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Sumario del 15/12/2015

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Francisco: os pobres são a verdadeira riqueza da Igreja, não o dinheiro

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa celebrou a missa na Casa Santa Marta na manhã desta terça-feira (15/12), destacando que a pobreza é a primeira das bem-aventuranças. 

Francisco se inspirou nas leituras do dia para advertir quanto às tentações que hoje podem corromper o testemunho da Igreja.  No Evangelho, Jesus reprova com força os chefes dos sacerdotes e os adverte que até mesmo as prostitutas os precederão no Reino dos Céus. Também na primeira Leitura, extraída do Livro de Sofonias, se veem as consequências de um povo que se torna impuro e rebelde por não ouvir o Senhor.

A Igreja seja humilde

“Portanto, como deve ser uma Igreja fiel ao Senhor?”, questiona Francisco. Uma Igreja que se entrega a Deus, responde ele, deve “ter essas três características”: humildade, pobreza e confiança no Senhor:

“Uma Igreja humilde, que não se vanglorie dos poderes, das grandezas. Humildade não significa uma pessoa abatida, fraca, com os olhos sem expressão… Não, isso não é humildade, isso é teatro! É uma humildade faz de conta. A humildade tem um primeiro passo: ‘Eu sou pecador’. Se não é capaz de dizer a si mesmo que é pecador e que os outros são melhores que você, você não é humilde. O primeiro passo na Igreja humilde é sentir-se pecadora, o primeiro passo de todos nós é o mesmo. Se algum de nós tem o hábito de olhar os defeitos dos outros e comentar a respeito, se crê juiz dos outros.”

A Igreja não seja apegada ao dinheiro

Nós, retomou o Papa, devemos pedir “esta graça, que a Igreja seja humilde, que eu seja humilde, cada um de nós” seja humilde. Segundo passo: é a pobreza, que – observou – “é a primeira das bem-aventuranças”. Pobre no espírito quer dizer ser apegado somente às riquezas de Deus, explicou o Papa. Não, portanto, a uma “Igreja que vive apegada ao dinheiro, que pensa somente no dinheiro, que pensa somente em como ganhar dinheiro”. “Como se sabe – afirmou o Papa –, num templo da diocese, para passar na Porta Santa diziam ingenuamente às pessoas que era preciso fazer uma oferta: esta não é a Igreja de Jesus, esta é a Igreja desses chefes dos sacerdotes, apegada ao dinheiro”.

“O nosso diácono, o diácono desta diocese, Lorenzo, quando o imperador – ele era o econômo da diocese – lhe disse de levar as riquezas da diocese e, assim, pagar algo e não ser assassinado, ele volta com os pobres. Os pobres são a riqueza da Igreja. Se você tem um banco, é o dono de um banco, mas o seu coração é pobre, não apegado ao dinheiro, está a serviço, sempre. A pobreza é este desapego para servir os necessitados, para servir os outros”.

A Igreja confie no Senhor

Façamo-nos então esta pergunta, disse o Papa: se somos “uma Igreja, um povo humilde, pobre. ‘Eu sou ou não sou pobre?’”. Por fim, o terceiro ponto, a Igreja deve confiar no nome do Senhor:

“Onde está a minha confiança? No poder, nos amigos, no dinheiro? No Senhor! Esta é a herança que nos promete o Senhor: ‘Mas deixarei no meio de ti um povo humilde e pobre, e eles confiarão no nome do Senhor’. Humilde porque se sente pecador; pobre porque o seu coração é apegado às riquezas de Deus e se as tem, é para serem administradas; confiante no Senhor porque sabe que somente o Senhor pode garantir algo que lhe faça bem. E realmente esses chefes dos sacerdotes aos quais Jesus se dirigia não entendiam essas coisas e Jesus teve que dizer a eles que uma prostituta entrará antes deles no Reino dos Céus”.

“Nesta espera do Senhor, do Natal – concluiu Francisco – peçamos que nos dê um coração humilde, nos dê um coração pobre e, sobretudo, um coração confiante no Senhor porque o Senhor jamais desilude”.

Assista em VaticanBR

(BF)

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Dia Mundial da Paz: "Indiferença, ameaça à humanidade"

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Cidade do Vaticano (RV) –  “A paz é dom de Deus e trabalho dos homens; a paz é um dom de Deus, mas confiado a todos os homens e a todas as mulheres, que são chamados a realizá-lo. E é a indiferença dos homens o primeiro inimigo da paz”. É o fulcro da mensagem para o Dia Mundial da Paz 2016, escrita pelo Papa e apresentada à imprensa nesta terça-feira (15/12), no Vaticano. Este ano, o tema é "Vence a indiferença e conquista a paz". 

Lembrando o ano que passou, “doloroso para a paz”, o Papa repropõe o conceito da esperança: “Enquanto terrorismo e conflitos parecem confirmar a teoria da “terceira guerra mundial por pedaços”, existem razões para esperar, escreve Francisco, mencionando eventos como o Acordo de Paris sobre o clima e a Agenda ONU 2030 para o desenvolvimento sustentável. 

Situações como esta fazem crer na capacidade da humanidade de agir unida, em espírito de solidariedade. Uma atitude que se bem se conjuga com a atuação da Igreja nos últimos 50 anos, orientada ao diálogo, à solidariedade e à misericórdia. 

As ameaças à paz, todavia, são concretas e derivam sobretudo da indiferença pelo próximo e pela criação. Este comportamento é tão comum que o Papa o define como “globalização da indiferença”: um mal gerado, antes de tudo, pela indiferença que o homem nutre por Deus. 

A ruptura desta relação preferencial é a causa dealguns  males que o Papa frequentemente denuncia: a corrupção, a destruição do meio ambiente, a ausência de compaixão pelos próximos. O caminho indicado pelo Papa para combater a globalização da indiferença passa por uma profunda conversão do coração do homem, que nos permita, através da graça de Deus, voltar a ser capazes de nos abrirmos aos outros com autêntica solidariedade. 

Por fim, Francisco lembra que a indiferença pelo ambiente natural, favorece o desflorestamento, a poluição e as catástrofes naturais que desenraízam comunidades inteiras do seu ambiente de vida, obrigando-as à precariedade e à insegurança; cria novas pobrezas e novas situações de injustiça com consequências muitas vezes desastrosas em termos de segurança e paz social. "Quantas guerras foram movidas e quantas ainda serão travadas por causa da falta de recursos ou para responder à demanda insaciável de recursos naturais?".

Para criar a cultura da misericórdia, o Papa chama famílias, educadores e comunicadores a promover os valores da liberdade, do respeito recíproco e da solidariedade. Neste contexto, Francisco cita como exemplo negativo um certo tipo de imprensa, não muito rigorosa na apuração e na difusão das notícias. E constata que, infelizmente,o aumento das informações, próprio do nosso tempo, não significa, de por si, aumento de atenção aos problemas, mas, ao contrário, pode gerar uma certa saturação que anestesia e, em certa medida, relativiza a gravidade dos problemas.

No entanto, existem na sociedade vários exemplos de engajamento solidário e misericordioso: organizações comprometidas com direitos humanos, associações de caridade e realidades que ajudam migrantes. Segundo o Papa, estas ações são obras de misericórdia “corporal e espiritual”.

Na sequência da mensagem, o Pontífice agradece a todos aqueles que atenderam o seu apelo e acolheram uma família de refugiados. 

O Jubileu da Misericórdia, enfim, representa uma ocasião para refletir sobre o grau de indiferença que reside em nossos corações, para que a derrotemos e nos comprometamos em melhorar a realidade que nos circunda. 

Concluindo a mensagem para o Dia Mundial da Paz, Francisco recorda todas as pessoas fragilizadas, que vivem em condições de desfavor; e invoca o fim da pena de morte e a anistia. O apelo final é dirigido às lideranças políticas: recjeitar as guerras, cancelar a dívida dos países mais pobres e adotar políticas de cooperação que não lesem o direito dos nascituros à vida. 

(CM)

 

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"Vence a indiferença e conquista a paz": o texto na íntegra

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Cidade do Vaticano (RV) - Foi apresentada na manhã desta terça-feira (15/12), a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz, que tem o tema "Vence a indiferença e conquista a paz". O Dia é celebrado em 1o de janeiro. Abaixo, publicamos o texto integral da mensagem, em português, como divulgado pelo Vaticano.

1.         Deus não é indiferente; importa-Lhe a humanidade! Deus não a abandona! Com esta minha profunda convicção, quero, no início do novo ano, formular votos de paz e bênçãos abundantes, sob o signo da esperança, para o futuro de cada homem e mulher, de cada família, povo e nação do mundo, e também dos chefes de Estado e de governo e dos responsáveis das religiões. Com efeito, não perdemos a esperança de que o ano de 2016 nos veja a todos firme e confiadamente empenhados, nos diferentes níveis, a realizar a justiça e a trabalhar pela paz. Na verdade, esta é dom de Deus e trabalho dos homens; a paz é dom de Deus, mas confiado a todos os homens e a todas as mulheres, que são chamados a realizá-lo.

Conservar as razões da esperança

2.         Embora o ano passado tenha sido caracterizado, do princípio ao fim, por guerras e actos terroristas, com as suas trágicas consequências de sequestros de pessoas, perseguições por motivos étnicos ou religiosos, prevaricações, multiplicando-se cruelmente em muitas regiões do mundo, a ponto de assumir os contornos daquela que se poderia chamar uma «terceira guerra mundial por pedaços», todavia alguns acontecimentos dos últimos anos e também do ano passado incitam-me, com o novo ano em vista, a renovar a exortação a não perder a esperança na capacidade que o homem tem, com a graça de Deus, de superar o mal, não se rendendo à resignação nem à indiferença. Tais acontecimentos representam a capacidade de a humanidade agir solidariamente, perante as situações críticas, superando os interesses individualistas, a apatia e a indiferença.

Dentre tais acontecimentos, quero recordar o esforço feito para favorecer o encontro dos líderes mundiais, no âmbito da Cop21, a fim de se procurar novos caminhos para enfrentar as alterações climáticas e salvaguardar o bem-estar da terra, a nossa casa comum. E isto remete para mais dois acontecimentos anteriores de nível mundial: a Cimeira de Adis-Abeba para arrecadação de fundos destinados ao desenvolvimento sustentável do mundo; e a adopção, por parte das Nações Unidas, da Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, que visa assegurar, até ao referido ano, uma existência mais digna para todos, sobretudo para as populações pobres da terra.

O ano de 2015 foi um ano especial para a Igreja, nomeadamente porque registou o cinquentenário da publicação de dois documentos do Concílio Vaticano II que exprimem, de forma muito eloquente, o sentido de solidariedade da Igreja com o mundo. O Papa João XXIII, no início do Concílio, quis escancarar as janelas da Igreja, para que houvesse, entre ela e o mundo, uma comunicação mais aberta. Os dois documentos – Nostra aetate e Gaudium et spes – são expressões emblemáticas da nova relação de diálogo, solidariedade e convivência que a Igreja pretendia introduzir no interior da humanidade. Na Declaração Nostra aetate, a Igreja foi chamada a abrir-se ao diálogo com as expressões religiosas não-cristãs. Na Constituição pastoral Gaudium et spes – dado que «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo»[1] –, a Igreja desejava estabelecer um diálogo com a família humana sobre os problemas do mundo, como sinal de solidariedade, respeito e amor.[2]

Nesta mesma perspectiva, com o Jubileu da Misericórdia, quero convidar a Igreja a rezar e trabalhar para que cada cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e testemunhar a misericórdia, de «perdoar e dar», de abrir-se «àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática», sem cair «na indiferença que humilha, na habituação que anestesia o espírito e impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói».[3]

Variadas são as razões para crer na capacidade que a humanidade tem de agir, conjunta e solidariamente, reconhecendo a própria interligação e interdependência e tendo a peito os membros mais frágeis e a salvaguarda do bem comum. Esta atitude de solidária corresponsabilidade está na raiz da vocação fundamental à fraternidade e à vida comum. A dignidade e as relações interpessoais constituem-nos como seres humanos, queridos por Deus à sua imagem e semelhança. Como criaturas dotadas de inalienável dignidade, existimos relacionando-nos com os nossos irmãos e irmãs, pelos quais somos responsáveis e com os quais agimos solidariamente. Fora desta relação, passaríamos a ser menos humanos. É por isso mesmo que a indiferença constitui uma ameaça para a família humana. No limiar dum novo ano, quero convidar a todos para que reconheçam este facto a fim de se vencer a indiferença e conquistar a paz.

Algumas formas de indiferença

3.         Não há dúvida de que o comportamento do indivíduo indiferente, de quem fecha o coração desinteressando-se dos outros, de quem fecha os olhos para não ver o que sucede ao seu redor ou se esquiva para não ser abalroado pelos problemas alheios, caracteriza uma tipologia humana bastante difundida e presente em cada época da história; mas, hoje em dia, superou decididamente o âmbito individual para assumir uma dimensão global, gerando o fenómeno da «globalização da indiferença».

A primeira forma de indiferença na sociedade humana é a indiferença para com Deus, da qual deriva também a indiferença para com o próximo e a criação. Trata-se de um dos graves efeitos dum falso humanismo e do materialismo prático, combinados com um pensamento relativista e niilista. O homem pensa que é o autor de si mesmo, da sua vida e da sociedade; sente-se auto-suficiente e visa não só ocupar o lugar de Deus, mas prescindir completamente d’Ele; consequentemente, pensa que não deve nada a ninguém, excepto a si mesmo, e pretende ter apenas direitos.[4] Contra esta errónea compreensão que a pessoa tem de si mesma, Bento XVI recordava que nem o homem nem o seu desenvolvimento são capazes, por si mesmos, de se atribuir o próprio significado último;[5] e, antes dele, Paulo VI afirmara que «não há verdadeiro humanismo senão o aberto ao Absoluto, reconhecendo uma vocação que exprime a ideia exacta do que é a vida humana».[6]

A indiferença para com o próximo assume diferentes fisionomias. Há quem esteja bem informado, ouça o rádio, leia os jornais ou veja programas de televisão, mas fá-lo de maneira entorpecida, quase numa condição de rendição: estas pessoas conhecem vagamente os dramas que afligem a humanidade, mas não se sentem envolvidas, não vivem a compaixão. Este é o comportamento de quem sabe, mas mantém o olhar, o pensamento e a acção voltados para si mesmo. Infelizmente, temos de constatar que o aumento das informações, próprio do nosso tempo, não significa, de por si, aumento de atenção aos problemas, se não for acompanhado por uma abertura das consciências em sentido solidário.[7] Antes, pode gerar uma certa saturação que anestesia e, em certa medida, relativiza a gravidade dos problemas. «Alguns comprazem-se simplesmente em culpar, dos próprios males, os pobres e os países pobres, com generalizações indevidas, e pretendem encontrar a solução numa “educação” que os tranquilize e transforme em seres domesticados e inofensivos. Isto torna-se ainda mais irritante, quando os excluídos vêem crescer este câncer social que é a corrupção profundamente radicada em muitos países – nos seus governos, empresários e instituições – seja qual for a ideologia política dos governantes».[8]

Noutros casos, a indiferença manifesta-se como falta de atenção à realidade circundante, especialmente a mais distante. Algumas pessoas preferem não indagar, não se informar e vivem o seu bem-estar e o seu conforto, surdas ao grito de angústia da humanidade sofredora. Quase sem nos dar conta, tornámo-nos incapazes de sentir compaixão pelos outros, pelos seus dramas; não nos interessa ocupar-nos deles, como se aquilo que lhes sucede fosse responsabilidade alheia, que não nos compete.[9] «Quando estamos bem e comodamente instalados, esquecemo-nos certamente dos outros (isto, Deus Pai nunca o faz!), não nos interessam os seus problemas, nem as tribulações e injustiças que sofrem; e, assim, o nosso coração cai na indiferença: encontrando-me relativamente bem e confortável, esqueço-me dos que não estão bem».[10]

Vivendo nós numa casa comum, não podemos deixar de nos interrogar sobre o seu estado de saúde, como procurei fazer na Carta encíclica Laudato si’. A poluição das águas e do ar, a exploração indiscriminada das florestas, a destruição do meio ambiente são, muitas vezes, resultado da indiferença do homem pelos outros, porque tudo está relacionado. E de igual modo o comportamento do homem com os animais influi sobre as suas relações com os outros,[11] para não falar de quem se permite fazer noutros lugares aquilo que não ousa fazer em sua casa.[12]

Nestes e noutros casos, a indiferença provoca sobretudo fechamento e desinteresse, acabando assim por contribuir para a falta de paz com Deus, com o próximo e com a criação.

A paz ameaçada pela indiferença globalizada

4.         A indiferença para com Deus supera a esfera íntima e espiritual da pessoa individual e investe a esfera pública e social. Como afirmava Bento XVI, «há uma ligação íntima entre a glorificação de Deus e a paz dos homens na terra».[13] Com efeito, «sem uma abertura ao transcendente, o homem cai como presa fácil do relativismo e, consequentemente, torna-se-lhe difícil agir de acordo com a justiça e comprometer-se pela paz».[14] O esquecimento e a negação de Deus, que induzem o homem a não reconhecer qualquer norma acima de si próprio e a tomar como norma apenas a si mesmo, produziram crueldade e violência sem medida.[15]

A nível individual e comunitário, a indiferença para com o próximo – filha da indiferença para com Deus – assume as feições da inércia e da apatia, que alimentam a persistência de situações de injustiça e grave desequilíbrio social, as quais podem, por sua vez, levar a conflitos ou de qualquer modo gerar um clima de descontentamento que ameaça desembocar, mais cedo ou mais tarde, em violências e insegurança.

            Neste sentido, a indiferença e consequente desinteresse constituem uma grave falta ao dever que cada pessoa tem de contribuir – na medida das suas capacidades e da função que desempenha na sociedade – para o bem comum, especialmente para a paz, que é um dos bens mais preciosos da humanidade.[16]

Depois, quando investe o nível institucional, a indiferença pelo outro, pela sua dignidade, pelos seus direitos fundamentais e pela sua liberdade, de braço dado com uma cultura orientada para o lucro e o hedonismo, favorece e às vezes justifica acções e políticas que acabam por constituir ameaças à paz. Este comportamento de indiferença pode chegar inclusivamente a justificar algumas políticas económicas deploráveis, precursoras de injustiças, divisões e violências, que visam a consecução do bem-estar próprio ou o da nação. Com efeito, não é raro que os projectos económicos e políticos dos homens tenham por finalidade a conquista ou a manutenção do poder e das riquezas, mesmo à custa de espezinhar os direitos e as exigências fundamentais dos outros. Quando as populações vêem negados os seus direitos elementares, como o alimento, a água, os cuidados de saúde ou o trabalho, sentem-se tentadas a obtê-los pela força.[17]

Por fim, a indiferença pelo ambiente natural, favorecendo o desflorestamento, a poluição e as catástrofes naturais que desenraízam comunidades inteiras do seu ambiente de vida, constrangendo-as à precariedade e à insegurança, cria novas pobrezas, novas situações de injustiça com consequências muitas vezes desastrosas em termos de segurança e paz social. Quantas guerras foram movidas e quantas ainda serão travadas por causa da falta de recursos ou para responder à demanda insaciável de recursos naturais?[18]

Da indiferença à misericórdia: a conversão do coração

5.         Quando, há um ano – na Mensagem para o Dia Mundial da Paz intitulada «já não escravos, mas irmãos» –, evoquei o primeiro ícone bíblico da fraternidade humana, o ícone de Caim e Abel (cf. Gn 4, 1-16), fi-lo para evidenciar o modo como foi traída esta primeira fraternidade. Caim e Abel são irmãos. Provêm ambos do mesmo ventre, são iguais em dignidade e criados à imagem e semelhança de Deus; mas a sua fraternidade de criaturas quebra-se. «Caim não só não suporta o seu irmão Abel, mas mata-o por inveja».[19] E assim o fratricídio torna-se a forma de traição, sendo a rejeição, por parte de Caim, da fraternidade de Abel a primeira ruptura nas relações familiares de fraternidade, solidariedade e respeito mútuo.

Então Deus intervém para chamar o homem à responsabilidade para com o seu semelhante, precisamente como fizera quando Adão e Eva, os primeiros pais, quebraram a comunhão com o Criador. «O Senhor disse a Caim: “Onde está o teu irmão Abel?” Caim respondeu: “Não sei dele. Sou, porventura, guarda do meu irmão?” O Senhor replicou: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama da terra até Mim”» (Gn 4, 9-10).

            Caim diz que não sabe o que aconteceu ao seu irmão, diz que não é o seu guardião. Não se sente responsável pela sua vida, pelo seu destino. Não se sente envolvido. É-lhe indiferente o seu irmão, apesar de ambos estarem ligados pela origem comum. Que tristeza! Que drama fraterno, familiar, humano! Esta é a primeira manifestação da indiferença entre irmãos. Deus, ao contrário, não é indiferente: o sangue de Abel tem grande valor aos seus olhos e pede contas dele a Caim. Assim, Deus revela-Se, desde o início da humanidade, como Aquele que se interessa pelo destino do homem. Quando, mais tarde, os filhos de Israel se encontram na escravidão do Egipto, Deus intervém de novo. Diz a Moisés: «Eu bem vi a opressão do meu povo que está no Egipto, e ouvi o seu clamor diante dos seus inspectores; conheço, na verdade, os seus sofrimentos. Desci a fim de o libertar da mão dos egípcios e de o fazer subir desta terra para uma terra boa e espaçosa, para uma terra que mana leite e mel» (Ex 3, 7-8). É importante notar os verbos que descrevem a intervenção de Deus: Ele observa, ouve, conhece, desce, liberta. Deus não é indiferente. Está atento e age.

            De igual modo, no seu Filho Jesus, Deus desceu ao meio dos homens, encarnou e mostrou-Se solidário com a humanidade em tudo, excepto no pecado. Jesus identificava-Se com a humanidade: «o primogénito de muitos irmãos» (Rm 8, 29). Não se contentava em ensinar às multidões, mas preocupava-Se com elas, especialmente quando as via famintas (cf. Mc 6, 34-44) ou sem trabalho (cf. Mt 20, 3). O seu olhar não Se fixava apenas nos seres humanos, mas também nos peixes do mar, nas aves do céu, na erva e nas árvores, pequenas e grandes; abraçava a criação inteira. Ele vê sem dúvida, mas não Se limita a isso, pois toca as pessoas, fala com elas, age em seu favor e faz bem a quem precisa. Mais ainda, deixa-Se comover e chora (cf. Jo 11, 33-44). E age para acabar com o sofrimento, a tristeza, a miséria e a morte.

Jesus ensina-nos a ser misericordiosos como o Pai (cf. Lc 6, 36). Na parábola do bom samaritano (cf. Lc 10, 29-37), denuncia a omissão de ajuda numa necessidade urgente dos seus semelhantes: «ao vê-lo, passou adiante» (Lc 10, 32). Ao mesmo tempo, com este exemplo, convida os seus ouvintes, e particularmente os seus discípulos, a aprenderem a parar junto dos sofrimentos deste mundo para os aliviar, junto das feridas dos outros para as tratar com os recursos de que disponham, a começar pelo próprio tempo apesar das muitas ocupações. Na realidade, muitas vezes a indiferença procura pretextos: na observância dos preceitos rituais, na quantidade de coisas que é preciso fazer, nos antagonismos que nos mantêm longe uns dos outros, nos preconceitos de todo o género que impedem de nos fazermos próximo.

            A misericórdia é o coração de Deus. Por isso deve ser também o coração de todos aqueles que se reconhecem membros da única grande família dos seus filhos; um coração que bate forte onde quer que esteja em jogo a dignidade humana, reflexo do rosto de Deus nas suas criaturas. Jesus adverte-nos: o amor aos outros – estrangeiros, doentes, encarcerados, pessoas sem-abrigo, até inimigos – é a unidade de medida de Deus para julgar as nossas acções. Disso depende o nosso destino eterno. Não é de admirar que o apóstolo Paulo convide os cristãos de Roma a alegrar-se com os que se alegram e a chorar com os que choram (cf. Rm 12, 15), ou recomende aos de Corinto que organizem colectas em sinal de solidariedade com os membros sofredores da Igreja (cf. 1 Cor 16, 2-3). E São João escreve: «Se alguém possuir bens deste mundo e, vendo o seu irmão com necessidade, lhe fechar o seu coração, como é que o amor de Deus pode permanecer nele?» (1 Jo 3, 17; cf. Tg 2, 15-16).

É por isso que «é determinante para a Igreja e para a credibilidade do seu anúncio que viva e testemunhe, ela mesma, a misericórdia. A sua linguagem e os seus gestos, para penetrarem no coração das pessoas e desafiá-las a encontrar novamente a estrada para regressar ao Pai, devem irradiar misericórdia. A primeira verdade da Igreja é o amor de Cristo. E, deste amor que vai até ao perdão e ao dom de si mesmo, a Igreja faz-se serva e mediadora junto dos homens. Por isso, onde a Igreja estiver presente, aí deve ser evidente a misericórdia do Pai. Nas nossas paróquias, nas comunidades, nas associações e nos movimentos – em suma, onde houver cristãos –, qualquer pessoa deve poder encontrar um oásis de misericórdia».[20]

            Deste modo, também nós somos chamados a fazer do amor, da compaixão, da misericórdia e da solidariedade um verdadeiro programa de vida, um estilo de comportamento nas relações de uns com os outros.[21] Isto requer a conversão do coração, isto é, que a graça de Deus transforme o nosso coração de pedra num coração de carne (cf. Ez 36, 26), capaz de se abrir aos outros com autêntica solidariedade. Com efeito, esta é muito mais do que um «sentimento de compaixão vaga ou de enternecimento superficial pelos males sofridos por tantas pessoas, próximas ou distantes».[22] A solidariedade «é a determinação firme e perseverante de se empenhar pelo bem comum, ou seja, pelo bem de todos e de cada um, porque todos nós somos verdadeiramente responsáveis por todos»,[23] porque a compaixão brota da fraternidade.

Assim entendida, a solidariedade constitui a atitude moral e social que melhor dá resposta à tomada de consciência das chagas do nosso tempo e da inegável interdependência que se verifica cada vez mais, especialmente num mundo globalizado, entre a vida do indivíduo e da sua comunidade num determinado lugar e a de outros homens e mulheres no resto do mundo.[24]

Fomentar uma cultura de solidariedade e misericórdia para se vencer a indiferença

6.         A solidariedade como virtude moral e comportamento social, fruto da conversão pessoal, requer empenho por parte duma multiplicidade de sujeitos que detêm responsabilidades de carácter educativo e formativo.

Penso em primeiro lugar nas famílias, chamadas a uma missão educativa primária e imprescindível. Constituem o primeiro lugar onde se vivem e transmitem os valores do amor e da fraternidade, da convivência e da partilha, da atenção e do cuidado pelo outro. São também o espaço privilegiado para a transmissão da fé, a começar por aqueles primeiros gestos simples de devoção que as mães ensinam aos filhos.[25]

Quanto aos educadores e formadores que têm a difícil tarefa de educar as crianças e os jovens, na escola ou nos vários centros de agregação infantil e juvenil, devem estar cientes de que a sua responsabilidade envolve as dimensões moral, espiritual e social da pessoa. Os valores da liberdade, respeito mútuo e solidariedade podem ser transmitidos desde a mais tenra idade. Dirigindo-se aos responsáveis das instituições que têm funções educativas, Bento XVI afirmava: «Possa cada ambiente educativo ser lugar de abertura ao transcendente e aos outros; lugar de diálogo, coesão e escuta, onde o jovem se sinta valorizado nas suas capacidades e riquezas interiores e aprenda a apreciar os irmãos. Possa ensinar a saborear a alegria que deriva de viver dia após dia a caridade e a compaixão para com o próximo e de participar activamente na construção duma sociedade mais humana e fraterna».[26]

Também os agentes culturais e dos meios de comunicação social têm responsabilidades no campo da educação e da formação, especialmente na sociedade actual onde se vai difundindo cada vez mais o acesso a instrumentos de informação e comunicação. Antes de mais nada, é dever deles colocar-se ao serviço da verdade e não de interesses particulares. Com efeito, os meios de comunicação «não só informam, mas também formam o espírito dos seus destinatários e, consequentemente, podem concorrer notavelmente para a educação dos jovens. É importante ter presente a ligação estreitíssima que existe entre educação e comunicação: de facto, a educação realiza-se por meio da comunicação, que influi positiva ou negativamente na formação da pessoa».[27] Os agentes culturais e dos meios de comunicação social deveriam também vigiar por que seja sempre lícito, jurídica e moralmente, o modo como se obtêm e divulgam as informações.

A paz, fruto duma cultura de solidariedade, misericórdia e compaixão

7.         Conscientes da ameaça duma globalização da indiferença, não podemos deixar de reconhecer que, no cenário acima descrito, inserem-se também numerosas iniciativas e acções positivas que testemunham a compaixão, a misericórdia e a solidariedade de que o homem é capaz.

Quero recordar alguns exemplos de louvável empenho, que demonstram como cada um pode vencer a indiferença, quando opta por não afastar o olhar do seu próximo, e constituem passos salutares no caminho rumo a uma sociedade mais humana.

Há muitas organizações não-governamentais e grupos sócio-caritativos, dentro da Igreja e fora dela, cujos membros, por ocasião de epidemias, calamidades ou conflitos armados, enfrentam fadigas e perigos para cuidar dos feridos e doentes e para sepultar os mortos. Ao lado deles, quero mencionar as pessoas e as associações que socorrem os emigrantes que atravessam desertos e sulcam mares à procura de melhores condições de vida. Estas acções são obras de misericórdia corporal e espiritual, sobre as quais seremos julgados no fim da nossa vida.

Penso também nos jornalistas e fotógrafos, que informam a opinião pública sobre as situações difíceis que interpelam as consciências, e naqueles que se comprometem na defesa dos direitos humanos, em particular os direitos das minorias étnicas e religiosas, dos povos indígenas, das mulheres e das crianças, e de quantos vivem em condições de maior vulnerabilidade. Entre eles, contam-se também muitos sacerdotes e missionários que, como bons pastores, permanecem junto dos seus fiéis e apoiam-nos sem olhar a perigos e adversidades, em particular durante os conflitos armados.

Além disso, quantas famílias, no meio de inúmeras dificuldades laborais e sociais, se esforçam concretamente, à custa de muitos sacrifícios, por educar os seus filhos «contracorrente» nos valores da solidariedade, da compaixão e da fraternidade! Quantas famílias abrem os seus corações e as suas casas a quem está necessitado, como os refugiados e os emigrantes! Quero agradecer de modo particular a todas as pessoas, famílias, paróquias, comunidades religiosas, mosteiros e santuários que responderam prontamente ao meu apelo a acolher uma família de refugiados.[28]

            Quero, enfim, mencionar os jovens que se unem para realizar projectos de solidariedade, e todos aqueles que abrem as suas mãos para ajudar o próximo necessitado nas suas cidades, no seu país ou noutras regiões do mundo. Quero agradecer e encorajar todos aqueles que estão empenhados em acções deste género, mesmo sem gozar de publicidade: a sua fome e sede de justiça serão saciadas, a sua misericórdia far-lhes-á encontrar misericórdia e, como obreiros da paz, serão chamados filhos de Deus (cf. Mt 5, 6-9).

A paz, sob o signo do Jubileu da Misericórdia

8.         No espírito do Jubileu da Misericórdia, cada um é chamado a reconhecer como se manifesta a indiferença na sua vida e a adoptar um compromisso concreto que contribua para melhorar a realidade onde vive, a começar pela própria família, a vizinhança ou o ambiente de trabalho.

Também os Estados são chamados a cumprir gestos concretos, actos corajosos a bem das pessoas mais frágeis da sociedade, como os reclusos, os migrantes, os desempregados e os doentes.

            Relativamente aos reclusos, urge em muitos casos adoptar medidas concretas para melhorar as suas condições de vida nos estabelecimentos prisionais, prestando especial atenção àqueles que estão privados da liberdade à espera de julgamento,[29] tendo em mente a finalidade reabilitativa da sanção penal e avaliando a possibilidade de inserir nas legislações nacionais penas alternativas à detenção carcerária. Neste contexto, desejo renovar às autoridades estatais o apelo a abolir a pena de morte, onde ainda estiver em vigor, e a considerar a possibilidade duma amnistia.

Quanto aos migrantes, quero dirigir um convite a repensar as legislações sobre as migrações, de modo que sejam animadas pela vontade de dar hospitalidade, no respeito pelos recíprocos deveres e responsabilidades, e possam facilitar a integração dos migrantes. Nesta perspectiva, dever-se-ia prestar especial atenção às condições para conceder a residência aos migrantes, lembrando-se de que a clandestinidade traz consigo o risco de os arrastar para a criminalidade.

            Desejo ainda, neste Ano Jubilar, formular um premente apelo aos líderes dos Estados para que realizem gestos concretos a favor dos nossos irmãos e irmãs que sofrem pela falta de trabalho, terra e tecto. Penso na criação de empregos dignos para contrastar a chaga social do desemprego, que lesa um grande número de famílias e de jovens e tem consequências gravíssimas no bom andamento da sociedade inteira. A falta de trabalho afecta, fortemente, o sentido de dignidade e de esperança, e só parcialmente é que pode ser compensada pelos subsídios, embora necessários, para os desempregados e suas famílias. Especial atenção deveria ser dedicada às mulheres – ainda discriminadas, infelizmente, no campo laboral – e a algumas categorias de trabalhadores, cujas condições são precárias ou perigosas e cujos salários não são adequados à importância da sua missão social.

Finalmente, quero convidar à realização de acções eficazes para melhorar as condições de vida dos doentes, garantindo a todos o acesso aos cuidados sanitários e aos medicamentos indispensáveis para a vida, incluindo a possibilidade de tratamentos domiciliários.

            E, estendendo o olhar para além das próprias fronteiras, os líderes dos Estados são chamados também a renovar as suas relações com os outros povos, permitindo a todos uma efectiva participação e inclusão na vida da comunidade internacional, para que se realize a fraternidade também dentro da família das nações.

Nesta perspectiva, desejo dirigir um tríplice apelo: apelo a abster-se de arrastar os outros povos para conflitos ou guerras que destroem não só as suas riquezas materiais, culturais e sociais, mas também – e por longo tempo – a sua integridade moral e espiritual; apelo ao cancelamento ou gestão sustentável da dívida internacional dos Estados mais pobres; apelo à adopção de políticas de cooperação que, em vez de submeter à ditadura dalgumas ideologias, sejam respeitadoras dos valores das populações locais e, de maneira nenhuma, lesem o direito fundamental e inalienável dos nascituros à vida.

Confio estas reflexões, juntamente com os melhores votos para o novo ano, à intercessão de Maria Santíssima, Mãe solícita pelas necessidades da humanidade, para que nos obtenha de seu Filho Jesus, Príncipe da Paz, a satisfação das nossas súplicas e a bênção do nosso compromisso diário por um mundo fraterno e solidário.

Vaticano, no dia da Solenidade da Imaculada Conceição da Virgem Santa Maria e da Abertura do Jubileu Extraordinário da Misericórdia, 8 de Dezembro de 2015.

[Franciscus]

 

[1] Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, 1.

[2] Cf. ibid., 3.

[3] Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia Misericordiae Vultus, 14-15.

[4] Cf. Bento XVI, Carta enc. Caritas in veritate, 43.

[5] Cf. ibid., 16.

[6] Carta enc. Populorum progressio, 42.

[7] «A sociedade cada vez mais globalizada torna-nos vizinhos, mas não nos faz irmãos. A razão, por si só, é capaz de ver a igualdade entre os homens e estabelecer uma convivência cívica entre eles, mas não consegue fundar a fraternidade» (Bento XVI, Carta enc. Caritas in veritate, 19).

[8] Francisco, Exort. ap. Evangelii gaudium, 60.

[9] Cf. ibid., 54.

[10] Mensagem para a Quaresma de 2015.

[11] Cf. Carta enc. Laudato si’, 92.

[12] Cf. ibid., 51.

[13] Discurso por ocasião dos votos de Bom Ano Novo ao Corpo Diplomático acreditado junto da Santa Sé, 7 de Janeiro de 2013.

[14] Ibidem.

[15] Cf. Bento XVI, Discurso durante o Dia de reflexão, diálogo e oração pela paz e a justiça no mundo, Assis, 27 de Outubro de 2011.

[16] Cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 217-237.

[17] «Enquanto não se eliminar a exclusão e a desigualdade dentro da sociedade e entre os vários povos será impossível desarreigar a violência. Acusam-se da violência os pobres e as populações mais pobres, mas, sem igualdade de oportunidades, as várias formas de agressão e de guerra encontrarão um terreno fértil que, mais cedo ou mais tarde, há-de provocar a explosão. Quando a sociedade – local, nacional ou mundial – abandona na periferia uma parte de si mesma, não há programas políticos, nem forças da ordem ou serviços secretos que possam garantir indefinidamente a tranquilidade. Isto não acontece apenas porque a desigualdade social provoca a reacção violenta de quantos são excluídos do sistema, mas porque o sistema social e económico é injusto na sua raiz. Assim como o bem tende a difundir-se, assim também o mal consentido, que é a injustiça, tende a expandir a sua força nociva e a minar, silenciosamente, as bases de qualquer sistema político e social, por mais sólido que pareça» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 59).

[18] Cf. Carta enc. Laudato si’, 31; 48.

[19] Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2015, 2.

[20] Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia Misericordiae Vultus, 12.

[21] Cf. ibid., 13.

[22] João Paulo II, Carta enc. Sollecitudo rei socialis, 38.

[23] Ibidem.

[24] Cf. ibidem.

[25] Cf. Catequese, na Audiência Geral de 7 de Janeiro de 2015.

[26] Mensagem para o Dia Mundial da Paz de 2012, 2.

[27] Ibidem.

[28] Cf. Angelus de 6 de Setembro de 2015.

[29] Cf. Discurso à delegação da Associação Internacional de Direito Penal, 23 de Outubro de 2014.

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Pesar do Papa pela morte de 43 policiais na Argentina

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco enviou uma mensagem de pesar ao Presidente da Conferência Episcopal Argentina, Dom José María Arancedo, por ocasião do acidente rodoviário que matou 43 policiais na região norte da Argentina.  

O pesar do Papa foi enviado pelo Secretário de Estado, Card. Pietro Parolin, através da Nunciatura Apostólica na Argentina.

“Ao ser informado sobre o acidente, o Santo Padre oferece fervorosos sufrágios ao Senhor pelo eterno descanso dos falecidos”, lê-se no telegrama. Francisco expressa também sua solidariedade aos familiares das vítimas e aos feridos.

“Neste momento de dor, o Papa Francisco concede a sua bênção apostólica, como sinal de esperança no Senhor Ressuscitado”, lê-se ainda no texto.

Na madrugada de domingo para segunda, um ônibus que transportava policiais caiu de um barranco na localidade de Balboa, província de Salta. O ônibus despencou de uma altura de 15 metros em um rio seco. O veículo seguia em caravana com outros três ônibus, a partir da província de Santiago del Estero em direção à cidade de San Salvador de Jujuy, ao norte do país.

(BF)

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Reconhecidas virtudes heroicas do Pe. João Schiavo

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Cidade do Vaticano (RV) – Na segunda-feira (14/12), o Papa recebeu em audiência o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Card. Angelo Amato, S.D.B.. No decorrer da audiência, o Santo Padre autorizou a Congregação a promulgar 17 decretos, entre os quais o reconhecimento das virtudes heroicas do Servo de Deus João Schiavo, Sacerdote professo da Congregação de São José, os Josefinos de Murialdo. 

Nascido em Sant’Urbano de Montecchio Maggiore, em Vicenza na Itália, ele foi ao Brasil em 1931 para trabalhos missionários no Rio Grande do Sul. A maior parte de suas obras foi realizada em Caxias do Sul, nas localidades de Fazenda Souza, Ana Rech e Galópolis.

Profundamente dedicado à formação de jovens seminaristas e ao abrigo de menores desamparados, Padre João Schiavo criou três casas de atendimento a crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social: os abrigos de menores de Caxias do Sul, Pelotas e Rio Grande. E também ajudou na construção de uma escola para meninos e meninas pobres de Caxias do Sul.

Após sua morte, em 1967, uma forte devoção tomou conta dos fiéis com a realização de missas e procissões em sua memória. Quem acompanha a causa de beatificação do Padre João Schiavo junto ao Vaticano é o Padre gaúcho Orides Balardim.

Entre os decretos autorizados pelo Papa, está o de reconhecimento das virtudes heroicas do Servo de Deus Angelo Ramazzotti, Patriarca di Veneza, Fundador do Instituto para as Missões Exteriores (PIME). 

(BF)

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Viagem do Papa ao México já tem lema e logotipo

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Cidade do México (RV) - O lema e o logotipo da viagem que o Papa Francisco realizará de 12 a 18 de fevereiro ao México foram apresentados pelo episcopado mexicano pouco depois do anúncio oficial feito pelo próprio Pontífice durante a Missa celebrada no último dia 12, na Basílica Vaticana, na festividade de Nossa Senhora de Guadalupe. 

O lema da visita pastoral é “Papa Francisco: Missionário da misericórdia e da paz”, e sintetiza os temas mais presentes em seu ministério: misericórdia, justiça, compromisso, paz e esperança. Significa que Francisco vai ao encontro de todos, “sobretudo em meio aos mais carentes, para lhes levar o Amor de Deus e sua presença de paz neste mundo”, explica o site www.papafranciscoenmexico.org.

É simbólico também o programa da viagem, que prevê uma passagem pelo estado de Chiapas, onde o Papa encontrará os mais pobres, a etapa em Morelia, para levar sua proximidade às vítimas da violência; Ciudad Juárez, onde verá os que foram obrigados a abandonar suas casas, e enfim, a Basílica de Guadalupe. 

O logo

O logo apresenta uma imagem do Papa no centro, unida pelos contornos geográficos do México e Nossa Senhora de Guadalupe, com seu manto estrelado. No alto, a Cruz da porta do Santuário, com a escrita “México 2016”, acompanhada pelo lema. As cores verde e vermelha, da bandeira nacional, somadas ao amarelo, do Vaticano. A tilma, tecido onde ficou originalmente estampada a imagem de Nossa Senhora de Guadalupe, evoca a constelação correspondente ao dia da sua aparição ao índio Juan Diego, 12 de dezembro.

A alegria e a gratidão dos bispos mexicanos ao Papa

Em comunicado, os bispos se dizem muito felizes que a viagem tenha sido confirmada no dia da festa mariana mais importante do país e durante o Ano Santo da Misericórdia. A presença do Papa no México, escrevem, “nos confirmará na fé, na esperança e na caridade e ajudará a Igreja a continuar a Missão Permanente e encorajará fiéis e não fiéis a comprometerem-se na construção de um país justo, solidário, reconciliado e pacífico”. 

A visita na Internet e nas redes sociais 

A viagem do Papa ao México poderá ser acompanhada também no Twitter (@ConElPapa), Youtube  (“Con el Papa en México”), no Facebook (“ConElPapa”), no  Instagram e Snapchat.  

(CM)

 

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Bênção Apostólica? Verdadeira somente na Esmolaria Pontifícia

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Cidade do Vaticano (RV) – Uma ação dos fiscais financeiros do Comando da Província de Roma, em coordenação com a Gendarmaria vaticana, sequestrou mais de 3,5 mil falsos pergaminhos, num valor aproximado de 70 mil euros. A fraude foi arquitetada em vista do Jubileu da Misericórdia. 

Nos pergaminhos falsificados estavam impressos, entre outros, a imagem do Papa Francisco e os brasões falsificados do Estado do Vaticano. Aos peregrinos desavisados, era pedido para que preenchessem um falso módulo para o “pedido da Bênção Apostólica”. O local onde eram impressos os falsos documentos ficava a poucos passos da Basílica de São Pedro. O responsável foi denunciado.

Somente a Esmolaria emite pergaminhos com a Bênção Apostólica

Pergaminhos com a Bênção Apostólica são emitidos somente pela Esmolaria Apostólica (telefone +39 0669873279 ou +39 0669871100) – a repartição da Santa Sé que tem a missão de realizar a caridade pelos pobres, em nome do Pontífice. Todas as entradas da Esmolaria Apostólica, sobretudo as ofertas pagas pelas Bênçãos, são usadas para as obras de caridade do Santo Padre.

Como obter a Bênção Apostólica

É possível obter a Bênção Apostólica em pergaminho dirigindo-se pessoalmente ao Escritório da Esmolaria Apostólica dentro da Cidade do Vaticano. O acesso é pela Porta Sant’Ana (à direita das Colunatas de Bernini) e a abertura é de segunda à sábado, das 8h30 às 13h30. Também é possível fazer os pedidos pelo correio, escrevendo para:

Elemosineria Apostolica 
Ufficio Pergamene 
Città del Vaticano – 00120 
ou pelo fax +39 0669883132

Informações sobre os pergaminhos

Para se obter a Bênção Apostólica em pergaminho é necessário preencher um formulário que pode ser baixado no site da Esmolaria. No pedido, entre outros, devem ser fornecidas algumas informações, como o nome e sobrenome de quem pede e o motivo para a bênção (casamento, primeira comunhão, crisma, ordenação sacerdotal, etc.). Para algumas ocasiões particulares é pedido o “nulla osta” do Pároco ou de outro eclesiástico. Entre o pedido e a entrega da Bênção é necessário cerca de um mês. (JE)

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Santa Sé fortalece medidas de combate a crimes financeiros

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Cidade do Vaticano (RV) – O relatório do Comitê Moneyval de 8 de dezembro passado confirma que nos últimos dois anos a Santa Sé e o Estado da Cidade do Vaticano realizaram progressos notáveis na construção de uma adequada e operativa ordem institucional e normativa para a prevenção e o combate à lavagem de dinheiro e o financiamento ao terrorismo. Foi o que afirmou um comunicado na Sala de Imprensa da Santa Sé divulgado esta terça-feira, 15, a propósito do Segundo Relatório Periódico de Moneyval.

Sobre os progressos realizados, o comunicado observa que os tribunais vaticanos congelaram 11,2 milhões de euros como resultado das investigações em andamento. A respeito do Escritório do Promotor de Justiça, “as investigações são complexas do ponto de vista técnico e requerem uma cuidadosa análise”, continua o comunicado. Estas têm um forte aspecto internacional e transacional, e envolvem crimes cometidos fora do território vaticano e pessoas que se encontram fora do Vaticano.

A Santa Sé estabeleceu uma rede internacional que permite a colaboração ativa com outros Estados nestes casos, quer a nível da Autoridade de Informação Financeira (AIF), quer a nível dos tribunais. As informações e as estatística contidas no Relatório demonstram isto muito bem, afirma o comunicado. O Tribunal Vaticano, outrossim, pediu e recebeu a assistência judicial recíproca (rogatórias) de outros Estados. O Relatório confirma que a assistência judiciária recíproca é utilizada amplamente.

Neste mesmo sentido é reiterado que a Santa Sé acolhe o convite do Comitê Moneyval para fortalecer ainda mais a capacidade dos próprios Tribunais e da Gendarmaria vaticana de conduzir investigações mais incisivas no âmbito penal e punir os crimes de lavagem de dinheiro e de financiamento ao terrorismo cometidos no âmbito da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano. (JE)

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Igreja no Brasil



Nos 150 anos de nascimento, Santa Paulina ganha novas feições

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Cidade do Vaticano (RV) – A primeira santa do Brasil ganhou novas feições. A face de Santa Paulina foi reconstruída a partir de técnicas forenses e em 3D.

 

A nova imagem faz parte das comemorações dos 150 anos do nascimento da santa, nascida na Itália – mas com vida e obra no Brasil – beatificada por São João Paulo II em 1991, em Florianópolis, e canonizada em 2002, no Vaticano.

Novo rosto

Haviam imagens do século passado que retratavam Madre Paulina contudo não representavam uma das principais características da santa: o coração plácido.

“Na verdade, a reconstrução trouxe à tona uma face mais compatível com o que ela era em vida. Alguém que escreve: ‘Nunca, jamais desanimeis, embora venham ventos contrários’, só poderia ter um coação plácido. O leve sorriso reflete isso”, explicou o designer 3D, Cícero Moraes.

O modelo em 3D é interativo. Basta carregar, clicar sobre o modelos e arrastar sem soltar para orbitá-lo.

(RB)

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CPT denuncia violência contra os povos e comunidades do campo

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Goiânia (RV) - A Comissão Pastoral da Terra divulgou uma nota em que denuncia nas violências contra as comunidades rurais. Abaixo, a íntegra:

"Em pleno Dia Internacional dos Direitos Humanos pistoleiros a serviço da Imperial Agroindustrial do Maranhão S/A, sob o comando de um senhor apelidado de “Mazuca”, incendiaram sete casas e destruíram uma ponte no povoado Munduri, no Assentamento Fazenda Imperial, em Codó, MA.
Na ação, várias pessoas foram ameaçadas de morte pelos pistoleiros, entre elas, Antônio Barros (Dirigente do STTR de Codó) e Sérgio Barros (Advogado da Fetaema). Os pistoleiros ainda tiraram fotos e disseram que “tudo se resolve na bala”.

A área onde ocorreu a ação era ocupada há mais de seis décadas por posseiros. Ali posteriormente se instalou a Imperial Agroindustrial do Maranhão S/A, que segundo se sabe é formada por um grupo de pessoas do Pernambuco.

No dia 6 de abril de 2009, o presidente Lula assinou decreto declarando de interesse social e para fins de reforma agrária a “Fazenda Imperial”. No dia 4 de novembro de 2014, o Incra foi imitido na posse de 7.004 hectares da fazenda, lá  constituindo o Projeto de Assentamento Fazenda Imperial, onde foram assentadas 192 famílias.

Como a área do assentamento se localiza dentro do perímetro anunciado do Plano de Desenvolvimento Agropecuário do Matopiba, que será beneficiado com recursos públicos, os antigos proprietários da área, tendo perdido os prazos para entrar com ações judiciais para barrar o andamento do processo de desapropriação, conseguiram junto ao Superintende do Incra do Maranhão  uma declaração  que os mantêm  na posse da área.

Com este documento em mãos, no dia 26 de novembro, um grupo de homens armados com armas de grosso calibre foi até o assentamento, na comunidade Munduri, e com ameaças deram às famílias o prazo de 48 horas para se retirarem, caso contrário a situação ficaria pior.
Diante disto a Fataema oficiou à Secretaria de Diretos Humanos e Participação Popular do estado, solicitando intervenção. O que aconteceu com a chegada da polícia no dia 27. Os pistoleiros fugiram.

Mas logo em seguida, no dia 1º de dezembro, os pistoleiros retornaram, não só com armas, mas também com tratores. Na mesma data, diante da possível nova agressão, a Associação do Povoado de Munduri entrou com ação judicial para garantir a posse da área. Mas no dia 10 as ameaças se concretizaram com incendeio de casas, destruição de ponte e ameaças às pessoas. 

A Diretoria e Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT) repudiam e denunciam mais esta agressão e violência contra comunidades camponesas e reitera o que disse, em nota de 13 de novembro, em relação à situação de violência e assassinatos em Anapu, no Pará. Aproveitando-se do clima de insegurança que toma conta do país pelo encurralamento do governo central pela crise econômica e política, a elite latifundiária, apoiada na poderosa bancada ruralista, volta a agir por conta própria, impondo aos demais seus interesses.

Esperamos que neste Natal a luz que irrompe da gruta de Belém ilumine nosso povo para encontrar caminhos de superação das crises e da volta à normalidade democrática".

Goiânia, 14 de dezembro de 2015.
Diretoria e Coordenação Executiva Nacional da Comissão Pastoral da Terra (CPT)

A Comissão Pastoral da Terra (CPT) nasceu em junho de 1975, durante o Encontro de Pastoral da Amazônia, convocado pela Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), e realizado em Goiânia (GO). Inicialmente a CPT desenvolveu junto aos trabalhadores e trabalhadoras da terra um serviço pastoral. Na definição de Ivo Poletto, que foi o primeiro secretário da entidade, "os verdadeiros pais e mães da CPT são os peões, os posseiros, os índios, os migrantes, as mulheres e homens que lutam pela sua liberdade e dignidade numa terra livre da dominação da propriedade capitalista"

O atual Presidente é Dom Enemésio Lazzaris, bispo de Balsas (MA).

(CM-CPT) 

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Igreja no Mundo



Bispo brasileiro fala da abertura da Porta Santa na Guiné-Bissau

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Cidade do Vaticano (RV) – Neste Ano da Misericórdia, os fiéis da Guiné-Bissau, na África, participaram da abertura de três portas santas no último domingo, 13 de dezembro.

O Bispo de Bafatá, Dom Pedro Carlos Zilli, fez a abertura da Porta Santa na Catedral da cidade.

Entrevistado pelo colega Filomeno Lopes, Dom Zilli, natural do Paraná, fala do espírito com o qual os fiéis viveram este momento, e da necessidade que todo o continente tem de viver um ano de misericórdia e reconciliação.

Ouça aqui:

 

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Arquidiocese de Mumbai abre Porta Santa

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Mumbai (RV) - Seguindo o pedido do Papa Francisco para o Ano da Misericórdia, a Arquidiocese de Mumbai, na Índia, realizou a abertura da Porta Santa. A solenidade ocorreu no último domingo (13/12), na Catedral do Santo Nome, e foi presidida pelo Bispo Auxiliar John Rodrigues, representando o Cardeal Oswald Gracias, Arcebispo de Mumbai

 

Em sua homilia, Dom Rodrigues ressaltou a importância de manter a mente focada no chamado do Papa, para o momento em que a porta da misericórdia de Deus está aberta a todos os homens e mulheres. O Cardeal Oswald Gracias participará da abertura da Porta Santa na Basílica de Mount Maria no próximo domingo (20/12). 

Misericórdia

Na leitura do Evangelho de São Lucas (15:1-7),  Dom Rodrigues destacou que o pastor vai atrás da ovelha perdida até encontrá-la. “Cristo, portanto, é o pastor e também o Cordeiro de Deus, autor da verdadeira liberdade, caminho da profunda reconciliação para todas as criaturas da terra e alegremo-nos por este amor. Nesse tempo de perdão e misericórdia, nós – ou seja, a  Igreja – necessita brilhar como um farol da salvação”, disse.

A cerimônia contou também com a leitura de um trecho inicial da bula que oficializa o Ano da Misericórdia, Misericordiae Vultus (“O rosto da Misericórdia”): “Jesus Cristo é o rosto da misericórdia do Pai. O mistério da fé cristã parece encontrar nestas palavras a sua síntese”.

Procissão

Seguindo ainda o rito de abertura da Porta Santa, Dom Rodrigues iniciou a procissão até a Porta Santa na Catedral do Santo Nome, da Arquidiocese de Bombaim. O ato contou com a participação de um coral de crianças. “Abra as portas da justiça, nós vamos entrar e dar graças a Deus”, disse o prelado, enquanto os fiéis aguardavam do lado de fora da Porta Santa. Ao abrir a porta, a alegria tomou conta das pessoas, que adentraram e lotaram a Catedral. 

A cerimônia terminou com uma oração dedicada à Virgem Maria: “Agora, elevemos nossos pensamentos a Maria, a Mãe da Misericórdia. Que ela possa fixar o seu olhar misericordioso ao longo deste Ano Santo, para que possamos redescobrir a alegria da ternura de Deus”. (PS)

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Bispos centro-africanos pedem promoção da paz e dizem não à violência

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Bangui (RV) - “Colocai a vossa espada na bainha e ide às urnas”: assim escrevem os bispos da República Centro-Africana num longo documento publicado em vista das eleições legislativas e presidenciais, programadas para o próximo dia 27 de dezembro.

A nota foi divulgada no domingo (13/12), num momento em que os cidadãos foram às urnas para uma consulta, ou seja, o referendum sobre a Constituição numa nação devastada, há cerca de três anos, por um pesado conflito entre os rebeldes da coalizão “Seleka” e as milícias de autodefesa “Anti-Balaka”.

Votar não é somente um direito, mas também um dever

Evidenciando a situação de precariedade e insegurança em que se encontra o país africano, as “graves violações dos direitos humanos” que são perpetradas e a “desconsideração da autoridade estatal”, os prelados exortam os fiéis a “passar da espada às urnas, das violências às eleições pacíficas”.

Os bispos recordam que o voto não é somente “um direito cívico, mas também um dever moral e uma responsabilidade” e se dirigem, em seguida, a todas as partes em causa a fim de que as próximas consultas eleitorais possam “restabelecer o quadro jurídico necessário para o relançamento do país”.

Assegurar eleições livres e transparentes. Candidatos não cedam à corrupção

Em particular, os prelados pedem ao governo que “assegure a transparência das eleições, criando boas condições para a participação dos cidadãos ao voto”, numa “dinâmica de mudança democrática por uma nação reconciliada e próspera”.

A Igreja do país africano recentemente visitado pelo Papa Francisco espera dos candidatos qualidades como “integridade, honestidade e verdade”, mas também “responsabilidade, sabedoria e sensibilidade às necessidades legítimas de todos os cidadãos para assegurar a paz”.

“Unidade, dignidade e trabalho” são, em particular, os três objetivos que os candidatos devem propor alcançar – lê-se ainda na nota – levando sempre em consideração o interesse de toda a nação, mantendo-se distantes da “corrupção, absolutismo e intolerância”.

Cristãos trabalhem em prol da paz e da justiça

Em seguida, os bispos dirigem-se aos cidadãos cristãos ressaltando a responsabilidade deles no atuar “como artífices da paz e servidores dos indefesos em favor da erradicação das injustiças”.

“O cristão não é indiferente ao mundo, mas participa da realização da vontade de Deus para a sociedade humana”, explicam os prelados centro-africanos.

Daí, a exortação a não vender o próprio voto e a escolher os candidatos segundo “seus méritos e integridade moral”. Daí, também, o apelo a fim de que os cidadãos sejam bem informados sobre os programas eleitorais, colaborem a fim de que o pleito eleitoral se realize de modo pacífico, no respeito pelas escolhas de cada eleitor.

Confissões religiosas formem a consciência dos cidadãos

Os bispos lançam um ulterior apelo às várias confissões religiosas a fim de que “cada uma, segundo a própria vocação, promova a justiça fundada no respeito por toda pessoa”. Exortadas a “encorajar a liberdade política e a formar a consciência dos cidadãos através da promoção do bem comum e da cultura do direito”, as confissões religiosas devem também “vigilar a fim de que as eleições sejam livres, justas e transparentes, denunciando os eventuais abusos”, ressaltam eles.

Grupos armados deponham as armas, a guerra não é uma solução

Os bispos dirigem-se também aos grupos armados: “Exortamos-vos a depor as armas e a renunciar a toda e qualquer forma de violência, porque a solução para o conflito no país não se encontra na guerra”, é o veemente apelo episcopal.

É tempo, então, “de refletir sobre o impacto que a escolha beligerante tem na sociedade e sobre o desenvolvimento nacional”, parando de derramar o sangue dos nossos irmãos e irmãs” para “seguir, todos juntos, o caminho da legalidade e da cidadania responsável a serviço da nação”.

Comunidade internacional garanta voto seguro, sem interferir na política

Também a comunidade internacional é chamada em causa, a fim de que “garanta a segurança e a logística das eleições” e “acompanhe os novos eleitos nos exercício de suas funções, mas no respeito pelos acordos internacionais, evitando assim interferir negativamente na gestão política” nacional. Os bispos fazem um apelo também aos meios de comunicação, que são exortados a “assegurar a equidade na cobertura informativa das eleições”.

Reconhecer a dignidade de todos, em unidade e responsabilidade

Por fim, no âmbito do Jubileu extraordinário da Misericórdia, os prelados recordam a Porta Santa aberta pelo Papa na Catedral de Bangui – capital do país –, em 29 de novembro passado, e exortam os fiéis a “empreender o caminho da reconciliação para reconhecer e promover a dignidade de todos e de cada um, em unidade e responsabilidade”.

“A esperança de uma República Centro-Africana estável, equânime, justa e soberana continua a nosso alcance. Mobilizemo-nos pela nossa segurança, pela educação das nossas crianças e a retomada socioeconômica do país, a fim de que seja unido, democrático e próspero” – concluem os bispos. (RL)

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Formação



O significado do Jubileu para os consagrados

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Cidade do Vaticano (RV) –  O Ano Extraordinário da Misericórdia é uma necessidade para a Igreja: foi o que disse o Papa Francisco na Audiência Geral desta quarta-feira, ao afirmar que o Jubileu não será simplesmente algo “bom” para a Igreja, mas enfatizou o termo “necessidade”.

“Na nossa época de profundas mudanças, a Igreja é chamada a oferecer a sua contribuição peculiar, tornando visíveis os sinais da presença e da proximidade de Deus. E o Jubileu é um tempo favorável para todos nós, porque contemplando a Misericórdia Divina, que ultrapassa todo e qualquer limite humano, podemos nos tornar testemunhas mais convictas e eficazes.”

E aos consagrados de modo especial, o que pede o Papa Francisco neste Jubileu? Foi o que perguntamos ao Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Card. João Braz de Aviz.

Para o Cardeal brasileiro, muito deve ser mudado na vida dos religiosos e religiosas, como por exemplo o individualismo, a relação homem-mulher e o modo de exercer a autoridade.

Ouça aqui:

 

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Mais campanhas preventivas sobre o HIV

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Cidade do Vaticano (RV) - O Dia Mundial de Luta contra a Aids, celebrado no último dia 1º, tem como objetivo não somente informar as pessoas sobre os sintomas, perigos e formas de se prevenir da doença, mas também auxiliar no combate ao preconceito que os portadores do HIV sofrem na sociedade por causa da doença.

O Assessor Nacional da Pastoral da Aids, Frei Luís Carlos Lunardi, membro da Coordenação da Casa Fonte Colombo, Centro de Promoção da Pessoa Soropositiva, em Porto Alegre (RS), nos diz que são necessárias campanhas preventivas, educativas, permanentes e continuadas sobre a epidemia do HIV. (MJ)

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Artigo: Natal, visibilidade da Misericórdia de Deus

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Campinas (RV*) - Eis que chega o Senhor dos senhores:

Seu nome será Emanuel, o “Deus-conosco”.

(Antífona da entrada da Missa de 21 de dezembro)

A Igreja, em sua liturgia, nos proporciona um belo e edificante itinerário espiritual. Abrindo as portas com o Advento, somos motivamos a olhar na direção de Belém e querer chegar lá para contemplar a luz da misericórdia divina que resplandece no mistério da encarnação.

Na bula de proclamação do ano da Misericórdia, o Papa Francisco, recorda: “A misericórdia é a responsabilidade de Deus por nós” (MV 9). Experimentamos este amor divino no encontro de nossa humanidade com aquele Menino deitado numa manjedoura. A vivência do ano da Misericórdia vai nos aproximar do mistério de amor que o Senhor Deus nutre por cada um dos seus.

A sociedade, já secularizada e em vias de se tornar paganizada vai, aos poucos, deixando de lado a prática concreta das obras de misericórdia. O ‘Ano da Misericórdia’, será oportunidade de nos aproximarmos da misericórdia de Deus, na medida mesma em que formos bons e misericordiosos para com as pessoas que nos rodeiam.

A festa do Natal, que se aproxima, será uma oportunidade clara para recordarmos o Salmo 136 que nos diz: eterna é a sua misericórdia, pois com o nascimento do Filho unigênito de Deus, temos a certeza que Seu Amor e Sua misericórdia nos conduzem pelos caminhos do mundo, até nosso destino último, a eternidade.

Augurando a todos felicidade e paz, desejamos-lhes um Natal resplandecente para que, junto de suas famílias, parentes e amigos, a exemplo da gruta de Belém, sejam irradiadores da Luz que é Cristo.

Auguramos ainda que o Ano Novo que se aproxima, não nos ponha medo, mas seja um desafio a ser enfrentado com fé e esperança.

*Dom Airton José dos Santos

Arcebispo Metropolitano de Campinas

Presidente do Regional Sul 1 

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