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Sumario del 25/12/2015

Papa e Santa Sé

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Papa e Santa Sé



Papa: "Onde nasce Deus, nasce a esperança e floresce a misericórdia"

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Cidade do Vaticano (RV) – “Onde nasce Deus, nasce a esperança, nasce a paz e floresce a misericórdia”. Na tradicional Mensagem Urbi et Orbi por ocasião do Natal, o Papa Francisco rezou pela paz. Ao recordar os tantos conflitos em andamentos nas diversas partes do mundo e as situações que ferem a dignidade humana, pediu: “Ao contemplar o presepio, fixemos o olhar nos braços abertos de Jesus, que mostram o abraço misericordioso de Deus, enquanto ouvimos as primeiras expressões do Menino que nos sussurra: A paz esteja contigo!”.

Assista a mensagem na íntegra no canal youtube

Diante de milhares de fieis reunidos na Praça São Pedro e adjacências, o Papa Francisco dirigiu-se “à cidade e ao mundo” da sacada central da Basílica de São Pedro, para anunciar que “Cristo nasceu para nós (…) Ele é o “dia” luminoso que surgiu no horizonte da humanidade. Dia de misericórdia, em que Deus Pai revelou à humanidade a sua imensa ternura. Dia de luz que dissipa as trevas do medo e da angústia. Dia de paz, em que se torna possível encontrar-se, dialogar, reconciliar-se. Dia de alegria: uma «grande alegria» para os pequenos e os humildes, e para todo o povo”.

O presepio mostra-nos o “sinal” que Deus nos deu: “um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura”. E “juntamente com os pastores – convidou o Santo Padre -  prostremo-nos diante do Cordeiro, adoremos a Bondade de Deus feita carne e deixemos que lágrimas de arrependimento inundem os nossos olhos e lavem o nosso coração, todos temos necessidade”:

“Ele, só Ele, nos pode salvar. Só a Misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de tantas formas de mal – por vezes monstruosas – que o egoísmo gera nela. A graça de Deus pode converter os corações e suscitar vias de saída em situações humanamente irresolúveis”.

Paz no Oriente Médio

“Onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra” – disse o Pontífice - recordando que “precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões e violências, e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído”:

“Oxalá israelenses e palestinos retomem um diálogo direto e cheguem a um acordo que permita a ambos os povos conviverem em harmonia, superando um conflito que há muito os mantém contrapostos, com graves repercussões na região inteira. Ao Senhor, pedimos que o entendimento alcançado nas Nações Unidas consiga quanto antes silenciar o fragor das armas na Síria e pôr remédio à gravíssima situação humanitária da população exausta. É igualmente urgente que o acordo sobre a Líbia encontre o apoio de todos, para se superarem as graves divisões e violências que afligem o país. Que a atenção da Comunidade Internacional se concentre unanimemente em fazer cessar as atrocidades que, tanto nos referidos países, como no Iraque, Líbia, Iêmen e na África subsaariana, ainda ceifam inúmeras vítimas, causam imensos sofrimentos e não poupam sequer o patrimônio histórico e cultural de povos inteiros”.

Terrorismo e cristãos perseguidos

O Papa recordou ainda as vítimas dos “hediondos atos terroristas, em particular pelos massacres recentes ocorridos nos céus do Egito, em Beirute, Paris, Bamaco e Túnis”, pedindo também  consolação e força ao Menino Jesus para os cristãos “perseguidos em muitas partes do mundo por causa de sua fé. São os mártires de hoje”.

África

O fortalecimento do diálogo na República Democrática do Congo, no Burundi e no Sudão do Sul foi ressaltado pelo Papa, “em prol da edificação de sociedades civis animadas por sincero espírito de reconciliação e compreensão mútua”.

Ucrânia e Colômbia

O Papa referiu-se também à Ucrânia, pedindo que a verdadeira paz “inspire a vontade de cumprir os acordos assumidos para se restabelecer a concórdia no país inteiro” e que ilumine os esforços do povo colombiano, para que “continue empenhado na busca da desejada paz”.

Dignidade humana ferida

O Papa recordou também da existência de “multidões de homens e mulheres que estão privados da sua dignidade humana e, como o Menino Jesus, sofrem o frio, a pobreza e a rejeição dos homens”:

“Chegue hoje a nossa solidariedade aos mais inermes, sobretudo às crianças-soldado, às mulheres que sofrem violência, às vítimas do tráfico de seres humanos e do narcotráfico”.

Refugiados

O drama das milhares de pessoas que viajam “em condições desumanas”,  arriscando a própria vida em busca de segurança e de uma esperança foram recordados por Francisco:

“Sejam recompensados com abundantes bênçãos quantos, indivíduos e Estados, generosamente se esforçam por socorrer e acolher os numerosos migrantes e refugiados, ajudando-os a construir um futuro digno para si e seus entes queridos e a integrar-se nas sociedades que os recebem”.

Desempregados

O Santo Padre também pediu que o Senhor dê esperança aos desempregados, que são tantos,  e sustente “o compromisso de quantos possuem responsabilidades públicas no campo político e econômico a fim de darem o seu melhor na busca do bem comum e na protecção da dignidade de cada vida humana”.

Encarcerados e misericórdia

Ao falar da misericordia, o Papa dirigiu-se aos encarcerados:

“Onde nasce Deus, floresce a misericórdia. Este é o presente mais precioso que Deus nos dá, especialmente neste ano jubilar em que somos chamados a descobrir a ternura que o nosso Pai celeste tem por cada um de nós. O Senhor conceda, particularmente aos encarcerados, experimentar o seu amor misericordioso que cura as feridas e vence o mal”.

E assim hoje, juntos, concluiu o Papa, “exultemos no dia da nossa salvação”, fixando o olhar nos braços abertos de Jesus no presépio, que nos mostra o abraço misericordioso de Deus” e que proclama: “A paz esteja contigo!”.

Após o Papa concedeu a todos a sua Bênção com a Indulgência Plenária na forma prevista pela Igreja. 

Ao concluir, Francisco dirigiu-se a todos os presentes na Praça São Pedro e àqueles que o acompanhavam pela rádio, televisão e outros meios de comunicação, para desejar as suas mais cordiais felicitações de Natal:

Misericórdia com os irmãos

“É o Natal do Ano Santo da Misericórdia, por isto desejo a todos que possa acolher na própria vida a misericórdia de Deus, que Jesus Cristo nos deu, para sermos misericordiosos com os nossos irmãos. Assim, faremos crescer a paz!”. (JE)

 

Eis a mensagem na íntegra:

Queridos irmãos e irmãs, feliz Natal!

Cristo nasceu para nós, exultemos no dia da nossa salvação! Abramos os nossos corações para receber a graça deste dia, que é Ele próprio: Jesus é o «dia» luminoso que surgiu no horizonte da humanidade. Dia de misericórdia, em que Deus Pai revelou à humanidade a sua imensa ternura. Dia de luz que dissipa as trevas do medo e da angústia. Dia de paz, em que se torna possível encontrar-se, dialogar, reconciliar-se. Dia de alegria: uma «grande alegria» para os pequenos e os humildes, e para todo o povo (cf. Lc 2, 10).

Neste dia, nasceu da Virgem Maria Jesus, o Salvador. O presépio mostra-nos o «sinal» que Deus nos deu: «um menino envolto em panos e deitado numa manjedoura» (Lc 2, 12). Como fizeram os pastores de Belém, vamos também nós ver este sinal, este acontecimento que, em cada ano, se renova na Igreja. O Natal é um acontecimento que se renova em cada família, em cada paróquia, em cada comunidade que acolhe o amor de Deus encarnado em Jesus Cristo. Como Maria, a Igreja mostra a todos o «sinal» de Deus: o Menino que Ela trouxe no seu ventre e deu à luz, mas que é Filho do Altíssimo, porque «é obra do Espírito Santo» (Mt 1, 20). Ele é o Salvador, porque é o Cordeiro de Deus que toma sobre Si o pecado do mundo (cf. Jo 1, 29). Juntamente com os pastores, prostremo-nos diante do Cordeiro, adoremos a Bondade de Deus feita carne e deixemos que lágrimas de arrependimento inundem os nossos olhos e lavem o nosso coração.

Ele, só Ele, nos pode salvar. Só a Misericórdia de Deus pode libertar a humanidade de tantas formas de mal – por vezes monstruosas – que o egoísmo gera nela. A graça de Deus pode converter os corações e suscitar vias de saída em situações humanamente irresolúveis.

Onde nasce Deus, nasce a esperança. Onde nasce Deus, nasce a paz. E, onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra. E no entanto, precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões e violências, e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído. Oxalá israelenses e palestinos retomem um diálogo direto e cheguem a um acordo que permita a ambos os povos conviverem em harmonia, superando um conflito que há muito os mantém contrapostos, com graves repercussões na região inteira.

Ao Senhor, pedimos que o entendimento alcançado nas Nações Unidas consiga quanto antes silenciar o fragor das armas na Síria e pôr remédio à gravíssima situação humanitária da população exausta. É igualmente urgente que o acordo sobre a Líbia encontre o apoio de todos, para se superarem as graves divisões e violências que afligem o país. Que a atenção da Comunidade Internacional se concentre unanimemente em fazer cessar as atrocidades que, tanto nos referidos países, como no Iraque, Líbia, Iémen e na África subsaariana, ainda ceifam inúmeras vítimas, causam imensos sofrimentos e não poupam sequer o património histórico e cultural de povos inteiros. Penso ainda em quantos foram atingidos por hediondos atos terroristas, em particular pelos massacres recentes ocorridos nos céus do Egipto, em Beirute, Paris, Bamaco e Túnis.

Aos nossos irmãos, perseguidos em muitas partes do mundo por causa da sua fé, o Menino Jesus dê consolação e força.

Paz e concórdia, pedimos para as queridas populações da República Democrática do Congo, do Burundi e do Sudão do Sul, a fim de se reforçar, através do diálogo, o compromisso comum em prol da edificação de sociedades civis animadas por sincero espírito de reconciliação e compreensão mútua.

Que o Natal traga verdadeira paz também à Ucrânia, proporcione alívio a quem sofre as consequências do conflito e inspire a vontade de cumprir os acordos assumidos para se restabelecer a concórdia no país inteiro.

Que a alegria deste dia ilumine os esforços do povo colombiano, para que, animado pela esperança, continue empenhado na busca da desejada paz.

Onde nasce Deus, nasce a esperança; e, onde nasce a esperança, as pessoas reencontram a dignidade. E, todavia, ainda hoje há multidões de homens e mulheres que estão privados da sua dignidade humana e, como o Menino Jesus, sofrem o frio, a pobreza e a rejeição dos homens. Chegue hoje a nossa solidariedade aos mais inermes, sobretudo às crianças-soldado, às mulheres que sofrem violência, às vítimas do tráfico de seres humanos e do narcotráfico.

Não falte o nosso conforto às pessoas que fogem da miséria ou da guerra, viajando em condições tantas vezes desumanas e, não raro, arriscando a vida. Sejam recompensados com abundantes bênçãos quantos, indivíduos e Estados, generosamente se esforçam por socorrer e acolher os numerosos migrantes e refugiados, ajudando-os a construir um futuro digno para si e seus entes queridos e a integrar-se nas sociedades que os recebem.

Neste dia de festa, o Senhor dê esperança àqueles que não têm trabalho e sustente o compromisso de quantos possuem responsabilidades públicas em campo político e económico a fim de darem o seu melhor na busca do bem comum e na protecção da dignidade de cada vida humana.

Onde nasce Deus, floresce a misericórdia. Esta é o presente mais precioso que Deus nos dá, especialmente neste ano jubilar em que somos chamados a descobrir a ternura que o nosso Pai celeste tem por cada um de nós. O Senhor conceda, particularmente aos encarcerados, experimentar o seu amor misericordioso que cura as feridas e vence o mal.

E assim hoje, juntos, exultemos no dia da nossa salvação. Ao contemplar o presépio, fixemos o olhar nos braços abertos de Jesus, que nos mostram o abraço misericordioso de Deus, enquanto ouvimos as primeiras expressões do Menino que nos sussurra: «Por amor dos meus irmãos e amigos, proclamarei: “A paz esteja contigo”»! (Sal 122/121, 8).

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Papa na Missa do Galo: “Não há lugar para dúvida e indiferença”

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Cidade do Vaticano (RV) – Na noite do dia 24 de dezembro, o Papa Francisco presidiu a Missa do Santo Natal na Basílica de São Pedro. O Menino Jesus – disse em sua homilia -  “ensina-nos aquilo que é verdadeiramente essencial na nossa vida”, e a partir de seu nascimento, começa para os homens de coração simples, “o caminho da verdadeira libertação e do resgate perene”. “Ele chama-nos a um comportamento sóbrio, isto é, simples, equilibrado, linear, capaz de individuar e viver o essencial”. 

“Júbilo e alegria garantem-nos que a mensagem contida no mistério desta noite provém verdadeiramente de Deus”. Partindo da leitura do Profeta Isaías, o Santo Padre recorda que o cumprimento da promessa, fez com que se multiplicasse e superabundasse no nosso coração o sentimento de alegria. “O Menino Jesus é o verdadeiro consolador de nosso coração a alegria do nosso coração”:

“Não há lugar para a dúvida; deixemo-la aos céticos, que, por interrogarem apenas a razão, nunca encontram a verdade. Não há espaço para a indiferença, que domina no coração de quem é incapaz de amar, porque tem medo de perder alguma coisa. Fica afugentada toda a tristeza, porque o Menino Jesus é o verdadeiro consolador do coração”.

“Já não estamos sós e abandonados – regozijou-se o Papa -  hoje, o Filho de Deus nasceu: tudo muda. O Salvador do mundo vem para Se tornar participante da nossa natureza humana. A Virgem oferece-nos o seu Filho como princípio de vida nova”:

“A verdadeira luz vem iluminar a nossa existência, muitas vezes encerrada na sombra do pecado. Hoje descobrimos de novo quem somos! Nesta noite, torna-se-nos patente o caminho que temos de percorrer para alcançar a meta. Agora, deve cessar todo o medo e pavor, porque a luz nos indica a estrada para Belém. Não podemos permanecer inertes. Não nos é permitido ficar parados. Temos de ir ver o nosso Salvador, deitado numa manjedoura”.

A um povo que, há dois mil anos, percorre todas as estradas do mundo para tornar cada ser humano participante desta alegria, é confiada a missão de dar a conhecer o "Príncipe da paz" e tornar-se um instrumento eficaz d’Ele no meio das nações:

“Por isso, quando ouvirmos falar do nascimento de Cristo, permaneçamos em silêncio e deixemos que seja aquele Menino a falar; gravemos no nosso coração as suas palavras, sem afastar o olhar do seu rosto. Se O tomarmos nos nossos braços e nos deixarmos abraçar por Ele, dar-nos-á a paz do coração que jamais terá fim. Este Menino ensina-nos aquilo que é verdadeiramente essencial na nossa vida. Nasce na pobreza do mundo, porque, para Ele e sua família, não há lugar na hospedaria. Encontra abrigo e proteção num estábulo e é deitado numa manjedoura para animais. E todavia, a partir deste nada, surge a luz da glória de Deus. A partir daqui, para os homens de coração simples, começa o caminho da verdadeira libertação e do resgate perene”.

“Deste Menino, que no seu rosto traz gravados os traços da bondade, da misericórdia e do amor de Deus Pai – disse o Santo Padre -  brota, em todos nós, seus discípulos”, a vontade de “renúncia à impiedade” e à riqueza do mundo, para vivermos “com sobriedade, justiça e piedade”:

“Numa sociedade frequentemente embriagada de consumo e prazer, de abundância e luxo, de aparência e narcisismo, Ele chama-nos a um comportamento sóbrio, isto é, simples, equilibrado, linear, capaz de individuar e viver o essencial. Num mundo que demasiadas vezes é duro com o pecador e brando com o pecado, há necessidade de cultivar um forte sentido da justiça, de buscar e pôr em prática a vontade de Deus. No seio duma cultura da indiferença, que não raramente acaba por ser cruel, o nosso estilo de vida seja, pelo contrário, cheio de piedade, empatia, compaixão, misericórdia, extraídas diariamente do poço de oração”.

O Papa conclui, pedindo que assim como os pastores de Belém,  “também os nossos olhos possam encher-se de espanto e maravilha, contemplando no Menino Jesus o Filho de Deus. E, diante d’Ele, brote dos nossos corações a invocação: “Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia, concede-nos a tua salvação””. (JE)

 

Abaixo, a íntegra da homilia do Papa:

Assista à íntegra em VaticanBR

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Nesta noite, resplandece “uma grande luz” (Is 9, 1); sobre todos nós, brilha a luz do nascimento de Jesus. Como são verdadeiras e atuais as palavras que ouvimos do profeta Isaías: “Multiplicaste a alegria, aumentaste o júbilo” (9, 2)!

O nosso coração já estava cheio de alegria vislumbrando este momento; mas, agora, aquele sentimento multiplica-se e é abundante, porque a promessa se cumpriu: finalmente realizou-se. Júbilo e alegria garantem-nos que a mensagem contida no mistério desta noite provém verdadeiramente de Deus.

Dúvida e indiferença

Não há lugar para a dúvida; deixemo-la aos céticos, que, por interrogarem apenas a razão, nunca encontram a verdade. Não há espaço para a indiferença, que domina no coração de quem é incapaz de amar, porque tem medo de perder alguma coisa. Toda a tristeza é afastada, porque o Menino Jesus é o verdadeiro consolador do coração.

Nasceu o filho de Deus

Hoje, o Filho de Deus nasceu: tudo muda. O Salvador do mundo vem para Se tornar participante da nossa natureza humana: já não estamos sós e abandonados. A Virgem oferece-nos o seu Filho como princípio de vida nova. A verdadeira luz vem iluminar a nossa existência, muitas vezes encerrada na sombra do pecado.

Hoje descobrimos de novo quem somos! Nesta noite, fica claro o caminho que temos de percorrer para alcançar a meta. Agora, deve cessar todo o medo e pavor, porque a luz nos indica a estrada para Belém. Não podemos permanecer inertes. Não nos é permitido ficar parados. Temos de ir ver o nosso Salvador, deitado numa manjedoura. Eis o motivo do júbilo e da alegria: este Menino “nasceu para nós”, foi-nos “dado a nós”, como anuncia Isaías (cf. 9, 5).

A um povo que, há dois mil anos, percorre todas as estradas do mundo para tornar cada ser humano participante desta alegria, é confiada a missão de dar a conhecer o “Príncipe da paz” e tornar-se um instrumento eficaz d’Ele no meio das nações.

Silenciar

Por isso, quando ouvirmos falar do nascimento de Cristo, permaneçamos em silêncio e deixemos que seja aquele Menino a falar; gravemos no nosso coração as suas palavras, sem afastar o olhar do seu rosto. Se O tomarmos nos nossos braços e nos deixarmos abraçar por Ele, nos dará a paz do coração que jamais terá fim.

Este Menino ensina-nos aquilo que é verdadeiramente essencial na nossa vida. Nasce na pobreza do mundo, porque, para Ele e sua família, não há lugar na hospedaria. Encontra abrigo e proteção num estábulo e é deitado numa manjedoura para animais.

Sobriedade

E todavia, a partir deste nada, surge a luz da glória de Deus. A partir daqui, para os homens de coração simples, começa o caminho da verdadeira libertação e do resgate perene. Deste Menino, que, no seu rosto, traz gravados os traços da bondade, da misericórdia e do amor de Deus Pai, brota – em todos nós, seus discípulos, como ensina o apóstolo Paulo – a vontade de “renúncia à impiedade” e à riqueza do mundo, para vivermos “com sobriedade, justiça e piedade” (Tt 2, 12).

Numa sociedade frequentemente embriagada de consumo e prazer, de abundância e luxo, de aparência e narcisismo, Ele chama-nos a um comportamento sóbrio, isto é, simples, equilibrado, linear, capaz de individuar e viver o essencial.

Num mundo que demasiadas vezes é duro com o pecador e brando com o pecado, há necessidade de cultivar um forte sentido da justiça, de buscar e pôr em prática a vontade de Deus. No seio duma cultura da indiferença, que não raramente acaba por ser cruel, o nosso estilo de vida seja, pelo contrário, cheio de piedade, empatia, compaixão, misericórdia, extraídas diariamente do poço de oração.

Como os pastores de Belém, possam também os nossos olhos encher-se de espanto e maravilha, contemplando no Menino Jesus o Filho de Deus. E, diante d’Ele, brote dos nossos corações a invocação: "Mostra-nos, Senhor, a tua misericórdia, concede-nos a tua salvação" (Sal 85/84, 8).

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O programa do Papa são as Bem-aventuranças, diz Dom Sorondo

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Cidade do Vaticano (RV) – No tweet para a Vigília de Natal, o Papa Francisco voltou a falar do Deus que se faz pequeno como uma criança para manifestar a nós o seu amor. A este respeito, a Rádio Vaticano pediu uma reflexão a um dos mais estreitos colaboradores do Santo Padre, o Chanceler das Pontifícias Academias das Ciências e das Ciências Sociais, o Arcebispo argentino Marcelo Sánchez Sorondo:

“É claro que “fazer-se pequeno” quer dizer Natal, porque Deus se faz criança: não somente se encarna! O Verbo de Deus o faz naturalmente com todas as condições da natureza humana e portanto com o nascimento. Todos admiraram quando o Papa disse “se faz pequeno”: é uma criança, completamente desarmado... Imediatamente faz nascer em nós o sentimento do cuidado, da responsabilidade, do fazer alguma coisa por ele”.

RV: A revolução de Jesus é “a revolução da ternura”, vemos isto em particular no Natal, e é algo repetido muitas vezes pelo Papa Francisco. Esta – bem o sabemos – é uma mensagem nem sempre fácil  de colocar em prática e até mesmo de compreender na nossa sociedade. De onde devemos partir, mesmo aqui no Vaticano, também no trabalho a serviço do Sucessor de Pedro?

“Esta ideia do Papa é muito forte e é em si mesma a ideia da Bíblia e do próprio Cristo. O que se pode fazer? A primeira coisa é procurar seguir o Papa e não ter nenhum tipo de reticências, pois ele está efetivamente nos mostrando a radicalidade do Evangelho. Não é nem de esquerda nem de direita, não é nem de cima nem de baixo: simplesmente quer aplicar as Bem-aventuranças! E o que promete o Senhor àqueles que são justos e àqueles que são mansos, àqueles que amam a justiça e que são construtores de paz, que tem o coração puro? O Senhor promete: “Eles possuirão a terra”. Não os ricos, mas aqueles que são como São Francisco. “Serão chamados Filhos de Deus e verão a Deus”. Estas são as três promessas que o Senhor faz àqueles que vivem de acordo com as Bem-aventuranças. E olhem que este é o programa do Senhor, do Evangelho! Não existe um outro programa! Portanto o Papa não faz outra coisa do que atuar este programa. Por isto a primeira coisa, para nós, é seguir o Papa, entende-lo bem, buscar compreendê-lo bem no sentido profundo daquilo que deseja levar em frente,  tanto mais nesta sua abertura para significar a essência do próprio Deus, que é a Misericórdia, no Ano Santo. Portanto, colaborar com ele”.

RV: A abertura da Porta Santa, em Bangui, assim também como a abertura da Porta da Caridade no Albergue Caritas, de Roma, são gestos que falam e que têm falado muito aos fieis e na realidade não somente aos fieis. Como dar continuidade a isto na vida cotidiana?

“É uma indicação: é necessário começar dali, é necessário começar onde existem exclusões, onde existe a marginalização, onde existe fome. O Papa disse, tantas vezes, que o seu projeto é realizar as Bem Aventuranças do Senhor. Uma das principais Bem-aventuranças diz isto: “Bem-aventurados aqueles que tem sede e fome de justiça”. E o Papa quer chamar a atenção para isto”.

RV: Em 2015, vimos um grande empenho do Papa não somente em relação às criaturas, mas também na defesa da criação; com a Encíclica Laudato Si, mas também com o seu apoio direito e claro a uma acordo na Conferência sobre o Clima de Paris. Alguém pode ter ficado chocado, defendendo que um Pontífice não deveria ocupar-se destas coisas, do ambiente. O que o senhor pensa sobre isto?

“Acredito que aqueles que ficaram chocados – e sabemos quem são – ficaram incomodados porque defendem o interesse privado. O Papa se chama Francisco e São Francisco significa a realização prática do fato de que todas as coisas são criadas por Deus. No Seminário estudamos o “Tratado da Criação” e São Tomás introduz a Criação no tema de Deus: todas as coisas têm uma relação com Deus, enquanto são criadas e destinadas a Deus. Joseph Ratzinger dizia que um dos tratados que é necessário ser repensado é precisamente o Tratado da Criação. É uma coisa extraordinária o fato de que o Papa, nesta Encíclica Laudato Si, tenha falado da “conversão ecológica”. A sua Encíclica, definitivamente, tem também um sentido de justiça. O que está claro é que tratar mal a Criação, o não respeitar as suas leis, produz um efeito bumerangue que vai contra o próprio homem. Isto produz mais pobreza, produz migração, produz as formas mais extremas de marginalização. São todas coisas, estas, que estão acontecendo naquilo que o Papa chama de “globalização da indiferença”. O Papa quer que a todos seres humanos seja reconhecida a dignidade e a liberdade. E está particularmente preocupado pelas novas formas de escravidão”. (JE)

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"Deus caritas est" completa dez anos. Uma grande mensagem, diz Dom Toso

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Cidade do Vaticano (RV) – A Encíclica de Bento XVI Deus Caritas est tem a data de 25 de dezembro. Um tema acolhido em um mundo atravessado por crises, conflitos e tensões como um chamado à esperança. Deus é amor, é o anúncio que Bento XVI dirigia ao mundo contemporâneo, é ele que dá vida ao mundo, mas é um Deus que tem um rosto e um coração humano em Jesus. Para celebrar os dez anos da Encíclica, o Pontifício Conselho Cor Unum está trabalhando na organização de um Simpósio Internacional a ser realizado em fevereiro próximo, no Vaticano. A este respeito, a Rádio Vaticano entrevistou Dom Giovanni Dal Toso, Secretário do dicastério vaticano:

“Um ponto fundamental ou talvez o ponto fundamental da Encíclica, que foi a primeira Encíclica do Papa Bento, portanto de qualquer maneira, também a sua Encíclica programática, é exatamente isto:  mostrar quem é o Deus cristão e qual é o nome do Deus cristão. O nome do Deus cristão é “caridade”, é “amor”. Eu penso que esta grande mensagem do Papa Bento quis colocar no centro qual é a vontade de Deus em relação ao homem e por isto foi importante reiterá-la. A vontade de Deus em relação ao homem é a de poder amá-lo: pensemos também nestes dias de Natal, em que precisamente se manifesta isto. Deus nasce por nós, torna-se homem, torna-se carne como nós, justamente para dar a conhecer ao homem o amor de Deus. Para mim, também este fato de ter desejado sublinhar desde o início de que Deus é caridade – Deus caritas est” – para mim isto é fundamental também porque dá uma conotação muito clara, mesmo àquilo que nós entendemos por caridade, isto é: quem nos disse o que é a caridade, é exatamente Deus. Para mim não é nem um pouco irrelevante o fato de que o próprio conceito de “ágape”, portanto, de caridade, entrou na história do homem com o cristianismo, porque caridade entende o amor como dom de si, como dar-se plenamente ao outro”.

RV: De fato, apresentando a Encíclica, Bento XVI disse: “O termo  “amor” tornou-se hoje uma das palavras mais usadas e mesmo abusadas... Devemos retomá-la, devolver a ela o seu esplendor original. Foi a consciência disto que me induziu a escolher o amor como tema da Encíclica”...

“De novo, eu posso somente sublinhar o que disse o Papa Bento. De amor hoje se fala – ou talvez sempre se tenha falado – de muitas maneiras diferentes; para nós cristãos é importante, pelo contrário, hoje, justamente onde vemos que existe esta dificuldade nas relações humanas, esta dificuldade também da confiança em relação ao outro, apropriarmo-nos novamente desta expressão “caridade” que diz, pelo contrário, qual é a maneira em que o cristão se relaciona com o outro e se relaciona com o outro porque Deus relacionou-se assim conosco. Deste modo, dizemos a que realmente fomos chamados, como pessoas, justamente nesta chave de “dom de si”: é um amor que se expressa nas diversas dimensões. Como nós somos feitos de corpo e alma, assim o amor se expressa no corpo e se expressa na alma. Gosto neste sentido, de recordar como o Papa Francisco tenha muito desejado sublinhar, para o Jubileu, o discursos das obras de caridade corporal e espiritual”.

RV: Bento XVI sublinha que o amor não é somente individual, mas é comunitário, e fala das obras de caridade da Igreja....

“Isto para nós é claramente uma passagem muito importante, porque o nosso Pontifício Conselho é aquele que é chamado a orientar, a ajudar os grandes organismos católicos de caridade. Para nós, neste sentido, foi muito importante nos apropriarmos novamente, ter aprofundado novamente o termo da caridade, e foi muito importante, depois, que esta Encíclica tenha desejado colocar o serviço da caridade, isto é, aquilo que a Igreja faz concretamente nos diversos âmbitos – da saúde à educação, à assistência – no centro da vida da Igreja. E me aprece que também, depois, a Providência tenha desejado Papa Francisco que de novo sobre este tema – como sabemos – é muito claro e também muito insistente”.

RV: E mais vezes pede para distinguir: “A Igreja – diz – não é uma organização humanitária, uma ONG”...

“Isto ele o repete e me parece que também nisto esteja de acordo com o Papa Bento, que na Deus caritas est diz que a Igreja não pode fazer a caridade simplesmente como uma organização não governamental mas a Igreja, sendo o sujeito da caridade, vive nesta sua missão ligada às outras suas missões que são a proclamação da Palavra de Deus e a celebração dos Sacramentos: isto é, algo inseparável. Também justamente pela fidelidade ao próprio homem que queremos servir”. (JE)

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Igreja no Mundo



Natal em Belém: A misericórdia é expressão da onipotência divina

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Belém (RV) – A abertura da Porta Santa, o Ano da Misericórdia e a esperança de paz em todo o mundo, não obstante as tragédias que ocorrem continuamente. Este foi, em síntese, o conteúdo da mensagem de Natal do Patriarca Latino de Jerusalém, Dom Fouad Twal, para a missa da meia-noite celebrada na Basílica de Santa Catarina, um verdadeiro sonho para os cristãos de diversas partes do mundo que foram celebrar o Natal do Senhor em Belém. Na manhã deste dia 25, Dom Twal abriu a Porta Santa jubilar na pequena paróquia da Sagrada Família, em Gaza.

Rosto misericordioso de Deus é a essência do Natal

Uma noite que encontra o seu auge precisamente na Santa Missa, presidida pelo Patriarca Latino de Jerusalém, que pouco antes da meia-noite abriu a Porta da Misericórdia “na esperança que ela seja atravessada por muitos fieis e peregrinos durante este Ano Jubilar”, disse na homilia Dom William Shomali. Uma homilia focada neste Ano Santo, em que “o rosto misericordioso de Deus é a essência deste Natal”: “A misericórdia deve compreender todos, próximos e distantes, aqueles que amamos e aqueles que tememos”.

Um aceno também à situação atual: “O nosso coração está com os milhares de refugiados, os prisioneiros e as vítimas da violência e do frio pujante. Está com aqueles que fogem das zonas de conflito, atravessando o mar arriscando a sorte e transformando-o em um gigantesco cemitério”. E ainda, “o nosso pensamento vai para as vítimas do terrorismo, onde quer que estejam, e à qualquer povo a que pertençam. São todos irmãos na humanidade” .

Que a misericórdia reine ao invés da vingança

“A misericórdia – continuou – não é um sinal de fraqueza, mas uma expressão da onipotência divina, que se expressa no seu mais alto grau na misericórdia e no perdão”. Um apelo dirigido “a todos aqueles que têm em mãos o destino dos povos, àqueles que fazem escolhas políticas que trazem a morte, para que se arrependam e façam prevalecer a dignidade do homem sobre seus interesses materiais”.

“Nesta noite em que celebramos o nascimento do Príncipe da Paz e da Misericórdia – disse ao concluir a homilia – viemos rezar para que se transforme a face da terra, para que o mundo se torne um local acolhedor e seguro, onde reina a paz no lugar da rivalidade, a misericórdia no lugar da vingança e a caridade no lugar do ódio”. Também este ano, como reza a tradição, estava presente na celebração o Presidente palestino Mahmud Abbas.

Gruta da Natividade

Contemporaneamente, era celebrada a Missa na Gruta da Natividade, junto ao altar da manjedoura, acompanhada por cantos, orações e muita emoção pelos cristãos da paróquia latina de Belém. Um privilégio único para quem pode participar.

Ao final da celebração o Patriarca, em um gesto rico de significado, desceu em procissão até a Gruta levando o Menino Jesus, para depositá-lo no local do nascimento do Filho de Deus.

Durante toda a noite, na Gruta, alternaram-se celebrações, ao lado da estrela de prata onde estão escritas as palavras: “Aqui, da Virgem Maria, nasceu Jesus Cristo”. É Belém! É Natal! (JE)

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Formação



Reflexão para o Dia de Natal: Emanuel vem salvar toda a humanidade

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Cidade do Vaticano (RV) - Quando São Lucas nos descreve o nascimento de Jesus, cita não apenas o local, mas nos diz inclusive quem eram o governador e o imperador da época. O evangelista quer, com isso, nos afirmar que o nascimento de Jesus foi histórico e não se trata de uma lenda como, ainda hoje, algumas pessoas teimam em afirmar.

São Lucas também faz questão de recordar aos judeus o que está escrito nas Sagradas Escrituras sobre o Messias, o príncipe descendente do rei Davi, que iria salvar todos. Lucas mostra que as profecias se realizaram em Jesus de Nazaré, nascido em Belém, da Virgem Maria.

Ao mesmo tempo, o evangelista mostra que esse novo rei, esse menino, não será um mandatário como os demais, ao contrário. Enquanto os príncipes comuns nascem em palácios, esse nasceu em uma estrebaria, seu berçinho foi uma manjedoura, tudo isso porque já nasceu rejeitado, porque propunha tirar as pessoas de suas acomodações e se abrirem ao novo, ao inesperado e a ele se acomodarem.

Esse rei, o verdadeiro Deus, não aqueles reis como os imperadores romanos que faziam questão de ser adorados como deuses, podendo escolher nascer em uma terra poderosa como Roma, e de pais ricos, escolheu pais pobres, moradores de um povoado desprestigiado, de um país subjugado e como migrante.

O novo rei, o rei imortal e eterno decide já desde criança nos ensinar que somente o Amor poderá vencer a violência, a riqueza opressora, o derramamento de sangue, o preconceito, o perfeccionismo que escraviza, o egoísmo que mata e tudo aquilo que nos sufoca e destrói.

Ele escolhe a noite para nascer porque ele é Luz e a luz destrói a escuridão, as trevas do pecado e do erro.

Jesus, o Príncipe da Paz, a Luz do Mundo, nasceu para, com sua morte e ressurreição, destruir aquilo que assusta, atemoriza, infelicita o homem.

Deus se faz homem para dar ao homem a dignidade divina. Esse rei vem não para diminuir nossa natureza, mas para engrandecê-la.

Agora, diante do presépio, vamos rezar, vamos fazer uma oração ao Menino Jesus, conversar com ele.

Menino Jesus, creio que você é o nosso Salvador, a nossa Esperança, a nossa Estrela Guia para a felicidade neste mundo e para a eterna. Quero, com sua ajuda, colocar em prática tudo o que você nos ensinou. Peço com a intercessão de Maria, a graça de me desacomodar, de tornar-me disponível a tudo o que o Amor me pedir, mesmo que seja bastante exigente, mas que eu confie unicamente em seu Poder e Ajuda.

Oh! Vem Emanuel, Deus Conosco, Oh! Vem salvar-me e a todos os meus entes queridos. Oh! Doce Emanuel, vem salvar todos os homens, toda a humanidade. Mostra-me e a todos nós que a autêntica felicidade não está no que passa, mas no eterno. Oh! Menino Emanuel, vem e cresce em nós. Amém. Feliz Natal a todos! (Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o Dia de Natal)

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Dia de Natal: em que dia Jesus nasceu?

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Cidade do Vaticano (RV) - Não sabemos nem o dia e nem a hora em que Maria Santíssima deu à luz ao Verbo Encarnado.

A escolha do dia 25 de dezembro foi ocasionada pela influência do mundo clássico, que celebrava o solstício de inverno, a festa pagã do deus Sol. Como Jesus disse “Eu sou a Luz do mundo”, convencionou-se celebrar nesse dia e à meia-noite, o nascimento do nosso Sol, de nosso Deus. Ele surge no meio da noite e ilumina mais que o astro sol, mais que qualquer outro emitente de luz. Ele é a própria Luz!

A primeira vez que isso aconteceu foi em Roma, no ano 336. Em seguida a celebração passou para toda a Itália, Espanha, França e demais países ocidentais.

No Oriente, o Natal era celebrado no dia 6 de janeiro. O dia 25 de dezembro passou a ser celebrado somente a partir do ano 380, em Constantinopla e na Ásia Menor. Antioquia começou a celebrá-lo em 386. Egito e Palestina, só depois, em 430.

Em que ano nasceu Jesus?

Como o nascimento de Jesus dividiu o tempo em “antes de Cristo” – “a.C.” e “depois de Cristo” – “d.C.”, deveria o ano zero ser o de seu nascimento. Contudo, por causa de um erro de cálculo de Dionísio Exíguo, monge do século VI, o ano do nascimento do Senhor foi marcado como sendo o ano 6 a.C., quando Roma comemorava 748 anos de sua fundação.

Corrobora a favor do ano 6 a.C., o fato doloroso de que Herodes o Grande foi o autor – a matança dos inocentes - . Tudo leva a crer que esse crime foi cometido no ano 4 a.C., quando Jesus tinha dois anos de idade. Também o recenseamento promovido por Quirino foi no ano 6 d.C.

Outro gesto interessante vem da parte dos historiadores. Eles fixaram como data da morte de Cristo, o dia 7 de abril do ano 30, isto é, quando Jesus tinha 36 anos e não 33.

Mas conhecer esses dados e debruçar-se sobre eles só faz sentido se, verdadeiramente, adoramos Jesus Cristo como nosso Deus, se o seguimos como nossa Luz, se temos nele o Caminho que nos leva ao Pai.

 

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Atualidades



Natal: celebrar a paz

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Belo Horizonte (RV) - Diante dos cenários mundiais e das suas complexidades, mais do que nunca é preciso viver o Natal como oportunidade para celebrar a paz. Os votos natalinos, os projetos que nascem nesta festa, precisam ser transformados em propósitos e compromissos com a paz. E a concretização dessas metas assumidas só será possível a partir da referência fundamental da celebração de hoje: Jesus Cristo. Prescindir da pessoa que é a razão do Natal significa a precipitação de processos, por falta de consistência e grandeza.  Não se conquista a paz simplesmente transcrevendo as intenções e indicações nos papéis documentais. Afinal, essas metas e promessas habitualmente não são cumpridas ou efetivadas.

Fóruns, conferências, reuniões, cúpulas, tantos outros mecanismos de congregação de representantes e debatedores não têm força para garantir avanços mais significativos rumo à paz.  A dificuldade em efetivar a convivência pacífica relaciona-se com a carência generalizada do sentido de alteridade. Na atualidade, os indivíduos não exercitam a fundamental competência que rege a fé cristã como princípio determinante: a consideração da importância do outro. O que de fato tem contado mais é a preocupação com os próprios interesses, a manutenção de comodidades, o desânimo para fazer avançar projetos capazes de mudar os rumos da sociedade.

Celebrar o Natal como compromisso de trabalhar pela paz contribui para corrigir esses descompassos. Exige a capacidade de dar centralidade existencial à pessoa de Jesus Cristo. O nascimento de Jesus é o selo que patenteia a marca maior de Deus: o seu amor. É a oferta feita pelo Pai Misericordioso de seu Filho amado, o Salvador. A consideração de sua vinda ao encontro da humanidade e a generosidade de sua oferta incondicional são desconcertantes e têm força para vencer toda lógica do egoísmo e da mesquinhez.

O Natal hoje celebrado está balizado pela sapiencial indicação da vivência da misericórdia, meta do Ano Santo Extraordinário convocado pelo Papa Francisco. É oportunidade para se viver experiências novas capazes de fazer com que cada pessoa seja instrumento de promoção da paz. Sem o exercício da misericórdia os povos não encontrarão o caminho da paz, os inimigos não se abraçarão e não se conseguirá vencer a terrível “globalização da indiferença”, apontada pelo Papa como um grande mal deste tempo.

Este Natal merece ecoar como voz forte nos corações pela singularidade de ser celebrado no horizonte da misericórdia. Francisco acentua que com o Jubileu da Misericórdia quer “convidar a Igreja a rezar e trabalhar para que cada cristão possa maturar um coração humilde e compassivo, capaz de anunciar e testemunhar a misericórdia, de ‘perdoar e doar’, de abrir-se ‘àqueles que vivem nas mais variadas periferias existenciais, que muitas vezes o mundo contemporâneo cria de forma dramática’, sem cair ‘na indiferença que humilha, no hábito que anestesia o espírito e o impede de descobrir a novidade, no cinismo que destrói’”. O Natal é, pois, o compromisso sério e inarredável de todo aquele que crê em Cristo garantir que onde houver cristãos haverá um oásis de misericórdia.

Quando cada pessoa assumir o compromisso de cultivar um coração misericordioso será então possível avançar na conquista efetiva da paz. O programa de vida de quem quer contribuir com a construção de um mundo pacífico inclui a compaixão e a solidariedade. Vive-se um tempo oportuno para cultivar esses valores, pois o Natal é a mais terna expressão da misericórdia de Deus, que vem ao nosso encontro. Pela coragem da experiência de cultivar a proximidade com outras pessoas é que se pode fazer do Natal fecunda celebração da paz.

Os pactos e acordos de representantes e dirigentes de nações, de grupos ou de segmentos variados da sociedade não substituirão jamais a inscrição da misericórdia como fundamento da aliança entre pessoas, com força para irmanar corações. Cultivada a misericórdia, nascerá um mundo pacífico. Deus oferece seu Filho Amado para que no Natal se celebre a paz.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

            

 

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