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Sumario del 11/02/2016

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Papa e Santa Sé



Campanha da Fraternidade: mensagem do Papa aos brasileiros

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Cidade do Vaticano (RV) – “O acesso à água potável e ao saneamento básico é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome”: palavras do Papa Francisco que estão contidas na mensagem aos brasileiros por ocasião da Campanha da Fraternidade 2016. O tema este ano é “Casa comum: nossa responsabilidade”.

No texto, o Pontífice recorda que se trata da quarta edição ecumênica da Campanha e que, desta vez, cruza as fronteiras para uma parceria com os católicos alemães, através da Misereor (instituição da Conferência Episcopal Alemã para a cooperação para o desenvolvimento). 

Comentando o tema escolhido sobre saneamento básico, Francisco convida todos a se empenharem com políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de Casa Comum.

Superação da injustiça social

“O acesso à água potável e ao saneamento básico é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome, para a superação dos altos índices de mortalidade infantil e de doenças evitáveis, e para a sustentabilidade ambiental”, escreve o Papa.

Citando sua Encíclica Laudato si, Franscisco recorda que a grave dívida social para com os pobres é parcialmente saldada quando se desenvolvem programas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres, evidenciando o nexo que há entre a degradação ambiental e a degradação humana e social.

“Aprofundemos a cultura ecológica”, pede o Pontífice. “Ela não pode se limitar a respostas parciais, como se os problemas estivessem isolados. Insisto que o rico patrimônio da espiritualidade cristã pode dar uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Eu os convido a redescobrir como nossa espiritualidade se aprofunda quando descobrimos que Jesus quer «que toquemos a carne sofredora dos outros» (Evangelii gaudium, 270), dedicando-nos ao «cuidado generoso e cheio de ternura» (Laudato si’, 220) de nossos irmãos e irmãs e de toda a criação.

Eis a íntegra da mensagem de Francisco.

Queridos irmãos e irmãs do Brasil!

Em sua grande misericórdia, Deus não se cansa de nos oferecer sua bênção e sua graça e de nos chamar à conversão e ao crescimento na fé. No Brasil, desde 1963, se realiza durante a Quaresma a Campanha da Fraternidade. Ela propõe cada ano uma motivação comunitária para a conversão e a mudança de vida. Em 2016, a Campanha da Fraternidade trata do saneamento básico. Ela tem como tema: «Casa comum, nossa responsabilidade». Seu lema bíblico é tomado do Profeta Amós: «Quero ver o direito brotar como fonte e a justiça qual riacho que não seca» (Am 5,24).

É a quarta vez que a Campanha da Fraternidade se realiza com as Igrejas que fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil (CONIC). Mas, desta vez, ela cruza fronteiras: é feita em conjunto com a Misereor, iniciativa dos católicos alemães que realiza a Campanha da Quaresma desde 1958. O objetivo principal deste ano é o de contribuir para que seja assegurado o direito essencial de todos ao saneamento básico. Para tanto, apela a todas as pessoas convidando-as a se empenharem com políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum.

Todos nós temos responsabilidade por nossa Casa Comum, ela envolve os governantes e toda a sociedade. Por meio desta Campanha da Fraternidade, as pessoas e comunidades são convidadas a se mobilizar, a partir dos locais em que vivem. São chamadas a tomar iniciativas em que se unam as Igrejas e as diversas expressões religiosas e todas as pessoas de boa vontade na promoção da justiça e do direito ao saneamento básico. O acesso à água potável e ao esgotamento sanitário é condição necessária para a superação da injustiça social e para a erradicação da pobreza e da fome, para a superação dos altos índices de mortalidade infantil e de doenças evitáveis, e para a sustentabilidade ambiental.

Na encíclica Laudato si’, recordei que «o acesso à água potável e segura é um direito humano essencial, fundamental e universal, porque determina a sobrevivência das pessoas e, portanto, é condição para o exercício dos outros direitos humanos» (n. 30) e que a grave dívida social para com os pobres é parcialmente saldada quando se desenvolvem programas para prover de água limpa e saneamento as populações mais pobres (cf. ibid.). E, numa perspectiva de ecologia integral, procurei evidenciar o nexo que há entre a degradação ambiental e a degradação humana e social, alertando que «a deterioração do meio ambiente e a da sociedade afetam de modo especial os mais frágeis do planeta» (n. 48).

Aprofundemos a cultura ecológica. Ela não pode se limitar a respostas parciais, como se os problemas estivessem isolados. Ela «deveria ser um olhar diferente, um pensamento, uma política, um programa educativo, um estilo de vida e uma espiritualidade que oponham resistência ao avanço do paradigma tecnocrático» (Laudato si’, 111). Queridos irmãos e irmãs, insisto que o rico patrimônio da espiritualidade cristã pode dar uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Eu os convido, principalmente durante esta Quaresma, motivados pela Campanha da Fraternidade Ecumênica, a redescobrir como nossa espiritualidade se aprofunda quando superamos «a tentação de ser cristãos, mantendo uma prudente distância das chagas do Senhor» e descobrimos que Jesus quer «que toquemos a carne sofredora dos outros» (Evangelii gaudium, 270), dedicando-nos ao «cuidado generoso e cheio de ternura» (Laudato si’, 220) de nossos irmãos e irmãs e de toda a criação.

Eu me uno a todos os cristãos do Brasil e aos que, na Alemanha, se envolvem nessa Campanha da Fraternidade Ecumênica, pedindo a Deus: «ensinai-nos a descobrir o valor de cada coisa, a contemplar com encanto, a reconhecer que estamos profundamente unidos com todas as criaturas no nosso caminho para a vossa luz infinita. Obrigado porque estais conosco todos os dias. Sustentai-nos, por favor, na nossa luta pela justiça, o amor e a paz» (Laudato si’, 246). Aproveito a ocasião para enviar a todos minhas cordiais saudações com votos de todo bem em Jesus Cristo, único Salvador da humanidade e pedindo que, por favor, não deixem de rezar por mim!

Vaticano, 22 de janeiro de 2016.

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Papa aos sacerdotes de Roma: "Sejam grandes perdoadores. Somos servidores, não príncipes"

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Cidade do Vaticano (RV) – Após a visita esta manhã à Basílica Santa Maria Maior, onde confiou a Maria Salus Popoli  Romani sua viagem apostólica ao México, o Papa Francisco dirigiu-se à Basílica São João de Latrão, por ocasião do encontro com os presbíteros romanos no início da Quaresma. Na sede da Diocese de Roma, Francisco confessou alguns padres: “Nós – disse o Pontífice -  não somos príncipes, mas servidores das pessoas”.

Deus “perdoa sempre, perdoa tudo” – disse o Papa aos presbíteros romanos, exortando-os a “entender as pessoas” e a perdoar. Ainda tanta gente – recordou Francisco – sofre por problemas familiares, pela falta de trabalho. Ainda hoje tantas pessoas não conseguem libertar-se do pecado: “sempre encontram em nós um pai”.

Mesmo se às vezes “não se pode dar a absolvição – observou Francisco – que pelo menos sintam que existe um pai ali”:

“Eu não te dou o Sacramento mas te abençoo, porque Deus te quer bem; não percas a coragem: sigas em frente e volte aqui!”. Este é um pai, que não deixa que o filho vá para longe”.

E devemos ser misericordiosos como o Pai:  “Não maltratem as pessoas, acariciem-nas como nos acaricia Deus”.

As feridas devem ser curadas como fazem num hospital o médico ou uma enfermeira. Também os sacerdotes podem aliviar o sofrimento: “O carinho da palavra de um padre faz tão bem, tão bem. Realiza milagres!”.

O Papa Francisco recorda as tantas vezes que Paulo VI, João Paulo II e Bento XVI falaram sobre a misericórdia. “E é Deus – acrescentou – que quer este Ano Santo da Misericórdia”:

“Se o Senhor quer um Jubileu de Misericórdia, é para que exista a misericórdia na Igreja, para que os pecados sejam perdoados. E não é fácil, porque a rigidez, muitas vezes, vem de nós. Somos rígidos ou mandões”.

Se deve ter cuidado – advertiu ainda o Papa – com a doença do clericalismo:

“A doença do clericalismo....Todos! Todos! Também eu. Todos temos isto....Não somos príncipes, não somos donos. Somos servidores das pessoas”.

“A misericórdia é Jesus”, é o Pai que enviou Jesus:

“E se tu não acreditas que Deus veio na carne, és o anticristo. E isto não sou eu quem digo. É o apóstolo João”.

O Senhor – afirmou ainda o Papa – confiou esta missão aos sacerdotes “precisamente para irem ajudar as pessoas, com humildade e misericórdia”. A misericórdia é “Deus que se fez carne”. “É amor, abraço do Pai, é ternura, é capacidade de entender, de colocar-se no lugar do outro”. Assim, é preciso “ser generosos no perdão e também entender as diversas linguagens das pessoas. Existe a linguagem das palavras, mas também a linguagem dos gestos”:

“Quando uma pessoa vai ao confessionário, é porque sente que alguma coisa não está bem, gostaria de mudar ou pedir perdão, mas não sabe como dizê-lo e fica muda: “Se não falas, não posso te dar a absolvição”. Não! Falou com o gesto de ir, e quando uma pessoa vai ao confessionário, não é que queira ir, e certamente não gostaria de fazer o mesmo novamente”. E se uma pessoa diz: “Eu não posso prometer isto”, porque “é uma situação irreversível, mas existe um princípio moral: ad impossibilita nemo tenetur” – explicao Papa – se é impossível que ele entenda, mas sempre procura como perdoar”.

“Sejam misericordiosos como o Pai – concluiu – grandes perdoadores. E vos agradeço pelo trabalho que fazem, porque eu acredito que neste ano haverá as horas extras que não vos serão pagas! (risos). Mas que o Senhor nos dê a alegria de ter as horas extras de trabalho para sermos misericordiosos como o Pai”. (JE)

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Papa visita Santa Maria Maior e São João de Latrão

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco foi à Basílica de Santa Maria Maior, centro de Roma, na manhã desta quinta-feira (11/02), como costuma fazer antes de suas viagens internacionais, para confiar a Maria Salus Populi Romani a sua viagem apostólica ao México que terá início nesta sexta-feira (12/02).

A seguir, o pontífice foi à Basílica de São João de Latrão onde está em andamento o encontro dos presbíteros romanos por ocasião do início da Quaresma. Ali, confessou alguns sacerdotes. 

“O encontro do clero romano é de caráter penitencial a fim de que os presbíteros possam fazer experiência da misericórdia do Pai e ser ministros de misericórdia nas comunidades a eles confiadas”, afirma o Vigário do Papa para a Diocese de Roma, Cardeal Agostino Vallini, na carta de apresentação do evento, publicada no site do organismo. O encontro é guiado por Dom Angelo De Donatis, bispo auxiliar de sua Diocese de Roma, presidente do Serviço para a Formação Permanente do Clero.

Como sinal da Quaresma, as ofertas arrecadadas entre os sacerdotes durante o encontro serão doadas para a Caritas de Roma. 

O Cardeal Vallini disse que o Papa presenteou todos os presbíteros do clero romano com o seu livro “O nome de Deus é misericórdia”. (MJ)

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Papa: na Quaresma, sair da própria alienação existencial

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Cidade do Vaticano (RV) – “A Quaresma deste Ano Jubilar é um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia”: é o que afirma o Papa Francisco na Mensagem para a Quaresma 2016, divulgada na terça-feira (26/01). 

"'Prefiro a misericórdia ao sacrifício” (Mt 9, 13). As obras de misericórdia no caminho jubilar" é o tema da Mensagem do Pontífice. No texto, Francisco destaca que a misericórdia de Deus transforma o coração do homem, tornando-o assim, por sua vez, capaz de misericórdia.

Estas obras, ressalta o Papa, nos recordam que a nossa fé se traduz em atos concretos e quotidianos, destinados a ajudar o próximo no corpo e no espírito e sobre os quais havemos de ser julgados: alimentá-lo, visitá-lo, confortá-lo, educá-lo.

“Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina”, escreve o Pontífice, citando a Bula de convocação do Jubileu.

Todavia, adverte o Papa, o pobre mais miserável é aquele que não aceita reconhecer-se como tal. “Pensa que é rico, mas na realidade é o mais pobre dos pobres. E quanto maior for o poder e a riqueza à sua disposição, tanto maior pode tornar-se esta cegueira mentirosa. E esta cegueira está acompanhada por um soberbo delírio de omnipotência.”

Este delírio, prossegue Francisco, “pode assumir também formas sociais e políticas, como mostraram os totalitarismos do século XX e mostram hoje as ideologias do pensamento único e da tecnociência que pretendem tornar Deus irrelevante e reduzir o homem a massa possível de instrumentalizar. E podem atualmente mostrá-lo também as estruturas de pecado ligadas a um modelo de falso desenvolvimento fundado na idolatria do dinheiro, que torna indiferentes ao destino dos pobres as pessoas e as sociedades mais ricas, que lhes fecham as portas recusando-se até mesmo a vê-los”.

Portanto, exorta o Papa, a Quaresma deste Ano Jubilar é um tempo favorável para todos poderem, finalmente, sair da própria alienação existencial, graças à escuta da Palavra e às obras de misericórdia.

E explica: “Se por meio das obras corporais, tocamos a carne de Cristo nos irmãos e irmãs necessitados de ser nutridos, vestidos, alojados, visitados, as obras espirituais tocam mais diretamente o nosso ser de pecadores: aconselhar, ensinar, perdoar, admoestar, rezar”.

Para Francisco, estas obras nunca podem ser separadas, pois é precisamente tocando a carne de Jesus crucificado no miserável que o pecador pode receber a consciência de ser ele próprio um pobre mendigo. “Não percamos este tempo de Quaresma favorável à conversão!”, é o convite final do Santo Padre.

(BF)

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Card. Parolin: Papa no México, peregrino da paz e esperança

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Cidade do Vaticano (RV) – A misericórdia, a justiça e a paz, assim como as migrações, a violência e a criminalidade, temas centrais que deverão marcar esta 12ª  Viagem Apostólica do Papa Francisco ao México, e que foram analisados pelo Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, em uma entrevista ao Centro Televisivo Vaticano:

“Serão, antes de tudo, os temas característicos de todas as viagens do Santo Padre. E diria ainda mais: característicos, típicos de seu Pontificado, como o tema da misericórdia, certamente, o tema da justiça, o tema da paz, o tema da esperança. Depois, o Papa se concentrará também em temas que são próprios do país que visita, para ressaltar – por exemplo – a força da fé deste povo, a sua extraordinária cultura, a sua extraordinária devoção mariana, a cultura e a riqueza, também, das populações que o formam, a partir das populações indígenas; e certamente tocará também o tema da criminalidade, o tema do narcotráfico, o tema da pobreza... Imagino também que o Papa voltará sobre aqueles que foram os pontos principais da viagem de Bento XVI em 2012, quando se concentrou bastante no tema da dignidade da pessoa e da liberdade religiosa, levando em consideração, que deste  ponto de vista, o México teve também uma história muito, muito conturbada, com a presença de um forte laicismo que não permitiu desenvolver uma relação serena com a Igreja. Neste sentido, me parece importante sublinhar que, pela primeira vez, um Papa entrará no Palácio Nacional, que é a sede oficial da autoridade política mexicana do Presidente da República

CTV: O próprio Papa Francisco anunciou esta viagem em 12 de dezembro passado, Festa Litúrgica da Virgem de Guadalupe. Disse na ocasião: “Em 13 de fevereiro estarei no Santuário para venerá-la e confiar a ela o caminho do povo americano”. Portanto, a viagem terá também um caráter fortemente mariano?

“Bem, se existe uma viagem que tem uma forte conotação mariana, uma forte dimensão mariana, penso que seja precisamente esta viagem ao México, porque todos sabemos como Nossa Senhora de Guadalupe está precisamente no centro e no coração da história e da vida dos mexicanos. Eu mesmo pude constatar – e constatava isto com uma grande comoção no coração – quanta veneração, quanta confiança, quanto abandono existe na Virgem de Guadalupe, aquela que os mexicanos chamam “la Morenita del Tepeyac”. Eu acredito que o Papa, nesta dimensão mariana, repetirá frequentemente as palavras que Nossa Senhora disse a Juan Diego: “Por que tens medo? Não estou aqui, eu, que sou a tua mãe?”. Esta é uma mensagem dirigida ao México e  dirigida também a toda a América latina e – podemos dizer – a todo o mundo, nestas circunstâncias tão difíceis e tantas vezes dramáticas que está vivendo hoje”.

CTV: O lema desta peregrinação é “Papa Francisco: missionário da misericórdia e da paz”. Como se insere esta viagem apostólica no Ano Santo Extraordinário que estamos vivendo?

“Me parece que a presença do Papa no México quer ser – como por dizer – uma ajuda ao país, à Igreja do país, para redescobrir o viver, na vida cotidiana, o aspecto da misericórdia, o anúncio e o testemunho da misericórdia. Me parece importante sublinhar que o Papa se encontrará com tantas categorias de pessoas, para chamar a todos a este compromisso, a este compromisso de traduzir a misericórdia na vida cotidiana, a partir dos políticos, dos povos indígenas. O Papa visitará depois uma prisão, visitará um hospital, irá se dirigir às famílias, aos jovens, ao mundo do trabalho, e – naturalmente – aos sacerdotes, aos religiosos, às religiosas. Para todos será realmente um chamado a serem misericordioso, como misericordioso é o Pai dos Céus, que depois é o tema do Jubileu da Misericórdia”.

CTV: O Papa sempre estende os próprios braços para as pessoas, sobretudo aquelas em dificuldades. No México, neste sentido, encontrará tantas formas de dificuldades. Quais são os desafios da Igreja local, os horizontes de missão?

“Certamente, o desafio de denunciar o mal que está presente, levantar a voz contra todos os fenômenos negativos, partindo da corrupção, do narcotráfico, da violência, da criminalidade, que impedem o país de avançar rapidamente no caminho do progresso material e espiritual. E depois, de ser a boa-samaritana, em relação às tantas dificuldades de pessoas que sofrem e se encontram em necessidade: pensemos ao fenômeno das migrações e no impacto que tem sobre as famílias. A Igreja está fazendo muito a este nível e deverá continuar a fazer muito. E depois permanece sempre a missão principal da Igreja que é a de educar as consciências, no sentido de tornar sensibilizar diante dos fenômenos negativos: por exemplo, denunciar e educar contra uma idolatria do dinheiro, que leva a não respeitar nenhum valor, nem mesmo o da vida humana, e depois – também e sobretudo – em anunciar o Evangelho, tendo presente que esta é a melhor forma para combater contra todos estes fenômenos negativos. Me parece que neste contexto se inserem as atividades e o compromisso e a missão da Igreja no México”.

CTV: O Papa Francisco – como dissemos – pronunciou-se diversas vezes contra os dramas, como as migrações forçadas, o tráfico de armas e de drogas, também em sedes internacionais importantes, como o discurso proferido nas Nações Unidas, dramas que todos os dias escrevem páginas de sofrimento...

“O Papa nos dá um grande exemplo: o de continuar, de não ceder, de não resignar-se diante do mal, que continua a propagar-se e a mostrar seus efeitos no mundo de hoje. Eu gostaria de sublinhar uma coisa, usando a imagem que usei para a Igreja: o Papa se inclina como um bom samaritano sobre estas chagas. Não é tanto uma denúncia, mas um assumir de coração estas situações negativas e convidar as pessoas a lutar contra estes fenômenos e sobretudo a mudar o coração. Esta, portanto, é uma atitude sempre de misericórdia: não para justificar – evidentemente – o mal, mas para mudar os corações e para lutar contra o mal. E, certamente, o Papa irá salientar – e esta será uma coisa bonita – também todas as riquezas do México, que são muitas. Realmente, quem viveu no México pode dizer que se trata de um país – ousaria dizer – maravilhoso, com uma variedade e uma riqueza de cultura, de população, de recursos, que é realmente grande. E portanto, precisamente baseado em todos estes dons que o México recebeu do Senhor, pode encontrar também a coragem e o caminho para enfrentar e combater os males, para progredir sempre mais em direção a metas de progresso e de bem-estar para todos”.

CTV: Um sinal de grande esperança, seguramente é o anúncio de sexta-feira passada, sobre o encontro em Cuba entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill...

“O fato de que o Papa e o Patriarca de todas as Rússia se encontrem, é um grande sinal de esperança. É realmente um momento que dá coragem, que dá ânimo para continuar, buscar construir sempre mais relações de entendimento, de encontro, de diálogo: temas sobre os quais o Papa insiste tanto. Também este encontro se coloca – da parte do Papa e seguramente também da parte do Patriarca – precisamente nesta vontade de entendimento e de encontro, em modo tal que possa contribuir juntos, quer para o caminho ecumênico – este encontro terá certamente um grande impacto no caminho ecumênico - quer a nível mais geral do mundo e da sociedade atual. Portanto, o vemos realmente com uma grande esperança e sobretudo o confiamos à oração, para que possa ser eficaz no sentido que indicava”. (JE)

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Relíquias dos Santos Pe. Pio e Pe. Leopoldo deixam o Vaticano

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Cidade do Vaticano (RV) - Os restos mortais dos Santos Pe. Pio de Pietrelcina e Pe. Leopoldo Mandić deixaram na manhã desta quinta-feira (11/02) a Basílica de São Pedro para voltar, respectivamente, para San Giovanni Rotondo – sul da Itália – e Pádua – nordeste da Península. 

O Arcebispo Rino Fisichella, presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização – dicastério vaticano responsável pela organização do Jubileu extraordinário da Misericórdia –, presidiu na manhã desta quinta-feira a missa de despedida das relíquias dois Santos confessores.

A vida de Pe. Leopoldo no silêncio de um confessionário

Foram muitos os fiéis que também neste último dia quiseram saudar os dois Santos da misericórdia. Dom Fisichella traçou a figura dos dois Capuchinhos comentando o Evangelho do dia, em que Jesus convida os discípulos a segui-lo, renegando a si mesmos, carregando a própria cruz:

“Pe. Leopoldo – bem o sabemos – em sua vida queria ser missionário, sobretudo entre os povos eslavos, para reconduzi-los à unidade. Queria ser um pregador e o Senhor pediu-lhe que renunciasse. Transcorreu sua vida no silêncio de um pequeno confessionário: um confessionário que nem mesmo o bombardeio sobre seu convento pôde destruir. O convento foi destruído sob o bombardeio da guerra. A única coisa que ficou de pé foi o confessionário de Pe. Leopoldo: este é o sinal de um chamado que foi capaz de seguir fielmente todos os dias, todos os dias!”

Pe. Pio: a Cruz é garantia de amor

Aí está a “dramaticidade da nossa vida” – prosseguiu Dom Fisichella –, todos os dias fazer nossa a Cruz de Jesus:

“Aí Pe. Pio é mais do que nunca um exemplo para nós. Escrevia: ‘Sei muito bem que a Cruz é penhor de amor, a Cruz é garantia de perdão’. E o amor que não é nutrido e alimentado e pela Cruz não é verdadeiro amor. Reduz-se a um fogo de palha. E a sua vocação foi a de carregar, impressa em seu corpo, a própria Paixão de Jesus. Jamais como para ele – e antes dele São Francisco – poderiam ser válidas as seguintes palavras do Apóstolo Paulo: “Carregamos sempre em nosso corpo a morte de Jesus; para que também a vida de Jesus se manifeste em nossa carne, de modo que em nós opera a morte, mas em vós a vida’.”

O Ministério da Reconciliação que “estes dois frades capuchinhos viveram intensamente todos os dias, durante toda sua existência, não foi outra coisa senão carregar em si a morte, para que em nós pudesse ter lugar a vida do perdão e a vida nova da reconciliação com o Senhor Jesus”, concluiu o Dom Rino Fisichella. (RL)

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Mais de meio milhão de fieis em Roma por Padres Pio e Lepopoldo

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Cidade do Vaticano (RV) – O traslado dos restos mortais de São Pio de Pietrelcina e de São Leopoldo Mandić e o envio dos Missionários da Misericórdia constituíram o primeiro grande evento no calendário do Jubileu da Misericórdia. O público presente em Roma na semana de exposição dos corpos, estimado em mais de meio milhão de pessoas, superou todas as expectativas, segundo a avaliação do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização.

Papel da mídia

O comunicado ressalta a grande presença de fieis vindos a Roma de todas as partes do mundo para prestar homenagem aos dois Santos Confessores e agradece “a presença constante da mídia, que permitiu aos doentes, aos detentos e idosos a acompanhar pela televisão e rádio as celebrações”.

Espiritualidade contagiante

O fluxo contínuo dos fieis nos dias 3 e 4 de fevereiro concentrou-se na Basílica de São Lorenço fora-dos-muros. Milhares de pessoas na noite de 4 de fevereiro esperaram por horas a chegada dos restos mortais dos dois santos na Basílica de San Salvatore in Lauro, que permaneceu aberta initerruptamente até a procissão do dia seguinte até a Basílica de São Pedro. “A oração foi contínua – observa a nota – durante 24 horas. Uma espiritualidade participativa e espontânea que tocou toda a cidade”, e rendeu testemunhos de fé e de devoção dos fieis.

Audiência com o Papa

Outro momento relevante foi a audiência que o Santo Padre concedeu na manhã de 6 de fevereiro aos Grupos de Oração de Padre Pio, vindos de todos os continentes. Também foi ressaltada a comoção de tantos fieis que na tarde de sábado puderam presenciar a visita inesperada do Papa Francisco à Basílica, detendo-se em oração junto à São Leopoldo e São Pio.

Missionários da Misericórdia

Todos estes momentos tiveram o seu ápice com o envio dos Missionários da Misericórdia. De fato, eram 750 os Missionários presentes na Basílica de São Pedro durante a Quarta-feira de Cinza, mas mais de 300 estavam unidos em oração em diversas partes do mundo. No dia precedente, o Papa Francisco havia dirigido a eles algumas palavras, instruindo-os em como cumprir a sua missão com ternura, levando a todos o abraço misericordioso do Pai.

Despedida

Na manhã de hoje, por fim, a Santa Missa presidida por Dom Rino Fisichella, onde mais uma vez foi possível constatar a oração e o afeto de milhares de fieis pelos dois Santos Confessores. Ao final da liturgia, uma solene procissão  dos restos mortais permitiu aos fieis prestarem a última homenagem.

O comunicado conclui agradecendo aos Freis Capuchinhos, à Gendarmaria Vaticana, à Guarda Suiça, à Fábrica de São Pedro e às Forças de ordem italianas pela colaboração. (JE)

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Dom Paglia: amor e oração no Jubileu de Bento XVI

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Cidade do Vaticano (RV) - Celebra-se nesta quinta-feira (11/02), o terceiro aniversário da renúncia ao ministério petrino da parte de Bento XVI. Um gesto que hoje pode ser lido com um aprofundamento de seu significado graças ao Jubileu da Misericórdia.

Entrevistado pela nossa emissora, o Presidente do Pontifício Conselho para a Família, Dom Vincenzo Paglia, fala sobre esse evento.

Dom Paglia: “Não há dúvida de que tenha sido um grande gesto de amor pela Igreja, um grande gesto de humildade diante deste mistério tão grande que a fé do Papa Bento XVI olhava com a certeza de ter como guia o Espírito Santo. Esta dimensão da misericórdia de Deus que sustenta a Igreja o incentivou, por amor à Igreja, a renunciar, e de certo modo tornou ainda mais ‘benta’, se assim posso dizer, a Porta Santa da Basílica de São Pedro quando o Papa Francisco quis passar por ela junto com o Papa emérito Bento XVI.”

Foi emocionante o momento em que Bento XVI, em 8 de dezembro, passou pela Porta Santa como um simples fiel. Nós não vemos o Papa emérito, mas sabemos que ele vive o Jubileu e o vimos neste momento inicial.

Dom Paglia: “Sim, exato. Acredito que ele quis com este gesto visível dizer a todos que o Jubileu é um gesto de fé profunda, que ele vive com aquela dimensão espiritual, de primazia do amor e da oração que do ministério petrino ele transferiu para o primado de estar de joelhos, debaixo da Cruz, de estar em oração neste último período de sua vida. Um exemplo extraordinário para todos aqueles que começar a percorrer os últimos anos da própria existência. Realmente, é preciso envelhecer assim. É preciso viver os últimos anos na oração, no recolhimento, no abrir o coração para a Igreja universal, aliás, para o mundo inteiro. O Papa Bento XVI nos indica a espiritualidade do idoso.”

Bento XVI na festa da Divina Misericórdia de 2010 disse: “A misericórdia é o núcleo da mensagem do Evangelho, é o próprio nome de Deus”, palavras que parecem recordar as mesmas do Papa Francisco. Sobre a misericórdia existe uma grande continuidade. Obviamente, o pensamento vai também a João Paulo II.

Dom Paglia: “Sim, eu iria ainda mais além, quando São João XXIII disse que “chegou o tempo da misericórdia”, com o Concílio. Não há dúvida que depois o Papa Paulo VI indicou o Concílio como o Bom Samaritano para o nosso mundo morto: também ali é a misericórdia de Deus que se inclina. São João Paulo II escreveu uma encíclica, além de instituir o Domingo da Misericórdia, depois da Páscoa. O Papa Bento XVI escreveu a sua primeira encíclica sobre o amor: “Deus caritas est”. Eis porque penso que este tema da misericórdia de João XXIII vai até o Papa Francisco. Ser misericordiosos é uma maneira de sentir a Igreja, um modo de vivê-la”. (MJ)

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Coleta da Sexta-feira Santa: é tempo de ajudar o Oriente Médio

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Cidade do Vaticano (RV) – “Neste Ano Jubilar somos, mais do que nunca, exortados a demonstrar a nossa misericórdia e proximidade para com os nossos irmãos do Oriente Médio”: esta é a exortação contida na mensagem para a Coleta da Sexta-feira Santa, divulgada pela Congregação para as Igrejas Orientais.

Infinita violência

“Sexta-feira Santa é o dia em que parece que o mal venceu, pois o Inocente sofreu a morte na cruz. É um dia que parece não conhecer ocaso na Terra Santa, que continua a viver tempos de infinita violência. Se o olhar se alargasse a todo o mundo, seria ainda difícil ver ali a esperança de um futuro sereno”, lê-se na mensagem, assinada pelo Prefeito da Congregação, Card. Leonardo Sandri.

No texto, afirma-se que os cristãos são “devedores” daqueles que partiram da Terra Santa para levarem a fé a todo o mundo e “devedores para com aqueles que ali ficaram, apesar dos conflitos que sempre os martirizaram, testemunhando a fé”.

“Esta Terra apela à nossa caridade, desde sempre, e hoje com maior urgência. Cada pessoa que lá vive e trabalha, precisa da nossa oração e da nossa ajuda concreta, para ser alentada no empenho de aliviar as feridas continuando, com esperança, o compromisso de fazer vencer a justiça e de trabalhar pela paz.”

Dever de ajudar

Neste Ano Jubilar – prossegue a mensagem – somos, mais do que nunca, exortados a demonstrar a nossa misericórdia e proximidade para com os nossos irmãos do Oriente Médio: refugiados, evacuados, idosos, crianças e doentes.

“Nesta terra do Oriente, mata-se, morre-se, se é raptado, vive-se na angústia pelos que nos são caros, sofre-se quando a família é desmembrada pela emigração e pelo êxodo. Vive-se nas trevas e no medo do abandono, da solidão e da incompreensão. São tempos de prova e de desafios, é tempo de martírio. Tudo isto se repercute no dever de ajudar.”

A Coleta

A Coleta da Sexta-feira Santa é regulamentada por disposições pontifícias específicas. O dinheiro arrecadado é utilizado para vários fins e confiado a algumas instituições, como a Custódia Franciscana, encarregada da manutenção dos Santuários nos Locais Sagrados e de estruturas pastorais, educativas, assistenciais, de saúde e sociais.

Uma contribuição anual é destinada ainda à Assembleia dos Ordinários Católicos da Terra Santa para a missão indispensável de coordenação e promoção da presença eclesial. Outras comunidades eclesiais católicas, seja latinas, seja orientais, também recebem parte da Coleta, assim como famílias religiosas masculinas e femininas.

Os territórios contemplados com a Coleta da Sexta-feira Santa são: Jerusalém, Palestina e Israel; Jordânia, Chipre, Síria, Líbano, Egito, Etiópia e Eritréia, Turquia, Irã e Iraque.

(BF)

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Igreja no Brasil



Dia do Enfermo: CNBB pede atendimento digno aos doentes

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Brasília (RV) -  Os bispos que compõem o Conselho Episcopal Pastoral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifestaram sua "estima e proximidade de pastores aos enfermos", por ocasião do dia a eles dedicado, 11 de fevereiro. Em mensagem, divulgada pela Presidência da entidade, durante entrevista coletiva quinta-feira (04/02), os prelados recordam que "o autêntico amor para com os enfermos exige que nos comprometamos com a construção de políticas públicas de saúde que atendam dignamente o ser humano em suas necessidades básicas". Também são lembrados no texto os agentes da Pastoral da Saúde e as pessoas que, "com amor abnegado, se dedicam a cuidar dos enfermos".

O Secretário-geral da CNBB, contatado pela RV, explica o conteúdo desta mensagem. Ouça aqui:

  

Leia na íntegra a mensagem:

“Eu estava doente, e cuidastes de mim ” (Mt 25,36)

Nós, Bispos do Conselho Episcopal Pastoral (CONSEP), da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB, reunidos em Brasília, nos dias 3 e 4 de fevereiro de 2016, vimos manifestar nossa estima e proximidade de pastores aos enfermos, por ocasião da celebração do Dia Mundial do Enfermo, 11 de fevereiro.

Na fidelidade a nosso Mestre e Senhor Jesus Cristo que sempre deu atenção especial aos enfermos, somos incentivados ao cultivo e à prática desta obra de misericórdia. Essa atitude torna-se visível na caridade praticada pela Pastoral da Saúde e por tantas pessoas que, com amor abnegado, se dedicam a cuidar dos enfermos.

O Ano da Misericórdia revela-se ocasião privilegiada para nos dedicarmos ainda mais aos irmãos e irmãs enfermos, aos quais, muitas vezes, se sobrepõe o peso do preconceito e da discriminação, tornando sua condição ainda mais difícil. Como discípulos de Jesus misericordioso, reafirmamos com o Papa Francisco que “no sofrimento nunca há quem esteja só porque, no seu amor misericordioso pelo homem e pelo mundo, Deus o abraça até nas situações mais desumanas, nas quais a imagem do Criador, presente em cada pessoa, parece ofuscada ou desfigurada”.

O autêntico amor para com os enfermos exige que nos comprometamos com a construção de políticas públicas de saúde que atendam dignamente o ser humano em suas necessidades básicas. Diante disso, incentivamos nossas comunidades, pastorais, movimentos e associações a também lutarem pelos direitos dos mais necessitados, principalmente por causa da crise pela qual passa grande parte das instituições de saúde do país.
Manifestamos nosso reconhecimento e agradecimento a todos os que, voluntária ou profissionalmente, se dedicam aos doentes, particularmente àqueles que, em suas famílias, convivem com a experiência da doença de pessoas queridas.

Pela intercessão de Nossa Senhora da Saúde, invocamos a bênção de Deus sobre os doentes e os que a eles se dedicam.

Brasília, 4 de fevereiro de 2016.

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Igreja no Mundo



Caminho da Misericórdia: o percurso de fé de uma fiel brasileira em Roma

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Cidade do Vaticano (RV) – Numa fria manhã de inverno, a nossa reportagem encontrou Carmen Fontana, brasileira de Curitiba mas que há muitos anos vive em Roma.

Ela se preparava para percorrer o Caminho da Misericórdia que leva à Porta Santa da Basílica de São Pedro. Logo no recolhimento antes do início da peregrinação, as lágrimas vieram-lhe.

A Rádio Vaticano acompanhou-a em todas as etapas da peregrinação, marcada pela emoção ao recordar dos amigos no Brasil, a distância da família mas, principalmente, pela força da fé desta paranaense que é devota de Nossa Senhora das Graças.

Ouça a reportagem: 

 

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Rússia: reações sobre o encontro entre Papa e Kirill

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Moscou (RV) - A fundação ‘Ajuda à Igreja que Sofre’ (AIS) emitiu um comunicado sobre as reações, na Rússia, relativas ao encontro entre o Papa Francisco e o Patriarca de Moscou e de Todas as Rússias, Kirill, na próxima sexta-feira (12/02), em Cuba.

“Aqui em Moscou houve uma resposta extremamente positiva ao anúncio do encontro, até mesmo da parte da mídia local. No canal Pervyj kanal, principal emissora televisiva do país, são transmitidas constantemente imagens do Papa Francisco”, disse o responsável internacional de Ajuda à Igreja que Sofre para os projetos na Rússia, Petr Humeniuk.

A fundação pontifícia apoia, na Rússia, tanto a Igreja Católica quanto a Igreja  Ortodoxa, e ao mesmo tempo financia projetos de promoção do diálogo ecumênico. Foi São Joao Paulo II quem pediu ao fundador de AIS, Pe. Werenfried van Straaten, para realizar também projetos de apoio à Igreja Ortodoxa Russa. Uma ajuda que começou no início dos anos noventa e nunca foi interrompida, que contribuiu para a aproximação entre Roma e Moscou.

“Este encontro é para nós mais um incentivo a continuar na direção que seguimos há 25 anos. Ao mesmo tempo, queremos buscar novas formas de colaboração na base de novos horizontes que se abrirão depois de 12 de fevereiro e que dizem respeito às duas Igrejas irmãs, como por exemplo, a batalha contra a perseguição dos cristãos e em defesa da família.”

Segundo Humeniuk, que tem contatos estreitos com representantes locais das duas Igrejas, o motivo da aceleração improvisa nos tempos de organização do encontro foi a situação dos cristãos no Oriente Médio, como confirmam as declarações recentes do Metropolita Hilarion, Presidente do Departamento das Relações Exteriores do Patriarcado de Moscou. 

“Numa conferência na capital russa, Hilarion falou abertamente sobre o genocídio dos cristãos no Oriente Médio e na África Central, e enfatizou a necessidade de uma maior colaboração entre as Igrejas cristãs”, explicou o responsável por AIS.

Humeniuk teve a oportunidade de seguir de perto o processo que levou à realização do encontro entre o Papa Francisco e Kirill. “Realiza-se um sonho que João Paulo II tinha no coração. Foram necessários vários anos e muito trabalho para realizar esse evento. Todas as vezes que conversamos, Hilarion sempre me disse que a data se aproximava cada vez mais”, concluiu. (MJ)

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Formação



Papa no México: bálsamo para o povo ferido

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Cidade do Vaticano (RV) – “O que o Papa pretende com a viagem ao México?”, quem fez esta pergunta foi o próprio Francisco, na videomensagem ao povo mexicano antes de sua partida.

A resposta, disse ele, é imediata e simples: “Desejo ir como missionário da misericórdia e da paz; encontrar-me com vocês para confessar nossa fé em Deus e partilhar uma verdade fundamental em nossas vidas: Que Deus nos ama muito. Quero estar o mais próximo possível a vocês, mas especialmente daqueles que sofrem, abraçá-los e dizer-lhes que Jesus os ama, que Ele está sempre ao seu lado”. 

Para a jornalista mexicana da Rádio Vaticano, Patricia Jaurigui, é exatamente esta é a mensagem que o povo necessita ouvir do Pontífice:

“Certamente a proximidade da Igreja universal para as atividades que a população está realizando atualmente para criar a mudança no país. Certamente o apoio do Papa como Pontífice, porque o México sempre foi um país abençoado com a presença dos Pontífices João Paulo II e Bento XVI e, atualmente, a figura do Papa Francisco é magnética. O povo necessita sentir o abraço irmão, amigo, comprometido em favor do povo. Esta é a mensagem que precisa ouvir e que permitirá certamente dar força à população para seguir lutando pela mudança, pois há muitas coisas a serem mudadas no México.

RV:- O que por exemplo?

“O México é um país onde existe impunidade, por parte do governo, ocultada por setores sociais, culturais, de todos aqueles que detêm a informação. Necessita-se de uma mudança em nível de mentalidade. No México, se tende a reproduzir o modo de pensar de que quem é pobre, se mantenha na pobreza. Isso significa que no México as classes sociais estão muito bem definidas.”

RV:- Falando um pouco do programa, o que significa esta visita ao Santuário de Guadalupe?

“Nossa Senhora de Guadalupe é a figura materna do país. A visita do Papa a este lugar confirma mais uma vez que a religiosidade popular é válida na nossa Igreja. Para o povo será a interpretação de que é o abraço entre a mãe do povo e o filho, que é Francisco.”

RV:- Há encontros com os Bispos, as famílias, os jovens, mas também etapas significativas, como Chiapas e Ciudad Juárez. O que isso significa?

“Esta pergunta é muito importante porque é preciso observá-la a partir de dois níveis. Tem uma dúplice importância: o indígena, que necessita de uma palavra de conforto, pois no México eles são usados. Por muitos anos não tiveram direitos, então são usados como estandartes de justiça, de promoção dos seus direitos e, ao final, não é assim. Este é o lado indígena, e é importante que o Papa o toque. Mas também é importante que o Papa esteja presente onde passa tanta carne, tanta carne de tráfico, de comércio, de pessoas que não têm nome, que são anônimos e que também não têm direitos. Tem um dúplice significado seja a visita ao Chiapas, que está no sul do México, seja em Ciudad Juárez, onde vive um povo que realmente sofreu muito e continua sofrendo.

No México, o problema da migração, dos indígenas e do tráfico de pessoas está entrelaçado com o narcotráfico. Forma parte de um ciclo de vida corrupto que está criando também um sistema. No México se vive uma espécie de guerra civil entre o narcotráfico, Estado, exército e polícia. Todos estão combatendo.”

RV:- Enfim, se trata de uma viagem oportuna....

“Mais do que nunca é oportuna a realização desta viagem, um pouco para tranquilizar os corações feridos da população mexicana. Há um problema muito sério, que está latente como uma chaga: o problema dos 43 jovens que desapareceram misteriosamente em Guerrero. É um povo muito ferido. Certamente a presença do Santo Padre será como um bálsamo para cobrir as feridas e aumentar um pouco a esperança de um povo que está realmente ferido há décadas.”

(BF)

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Catequese quaresmal 1

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Rio de Janeiro (RV) -  Manifestou o Pai sua misericórdia, reconciliando o mundo consigo em Cristo, pacificando pelo sangue de sua cruz tanto as coisas da terra como as dos céus. (cf. 2Cor5,18ss;Cl 1,20). (Introdução Geral do Ritual da Penitência, São Paulo, Loyola, 1999, p. 15.)

Caríssimos irmãos e irmãs,

Em 08 de dezembro de 2015 iniciou-se em todo o mundo católico, por expressa vontade do Santo Padre, o Papa Francisco, o Ano Jubilar Extraordinário da Misericórdia. E agora, iniciamos um momento forte e marcante da misericórdia em nossas vidas a partir de um tesouro riquíssimo das verdades que devemos crer, um tempo favorável ao encontro com Deus e libertação da pessoa na vivência da misericórdia, seja no vivermos o nosso Batismo, como na busca do sacramento da Penitência, em que encontramos, pela infinita misericórdia de nosso Redentor, a copiosa redenção de todos os pecados cometidos depois do Batismo. O próprio Francisco, na terça-feira, dia 26 de janeiro, ao lançar a mensagem para a Quaresma nos recordava que “a misericórdia de Deus transforma o coração do homem, o faz capaz de misericórdia” (Papa Francisco).

A Quarta feira de Cinzas, mesmo não sendo dia de preceito, no entanto, necessitamos de uma especial participação na Sagrada Eucaristia, uma vez que se inicia a Quaresma, estes quarenta dias de preparação à Páscoa. Inclusive afirma-se:

“O tempo da Quaresma visa preparar a celebração da Páscoa; a liturgia quaresmal, com efeito, dispõe para a celebração do mistério pascal tanto os catecúmenos, pelos diversos graus de iniciação cristã, como os fiéis, pela comemoração do batismo e pela penitência”. (Normas universais do Ano Litúrgico e Calendário Romano Geral, n. 27).

Quaresma é um verdadeiro grande retiro, no qual dedicamos à penitência, à emenda dos vícios, à leitura e à oração um verdadeiro tempo oportuno de graça de Deus para uma conversão cada vez maior. Por isso, o fiel católico saberá discernir os meios mais eficazes, como jejum, abstinência e obras de caridade, ainda mais neste Ano Extraordinário da Misericórdia.

O jejum faz-se, de modo especial, na Quarta-feira de Cinzas e na Sexta-feira Santa, mas recomendado em qualquer dia do ano, em especial às sextas-feiras. O jejum preparatório para a Páscoa não foi, na sua origem, de mais de um ou dois dias, limitado à sexta e ao sábado antes da Vigília. Este jejum rigoroso e absoluto, ainda que paradoxalmente festivo, terminava com a Eucaristia da noite pascal, passando-se assim da tristeza à alegria, do jejum à festa. Porém, desde muito cedo, este jejum pascal na expectativa da Ressurreição foi precedido de um jejum um pouco menos rigoroso dos primeiros dias da semana, como testemunha a Didascalia dos Apóstolos, no século III.

Cinzas é um sacramental que existe há muito tempo na Igreja, e de caráter penitencial recorda os pecadores que eram acolhidos no ato de confessar publicamente os pecados e neste momento recebiam do Bispo as cinzas em suas cabeças e com o dizer do Livro do Gênesis: “Lembra-te de que és pó, e ao pó hás de voltar” (Gn 3,19). Este rito durava todo o período quaresmal, quando na Quinta-feira Santa estes pecadores públicos eram reconciliados com Deus e com a Igreja. Ainda hoje permanece este costume das Cinzas, extensiva a todos os fiéis cristãos, algo que veio do Século X.

As cinzas representam a pequenez do homem. Abraão, ao falar com o Senhor, no Antigo Testamento, intercedendo por Sodoma, considera-se uma nulidade diante de Deus e, por isso mesmo, considera uma ousadia fazer um pedido: “Sou bem atrevido em falar a meu Senhor, eu que sou pó e cinza” (Cf. Gn 18,27). As cinzas nos lembram, pois, a condição precária do ser humano[1], a dor do homem que é acometido por uma desgraça, como o caso de Tamar[2], ou ainda, a condição do ser humano arrependido de suas faltas e pecados[3]. Portanto, as cinzas neste dia nos levam a aceitar a nossa condição mortal, enfrentando com coragem evangélica as provações desta vida e o reconhecer dependente de uma expiação numa atitude de sincera humildade.

Eis aí um gesto simples, mas que deve ser traduzido no dia a dia de nossas vidas e na vida do próximo, seja corporal como espiritualmente: alimentando, visitando e confortando e educando o irmão que está aí. O Papa Francisco ressalta, na Bula de Convocação do Jubileu Extraordinário, que:

“Será uma maneira de acordar a nossa consciência, muitas vezes adormecida perante o drama da pobreza, e de entrar cada vez mais no coração do Evangelho, onde os pobres são os privilegiados da misericórdia divina”.

Eis o porquê de a Quaresma ser este tempo favorável e especialíssimo a cada um de nós, fiéis cristãos, que podemos sair da própria alienação existencial e ouvir a Palavra e as obras de misericórdia. Acolher, eis a chave desta Quaresma!

Acolher é tocar na carne de Cristo, nos irmãos e irmãs que tanto precisam, seja de alimentos, vestes, casas, uma simples visita, um olhar, bem como tocar no nosso ser de pecadores. O ano jubilar é uma importante ocasião para dar ao sacramento da Penitência a atenção celebrativa que ele exige. Já nos referimos a isso em nossa Carta Pastoral sobre a Misericórdia.

As palavras de Jesus são incisivas e claras — “Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; e àqueles a quem os retiveres, ser-lhes-ão retidos” (Jo 20,23) — que encontrou na Igreja, no Magistério e na liturgia de seus primeiros séculos acolhida especial acerca da existência maravilhosa deste poder divino no Sacerdócio Católico, ou acerca do exato sentido de verdadeiro perdão alcançado pelos fiéis ao receber este Sacramento.

A dúvida que houve, de resto superada, foi no século III, de Tertuliano e dos Novacianos, que pretenderam excluir do alcance deste Tribunal de misericórdia certos delitos gravíssimos como o da apostasia, do homicídio, do adultério. Depois, no século XVI, quando os “reformadores” quiseram negar este Sacramento ou confundi-lo com o Batismo, o Concílio de Trento, valendo-se da mais pura hermenêutica dos Livros Sagrados e fundamentando-se na multissecular tradição da Igreja, firmou luminosamente a doutrina da Fé, promulgando magníficos decretos sobre a natureza deste providencial Sacramento.

Amados filhos e filhas, em nossos dias não se costuma pôr em dúvida a eficácia do Sacramento da Confissão. Aliás, o Vaticano II disse magistralmente:

“… aqueles que dele se aproximam obtém da misericórdia divina o perdão da ofensa feita a Deus” (Lumen Gentium, 11).

E acrescenta:

“Lembrem-se os Párocos que o Sacramento da Penitência contribui no mais alto grau para fomentar a vida cristã”. (Christus Dominus, 30).

Por isso mesmo, a Quaresma vem em auxílio da mudança interior pela graça salvífica de Deus, e nos prepara para viver com intensidade o momento mais importante da história da salvação: a Páscoa. É o caminho para a Páscoa, que deve ser feito mediante a escuta da palavra de Deus e dos apelos divinos que chamam à conversão e à confiança na misericórdia divina.

Para sermos verdadeiros promotores da misericórdia, outro ponto que aqui quero salientar é uma alegre decisão de acolher a vida divina, grande dom do Senhor. Este tempo é oportunidade de encontro, de olhar para cima através da oração, olhar para o lado através da esmola, olhar para dentro de si por meio do jejum. Quaresma é chance de encontro consigo mesmo, com os outros, com Deus. Toda a liturgia e espiritualidade quaresmal é cristocêntrica, é tempo especial para um encontro vivo, decisivo, definitivo com Jesus Cristo.

Quaresma é muito amar, muito crer, muito meditar. O anúncio do Evangelho da paixão, morte e ressurreição do Senhor cativou a humanidade e transformou perversos em santos, fracassados em reabilitados, perdidos em renascidos. O mistério pascal nos torna apaixonado por Ele e pelo próximo, porque o Pai revela o máximo de seu amor misericordioso.  Importante lembrar que a paixão causa assombro, impacto, descobertas e faz crescer nossa amizade com o Filho de Deus, que experimenta o silêncio do Pai, as tentações do Maligno, a grandeza dos discípulos, a zombaria do poder religioso, a prepotência do poder político. Tudo isso cria afinidade, sintonia, simpatia, atração por Jesus, verdadeiro Deus, verdadeiro homem, benfeitor da humanidade. Com efeito, a paixão de Jesus convence porque Ele é o amor de Deus, é o rosto e a personificação do amor de Deus. Nele temos um potencial de luz e esperança. Sem Jesus, o mundo seria mais desumano do que é. O seu sangue arrebatou um exército de mártires, confessores, virgens, profetas, missionários e santos. Jesus é atraente e surpreendente. Não teve medo do conflito e pagou alto preço para nos libertar de enganos, egoísmos, medos. A sua ressurreição é a certeza da vitória da vida sobre a morte.

O tempo da Quaresma facilita maior familiaridade e intimidade com Jesus de Nazaré. Conquistados e cativados por Ele, cheios de admiração, assumimos seu estilo de vida, seus pensamentos e afetos, seus critérios e valores. Mais ainda, nos propomos a acolher o destino de Jesus, a morte de cruz. O bom ladrão, o centurião romano, o Cireneu, a Verônica, as filhas de Jerusalém deixaram-se tocar e transformar vendo o jeito sereno, filial, obediencial de Jesus. Sempre fiel ao Pai e sempre compassivo e solidário com os outros. Jesus é a vitima que vai vencer, é o perdedor que vai ganhar, é a pedra rejeitada que se torna a pedra angular. Ele é o último que se tornou o primeiro.

Eis algumas questões que podem facilitar a nossa meditação: o que acolhi da mensagem de Jesus? Como manifestei a misericórdia concretamente em minha casa, em minha família, no meu bairro, na minha comunidade, na minha paróquia? Sou um entusiasmado da misericórdia de Deus manifestada no rosto de Jesus?

A conversão é um processo de mudança de mentalidade, de afetividade, de vontade e de personalidade. Todo convertido atesta: “Eu sou outro, não sou mais aquele que eu era”. Estamos tão perdidos nos pecados que chegamos a criar o “princípio de nossa autodestruição”. Pensemos na ecologia, na fome, na AIDS, na pobreza, na miséria, na violência e guerra, no fracasso familiar. Só nos resta dizer: “ou mudamos, ou perecemos”.

Jesus, rico em misericórdia, deu à Igreja, através dos apóstolos, o dom e o poder de perdoar pecados. Esta é uma das grandes revelações do Novo Testamento; é uma das maravilhas da salvação; é uma boa notícia, mais ainda; uma grande notícia da Boa Nova de Jesus, que é o Evangelho. Quanta gratidão, alegria e exultação por este dom inestimável que é o perdão dos pecados e o sacramento da confissão, do desabafo, de verbalização das emoções e sentimentos íntimos, dos pecados mais recônditos que até médicos e psicológicos recomendam a prática.

A Quaresma é o tempo propício para a conversão. Convertei-vos e vivereis. Os frutos da conversão são a alegria, a paz, a saúde e a felicidade. Quem faz a experiência do amor de Deus percebe logo onde se manifesta o pecado. Portanto, se o pecado é um fascínio, só um fascínio maior vencerá o veneno do pecado. Este fascínio maior é o amor de Deus. Deixemo-nos, porquanto, surpreender sempre de novo por Jesus de Nazaré e teremos mais razões para lutar pela justiça, para usar de compaixão com os fracos e viver com alegria.

Desejo vivamente que a Quaresma seja para os fiéis cristãos um período propício para propagar e testemunhar o Evangelho da misericórdia em todo lugar, pois a misericórdia constitui o âmago de uma autêntica evangelização. Com razão, confio à intercessão de Maria, Mãe da Igreja. Seja Ela quem nos acompanhe no itinerário quaresmal. Com tais sentimentos, de coração abençoo a todos com afeto.

Orani João, Cardeal Tempesta, O. Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.

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Atualidades



Papa vai encontrar um México profundamente religioso

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Cidade do Vaticano (RV) – Falta um dia para a chegada do Papa Francisco ao México, onde permanecerá até o dia 17 de fevereiro. Uma viagem de cinco dias ao segundo país mais católico do mundo por população, depois do Brasil. É a sétima visita de um Pontífice ao país centro-americano, após as 5 viagens de João Paulo II e a de Bento XVI. João Paulo II esteve no país em 1978, 1990, 1993, 1999 e 2002, já Bento XVI em 2012. 

Mais um detalhe: será a primeira vez que será recebido no Palácio Nacional, como chefe do Estado da Cidade do Vaticano, independentemente da sua figura apostólica e pastoral. Recordamos que por ocasião da primeira histórica visita de João Paulo II em 1978, estava ainda em vigor as normas anticlericais que proibiam aos sacerdotes vestirem seus hábitos religiosos fora das igrejas, e que em prática foi violado pelo Papa. João Paulo recebeu uma multa por isso; multa que foi paga, em público, pelo então Presidente do país José López Portillo.

Todas as oito Constituições que o México teve entre 1813 e 1856 haviam estabelecido o catolicismo como religião obrigatória, e a de 1857 dava liberdade de consciência mas com preferência ao catolicismo. Na Constituição de 1917 havia o artigo terceiro, que negava à Igreja o direito à Educação. O artigo quinto, que negava aos religiosos o voto. O artigo 24, que limitava a liberdade de credo. O artigo 27, que proibia às Igrejas possuírem bens. O artigo 130 negava a personalidade jurídica.

Os grupos que tinham triunfado durante a Revolução mexicana impuseram uma Constituição radical e em particular quando o então Presidente Calles tentou regulamentar o artigo 130 houve a insurreição dos católicos em nome da liberdade de consciência que passou à história como “Cristiada”.

Segundo análise histórica a “Cristiada” foi um processo justificado à luz de fatos pós-revolucionários que haviam causado uma ferida aberta na consciência do povo mexicano. Precisamente esse processo permite hoje aos mexicanos dar valor à capacidade de resolver os problemas com o diálogo, compreensão e distensão, ao invés da violência.

Após a guerra se registrou um longo período de coexistência entre Estado e Igreja substancialmente amigável, mas formalmente os artigos de lei anticlericais tiveram uma duração de 75 anos. Em 1992 foi aprovado o projeto de reforma que permitiu seja o reconhecimento dos direitos da Igreja, seja o reconhecimento diplomático entre México e Santa Sé.

Mas qual México Francisco encontrará? Quem nos responde é o Arcebispo de Cidade do México, Cardeal Norberto Rivera.

“O México vive uma situação muito especial porque durante a primeira visita do Santo Padre não existiam relações com a Santa Sé. Não havia, poderíamos dizer, liberdade religiosa oficialmente , tínhamos uma liberdade religiosa permitida. Hoje constitucionalmente está aprovada a liberdade religiosa. Então, a partir disso foram dados passos muito importantes nas relações não somente com a Santa Se mas também nas relações dos governantes com a hierarquia local. Antes tínhamos que nos esconder para conseguir audiências ou alguma colaboração. Agora temos um clima muito favorável. Por isso, o Papa encontrará um México que ele mesmo notará, com progressos muito importantes em seu desenvolvimento econômico, politico e social. Ao mesmo tempo um México que vive situações graves de violência, de pobreza, e em alguns lugares, muito cruel, com uma pobreza extrema. O Papa vai encontrar um México que quer dar passos com maior transparência na administração publica. E também um México que é profundamente religioso mas ao mesmo tempo vive antivalores que são totalmente contrários à fé cristã, como é a violência”.

Nesta sexta-feira o povo mexicano recebe o Papa Francisco que chega ao país, como ele mesmo disse nos dias passados em uma mensagem, “não como um Rei Mago, carregado de coisas para levar”, mas sim “como um peregrino”. “Vou buscar a fé que vocês têm, vou para deixar-me contagiar pela riqueza desta fé”, disse.

Francisco recordou ainda Nossa Senhora de Guadalupe, afirmando que os mexicanos não são um povo órfão, porque eles têm uma Mãe “e quando um homem ou uma mulher ou um povo não se esquece de sua Mãe, possui uma riqueza que não se pode descrever”. E o dito popular: “também um mexicano ateu é um guadalupano”. A Mãe “é a grande riqueza que vou procurar no México” finalizou Francisco.

Dos Estúdios da Rádio Vaticano, Cidade do México, Silvonei José

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Artigo: Lourdes e os enfermos

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Rio de Janeiro (RV) - No dia 11 de fevereiro celebramos a memória de Nossa Senhora de Lourdes e o Dia Mundial do Enfermo. A experiência mística de Santa Bernadete marcou a vida dessa localidade francesa e deu início a essa comemoração que hoje nos faz ir ao encontro dos enfermos. Mesmo que nem todos os que peregrinam a Lourdes sejam curados de suas doenças, todos retornam com o coração em paz e iluminados pela experiência de Deus em suas vidas. Essas experiências místicas nos ajudam a fazer vir à tona vários valores importantes de nossa fé e são dons de Deus para nosso tempo.

Em resumo, utilizando das fontes tradicionais que contam a história de Nossa Senhora de Lourdes, podemos assim refletir: foi no ano de 1858, na vila francesa de Lourdes, às margens do rio Gave, que Bernadete (Bernardita) Soubirous, uma menina de 14 anos (nasceu a 7 de janeiro de 1844) fez essa experiência, que traduziu como um encontro com Maria, Nossa Senhora. A história começa quando Bernadete saiu junto com duas amigas em busca de lenha, na Região de Masabielle. Para isso, tinha que atravessar um pequeno rio, mas como Bernadete sofria de asma, não podia entrar na água fria (as águas daquele riacho estavam muitas geladas) e por isso ela ficou de um lado do rio, enquanto as duas companheiras foram buscar a lenha.

Bernadete experimenta o encontro com Nossa Senhora, experiência que marcaria sua vida, que assim descreve: “senti um forte vento que me obrigou a levantar a cabeça. Voltei a olhar e vi que os ramos de espinhos que rodeavam a gruta da pedra de Masabielle estavam se mexendo. Nesse momento apareceu na gruta uma belíssima Senhora, tão formosa que, ao vê-la uma vez, dá vontade de morrer, tal o desejo de voltar a vê-la”.

Em poucos dias, Bernadete, na mesma gruta, volta a ter essa experiência. Entretanto, quando sua mãe soube disso não gostou, porque pensava que sua filha estava inventando histórias – embora a verdade seja que Bernadete não dizia mentiras –, ao mesmo tempo alguns outros davam diferentes versões, e Bernadete ficou proibida de voltar à gruta Masabielle.

Apesar da proibição, muitos amigos de Bernadete pediam que voltasse à gruta; com isso, sua mãe disse que se consultasse com seu pai. O senhor Soubiruos, depois de pensar e duvidar, permitiu que ela voltasse em 18 de fevereiro.

Desta vez, Bernadete foi acompanhada por várias pessoas que, com terços e água benta, esperavam esclarecer e confirmar o narrado. Ao chegar todos os presentes começaram a rezar o rosário; é neste momento que Nossa Senhora aparece pela terceira vez. Bernadete narra assim a aparição: “Quando estávamos rezando o terceiro mistério, a mesma Senhora vestida de branco fez-se presente como na vez anterior. Eu exclamei: ‘Aí está’. Mas os demais não a viam. Então uma vizinha me deu água benta e eu lancei algumas gotas na visão. A Senhora sorriu e fez o sinal da cruz. Disse-lhe: ‘Se vieres da parte de Deus, aproxima-te’. Ela deu um passo adiante”.

Em seguida, a Virgem disse a Bernadete: “Venha aqui durante quinze dias seguidos”. A menina prometeu que sim e a Senhora expressou-lhe “Eu te prometo que serás muito feliz, não neste mundo, mas no outro”. Depois deste intenso momento, a notícia correu por todo o povoado, e muitos iam à gruta crendo no ocorrido, mesmo que outros zombassem disso.

A mensagem de Lourdes se resume nos seguintes pontos: 1- É um agradecimento do céu pela definição do dogma da Imaculada Conceição, que tinha sido declarado quatro anos antes por Pio IX (1854), ao mesmo tempo em que assim apresenta Ela mesma como Mãe e modelo de pureza para o mundo que está necessitado dessa virtude. 2- Derramou inumeráveis graças físicas e espirituais, para que nos convertamos a Cristo em sua Igreja. 3- É uma exaltação às virtudes da pobreza e humildade aceitas cristanamente, ao escolher a Bernadete como instrumento de sua mensagem. 4- Uma mensagem importantíssima em Lourdes é o da Cruz. A Santíssima Virgem repete que o importante é ser feliz na outra vida, embora para isso seja preciso aceitar a cruz. "Eu também te prometo fazer-te ditosa, não neste mundo, mas no outro". 5- Em todas as aparições veio com seu Rosário: A importância de rezá-lo. 6- Importância da oração, da penitência e humildade (beijando o solo como sinal disso); também, uma mensagem de misericórdia infinita para os pecadores e do cuidado com os doentes.

Vários são os milagres ocorridos com a água que brotou na gruta de Lourdes. Um dos primeiros: o pároco de Lourdes havia pedido um sinal, e em vez do pequeno que havia pedido, a Virgem deu um sinal muito grande, e não somente a ele, mas a toda a população. Havia em Lourdes um pobre operário dos canteiros chamado Bourriette, que vinte anos antes havia tido o olho esquerdo severamente atingido por uma explosão de uma mina. Era um homem muito honrado e muito cristão, que mandou a filha buscar água na nova fonte e se pôs a rezar, e, embora estivesse um pouco suja, esfregou os olhos com ela. Começou a gritar de alegria. As trevas haviam desaparecido, não lhe restava mais do que uma leve nuvem, que foi desaparecendo enquanto lavava.

Os médicos haviam dito que ele jamais se curaria. Ao examiná-lo novamente, não sobrou alternativa que chamar o ocorrido por seu nome: milagre. E o maior foi que o milagre havia deixado as cicatrizes e lesões profundas da ferida, mas havia devolvido mesmo assim a vista.

Portanto, o episódio de Lourdes quer nos mostrar que a Virgem Maria olha por cada um de nós e nos pede que façamos a vontade de seu Filho. Ela se manifesta a uma menina. Aqui vemos que Maria tem sua predileção pelos simples e humildes, que via de regra vivem a compaixão e a misericórdia.

Estamos na XXIV Jornada Mundial do Doente, que se celebra nesse dia, e a cada ano se escolhe um Santuário Mariano do mundo para ser a sede de orações pelos enfermos. A mensagem do Papa Francisco neste ano tem como tema a misericórdia: “Confiar em Jesus misericordioso, como Maria: “Fazei o que Ele vos disser” (Jo, 2,5)”. Assim ele se refere: “Nesta Jornada Mundial do Doente, podemos pedir a Jesus misericordioso, pela intercessão de Maria, Mãe d’Ele e nossa, que nos conceda a todos a mesma disponibilidade ao serviço dos necessitados e, concretamente, dos nossos irmãos e irmãs doentes. Por vezes, este serviço pode ser cansativo, pesado, mas tenhamos a certeza de que o Senhor não deixará de transformar o nosso esforço humano em algo de divino”.

O Papa recorda com carinho os que estão a serviço dos enfermos: “A todos aqueles que estão ao serviço dos doentes e atribulados, desejo que vivam animados pelo espírito de Maria, Mãe da Misericórdia. «A doçura do seu olhar nos acompanhe neste Ano Santo, para podermos todos nós redescobrir a alegria da ternura de Deus»”.

Peçamos a Maria que nos dê um coração puro, humilde e orante, bem como neste ano santo extraordinário sejamos canais da misericórdia divina, não em palavras, mas em atitudes concretas, “dirigindo-Lhe a nossa oração para que Ela pouse sobre nós o seu olhar misericordioso, especialmente nos momentos de sofrimento, e nos torne dignos de contemplar, hoje e para sempre, o Rosto da misericórdia, que é seu Filho Jesus”. Nossa Senhora de Lourdes, rogai por nós!

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

        

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Artigo: Casa comum, nossa responsabilidade

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Passo Fundo (RV) - Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca (Amós, 5,24). Na quarta-feira de cinzas iniciou, no calendário litúrgico da Igreja Católica, a quaresma. Tempo favorável para converter-se ao centro do cristianismo que é o Mistério Pascal, isto é, a paixão, morte e ressurreição de Jesus Cristo. Cristo veio ao mundo não para condená-lo, mas para salvá-lo. Veio gerar vida abundante. Empenhou-se tanto nesta missão que ofereceu a própria vida, para gerar mais vida.

Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca (Amós, 5,24).

Em 1961 é lançada uma semente que brotou, se desenvolveu e que aos poucos foi tomando a forma daquilo que conhecemos hoje como Campanha da Fraternidade, que tem por tema em 2016: Casa comum, nossa responsabilidade. Tendo por objetivo principal assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas.

A terra é a nossa casa comum. Esta verdade nunca foi tão clara e evidente. As coisas boas e as ruins se espalham mundialmente. Não existem mais fronteiras. Vamos ao tema do momento. O mosquito Aedes aegypti e o zika vírus vieram da África. Hoje estão colocando o mundo em polvorosa.

Por isso que o saneamento básico é responsabilidade comum, tanto dos poderes públicos quanto das comunidades e de cada indivíduo. O cuidado daqui ou o descuido daqui repercutem mundialmente.

A nossa penitência quaresmal será entendermos o que é saneamento básico e tomarmos medidas concretas para ajudar no cuidado da Casa Comum. Fazendo isto estaremos nos convertendo ao projeto de vida e salvação pelo qual Jesus deu a sua vida.

Dom Rodolfo Luis Weber

Arcebispo de Passo Fundo

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Artigo: Dia Mundial do Enfermo

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Rio de Janeiro (RV) - Este ano celebraremos o XXIV Dia Mundial do Doente, e para isso o Papa Francisco, no dia 15 de setembro de 2015, publicou sua mensagem para esta ocasião. O Dia Mundial do Enfermo é celebrado sempre no dia 11 de fevereiro, memória de Nossa Senhora de Lourdes.

A mensagem deste ano tem como tema: “Confiar em Jesus misericordioso, como Maria: ‘Fazei o que Ele vos disser'” (Jo 2, 5). Cada ano é escolhido um Santuário Mariano para ser a sede dessa celebração. Neste ano, a XXIV Jornada Mundial do Enfermo será celebrada de maneira solene na Terra Santa e também dentro do Ano da Misericórdia. Por isso o Papa reflete em sua mensagem sobre o relato evangélico das Bodas de Caná, em que Jesus transforma a água em vinho.

O ponto culminante deste dia será a Celebração da Santa Missa em honra a Nossa Senhora de Lourdes, e precisamente em Nazaré, onde “o Verbo Se fez homem e veio habitar conosco” (Jo 1, 14). Em Nazaré, Jesus deu início à sua missão salvífica, aplicando a Si mesmo as palavras do profeta Isaías, como nos refere o evangelista Lucas: “O Espírito do Senhor está sobre mim, porque me ungiu para anunciar a Boa-Nova aos pobres; enviou-me a proclamar a libertação aos cativos e, aos cegos, a recuperação da vista; a mandar em liberdade os oprimidos, a proclamar um ano favorável da parte do Senhor” (4, 18-19).

Nas Bodas de Caná, percebemos que Maria é uma mulher solícita e que, na sua sensibilidade, vê que algo está faltando para aqueles esposos recém-casados: acabou o vinho. Imaginemos o tamanho vexame para o casal. O vinho é símbolo da alegria da festa. Não poderia faltar a alegria na festa e nem naquele recém-constituído lar. A Virgem Maria vê que faltou o vinho e pede ao seu Filho que face algo: “não tem vinho” (Jo 2,3). Jesus logo diz: “Que queres de mim, mulher? Minha hora ainda não chegou” (Jo2, 4b). Maria ainda diz: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5).

Então Jesus realiza o milagre, transformando uma grande quantidade de água em vinho, um vinho que logo se revela o melhor de toda a festa.

Assim, que ensinamento podemos tirar para a Jornada Mundial do Doente, da narração das bodas de Caná? Podemos ver a princípio a postura de Jesus, Ele, ouvindo o apelo de sua mãe, realiza o primeiro milagre, que é da água que transforma em vinho. Vemos a tamanha misericórdia de Jesus para com o casal e com todos os partícipes da festa. Segundo o Papa Francisco: “em Caná, manifestam-se os traços distintivos de Jesus e da sua missão: é Aquele que socorre quem está em dificuldade e passa necessidade. Com efeito, no seu ministério messiânico, curará a muitos de doenças, enfermidades e espíritos malignos, dará vista aos cegos, fará caminhar os coxos, restituirá saúde e dignidade aos leprosos, ressuscitará os mortos, e aos pobres anunciará a boa nova (cf. Lc 7, 21-22). E, durante o festim nupcial, o pedido de Maria – sugerido pelo Espírito Santo ao seu coração materno – fez revelar-se não só o poder messiânico de Jesus, mas também a sua misericórdia”.

Vemos, também, a postura de Maria, mulher e mãe muito solícita e muito próxima na necessidade do povo. Ela vê a necessidade e logo roga a seu Filho, Aquele que provém o milagre. A palavra chave de Maria neste Evangelho é: “Fazei tudo o que ele vos disser” (Jo 2,5). Maria pede não somente aos serventes, mas a todos naquele momento e em todos os tempos que cumpramos a vontade de Jesus. Podemos pedir a Jesus misericordioso, pela intercessão de Maria, Mãe d’Ele e nossa, que nos conceda a todos a mesma disponibilidade ao serviço dos necessitados e, concretamente, dos nossos irmãos e irmãs doentes.

Nós podemos ser mãos, braços, corações que ajudam a Deus a realizar os seus prodígios, muitas vezes escondidos. Ressalta o Papa Francisco: “também nós, sadios ou doentes, podemos oferecer as nossas canseiras e sofrimentos como aquela água que encheu as vasilhas nas bodas de Caná e foi transformada no vinho melhor. Tanto com a ajuda discreta de quem sofre, como suportando a doença, carrega-se aos ombros a cruz de cada dia e segue-se o Mestre (cf. Lc 9, 23); e, embora o encontro com o sofrimento seja sempre um mistério, Jesus ajuda-nos a desvendar o seu sentido”.

Nesta celebração do Dia Mundial do Enfermo, rezemos por todos os doentes do mundo. Dentro do ano santo extraordinário da misericórdia uma das obras de misericórdia é visitar os doentes, levar a eles nosso alento e nossa proximidade física, bem como espiritual. Em nossa Arquidiocese, a sugestão da obra de misericórdia deste mês é exatamente essa.

Além disso, é um tempo propício para convidarmos as pessoas para participarem da Pastoral da Saúde ou dos Enfermos, tão necessária para a missão de misericórdia na evangelização de nosso povo. A proximidade da Igreja junto aos que sofrem e junto aos familiares ou cuidadores dá sentido às dores e cruzes por que todos passam. Essa pastoral necessita ser ainda mais incrementada em nossas paróquias e, em especial, nos hospitais. Para isso existem os encontros de preparação, as equipes que trabalham nas várias áreas e um grupo arquidiocesano que coordena essa pastoral.

O Papa Francisco em sua mensagem, além dessa proximidade do enfermo, também faz referência aos que cuidam dos mesmos e recorda a importância desse carinho. Sem dúvida que a pastoral dos enfermos ou da saúde é essa presença que necessita ainda mais de cristãos de coração abertos para anunciarem e testemunharem o Evangelho.

Por isso, devemos renovar nosso compromisso com esta pastoral importante da visita e do conforto. Que Nosso Senhor passe no leito ou ainda na casa de cada um para dar o amparo necessário. Este amparo que é físico, mas, sobretudo espiritual.

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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