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Sumario del 23/12/2015

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Prestigioso Prêmio Carlos Magno é atribuído ao Papa Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) - O Prêmio Carlos Magno conferido pela cidade de Aquisgrano, Alemanha, a personalidades que tenham se distinguido por seu papel em favor dos valores europeus foi atribuído ao Papa Francisco.

O Papa traz uma mensagem de esperança para a Europa num momento de crise que colocou em segundo plano “todas as conquistas do processo de integração”, lê-se na motivação. Em particular, são citados os pronunciamentos do Santo Padre durante sua viagem a Estrasburgo, nordeste da França, em novembro de 2014.

O Pontífice é a “voz da consciência” que pede para que o homem seja colocado no centro, “uma autoridade moral extraordinária”, afirma. Sobre o Prêmio Carlos Magno atribuído ao Papa Francisco, eis o comentário do diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, entrevistado pela Rádio Vaticano: 

Pe. Lombardi:- “Sabemos que o Papa Francisco jamais aceitou prêmios e honorificências dedicadas a sua pessoa. Portanto, esse é um fato totalmente excepcional e podemos nos perguntar por qual motivo o aceitou. Perguntei-lhe a respeito e ele me respondeu que este é um prêmio pela paz e, nestes tempos em que vemos esses graves riscos que existem para a paz no mundo – muitas vezes fala, inclusive, da Terceira guerra mundial em capítulos –, ele considera que é fundamental falar de paz, encorajar a agir em favor da paz. Por conseguinte, o Papa interpreta este prêmio não tanto como algo dado a ele mesmo para honrá-lo, mas como ocasião de uma nova mensagem de compromisso em favor da paz, dedicado e dirigido a toda a Europa que é um continente que deve construir e continuar construindo a paz em seu seio e sendo ativo, tendo um grande papel para a paz no mundo. Portanto, trata-se de um prêmio para a paz, uma ocasião de oração pela paz, todos juntos, o Papa com todos os povos e as pessoas de boa vontade, que manifesta o anseio, o desejo, o compromisso de construir a paz no continente e também no mundo inteiro.”

RV: Vale a pena destacar que este é um importante prêmio europeu atribuído a um Papa não-europeu...

Pe. Lombardi:- “De fato, também este aspecto me parece significativo. O primeiro Papa não-europeu deste tempo moderno recebe um grande prêmio europeu. Isso porque com seu grande discurso em Estrasburgo do qual todos recordamos, ele soube dirigir-se à Europa, ao continente, com perspectivas muito amplas e com perspectivas de encorajamento, num momento, num período, há anos, em que a construção se faz árdua, encontra grandes dificuldades. O Papa soube relançar os horizontes mais sólidos, mais profundos, mais bonitos, de valores: o respeito pela pessoa humana, o compromisso da solidariedade para com todos os povos, a construção da paz... Os grandes valores sobre os quais nasceu a ideia da Europa e deve renascer e continuar sendo atual e viva, capaz de dar uma rica contribuição também de perspectiva ideal para a humanidade inteira. Um Papa que olha para a Europa com consciência também do exterior da Europa, num horizonte de caráter global, é capaz, tem a autoridade de dizer novamente à Europa a sua vocação mais profunda e mais importante, e de encorajá-la a não ter medo, a não desencorajar-se, para continuar propondo esses ideais à humanidade inteira, com a sua riqueza de recursos de inteligência, de história, de cultura, que devem continuar sendo empregadas para o bem da humanidade inteira.”

RV: Recordamos que em 2004 também João Paulo II foi agraciado com o Prêmio Carlos Magno...

Pe. Lombardi:- “Sim, é verdade, o Papa Francisco não é o primeiro. Também João Paulo II foi um grande Papa da paz, um grande construtor, inspirador da Europa com seus dois pulmões, da reconciliação, da união entre leste e oeste da Europa. Diria que, porém, João Paulo II era um Papa profundamente europeu na sua história pessoal e, portanto, creio que seus méritos para a Europa podiam ser lidos numa chave diferente. Ao invés, com o Papa Francisco, parece-me que a perspectiva é a da vocação da Europa no horizonte global, porque o Papa Francisco está falando neste tempo ao mundo inteiro, com a Encíclica Laudato si, com seus discursos sobre a paz no mundo, sobre o diálogo inter-religioso, sobre a solidariedade entre todos os povos. É justamente com a importância dessas mensagens que se propõe como um grande inspirador do continente europeu hoje.” (RL)

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Card. Parolin: "Trago o carinho do Papa aos toxicômanos"

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Roma (RV) – “A minha presença entre vocês, vivendo este Jubileu Extraordinário da Misericórdia, é também um modo para trazer até aqui a carícia do Papa.” Com essas palavras, o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, se dirigiu na tarde de terça-feira (22/12) aos hóspedes do Centro Italiano de Solidariedade Pe. Mario Picchi (Ceis), uma associação que ajuda os toxicômanos a saírem de sua condição.

Flagelo em crescimento

Na homilia da missa celebrada na sede central do Ceis, em Roma, o Cardeal – citando o Papa – recordou que na Itália e no mundo inteiro “o flagelo da droga continua a assumir formas e dimensões impressionantes, alimentado por um mercado torpe, que vai além dos confins nacionais e continentais. Deste modo, continua crescendo o perigo para os jovens e os adolescentes”.

Um fenômeno, disse ainda o Secretário de Estado evocando as palavras de Francisco, pelo qual “não podemos não expressar profunda dor e grande preocupação. A Igreja não pode permanecer em silêncio!”. 

O Card. Parolin recordou ainda que “o Santo Padre indicou o caminho: a droga não se vence com a droga! A droga é um mal e com o mal não se pode compactuar. A legalização das chamadas ‘drogas leves’, mesmo parciais, além de serem discutíveis juridicamente, não produzem os efeitos desejáveis”.

Prevenção

“O Papa – acrescentou o Cardeal – disse com clareza: as oportunidades de trabalho, a educação, o desporto e uma vida saudável são o caminho da prevenção da droga. Se há esses elementos, não há lugar para a droga, não há lugar para o abuso de álcool e para outras dependências.” 

Por sua vez, garantiu o Secretário de Estado, “a Igreja não pode abandonar quem está envovlido na espiral da droga: através da obra de tantos agentes e voluntários, se atua de modo para que essas pessoas redescubram a própria dignidade e façam reemergir aqueles recursos que a droga sepultou, mas não cancelou, a partir do momento que o homem é criado à imagem e semelhança de Deus”. Mas, destacou o purpurado, o trabalho de recuperação não basta: “É preciso investir na prevenção”.  

Ceis

O Centro Italiano de Solidariedade foi fundado pelo sacerdote Mario Picchi 40 anos atrás. Em diversas estruturas em toda a Itália, promove atividades para prevenir e combater a exclusão social de diversas categorias, com especial atenção aos jovens toxicômanos e suas famílias.

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Porta aberta: Laudato si - De 134 a 142

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Cidade do Vaticano (RV) - Ecologia integral: ambiental, econômica e social. 

134. Embora não disponhamos de provas definitivas acerca do dano que poderiam causar os cereais transgénicos aos seres humanos e apesar de, nalgumas regiões, a sua utilização ter produzido um crescimento económico que contribuiu para resolver determinados problemas, há dificuldades importantes que não devem ser minimizadas. Em muitos lugares, na sequência da introdução destas culturas, constata-se uma concentração de terras produtivas nas mãos de poucos, devido ao «progressivo desaparecimento de pequenos produtores, que, em consequência da perda das terras cultivadas, se viram obrigados a retirar-se da produção directa».[113] Os mais frágeis deles tornam-se trabalhadores precários, e muitos assalariados agrícolas acabam por emigrar para miseráveis aglomerados das cidades. A expansão destas culturas destrói a complexa trama dos ecossistemas, diminui a diversidade na produção e afecta o presente ou o futuro das economias regionais. Em vários países, nota-se uma tendência para o desenvolvimento de oligopólios na produção de sementes e outros produtos necessários para o cultivo, e a dependência agrava-se quando se pensa na produção de sementes estéreis que acabam por obrigar os agricultores a comprá-las às empresas produtoras.

135. Sem dúvida, há necessidade duma atenção constante, que tenha em consideração todos os aspectos éticos implicados. Para isso, é preciso assegurar um debate científico e social que seja responsável e amplo, capaz de considerar toda a informação disponível e chamar as coisas pelo seu nome. Às vezes não se coloca sobre a mesa a informação completa, mas é seleccionada de acordo com os próprios interesses, sejam eles políticos, económicos ou ideológicos. Isto torna difícil elaborar um juízo equilibrado e prudente sobre as várias questões, tendo presente todas as variáveis em jogo. É necessário dispor de espaços de debate, onde todos aqueles que poderiam de algum modo ver-se, directa ou indirectamente, afectados (agricultores, consumidores, autoridades, cientistas, produtores de sementes, populações vizinhas dos campos tratados e outros) tenham possibilidade de expor as suas problemáticas ou ter acesso a uma informação ampla e fidedigna para adoptar decisões tendentes ao bem comum presente e futuro. A questão dos OMG é uma questão de carácter complexo, que requer ser abordada com um olhar abrangente de todos os aspectos; isto exigiria pelo menos um maior esforço para financiar distintas linhas de pesquisa autónoma e interdisciplinar que possam trazer nova luz.

136. Além disso, é preocupante constatar que alguns movimentos ecologistas defendem a integridade do meio ambiente e, com razão, reclamam a imposição de determinados limites à pesquisa científica, mas não aplicam estes mesmos princípios à vida humana. Muitas vezes justifica-se que se ultrapassem todos os limites, quando se faz experiências com embriões humanos vivos. Esquece-se que o valor inalienável do ser humano é independente do seu grau de desenvolvimento. Aliás, quando a técnica ignora os grandes princípios éticos, acaba por considerar legítima qualquer prática. Como vimos neste capítulo, a técnica separada da ética dificilmente será capaz de autolimitar o seu poder.

CAPÍTULO IV

UMA ECOLOGIA INTEGRAL

137. Dado que tudo está intimamente relacionado e que os problemas actuais requerem um olhar que tenha em conta todos os aspectos da crise mundial, proponho que nos detenhamos agora a reflectir sobre os diferentes elementos duma ecologia integral, que inclua claramente as dimensões humanas e sociais.

1. Ecologia ambiental, económica e social

138. A ecologia estuda as relações entre os organismos vivos e o meio ambiente onde se desenvolvem. E isto exige sentar-se a pensar e discutir acerca das condições de vida e de sobrevivência duma sociedade, com a honestidade de pôr em questão modelos de desenvolvimento, produção e consumo. Nunca é demais insistir que tudo está interligado. O tempo e o espaço não são independentes entre si; nem os próprios átomos ou as partículas subatómicas se podem considerar separadamente. Assim como os vários componentes do planeta – físicos, químicos e biológicos – estão relacionados entre si, assim também as espécies vivas formam uma trama que nunca acabaremos de individuar e compreender. Boa parte da nossa informação genética é partilhada com muitos seres vivos. Por isso, os conhecimentos fragmentários e isolados podem tornar-se uma forma de ignorância, quando resistem a integrar-se numa visão mais ampla da realidade.

139. Quando falamos de «meio ambiente», fazemos referência também a uma particular relação: a relação entre a natureza e a sociedade que a habita. Isto impede-nos de considerar a natureza como algo separado de nós ou como uma mera moldura da nossa vida. Estamos incluídos nela, somos parte dela e compenetramo-nos. As razões, pelas quais um lugar se contamina, exigem uma análise do funcionamento da sociedade, da sua economia, do seu comportamento, das suas maneiras de entender a realidade. Dada a amplitude das mudanças, já não é possível encontrar uma resposta específica e independente para cada parte do problema. É fundamental buscar soluções integrais que considerem as interacções dos sistemas naturais entre si e com os sistemas sociais. Não há duas crises separadas: uma ambiental e outra social; mas uma única e complexa crise sócio-ambiental. As directrizes para a solução requerem uma abordagem integral para combater a pobreza, devolver a dignidade aos excluídos e, simultaneamente, cuidar da natureza.

140. Devido à quantidade e variedade de elementos a ter em conta na hora de determinar o impacto ambiental dum empreendimento concreto, torna-se indispensável dar aos pesquisadores um papel preponderante e facilitar a sua interacção com uma ampla liberdade académica. Esta pesquisa constante deveria permitir reconhecer também como as diferentes criaturas se relacionam, formando aquelas unidades maiores que hoje chamamos «ecossistemas». Temo-los em conta não só para determinar qual é o seu uso razoável, mas também porque possuem um valor intrínseco, independente de tal uso. Assim como cada organismo é bom e admirável em si mesmo pelo facto de ser uma criatura de Deus, o mesmo se pode dizer do conjunto harmónico de organismos num determinado espaço, funcionando como um sistema. Embora não tenhamos consciência disso, dependemos desse conjunto para a nossa própria existência. Convém recordar que os ecossistemas intervêm na retenção do dióxido de carbono, na purificação da água, na contraposição a doenças e pragas, na composição do solo, na decomposição dos resíduos, e muitíssimos outros serviços que esquecemos ou ignoramos. Quando se dão conta disto, muitas pessoas voltam a tomar consciência de que vivemos e agimos a partir duma realidade que nos foi previamente dada, que é anterior às nossas capacidades e à nossa existência. Por isso, quando se fala de «uso sustentável», é preciso incluir sempre uma consideração sobre a capacidade regenerativa de cada ecossistema nos seus diversos sectores e aspectos.

141. Além disso, o crescimento económico tende a gerar automatismos e a homogeneizar, a fim de simplificar os processos e reduzir os custos. Por isso, é necessária uma ecologia económica, capaz de induzir a considerar a realidade de forma mais ampla. Com efeito, «a protecção do meio ambiente deverá constituir parte integrante do processo de desenvolvimento e não poderá ser considerada isoladamente».[114] Mas, ao mesmo tempo, torna-se actual a necessidade imperiosa do humanismo, que faz apelo aos distintos saberes, incluindo o económico, para uma visão mais integral e integradora. Hoje, a análise dos problemas ambientais é inseparável da análise dos contextos humanos, familiares, laborais, urbanos, e da relação de cada pessoa consigo mesma, que gera um modo específico de se relacionar com os outros e com o meio ambiente. Há uma interacção entre os ecossistemas e entre os diferentes mundos de referência social e, assim, se demonstra mais uma vez que «o todo é superior à parte».[115]

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Papa nomeia sucessor de Dom Erwin para a Prelazia do Xingu

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa acolheu na manhã de quarta-feira (23/12), o pedido de renúncia de Dom Erwin Kräutler, que deixa, por razão de idade, a condução da Prelazia do Xingu após 35 anos.

Em seu lugar, foi nomeado o franciscano João Muniz Alves, que até o momento era o Guardião da Comunidade Franciscana de São Luís do Maranhão. Dom João Muniz Alves nasceu em 8 de janeiro de 1961 em Carema, município de Santa Rita, na Arquidiocese de São Luís do Maranhão. Emitiu seus primeiros votos na Ordem dos Frades Menores em 1986 e os votos solenes em 1991. Foi ordenado em 1993. Depois de estudar filosofia e teologia em Teresina, no Piauí, obteve o doutorado em ambas em Roma. 

Já como sacerdote, foi vigário paroquial, mestre de postulantes, pároco e definidor da vice-Província franciscana da diocese de Bacabal (MA). Em 2014 foi visitador geral da Província franciscana de Moçambique. Atualmente, exerce seu ministério como guardião da comunidade de São Luís do Maranhão, Vigário paroquial, formador e professor de teologia moral. 

Até a posse de Frei João, Dom Erwin Krautler permanece na condução da Prelazia como Administrador Apostólico. 

(CM)

 

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Igreja no Brasil



Dom Erwin, 50 anos no Xingu: vitórias e tristezas

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Cidade do Vaticano (RV) - Chegado ao Brasil recém-ordenado, aos 26 anos, em 1980, Padre Erwin Erwin foi trabalhar no Pará: vigário cooperador de Altamira; pároco de São Francisco Xavier de Souzel; reitor da Escola Apostólica São Gaspar, Altamira; professor de Filosofia Educacional e Psicologia Educacional no Instituto Maria de Mattias de Altamira; ecônomo da Prelazia do Xingu; e encarregado pastoral de Vila Vitória. Recebeu a cidadania brasileira em 1981. 

Há cinquenta anos, Dom Erwin vive ao lado dos índios, dividindo com eles o empenho de salvar a floresta da insaciável fome de recursos das grandes empresas, usinas, madeireiras e monoculturas.  

Ser emérito

Em entrevista concedida em 2012, Dom Erwin declarou que “tornar-se bispo emérito não significa entregar os pontos“ e assegurou que seu empenho em favor da dignidade e dos direitos dos povos indígenas, dos ribeirinhos, das mulheres, das crianças, dos jovens, dos expulsos de casa e terra, dos agredidos e machucados, enfim, de todos os “excluídos do banquete da vida“ e a defesa do meio-ambiente, o “lar“ que Deus criou para todos nós, vão continuar enquanto Deus lhe der o fôlego. 

No dia em que sua renúncia foi aceita, quarta-feira, 23 de dezembro, Dom Erwin conversou com a RV: 

“Faz tempo que já pedi a renúncia e escrevi a carta ao nosso Papa e durou um bocado de tempo até que agora, acharam o sucessor. Tenho fé em Deus que tudo continue nas linhas que nós há tantos anos estamos realizando aqui e fé em Deus que o novo bispo tenha a força e a coragem, com a graça de Deus e a iluminação do Espírito Santo para que possa tomar conta realmente desta imensa prelazia que é maior que a Itália e a maior circunscrição eclesiástica de todo o Brasil. É uma diocese bastante complexa e em parte, bastante conflitiva; estamos enfrentando não sei quantos desafios aqui... então, espero que o novo bispo tenha esta força e possa, com a graça de Deus, servir ao povo de Deus do Xingu”.

Os momentos mais felizes e menos felizes desta trajetória 

“Os momentos mais felizes continuam, quer dizer, estou no meio deste povo, nas comunidades, aonde leigos e leigas assumiram a sua responsabilidade. Temos apenas 31 padres para 800 comunidades e uma parte deles tem mais de 70 anos. Se a leiga e o leigo não assumem, então não tem Igreja. Isso para mim é uma alegria ver esta responsabilidade baseada no batismo e no sacramento da crisma. Isto é uma vitória para mim. Outra vitória é que, como Presidente do CIMI, conseguimos em 1987 inscrever os direitos dos povos indígenas na Constituição Federal. Foi uma luta imensa, mas Deus ajudou e agora, continuamos pedindo a Deus que não seja alterado o enunciado na própria Constituição. Isto seria um desastre para os povos indígenas. Tive outras, tantas alegrias”.

“Os momentos mais tristes, você pode imaginar, são os momentos em que estamos diante do caixão de uma pessoa que foi assassinada... tivemos vários casos em nossa prelazia nos últimos anos... Irmã Dorothy, o Dema, Irmão Beto, e o Padre Tori, que faleceu ao meu lado naquele desastre... estes são momentos que não podemos esquecer, fazem parte da vida”. 

O novo bispo deverá ter coragem 

“É... o Papa fala sempre que coragem.. Seja corajoso e também muito misericordioso!”.

(CM)

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Diocese de Colatina convoca sociedade em favor do Rio Doce

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Colatina (RV) - A Diocese de Colatina (ES) convoca toda a sociedade para participar de um manifesto em favor do rio Doce no dia 24 de dezembro, às 9 horas, em Colatina.

Desde o rompimento da barragem pertencente à Samarco com rejeitos de minério, no dia 5 de novembro, em Mariana (MG), a Diocese de Colatina vive as consequências da morte do Rio Doce. Por onde passou, a lama promoveu uma devastação. Esse já é considerado o maior e sem precedentes desastre ambiental no Brasil.

“Ainda não há informações precisas sobre a recuperação do rio Doce. Sabe-se, porém, que tudo deve ser feito para amenizar os problemas sociais, ambientais e econômicos que surgiram após a tragédia. A mobilização será, portanto, uma oportunidade para a sociedade manifestar sua indignação, preocupação e tristeza”, lê-se na nota de convocação da Diocese.

O manifesto tem início no bairro São Silvano, próximo à Ponte Florentino Avidos, de onde o grupo partirá em caminhada até o centro da cidade, encerrando com a bênção na praça da Catedral. Lá, será lido e entregue um manifesto público. Os participantes são convidados a trazer faixas e cartazes, e a usar roupas e bonés na cor preta.

A ideia é que essa manifestação se repita todos os anos, a fim de que o problema não seja esquecido pela sociedade, pelo poder público e pelos responsáveis.

(BF)

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Igreja na América Latina



Bispos colombianos: ser instrumentos de reconciliação, justiça e paz

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Bogotá (RV) - Na tradicional mensagem de Natal, os bispos colombianos convidam seus compatriotas e, em particular, os governantes, a se tornarem autênticos instrumentos de reconciliação, de justiça e de paz. 

Os prelados convidam “aqueles que escolheram o caminho das armas e da violência, da corrupção e da injustiça” a “descobrir no Presépio o verdadeiro sentido da grandeza e da riqueza, da promoção dos direitos humanos e dos valores que constroem a sociedade”.

Os bispos colombianos encorajam aqueles que promovem e defendem a vida a que “não se cansem de anunciar o valor da existência em todas as suas fases”.

Encontro fraterno e perdão sincero

A mensagem recorda que a celebração do nascimento de Jesus “deve levar-nos a um tempo de alegria, de encontro fraterno, de generosa partilha, de perdão sincero e de paz”.

Nesse sentido, os bispos recordam que hoje, mais do que nunca, não basta celebrar este evento na “comodidade de nossas casas, mas é preciso expressar nossa compaixão a tantas pessoas desprovidas de afeto, de uma casa digna, de uma refeição cotidiana, de paz por causa da violência ou de oportunidade para seguir adiante”.

“Somente desse modo nossas vidas poderão tornar-se presépios vivos que acolhem o Menino Jesus, e símbolos de esperança para a nova sociedade que todos sonham construir”, lê-se.

O Natal todos os dias

Embora o Natal seja festejado somente durante poucos dias, observam os bispos colombianos, em seu profundo significado, este tempo poderia ser prolongado a todos os dias do ano mediante a proximidade, a alegria, o respeito, a misericórdia, o perdão e a paz, afirmam.

A mensagem episcopal ressalta que, mesmo se são vividos momentos de aridez, de dor, de sofrimento, ou mesmo de guerra, nada disso poderá silenciar a grande Notícia do nascimento do Salvador. “Nada e ninguém poderá silenciar a voz que vem libertar-nos de tudo aquilo que oprime, destrói e aniquila a dignidade e a condição de filhos de Deus”, frisam.

Natal é muito mais do que luzes nas ruas e nas casas

As luzes e as decorações nas ruas e nas casas recordam o tempo de Natal e evocam a gruta de Belém, mas “o Natal é muito mais”, afirmam os bispos convidando a celebrar autenticamente este tempo e a receber com fé os dons de Deus.

“Esta fé implica um sim ao Senhor de modo que a sua graça chegue e envolva toda a existência.” Por fim, os bispos fazem votos de um feliz Natal a todo o povo colombiano com a bênção do Senhor em todas as casas e a todas as famílias. (RL)

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Igreja no Mundo



Fr. Pizzaballa: a violência interroga a nossa fé neste Natal

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Jerusalém (RV) - “Na Síria, no Iraque, na Terra Santa, tanto no Oriente como no Ocidente, parece que a força é a única voz possível para combater a violência que nos domina. Esperar o Natal nessas condições interroga a nossa fé e provoca a necessidade de uma esperança maior”, afirma o Fr. Pierbattista Pizzaballa OFM, Custódio da Terra Santa, em sua mensagem de Natal.
 

“Estamos vivendo um tempo árduo, em que a sucessão de tragédias e violência nos encheu de medo”, indica o Custódio em sua mensagem, que acrescenta: “O medo parece ditar nosso comportamento, inclusive nas pequenas ações cotidianas. Porém, sobretudo, temos medo do próximo, como se tivéssemos perdido o valor de acreditar. Já não confiamos mais e somos tentados a nos fechar no nosso pequeno. Temos medo do muçulmano, do judeu, do oriental ou do ocidental, dependendo de onde nos encontramos. O inimigo é “o outro”; pensamos que “os outros” estão contra nós, que nos ameaçam e arruínam a esperança de um mundo seguro, de um futuro melhor”.

Porém, acrescenta Fr. Pizzaballa, não é assim. “O Evangelho nos diz que a plenitude do tempo se realizou num momento difícil. O Natal nos diz que Deus ama a vida, que Ele mesmo é a vida. E esta verdade é o motivo para estar nesta terra. Porque é o tempo de buscar motivações autênticas, razões últimas para seguir vivendo e esperando. Razões e motivações que perdurem, que não sofram as oscilantes fases de nossas angústias ou de nossas euforias, que tenham o sabor da medida justa, de um horizonte real. É tempo de buscar perguntas e respostas, orientações, de reencontrar o Oriente. E este Oriente é Cristo, Homem e Deus. O Natal, portanto, nos atrai a este Oriente”.

Por fim, o Custódio convidou os fiéis da Terra Santa a caminhar “rumo ao encontro”.

“Os votos deste ano, o Custódio da Terra Santa, é o de perseguir com confiança este caminho, que tem um só rosto: o da misericórdia do Pai, que nos espera sempre, com fidelidade, inclusive hoje.”

(BF)

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Muçulmanos fazem escudo humano para defender cristãos no Quênia

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(Rádio Vaticano) – A notícia de que um grupo de muçulmanos evitou um novo massacre de cristãos na segunda-feira (21/12), no Quênia, ganhou destaque nas manchetes internacionais. O fato aconteceu na fronteira com a Somália, há um mês da visita do Papa ao país.

Extremistas do Al Shabaab assediaram um ônibus e intimaram os muçulmanos a se separarem dos cristãos, mas sem sucesso. De acordo com testemunhas, a resposta teria sido: “Matem todos ou nos deixem ir”. Apesar disso, duas pessoas morreram e três ficaram feridas.

Sobre este episódio surpreendente, a Rádio Vaticano ouviu o pároco de Iriamurai, na diocese de Umbu, Padre Piero Primieri.

Padre Primieri: A imprensa local, sobretudo o jornal mais difuso, o Daily Nation, deu grande destaque à notícia com uma página inteira, descrevendo como os muçulmanos formaram um escudo para os cristãos contra o Al Shabaab. A notícia traz grande encorajamento, é uma alegria ver como as coisas estão mudando.

RV: Não é a primeira vez que ataques são registrados naquela região? Como é a realidade local?

PP: Estamos no nordeste do Quênia, entre a Somália e a Etiópia. Uma zona um pouco difícil, porque além dos somalis também há a presença dos Oromo que saem da Etiópia em direção ao sul. Portanto, é uma região muito difícil. No mesmo lugar já haviam sido registrados outros ataques.

RV: Qual é a importância dessa decisão dos muçulmanos?

PP: Encoraja. Na verdade, o governo se esforça para conter os ataques junto aos imãs e lideranças muçulmanas locais. Recentemente, em todo o país, estas lideranças exortaram por uma mudança de comportamento. Quem sabe, um pouco eles, um pouco a visita do Papa, algo está mudando também entre os muçulmanos.

RV: O Papa havia pedido uma única nação...

PP: Sim, penso que a visita do Papa tenha muitas consequências. Aqui, escuto as pessoas que comentam positivamente o que aconteceu e dizem: é verdadeiramente fruto da visita do Papa, do quanto disse e do comportamento que teve em relação a todos, porque o Papa soube tocar de verdade os corações. (RB)

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No Quênia, muçulmanos protegem cristãos de ataque de radicais

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Nairóbi (RV) – “Trata-se de um fato muito positivo; um sinal concreto de que os muçulmanos quenianos são contra a violência”. Foi o que afirmou à Agência Fides Dom Joseph Alessandro, Bispo de Garissa, nordeste do Quênia, na fronteira com a Somália. Pertence à sua Diocese a localidade de Elwak, onde um ônibus que fazia a linha Mandera-Nairóbi, foi invadido por um grupo do Al Shabaab somali.

Como já havia acontecido em outras ocasiões, os terroristas tentaram separar os reféns muçulmanos dos não-muçulmanos com o objetivo de matar estes últimos. Mas os passageiros muçulmanos se opuseram, salvando a vida de seus conterrâneos cristãos. No ataque, no entanto, duas pessoas foram mortas, um passageiro do ônibus e o motorista de um caminhão que percorria a mesma estrada.

“O Al Shabaab agora sabe que não tem o apoio da comunidade muçulmana”, afirma Dom Alessandro. “Esperemos que se prossiga nesta direção, pois há um ano ocorreu um ataque semelhante que provocou uma tragédia”, acrescentou o prelado.

Em 22 de novembro de 2014, de fato, radicais do Al Shabaab mataram 22 pessoas que estavam em um ônibus voltando para seus locais de origem para as festas de Natal. As vítimas foram escolhidas com base em sua religião. A mesma sorte foi reservada aos 36 trabalhadores de uma escavação na localidade de Koromeu, massacrados em 1º de dezembro de 2014. (JE)

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Cáritas Portuguesa convida a acender uma vela pela paz

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Lisboa (RV) – A Cáritas Portuguesa convida todos os cidadãos a acenderem uma vela na noite de Natal na janela de suas casas.

“Trata-se de fazermos todos, enquanto sociedade, uma manifestação pública de paz. Por episódios recentes parece que o mundo está encoberto numa escuridão que cria desânimo em cada um de nós”, assinala o Presidente da Cáritas Portuguesa, Eugénio Fonseca.

“Coloque a sua vela na janela da sua casa, sabendo que com esse gesto está dando um sinal de que quer a paz para o mundo, que já está trabalhando por ela através deste gesto solidário”, apela ainda o Presidente da Cáritas nacional.

Este pedido insere-se na campanha de Natal “10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz”, que se expressa simbolicamente numa vela que tem o valor de um euro, à venda numa cadeia de supermercados, nas Cáritas Diocesanas, escolas e paróquias.

Do valor arrecadado, 65% destina-se a todos aqueles que, em Portugal, são apoiados pela rede Cáritas; 35% do valor servirá para dar resposta a necessidades de vítimas dos conflitos no Oriente Médio, mais concretamente a Cáritas do Líbano.

A campanha de Natal ‘10 Milhões de Estrelas – Um Gesto pela Paz 2015’ da Cáritas é promovida em Portugal há 13 anos.

(BF/Ecclesia)

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Formação



A Nostra Aetate e a construção da paz

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Cidade do Vaticano (RV) – No nosso Espaço Memória Histórica – 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar, na edição de hoje, da Declaração conciliar Nostra Aetate. 

Em 28 de outubro de 1965, o Papa Paulo VI promulgava a Declaração Nostra Aetate. O documento marcou uma reviravolta nas relações da Igreja com as religiões não-cristãs, buscando considerar, primeiramente, “tudo aquilo que os homens têm de comum e os leva à convivência”.

Mas, passados 50 anos, quais dos pressupostos da Declaração não foram ainda implementados? Quem nos responde, é o Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Ecumenismo e o Diálogo Inter-religioso da CNBB, Dom Francisco Biasin:

"Eu creio que seria sobretudo a capacidade, por parte das várias religiões, sobretudo das grandes religiões, de purificar o seu relacionamento com Deus, o seu compromisso com o irmão, a valorização do outro, da outra religião, dos aspectos políticos e econômicos. Infelizmente nós estamos vendo que certos fundamentalismos, não provém da religião, mas provém quando a religião, o caminho da fé, ele é viciado por interesses de qualquer natureza: o interesse político, o interesse racial, o interesse econômico, ou outros tipos. Interesses, também, de uma cultura dominante sobre as outras. Portanto, encontrar o núcleo da fé de cada religião e trabalhar a partir deste. Pois se nós nos deixamos viciar por outros elementos deviantes, é muito difícil dialogar. Neste sentido eu acho que temos muito caminho a fazer, pois vemos também nos nossos dias como as influências políticas, raciais, econômicas e outros tipos de interesse afetam profundamente qualquer possibilidade de diálogo".

Neste sentido, também os líderes religiosos desempenham um papel preponderante em fomentar o diálogo e uma formação de seus seguidores voltada para a paz e a tolerância. Nós pedimos a Dom Biasin para fazer uma relação entre a Declaração Nostra Aetate, as religiões e a paz:

"O Documento Nostra Aetate é uma semente. A semente foi lançada, deu frutos nestes cinquenta anos, sobretudo a nível de diálogo bilateral, entre a Igreja Católica e as outras religiões. O diálogo, todos os Papas, basta pensar na Ut unum sint de São João Paulo II, depois muitos documentos também do Papa Bento XVI e o Papa Francisco, como continuamente ele fala da cultura do encontro. O diálogo é indispensável! E é indispensável não somente para que nós nos compreendamos, mas para dar ao mundo uma luminosidade muito grande em relação à construção da paz. Se entre nós não conseguimos encontrar caminhos de diálogo, não tem salvação para o mundo. O Papa João Paulo II, ainda em 86, por ocasião do Encontro de Assis, ele chegou a dizer: "ou enveredamos pelo caminho do diálogo ou nós vamos para a destruição". É uma palavra profética. Então Nostra Aetate favoreceu o diálogo, o diálogo como caminho para a construção da paz". (JE)

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Atualidades



Migrantes: 3.600 morreram tentando chegar à Europa

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Roma (RV) - Mais um naufrágio de migrantes no Mar Egeu: 10 os mortos, entre os quais cinco crianças. O barco a bordo do qual viajavam naufragou ao largo de Farmaco, uma ilha do Dodecaneso, cerca de dez quilômetros da costa turca. Até hoje, desde o início do ano, 3.600 pessoas morreram tentando chegar à Europa.

Os números são assustadores, mas não dão a verdadeira dimensão da tragédia, porque as cifras são sempre inferiores. Mais de um milhão de migrantes chegaram à Europa em 2015, mas aqueles que se colocaram em marcha são na realidade muito mais, e estima-se que as vítimas das chamadas "viagens da esperança" sejam pelo menos 3.600.

As estimativas são da Organização Internacional para as Migrações e do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados que indicam como destino de chegada a Grécia em primeiro lugar, seguido pela Itália, onde este ano chegaram mais de 150 mil pessoas. Depois Bulgária, Espanha, Chipre e Malta. Metade dos refugiados provém da Síria, muitos os afegãos e iraquianos.

Em Trapani, sul da Itália, começou a operar uma nova estrutura, que abriu imediatamente as portas para acolher 128 migrantes resgatados nesta terça-feira no Canal da Sicília. Dois os salvamentos realizados nesta terça no Canal da Sicília ontem pelo navio de Médicos Sem Fronteiras Bourbon Argos, no total 214 pessoas se recuperadas, entre elas 61 mulheres e duas crianças. (SP)

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Em Taranto, muçulmanos abrem Porta Santa com católicos

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Cidade do Vaticano (RV) – O Arcebispo de Taranto, na Itália, Dom Filippo Santoro, trabalhou como bispo no Brasil durante quase 15 anos, de 1996 a 2004, primeiramente como auxiliar do Rio e em seguida, como bispo de Petrópolis (RJ).  Em novembro de 2011, voltou à sua terra natal. Em Taranto, convive com uma realidade delicada, em meio a desemprego e condições ambientais difíceis, pela presença de uma usina metalúrgica que, por um lado dá emprego, mas por outro, polui.

Além disso, por ser uma cidade no litoral do sul do país, é uma das metas mais frequentes de chegada de imigrantes. O arcebispo, sensível ao problema, já destinou um edifício da arquidiocese como abrigo temporário e é ativo na promoção do diálogo com esta comunidade, em grande parte, muçulmana. Nos últimos dias, na abertura da Porta Santa, os islâmicos doaram ao Arcebispo Dom Filippo Santoro uma pequena estátua do Menino Jesus, como sinal de respeito pelo Natal que está chegando.  

Católicos e muçulmanos participaram da cerimônia e as duas comunidades condenaram juntas as guerras de religião aonde o nome de Deus é utilizado para matar e destruir, desrespeitando a mensagem de paz que ambas as religiões transmitem.

Dom Filippo relata o evento no detalhe. Ouça aqui:

  

(CM)

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Em 2015, nascimentos de Jesus e de Maomé celebrados na mesma data

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Paris (RV) – Há 457 anos não coincidiam as celebrações dos nascimentos de Jesus e do Profeta Maomé. Neste ano, de fato, o Mawlid al-NabÄ« será recordado na noite de 24 de dezembro em todo o mundo árabe. Precedentemente, a coincidência ocorreu em 1558, enquanto em 1852 o Mawlid coincidiu com a data de 25 de dezembro. O fato foi explicado pelo Diretor do Serviço Nacional para as Relações com os Muçulmanos, Padre Vincent Feroldi, em um artigo publicado no site da Conferência Episcopal francesa e citado pelo L’Osservatore Romano. 

A alegria comum dos cristãos e muçulmanos

A notícia repercutiu em toda a França e não somente. “Há dias – explica Padre Feroldi – a mídia argelina e marroquina falam sobre isto. A transmissão “Islam de France”, de 27 de dezembro, será inteiramente dedicada a este tema. Algumas dioceses, como as de Metz, Angers e Lille, mobilizaram-se para o acontecimento. Cristãos e muçulmanos, da Bélgica ao Maghreb, alegram-se com o fato”.

Um sinal de Deus nestes tempos difíceis

“Comunidades cristãs e muçulmanas – escreve ainda Padre Feroldi – estarão com seus corações em festa. Darão graças a Deus, cada uma na própria tradição, por esta boa notícia que é o nascimento de Jesus ou de Maomé, nascimentos que serão fonte de encontro entre homens e mulheres fieis e aquele que é fonte de vida, fonte da vida”. “Muitos querem ver tal unidade de datas muito rara - observa o sacerdote - como um sinal de Deus, nestes tempos difíceis em que a paz anunciada pelos anjos, na noite de Natal, é maltratada pela loucura dos homens”.

Festejar aquilo que une sem ignorar aquilo que diferencia

A mensagem lançada, portanto, pelo diretor do organismo episcopal é “de festejar aquilo que nos une, sem ignorar aquilo que nos diferencia”, porque “não se trata de incorrer em um banal sincretismo, comparando Jesus com Maomé”, mas “esta simultaneidade de festas é uma belíssima oportunidade de encontro e de troca”, porque “oferece a possibilidade de dizer que estamos felizes de estar juntos, crentes, em uma mesma atitude espiritual ou humana em que, por um lado, nos dirigimos a Deus na oração e, por outro, vivemos momentos de fraternidade e amizade” em família e com o próximo.

Respeito e reconhecimento recíproco entre as duas religiões

O convite, portanto para este período de Natal, é o de acolhermo-nos mutuamente, cristãos e muçulmanos, expressando “o respeito e o reconhecimento recíprocos pelas duas tradições religiosas”, dando assim “um grande sinal do viver juntos nesta época em que, em nome da religião e de Deus, alguns pregam o ódio ou cometem atentados”.

Em 2015 – conclui Padre Feroldi – Jesus o Salvador “é mais do que nunca um sinal, graça e misericórdia para todos os homens. É o príncipe da paz”. (JE)

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Celebrar o Natal em Brunei pode dar 5 anos de prisão

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Bandar Seri Begawan (RV) – Quem celebrar o Natal em local público em Brunei, pequeno sultanato no sudeste asiático onde vigora a Sharia (lei islâmica), pegará 5 anos de prisão ou pagará uma multa de 20 mil dólares. A disposição é do próprio Sultão Kassanal Bolkiah, para evitar festejos “excessivos e abertos” que possam afastar a população muçulmana “do caminho correto”. 

A diretiva emitida nos meses passados, foi confirmada nestes dias pelos governantes, com total apoio dos líderes religiosos islâmicos. Os cristãos, minoria no país, poderão celebrar o Natal de forma privada, desde que avisem as autoridades com antecedência.

Entre os gestos ligados à festa cristã considerados “ofensivos”, e por isto considerados fora da lei, estão: usar símbolos religiosos como cruzes ou acender velas; montar árvores de Natal e decorações natalinas, usar roupas de Papai Noel, entoar hinos religiosos e enviar felicitações.

Proibição

Imames e estudiosos muçulmanos de Brunei repetiram nestes dias que proibir os festejos do Natal é fundamental para evitar “danos à fé islâmica”. Mesmo assim, alguns cidadãos desafiaram a proibição publicando nas redes sociais algumas fotos ligadas ao Natal, com a hashtag #MyFreedom. Trata-se, de fato, de uma campanha internacional que convida à celebração do Natal também em países como a Arábia Saudita, onde os símbolos e festas cristãs são proibidos.

Poder

A produção de petróleo em Brunei representa mais da metade do Produto Interno Bruto. Na primavera de 2014, o Sultão Kassanal, de 69 anos, introduziu a Lei Islâmica no país. Ademais, as pressões exercidas pelo poder político sobre a sociedade são sutis mas constantes. A imprensa local divulga as conversões do cristianismo ao Islã, mas o percurso contrário é punido com a morte por apostasia.

O Sultanato de Brunei é um pequeno Estado na Ilha de Bornéu, compartilhada com outras duas nações: Indonésia e Malásia. É um país desenvolvido e está entre os mais ricos do mundo. A língua oficial é o malaio, mas também é falado o inglês e o chinês.

Quase 70% dos 400 mil habitantes desta monarquia absoluta islâmica é de religião muçulmana e de etnia malaia. Cerca de 13% são budistas, 10% dizem não professar nenhuma religião, enquanto os cristãos – metade dos quais católicos – representam 10% da população. (JE/Asianews)

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