundial e, muito lentamente, se aprende a lição do deterioramento ambiental. Nalguns círculos, defende-se que a economia actual e a tecnologia resolverão todos os problemas ambientais, do mesmo modo que se afirma, com linguagens não académicas, que os problemas da fome e da miséria no mundo serão resolvidos simplesmente com o crescimento do mercado. Não é uma questão de teorias económicas, que hoje talvez já ninguém se atreva a defender, mas da sua instalação no desenvolvimento concreto da economia. Aqueles que não o afirmam em palavras defendem-no com os factos, quando parece não preocupar-se com o justo nível da produção, uma melhor distribuição da riqueza, um cuidado responsável do meio ambiente ou os direitos das gerações futuras. Com os seus comportamentos, afirmam que é suficiente o objectivo da maximização dos ganhos. Mas o mercado, por si mesmo, não garante o desenvolvimento humano integral nem a inclusão social.[89] Entretanto temos um «superdesenvolvimento dissipador e consumista que contrasta, de modo inadmissível, com perduráveis situações de miséria desumanizadora»,[90] mas não se criam, de forma suficientemente rápida, instituições económicas e programas sociais que permitam aos mais pobres terem regularmente acesso aos recursos básicos. Não temos suficiente consciência de quais sejam as raízes mais profundas dos desequilíbrios actuais: estes têm a ver com a orientação, os fins, o sentido e o contexto social do crescimento tecnológico e económico.

110. A especialização própria da tecnologia comporta grande dificuldade para se conseguir um olhar de conjunto. A fragmentação do saber realiza a sua função no momento de se obter aplicações concretas, mas frequentemente leva a perder o sentido da totalidade, das relações que existem entre as coisas, do horizonte alargado: um sentido, que se torna irrelevante. Isto impede de individuar caminhos adequados para resolver os problemas mais complexos do mundo actual, sobretudo os do meio ambiente e dos pobres, que não se podem enfrentar a partir duma única perspectiva nem dum único tipo de interesses. Uma ciência, que pretenda oferecer soluções para os grandes problemas, deveria necessariamente ter em conta tudo o que o conhecimento gerou nas outras áreas do saber, incluindo a filosofia e a ética social. Mas este é actualmente um procedimento difícil de seguir. Por isso também não se consegue reconhecer verdadeiros horizontes éticos de referência. A vida passa a ser uma rendição às circunstâncias condicionadas pela técnica, entendida como o recurso principal para interpretar a existência. Na realidade concreta que nos interpela, aparecem vários sintomas que mostram o erro, tais como a degradação ambiental, a ansiedade, a perda do sentido da vida e da convivência social. Assim se demonstra uma vez mais que «a realidade é superior à ideia».[91]

111. A cultura ecológica não se pode reduzir a uma série de respostas urgentes e parciais para os problemas que vão surgindo à volta da degradação ambiental, do esgotamento das reservas naturais e da poluição. Deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático. Caso contrário, até as melhores iniciativas ecologistas podem acabar bloqueadas na mesma lógica globalizada. Buscar apenas um remédio técnico para cada problema ambiental que aparece, é isolar coisas que, na realidade, estão interligadas e esconder os problemas verdadeiros e mais profundos do sistema mundial.

112. Todavia é possível voltar a ampliar o olhar, e a liberdade humana é capaz de limitar a técnica, orientá-la e colocá-la ao serviço doutro tipo de progresso, mais saudável, mais humano, mais social, mais integral. De facto verifica-se a libertação do paradigma tecnocrático nalgumas ocasiões. Por exemplo, quando comunidades de pequenos produtores optam por sistemas de produção menos poluentes, defendendo um modelo não-consumista de vida, alegria e convivência. Ou quando a técnica tem em vista prioritariamente resolver os problemas concretos dos outros, com o compromisso de os ajudar a viver com mais dignidade e menor sofrimento. E ainda quando a busca criadora do belo e a sua contemplação conseguem superar o poder objectivador numa espécie de salvação que acontece na beleza e na pessoa que a contempla. A humanidade autêntica, que convida a uma nova síntese, parece habitar no meio da civilização tecnológica de forma quase imperceptível, como a neblina que filtra por baixo da porta fechada. Será uma promessa permanente que, apesar de tudo, desbrocha como uma obstinada resistência daquilo que é autêntico?

113. Além disso, as pessoas parecem já não acreditar num futuro feliz nem confiam cegamente num amanhã melhor a partir das condições actuais do mundo e das capacidades técnicas. Tomam consciência de que o progresso da ciência e da técnica não equivale ao progresso da humanidade e da história, e vislumbram que os caminhos fundamentais para um futuro feliz são outros. Apesar disso, também não se imaginam renunciando às possibilidades que oferece a tecnologia. A humanidade mudou profundamente, e o avolumar-se de constantes novidades consagra uma fugacidade que nos arrasta à superfície numa única direcção. Torna-se difícil parar para recuperarmos a profundidade da vida. Se a arquitectura reflecte o espírito duma época, as mega-estruturas e as casas em série expressam o espírito da técnica globalizada, onde a permanente novidade dos produtos se une a um tédio enfadonho. Não nos resignemos a isto nem renunciemos a perguntar-nos pelos fins e o sentido de tudo. Caso contrário, apenas legitimaremos o estado de facto e precisaremos de mais sucedâneos para suportar o vazio.

114. O que está a acontecer põe-nos perante a urgência de avançar numa corajosa revolução cultural. A ciência e a tecnologia não são neutrais, mas podem, desde o início até ao fim dum processo, envolver diferentes intenções e possibilidades que se podem configurar de várias maneiras. Ninguém quer o regresso à Idade da Pedra, mas é indispensável abrandar a marcha para olhar a realidade doutra forma, recolher os avanços positivos e sustentáveis e ao mesmo tempo recuperar os valores e os grandes objectivos arrasados por um desenfreamento megalómano.

3. Crise do antropocentrismo moderno e suas consequências

115. O antropocentrismo moderno acabou, paradoxalmente, por colocar a razão técnica acima da realidade, porque este ser humano «já não sente a natureza como norma válida nem como um refúgio vivente. Sem se pôr qualquer hipótese, vê-a, objectivamente, como espaço e matéria onde realizar uma obra em que se imerge completamente, sem se importar com o que possa suceder a ela».[92] Assim debilita-se o valor intrínseco do mundo. Mas, se o ser humano não redescobre o seu verdadeiro lugar, compreende-se mal a si mesmo e acaba por contradizer a sua própria realidade. «Não só a terra foi dada por Deus ao homem, que a deve usar respeitando a intenção originária de bem, segundo a qual lhe foi entregue; mas o homem é doado a si mesmo por Deus, devendo por isso respeitar a estrutura natural e moral de que foi dotado».[93]

116. Nos tempos modernos, verificou-se um notável excesso antropocêntrico, que hoje, com outra roupagem, continua a minar toda a referência a algo de comum e qualquer tentativa de reforçar os laços sociais. Por isso, chegou a hora de prestar novamente atenção à realidade com os limites que a mesma impõe e que, por sua vez, constituem a possibilidade dum desenvolvimento humano e social mais saudável e fecundo. Uma apresentação inadequada da antropologia cristã acabou por promover uma concepção errada da relação do ser humano com o mundo. Muitas vezes foi transmitido um sonho prometeico de domínio sobre o mundo, que provocou a impressão de que o cuidado da natureza fosse actividade de fracos. Mas a interpretação correcta do conceito de ser humano como senhor do universo é entendê-lo no sentido de administrador responsável.[94]

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