Sumario del 02/02/2016
- Papa a religiosos: somos chamados a fazer escolhas proféticas e corajosas
- Homilia do Papa no encerramento do Ano da Vida Consagrada
- Papa Francisco celebra o Jubileu da vida consagrada
- Francisco: povo chinês tem muito a oferecer ao mundo
- Honduras: mais de 7 mil mulheres vítimas de abusos
- Mexicanos em Hora de Adoração para receber Francisco
- Papa no México: fiéis de Arizona sentem sua proximidade
- Reaberta em Fátima a Basílica de Nossa Senhora do Rosário
- Criada na Indonésia a União das Ordens Religiosas femininas
- Fundamentalismo se vence com educação, defende Card. Nichols
- Card. Dziwisz: Cracóvia quase pronta para a JMJ 2016
- Obesidade infantil atinge níveis alarmantes em todo o mundo
- Gratidão e esperança marcaram o Ano da Vida Consagrada
- Cardeal Tempesta reflete o Jubileu na Rádio Vaticano
- Cardeal Dom Orani Tempesta: Padre Cícero Romão Batista
Papa a religiosos: somos chamados a fazer escolhas proféticas e corajosas
Cidade do Vaticano (RV) - “Os consagrados e as consagradas são chamados a serem sinal concreto e profético da proximidade de Deus”: foi o que disse o Papa Francisco na santa missa por ele presidida na Basílica de São Pedro, na tarde desta terça-feira, 2 de fevereiro, festa da Apresentação do Senhor e XX Dia Mundial da Vida Consagrada.
Coincidindo com o Dia da Vida Consagrada, a celebração, com a participação de religiosos e religiosas, concluiu o Ano a eles dedicado. O Ano da Vida Consagrada teve início em 30 de novembro de 2014.
“Todas as formas de vida consagrada, cada uma segundo as suas características, são chamadas a estarem em estado permanente de missão, compartilhando «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, dos pobres, sobretudo, e de todos os que sofrem»”, disse o Santo Padre na homilia da celebração.
Francisco havia iniciado sua reflexão evocando o episódio da apresentação do Senhor. Este Menino nos trouxe a misericórdia e a ternura de Deus:
“Jesus é a face da Misericórdia do Pai. Este é o ícone que o Evangelho nos oferece no final do Ano da Vida Consagrada, um ano vivido com tanto entusiasmo. Este, como um rio, agora conflui no mar da misericórdia, neste imenso mistério de amor que estamos vivendo com o Jubileu extraordinário.”
O Pontífice lembrou que esta festa, sobretudo no Oriente, é chamada festa do encontro. Em seguida, atendo-se à página do Evangelho pouco antes proclamado, evocou vários encontros nela contida, citando os do velho Simeão e de Ana, que representam a espera e a profecia. “Jesus é a novidade e a realização: Ele se apresenta a nós como a perene surpresa de Deus; neste Menino nascido para todos se encontram o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança”, acrescentou o Papa.
Dirigindo-se propriamente aos religiosos e religiosas, Francisco disse que podemos ver nisso o início da vida consagrada:
“Os consagrados e as consagradas são chamados, antes de tudo, a serem homens e mulheres do encontro. A vocação, de fato, não se inspira num nosso projeto pensado de “maneira estratégica”, mas numa graça do Senhor que nos alcança, através de um encontro que transforma a vida. Quem realmente encontra Jesus não pode permanecer como antes. Ele é a novidade que faz novas todas as coisas.”
O Papa lembrou que Jesus não nos salvou “de fora”, não permaneceu fora do nosso drama, mas quis compartilhar a nossa vida.
“Os consagrados e as consagradas são chamados a serem sinal concreto e profético desta proximidade de Deus, desta partilha com a condição de fragilidade, de pecado e de feridas do homem do nosso tempo.”
Após ter advertido os religiosos para o perigo da rotina na vida espiritual, chamou a atenção também para o risco da cristalização dos carismas numa doutrina abstrata. E referindo-se propriamente aos fundadores das Ordens, Congregações religiosas e Institutos de vida consagrada, o Papa ressaltou:
“Os nossos fundadores foram movidos pelo Espírito e não tiveram medo de sujar as mãos com a vida cotidiana, com os problemas das pessoas, percorrendo com coragem as periferias geográficas e existenciais. Não se detiveram diante dos obstáculos e das incompreensões dos outros, porque mantiveram no coração a admiração pelo encontro com Cristo. Não domesticaram a graça do Evangelho; tiveram sempre no coração uma inquietação saudável pelo Senhor, um desejo ardente de levá-lo aos outros, como fizeram Maria e José no templo. Também nós somos chamados hoje a realizar escolhas proféticas e corajosas.”
Ao término da celebração o Santo Padre saiu da Basílica Vaticana e foi até o patamar para saudar os religiosos e religiosas que, numerosos, acompanharam a celebração dos telões permanentes presentes na Praça São Pedro, aos quais agradeceu pela participação.
“Obrigado por concluírem juntos este Ano da Vida Consagrada. Sigam adiante! Cada um de nós tem um lugar, um trabalho na Igreja. Por favor, não se esqueçam da primeira vocação, do primeiro chamado. Recordem! E com aquele amor com o qual foram chamados, hoje o Senhor continua chamando vocês.”
“O cerne da vida consagrada é a oração: rezar”, recordou Francisco. E assim envelhecer, mas envelhecer como o vinho bom! “Que os outros que vierem depois de nós possam receber a herança que deixaremos para eles”, concluiu o Santo Padre. (RL)
Homilia do Papa no encerramento do Ano da Vida Consagrada
Cidade do Vaticano (RV) – Publicamos, a seguir, a íntegra da homilia que o Papa Francisco pronunciou na Missa celebrada na Basílica Vaticana por ocasião da Festa da Apresentação do Senhor, no dia 2 de fevereiro, que encerrou o Ano da Vida Consagrada.
Hoje, diante do nosso olhar, há um fato simples, humilde e grande: Jesus é levado por Maria e José ao templo de Jerusalém. É um menino como muitos, como todos, mas é único: é o Unigênito vindo para todos. Este Menino nos trouxe a misericórdia e a ternura de Deus: Jesus é a face da Misericórdia do Pai. Este é o ícone que o Evangelho nos oferece no final do Ano da Vida Consagrada, um ano vivido com tanto entusiasmo. Este, como um rio, agora conflui no mar da misericórdia, neste imenso mistério de amor que estamos vivendo com o Jubileu extraordinário.
A festa de hoje, sobretudo no Oriente, é chamada festa do encontro. Com efeito, no Evangelho que foi proclamado, vemos vários encontros (cfr Lc 2,22-40). No templo, Jesus vem a nosso encontro e nós vamos a seu encontro. Contemplamos o encontro com o velho Simeão, que representa a espera fiel de Israel e a exultação do coração para a realização das antigas promessas. Admiramos também o encontro com idosa profetisa Ana, que, ao ver o Menino, exulta de alegria e louva a Deus. Simeão e Ana são a espera e a profecia, Jesus é a novidade e a realização: Ele se apresenta a nós como a perene surpresa de Deus; neste Menino nascido para todos se encontram o passado, feito de memória e de promessa, e o futuro, repleto de esperança.
Podemos ver nisso o início da vida consagrada. Os consagrados e as consagradas são chamados, antes de tudo, a serem homens e mulheres do encontro. A vocação, de fato, não se inspira num nosso projeto pensado de “maneira estratégica”, mas numa graça do Senhor que nos alcança, através de um encontro que transforma a vida. Quem realmente encontra Jesus não pode permanecer como antes. Ele é a novidade que faz novas todas as coisas. Quem vive este encontro se torna testemunha e torna possível o encontro para os outros; e se faz também promotor da cultura do encontro, evitando a autorreferencialidade que nos faz permanecer fechados em nós mesmos.
O trecho da Carta aos Hebreus, que ouvimos, nos recorda que o próprio Jesus, para vir ao nosso encontro, não hesitou em compartilhar a nossa condição humana: «Visto que os filhos têm em comum a carne e o sangue, também Jesus participou da mesma condição» (v. 14). Jesus não nos salvou “de fora”, não permaneceu fora do nosso drama, mas quis compartilhar a nossa vida. Os consagrados e as consagradas são chamados a serem sinal concreto e profético desta proximidade de Deus, desta compartilha com a condição de fragilidade, de pecado e de feridas do homem do nosso tempo. Todas as formas de vida consagrada, cada uma segundo as suas características, são chamadas a estarem em estado permanente de missão, compartilhando «as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, dos pobres, sobretudo, e de todos os que sofrem» (Gaudium et spes, 1).
O Evangelho nos diz que «O pai e a mãe de Jesus estavam admirados com o que diziam a respeito dele» (v. 33). José e Maria custodiam a admiração por este encontro repleto de luz e de esperança para todos os povos. E também nós, como cristãos e como pessoas consagradas, somos custódios da admiração. Uma admiração que pede para nos renovarmos sempre; ai da rotina na vida espiritual; ai da cristalização dos nossos carismas numa doutrina abstrata: os carismas dos fundadores – como disse outras vezes – não devem ser sigilados numa garrafa, não são peças de museu. Os nossos fundadores foram movidos pelo Espírito e não tiveram medo de sujar as mãos com a vida cotidiana, com os problemas das pessoas, percorrendo com coragem as periferias geográficas e existenciais. Não se detiveram diante dos obstáculos e das incompreensões dos outros, porque mantiveram no coração a admiração pelo encontro com Cristo. Não domesticaram a graça do Evangelho; tiveram sempre no coração uma inquietação saudável pelo Senhor, um desejo ardente de levá-lo aos outros, como fizeram Maria e José no templo. Também nós somos chamados hoje a realizar escolhas proféticas e corajosas.
Por fim, com a festa de hoje aprendemos a viver a gratidão pelo encontro com Jesus e pelo dom da vocação à vida consagrada. Agradecer, ação de graças: Eucaristia. Como é belo quando encontramos o rosto feliz de pessoas consagradas, talvez já com idade avançada como Simeão ou Ana, contentes e cheios de gratidão pela própria vocação. Esta é uma palavra que pode sintetizar tudo aquilo que vivemos neste Ano da Vida Consagrada: gratidão pelo dom do Espírito Santo, que sempre anima a Igreja através dos diversos carismas.
O Evangelho se conclui com esta expressão: «O menino crescia, tornava-se robusto, enchia-se de sabedoria; e a graça de Deus estava com ele» (v. 40). Possa o Senhor Jesus, pela materna intercessão de Maria, crescer em nós, e aumentar em cada um o desejo do encontro, a custódia da admiração e a alegria da gratidão. Então outros se sentirão atraídos pela sua luz, e poderão encontrar a misericórdia do Pai.
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(tradução livre do Programa Brasileiro)
Papa Francisco celebra o Jubileu da vida consagrada
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco é uma bênção para todos os religiosos: é o que afirma o presidente da União dos Superiores Gerais (Uisg), Pe. Mauro Jöhri, ao avaliar a experiência global vivida pelas Ordens, Congregações e Institutos religiosos durante o Ano da Vida Consagrada, que se conclui esta terça-feira (02/02).
O encerramento tem lugar com a celebração da santa missa com os religiosos, na tarde desta terça-feira, às 17h30 locais, na Basílica de São Pedro, celebração esta que coincide com o Jubileu da Vida Consagrada.
Entre os religiosos e religiosas presentes encontram-se 400 monjas provenientes do mundo inteiro, as quais participaram de uma corrente de oração ao longo do Ano jubilar da Vida Consagrada. A propósito, a Rádio Vaticano ouviu o presidente da União dos Superiores Gerais, Pe. Jöhri:
Pe. Mauro Jöhri:- “O Ano dedicado à vida consagrada foi um ano que permitiu às dioceses, à Igreja, dar-se conta, alegrar-se com o fato de que a vida consagrada existe. A minha esperança é de que, de certo modo, em todos os lugares tenha havido esta tomada de consciência, sobretudo no que diz respeito àquilo que somos como religiosos: penso que aquilo que se tem a peito seja a consagração, uma vida dedicada a Deus vivida na simplicidade, na pobreza e na obediência, e que quer ser uma vida dedicada a quem mais necessita. A vida consagrada pode alegar-se grandemente com o Papa Francisco, com a sua presença e por aquilo que ele nos disse até agora. O impulso, por exemplo, a ir às periferias, a estar próximo dos pobres, a ser portadores de alegria, o fato de viver o nosso tempo com paixão, de enfrentar o futuro com muita esperança... Este Papa está dando à vida consagrada uma riqueza de propostas que agora cabe a nós colocar em prática.”
RV: O senhor esteve recentemente, junto com o prepósito geral dos Jesuítas, Pe. Adolfo Nicolás, em audiência privada com o Papa. De que se falou na ocasião?
Pe. Mauro Jöhri:- “Pe. Nicolás queria, sobretudo, apresentar-me ao Papa neste novo papel de presidente da União (Uisg). Falamos de muitas coisas: por exemplo, a questão do acesso a todos os encargos dentro das nossas Ordens por parte de todos os membros da Ordem, portanto, sacerdotes e leigos. Existem muitas Ordens religiosas que estão preocupadas com uma “clericalização” da vida consagrada. O Papa mesmo me dizia: “Primeiro consagrados, depois sacerdotes”. Queremos pedir que a Igreja conceda que, em nome da vida consagrada, todo consagrado possa exercer também o encargo de ministro provincial ou geral. O Papa encorajou-nos a seguir adiante e a preparar a documentação necessária porque para se chegar a isso é preciso mudar o Direito canônico.”
RV: Já são praticamente três anos do Papa Francisco: o que são estes três anos?
Pe. Mauro Jöhri:- “Três anos do Papa Francisco são uma bênção, como o foi o Papa Bento XVI. Claramente, o Papa Francisco trouxe uma lufada, um ar novo, diria, sobretudo pelo estilo com o qual está realizando o seu ministério e pela coragem com a qual anunciou e está enfrentando uma reforma da estrutura vaticana. O que mais me impressiona é essa sua liberdade. Atribuo isso também ao fato de ele como provincial dos Jesuítas na Argentina, durante o período da ditadura, ter colocado em risco a própria vida para salvar vidas. Muitas pessoas devem a vida a ele, por ter conseguido fazê-las partir, não olhava se a pessoa era cristã ou não para encontrar soluções para pessoas que estavam ameaçadas. Percebo isso e nesse sentido sou muito grato por sua presença e por aquilo que está fazendo. Esperamos que o Senhor lhe conceda muita saúde e muitos anos ainda para poder levar adiante aquilo que tem a peito.” (RL)
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Francisco: povo chinês tem muito a oferecer ao mundo
Cidade do Vaticano (RV) – “Admiro a China, a sua grande cultura, a sua inexaurível sabedoria”. Palavras do Papa Francisco, em uma entrevista concedida ao jornalista Francesco Sisci e publicada nesta terça-feira (02/02), no jornal “Asia Times”. Durante a conversa realizada no dia 28 de janeiro, no Vaticano, o Pontífice envia suas saudações ao povo chinês e ao seu Presidente, Xi Jinping, por ocasião do Ano Novo chinês celebrado em 8 de fevereiro.
Na entrevista, o Papa fala de temas culturais e filosóficos da China, sem fazer referência a questões religiosas ou políticas. “Para mim – disse o Papa – a China foi sempre um ponto de referência de grandeza, um grande país, uma grande cultura com uma sabedoria inexaurível”. Inevitável as referências ao Padre jesuíta Matteo Ricci, missionário na China que – como explica o Pontífice – “nos ensinou que é necessário entrar em diálogo com este país”. É “uma terra abençoada por muitas coisas e a Igreja Católica tem o dever de respeitar todas as civilizações e de respeitá-las com “R” maiúsculo.
O desafio da paz é vencido com o diálogo
O Papa Francisco cita, a seguir, Marco Polo, que trouxe o espaguete da China para a Itália e recorda a emoção sentida ao atravessar o espaço aéreo chinês durante a Viagem apostólica, em janeiro de 2015, que o levou ao Sri Lanka e às Filipinas.
Respondendo a uma pergunta sobre a paz, o Pontífice sublinha que “o medo não é um bom conselheiro” e, por isto, “não precisa temer os desafios” e “a capacidade de encontrar o modo de coexistir, de respeitar-se reciprocamente”. Naturalmente – e o Papa tem consciência disto – “manter o equilíbrio da paz é um grande desafio”, mas a Europa, o mundo ocidental e oriental e a própria China “têm a capacidade de manter tal equilíbrio e a força de fazê-lo”. Por isto – reitera o Pontífice – “devemos encontrar a forma” de alcançar tal objetivo “por meio do diálogo. Não existe outro caminho”.
Diálogo não é compromisso, mas caminhar juntos
E o diálogo – continua Francisco, voltando a um tema que lhe é particularmente caro – leva ao encontro: “O verdadeiro equilíbrio da paz se realiza com o diálogo, diálogo que não significa chegar aos compromissos, mas caminhar juntos para construir”. Deste modo, “a torta” – diz o Papa usando uma metáfora – ou mesmo “a humanidade, a cultura”, não é dividida em pequenas porções, mas pertence a todos e todos podem dar a sua contribuição ao bem comum.
Os filhos, “problema doloroso”
Ao responder a uma pergunta sobre a política chinesa do “filho único”, o Papa fala de “um problema doloroso” que coloca os filhos na condição de ter que suportar o peso dos pais e dos avós, e que deriva, por exemplo, do “egoísmo de alguns setores abastados que preferem não ter filhos”.
“Este não é um modo natural – diz o Pontífice – e entendo que a China tenha aberto possibilidades neste campo”. Disto, no âmbito do Ano Santo da Misericórdia, o convite ao povo chinês para “reconciliar-se com a sua história, com os seus sucessos e os seus erros”, pois isto leva à “maturidade e ao crescimento”.
“É saudável para um povo ter misericórdia em relação a si mesmo – explica o Papa – é “nobreza de espírito” que “permite sorrir e seguir em frente”, porque “caso se fique fixo nisto, então torna-se corruptos”, como as águas estagnantes.
Reconhecer a grandeza do povo chinês
A este ponto o Pontífice volta ao tema do diálogo: “Dialogar não significa render-se – explica – porque hoje existe o risco, na relação entre diferentes países, da colonização cultural”. Pelo contrário, “é necessário reconhecer a grandeza do povo chinês – diz – que tem sempre mantido a sua cultura”. E o Papa especifica: “Não estou falando das ideologias”, mas sim da cultura.
Enfrentar a realidade e buscar melhorá-la
Em relação às consequências no plano ambiental e humano do crescimento econômico do país, o Papa afirmou que, “antes de tudo, é necessário enfrentar a realidade como ela é e, em segundo lugar, trabalhar para melhorá-la”.
“Podem parecer sugestões simples, quase banais” – continua o Santo Padre – mas é bom não fazer “como o avestruz, que esconde a cabeça na areia para não ver a realidade”. Além disto, “a grandeza da China, hoje, se encontra precisamente em olhar para o futuro a partir de um presente, sustentado pela memória de seu passado cultural”, se encontra no “viver em tensão, que não é angústia”, mas confronto entre passado e presente que permite seguir em frente.
Felicitações para o Ano Novo Chinês
Por fim, em vista do Ano Novo Chinês, que terá início em 8 de fevereiro e será dedicado ao Macaco, o Papa envia seus “melhores augúrios e saudações ao Presidente Xi Jinping e a todo o povo chinês”. “Espero – diz Francisco – que não percam nunca a consciência histórica de ser um grande povo, ter uma grande história de sabedoria e que ter muito a oferecer ao mundo”.
“Com esta consciência, neste Ano Novo – conclui o Pontífice – possam continuar a ajudar e a colaborar com todos no cuidado da casa comum e de todos os povos”. (JE)
Honduras: mais de 7 mil mulheres vítimas de abusos
Tegucigalpa (RV) – Entre 2014 e 2015 pelo menos 7.581 mulheres hondurenhas foram vítimas de violação dos direitos humanos. Entre estas, 3.842 sofreram violência doméstica, sexual e ameaças de morte. O restante 49,4% denunciou violações dos direitos trabalhistas, de instrução e de acesso à justiça. Os dados foram divulgados pela Comissão dos Direitos Humanos do país por ocasião do Dia da mulher hondurenha, celebrado recentemente.
No comunicado do organismo estatal, enviado também à agência Fides, lê-se que qualquer tipo de violação é uma forma de discriminação além de ser uma violência dos direitos que impedem a mulher crescer pessoal, econômica e socialmente.
Violência contra a mulher
A violência contra a mulher está ligada a fatores de desigualdade econômica, social e cultural, e por isso as autoridades foram solicitadas a intervir para eliminá-los através da promoção da desigualdade, independência e a tutela do respeito pelos direitos.
O relatório afirma ainda que entre 2014 e 2015 foram feitas em média 11 denúncias por dia de mulheres vítimas de violência. Nos dias passados, dezenas de mulheres hondurenhas protestaram nas proximidades do Congresso Nacional, pedindo o respeito pelos seus direitos, o fim de todo tipo de abuso das quais são vítimas, como também a impunidade que persiste contra os culpados.
As manifestantes levavam cobertas, faixas e imagens de mais de cem mulheres que morreram violentamente no país centro-americano nos últimos anos. (SP)
Mexicanos em Hora de Adoração para receber Francisco
Cidade do México (RV) – Uma das iniciativas para preparar a chegada do Papa Francisco ao México é a realização de uma Hora de Adoração ao Santíssimo nos dias antes do início de sua viagem apostólica, que está marcada para os dias 12 a 17 de fevereiro. A iniciativa é organizada pela Comissão Organizadora do Congresso Eucarístico Arquidiocesano (CEA).
Dom Pedro Agustín Rivera Díaz, coordenador do Congresso, através de uma nota divulgada pelo Sistema Informativo da Arquidiocese do México (SIAME), está convocando as paróquias e comunidades diocesanas para que nos dias antes da chegada do Santo Padre realizem um dia de adoração ao Santíssimo Sacramento, rezando pelo Pontífice.
“A Comissão Organizadora do II Congresso Eucarístico Arquidiocesano (CEA-2016) proporciona com alegria a seguinte Hora de Adoração, oferecida pelo Papa Francisco, por ocasião de sua próxima visita ao México, e sugere que se realize qualquer dia prévio à sua chegada, em particular no dia 10 de fevereiro”, escreve Dom Rivera Díaz.
Adoração
No comunicado, propõem-se várias orações para realizar durante a Exposição do Santíssimo segundo a maneira litúrgica de costume, que possam intercalar-se com alguns cantos.
Também esta Hora Santa servirá de preparação ao Congresso Eucarístico que se realizará na capital mexicana entre os dias 07 a 11 de junho com o tema “Eucaristia, oferenda de amor: alegria e vida da família no mundo”.
Este evento ao redor de Jesus Sacramentado reunirá todas as comunidades eclesiásticas da Arquidiocese do México e estará marcado por quatro momentos especiais: um Simpósio com especialistas, o Congresso propriamente dito, procissão com o Santíssimo Sacramento e o Encerramento. Também haverá várias jornadas de Adoração Eucarística e celebrações da Santa Missa.
Programação
O Simpósio se desenvolverá durante três dias na Praça Mariana do Santuário de Nossa Senhora de Guadalupe com Missa e Adoração diante do Santíssimo na Basílica de Guadalupe. A procissão principal com o Santíssimo se realizará no dia 09 de junho às 17h. Ela iniciará na Ex Glorieta Peralvillo e culminará na Basílica de Guadalupe onde às 19h haverá uma Solene Eucaristia.
O Congresso Eucarístico terminará com um grande evento de massa, desta vez no Estádio Azteca, com uma jornada a partir das 09h do dia 11 de junho.
Entretanto, a Hora de Adoração à espera do Papa também será ocasião para viver o Ano Santo da Misericórdia convocado por Francisco. Como reza o encarregado do Congresso Eucarístico na proposta para o dia de Adoração do Santíssimo Sacramento: “Jesus Cristo, Tu és o rosto da misericórdia do Pai. Reconhecendo tua presença na Hóstia Consagrada te adoramos e nos acolhemos ao teu amor e perdão. Derrama teu Espírito em nossos corações, para que neste Ano Santo, convocado pelo Papa Francisco, experimentando tua redenção, sejamos misericordiosos com todos, especialmente com os mais necessitados”. (SP)
Papa no México: fiéis de Arizona sentem sua proximidade
Phoenix (RV) – A importância da visita do Papa ao México, de 12 a 17 de fevereiro, não é menor para os fiéis de Arizona, nos Estados Unidos.
“Embora o México tenha patrimônio cultura únicos, podemos estar certos de que a maior parte do que o Papa disser e fizer terá grande relevância para nós, em Arizona, disse o bispo Thomas J. Olmsted, da diocese de Phoenix. “Espero sua visita pastoral aos nossos vizinhos do sul e rezo por uma viagem segura e frutífera para o Papa Francisco”.
Muitos moradores daquela área têm fortes laços com o México e várias paradas programadas no itinerário do Papa estão fisicamente mais próximas de Arizona que as maiores cidades da costa leste, Nova York, Washington e Filadélfia, aonde esteve em setembro do ano passado. Diversos grupos de peregrinação de Phoenix estão colhendo a ocasião desta vizinhança para se deslocar e ver o Papa.
Paula Zazueta, que está coordenando uma excursão de peregrinos das paróquias Imaculado Coração de Maria e Santo Antonio, alega que a oportunidade “é uma benção especial”. Paula já viajou com um grupo de peregrinos em 2012, quando o Papa Bento XVI visitou o país vizinho. Ao saber da viagem de Francisco, disse a seu pároco que deveria ser organizado um grupo e ele a encarregou desta tarefa.
O padre Alexis Moronta, vigário das duas paróquias, será o capelão do grupo, que viajará de ônibus à Cidade do México e Puebla, de 10 a 18 de fevereiro. O grupo espera obter ingressos para participar das missas na Basílica de Nossa Senhora de Guadalupe e no estádio em Ecatepec.
“Aonde que que Francisco vá, fortalece e consolida a nossa fé”, assegura pe. Moronta. “Uma peregrinação é um tempo de oração, de sacrifício, mas também tempo de alegria”.
Carmen Portela, diretora da Agência de Apoio aos Hispânicos da diocese de Phoenix, afirma que a visita do Papa ao México também é importante para os católicos que não têm descendência mexicana:
“Para os católicos que vivemos aqui no sudoeste, sejamos mexicanos ou não, será um grande presente que o Papa venha visitar as terras mexicanas. Não é preciso ser mexicano para ser guadalupano…”.
Outras paradas na agenda do Papa serão Morelia, no México Central; Tuxtla Gutiérrez, em Chiapas, terra dos indígenas pobres do México; e Ciudad Juárez, Chihuahua, abalada pela violência relacionada ao tráfico de drogas e o elevado índice de homicídios, e que está localizada na fronteira com os Estados Unidos, diante de El Paso.
“Cada cidade escolhida tem o seu significado”, diz Cristofer Pereyra, diretor do Escritório de Missões Hispânicas da diocese. “Ele sempre começa com os pobres e os mais necessitados; aqueles que precisam de uma palavra de esperança”.
Na mesma linha, o bispo Olmsted destaca que “o Pontífice virá ao México mostrar sua solidariedade com cada setor da gente amada deste país, com todas as suas alegria e esperanças, suas dificuldades e dores. Sua visita a Juárez será uma demonstração de sua preocupação com o bem-estar dos refugiados e migrantes, de todas as partes. Sem dúvidas, ele reforçará sua dignidade e lhes assegurará o amor de Deus”.
(CM)
Reaberta em Fátima a Basílica de Nossa Senhora do Rosário
Fátima (RV) – O Reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas, afirmou que as obras na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima, reaberta ao público nesta terça-feira (02/02), permitiram criar um “itinerário devocional” junto aos túmulos dos Pastorinhos de Fátima.
“Queremos propor a todos os peregrinos que queiram ir aos túmulos, um itinerário devocional que os conduza aos túmulos e crie condições nas capelas tumulares para que eles rezem”, referiu o sacerdote.
O reitor do Santuário recordou que, até agora, quem ia à Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima e procurava rezar junto aos túmulos de Francisco, Jacinta e Lúcia, tinha de rezar lateralizado em relação às próprias capelas tumulares”. Com as obras, “as capelas tumulares não mudam na sua estrutura, mas foram adequadas à oração dos fiéis”, explicou.
Limpeza
O Padre Carlos Cabecinhas adiantou que o “primeiro motivo para a intervenção na Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima foi a necessidade de fazer uma limpeza naquele espaço” porque a “pedra estava muito escurecida”.
O Reitor do Santuário de Fátima acrescentou ainda que as obras permitiram uma alteração dos “lugares litúrgicos” e recuperaram o “grande órgão” de tubos. “Renovamos o presbitério, que tem um novo altar, um novo ambão, uma nova cruz e uma nova presidência”, descreveu.
“O grande órgão, há tanto tempo mudo, pode ser de novo ouvido e ter impacto positivo na nossa forma de celebrar naquele lugar”, disse também o padre Carlos Cabecinhas.
História
A sagração da Basílica de Nossa Senhora do Rosário de Fátima data de 7 de outubro de 1953, e o projeto foi concebido pelo arquiteto Gerard Van Kriechen e continuado pelo arquiteto João Antunes.
A primeira basílica do Santuário mariano da Cova da Iria recebeu este título do Papa Pio XII, no breve “Luce Superna”, de 11 de novembro de 1954.
Com 70,5 metros de comprimento e 37 de largura a basílica foi construído “inteiramente” com “pedra da região e os altares são de mármore” de Estremoz, de Pero Pinheiro e de Fátima.
Após a reabertura desta basílica ao culto vão ser retomadas três celebrações diárias até à Páscoa: 7h30, 11h00 e 18h30, quando então a Missa das 11h será “transferida para a Basílica da Santíssima Trindade”, informa o Santuário de Fátima. (Ecclesia)
Criada na Indonésia a União das Ordens Religiosas femininas
Bandung (RV) - Nasceu na Indonésia a União das Ordens Religiosas Femininas, que reúne dezessete Congregações religiosas. Na reunião realizada em Bandung, as religiosas elegeram como primeira Presidente Irmã Veronica Manaan, das Servas de São José; como Secretária a dominicana Irmã Anna Marie. Segundo o L'Osservatore Romano, ao final do encontro, as representantes das Congregações - reiterando o desejo de "anunciar o Evangelho em modo criativo, segundo o espírito dos respectivos fundadores" - divulgaram uma declaração por meio da PenaKatolik, a rede de informações dos católicos indonésios.
Viver a vocação mostrando o rosto misericordioso de Deus
"Desejamos viver a natureza da nossa vocação religiosa - lê-se no texto - mostrando o rosto de Deus - que é misericordioso, compassivo - e partilhar a alegria neste mundo, proclamando a salvação para os outros, sobretudo aos pequenos, aos fracos, aos pobres, aos marginalizados, sendo ativamente envolvidos no cuidado de toda a criação". Nesta obra ,as religiosas escolheram conscientemente de viver o próprio encontro e de apoiar a iniciativa do Eco Camp, um campo inter-religioso onde é possível "compartilhar o cuidado da Terra e aprender da Terra".
Atenção à salvaguarda da Criação
Tal experiência antecipou muitos temas da Encíclica do Papa Francisco Laudato Si. Nascido em 2002, de fato, o Eco Camp, experiência de formação e de vida em harmonia com a natureza, ensinam a construir uma "consciência ecológica e ambiental" e a desenvolver o amor pela mãe Terra". (JE)
Fundamentalismo se vence com educação, defende Card. Nichols
Londres (RV) - O isolamento, a perda dos valores partilhados e de pontos de referência de tantos jovens hoje e o fácil acesso às redes sociais, estão fazendo dos adolescentes britânicos o principal alvo do terrorismo islâmico. Esta foi a advertência do Cardeal Vincent Nichols, Presidente da Conferência Episcopal Inglesa e de Gales (CBEW) em um simpósio realizado em Londres que reuniu os responsáveis por Institutos católicos e educadores. Estima-se que sejam em torno de 700 os jovens ingleses que aderiram ao Estado Islâmico na Síria e Iraque. Entre estes, um número crescente de adolescentes.
Internet, instrumento privilegiado de recrutamento
"O que mais toca - observou o Arcebispo de Westminster - é que a idade chave para contactar e influenciar os potenciais recrutas do jihadismo global está entre os 15 e 25 anos, ou seja, a idade dos jovens das vossas escolas, confiados aos vossos cuidados". Para o purpurado, o motivo da forte atração que as organizações terroristas exercem sobre os adolescentes, está o hábil uso das redes sociais, que acabaram tornando-se o principal meio de socialização entre a juventude.
"O mundo digital - explicou - responde hoje a cinco exigências de fundo: o desejo de conectar-se e de estar conectados; do acesso rápido às informações; o de ser guiados e de ter uma causa a seguir; o desejo de partilhar pensamentos e opiniões; o divertimento". E é o que buscam tantos jovens que não têm sólidos pontos de referência e que procuram sua identidade e um papel na sociedade.
Mensagem sedutora para os jovens mais vulneráveis
Os grupos terroristas usam a internet, propondo uma mensagem atrativa e, "ao menos de aparência, coerente", em um mundo feito de informações fragmentadas. Os especialistas - enfatizou o Cardeal - dizem que "basta um mês para transformar um adolescente insatisfeito e desorientado em um terrorista".
Responsabilidade dos educadores católicos
Neste contexto, segundo o purpurado, entram em jogo as responsabilidades dos educadores, e em particular os educadores católicos. Eles deveriam ser capazes de propor e testemunhar aos jovens o fascínio de uma visão cristã coerente. A educação, de fato, "não pode somente tratar de fragmentos, deve saber tratar sobre o todo". "O serviço que as vossas escolas são chamadas a dar - sublinhou - é o de ajudar os jovens a encontrar seu lugar no mundo, nas suas relações, em seu futuro. Algo que eles poderão fazer melhor, crescendo em um ambiente de uma vocação radicada na relação com Jesus. Somente se vocês conseguirem atingir este objetivo - concluiu o Card. Nichols - não sairão para o mundo jovens ingênuos, prontos a serem seduzidos por uma ideologia perversa e desumana, ou por qualquer outra forma de violência e desumanidade degradante que ameaçam o nosso mundo hoje". (JE)
Card. Dziwisz: Cracóvia quase pronta para a JMJ 2016
Cracóvia (RV) - De 26 a 31 de julho próximo se realizará a 31ª Jornada Mundial da Juventude em Cracóvia, cidade considerada o Centro mundial da devoção à Divina Misericórdia. O evento, neste sentido, insere-se totalmente no Ano da Misericórdia convocado pelo Papa Francisco. Mais de 500 mil jovens já inscreveram-se para o megaevento, mas são esperados muito mais. Mas, como estão os preparativos na Polônia? Quem responde aos microfones da Rádio Vaticano é o Cardeal Arcebispo de Cracóvia, Dom Stanislaw Dziwisz:
"Nós nos preparamos para esta Jornada Mundial já há três anos. Se pode dizer que após a Jornada de Madrid, pensávamos que havia a possibilidade de ser realizada aqui esta Jornada Mundial. Quando o anúncio deste evento foi feito no Rio de Janeiro, começamos imediatamente a trabalhar. O Comitê Nacional, mas sobretudo o de Cracóvia, dividiu as tarefas segundo as diversas necessidades. Podemos dizer que estamos prontos, não estamos atrasados. Esperamos chegar bem preparados tecnicamente, mas também religiosamente, porque esta preparação espiritual para nós é muito importante. Em todas as paróquias, em todas as comunidades, existem grupos de jovem comprometidos com esta Jornada".
RV: Para a 31ª primeira Jornada Mundial da Juventude, o Papa Francisco propôs a reflexão "Bem aventurados os misericordiosos porque encontrarão misericórdia". Neste sentido, o encontro insere-se diretamente no Ano da Misericórdia que toda a Igreja está vivendo...
"Cracóvia é centro da devoção da Misericórdia, porque Jesus falou com Irmã Faustina desta devoção, deu a ela mensagens para todo o mundo. Também João Paulo II empenhou-se em levar em frente esta mensagem da Divina Misericórdia durante todo o seu Pontificado. Recordemos a Encíclica "Dives in Misericordia" e, também hoje, este tema retorna em diversos discursos e documentos. Somos agradecidos ao Papa que anunciou o Ano da Misericórdia jubilar e que, precisamente neste ano, há este encontro em Cracóvia, centro da devoção à Divina Misericórdia. Por que é importante? Porque o Diário da Irmã Faustina diz que de Cracóvia se propagará para todo o mundo o fogo da Misericórdia. Esperemos que os jovens venham pegar o fogo da Divina Misericórdia para levá-lo ao mundo".
RV: O senhor falou de São João Paulo II e de Santa Faustina Kowalska. Como o exemplo de vida deles fala aos jovens de hoje?
"Esta devoção é tão convincente que quem vai a estes lugares é envolvido por esta mensagem. Há este lugar de confissão, de oração, de silêncio; é um santuário. A cada ano tantas pessoas - cerca de dois milhões - vão visitá-lo".
RV: Na sua opinião, o Jubileu dos jovens será um dos pontos fortes deste Ano Santo, um dos momentos mais intensos?
"Certamente, para os jovens poloneses, mas também para todos os jovens que retornam às fontes da fé".
RV: Esta não será a primeira vez que um encontro internacional de jovens coincide com um Ano Jubilar....
"É preciso ver os sinais dos tempos. Precisamente agora é necessária esta devoção, nestes tempos em que a paz está em perigo, existem conflitos e confusão no mundo e na Europa. O Diário da Irmã Faustina diz que o mundo não terá paz se não se voltar para a Divina Misericórdia".
RV: A reflexão sobre a quinta bem-aventurança nos ensina que se é mais bem-aventurado em dar do que em receber. Segundo a sua experiência, os jovens que participarão da JMJ, mas os jovens em geral, sentem sobre eles este olhar do amor infinito do Senhor?
"Os jovens são sensíveis, muito sensíveis. É necessário abrir a eles estas belas coisas, estas bonitas verdades, a beleza do Evangelho, porque a devoção pela Divina Misericórdia não é uma coisa estranha, provém da Sagrada Escritura. É necessário aproximá-los das fontes da nossa fé".
RV: O que este evento deixará de especial em Cracóvia, aos seu povo e aos seus jovens?
"Tudo depende da preparação. Se a preparação espiritual é boa, também esta Jornada dará ainda mais frutos, sobretudo de aprofundamento da fé, compromisso na vida espiritual da Igreja e do ponto de vista moral. Também aqui é necessário um esforço para intensificar a vida moral e espiritual. Posso dizer que esperamos os jovens de todo o mundo. Já se inscreveram 600-700 mil, de 150 países. Esperamos que serão ainda mais. Naturalmente nos últimos dias muitos chegarão sem avisar-nos, vindos de países vizinhos, da Ucrânia, da Bielorrússia, também da Polônia. Convidamos para que venham muitos. Queremos preparar bem esta Jornada. Penso que a acolhida de Cracóvia será muito bela, porque não somente Cracóvia, mas toda a Polônia estará envolvida, sobretudo na semana precedente quando os jovens chegarem em todas as dioceses. Haverá encontros, conferências, catequeseS. quando o Papa chegar em Cracóvia todos virão aqui para saudá-lo".
Obesidade infantil atinge níveis alarmantes em todo o mundo
Cidade do Vaticano (RV) - A Organização Mundial da Saúde alertou que a obesidade infantil atingiu níveis alarmantes em todo o mundo.
O relatório da "Comissão para Acabar com a Obesidade Infantil" mostrou que pelo menos 41 milhões de crianças com menos de cinco anos estão acima do peso ou são obesas.
Segundo o documento, o maior número de casos foi registrado em países de baixa e média rendas onde o número de crianças obesas mais do que dobrou de 1990 a 2014, passando de 7,5 para 15,5 milhões.
Em 2014, por exemplo, 48% das crianças menores de cinco anos e que estavam acima do peso ou obesas, viviam na Ásia e 25% na África. Os números no continente africano quase dobraram desde 1990, de 5,4 milhões para 10,3 milhões.
A psicóloga Patrícia Müller da Costa que trabalha no Paraná especializada em Saúde Mental nos fala sobre o problema da obesidade infantil. (MJ/OMS/Pastoral da Criança)
Gratidão e esperança marcaram o Ano da Vida Consagrada
Cidade do Vaticano (RV) – Gratidão e esperança: estes são os dois sentimentos expressos pelo Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal João Braz de Aviz, ao final deste Ano da Vida Consagrada.
Foram quatorze meses de iniciativas, congressos e viagens, em que o Cardeal encontrou milhares de consagrados nos cinco continentes. Em entrevista ao Programa Brasileiro, Dom João faz um balanço deste Ano e revela qual carisma escolheria, já que ele é um diocesano.
Ouça aqui:
Cardeal Tempesta reflete o Jubileu na Rádio Vaticano
Cidade do Vaticano (RV) – São 7 as reflexões que Dom Orani preparou especialmente para o Jubileu da Misericórdia. Nesta terça-feira (02/02), publicamos o 4º vídeo – O Jubileu na História da Igreja. Entre outros detalhes fundamentais para a boa compreensão deste Ano Santo, Dom Orani nos recorda que a tradição começou com o povo hebreu.
Dentro na playlist Jubileu da Misericórdia em VaticanBR, é possível assistir às três precedentes em que o Arcebispo do Rio de Janeiro refletiu sobre o Jubileu, o Jubileu no Rio e o significado do Jubileu.
Cardeal Dom Orani Tempesta: Padre Cícero Romão Batista
Juazeiro (RV) - O Cardeal Dom Orani Tempesta escreveu um artigo sobre a Reconciliação da Igreja com o Padre Cícero Romão Batista. O texto foi publicado na edição de hoje, 30 de janeiro, no jornal da Arquidiocese carioca. O Cardeal Dom Orani Tempesta, esta em Juazeiro do Norte nesta terça-feira, dia 02, participando da Romaria das Candeias.
Leia o artigo na íntegra:
Padre Cícero
Uma carta do Secretário de Estado de Sua Santidade, o Cardeal Pietro Parolin, datada de 20 de outubro de 2015 e dada a conhecer no dia 13 de dezembro do mesmo ano, data da abertura das portas santas da misericórdia nas catedrais do mundo, reconhecendo as virtudes e bem que o Padre Cícero fez ao povo de Deus no Nordeste foi amplamente divulgada no final do ano passado.
Nosso “Padim Ciço” é assim chamado pelo povo que o admira e diz que é porque, após a proibição de celebrar os sacramentos, ele foi chamado a ser padrinho de batismo de muitas crianças. É com essa expressão carinhosa e confiante que muitos de nossos irmãos, nordestinos ou não, se dirigem ao Padre Cícero Romão Batista (1844-1934). Ele é o sacerdote sobre o qual a mídia, no final do ano passado, tem voltado a atenção, especialmente com manchetes que intentavam passar a mensagem de que a Igreja o tinha reabilitado. Como estamos nos aproximando do dia 2 de fevereiro, data que marca a história da região com a grande procissão de nossa Senhora das Candeias, em respeito ao povo e à verdade sempre é importante aprofundar um pouco mais essa questão.
Padre Cícero nasceu no dia 24 de março de 1844, em uma casa humilde da Rua Grande, hoje Miguel Limaverde, em Crato (CE), cidade localizada no Sopé da Chapada do Araripe, como segundo filho do casal de agricultores Joaquim Romão Batista e Joaquina Vicência Romana. Conta-se que, criado por duas de suas irmãs, Mariquinha e Angélica, sempre quis ser padre e já aos doze anos, depois de ler a vida de São Francisco de Sales, fez, piedosamente, voto de castidade.
Ingressou no seminário da Prainha, em Fortaleza, com 21 anos de idade e aos 26 foi ordenado sacerdote, atuando um pouco na própria cidade de Crato, mas durante 60 anos morou e atuou em Juazeiro do Norte, povoado vizinho à sua terra natal. Aí exerceu um imenso bem à população, segundo as diretrizes pastorais de seu tempo, com o incentivo de missões populares, novenas, terços públicos, procissões e celebração da Missa com frequência.
Aqui é preciso lembrar que era comum a celebração da Eucaristia apenas aos domingos durante o dia. Nelas, na maioria das vezes, as comunhões eram raras. A Missa durante a noite, salvo a de Natal (chamada de “Missa do Galo”), só foi possível com a reforma litúrgica promovida pelo Concílio Vaticano II (1962-1965), assim como a comunhão frequente passou a ser estimulada, inclusive às crianças devidamente preparadas, pelo Papa São Pio X (1903-1914), por quem o Papa Francisco tem grande devoção. Desde que era arcebispo de Buenos Aires promovia, anualmente, um encontro com os (as) catequistas no dia 21 de agosto, memória do santo, que faleceu, em odor de santidade, depois de grandes trabalhos em favor do Povo de Deus. Dessas formações de Bergoglio, resultou o livro Anunciar o Evangelho (Campinas: Ecclesiae, 2013).
Voltando, porém, ao Padre Cícero, vê-se que ele foi fiel ao espírito de certa recusa à obediência às ideias portuguesas em si, frutos do chamado Regime de Padroado, no qual Igreja e Estado se achavam ligados para aderir às regras de Roma, ou seja, havia nele plena fidelidade ao Santo Padre, o Papa, e ao Bispo diocesano em comunhão com o Papa, alicerces da unidade a ser mantida na Igreja sob pena de esfacelamento da face humana do Corpo místico de Cristo prolongado na história (cf. 1Cor 12,12-21; Cl 1,24).
O Pe. Comblin, sacerdote belga que muito atuou no Nordeste na época de Dom Helder Câmara, arcebispo de Olinda e Recife (PE), escreveu que o Padre Cícero “dedicou-se a corrigir os vícios e os abusos morais”. Proibiu as danças, conseguiu que os homens parassem de beber. Obrigou as prostitutas a confessar seus pecados. Em pouco tempo, Juazeiro tornou-se um modelo de ordem e de virtudes. Padre Cícero era no Juazeiro o equivalente ao Santo Cura D’Ars. (Padre Cícero de Juazeiro. S. Paulo: Paulinas, 1991, apud Henrique Cristiano José de Matos. Caminhando pela história da Igreja. Belo Horizonte: O Lutador, 1993, vol. 3, p. 172).
No entanto, na passagem do Império à República (1889), com grande mudança no cenário político-religioso, o zeloso sacerdote não deixou de entrar em um ritmo de fala um tanto “apocalíptica” (com anúncios de catástrofes eminentes para o mundo). Dizia que com a nova forma de governo brasileiro o fim do mundo estaria próximo. Daí, sempre insistir com seus fiéis sobre o Juízo Final e a necessidade de se confessarem a fim de estarem puros na volta do Senhor e, consequentemente, escaparem dos castigos de Deus para a humanidade pecadora que, segundo suas pregações, não tardariam vir demonstrando a força de Deus.
No entanto, Padre Cícero ficou mais conhecido por todo o Brasil, especialmente a partir do ano de 1889, quando se deram os chamados “milagres da hóstia”. Trata-se do seguinte: Maria de Araujo (1860-1914), conhecida como “Beata”, solteira de 29 anos e costureira de prestígio, foi comungar e viu a hóstia verter sangue, conforme ela mesma narrou ante as autoridades eclesiásticas, no inquérito instaurado para apurar os fatos. Disse Maria que, no dia 6 de março de 1889, “pela primeira vez, fui tomada de um rapto extático, resultando na transformação da hóstia em sangue, tanto que além do que não sorvi, parte caiu na toalha e parte no chão” (Maria do Carmo P. Forti. Maria de Araujo, a beata de Juazeiro. S. Paulo: Paulinas, 1991, apud Matos, obra citada, p. 173).
O fato, tido, então, por milagroso, se repetiu diversas vezes, ocasionando muitas peregrinações do povo a Juazeiro e certo espanto no meio do clero, pouco afeito a esse tipo de fenômeno que precisa ser sempre muito bem investigado. A Igreja é prudente e não afoita na análise de assuntos como esse. Nos meios populares, no entanto, surgiu uma possível explicação para as ocorrências: ante a grande maldade do mundo, dentre as quais se destacou a proclamação da República no Brasil, Nosso Senhor tinha decidido derramar o Seu sangue uma segunda vez para redimir novamente a humanidade. Outros, mais atentos às pregações apocalípticas do zeloso sacerdote, defendiam que o sangue saído da hóstia na boca da jovem Maria era sinal claro do Juízo Final muito próximo. (Cf. Matos, obra e página citadas).
Ora, parece que o Padre Cícero via, apoiado no parecer de um médico e de um farmacêutico local, um verdadeiro milagre na hóstia sangrante, mas o Bispo, à luz do parecer de uma comissão específica por ele nomeada, notou apenas um fenômeno incomum, mas não milagroso. Mais: ambas as lições extraídas do fenômeno foram (e são) exageradas e errôneas. Com efeito, o sacrifício de Cristo na Cruz é único e supera todos os demais sacrifícios (cf. Hb 10,10), de modo a não se poder afirmar que o Senhor voltou a derramar seu sangue pela humanidade, como se tivesse de fazer uma reedição de sua aliança nova e eterna (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 613-614). Sobre o juízo final sabemos que ocorrerá, como professamos no Credo, mas não temos, por escolha divina, como prever com certeza exata o dia e a hora da segunda vinda de Cristo em poder e glória (cf. Mt 24,36).
Pois bem, foi essa interpretação popular, mas errônea dos fenômenos – que alguns afirmavam ser apoiada pelo Padre Cícero – uma das causadoras das reservas de Dom Joaquim José Vieira (1883-1912), Bispo do Ceará, a respeito do famoso sacerdote. Suspeitando de heresia (negação de verdades de fé) e temendo um cisma (rompimento com a Igreja em sua estrutura hierárquica), o Prelado proibiu o padre de atender Confissões, pregar e orientar os fiéis. Em 1886, Padre Cícero foi suspenso de poder celebrar Missas e, mesmo tendo recorrido à Santa Sé, indo, inclusive, pessoalmente a Roma, jamais teve a alegria de poder voltar a exercer o ministério sacerdotal. Contudo – isso é importante –, segundo as notícias, ele nunca teria sido excomungado.
Além disso, outra acusação que se fez contra “Padim Ciço” foi a de ser, na opção política, um apoiador do comunismo. Ele, porém, rebatia a acusação dizendo que “o comunismo foi fundado pelo demônio”. E acrescentava: “Lúcifer é o seu chefe e a disseminação de sua doutrina é a guerra do diabo contra Deus. Conheço o comunismo e sei que é diabólico. É a continuação da guerra dos anjos maus contra o Criador e seus filhos”. (Autorizada pelo Vaticano a reconciliação de Padre Cícero com a Igreja, ACI Digital, 14/12/15, online).
O fato é que em meio a tudo isso, o povo nunca deixou de procurar o padre. Ele se tornou, na verdade, o grande Patriarca do Nordeste e vivia dando conselhos, resolvendo conflitos de várias naturezas, dando remédios certos para muitas doenças e até ajudando na escolha de matrimônios (tinha fama de “casamenteiro”).
Preocupava-se também com os mais pobres, especialmente os trabalhadores e as crianças. A essas estimulava a aprenderem algum bom ofício da época a fim de se tornarem, no campo financeiro, independentes e poderem ajudar a seus pais. A partir de 1911, Padre Cícero, já afastado das atividades sacerdotais, entrou na política, muito mais forçado pelas circunstâncias do que motivado por gosto pessoal. Chegou a ser o primeiro prefeito de Juazeiro, emancipado naquele ano, e vice-governador do Ceará por dois mandatos. Em 1914, juntando-se a vários coronéis locais, foi contra a intervenção do Governo Federal no Estado.
Padre Cícero faleceu em 20 de julho de 1934, com 90 anos de idade, em paz com a Igreja que tanto amou, tendo em seu sepultamento aproximadamente 60.000 pessoas, que logo passaram também a peregrinar a Juazeiro a fim de rezar a Deus por meio do “Padim Ciço”. Fizeram, com isso, que aquela cidade se tornasse a “cidade santa” a receber, segundo dados do site oficial do Governo do Estado do Ceará (www.juazeiro.ce.gov.br) cerca de 2,5 milhões de pessoas por ano.
Tudo isso motivou a Diocese de Crato, por meio de seu Bispo Diocesano, Sua Excelência Dom Fernando Panico, a pedir que a Santa Sé estudasse o caso do Padre Cícero. Agora, o Papa Francisco, por meio do Eminentíssimo Senhor Cardeal Pietro Parolin, Secretário de Estado da Santa Sé, enviou uma Carta na qual aponta o lado benemérito de todo o apostolado que se realiza em torno da figura do sacerdote a favor do Povo de Deus. É esse ato que a imprensa chamou de reabilitação do Padre Cícero com a Igreja, embora, como dito, ele nunca teria sido excomungado. Ao contrário, bons historiadores garantem que ele morreu firme na fé católica. (Cf. Matos. Obra citada, p. 174).
Fazemos, pois, votos de que a questão, já estudada há tempos, chegue a bom termo com a graça de Deus, pois Ele, dentro de seus santos e sábios desígnios, nunca deixa de atender ao seu povo sedento de santos pastores e dignos ministros, a fim de que estes possam, nas dificuldades do dia a dia, batalhar em demanda da Jerusalém celeste. Certamente a notícia traz alegria não só aos irmãos nordestinos, mas a todos os brasileiros que amamos nosso País e queremos ver o seu autêntico progresso, livre de todas as mazelas e corrupções nos vários âmbitos em que elas se encontrem.
Aqui no Rio de Janeiro a presença nordestina é grande e a influência do Padre Cicero se faz sentir com muita clareza, principalmente na “feira de São Cristóvão”, que concentra as tradições nordestinas e sente-se o carinho do povo pelo seu “padim ciço”.
Sem dúvida que um belo sinal de trabalho evangelizador é a tradição nordestina do Padre Cícero, e a Igreja reconheceu essa missão. Algumas questões da vida do padre ainda estão envoltas em estudos de questões controversas, porém é inegável a necessidade de evangelização.
Que no próximo dia 2 de fevereiro, festa de Nossa Senhora das Candeias, no evento criado por ele, as pessoas possam encontrar a luz que é Cristo, que ilumina a todo homem que vem a este mundo.
Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ
Palestina abre Embaixada em Brasília
Cidade do Vaticano (RV) – Em nota publicada nesta terça-feira (02/02), o Ministério das Relações Exteriores do Brasil congratula o Governo palestino pela conclusão das obras e pelo início das atividades da nova sede da Embaixada em Brasília.
“De acordo com a praxe seguida desde a fundação de Brasília, o Governo brasileiro doou área para a construção da Embaixada palestina em 2010. Em reciprocidade, recebeu doação, em 2015, de terreno para uso do Brasil em Ramalá”, explica o comunicado do Itamaraty.
Desde 2010, o Brasil reconhece o Estado da Palestina pelas fronteiras delimitadas em 1967.
A Santa Sé reconheceu oficialmente o Estado da Palestina no ano passado.
(RB)
Morricone fala do último trabalho com Tarantino
Cidade do Vaticano (RV) - Ennio Morricone marcou a história do cinema e da música e, em 2015, enfrentou um novo desafio ao assinar a trilha sonora do último filme de Quentin Tarantino: "The Hateful Eight". Com este trabalho, o maestro venceu recentemente o Globo de Ouro e está novamente entre os favoritos ao Oscar, que o vê candidato pela sexta vez.
Alguns dos grandes filmes da história do cinema ficaram também conhecidos pela sua trilha musical, verdadeiras obras-primas. Ennio Morricone, aos 86 anos, entre lembranças e paixão, continua a ler roteiros e escrever partituras, dedicando-se, com inexaurível entusiasmo e muita humildade, à compor a trilha sonora de filmes. A última das quais, uma grande composição de quase meia hora encomendada por Quentin Tarantino para seu último filme, um western - gênero tão amado pelo diretor americano. O filme é ambientado no período pós-guerra civil estadunidense e gravado dentro de um grande depósito, rodeado por uma tempestade de neve, onde os oito personagens eliminam-se com engano e ferocidade.
Morricone trabalhou no filme, como não poderia deixar de ser, imprimindo seu próprio estilo, mas sem algumas referências às suas históricas colaborações com Sergio Leone, Duccio Tessari e Sergio Corbucci, como conta aos microfones da Rádio Vaticano:
Ennio Morricone: "Espero que se perceba o estilo e a minha personalidade. Eu para Tarantino, tendo de fazer após tantos anos um filme western, devia cortar com o passado musical de Leone. Assim, cortei precisamente qualquer proveniência da minha ideia musical para um filme que eles dizem ser western, mas que para mim não é um western... É um filme de aventura, na neve, situado perfeitamente em uma condição histórica, pós-guerra da Secessão. Assim, me veio precisamente a ideia de fazer um filme completamente diferente em relação aos filmes que eu já havia feito e era muito necessário porque, falando com o diretor, ele ficou mudo: no sentido de que me deixou fazer aquilo que eu queria. Ele foi à Praga quando eu gravei, lhe agradou a música quando a ouviu e estava muito contente. Também eu fiquei contente quando vi o filme: me agradou muitíssimo!".
RV: Maestro, o senhor sempre escolheu gêneros e diretores com muita atenção, tendo bem presente a importância da trilha sonora. O fizeste também desta vez com Tarantino....
Ennio Morricone: "Quando aceito um encargo fico muito preocupado, porque é uma responsabilidade! Assim, quando vi o filme, fiquei muito contente. O considero um importante diretor, com grande técnica e também fantasia... Existe um pouco de desacordo, mas o que pode fazer um pouco de discordância? Começa o filme e a atriz já tem um olho roxo..."
RV: Para o filme do Tarantino, o que foi escrito exatamente?
Ennio Morricone: "Eu escrevi quatro peças para o filme, quatro peças mais um brevíssimo de 30 segundos, um grande crescente... As outras peças são praticamente uma sinfonia".
RV: Precisamente por esta trilha, o senhor venceu seu terceiro Globo de Ouro, último de uma série de reconhecimentos internacionais na sua longa carreira....
Ennio Morricone: "O que eu pensei? Pensei ter ganho este Prêmio e... basta. Não é que sobe para cabeça. Este trabalho é feito de preocupações, podem imaginar... Quando eu aceito um filme, mesmo quando era mais jovem, o filme deve me agradar, a música deve me agradar, mas deve agradar também ao diretor e - coincidentemente - deve agradar também ao público, que não deve se sentir incomodado pela música.....Assim, todos estes problemas, são problemas que angustiam. Portanto, quando aceito um filme é uma responsabilidade".
RV: Concorre também ao Oscar como melhor trilha sonora, depois daquele pela carreira recebido em 2007 e as cinco candidaturas, entre os quais por "Mission". Aquela vez a estatueta foi precisamente subtraída de você. Como vive esta nova corrida que terminará na noite de 28 de fevereiro em Los Angeles?
Ennio Morricone: "Mas eu já ganhei uma...Se me derem, bem; se não me derem, não deram...Não é que insista, gostaria! Até mesmo vou a Los Angeles..... Me agrada! Mas se não me derem, não posso tirá-la de quem vai ganhá-la"! (JE)