Noticiário da Rádio Vaticano Noticiário da Rádio Vaticano
RedaÇão +390669883895 e-mail: brasil@vatiradio.va

Sumario del 25/01/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Ecumenismo. Papa: a misericórdia de Deus renovará nossas relações

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - “Não pode existir autêntica busca da unidade dos cristãos sem um confiar-se plenamente na misericórdia do Pai.” Foi o que disse o Papa Francisco na tarde desta segunda-feira (25/01), nas segundas Vésperas, celebradas na Basílica de São Paulo Fora dos Muros, na festa da Conversão de São Paulo.

Como se dá habitualmente nesta ocasião, sendo uma celebração ecumênica, as Segundas Vésperas tiveram a participação de representantes de diferentes confissões cristãs, entre os quais, representante do Patriarcado ecumênico de Constantinopla, representante em Roma do Primaz da Comunhão Anglicana, e os representantes das várias Igrejas e Comunidades eclesiais de Roma. Todos, com Francisco, passaram pela Porta Santa do Jubileu extraordinário da Misericórdia.

Após referir-se ao Ano jubilar da Misericórdia, e dirigindo-se aos representantes de outras Igrejas cristãs, o Papa disse: “Peçamos perdão pelo pecado das nossas divisões, que são uma ferida aberta no Corpo de Cristo”, exortou Francisco acrescentando:

“Como Bispo de Roma e Pastor da Igreja Católica, quero invocar  misericórdia e perdão pelos comportamentos não-evangélicos da parte de católicos em relação a cristãos de outras Igrejas. Ao mesmo tempo, convido todos os irmãos e irmãs católicos a perdoar se, hoje ou no passado, sofreram ofensas de outros cristãos.”

Com realismo e esperança, o Santo Padre acrescentou: “Não podemos eliminar o que houve, mas não queremos permitir que o peso das culpas passadas continue manchando as nossas relações. A misericórdia de Deus renovará as nossas relações”.

O Pontífice havia iniciado a homilia partindo do significado e alcance da conversão de São Paulo. Conversão essa que, em primeiro lugar – observou – “é uma experiência transformadora da graça de Cristo, e, ao mesmo tempo, o chamado a uma nova missão”.

Referindo-se ao chamado que o Senhor fez ao Apóstolo dos Gentios, disse que “a vocação a ser apóstolo se funda não nos méritos humanos de Paulo”, mas “na bondade infinita de Deus, que o escolheu e confiou-lhe o ministério”.

“A superabundante misericórdia de Deus é a razão única sobre a qual se funda o ministério de Paulo, e é, ao mesmo tempo, aquilo que o Apóstolo deve anunciar a todos”, frisou.

Na liturgia que encerrou a Semana de Oração pela Unidade dos Cristão – semana esta celebrada no hemisfério norte –, o Papa ressaltou que o Pai ama a todos e quer salvar a todos, e para isso chama alguns, “conquistando-os” com a sua graça, a fim de que através destes o seu amor possa chegar a todos.

“A missão de todo o povo de Deus é de anunciar as obras maravilhosas do Senhor, em primeiro lugar, o Mistério pascal de Cristo, por meio do qual passamos das trevas do pecado e da morte para o esplendor da sua vida, nova e eterna.”

Dirigindo-se aos fiéis de todas as confissões cristãs, ali representados, Francisco disse que realmente podemos dizer que todos nós fiéis em Cristo somos “chamados a anunciar as obras maravilhosas de Deus”.

“Para além das diferenças que ainda nos separam – disse –, reconhecemos com alegria que na origem da vida cristã há sempre um chamado cujo autor é Deus mesmo. Podemos progredir no caminho da plena comunhão visível entre os cristãos não somente quando nos aproximamos uns dos outros, mas, sobretudo, na medida em que nos convertemos  ao Senhor, que por sua graça nos escolhe e nos chama a ser seus discípulos. E converter-se significa deixar que o Senhor viva e opere em nós.”

“Quando juntos os cristãos de diferentes Igrejas ouvem a Palavra de Deus e buscam colocá-la em prática, dão passos importantes rumo à unidade. E não é somente o chamado que nos une; somos unidos também pela mesma missão: anunciar a todos as obras maravilhosas de Deus.”

Enquanto estamos caminhando rumo à plena comunhão entre nós, já podemos desenvolver múltiplas formas de colaboração, de caminhar juntos e colaborar para favorecer a difusão do Evangelho. “E caminhando e trabalhando juntos, nos damos conta de que já estamos unidos no nome do Senhor. A unidade se faz caminhando”, afirmou o Papa Francisco.

Recordando que a unidade é dom da misericórdia de Deus Pai, o Papa concluiu convidando todos nós, cristãos, a  unirmo-nos hoje à oração que Jesus dirigiu ao Pai: “Sejamos uma só coisa (...) para que o mundo creia” (Jo 17.21).

(RL)

inizio pagina

Papa: antes de tudo, peçamos perdão pelo pecado de nossas divisões

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco celebrou no final da tarde desta segunda-feira, 25, na Basílica São Paulo fora-dos-muros, as Segundas Vésperas pela Solenidade da Conversão de São Paulo. A celebração concluiu a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos.

Eis a íntegra da homilia do Papa:

“De fato eu sou o menor dos apóstolos e não mereço ser chamado apóstolo, pois persegui a Igreja de Deus. Mas aquilo que eu sou, eu devo à graça de Deus; e sua graça dada a mim não foi estéril” (1 Cor 9, 1). O apóstolo Paulo assim resume o significado da sua conversão. Ela, ocorrida após o fulgurante encontro com Jesus Ressuscitado, na estrada de Jerusalém a Damasco, não é antes de tudo uma mudança moral, mas sim uma experiência transformadora da graça da Cristo, e ao mesmo tempo o chamado a uma nova missão, a de anunciar a todos, aquele Jesus que antes persegui, perseguindo seus discípulos. Neste momento, de fato, Paulo compreende que entre o Cristo vivo na eternidade e os seus seguidores, existe uma união real e transcendente: Jesus vive e está presente neles e eles vivem nele. A vocação a ser apóstolo se funda não nos méritos humanos de Paulo, que se considera “menor” e “indigno”, mas na bondade infinita de Deus, que o escolheu e confiou a ele o ministério.

Uma compreensão semelhante do que ocorreu no caminho de Damasco é testemunhada por Paulo também na Primeira Carta a Timóteo: “Agradeço àquele que me deu força, a Jesus Cristo nosso Senhor, que me considerou digno de confiança, tomando-me para o seu serviço, apesar de eu ter sido um blasfemo, perseguidor e insolente. Mas eu obtive misericórdia porque eu agia sem saber, longe da fé. Sim, ele me concedeu com maior abundância a sua graça, junto com a fé e o amor que estão em Jesus Cristo” (1,12-14). A superabundante misericórdia de Deus é a razão única sobre a qual se funda o ministério de Paulo e é ao mesmo tempo o que Paulo deve anunciar a todos.

A experiência de São Paulo é semelhante à das comunidades às quais o apóstolo Pedro dirige a sua Primeira carta. São Pedro se dirige aos membros de comunidades pequenas e frágeis, expostas à ameaça das perseguições, e aplica a elas os títulos gloriosos atribuídos ao povo santo de Deus: “raça eleita, sacerdócio régio, nação santa, povo adquirido por Deus”. Para aqueles primeiros cristãos, como hoje para todos nós batizados, é motivo de conforto e de constante estupor saber que fomos escolhidos para fazer parte do plano de salvação de Deus, realizado em Jesus Cristo e na Igreja. “Por que, Senhor, justamente eu?; por que precisamente nós? “. Atingimos aqui o mistério da misericórdia e da escolha de Deus: o Pai ama todos e quer salvar a todos, e por isto chama alguns, “conquistando-os” com a sua graça, para que através deles o seu amor possa chegar a todos. A missão de todo o povo de Deus é a de anunciar as obras maravilhosas do Senhor, a primeira entre todas o Mistério Pascal de Cristo, por meio do qual passamos das trevas do pecado e da morte ao esplendor da sua vida, nova e eterna.

À luz da Palavra de Deus que ouvimos, e que nos guiou durante esta Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, podemos realmente dizer que todos nós que acreditamos em Cristo somos “chamados a proclamar as obras maravilhosas de Deus” (cfr 1 Pt 2,9). Acima das diferenças que ainda nos separam, reconhecemos com alegria que na origem da vida cristã existe sempre um chamado cujo autor é o próprio Deus. Podemos progredir no caminho da plena comunhão visível entre os cristãos, não somente quando nos aproximamos uns dos outros, mas sobretudo na medida em que nos convertemos ao Senhor, que por sua graça nos escolhe e nos chama a sermos seus discípulos. E converter-se significa deixar que o Senhor viva e aja em nós. Por este motivo, quando juntos os cristãos de diversas Igrejas escutam a Palavra de Deus e procuram colocá-la em prática, dão realmente passos importantes em direção à unidade. E não é somente o chamado que nos une; nos une também a mesma missão: anunciar a todos as obras maravilhosas de Deus. Como São Paulo, e como os fieis a quem escreve São Pedro, também nós não podemos que não anunciar o amor misericordioso que nos conquistou e transformou. Enquanto estamos a caminho, em direção à plena comunhão entre nós, podemos já desenvolver múltiplas formas de colaboração para favorecer a difusão do Evangelho. E caminhando e trabalhando juntos, percebemos que já estamos unidos no nome do Senhor.

Neste Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia, tenhamos bem presente que não pode existir uma autêntica busca da unidade dos cristão, sem uma plena entrega à misericórdia de Deus. Peçamos, antes de tudo, perdão pelo pecado das nossas divisões, que são uma ferida aberta no Corpo de Cristo. Como Bispo de Roma e Pastor da Igreja Católica, quero invocar misericórdia e perdão pelos comportamentos não evangélicos tidos por parte dos católicos em relação aos cristãos de outras Igrejas. Ao mesmo tempo, convido todos os irmãos e as irmãs católicos a perdoar se, hoje ou no passado, sofreram ofensas de outros cristãos. Não podemos apagar aquilo que aconteceu, mas não queremos permitir que o peso das culpas passadas continuem a macular nas nossas relações. A misericórdia de Deus renovará as nossas relações.

Neste clima de intensa oração, saúdo fraternalmente Sua Eminência o Metropolita Gennadios, representante do Patriarcado Ecumênico, Sua Graça David Moxon, representante pessoal em Roma do Arcebispo de Cantuária, e todos os representantes das diversas Igrejas e Comunidades eclesiais de Roma, aqui reunidos nesta tarde. Com eles passamos através da Porta Santa desta Basílica, para recordar que a única porta que nos conduz à salvação é Jesus Cristo nosso Senhor, o rosto misericordioso do Pai. Dirijo uma cordial saudação também aos jovens ortodoxos e ortodoxos orientais que estudam aqui em Roma com o apoio do Comitê  de Colaboração Cultural com as Igrejas Ortodoxos, que atua junto ao Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, assim como aos estudantes do Ecumenical Institute of Bossey, em visita aqui em Roma para aprofundar o seus conhecimento sobre a Igreja Católica.

Queridos irmãos e irmãs, unamo-nos à oração que Jesus Cristo dirigiu ao Pai: “Que sejam um (...) para que o mundo creia” (João 17,21). A unidade é dom da misericórdia de Deus Pai. Aqui, diante do túmulo de São Paulo, apóstolo e mártir, guardado nesta esplêndida Basílica, sentimos que o nosso humilde pedido é apoiado pela intercessão da multidão dos mártires cristãos de ontem e de hoje. Eles responderam com generosidade ao chamado do Senhor, deram um fiel testemunho, com a sua vida, das obras maravilhosas que Deus realizou em nós, e já experimentam a plena comunhão na presença de Deus Pai. Apoiados pelo seu exemplo e confortados pela sua intercessão, dirijamos a Deus a nossa humilde oração". 

(Tradução livre do Programa Brasileiro)

inizio pagina

Sala de Imprensa confirma viagem do Papa à Suécia

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – Francisco viajará à Suécia em outubro. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (25/01) pelo Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi.

“O Papa irá a Lund, na Suécia, em 31 de outubro, onde participará de uma cerimônia conjunta entre a Igreja católica e a Federação Luterana mundial em virtude dos 500 anos da Reforma”, diz o comunicado.

Em uma nota, a Federação Luterana explica que o Papa Francisco, o Bispo Munib A. Younan e o Reverendo Martin Junge, Presidente e Secretário Geral da Federação, respectivamente, presidirão juntos à celebração ecumênica.

“A celebração vai dar destaque aos sólidos progressos ecumênicos entre católicos e luteranos e às conquistas recíprocas frutos do diálogo e será norteada pelo guia litúrgico católico-luterano ‘Oração Comum’, recentemente publicado”, escreve ainda a Federação Luterana, cuja sede está justamente na cidade de Lund.

Um Pontífice volta à Escandinávia

Será a primeira visita de um Pontífice ao país após a peregrinação de São João Paulo II à Escandinávia, no Verão de 1989.

Durante nove dias, entre 1º e 10 de junho de 1989, João Paulo II visitou Noruega, Islândia, Finlândia, Dinamarca e Suécia, com um total de 38 discursos pronunciados.

Na capital sueca, João Paulo II visitou a Catedral de Santo Henrique, presidiu à Santa Missa no Estádio “Globo” e saudou os representantes das obras assistenciais alemãs em Estocolmo.

Em Upsala, participou de um Encontro Ecumênico na Catedral Luterana, encontrou os universitários na Sala Magna da Universidade de Upsala. Esteve ainda na Igreja de São Lourenco onde encontrou as Superioras Maiores e celebrou a Santa Missa ao lado da antiga igreja luterana.

Como encerramento da peregrinação na Escandinávia, celebrou a Santa Missa no Castelo de Vadstena. A despedida de São João Paulo II da Suécia aconteceu em 10 de junho de 1989, no aeroporto de Linköping.

Visita da Rainha

Em 27 de abril do ano passado, o Papa recebeu em audiência a Rainha Silvia da Suécia. Contudo, à época, não se falou de nenhum convite oficial por parte da monarca.

No encontro, a Rainha conversou principalmente em espanhol com o Papa, já que durante a sua juventude havia trabalhado na embaixada da Alemanha em Buenos Aires. Alemã de nascimento, a mãe da Rainha Silvia era brasileira de São Paulo. (RB)

 

 

inizio pagina

Após 50 anos de diálogo, Igreja vê a Reforma com outros olhos

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – No contexto da viagem do Papa à Suécia, em 31 de outubro, onde participará de uma celebração ecumênica nos 500 anos da Reforma protestante, a Rádio Vaticano entrevistou o Arcebispo Brian Farrell, Secretário do Pontifício Conselho para a promoção da Unidade dos Cristãos.

 

Dom Farrell – Passaram-se 500 anos do período das controvérsias entre católicos e protestantes. E nos últimos 50 anos viveu-se um clima diferente: não de rivalidade, de oposição, mas de uma procura pela unidade de todos os cristãos. O ecumenismo serviu para olhar as coisas de uma maneira mais aprofundada, ou seja, não de uma ótica unilateral, mas procurando entender também as razões da outra parte. Isto levou – após 50 anos de intenso diálogo teológico – a um novo modo de ver a Reforma.

Rádio Vaticano – É um sinal muito forte aquele do Papa e dos chefes do mundo luterano juntos para este aniversário...

DF – Sim, será a primeira vez que acontecerá algo do gênero. Todas as outras celebrações da Reforma, no passado, foram momentos de conflito, de triunfalismo de uma parte ou da outra. Desta vez, procuraremos comemorar juntos as coisas justas, boas, emergidas daqueles conflitos terríveis com consequências de grandes violências na história da Europa. Mas, no fundo, também estão aqueles impulsos positivos de reforma, de melhoramento da vida da Igreja que hoje podemos comemorar.

RV – Este evento nasce do paciente diálogo de 50 anos...

DF – É precisamente isto: duas realidade juntas. É o diálogo da verdade, ou seja, o esclarecimento das dificuldades teológicas, os motivos mais profundos das nossas divisões, mas é também o diálogo da vida, no qual católicos e luteranos vivem juntos em um clima mais ecumênico, de mútua aceitação e fraternidade. Há um grande impulso à colaboração. O povo em nossas Igrejas locais impele para que as divisões sejam superadas. E isto é algo magnífico.

RV – O comunicado da Federação luterana mundial e do Pontifício Conselho para a Unidade dos Cristãos fala também de “dons” da Reforma, que talvez sejam difíceis de compreender para aqueles que veem nela somente um período de conflito e divisão...

DF – Pensemos ao início: o que Lutero queria? Queria que fossem corrigidos os abusos que – devemos aceitar – estavam presentes na vida da Igreja. Infelizmente, as coisas aconteceram de maneira diversa e aconteceu a divisão. Todavia, aquela procura por uma Igreja mais santa, mais vital, mais honesta é um impulso positivo que com o tempo, por meio do Concílio de Trento e da vida dos últimos século – particularmente nos últimos anos sob o impulso da graça do Concílio Vaticano II –, fez de muitos dos chamados de Lutero parte da vida da Igreja. (PH/RB)

inizio pagina

Papa Francisco: sacerdotes sejam simples e misericordiosos

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco reforçou, nesta segunda-feira (25/01), a necessidade de sacerdotes buscarem um diálogo constante com a Palavra de Deus e fez uma advertência àqueles que se contentam com uma vida “normal”. Em seu discurso à comunidade do Pontifício Seminário Lombardo de Roma, o Santo Padre também lembrou da importância do contato e da aproximação como bispo na atividade sacerdotal diocesana.

Para Francisco, o sacerdote que escolhe o caminho da normalidade se tornará um “sacerdote medíocre, ou pior”. “Então, este sacerdote começa a se contentar com um pouco da atenção recebida, julga o ministério com base em suas realizações e se contenta em buscar aquilo que lhe agrada, tornando-se morno e sem nenhum interesse real pelos outros”, destacou.

Contato com o bispo

Em relação à comunhão com o bispo diocesano, o Papa lembrou que a característica do sacerdote diocesano é “precisamente a 'diocesaneidade', e a 'diocesaneidade' tem a sua pedra angular na relação frequente com o bispo, no diálogo e no discernimento com ele”.

“Um sacerdote que não tem um relacionamento assíduo com o seu bispo – relatou o pontífice – lentamente se isola do corpo diocesano e a sua fecundidade diminui, principalmente porque não exercita o diálogo com o Pai da Diocese.”

Olhar para com os pobres

O Papa recordou o modelo de vida de São Carlos Borromeu que, de acordo com ele, como Servo de Deus se preocupava principalmente com os pobres. "Mas – é sempre bom lembrar – só pode proclamar as palavras de vida apenas quem faz da própria vida um diálogo constante com a Palavra de Deus, ou melhor, com Deus que nos fala.”

O Pontífice pontuou ainda que “não convém uma formação segregada” e que “a oração, a cultura e o trabalho pastoral são pedras fundamentais de um único edifício”. Ao concluir, o Papa refletiu sobre a importância da união porque “os sacerdotes de hoje e de amanhã são homens espirituais e pastores misericordiosos, interiormente unificados pelo amor do Senhor e capacitados a difundir a alegria do Evangelho na simplicidade da vida”.

“ A evangelização, hoje, - disse o Papa Francisco - necessita voltar ao caminho da simplicidade. Simplicidade de vida, a fim de evitar todas as formas de duplicidade e mundanismo, o que é suficiente para a comunhão verdadeira com o Senhor e com os outros; simplicidade da linguagem: nem pregadores de doutrinas complexas, mas anunciadores de Cristo, morto e ressuscitado por nós.” (PS)

inizio pagina

REPAM produz Laudato Si em versão popular

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – São Francisco de Assis retorna e nota que a irmã e Mãe Terra está sendo destruída por nós, seres humanos. De mãos dadas a ela, fala com o irmão Vento, com o irmão Sol e com a irmã Lua. Conversa com os rios, os pássaros, o ouro, os milhos transgênico e com a chuva ácida. 

Este é o enredo de uma atraente e pedagógica série radiofônica teatralizada que permite conhecer, compreender e buscar saídas para os problemas ecológicos, socioambientais, culturais e políticos que a humanidade e a natureza enfrentam. 

A série “Laudato Si” é uma adaptação radiofônica popular da Encíclica do Papa Francisco. De maneira magistral e com uma linguagem compreensível para todo o mundo, aborda a ideia central documento: as mudanças climáticas estão arruinando a Mãe Terra e suas consequências prejudicam todos os seres vivos, especialmente os homens e mulheres empobrecidos por um sistema que não os sustenta.

Francisco  de  Assis,  que cantou a beleza de toda a criação, dialoga com as criaturas que se vêm cada vez mais castigadas pela irresponsabilidade dos seres humanos e suas iniciativas depredadoras do meio ambiente.

São 20 programas de 10 minutos cada, com o mesmo objetivo: criar consciência sobre a indispensável cidadania ecológica. Sobre a urgência de mudar de rumo e superar o estilo de vida consumista, a cultura do descarte, um modelo de civilização tecnocrática, mercantilizada e ambiciosa, que não é sustentável.

A produção da REPAM, Rede Eclesial Pan-amazônica, é oferecida a estudantes, professores, catequistas, comunicadores e emissoras de rádio para ser ouvida, refletida e debatida em família e em comunidades. Por enquanto, a série foi produzida apenas em espanhol.

(CM)

inizio pagina

No México, Papa celebrará com báculo feito pelos presos

◊  

Cidade do México (RV) - É grande a expectativa e a emoção entre os presos do Centro de Reinserção Social Estatal Número 3, em Ciudad Juárez, Chihuahua, para o encontro com o Papa Francisco no dia 17 de fevereiro. Além deles, mais de 100 internas do Cereso Femenil Número 2 serão transferidas para o complexo prisional masculino, para ouvir a mensagem do Santo Padre.

Também poderão ser transferidos para o Centro de Reinserção Social alguns internos do Cereso Número 2 "Aquiles Serdán", localizado na capital do Estado, que por indicação de um prisioneiro de nome Francisco, fizeram parte da equipe que construiu o báculo de cedro que o Papa usará na missa celebrada no prédio conhecido como "El Punto".

Transformação

Francisco é o chefe da carpintaria da prisão. Ele afirmou estar orgulhoso em ter participado da construção do báculo, feito de quatro peças e medindo aproximadamente 1,90 metros, e que será entregue ao Pontífice dentro de uma caixa, talvez pelos próprios presos que o fizeram.

"Acredito que vou mudar com este trabalho, afirmou ele. Me sinto melhor mental e fisicamente". Outro preso que ajudou a fazer o báculo e não quis se identificar, afirmou que "algo feito com minhas próprias mãos, estará tão próximo a ele, que é tão importante. Depois, esperemos que chegue do outro lado do mundo".

Motivação

A porta-voz do Tribunal de Execuções Penais do Estado de Chihuahua, Alejandrina Saucedo, assegurou que este tipo de trabalho é feito com gosto pelos presos. Trata-se "de uma motivação muito grande para eles - explicou - os enche de satisfação, assim isto vai mudando pouco a pouco sua forma de pensar, porque vão vendo que seu trabalho é valorizado e que é mostrado no exterior".

Paralelo ao trabalho de carpintaria, outro grupo de internos, que há seis meses formou a pequena orquestra "Livres en Música", ensaia algumas peças com a intenção de tocá-las diante do Santo Padre. "Espiritualmente nos daria um apoio muito grande, porque é uma pessoa que oferece humildade, que tem uma mensagem universal de amor e mais ainda, que decidiu visitar-nos, os internos", afirmou com orgulho Omar Rodríguez, interno e diretor da nova orquestra.

Música tradicional

A intenção da pequena orquestra é interpretar um tango, uma música italiana e o "Cielito lindo". No entanto, os organizadores da visita não confirmaram a autorização para que a apresentação ocorra. Mesmo assim, os ensaios prosseguem com entusiasmo. "Uma personalidade desta envergadura, quem vem nos ver, a nós, que estamos pagando por um delito....está mudando as nossas vidas", comentou outro preso, Alvaro Rubio.

Na quarta-feira, 17 de fevereiro, o Papa Francisco visitará esta cidade fronteiriça no norte do México, conhecida mundialmente pelos altos índices de violência e os inúmeros feminicídios. O primeiro compromisso do Pontífice será precisamente a visita ao Centro de Reinserção Social Estatal Número 3, para o encontro com os presos. (JE)

inizio pagina

Missa com Papa em Chiapas terá paramentos com simbologia cristã indígena

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - Além das línguas tradicionais, a missa com o Papa Francisco em San Cristóbal de las Casas (no Estado de Chiapas, no México), no dia 15 de fevereiro, contará com vestimentas e objetos litúrgicos com simbologia cristã indígena. Em nota, a Conferência Episcopal Mexicana ressaltou que tais paramentos estão sendo confeccionados pela comunidade local.

De acordo com a Conferência, a casula que será utilizada na Santa Missa terá os bordados elaborados por mulheres da comunidade tzeltal de Chilón, da Cooperativa Artesã Jluchiyej Nichimetic. Já a mitra está sendo confeccionada por uma jovem nativa de Tapachula, que vive e trabalha em San Cristóbal, na casa do bispo diocesano.

O báculo foi elaborado pelo Padre Javier Ruiz, pároco do município de Soyatitán, não para o uso do Papa e sim do bispo diocesano. No entanto, o objeto também foi aprovado por Roma para uso do Santo Padre no dia da missa.

Povos indígenas no México

Ainda de acordo com a Conferência, está prevista a participação de aproximadamente 90 mil pessoas na celebração eucarística com o Papa Francisco, sendo a maioria indígenas. A Comissão para Desenvolvimento dos Povos Indígenas estima que atualmente o México conta com 62 povos nativos, totalizando uma população de mais de 11 milhões de pessoas.

“Esperamos que o encontro do Santo Padre com eles (indígenas) em San Cristobál de las Casas – diz o comunicado dos bispos mexicanos – incentive o povo mexicano a dar-lhes o seu lugar na sociedade e na Igreja.” (PS)

inizio pagina

Igreja no Mundo



Uganda: cerimônia de ação de graças pela visita papal

◊  

Kampala (RV) - “A Igreja Católica em Uganda agradece as autoridades políticas e religiosas locais pelo sucesso da visita do Papa Francisco ao país e encoraja os ugandenses a continuarem mostrando aquela unidade e coesão que eles souberam dar prova naquela ocasião.” 

Foi o que disse o Bispo de Gulu, Dom John Baptist Odama, Presidente da Conferência Episcopal de Uganda, numa cerimônia de ação de graças promovida recentemente pela Conferência Episcopal Ugandense para recordar a viagem papal, em novembro passado. Ao evento contou com a participação de 400 pessoas e o convidado especial foi o primeiro-ministro, Ruhakana Rugunda. 
 
Dom Odama disse aos presentes que recebeu uma carta do Papa Francisco onde o pontífice expressa sua profunda gratidão pelo acolhimento caloroso recebido durante a visita. 

“Foi um sucesso que deu grande alegria ao Papa e que não teria sido possível sem o apaixonado e duro trabalho de todos”, disse o prelado, sublinhando que a visita deu a lição importante de que “a Igreja e o Estado podem colaborar para o bem comum”. 

O presidente da Conferência Episcopal Ugandense exortou a manter sempre vivo o orgulho nacional desencadeado por esta visita a fim de preservar a unidade e a coesão do país. “A presença de vários líderes políticos e religiosos, e o aperto de mão dos dois candidatos à presidência foram a demonstração de que Uganda partilha a unidade”. 

O primeiro-ministro Ruhakana comentou as palavras de Dom Odama afirmando que “o Santo Padre acendeu a coesão nacional e deu um exemplo de unidade, solidariedade e ecumenismo”. (MJ)

 

inizio pagina

Cardeal filipino: Eucaristia, farol para a dignidade humana

◊  

Cebu (RV) - "A Eucaristia tem uma forte dimensão social e requer uma “luta contra a pobreza e a crueldade.” Foi o que disse o Arcebispo de Yangun, em Mianmar, Cardeal Charles Maung Bo, enviado especial do Papa Francisco ao 51° Congresso Eucarístico Internacional (IEC), em andamento até o próximo dia 31, em Cebu, Filipinas. 

Genocídio de massa

Segundo a Agência Fides, o Cardeal Bo descreveu a desnutrição difundida e a fome no mundo como um “genocídio de massa”, e ligou a Eucaristia à justiça, recordando “um mundo que produz mais armas, enquanto mais da 500 milhões de pessoas não têm alimento suficiente”. “A Eucaristia é um farol para a dignidade humana e para os pobres. Nenhuma outra religião eleva os pobres a este nível”, frisou o purpurado.

Políticos enviados ao congresso como peregrinos

A semana eucarística de Cebu intitulada “Cristo em vós, a nossa esperança da glória” prevê a participação de 12 mil pessoas nos vários dias e celebrações, enquanto está em andamento no país a campanha eleitoral para as eleições gerais de maio próximo. “Os políticos são convidados a participar do 51° Congresso Eucarístico Internacional como peregrinos. Esta não é uma ocasião para propaganda eleitoral”, disse o Secretário executivo do Departamento de Comunicação do Congresso, Mons. Joseph Tan.

Eucaristia para reencontrar a unidade

“A Igreja Católica é uma Igreja para todos os homens”, explicou o teólogo Pe. Gerard Francisco Timoner, Provincial dos Dominicanos nas Filipinas. “Trata-se de uma manifestação da universalidade da Igreja e de como a Eucaristia realmente nos une de maneira concreta”, acrescentou. 

Pe. Timoner sublinhou que a “graça da Eucaristia é impedida quando existe divisão, fraturas nas famílias, nas comunidades e na sociedade”. O Sacramento “doa nova graça para reencontrar e viver a unidade”. (MJ)

inizio pagina

Na Índia, mais de 200 atos anticristãos em 2015

◊  

Nova Déli (RV) - Em 2015 foram registrados mais de 200 atos de violência anticristã na Índia. Sete pastores protestantes e um leigo foram mortos, enquanto as vítimas de diversas formas de violência - incluindo mulheres e crianças - chegaram a 8 mil. Inúmeras igrejas foram atacadas ou destruídas. Foi o que revelou o relatório "India Christian Persecution", elaborado pelo "Catholic Secolar Forum" (CSF), organização da sociedade civil indiana.

Grupos extremistas hinduístas responsáveis pela violência

Segundo o Relatório sobre as violências contra os cristãos na Índia em 2015, os autores da violência são grupos e formações extremistas e fanáticas hinduístas, que promovem a ideologia do Hindutva, que objetiva eliminar da Índia os fieis das religiões não hinduístas. Tais grupos são hostis às minorias religiosas muçulmanas e cristãs e difundem uma campanha de ódio e de difamação que depois gera atos concretos de violência.

Madhya Pradesh registra maior número de violências

Segundo revela o relatório, esta ideologia é mais propagada no Estado de Maharashtra, enquanto no topo da lista de violências anticristãs está o Estado de Madhya Pradesh. A seguir vem Tamil Nadu, Jharkhand, Chhattisgarh, Haryana, Odisha, Rajasthan, em uma lista da qual constam mais de 23 Estados da União indiana.

Cerimônia hinduísta de reconversão para dalit e tribais cristãos

O Relatório revela que uma das principais acusações contra os cristãos é a de "conversões forçadas", com meios fraudulentos. Por este motivo, o governo de Madhya Pradesh modificou a chamada "lei anti-conversões", tornando mais rígidas as penas. O leigo católico Joseph Dias, responsável do CSF, explica que "a conversão forçada não faz parte de forma alguma do horizonte da fé cristã. Trata-se somente de dar liberdade de consciência e de religião, prevista pela Constituição". Tiveram um aumento, por outro lado, as "cerimônias de reconversão", organizadas por grupos extremistas hinduístas em diversos Estados indianos, em que os dalit e tribais cristãos são obrigados a converterem-se em massa ao hinduísmo.

A difusão do grupo extremista hinduísta RSS

Entre os grupos responsáveis pelas violências, consolidou-se em 2015 o Rashtriya Swayamsevak Sangh (RSS), que "reforçou sua influência sobre o sistema político do país", observa o texto. Atualmente a sigla conta com mais de 15 milhões de militantes distribuídos em 50 mil células locais, e em suas fileiras estão presentes membros da polícia, da magistratura e da administração estatal. (JE)

inizio pagina

CMI e ONU: maior colaboração para enfrentar crise migratória

◊  

Genebra (RV) - “Uma melhor coordenação e maior colaboração para enfrentar a crise migratória na Europa.” Este é o pedido dos participantes da conferência sobre os refugiados, organizada recentemente em Genebra, na Suíça, pelo Conselho Mundial de Igrejas (CMI) e pelas Nações Unidas. 

O encontro focalizou a atenção sobre a resposta europeia para a emergência, mas com um olhar no contexto global dos 60 milhões de migrantes e refugiados no mundo.

Na declaração final, os participantes pedem “um maior compromisso da comunidade internacional” a fim de buscar soluções políticas aos conflitos, começando pela guerra na Síria, até as desigualdades e exclusão que estão na origem de uma crise migratória sem precedentes. 

O texto sublinha a necessidade de implementar, reforçar e melhorar o sistema de acolhimento da União Europeia: “É necessária uma coordenação para enfrentar as exigências dos migrantes, protegê-los da violência sexual e de gênero, fornecer instrução para crianças e adolescentes, assistência médica e alimento. “O acesso a um igual procedimento de asilo não deve ser limitado pela nacionalidade, etnia, religião, condição de saúde dos requerentes ou por outros critérios que não sejam o da necessidade. Além disso, é urgente colaborar para combater episódios e comportamentos xenófobos, racistas e islamofóbicos”, destaca a nota. 

Representantes de Igrejas e agências humanitárias reiteraram a necessidade de adotar medidas em favor da integração dos refugiados e migrantes. Eles esperam que os “pedidos se traduzam em ações e que a voz dos refugiados e migrantes seja ouvida”. “Pedimos mecanismos concretos para a planificação estratégica e a implementação de um projeto a fim de estabelecer objetivos específicos e realizáveis”.

A este propósito, os participantes convidam as organizações humanitárias, incluindo as religiosas, para coordenar suas ações com os governos e agências internacionais a fim de reforçar o seu apoio aos migrantes. Para avaliar os progressos realizados foi decidido organizar encontros trimestrais com o objetivo de planificar mais ações na Europa. (MJ)

inizio pagina

Formação



"Desafio do Papa" estimula jovens a praticar obras de misericórdia

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - A mensagem de Francisco para a Jornada Mundial da Juventude de Cracóvia inspirou os Jovens de Maria a criarem um programa chamado Desafio do Papa.

A Rádio Vaticano conversou com Laura Galvão, dos Jovens de Maria. Ela nos explicou que o pedido do Papa para que os jovens praticassem obras corporais e espirituais de misericórdia em preparação para a JMJ foi o ponto de partida para concretizar a ideia.

"Queremos incentivar os jovens, por meio de vídeos, a colocar em prática estas obras de misericórdia. Em cada vídeo da série, convidamos jovens a praticar uma obra de misericórdia corporal e indicamos também um texto sobre uma obra de misericórdia espiritual", explicou Laura. 

O primeiro vídeo foi lançado em 20 de janeiro e obteve muitos compartilhamentos nas redes sociais.

Os "desafiados" das próximas edições vão ser escolhidos na região da Arquidiocese de Aparecida, mas quem não está longe também pode participar por meio das redes sociais e compartilhar as experiências de misericórdia. (RB)

 

inizio pagina

Missão Continental: valorizar a experiência bonita das CEBs

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, nesta edição do quadro “O Brasil na Missão Continental” concluímos a participação do bispo da Diocese de Livramento de Nossa Senhora, Dom Armando Bucciol. 

A edição passada foi dedicada ao tema da piedade popular, cuja expressão de fé dos nossos povos latino-americanos a Conferência de Aparecida (2007) buscou resgatar e valorizar ulteriormente. Nela, Dom Bucciol ressaltou, entre outras coisas, que “quando evangelizada, a religiosidade popular torna-se uma piedade profundamente cristã”.

Outra riqueza da nossa realidade de Igreja que a Conferência de Aparecida buscou resgatar e valorizar ulteriormente é a experiência bonita das Comunidades Eclesiais de Base. Na edição de hoje Dom Bucciol nos fala sobre esta experiência na realidade eclesial desta Igreja particular do centro-sul da Bahia.

Solidariedade

Entre outras coisas, ele nos diz que nas 21 paróquias de sua diocese existem umas 500 Comunidades Eclesiais de Base e conhecer a maioria delas, onde, apesar dos limites de todo tipo, os fiéis vivem valores extraordinariamente evangélicos de solidariedade, de leitura da Palavra de Deus, de celebração do culto, de preparação para os Sacramentos e de união fraterna.

Qual pastor em visita a essas comunidades, Dom Bucciol diz sentir-se dignificado diante desse contato simples, imediato, de uma fé profunda e de um amor a Cristo e à Virgem Maria.

O bispo de Livramento de Nossa Senhora reconhece na experiência das Comunidades Eclesiais de Base umas das grandes riquezas que da Conferência de Medellín (1968) em diante a Igreja no Brasil – e na América Latina em geral – desenvolveu e que vale a pena cuidar. Vamos ouvir. (RL)

Ouça clicando acima

inizio pagina

Artigo: Os Bispos e as Famílias

◊  

Rio de Janeiro (RV) - Acontece, de 25 a 29 de janeiro, no Centro de Estudos e Formação do Sumaré, aqui no Rio de Janeiro, o 25º. Encontro dos Bispos, uma feliz iniciativa criada pelo nosso saudoso Cardeal Eugênio Sales. O tema central do Curso deste ano será sobre a Família, em consonância com as duas últimas assembleias sinodais, extraordinária e ordinária do Sínodo dos Bispos, sobre a realidade familiar. Teremos conferencistas e professores internacionais e nacionais especialistas no tema.

Acerca da realidade familiar, nos ensinou o Papa Francisco um desejo que deve estar no coração dos bispos, padres e de todo o povo fiel: “Garanto-vos, queridas famílias, se fordes capazes de caminhar sempre cada vez mais decididamente na via das bem-aventuranças, aprendendo e ensinando a perdoar-vos reciprocamente, em toda a grande família da Igreja crescerá a capacidade de dar testemunho da força renovadora do perdão de Deus. Diversamente, fazemos pregações lindíssimas, e talvez até esmaguemos algum diabo, mas no final o Senhor não nos reconhecerá como seus discípulos, porque não tivemos a capacidade de perdoar e de nos fazer perdoar pelos outros”! (Audiência Geral de 04 de novembro de 2015).

Mas é oportuna uma reflexão sobre o Bispo Diocesano, como sucessor dos apóstolos, como aquele que é o pai da família diocesana, que é o primeiro a perdoar, ensinar o perdão e nos inscrever na escola da misericórdia e da compaixão. Iniciamos com a fala profética do Papa Francisco na ordenação episcopal de Monsenhor Angelo De Donatis, quando ele traçou o perfil do Bispo: “Quanto a ti, irmão caríssimo, eleito pelo Senhor, reflete que foste escolhido entre os homens e para os homens foste constituído nas coisas que dizem respeito a Deus. Com efeito, Episcopado é o nome de um serviço, não de uma honra, pois ao bispo compete mais servir do que dominar, segundo o mandamento do Mestre: ‘Quem é o maior entre vós, faça-se o mais pequenino, e quem governa, como aquele que serve” (Basílica São João de Latrão, 9 de novembro de 2015).

Continua o Santo Padre quando fala que o Bispo é um chefe de família: “Colocado pelo Pai como chefe da sua família, segue sempre o exemplo do Bom Pastor, que conhece as suas ovelhas, por elas é conhecido e para elas não hesitou dar a sua vida” (Idem).

O Papa ressalta que cabe ao Bispo ter amor de pai e de irmão para com todos: “antes de tudo os presbíteros e os diáconos, os seminaristas; mas também os pobres, os indefesos e quantos precisam de acolhimento e de ajuda” (Ibidem).

A vida e o ministério do Bispo, como ordinário próprio de sua Igreja Particular, é daquele que dispensa os vínculos da caridade, acolhendo, corrigindo quando necessário, lembrando que no direito está a caridade, como lei suprema, sempre fazendo de tudo para encaminhar a todos para os caminhos de Deus. O amor supera tudo. Com amor toda solução é imediata.

De um presbítero se fale somente o que é bom, justo, santo e verdadeiro. Se há falhas, se há pecados, cala-te e reza pela sua conversão. Não podemos viver na murmuração de correções públicas ou de condenações ou anátemas imediatos, com decretos extremos que mais mal fazem para a Igreja do que bem. Devemos nunca cansar de acolher, de perdoar, de distribuir a graça de Deus e dar a verdadeira oportunidade para uma conversão profunda, para um recomeçar, para um reinício de uma vida totalmente voltada para Deus, como o Pai misericordioso da parábola do Filho Pródigo: “Mas o pai disse aos empregados: "Depressa, trazei a melhor túnica para vestir o meu filho. E colocai-lhe um anel no dedo e sandálias nos pés. Pegai o novilho gordo e matai-o. Vamos fazer um banquete. Porque este meu filho estava morto e tornou a viver; estava perdido e foi encontrado" (cf. Lc 15, 22-24). “Atire a primeira pedra quem não tiver pecado”.(cf. Jo 8,1-11) Com misericórdia se inicia uma correção fraterna e com ela também a finaliza.

Realmente, em uma Diocese, grande ou pequena, o Bispo, enquanto sucessor dos Apóstolos, necessita de auxiliares na pessoa dos presbíteros, seus colaboradores em seu ministério de conduzir, qual o Bom Pastor, o Povo de Deus a ele confiado. Nisso os sacerdotes muito o auxiliam. Aliás, nos primórdios da constituição hierárquica da Igreja, só havia uma Missa solene aos domingos com todo o clero junto com o Bispo. Depois é que a necessidade pastoral fez ver que seria melhor o sistema de paróquias com um padre – pároco ou administrador paroquial – à frente como coordenador a serviço daquela comunidade.

É certo que nessa árdua missão os sacerdote sofrem, como os demais seres humanos em quaisquer campos de ação que se encontem, as agruras da vida e que muitas vezes têm sido apontadas em estudos relevantes: solidão, questões doutrinárias ou pastorais, doenças, questões familiares (o padre vem de uma família, (e alguns de famílias fragmentadas que experimentam a dureza da separação de seus pais), canseiras devido ao trabalho, tentações de todos os tipos, muitas incompreensões e perseguições. Ora, embora os irmãos presbíteros sejam nessas horas um apoio forte àquele que sofre, é ao Bispo, como verdadeiro pai, que cabe atender com solicitude os mais fracos, frágeis ou titubeantes mesmo na vida sacerdotal. Há quem se esqueça de que o padre é um homem e como todo homem tem seus problemas e dificuldades a carecerem de remédio. O padre ainda não é santo dos altares, pois carece de ser burilado na sua caminhada sacerdotal que não tem fim nesta terra dos homens.

Como o bispo o atenderá? – Primeiramente com a solicitude paternal da acolhida. Nessa acolhida o ouvirá a fim de poder ajudar da melhor forma possível, sem transigir em nada daquilo que a Igreja espera do padre, mas também sem colocar a lei – ou pior, o legalismo – acima da caridade e da misericórdia. Nesse contexto, prestará ao sacerdote, ainda que errante, seu apoio para que não volte a errar. Essa é a sábia norma da Igreja, que sempre recomendou detestar o erro, mas amar o errante (Santo Agostinho).

De um fiel diocesano, particularmente das famílias de nossas Igrejas particulares, cabe ao Bispo, também como autêntico pai da Família Diocesana, dar o testemunho de famílias que vivem da Eucaristia. Isso porque é o Senhor que parte o seu Corpo e derrama o seu preciosíssimo Sangue por todos, como nos ensina o Papa Francisco: “A família cristã mostrará precisamente assim a amplidão do seu verdadeiro horizonte, que é o horizonte da Igreja-Mãe de todos os homens, de todos os abandonados e excluídos, em todos os povos” (Audiência Geral de 11 de novembro de 2015).

Os bispos que vêm ao Rio de Janeiro, aqui vêm para estudo, oração e vivência de união fraterna. Vamos viver como irmãos. Por isso, refletir nestes dias sobre a Família e toda a sua problemática é manifestar claramente nosso compromisso com a edificação de uma família constituída pelo amor esponsal do marido com a mulher, abertos para a constituição de uma bonita família, sem medo de ter filhos, destemidamente educados na fé católica, o maior tesouro que podemos deixar como herança para as gerações futuras. Cuidemos, sobretudo, da família da qual pertencemos. A grande família, que é a Igreja, precisa viver e testemunhar em gestos concretos a misericórdia e a compaixão.

 

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

inizio pagina

Artigo: Satanás no Estado laico?

◊  

Porto Alegre (RV) - Recentemente, circulou pelas redes sociais a proposta de uma “Marcha para Satanás” que ocorreria em diversas cidades do País, no dia 17 de janeiro. A iniciativa gerou grande polêmica e se declarou crítica ao Estado teocrático, reivindicando o distanciamento das posições religiosas, especialmente as cristãs, nas decisões legais que norteiam o Brasil. Em última análise, os organizadores pretendiam maior liberdade religiosa e de expressão na sociedade. 

A organização do evento usou uma linguagem sedutora para que a proposta fosse aceita pela sociedade. A marcha para a glória de Satanás queria ser acolhedora de todas as classes supostamente excluídas pela religião e se mostrava contra o fundamentalismo extremista. Essa marcha pretendia fazer com que as pessoas passassem a olhar o mundo com outro perfil: sem tabus ou normas morais; com liberdade absoluta, sem culpa ou pecado. Ensinam que o Deus judaico-cristão é preconceituoso, e que no satanismo não há preconceito. 

Como cristãos, defendemos o direito à liberdade religiosa e sabemos o quanto a intolerância pode gerar uma cultura de morte. Igualmente entendemos que o Estado deve ser laico. Entretanto, a sociedade e a cultura não são laicas. Elas são pautadas por valores, ideias e símbolos que expressam suas crenças e seus ideais.  Pretender uma isenção total desse conjunto de fatores que constituem o ser humano é uma abstração. A pessoa vive e se desenvolve dentro de um contexto histórico, marcado pelas mais diversas influências que definem sua convivência em sociedade e na comunidade à qual pertence.

Os cristãos, independentemente de ser a maioria, como no Brasil, não podem ficar calados diante de propostas que pretendam desprezar o que lhes é mais sagrado: a dignidade da pessoa humana em sua dimensão integral e solidária. Nem todos precisam concordar com a fé cristã, mas os valores humanistas que o cristianismo comporta, merecem a reflexão de todos. Trata-se de garantir a liberdade para todo ser humano, mas jamais sustentar uma liberdade desprovida do respeito à alteridade. Desde os tempos do Império Romano, os cristãos foram perseguidos na sociedade por defenderem a vida em todas as suas manifestações, por cuidarem dos pobres e doentes, como prioridade, por objetarem cultuar ídolos que serviam para manipular a consciência da população. Eles foram acusados de toda espécie de males, especialmente por serem leais aos princípios morais derivados de sua fé em Cristo e, por isso, eram capazes de rezar até pelos que os odiavam.

Enfim, nesse contexto, a questão simbólica não é inocente. Quando se pretende que Satanás seja o referencial de uma crítica aos seguidores de Jesus Cristo, estabelece-se um antagonismo que não é apenas religioso, mas também moral, político, social e cultural. Satanás, na visão cristã, é sempre o opositor a Deus, divisor que separa Deus do ser humano e o faz pensar que pode ser feliz dessa forma. São João Paulo II, na Encíclica Dominum et Vivificantem, número 38, escreveu: “O espírito das trevas é capaz de mostrar Deus como inimigo da própria criatura; e é, antes de tudo, inimigo do homem, como fonte de perigo e ameaça ao homem. ” Satanás, demônio, ou diabo são termos relacionados a expressões como: pai da mentira (Jo 8,44), o delator, o acusador (Ap 12,10), o divisor. Se alguém cultua Satanás, ou apenas usa esse simbolismo, pode não compreender o significado original e profundo no qual ele se sustenta: a mentira, o engano, a corrupção, a ausência do bem. Os cristãos professam a fé em Cristo que é Deus de Deus, Luz da Luz e nele não há trevas. Se alguém preferir negar Cristo, é livre para tal, entretanto, ao defender o culto a Satanás, deve recordar que ele é ausência de luz. Maligno é tudo aquilo que vive nas sombras, para que a verdade não se manifeste.  Vivemos numa atmosfera de tanta mentira que muita gente, até de forma impensada, acaba concordando com a ausência da luz da verdade. 

A “Marcha para Satanás” também ocorre toda vez que lemos notícias sobre violência, assassinatos, corrupção, mentiras, desprezo pela vida alheia, tráfico humano, aborto, traições e tantas outras situações que, independentemente da questão religiosa, a vida humana é desprezada. Precisamos defender a vida. O que falta são muitas marchas pela vida!

+ Dom Leomar Brustolin

Bispo Auxiliar de Porto Alegre

 

inizio pagina