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Sumario del 26/12/2015

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Oração do Angelus: o perdão de Deus cura o coração e reaviva o amor

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco assomou, ao meio-dia, à janela da Residência Apostólica, no Vaticano, para rezar a oração mariana com os fiéis reunidos na Praça São Pedro.

Em sua alocução, por ocasião da festa de Santo Estêvão, primeiro mártir da Igreja, que vem imediatamente depois da solenidade do Natal, o Santo Padre recordou o nascimento de Jesus:

“Ontem, contemplamos o amor misericordioso de Deus, que se fez carne por nós; hoje, vemos a resposta coerente do discípulo de Jesus [santo Estêvão], que dá a vida. Ontem, nasceu o Salvador na terra; hoje, nasceu a sua testemunha fiel no céu. Ontem como hoje, aparecem as trevas pela rejeição à vida, mas brilha ainda mais forte a luz do amor, que vence o ódio e inaugura um mundo novo”.

Depois, o Papa recordou um aspecto particular, narrado nos Atos dos Apóstolos, que aproxima Santo Estêvão ao Senhor: o perdão que concedeu antes de morrer apedrejado. Ao morrer na cruz, Jesus disse: “Pai, perdoai-lhes porque não sabem o que fazem”. De modo semelhante, Estêvão dobrou os joelhos e gritou em alta voz: “Senhor, não lhes leveis em conta este pecado”. E o Papa acrescentou:

“Estêvão, portanto, é um mártir, que significa testemunha, porque fez como Jesus; com efeito, é uma verdadeira testemunha de Jesus quem se comporta como ele: quem reza, quem ama, quem doa, mas, sobretudo, quem perdoa; porque o perdão, como diz a própria palavra, é a expressão mais alta da doação”.

Mas, poderíamos nos perguntar - disse - “Para que serve perdoar”? É somente uma boa ação ou produz resultados? A resposta pode ser encontrada – disse – precisamente no martírio de Estêvão. Entre aqueles, pelos quais ele implorou o perdão, encontrava-se um jovem chamado Saulo, que perseguia a Igreja e procurava destruí-la. Logo depois, Saulo se tornou Paulo, o grande santo, o Apóstolo dos Gentios. Paulo recebeu o perdão de Estêvão e, poderíamos dizer, que ele nasceu da graça de Deus e do perdão de Estêvão. E o Papa observou:

“Nós também nascemos do perdão de Deus, não apenas mediante o Batismo, mas todas as vezes que somos perdoados o nosso coração renasce, é regenerado. Todo passo que damos na vida de fé comporta o sinal da misericórdia divina. Podemos amar somente quando somos amados”.

Antes, porém, frisou o Papa, temos que receber o perdão de Deus para progredirmos na fé. Nunca devemos nos cansar de pedir o perdão de Deus Pai, que está sempre pronto a perdoar tudo. O seu perdão cura o coração e reaviva o amor. É perdoando que somos perdoados.

Claro, disse o Pontífice, não é fácil perdoar. Seguindo o exemplo e a imitação de Jesus e de Estêvão podemos perdoar a partir da oração, começando do próprio coração, confiando quem nos ofendeu à misericórdia de Deus.

Desta maneira, nos tornamos misericordiosos, porque através do perdão vencemos o mal com o bem, transformamos o ódio em amor e, assim, purificamos o mundo. E o Santo Padre concluiu:

“Que a Virgem Maria, à qual confiamos aqueles – que são tantos – que, como Santo Estêvão, sofrem perseguições em nome da fé, possa orientar a nossa oração para receber e conceder o perdão”.

Após a sua alocução mariana, o Papa Francisco passou a cumprimentar os numerosos peregrinos presentes na Praça São Pedro. A todos renovou seu desejo de que “a contemplação do Menino Jesus no presépio, ao lado de Maria e José, possa suscitar atitudes de misericórdia e amor nas famílias, nas comunidades paroquiais e religiosas, nos Movimentos e Associações, e em todos os homens de boa vontade”.

Ao se despedir dos fiéis, o Santo Padre agradeceu a todos aqueles que lhe enviaram mensagens de felicitações natalinas de todas as partes do mundo! E a todos, mais uma vez, pediu orações por ele. (MT)

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Cardeal Parolin almoça com os pobres na Comunidade de Santo Egídio

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Roma (RV) – O Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, participou, no Dia de Natal (25/12), como representante do Papa Francisco, de um almoço com os pobres, promovido pela Comunidade romana de Santo Egídio, em Santa Maria de Trastevere, no centro histórico de Roma.

Após ter almoçado com os cerca de 600 pobres, sem-teto, idosos, famílias de ciganos e refugiados, o Cardeal passou em todas as mesas para cumprimentar os numerosos convidados da Comunidade.

Por fim, acompanhado pelo pároco local, Padre Marco Gnavi, o Representante do Papa dirigiu a todos as seguintes palavras:

”Transmito-lhes as saudações do Santo Padre, que os quer bem e se sempre unido espiritualmente a vocês. Eu estava com ele quando, em sua Mensagem “Urbi et Orbi”, dirigida à cidade e ao mundo inteiro, do balcão da Basílica vaticana, recordou os países de onde alguns de vocês são provenientes. Aqui é possível viver juntos. Comemos bem, um ao lado do outro, mas, sobretudo, fizemos uma experiência de fraternidade e de amor recíprocos. Somos todos filhos de Deus e irmãos entre nós. Estou feliz e emocionado. Espero que todos os dias da nossa vida sejam assim. Obrigado por me terem convidado”.

A Comunidade de Santo Egídio nasceu em Roma, em 1968, logo após o Concílio Vaticano II, por iniciativa de um jovem que, na época, ainda não tinha 20 anos: Andrea Riccardi. Hoje é um Movimento de leigos, ao qual aderem mais de 50.000 pessoas, engajadas na evangelização e nas obras de caridade em Roma, na Itália e em mais de 70 Países de vários continentes.

As várias comunidades, espalhadas pelo mundo, partilham da mesma espiritualidade e dos mesmos fundamentos que caracterizam o itinerário de Santo Egídio: a oração e o acolhimento dos pobres e peregrinos. A oração e a solidariedade são o centro da vida comunitária.

Um dos aspectos fundamentais da pastoral da Comunidade de Santo Egídio é o “ecumenismo”, que busca a unidade dos cristãos no mundo. O “diálogo”, indicado pelo Vaticano II, como instrumento da paz e da colaboração entre as religiões, também é outro aspecto da sua vida, como método de reconciliação nos vários conflitos do mundo. (MT)

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Igreja no Brasil



Dom Sergio abrirá Porta Santa em Santuário de Brazlândia neste domingo

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Brasília (RV) - A abertura da Porta Santa do Santuário Menino Jesus de Praga, em Brazlândia, ocorrerá neste domingo, 27/12. A cerimônia terá início às 10h, em frente ao Santuário, e será presidida pelo Arcebispo de Brasília, Dom Sergio da Rocha.

A abertura da Porta Santa marca simbolicamente o início do Ano Santo, inaugurado oficialmente pelo Papa Francisco no último dia 08, quando abriu a Porta Santa da Basílica de São Pedro, em Roma.

Na tradição cristã, a Porta Santa é próprio Cristo, que, em duas ocasiões, afirmou: “Eu sou a porta; quem entra por mim será salvo. Entrará e sairá, e encontrará pastagem” (Jo 10,9). “Eu sou o caminho. Ninguém vai ao Pai senão por mim” (Jo 14,6)

A travessia pela Porta representa a reconciliação com Deus e a rejeição de uma vida de pecados. E quem passar por qualquer Porta Santa, em qualquer lugar do mundo, durante todo este Ano Jubilar, poderá receber indulgência plenária, desde que se confesse, comungue, reflita sobra a Misericórdia e reze pelas intenções Santo Papa.

O Ano Santo se encerra em 20 de novembro de 2016, dia da Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo, Rei do Universo. (SP)

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Igreja no Mundo



Jordânia: Rei Abdulá II, cristãos árabes fazem parte da nossa civilização

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Amã (RV) – Os cristãos árabes “são parte integrante de nosso passado, de nosso presente e de nosso futuro” e desde o início, “foram parceiros essenciais para nossa cultura, para a construção de nossa civilização e pela defesa do islã”. Assim, se expressou rei Abdulá II da Jordânia em seu discurso transmitido na última terça-feira, 22 de dezembro, pela TV nacional, com o qual o monarca jordaniano se felicitou com todos os seus súditos por ocasião da festividade islâmica do profeta Mohammad (celebrada em quase todo o mundo em 23 de dezembro) e da solenidade cristã do Natal de Nosso Senhor.

O rei Abdulá – informam fontes jordanianas consultadas pela Agência Fides – destacou o valor simbólico da proximidade entre duas celebrações, em um tempo em que muitos países “sofrem pelo extremismo e a violência”, alimentados por quem trai “os verdadeiros princípios do islã e do cristianismo”.

Às vésperas da festividade islâmica e da cristã, Abdulá quis reiterar que “o Islã é uma religião de misericórdia” e que os cristãos e muçulmanos são unidos por vários “valores comuns”, totalmente opostos às práticas daqueles que ele definiu como “fora da lei islâmica”.

Neste contexto, o monarca reafirmou que todos os jordanianos “vivem sob a proteção de uma mesma cidadania” e que os cristãos árabes contribuíram de modo essencial na construção da civilização árabe-islâmica desde os tempos da batalha de Mu'tah (quando Mohammad havia ordenado às forças islâmicas em luta contra o exército bizantino que não ferisse os cristãos da Síria). A festividade islâmica do Mawlid al-nabi, natividade do Profeta Mohammad – que depende do calendário lunar – celebrou-se também no dia 23 de dezembro. Uma proximidade assim entre a festividade islâmica e o Natal cristão não se verificava há 457 anos. (SP)

 

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Apertura da Porta Santa na Basílica da Anunciação, em Nazaré

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Nazaré (RV) – Será aberta solenemente, neste domingo (27/12), a Porta Santa da Basílica da Anunciação em Nazaré, na Terra Santa.

A Basílica da Anunciação, também chamada igreja da Anunciação, é uma Basílica menor, construída no local onde, segundo a tradição católica, ocorreu a Anunciação do Anjo a Maria.

A tradição greco-ortodoxa afirma que o evento teria ocorrido enquanto Maria tirava água de um regato próximo. Ali, foi construída a Igreja Greco-ortodoxa da Anunciação.

A atual igreja da Anunciação é um edifício de dois andares construído, em 1969, no lugar onde, anteriormente, havia uma igreja da era das Cruzadas que, por sua vez, fora construída no  lugar de uma antiga construção bizantina.

No primeiro andar da Basílica encontra-se a Gruta da Anunciação, que os fiéis veneram como os restos da casa onde Maria passou sua infância. Erigida em um local de importância histórica, considerado sagrado por algumas denominações cristãs, principalmente o catolicismo, a igreja recebe a visita de muitos peregrinos católicos, anglicanos e ortodoxos.

O primeiro santuário foi provavelmente construído no século IV e continha apenas um altar na gruta onde se acredita que Maria tenha vivido. Uma estrutura maior foi encomendada pelo imperador Constantino I, a pedido da sua mãe, Santa Helena. Ela fundou outras igrejas onde ocorreram importantes eventos da vida de Jesus.

A Igreja da Anunciação foi fundada mais ou menos na mesma época que a Igreja da Natividade (local do nascimento de Jesus em Belém) e da Igreja do Santo Sepulcro (onde Jesus foi sepultado).

A Basílica da Anunciação situa-se em Nazaré, a maior cidade árabe de Israel, um grande centro de peregrinações cristãs. Cidade histórica da Baixa Galileia, Nazaré foi capital de um dos efêmeros estados cristãos do tempo dos Cruzados. Em 1099, um nobre cruzado, Tancredo, conquistou a Galileia e converteu a cidade da infância de Jesus a sua capital.

A cidade passou por numerosas vicissitudes históricas e, após o mandato britânico na Palestina, foi integrada ao Estado de Israel em 1947.

Contudo, em Nazaré há outra igreja, que também recorda a Anunciação do Anjo Gabriel, pertencente a cristãos ortodoxos de rito grego: a igreja da Sinagoga, que relembra a sinagoga judaica de Nazaré, onde Cristo fazia pregações, segundo a tradição cristã.

Por outro lado, encontram-se ainda em Nazaré a igreja de São José, onde o pai adotivo de Jesus tinha uma carpintaria e basílica de Jesus Adolescente.

Como em Jerusalém, também em Nazaré se verifica uma coabitação de várias comunidades cristãs de diferentes ritos, reivindicando cada uma a posse de um lugar santo. A população da cidade de Nazaré conta hoje cerca de 50.000 habitantes. (MT)

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Formação



Padre Olmes: celebração do Natal em terras islâmicas

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Dubai (RV) - Pelo fato de ser missionário nos Emirados Árabes Unidos, sou o alvo de muitas perguntas sobre como é viver aqui. Muitas delas são relacionadas com as religiões.

Tudo indica que são motivadas pelas notícias de violência contra os cristãos em diversas regiões do mundo.  As mais frequentes são: como é celebrar o Natal num país islâmico?  É difícil praticar o cristianismo num país onde um muçulmano é punido com pena de morte se for batizado? Você não tem medo que o matem?

Em primeiro lugar, quero deixar claro que não tenho medo, embora eu admita que as preocupações tenham fundamento.  Contudo, também tenho a experiência de que se os governantes querem, existe a possiblidade de proteger os direitos de seus cidadãos e também dos migrantes que professam outras religiões.

Desde a formação do país Emirados Árabes Unidos, seus fundadores perceberam que a flexibilidade religiosa e cultural para os trabalhadores estrangeiros seria o fator fundamental para que o país gozasse de desenvolvimento e econômico e social.  Por isso, generosamente destinaram terrenos sobres os quais os migrantes pudessem construir suas igrejas ou templos. Num dos emirados, o próprio governante construiu a igreja católica.

Ultimamente, também foi editada uma lei severa contra a discriminação, a xenofobia e grupos radicais que eventualmente possam perturbar a paz em que o país vive. A lei é bastante abrangente, punindo inclusive qualquer atitude ou palavra que ofenda qualquer uma das religiões.

Saint Mary´s em Dubai é a maior e a mais frequentada das oito igrejas nos Emirados Árabes Unidos. É também a maior paróquia de migrantes do mundo, servindo cristãos de muitos países. Oito a dez línguas são usadas para as funções litúrgicas semanalmente.

Os tempos fortes do calendário litúrgico são vividos intensamente pelos grupos de expatriados, cada um expressando a espiritualidade marcada pela cultura de seu país. Os dias que antecedem a celebração do Natal uma avalanche de pessoas procuram o Sacramento da Reconciliação. Durante dias normais dois ou três sacerdotes atendem os fieis das 6.00 às 21,00 horas ininterruptamente, mas durante os dias que antecedem a grande celebração são pelo menos cinco.

Impressionam as multidões que participam das novenas de Natal que são feitas em quatro missas em inglês com a participação que vai de duas mil a mais de três mil pessoas em cada.

Dentro das celebrações que antecedem o Natal, destaca-se o “Simbang Gabi” dos filipinos que celebram as missas com grande solenidade e alegria. Diferentemente de outros lugares, durante a novena, os sacerdotes usam vestimentas litúrgicas brancas e o hino do Glória é entoado. Calcula-se que durante os nove dias de 24 a 26 mil filipinos participam na novena na Igreja Saint Mary´s.

Como não podia deixar de ser o auge das celebrações é a Missa do Galo, celerada à meia noite de 24 de dezembro.  Todos os espaços existentes se transformam em local de culto. Pátios, igreja, campo de futebol, dois salões, os dois playgrounds da escola católica, estacionamento público e uma passarela de pedestres sobre a rodovia recebem uma multidão superior a 35 mil de fieis que participam em ordem e silêncio da missa por meio de 12 telões.  Outras 60 mil pessoas participam das 11 missas celebradas no Dia de Natal.

A experiência de flexibilidade religiosa e cultural adotada pelos governantes dos Emirados Árabes Unidos pode ser uma fonte de inspiração para os outros países islâmicos que poderão criar leis para proteger a liberdade de praticar outras religiões em seus territórios.

O respeito e tolerância entre as religiões é uma das condições para que a paz reine entre os povos.

Missionário Pe. Olmes Milani CS

Dubai, 25 de dezembro de 2015.

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Editorial: Ele é a nossa paz

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Cidade do Vaticano (RV) – Neste tempo de Natal revivemos a esperança da memória do nascimento de Jesus. Tempo propício para recordar a bondade de Deus que se fez homem, nascendo em uma gruta. O Senhor do Universo nasceu entre os últimos, entre os pobres.

 

Nos dias passados, na sua homilia na Capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco pedia que a Igreja fosse humilde, pobre e que tivesse confiança em Deus, sublinhando que a pobreza é a primeira das Bem-aventuranças, acrescentando: “a verdadeira riqueza da Igreja são os pobres, não o dinheiro ou o poder mundano”.

E como ser uma Igreja fiel ao Senhor, perguntou-se o Papa: sendo humildade, pobre e confiante no Senhor, respondeu.

Quê Deus que nos dê um coração humilde, quê nos dê um coração pobre e, sobretudo, um coração confiante porque o Senhor jamais desilude.

Vivemos também neste ano a noite que mudou a história do homem, a noite de Belém que azerou o tempo e dilatou o espaço: uma nova história da humanidade que começou com quem, na cidade da história, sempre viveu na periferia. Começou com o privilégio da "grande luz" que deslumbrou olhos sonolentos: os dos pastores. “Os pastores - recordou Francisco no Natal de 2013 - foram os primeiros a receber o anúncio do nascimento de Jesus”. Eles foram os primeiros porque eles estavam entre os últimos, os marginalizados. E foram os primeiros porque vigiavam na noite, cuidando do seu rebanho.

“Paz na terra aos homens de boa vontade” dizem aos pastores os mensageiros do céu. E eles não dizem algo diferente aos últimos e aos primeiros da era das crises globalizadas e do terror que nos dias de hoje causam mortes sem sentido. “O curso dos séculos - disse Francisco na véspera do Natal do ano passado - foi marcado pela violência, a guerra, o ódio, a opressão. Mas Deus, que havia colocado suas expectativas no homem feito à sua imagem e semelhança, esperava”.

Ele esperou tanto tempo que talvez em algum momento poderia ter até renunciado. Mas Ele não podia desistir, não podia negar a si mesmo. Então, Ele continuou a esperar pacientemente diante da corrupção dos homens e dos povos. A paciência de Deus, como é difícil entender isso. A Paciência de Deus para conosco.

O Filho de Deus nasceu: tudo muda, disse Francisco na Noite de Natal. O Salvador do mundo vem para Se tornar participante da nossa natureza humana: já não estamos sós e abandonados. A verdadeira luz vem iluminar a nossa existência, muitas vezes encerrada na sombra do pecado.

Descobrimos de novo quem somos! Do Menino, que, no seu rosto, traz gravados os traços da bondade, “da misericórdia e do amor de Deus Pai, brota a vontade de “renúncia à impiedade” e à riqueza do mundo, para vivermos com sobriedade, justiça e piedade”.

Onde nasce Deus, nasce a esperança, afirmou ainda Francisco na sua mensagem Urbi et Orbi no dia de Natal. Onde nasce Deus, nasce a paz. E, onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra. E, no entanto, precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões e violências, e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído.

Deus nosso Pai é paciente, nos ama, nos deu Jesus para nos guiar no caminho em direção à terra prometida. Ele é a luz que dissipa as trevas. Ele é a misericórdia. Ele é nosso Pai que sempre nos perdoa. Ele é a nossa paz. Deus é paciente, é Pai, e espera a conversão dos seus filhos.  É preciso começar onde existem as exclusões, as marginalizações, onde há fome. Eis o projeto para o ano novo que se aproxima realizar as bem-aventuranças. (Silvonei José)

 

Cidade do Vaticano (RV) – Neste tempo de Natal revivemos a esperança da memória do nascimento de Jesus. Tempo propício para recordar a bondade de Deus que se fez homem, nascendo em uma gruta. O Senhor do Universo nasceu entre os últimos, entre os pobres.

Nos dias passados, na sua homilia na Capela da Casa Santa Marta, o Papa Francisco pedia que a Igreja fosse humilde, pobre e que tivesse confiança em Deus, sublinhando que a pobreza é a primeira das Bem-aventuranças, acrescentando: “a verdadeira riqueza da Igreja são os pobres, não o dinheiro ou o poder mundano”.

E como ser uma Igreja fiel ao Senhor, perguntou-se o Papa: sendo humildade, pobre e confiante no Senhor, respondeu.

Quê Deus que nos dê um coração humilde, quê nos dê um coração pobre e, sobretudo, um coração confiante porque o Senhor jamais desilude.

Vivemos também neste ano a noite que mudou a história do homem, a noite de Belém que azerou o tempo e dilatou o espaço: uma nova história da humanidade que começou com quem, na cidade da história, sempre viveu na periferia. Começou com o privilégio da "grande luz" que deslumbrou olhos sonolentos: os dos pastores. “Os pastores - recordou Francisco no Natal de 2013 - foram os primeiros a receber o anúncio do nascimento de Jesus”. Eles foram os primeiros porque eles estavam entre os últimos, os marginalizados. E foram os primeiros porque vigiavam na noite, cuidando do seu rebanho.

“Paz na terra aos homens de boa vontade” dizem aos pastores os mensageiros do céu. E eles não dizem algo diferente aos últimos e aos primeiros da era das crises globalizadas e do terror que nos dias de hoje causam mortes sem sentido. “O curso dos séculos - disse Francisco na véspera do Natal do ano passado - foi marcado pela violência, a guerra, o ódio, a opressão. Mas Deus, que havia colocado suas expectativas no homem feito à sua imagem e semelhança, esperava”.

Ele esperou tanto tempo que talvez em algum momento poderia ter até renunciado. Mas Ele não podia desistir, não podia negar a si mesmo. Então, Ele continuou a esperar pacientemente diante da corrupção dos homens e dos povos. A paciência de Deus, como é difícil entender isso. A Paciência de Deus para conosco.

O Filho de Deus nasceu: tudo muda, disse Francisco na Noite de Natal. O Salvador do mundo vem para Se tornar participante da nossa natureza humana: já não estamos sós e abandonados. A verdadeira luz vem iluminar a nossa existência, muitas vezes encerrada na sombra do pecado.

Descobrimos de novo quem somos! Do Menino, que, no seu rosto, traz gravados os traços da bondade, “da misericórdia e do amor de Deus Pai, brota a vontade de “renúncia à impiedade” e à riqueza do mundo, para vivermos com sobriedade, justiça e piedade”.

Onde nasce Deus, nasce a esperança, afirmou ainda Francisco na sua mensagem Urbi et Orbi no dia de Natal. Onde nasce Deus, nasce a paz. E, onde nasce a paz, já não há lugar para o ódio e a guerra. E, no entanto, precisamente lá onde veio ao mundo o Filho de Deus feito carne, continuam tensões e violências, e a paz continua um dom que deve ser invocado e construído.

Deus nosso Pai é paciente, nos ama, nos deu Jesus para nos guiar no caminho em direção à terra prometida. Ele é a luz que dissipa as trevas. Ele é a misericórdia. Ele é nosso Pai que sempre nos perdoa. Ele é a nossa paz. Deus é paciente, é Pai, e espera a conversão dos seus filhos.  É preciso começar onde existem as exclusões, as marginalizações, onde há fome. Eis o projeto para o ano novo que se aproxima realizar as bem-aventuranças. (Silvonei José)

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Cardeal Tempesta: Tempo de ser família cristã

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Rio de Janeiro (RV) - No Domingo após o Natal, dentro da oitava, celebra-se a festa da Sagrada Família: Jesus, Maria e José. É o último domingo do ano civil. O tema família esteve presente nos últimos tempos nos noticiários devido à Assembleia Extraordinária e ao Sínodo dos Bispos sobre o tema. Enquanto aguardarmos o documento pós-sinodal rezamos pela família que, como recorda São João Paulo II, “é por onde passa o futuro da humanidade”. Celebrar esta solenidade na Oitava do Natal é contemplar o ideal de família que deve ter Jesus Cristo no centro de nossas casas.

 

Deus quis manifestar-se aos homens integrado numa família humana. Ele quis nascer numa família, quis transformar a família num presépio vivo. Pode-se dizer que neste domingo celebramos o “Dia da Família”.

A Palavra de Deus desta solenidade (Eclo. 3, 3-7. 14-17) lembra aos filhos o dever de honrarem pai e mãe, de socorrê-los e compadecer-se deles na velhice, ter piedade, ou seja, respeito e dedicação para com eles; isto é cumprimento da vontade de Deus.

São Paulo, em Cl 3, 12-21, elenca as virtudes que devem reinar na família: sentimentos de compaixão, de bondade, humildade, mansidão e paciência. Suportarem-se uns aos outros com amor, perdoar-se mutuamente. Revestir-se de caridade e ser agradecidos. Se a família não estiver alicerçada no amor cristão, será muito difícil a sua perseverança em harmonia e unidade de corações. Quando esse amor existe, tudo se supera, tudo se aceita; mas, se falta esse amor mútuo, tudo se faz sumamente pesado. E o único amor que perdura, não obstante os possíveis contrastes no seio da família, é aquele que tem o seu fundamento no amor de Deus.

O Evangelho (Lc 2, 22-40) apresenta passos da vida da Sagrada Família. Em primeiro lugar, uma família integrada na comunidade de fé de seu tempo. Uma família que cumpre seus deveres religiosos. Uma família que vive a realidade do dia-a-dia. O Evangelho também relata a experiência de Simeão, que sente a alegria de ter em seus braços o Divino Salvador, pois seus “olhos viram a salvação”. E profetiza que Ele “está posto para a ruína e para a ressurreição de muitos em Israel”.

A celebração deste domingo nos apresenta a Sagrada Família como modelo para as nossas. E nos convida a recuperar os valores de uma família verdadeiramente cristã, marcada pelo amor, pela fidelidade e pelo casamento indissolúvel. Ela deve ser uma comunidade de fé e de oração, chamada a ser defensora e promotora da vida.

A Sagrada Família é proposta pela Igreja como modelo de todas as famílias cristãs: na casinha de Nazaré, Deus ocupa sempre o primeiro lugar e tudo Lhe está subordinado. Os lares cristãos, se imitarem o da Sagrada Família de Nazaré, serão lares luminosos e alegres, porque cada membro da família se esforçará em primeiro lugar por aprimorar o seu relacionamento pessoal com o Senhor e, com espírito de sacrifício, procurará ao mesmo tempo chegar a uma convivência cada dia mais amável com todos os da casa.

A vida em Nazaré era laboriosa. Casa pobre, cuja manutenção exigia a colaboração de todos. José, em sua pequena oficina de carpinteiro, mãos calejadas no manejo dos instrumentos, ainda muito primitivos, de sua arte. Maria, com os arranjos de dona de casa modesta. Diariamente descia à fonte – a mesma que hoje é conhecida como fonte da Virgem – e entre as mulheres do povo, como uma delas, enchia cântaros com que abastecer a casa. Maria distribuía seu tempo entre o fuso e a cozinha, sem esquecer as orações e o estudo da lei e dos Profetas. Jesus, primeiro em casa, à Mãe, depois na oficina, a José, aliviava aos pais o peso do trabalho de cada jornada.

O Beato Paulo VI nos recorda as lições de Nazaré: “Nazaré é a escola onde se começa a compreender a vida de Jesus: a escola do Evangelho. Podemos aprender algumas lições de Nazaré: “uma lição de silêncio. O silêncio de Nazaré ensina-nos o recolhimento, a interioridade, a disposição para escutar as boas aspirações e as palavras dos verdadeiros mestres”. (Alocução pronunciada em Nazaré a 5 de janeiro de 1964). “Uma lição de vida familiar. Que Nazaré nos ensine o que é a família, sua comunhão e amor, sua beleza simples e austera, seu caráter sagrado e inviolável; aprendamos de Nazaré o quanto a formação que recebemos é doce e insubstituível” (Idem).  “Uma lição de trabalho: aqui recordo que o trabalho não pode ser um fim em si mesmo, mas, que sua liberdade e nobreza resultam, mais que de seu valor econômico, dos valores que constituem o seu fim. Como gostaria de saudar aqui todos os trabalhadores do mundo inteiro e mostrar-lhes seu grande modelo, seu divino irmão, o profeta de todas as causas justas, o Cristo nosso Senhor”. (Ibidem).

O Papa Francisco disse com clarividência “A família é um grande ginásio de treino para o dom e o perdão recíproco”, e numa sociedade como a hodierna “por vezes sem piedade, é indispensável que haja lugares como a família, onde aprender a perdoar-se” (Audiência geral de 4 de novembro de 2015). Vamos aprender, neste Ano da Misericórdia, a ser famílias misericordiosas, escola de perdão e de compaixão.

Iluminados pela Palavra de Deus deste domingo após a festa do Natal, somos chamados a ser famílias cristãs convictas e animadas pelo Espírito diante de uma sociedade que está perdendo suas bases e enfrentando uma das piores crises de identidade da história.

Hoje, de modo muito especial, pedimos à Sagrada Família por cada um dos membros da nossa família e pelo mais necessitado dentre eles. Encerramos com a oração à Sagrada Família: “Ó Deus de bondade, que nos destes a Sagrada Família como exemplo, concedei-nos imitar em nossos lares as suas virtudes, para que, unidos pelos laços do amor, possamos chegar um dia às alegrias da vossa casa”. Amém! (Oração da coleta da Missa).

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

        

 

        

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Refexão dominical: a Família de Nazaré cristianiza a família

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Cidade do Vaticano (RV) - O perdão dos pecados acontece por causa de uma atitude de amor para com os pais, pois o lar, Igreja doméstica, voltou a ser o local do encontro com Deus. 

A misericórdia em todos os relacionamentos, mas especialmente para com os pais, está em referência ao próprio Deus que é o Pai por excelência. Portanto, honrar os pais, respeitá-los, é prestar culto a Deus.

Tanto a primeira leitura quanto a segunda, da liturgia de hoje, não escondem as falhas no relacionamento familiar e humano, mas nos dizem que o importante aos olhos de Deus não está em ser sem defeitos, em ter uma família perfeita, mas sim na capacidade de amar sem medidas, apesar dos limites e das falhas pessoais. Claro que Deus deseja que sejamos perfeitos, mas mais importante para Ele é que nos amemos e nos perdoemos como Ele nos amou e nos perdoou, sem limites, sem restrições.

Dentro desse pensamento sobre o relacionamento familiar, será importante refletir sobre a realidade da família deste início de século, onde e como vive. Certamente a maioria mora em grandes centros urbanos e é constituída pelo casal e por um ou dois filhos. Um terceiro já faz considerá-la família numerosa.

Também a mãe trabalha fora e pais e filhos se encontram à noite, cansados, muitas vezes diante da televisão, ou durante o jantar. Se isso acontece já poderão se classificar felizes, pois em outros lares, muitas vezes quando pais saem para o trabalho, os filhos ainda dormem e quando voltam eles já estão deitados. O encontro, nesse caso, só se dá no final de semana.

Rezar juntos, passar para os filhos a vivência de uma oração em família, mesmo que seja apenas à mesa, só excepcionalmente, pois em muitos casos, para que possam descansar, não cozinham em casa e vão comer fora, em um restaurante ou na casa de parentes ou de amigos.

É difícil passar valores, enfim, formar os filhos. A sociedade pós moderna penetra em suas entranhas e é muito custoso prepará-los para o futuro, para que sejam filhos e irmãos como Deus quer. Só com a graça divina e com a disposição dos pais para uma autêntica renúncia e sacrifico.

Renúncia aos apelos de dar aos filhos tudo o que a sociedade consumista coloca como valores e que os pais enxergam como coisa boa e vantajosa. É preciso renunciar fazer do filho ou da filha pessoas como nos pede o elitismo, relativizar seus códigos. É preciso questionar os valores propostos por ela e crer nos do Evangelho.

Cabe a pergunta: formo minha família para ser cidadã deste mundo ou para ser cidadã do Reino de Deus, mas neste mundo? Jesus rezou ao Pai dizendo que não queria que nos tirasse do mundo, mas nos preservasse do mal.

Sacrifício: sacrificar significa tornar sagrado. Meu filho, minha filha, são do mundo ou de Deus? O batismo os retirou do paganismo e os fez filhos de Deus, sagrados. Respeito a senhoria de Deus sobre eles ou sou conivente com as solicitações consumistas e mundanas?

A imagem da Família de Nazaré como família migrante e pobre nos obriga a refazer a imagem da família atual, retornando às origens e aos valores, ou seja, a abundância de bens materiais não é necessária para ser feliz e amar a Deus e ao próximo.

É importantíssimo não só a simplicidade de vida, mas sobretudo é fundamental a convivência afetiva e efetiva, além do respeito aos idosos como gratidão e como referência à sua experiência de vida que porta sabedoria e os referenciais da autêntica tradição.

A Família de Nazaré nos ensina a cristianizar a família pós moderna, recolocando Deus no centro e n’Ele reencontrando a verdadeira felicidade.(Reflexão dominical do Padre Cesar Augusto dos Santo sobre a Sagrada Família)

 

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