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Sumario del 12/01/2016

Papa e Santa Sé

Igreja na América Latina

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Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: a oração faz milagres e impede que o coração endureça

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Cidade do Vaticano (RV) – A oração faz milagres e impede que o coração endureça, esquecendo a piedade: foi o que disse o Papa Francisco na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta na manhã de terça-feira (12/01).

Podemos ser pessoas de fé e perder o sentido da piedade sob as cinzas dos juízo, das infinitas críticas. Este é o sentido da narração comentada pelo Papa. Os protagonistas são Ana – mulher angustiada com a própria esterilidade, que suplica a Deus o dom de um filho - e um sacerdote, Eli, que a observa distraidamente de longe, sentado numa cadeira do templo. A cena descrita no livro de Samuel relata primeiro as palavras de Ana e, depois, os pensamentos do sacerdote, que não conseguindo ouvir o que ela diz, sentencia de que se trata de uma “bêbada”. Mas, ao invés, aquele choro copioso faz com que Deus realize o milagre suplicado:

“Ana rezava em seu coração e somente os lábios se moviam, mas não se escutava a voz. Esta é a coragem de uma mulher de fé que, com a sua dor, com as suas lágrimas, pede a graça ao Senhor. Tantas mulheres corajosas são assim na Igreja, muitas! Que rezam como se fosse uma aposta…. Pensemos somente numa grande mulher, Santa Mônica, que com as suas lágrimas conseguiu obter a graça da conversão do seu filho, Santo Agostinho. Existem muitas mulheres assim”.

Eli, o sacerdote, é ”um pobre homem” pelo qual, admite Francisco, sinto uma “certa simpatia” porque “também vejo em mim defeitos que me aproximam dele e me fazem entende-lo melhor”. “Com quanta facilidade – afirma o Papa – nós julgamos as pessoas, com quanta facilidade não temos respeito e dizemos ‘O que terá em seu coração?’ Não sei... mas não digo nada...”. Quando “falta piedade no coração, sempre se pensa mal” e não se entende aqueles que rezam “com dor e angústia” e “confiam a dor e a angústia ao Senhor”:

“Jesus conheceu esta oração no Jardim das Oliveiras, quando eram tamanhas a dor e a angústia que Jesus suou sangue e não repreendeu o Pai: “Pai, se quiser, tire-me isto, mas seja feita a sua vontade”. E Jesus respondeu do mesmo jeito que a mulher: com a mansidão. Às vezes, nós rezamos, pedimos ao Senhor, mas muitas vezes não sabemos chegar à luta com o Senhor, às lágrimas, a pedir, a pedir a graça”.

O Papa lembra ainda a história do homem de Buenos Aires que, com a filha de 9 anos hospitalizada em fins de vida, ia a Virgem de Lujàn e passou a noite grudado nos portões do Santuário para pedir a graça da cura para a menina. E na manhã seguinte, ao voltar ao hospital, encontrou a filha curada:

“A oração faz milagres, faz milagres também para os cristãos, sejam leigos, como sacerdotes e bispos que perderam a devoção e a piedade. A oração dos fiéis muda a Igreja: não somos nós, os Papas, os bispos, os sacerdotes, as religiosas a levar avante a Igreja... são os santos! E os santos são estes, como esta mulher. Os santos são aqueles que têm a coragem de crer que Deus é o Senhor e que tudo pode fazer”. 

(BF/CM)

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Livro do Papa: alegria e comoção com o Card. Parolin e o ator Benigni

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Cidade do Vaticano (RV) - O volume “O nome de Deus é Misericórdia” foi apresentado na manhã desta terça-feira no Instituto Patrístico Augustinianum de Roma. 

Além do autor da conversação com o Papa, o vaticanista Andrea Tornielli, participaram do evento o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, e o ator e diretor cinematográfico italiano Roberto Benigni. O comovente testemunho do encarcerado Zhang Agostino Jianquing, e ainda, a participação do diretor da Livraria Editora Vaticana, Pe. Giuseppe Costa. A apresentação foi moderada pelo diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi.

Um livro para aprofundar o mistério da Misericórdia de Deus e entender o que esta representa na vida e no Pontificado do Papa Francisco. É o significado mais profundo do livro “O nome de Deus é Misericórdia” nascido da entrevista, ou melhor, como precisou Pe. Lombardi, da conversação do Pontífice com o vaticanista Tornielli. Publicado no Ano Santo, o volume – editado em 86 países – representa, segundo o diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, um valioso subsídio para o Jubileu da Misericórdia:

"Este livro-conversação é preciosíssimo justamente no contexto deste Ano jubilar. Com esse livro-conversação temos a sua experiência da misericórdia, em sua vida sacerdotal, em seu ministério, em sua espiritualidade.”

“Quem está em busca de revelações – disse o Cardeal Parolin em sua fala – talvez fique desiludido”. Efetivamente, o volume quer “tomar o leitor pela mão para entrar no mistério da Misericórdia, que é a carteira de identidade do cristão”, ressaltou o purpurado.

“O volume, que é de fácil leitura, tem uma característica que é peculiar de seu autor principal, ou seja, o Papa. De fato, é um livro que abre portas, que quer mantê-las abertas e pretende indicar possibilidades; que deseja fazer resplendecer, ou ao menos mostrar, o dom gratuito da infinita misericórdia de Deus, “sem o qual o mundo não existiria” – como disse uma vez uma anciã ao então Dom Bergoglio, pouco após tornar-se bispo auxiliar de Buenos Aires.”

O livro, acrescentou o cardeal, não dá respostas definitivas, nem entra na casuística, mas “alarga o olhar ao encontro com o amor infinito de Deus” que supera as lógicas humanas.

E recordou que Francisco não somente nos recorda que vivemos num mundo que perdeu o sentido do pecado, mas que cada vez mais precisa de misericórdia.

Em seguida, o Cardeal Parolin evidenciou a importância da misericórdia não somente na conversão pessoal, mas também nas relações entre os Estados e os povos. O Papa Francisco tem convicção disso, disse o purpurado, como o tinha São João Paulo II, em particular, após os atentados de 11 de setembro:

“A mensagem do Papa, a mensagem cristã da misericórdia e do perdão, as muitas portas santas que são escancaradas, o chamado a deixar-se abraçar pelo amor de Deus é algo que não diz respeito somente à conversão de cada um de nós, à salvação da alma de cada pessoa; é algo que nos diz respeito também como povo, como sociedade, como país e pode ajudar-nos a construir relações novas e mais fraternas porque quem experimentou em si a abundância da graça no abraço de misericórdia, quem foi e continua sendo perdoado, pode restituir ao menos um pouco daquilo que gratuitamente recebeu.”

É um livro comovente porque mostra que o abraço de Jesus nos levanta se nos abandonamos ao amor de Deus, disse ainda o Cardeal Secretário de Estado.

A participação sucessiva suscitou comoção: o testemunho de Zhang Agostino Jianquing, jovem encarcerado de origem chinesa, detido em Pádua – nordeste da Itália –, que contou como após anos de violência encontrou a fé propriamente no cárcere, através de um voluntário que o levou ao encontro com o Senhor:

“Após o Batismo entendi toda a misericórdia da qual fui objeto, mesmo quando não me dava conta disso. E este livro do Papa Francisco ajudou-me a compreender melhor aquilo que aconteceu comigo. Eis o motivo do nome ‘Zhang Agostino: Agostino porque pensando em Santo Agostinho, em sua história, comoveu-me particularmente sua mãe, Santa Mônica, por todas as lágrimas que derramou por seu filho, esperando reencontrar o filho perdido. É de certo modo como a minha situação: pensando em minha mãe e no rio de lágrimas que derramou por mim, esperando que eu pudesse reencontrar o sentido da minha vida.”

Em seguida, com palavras comoventes, Zhang Agostinho agradeceu ao Papa, a quem pôde encontrar propriamente com a publicação do livro, por sua constante atenção e cuidado para com os encarcerados:

“Caro Papa Francisco, obrigado pelo afeto e a ternura que jamais deixa de nos testemunhar. Obrigado por seu incansável testemunho. Obrigado pelas páginas deste livro das quais emerge o coração de um pastor misericordioso. E nós o recordamos sempre em nossas orações.”

Da comoção suscitada pelo detento passou-se à alegria contagiante: a última participação, muito aguardada, foi a do ator e diretor cinematográfico Roberto Benigni, que arrancou o efusivo aplauso dos presentes. O ator iniciou ressaltando os sentimentos que teve com a leitura do livro:

“É um livro – digamos – que nos acaricia, que nos abraça, que nos ‘misericordia’, que é um termo inventado pelo Papa. Misericórdia – atenção! – não é uma virtude assim, que está sentada na poltrona... é uma virtude ativa, que se move: olhem para o Papa, jamais está parado! Move não somente o coração, mas também os braços, as pernas, os calcanhares, os joelhos, move o corpo e a alma, jamais está parado! Vai ao encontro dos míseros, da pobreza, não fica parado um segundo...”

Benigni prosseguiu sua reflexão sobre a Misericórdia evidenciando que esta, junto ao perdão, é a mensagem mais forte que está emergindo do Pontificado de Francisco.

“E a misericórdia para Francisco – atenção! – não é uma visão adocicada, condescendente ou, pior ainda, ‘bondosista’ da vida: não! É uma virtude severa, é um verdadeiro desafio, mas não somente religioso-teológico: é um desafio social, político! Aquilo que Francisco está fazendo é impressionante. E o que Francisco faz para vencer esse desafio, digamos, incrível? O que é que lhe dá forças? É propriamente a medicina da misericórdia. Vejam só, ele vai buscá-la entre os derrotados, entre os últimos dos últimos. Aonde foi publicamente quando começou seu Pontificado? Foi a Lampedusa, propriamente aonde chegam os últimos dos últimos. E onde abriu a Porta Santa do Jubileu? Na República Centro-Africana, em Bangui, no lugar mais pobre dos pobres dos pobres do mundo: justamente no lugar mais pobre Francisco vai ao encontro da proximidade, da dor do mundo, do sofrimento, porque ali, no meio da dor nasce a misericórdia.”

Num mundo que pede a condenação, ressaltou Benigni, Francisco quer, ao invés, a misericórdia. E não vê contraposição com a justiça:

“E então, diz, porém, se se perdoa tudo, para que serve a justiça? Mas a misericórdia – nos diz o Papa Francisco – é a justiça maior. A justiça é o mínimo da misericórdia. A misericórdia não elimina a justiça: não a suprime, não a corrompe. Vai além. Um mundo somente com a justiça seria um mundo frio, não? E se sente que o homem não precisa somente de justiça: precisa também de algo diferente. No livro se sente que Francisco nos faz perceber exatamente isso, porque a misericórdia é propriamente a fonte de seu Pontificado...”

Por fim, o autor do livro com o Papa, o vaticanista do diário “La Stampa” Andrea Tornielli agradeceu aos que – a começar pelo editor – acreditaram neste projeto editorial e quis unir a figura de Bergoglio à de São João XXIII, que sabia olhar com misericórdia para os pecadores, abraçando todos, inclusive os encarcerados, como faz hoje o Papa Francisco. (RL)

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"O nome de Deus é misericórdia" - síntese

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Cidade do Vaticano (RV) – A misericórdia é “a carteira de identidade” de Deus, afirma o Papa Francisco, no livro-entrevista “O nome de Deus é misericórdia”, nas livrarias italianas a partir desta terça-feira, 12. A obra é uma compilação de uma conversa entre o Pontífice e o vaticanista do jornal italiano “La Stampa”, Andrea Tornielli, e coordenador do site “Vatican Insider”. Dividido em nove capítulos e 40 perguntas, o livro – editado pela Piemme – tem a capa autografada pelo Papa Francisco. A primeira cópia do volume, em italiano, foi entregue ao Pontífice na tarde de segunda-feira, 11, na Casa Santa Marta.

Entrevista gravada em julho de 2015

Julho de 2015, Casa Santa Marta. O Papa Francisco recém havia retornado de sua viagem apostólica ao Equador, Bolívia e Paraguai. É uma tarde abafada quando recebe o jornalista Andrea Tornielli, munido de três gravadores. Diante de si, sobre uma pequena mesa, o Santo Padre tem uma Bíblia e um livro com citações dos Padres da Igreja. A misericórdia é o tema da conversa que nasce entre os dois, em vista do Jubileu Extraordinário que foi aberto cinco meses após. Hoje, os frutos daquele diálogo estão compilados no livro “O nome de Deus é misericórdia”.

Capítulo I – É o tempo da misericórdia

Oração, reflexão sobre os Pontífices precedentes e uma imagem da Igreja como “hospital de campanha”, que “aquece os corações das pessoas com a proximidade”. São estes os três fatores – explica o Papa – que o impeliram a convocar o Jubileu da Misericórdia. “A nossa época é um tempo oportuno” por isto – observa – porque hoje se vive um duplo drama: perdeu-se o sentido do pecado, e ele é considerado também incurável, imperdoável. Por isto, a humanidade ferida por tantas “doenças sociais” – pobreza, exclusão, escravidão do terceiro milênio, relativismo – tem necessidade de misericórdia, desta “carteira de identidade de Deus”, daquele que “permanece sempre fiel”, mesmo que o pecador o renegue.

A graça da vergonha torna o pecador consciente do pecado

Também é central neste primeiro capítulo a reflexão do Papa sobre o tema da vergonha, entendida como “uma graça”, porque torna o pecador consciente do próprio pecado. Em particular, a ênfase ao assim chamado “apostolado da escuta”, ou seja, a capacidade dos confessores de “ouvir com paciência”, pois hoje as pessoas “buscam sobretudo alguém que esteja disposto a doar o próprio tempo para escutar os seus dramas e as suas dificuldades”. Entre outras coisas – observa – é por isto que tantos procuram os quiromantes. O Pontífice destaca, ademais, “que se o confessor não pode absolver, dê alguma bênção, mesmo sem absolvição sacramental”, porque “o amor de Deus existe também para quem não está na disposição de receber o Sacramento”.

A grande responsabilidade de ser confessor

“Tenham ternura com estas pessoas – recomenda o Papa aos sacerdotes – não as afastem”, porque “as pessoas sofrem” e “ser confessor é uma grande responsabilidade”. A este respeito, o Pontífice cita o caso de sua sobrinha: “Eu tenho uma sobrinha que casou no civil com um homem, antes que pudesse ter o processo de nulidade matrimonial. Este homem era tão religioso, que todos os domingos, quando ia à missa, ia ao confessionário e dizia ao sacerdote: “Eu sei que o senhor não pode me absolver, mas pequei nisto e naquilo, me dê uma bênção”. Este é um homem religiosamente formado”.

Capítulo II - Confissão não é lavanderia, nem tortura. Ouvir, não interrogar

Além disto, se vai ao confessionário “não para ser julgado”, mas para “alguma coisa maior do que o juízo: para o encontro com a misericórdia” de Deus, sem a qual “o mundo não existiria”. Por isto – enfatiza Francisco – o confessionário não deve ser “nem uma lavanderia”, onde se lava o pecado a seco, como uma simples mancha, nem “uma sala de tortura”, onde se depara com “o excesso de curiosidade” de alguns confessores, curiosidades às vezes “um pouco doentias”, mórbidas, que transformam a confissão em um interrogatório.

Capítulo 3 - Reconhecer-se pecador. Um coração em pedaços é uma oferta agradável a Deus

Pelo contrário, “no diálogo com o confessor é necessário ser ouvidos, não interrogados”. Neste sentido, o sacerdote deve “aconselhar com delicadeza”. Mas para obter a misericórdia de Deus – reitera novamente Francisco – é importante reconhecer-se pecador, porque “o coração em pedaços é uma oferta agradável ao Senhor, é o sinal de que estamos conscientes de nossa necessidade de perdão, de misericórdia”. O Papa recorda, depois, que a misericórdia de Deus é “infinitamente maior do que o nosso pecado”, porque o Senhor “nos primeireia”, “antecipa-se a nós, nos espera” com o seu perdão, com a sua graça”. “Somente o fato de uma pessoa ir ao confessionário – explica – indica de que já existe um início de arrependimento”. E às vezes vale mais “a presença desajeitada e humilde de um penitente que tem dificuldade em falar, do que as tantas palavras de alguém que descreve o seu arrependimento”.

Capítulo IV – Também o Papa tem necessidade da misericórdia de Deus

O Papa define-se como “um homem que tem necessidade da misericórdia de Deus” e dá alguns conselhos ao penitente e ao confessor: ao penitente, sugere que não seja soberbo, mas que olhe “com sinceridade a si mesmo e ao próprios pecados”, para assim receber o dom da misericórdia de Deus. Aos confessores, por sua vez, Francisco sugere a pensarem, antes de tudo, nos próprios pecados e depois, ouvirem “com ternura”, sem “atirar nunca a primeira pedra”, mas procurando “assemelhar-se a Deus na sua misericórdia”. Como modelo, o Pontífice cita o pai que vai de encontro ao filho pródigo e o abraça, antes ainda que o jovem admita os seus pecados. “Este é o amor de Deus – sublinha o Papa – esta é a superabundância da misericórdia”.

Capítulo V – A Igreja condena o pecado, mas abraça o pecador

E para aqueles que afirmam que na Igreja existe “muita misericórdia”, o Papa responde sublinhando que “a Igreja condena o pecado”, mas “ao mesmo tempo abraça o pecador que se reconhece como tal, fala a ele da misericórdia de Deus”. É necessário perdoar “setenta vezes sete”, isto é, sempre”, enfatizou o Pontífice, porque “Deus é um pai cuidadoso, atento, pronto em acolher qualquer pessoa que dê um passo ou que tenha o desejo de dar um passo” em direção a ele, e “nenhum pecado humano, por mais grave que seja, pode prevalecer sobre a misericórdia e limitá-la”. A Igreja, portanto, “não está no mundo para condenar, mas para permitir o encontro com aquele amor visceral que é a misericórdia de Deus”.

Igreja deve estar “em saída”, ser “hospital de campanha” para os necessitados de perdão

Para fazer isto, porém, ela deve ser “Igreja em saída”, “hospital de campanha que vai de encontro aos tantos “feridos” necessitados de escuta, compreensão, perdão, amor”. É importante, de fato, “acolher com delicadeza aqueles que estão diante de nós, não ferir a sua dignidade”, afirma o Santo Padre, citando uma experiência pessoal, que remonta aos tempos em que era pároco na Argentina: uma mulher que se prostituía para manter os seus filhos, agradeceu a ele por sempre trata-la por “Senhora”.

Capítulo VI – Não lamber as feridas do pecado, mas ir em direção a Deus

Francisco também chama a atenção para a atitude de quem desespera “pela possibilidade de ser perdoado” e prefere lamber as feridas do pecado, impedindo de fato a cura. “Esta é uma doença narcisista que leva à amargura”, observa o Papa, em que se encontra “um prazer na amargura, um prazer doentio”. Pelo contrário, “o remédio existe”: basta somente dar um passo em direção a Deus ou ao menos ter o desejo de dar este passo, “assumindo a própria condição”, sem crer-se “autossuficiente” e sem esquecer as nossas origens, “a lama de onde fomos tirados, o nosso nada”. E isto “vale sobretudo para os consagrados”, sublinha. Na vida, de fato, o importante não é “não cair nunca”, mas sim, “levantar-se sempre”. Esta, então, é a missão da Igreja. “Que as pessoas percebam que sempre é possível recomeçar se permitimos que Jesus nos perdoe”.

Delicadeza e não marginalização das pessoas homossexuais

Respondendo, depois, a uma pergunta sobre pessoas homossexuais, o Papa explica o que afirmou em 2013, durante a coletiva de imprensa no avião que o trazia de retorno do Rio de Janeiro, isto é, “se uma pessoa é gay, busque o Senhor e tenha boa vontade, quem sou eu para julgá-la?”. “Eu havia parafraseado de memória o Catecismo da Igreja Católica – pondera – onde explica que estas pessoas devem ser tratadas com delicadeza e não devem ser marginalizadas”. O Papa aprecia a expressão “pessoa homossexual” porque, explica, “antes existe a pessoa, na sua totalidade e dignidade”, que “não é definida somente pela sua tendência homossexual”. “Eu prefiro que as pessoas homossexuais venham confessar-se, que permaneçam próximas ao Senhor, que se possa rezar juntos”, acrescentou.

Misericórdia é doutrina,  é o primeiro atributo de Deus

Quanto à relação entre verdade, doutrina e misericórdia, Francisco explica: “Eu amo antes dizer: a misericórdia é verdadeira”, “é o primeiro atributo de Deus”. “Depois se podem fazer reflexões teológicas sobre doutrina e misericórdia – acrescenta – mas sem esquecer de que a misericórdia é doutrina”. A este propósito, o Papa cita “os doutores da lei, os principais opositores de Jesus, que o desafiam em nome da doutrina”. Eles seguem uma lógica de pensamento e de fé que olha “ao medo de perder os justos, os já salvos”. Jesus, pelo contrário, segue outra lógica: aquela que redime o pecado, acolhe, abraça, transforma o mal em bem, a condenação em salvação. É a lógica de um Deus que é amor – explica o Papa – um Deus que quer a salvação de todos os homens, que não se detém “em estudar a situação em uma mesinha”, avaliando os prós e os contras. Para o Senhor, o que conta realmente é “alcançar os afastados e salvá-los”, curar e integrar “os marginalizados que estão fora” da sociedade.

Lógica de Deus é lógica do amor que escandaliza os “doutores da lei”

Certamente – sublinha Francisco – esta lógica pode escandalizar, antes como agora, provocando “o resmungo” de quem está habituado aos próprios “esquemas mentais e à própria pureza ritualística”, ao invés de “deixar-se surpreender” por um amor maior. Pelo contrário, é precisamente esta lógica o caminho que o Senhor nos indica diante das pessoas que “sofrem no físico e no espírito”, para vencer assim “preconceitos e rigidezes” e evitar de julgar e condenar “do alto da própria segurança”. Ir em direção aos marginalizados e aos pecadores – prossegue Francisco – não significa permitir aos lobos que entrem no rebanho, mas sim procurar alcançar todos, testemunhando a misericórdia, sem nunca cair na tentação de sentir-se “os justos ou os perfeitos”.

Adesão formal às regras leva à degradação do estupor

Quem se descobre “doente na alma”, de fato, deve encontrar portas abertas, não fechadas; acolhida, não julgamento ou condenação; ajuda, não marginalização. Os cristãos que “apagam aquilo que o Espírito acende no coração de um pecador”, avalia Francisco, são como os doutores da lei, “sepulcros caiados” que, com a hipocrisia, viviam apegados à letra da lei, sabiam somente fechar portas, colocar limites, mas negligenciavam o amor. Se prevalece a adesão formal às regras – chama a atenção o Papa – então se verifica “a degradação do estupor”, ou seja, se maravilha menos diante da salvação trazida por Deus, e isto nos leva a acreditar “conseguirmos fazer sozinhos, sermos nós os protagonistas”. Este comportamento “é a base do clericalismo” e leva os ministros de Deus a acreditarem-se como “donos da doutrina, titulares de um poder”.

Lei da Igreja é inclusiva, não exclusiva

A Igreja não deve nunca ser assim – afirma o Papa – não deve ter o comportamento de quem impõe “fardos pesados” nas costas das pessoas. “Para algumas pessoas rígidas – disse – faria bem uma escorregada, porque assim, reconhecendo-se pecadores, encontrariam Jesus”. “A grande lei da Igreja, de fato, é aquela do et et e não aquela do aut aut”. A este propósito Francisco cita exemplos negativos, como os cinquenta mil dólares pedidos a uma mulher por um processo de nulidade matrimonial ou como o funeral em uma igreja, recusado a uma criança, por esta não ser batizada.

Capítulo VII – Corrupção, um pecado elevado à sistema. Pecadores sim, corruptos não!

Ampla, após, a reflexão de Francisco sobre a corrupção, definida como “o pecado elevado à sistema, que tornou-se um hábito mental, um modo de viver”. O corrupto peca e não se arrepende – diz o Papa – finge ser cristão e com a sua vida dupla provoca escândalo, acredita não precisar mais pedir perdão, passa a vida em meio aos atalhos do oportunismo, ao preço da dignidade sua e dos outros. Com o seu “rosto de santinho”, o corrupto evade os impostos, dispensa os funcionários para não assumi-los definitivamente, explora o trabalho informal e depois se vangloria de suas espertezas com os amigos ou até mesmo vai à missa no domingo, mas depois usa o suborno no trabalho. E “frequentemente não se dá conta de seu estado” como “quem tem a respiração pesada”. “Pecadores sim, corruptos não!” – exorta o Papa – convidando a rezar, durante o Jubileu, para que Deus abra brechas nos corações do corruptos, dando a eles “a graça da vergonha”.

Justiça não basta por si só, é necessária a misericórdia

Após, o Pontífice recorda que a misericórdia “é um elemento indispensável”, para que exista fraternidade entre os homens. A justiça, por si só, de fato, não basta: com a misericórdia, Deus vai além da justiça, “a engloba e a supera” no amor. “Não existe justiça sem perdão – disse ainda Francisco, no fulcro de João Paulo II – e a capacidade de perdão está na base de todo projeto de uma sociedade futura, mais justa e solidária. E não somente: “a misericórdia contagia a humanidade” e isto se reflete “na justiça terrena, nas normas jurídicas”. Basta pensar à crescente rejeição da pena de morte que se registra a nível mundial.

Família, primeira escola de misericórdia

“Com a misericórdia a justiça é mais justa” – sublinha ainda Francisco - enfatizando que isto não significa “ser exageradamente condescendente, escancarar as portas das prisões a quem se manchou com crimes graves”, mas sim ajudar a quem caiu a levantar-se, porque Deus “perdoa tudo”, “realiza milagres também com a nossa miséria” e a sua misericórdia “será sempre maior do que qualquer pecado”, tanto que ninguém pode colocar um limite a ela. O Pontífice recorda, após, que a família “é a primeira escola da misericórdia”, pois nela “se é amado e se aprende a amar, se é perdoado e se aprende a perdoa”.

Capítulo VIII – A compaixão vence a globalização da indiferença

Quanto às características do amor infinito de Deus, o Papa Bergoglio recordou que Deus nos ama com compaixão e misericórdia; a primeira tem um rosto mais humano. A segunda, por sua vez, é divina. De fato, Jesus não olha à realidade a partir do exterior, “como se tirasse uma fotografia”, mas “deixa-se envolver”. Hoje existe necessidade desta compaixão - explica -  e existe necessidade dela para vencer “a globalização da indiferença”.

Capítulo IX – Praticar obras de misericórdia. Está em jogo a credibilidade dos cristãos

Na conclusão do livro-entrevista, o Papa coloca o foco nas obras de misericórdia, corporais e espirituais: “São atuais e sempre válidas – diz – estão na base do exame de consciência e ajudam a abrir-se à misericórdia de Deus”. Disto, vem a exortação a servir Jesus “em toda pessoa marginalizada”, excluída, faminta, sedenta, nua, prisioneira, doente, desempregada, perseguida, refugiada. Na acolhida do marginalizado, ferido no corpo, e do pecador, ferido na alma, joga-se, de fato, “a credibilidade dos cristãos”, conclui o Pontífice. Porque no fundo, como dizia São João da Cruz, “no anoitecer da vida, seremos julgado no amor”. (JE)

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Papa: usura e jogo são falência econômica, social e existencial

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Cidade do Vaticano (RV) – “É preciso lutar com toda a força para abater as chagas sociais da usura e do jogo, que geram sempre falências econômicas, sociais e existenciais”, escreve o Papa. 

O Pontífice enviou esta mensagem, por meio do Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, a um encontro da Comissão italiana anti-agiotagem, realizado segunda-feira em Roma.

Na Itália, mais de 1 milhão e 400 mil famílias estão em condição de falência. São as mais vulneráveis porque é maior o risco que recorram à usura ou ao jogo, para sair desta condição. Em todo o território do país, existem 340 mil ‘slot machines’ (caça-níqueis) e 51 mil vídeo-bingo, instrumentos que “distribuem ilusões e semeiam desespero”, afirma o secretário geral da comissão,  Mons. Alberto D’Urso, segundo o qual, mais de 900 mil italianos estão praticamente ‘viciados no jogo’.

(CM)

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Papa convida sacerdote para pregar Exercícios Espirituais da Quaresma

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Cidade do Vaticano (RV) – “Alô, sou o Papa Bergoglio. Devo perdir-lhe um favor”. Quem ouviu surpreso a voz do Papa Francisco ao atender o telefone há alguns dias, foi o Padre Ermes Ronchi, da região italiana de Friuli Venezia Giulia. O sacerdote foi convidado pelo Pontífice para pregar os Exercícios Espirituais da Quaresma, de 6 de março - após o Angelus -  até o sábado, dia 12. Será uma semana intensa de encontros e reflexões em Ariccia, que além de Francisco, terá a participação de cerca sessenta pessoas, entre os quais alguns chefes de dicastérios, bispos e cardeais. Em fevereiro de 2015, o Papa Francisco e membros da Cúria participaram dos Exercícios Espirituais da Quaresma na Casa Divino Mestre, em Ariccia. 

“O telefonema do Papa me pegou de surpresa , confessa o Padre Hermes ao “Messaggero Veneto”. A minha primeira reação foi de tremor, de emoção. Quando me disse que devia me pedir um favor não hesitei em responder  “mas claro, imagina, diga, qualquer coisa de que o senhor tenha necessidade...!”. Mas quando me disse que queria convidar-me para organizar alguns encontros de reflexão, vacilei e lhe respondi que não era a pessoa certa, que não estava à altura da missão que me propunha”.

Uma resposta que não diminuiu o entusiasmo do Papa, que em poucas palavras respondeu: “Então comecemos no domingo seis de março”. Mas temendo atrapalhar a programação do Padre Ermes, Francisco perguntou-lhe: “Queres antes olhar a tua agenda?”. (JE/Aska)

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Papa encorajará famílias mexicanas a seguirem unidas a Deus

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Cidade do Vaticano (RV) - O encontro do Papa Francisco com as famílias em Tuxtla Gutiérrez, capital do Estado de Chiapas (México), terá como objetivo encorajar as famílias seguirem unidas a Deus. Em um comunicado publicado nesta semana, a CEM (Conferência Episcopal Mexicana) diz que o momento será muito significativo na Viagem Apostólica que o pontífice fará ao país entre os dias 12 e 17 de fevereiro.

De acordo com os bispos, o próprio pontífice destacou que o sonho de Deus para todos é que sejamos parte de uma família. “A Igreja – reforça o comunicado  - é o lugar em que se contenta, através da fé, uma grande família fazendo-se presente nas igrejas particulares, chamadas dioceses, confiadas a um bispo, princípio e fundamento visível da unidade nessa Igreja particular em comunhão com o Papa, quem, como sucesso de Pedro, é princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade da Igreja universal.”

Encontro com famílias em diversas situações

A CEM destaca ainda que o Papa Francisco, reconhecendo que não há família perfeita, fez perceber que a família não é problema, mas sim a solução.  Em Textla Gutiérrez, o Papa escutará o testemunho de famílias que vivem diversas situações: uma família formada por pai, mãe e filhos; outra formada por uma mãe solteira; uma cujos pais sofreram uma separação e agora vivem uma nova união; e uma família com um filho adolescente que possui distrofia muscular.

O comunicado enfatiza ainda que o Papa oferecerá uma mensagem que “encorajará a todas as famílias a seguir adiante, unidas a Deus, e dando cada um o melhor de si para construir dia a dia uma melhor família, procurando ser misericordioso com o Pai”.

O Papa Francisco será o terceiro papa a visitar o país. O primeiro foi João Paulo II nos anos de 1979, 1990, 1993, 1999 e 2002. Já Bento 16 esteve no México em 2012. (PS) 

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Migrantes e refugiados com o Papa no Angelus

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Roma (RV) –  A Igreja italiana respondeu positivamente ao apelo do Papa Francisco lançado em 6 de setembro de 2014, para que dioceses, paróquias, comunidades, mosteiros e santuários acolhessem refugiados. Atualmente já são 27 mil, dos quais cinco mil estão em paróquias. Os números foram fornecidos pelo Diretor Geral da “Migrantes”, Mons. Giancarlo Perego, durante a apresentação das iniciativas da Igreja Católica para o Dia Mundial dos Migrantes e dos Refugiados, a ser celebrado no próximo domingo, 17. Não obstante isto, a acolhida às ondas de refugiados ainda é precária.

Migrantes e refugiados no Angelus com o Papa

Em vistas da celebração no próximo domingo, mais de 6 mil migrantes e refugiados provenientes de 17 Dioceses do Lácio,  de pelo menos 30 nacionalidades, estarão na Praça São Pedro para o Angelus com o Papa.  Depois do tradicional encontro dominical na Praça São Pedro, os migrantes atravessarão a Porta Santa da Basílica, onde será celebrada uma Missa presidida pelo Cardeal Antonio Maria Vegliò, Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Refugiados. Aos pés do altar estará a Cruz de Lampedusa, para recordar a viagem dramática de muitos pessoas que pedem asilo. As hóstias a serem distribuídas durante a Comunhão foram confeccionadas pelos detentos da Prisão de Opera, de Milão.

Acolhida aos migrantes e refugiados ainda é precária

Para a Migrantes, a acolhida não é a atitude que prevalece neste momento histórico. “Cresce o medo – observa Mons. Perego – crescem os riscos não somente de se levantar muros, como forma de protecionismo, de limitações ao welfare para os migrantes, mas também de choques e conflitos sociais na Europa”. Mesmo na Itália “a acolhida permanece ainda em uma situação de forte precariedade, quer nos portos de chegada como em muitos centros de primeira acolhida”.

Diminuição na concessão de asilos

A Migrantes estima que na Itália, neste momento, num universo de 153 mil pessoas desembarcadas em 2015, permanecem nas diversas estruturas 103.792. E se os pedidos de asilo aumentaram – 83 mil em 2015 em relação aos 65 mil de 2014 – a  resposta positiva a estes diminuiu de 60% em 2014 a 42% em 2015. Um dos motivos, segundo Perego, deve ser individuado na “consideração de um direito à tutela internacional a partir do país de proveniência”, enquanto, pelo contrário, “este direito é pessoal. Temos assistido a expulsões também em grupo, sem ler o histórico da pessoa, e isto não está de acordo com um estado de direito”.

São pessoas, não são números

“A Europa deve oferecer acolhida e integração. Por trás do fenômeno migratório – disse por sua vez o Bispo Auxiliar de Roma e Presidente da Migrates e da Comissão Episcopal para as Migrações, Dom Guerino Di Tora – não existem números, mas pessoas, seres humanos”. Por este motivo, a mensagem para o Dia que se celebra no domingo é “Em caminho com os migrantes: gestos de acolhida e de misericórdia”. (JE/Ansa)

 

 

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Sinagoga de Roma estará lotada para visita de Francisco

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Roma (RV) – “Na primeira fila estará o povo da comunidade judaica nos seus vários componentes: de quem trabalha com os pobres às famílias atingidas pelo terrorismo, dos jovens aos ex-deportados. Teremos o Templo Maior lotado, no limite da capacidade”. Foi o que antecipou ao Jornal italiano Avvenire o Rabino Chefe da Comunidade Judaica de Roma, Riccardo di Segni, ao falar da visita que o Papa Francisco realizará à Sinagoga no próximo domingo, 17. Será o terceiro Pontifície a visitar o templo judaico, após João Paulo II e Bento XVI. A Rádio Vaticano irá transmitir a visita, com comentários em português, a partir das 13 horas, horário de Brasília.

“A visita de João Paulo II foi um divisor de águas nas relações judaico-cristãs, recorda Di Segni. A de Bento XVI sublinhou com seu estilo uma continuidade”. Francisco, portanto, insere-se “num caminho de amizade traçado pelos seus predecessores. É importante porque no percurso do diálogo nunca se deve supor nada, como não se supunha de que poderia haver uma nova visita”.

Em particular, “a visita do Papa Francisco tem o seu significado e a sua força justamente no contexto histórico que estamos vivendo – sublinha o Rabino Chefe de Roma. O mundo está ensanguentado pelos conflitos, estamos preocupados com o extremismo disseminado e as violências que se realizam  em nome das religiões e pelas consequências que podem ter certas escolhas políticas. Queremos dar uma mensagem: a pertença a uma fé não deve ser motivo de hostilidade, ódio e violência. As religiões são mensageiras de paz”. (JE)

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Igreja na América Latina



Igreja em El Salvador pede fim das deportações

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São Salvador (RV) – O arcebispo de São Salvador, Dom José Luis Escobar Alas, pediu domingo (10/01) ao governo dos Estados Unidos que parem de deportar migrantes centro-americanos, pois eles querem somente melhorar a qualidade de vida de suas famílias.

“Em nome da Igreja em El Salvador, quero fazer um chamado ao senhor presidente dos Estados Unidos e a seu governo para não continuar com as deportações de nossos irmãos centro-americanos, não é justo, eles não são criminosos, são pessoas boas que doam seu trabalho honesto”, assinalou.

O arcebispo defendeu uma reforma migratória que beneficie os compatriotas e migrantes da região. Adiantou que o tema migratório será um dos pontos da agenda do Papa durante a visita que realizará ao México em fevereiro.

Medidas insuficientes para o combate à violência

Em relação ao alto índice de violência registrado no início de 2016 no país, Dom Escobar mostrou preocupação pela situação e pediu consenso. 
No entanto, admitiu que apesar do esforço das autoridades para o combate a este flagelo, isto não tem sido suficiente, e portanto, seria bom que o governo revisasse as estratégias de segurança. 

(CM)

 

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Igrejas: aumenta violência em conflitos com mineradoras

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Cidade do Vaticano (RV) – ‘Igrejas e Mineração’, rede ecumênica de comunidades cristãs ameaçadas por conflitos com companhias minerárias, escreveu uma carta pública aos bispos e pastores de suas Igrejas, manifestando sua preocupação pelo crescimento da violência e da criminalização de pessoas e comunidades que se posicionam criticamente ante a mineração na América Latina. A estas agressões, soma-se a nova estratégia das empresas de se aproximar à hierarquia das Igrejas. 

"As mineradoras não conseguem demonstrar que suas operações são sustentáveis; suas práticas de responsabilidade social corporativa não resolvem os graves danos e violações provocados por suas atividades. Sua nova estratégia, portanto, está sendo buscar apoio de instituições críveis, para obter a confiança do povo. E dentre elas, estão as Igrejas”.

Assim, os líderes religiosos da rede “Igrejas e Mineração” esperam que os bispos e pastores não mantenham posições ‘neutras’ em relação aos conflitos. Reconhecendo a ‘imensa dignidade dos pobres’ (LS 158), a Igreja deve continuar assumindo seu grito e se posicionar ao lado dos pobres e em defesa da Criação.

Para a Rede, “é importante garantir o Consentimento Livre, Prévio e Informado de todas as comunidades que poderiam ser afetadas por um projeto extrativista, assim como o direito das mesmas de dizer ‘não’ à mineração”.

A carta pública também faz referência à denúncia formal apresentada pela Igreja, através do Departamento Justiça e Solidariedade do CELAM, à Comissão Interamericana de Direitos Humanos em março de 2015, em Washington. 

(CM)

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Igreja no Mundo



Patriarca Laham: ajuda à cidade de Madaya nas mãos de terroristas

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Roma (RV) - Madaya é uma cidade “refém” de grupos armados e terroristas, como também de membros do autoproclamado Estado islâmico, que usam civis “como escudos humanos”. É o que afirma à agência AsiaNews, o Patriarca Melquita Gregório III Laham, que destaca que na cidade síria disputada entre o governo e rebeldes vivem “20 mil, e não 40 mil pessoas, como escreveram ao meios de comunicação nestes dias”. “Nós, como Igreja, não temos acesso a esta cidade - acrescenta -, mas sabemos que enviar ajuda é arriscado, porque muitas vezes acabam nas mãos, como já ocorreu em outras partes, de grupos criminosos e terroristas”.

Risco para 400 mil sírios assediados em 15 diferentes lugares

Hoje na Síria cerca de 4,5 milhões de pessoas vivem em áreas disputadas e de difícil acesso para as agências humanitárias, incluindo pelo menos 400 mil em 15 localidades diferentes assediadas; pessoas que vivem em condições de extrema necessidade e sem a oportunidade de receber auxílio. Entre elas está Madaya, a 25 km ao noroeste de Damasco e apenas 11 quilômetros da fronteira com o Líbano; desde julho do ano passado a área está cercada por forças do governo, apoiadas por aliados xiitas libaneses de Hezbollah. Embora não existam dados atualizados sobre o número de vítimas, fontes de Médicos Sem Fronteiras (MSF) informaram que somente no último mês de dezembro teriam perdido a vida pelo menos 23 pessoas. Funcionários da ONU falam de testemunhos críveis de pessoas que morreram de fome e de outros que morreram enquanto tentavam fugir da área.

Partiram para Madaya os primeiros socorros

Nesta segunda-feira (11), depois de uma longa espera, um comboio carregado com gêneros alimentícios partiu para Madaya, com alimentos para pelo menos 20 mil pessoas durante um mês. Desde outubro do ano passado a população não recebe ajuda e os preços dos alimentos, quase impossíveis de serem encontrados, foram às estrelas, com um litro de leite sendo vendido no mercado negro por 200 dólares. Nos próximos dias deverão chegar à cidade também medicamentos e outros bens essenciais.

As ajudas podem acabar nas mãos de terroristas e grupos armados

O Patriarca de Antioquia e de todo o Oriente, Gregory III, disse à AsiaNews que, em situações como a de Madaya, é necessário ter cuidado no envio de ajudas porque “correm o risco de acabar nas mãos de terroristas, e não da população”. A situação da cidade é muito semelhante à vivida em Yarmouk, que no passado o Núncio Apostólico em Damasco tinha definido uma “vergonha” consumida no silêncio da comunidade internacional. “Se entrarem alimentos - explica sua beatitude - o risco é que vão ser confiscados. O problema é complicado, aqui não se trata apenas do governo que não deixa entrar ajuda, mas é um crime que continua em detrimento dos mais fracos. É a guerra dos grandes que sempre faz vítimas entre os pequenos”.

Escutar o apelo à paz do Papa Francisco

A esperança, prossegue o Patriarca, é que a ajuda enviada hoje “chegue à população”. Ao governo e à oposição “renovamos, como Igreja, o apelo para não se esquecer do ser humano, da vida, que deve ser tutelada e protegida”. A esperança é que se mova o quanto antes a diplomacia internacional e que a resolução para a paz na Síria votada em Nova Iorque “tome forma”, ainda que a crise entre o Irã e a Arábia Saudita “complique a situação”. Neste contexto de guerra e violência, conclui, “assume ainda mais valor o Ano da Misericórdia do Papa Francisco”, porque recorda às pessoas que “não se deve deixar apagar o fogo da esperança, que se deve rezar e trabalhar pela paz e reconciliação”. (SP)

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Igreja Anglicana debate os desafios da comunhão interna

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Londres (RV) – Teve início na segunda-feira, 11, em Londres, uma reunião de fundamental importância para o futuro da Comunhão Anglicana. Trata-se do encontro – convocado em 16 de setembro passado pelo Arcebispo de Cantuária Justin Welby, em vista da próxima Conferência de Lambeth, prevista para 2018 – que reunirá os Primazes das 38 Províncias que fazem parte da Comunhão Anglicana, representando 85 milhões de fieis presentes em 165 países.

Os temas

Entre os temas a serem tratados até o dia 16 de janeiro, estão a revisão das estruturas eclesiásticas, mas sobretudo a busca de uma abordagem ampla da gestão de questões como a homossexualidade e a ordenação de mulheres como bispos, temas sobre os quais, sobretudo na última Conferência de Lambeth de 2008, surgiram profundas divergências, em particular entre as comunidades dos países ocidentais e aquelas dos países africanos e asiáticos.

Comunhão mais profunda fundada no respeito recíproco pelas diferenças

Questões delicadas, portanto, também porque a Comunhão Anglicana não tem uma organização centralizada e cada Província possui uma forte independência, quer no plano disciplinar e organizativo, como no teológico, enquanto a Igreja da Inglaterra como “Igreja mãe”, goza somente do status de prima inter pares. Aspecto este sublinhado pelo próprio Welby na carta de convocação. “Cada um de nós – lê-se – vive em um contexto diferente. A diferença entre as nossas sociedades e culturas, assim como a velocidade das mudanças culturais que são registradas em grande parte dos países do norte, nos levam a nos dividir como cristãos”. E isto, não obstante que “o mandamento da Escritura, a oração de Jesus, a tradição da Igreja e a nossa compreensão teológica nos exortem à unidade”. Desta premissa – segundo o Primaz inglês – deve nascer não certamente um estéril humanismo, mas uma comunhão a um nível talvez mais profundo, uma unidade que saiba nutrir-se sobretudo pelo respeito recíproco na gestão das diferenças.

Encontrar um equilíbrio permanecendo fieis à revelação de Cristo

De fato, “a família anglicana do século XIX deve encontrar espaço também para uma crítica e uma dissensão profunda, permanecendo fiel à revelação de Jesus Cristo”. Trata-se portanto – sublinha Welby – de chegar a um sábio equilíbrio na consciência de que “não temos nenhum Papa anglicano” e “que a nossa autoridade como Igreja se encontra, em última análise, na Escritura, corretamente interpretada”.

Pensador católico no encontro

A ordem do dia definitiva – lê-se no comunicado divulgado pelo Lambeth Palace – será fixada de comum acordo com todos os Primazes. Na reunião – refere o L’Osservatore Romano – deverá participar o pensador católico Jean Vanier. Uma escolha que confirma o caminho do diálogo ecumênico, em particular com o mundo católico, assumido por Welby que, como recordamos, em novembro passado havia convidado o Pregador da Casa Pontifícia, Padre Raniero Cantalamessa, para oferecer uma reflexão por ocasião da abertura dos trabalhos do Sínodo Geral da Igreja da Inglaterra. (JE)

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Cardeal Tagle: com Jesus jamais se está sozinho

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Manila (RV) - Com Jesus jamais se está sozinho: este foi o cerne da homilia pronunciada pelo arcebispo de Manila, Cardeal Luis Antonio Tagle, por ocasião da tradicional procissão do Nazareno Negro, realizada no último sábado (09/01).

Milhões de peregrinos com pés descalços acompanharam a imagem de Jesus, de madeira escura, partindo do centro da capital filipina até a Basílica de Quiapo. “Cristo chega a todos, carrega-nos sobre seus ombros, não nos vê como um peso, porque Ele está aqui para nós”, disse o Cardeal Tagle.

A importância do Sacramento da Eucaristia

Em seguida, falando sobre os sacrifícios realizados pelos fiéis para participar da procissão, o purpurado perguntou: “Por que se aceita tanta fadiga? A resposta é: para demonstrar gratidão a Deus. Todos nós queremos render graças ao Nazareno Negro por sua infinita bondade para conosco”.

“Este sacrifício de amor é um modo com o qual os fiéis podem restituir a Deus um pouco daquele tudo que Ele nos deu”, acrescentou.

Tendo em vista o 51º Congresso Eucarístico Internacional, programado para realizar-se em Cebu de 24 a 31 deste mês de janeiro, o arcebispo de Manila exortou a olhar para a Eucaristia como “cumprimento da devoção”, porque neste Sacramento os fiéis podem “ver a obra de Jesus que precisa ser seguida e imitada”.

A antiga devoção ao  Nazareno Negro

Vale a pena recordar que a procissão constitui o evento religioso mais importante do país do sudeste asiático. A devoção à imagem, com tamanho natural, representando Jesus vergado sob o peso da Cruz, remonta ao Séc. XVII, período em que as Filipinas estavam sob o domínio da Espanha.

A estátua foi levada em 1607 para Manila por um sacerdote agostiniano espanhol, a bordo de uma embarcação proveniente do México. Segundo a tradição, o barco pegou fogo durante a viagem, mas imagem do Cristo escapou milagrosamente do incêndio assumindo cor escura.

Apesar do dano, a população de Manila decidiu conservar e honrar a efígie. A devoção suscitada pelo ícone recebeu o favor da Santa Sé, que em 1650, sob o Pontificado de Inocêncio X, instituiu canonicamente a Confraria de Jesus Nazareno.

Também Pio VII, no Séc. XIX, quis honrar essa devoção concedendo a indulgência plenária “a quem, de modo piedoso, rezasse pelo Cristo Negro”. (RL)

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Taiwan: primeiro canal católico inicia transmissões

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Taipé (RV) – Teve início no início de janeiro as transmissões da primeira TV católica em Taiwan, na Ásia Oriental. A inauguração dos sinais só foi possível graças ao empenho de voluntários católicos que já trabalharam na mesma área em outras instituições. De acordo com o último levantamento do governo taiwanense, o país conta com aproximadamente 300 mil católicos, o que representa 1,8% da população.

As transmissões são realizadas pela uma empresa que oferece pacotes de canais por meio da Internet, como vídeo sob demanda ("on demand"). De acordo com Paul Sul, representante da Chunghwa Tecom, empresa responsável pela plataforma, ainda não possível medir um retorno, mas é fato de que “as pessoas desejam assistir a produções católicas chinesas na tela da TV, e queiram escutar a mensagem do Papa com todos os seus valores”.

O canal nasceu através de muitas colaborações. “Na verdade – relata o diretor – estamos unidos a um grupo de outros canais religiosos, especialmente os tauistas e budistas, que nos ajudam a amortizar os custos, tendo em conta os nossos recursos financeiros limitados.”

Hoje, três instituições ajudam a patrocinar a nova plataforma: Voz Católica, Rádio Veritas e Kuangchi. Boa parte do conteúdo é oferecido pelos arquivos de Kuangchi, fundada na década de 1950. Aos poucos, mesmo as antigos produções são adicionadas à plataforma para que as pessoas possam se lembrar especialmente da história da presença católica na ilha.

Taiwan já tem um canal de televisão por cabo ligado a igrejas evangélicas (chamado Good TV) e vários outros seguimentos religiosos, que ajudaram a disseminar a mensagem religiosa e os valores humanos nos meios de comunicação na ilha. Mas ainda faltava um veículo ligado à corrente católica, que hoje é possível acompanhar por meio da nova plataforma. (PS/AsiaNews)

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Formação



Testemunho de vida: a força da vida consagrada

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Cidade do Vaticano (RV) – Faltam poucos dias para o encerramento do Ano da Vida Consagrada e já é tempo para balanços. 

Para o Arcebispo de Palmas (TO), Dom Pedro Brito Guimarães, este ano poderia ter sido feito mais em prol desta categoria que o Arcebispo considera um pouco “empoeirada” dentro da Igreja.

Dom Pedro visitou na segunda-feira (11/01) a sede da Rádio Vaticano, em Roma, e concedeu uma entrevista ao Programa Brasileiro. A verdadeira força da vida consagrada, afirma ele, está no testemunho de vida. Ouça clicando acima.

(BF)

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Microcefalia: servem ainda mais pesquisas sobre a doença

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Cidade do Vaticano (RV) - Continuamos em nosso espaço de saúde com o tema da microcefalia, provocada pelo vírus Zika. 

Inesperadamente, o vírus Zika foi descoberto no Brasil em maio de 2015, na Bahia, trazido provavelmente por algum turista. Alguns especialistas acham que a introdução do vírus no Brasil se deu durante a maciça vinda de turistas na Copa do Mundo de 2014.

Ainda sobre essa doença vamos ouvir o infectologista de Brasília Dr. Pedro Luiz Tauil. (MJ)

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Atualidades



Seis anos após sismo, Haiti é um país esquecido

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Nova Iorque (RV) - O Secretário-Geral das Nações Unidas, pediu à comunidade internacional que prossiga seu apoio para a reconstrução do Haiti, passados seis anos do terremoto que matou cerca de 230 mil pessoas.

"Haiti segue necessitando do apoio da comunidade internacional, por isso faço um apelo para que continue a sua ajuda para a reconstrução do país", disse Ban em comunicado.

O Secretário-Geral reconheceu que "o caminho para a recuperação e o desenvolvimento a longo prazo não está sendo uma tarefa simples". "Muitos haitianos continuam enfrentando inúmeros desafios, como a falta de habitações, a insegurança alimentar e o acesso à água potável", apontou Ban.

Tributo na ONU

Neste dia 12 de janeiro, as Nações Unidas prestarão um tributo às vítimas do desastre na sede da organização, em Nova Iorque. Entre elas, 102 funcionários da ONU morreram. Uma homenagem que Ban espera que sirva de "inspiração renovada" para os trabalhos por futuro Haiti unido, democrático e próspero.

País mais desigual da América Latina

Por ocasião deste sexto aniversário do terremoto, a Caritas Italiana publicou um relatório denunciando a condição de abandono do Haiti e suas gritantes desigualdades sociais.

"A maioria da população vive numa situação de miséria, degradação e abandono e uma restrita minoria, ao invés, vive no luxo."

O Haiti é o país mais pobre da América Latina e apresenta grandes desequilíbrios: 10% dos habitantes possui 70% dos recursos de toda a nação, enquanto de três haitianos, dois vivem com menos de dois dólares por dia.

Dra. Zilda Arns

O terremoto que atingiu o Haiti deixou 22 brasileiros mortos. Entre eles, a Dra. Zilda Arns, fundadora da Pastoral da Criança e da Pastoral da Pessoa Idosa.

(BF)

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