Noticiário da Rádio Vaticano Noticiário da Rádio Vaticano
RedaÇão +390669883895 e-mail: brasil@vatiradio.va

Sumario del 17/02/2016

Papa e Santa Sé

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Francisco aos jovens mexicanos: não sejam mercadorias do narcotráfico

◊  

Morelia (RV) - Um discurso veemente e claro com uma mensagem de esperança aos jovens mexicanos, "a riqueza desta terra", cuja esperança em um futuro melhor é ameaçada pelos tentáculos do "narcotráfico, das drogas, de organizações criminosas que semeiam o terror".

O antídoto oferecido pelo Papa à juventude para que não se deixe roubar a esperança - mesmo quando tudo parece estar perdido? Jesus! Sentir o amor de Cristo que revela o que há de melhor em nós foi o pedido que "El Papa Pancho" fez aos milhares de jovens presentes no Estádio "José Maria Morelos y Pavón", em Morelia, no final da tarde desta terça-feira (16/02).

Abaixo, a íntegra do discurso de Francisco. Os grifos são da redação.

***

Queridos jovens, boa tarde!

Quando cheguei a esta terra, fui recebido com boas-vindas calorosas, podendo assim constatar algo que já intuíra há tempos: a vitalidade, a alegria, o espírito de festa do povo mexicano.

Agora mesmo, depois de ouvir e sobretudo depois de ver vocês, constato de novo outra certeza, algo que disse ao Presidente da nação, na minha primeira saudação: um dos maiores tesouros desta terra mexicana tem um rosto jovem, são os seus jovens. É verdade! Vocês são a riqueza desta terra. Eu não disse a esperança desta terra, mas a sua riqueza.

Não se pode viver a esperança, pressentir o amanhã, se antes a pessoa não consegue estimar-se, se não consegue sentir que a sua vida, as suas mãos e a sua história, têm valor. 

A esperança nasce, quando se pode experimentar que nem tudo está perdido, mas para isso é necessário exercitar-se começando “em casa”, começando por si mesmo.

Nem tudo está perdido. Não estou perdido, valho... e muito! A principal ameaça à esperança são os discursos que te desvalorizam, fazem ter sentir um ser de segunda classe. A principal ameaça à esperança é quando sentes que não interessas a ninguém, ou que te deixaram de lado.

A principal ameaça à esperança é quando sentes que tanto vale estares como não estares. Isto mata, isto aniquila-nos e é porta de entrada para tanta amargura.

A principal ameaça à esperança é fazer-te crer que começas a valer qualquer coisa, quando te mascaras com roupas de marca, do último grito da moda, ou que ganhas prestígio, te tornas importante por teres dinheiro, mas, no fundo do teu coração, não crês ser digno de carinho, digno de amor.

A principal ameaça é quando uma pessoa sente que tudo aquilo de que precisa é ter dinheiro para comprar tudo, inclusive o carinho dos outros. A principal ameaça é crer que, pelo fato de ter um grande “carro”, és feliz.

Vocês são a riqueza do México, vocês são a riqueza da Igreja. Compreendo que muitas vezes se torna difícil sentir-se tal riqueza, quando estamos continuamente sujeitos à perda de amigos ou familiares nas mãos do narcotráfico, das drogas, de organizações criminosas que semeiam o terror.

É difícil sentir-se a riqueza de uma nação, quando não se tem oportunidades de trabalho digno, possibilidades de estudo e formação, quando não se sentem reconhecidos os direitos levando vocês a situações extremas.

É difícil sentir-se a riqueza de um lugar, quando, por serem jovens, usam vocês para fins mesquinhos, seduzindo vocês com promessas que, no fim, se revelam vãs.

Mas, apesar de tudo isto, não me cansarei de dizer: vocês são a riqueza do México.

Não pensem que digo isto, porque sou bom ou porque já vejo tudo claro! Não, queridos amigos, não é por isso.

Digo isto a vocês, e digo-o convencido, sabem porquê? Porque, como vocês, creio em Jesus Cristo. E é Ele que renova continuamente em mim a esperança, é Ele que renova continuamente o meu olhar.

É Ele que me convida continuamente a converter o coração. Sim, meus amigos! Digo isto, porque em Jesus encontrei Aquele que é capaz de estimular o melhor de mim mesmo.

E é graças a Ele que podemos abrir caminho; é graças a Ele que sempre podemos recomeçar; é graças a Ele que podemos ganhar coragem para dizer: não é verdade que a única forma possível de viver, de poder ser jovem seja deixar a vida nas mãos do narcotráfico ou de todos aqueles que a única coisa que fazem é semear destruição e morte.

É graças a Ele que podemos dizer que não é verdade que a única forma que os jovens têm de viver aqui seja na pobreza e na marginalização: marginalização de oportunidades, marginalização de espaços, marginalização da formação e educação, marginalização da esperança.

Jesus Cristo é Aquele que desmente todas as tentativas de tornar vocês inúteis, ou meros mercenários de ambições alheias.

Vocês me pediram uma palavra de esperança... A que tenho para dar, chama-se Jesus Cristo. Quando tudo parecer pesado, quando parecer que o mundo cai em cima de vocês, abracem a sua cruz, abracem a Ele e, por favor, nunca larguem a Sua mão; por favor, nunca se afastem d’Ele.

É assim, junto com Ele é possível viver plenamente, junto com Ele é possível crer que vale a pena dar o melhor de vocês mesmos, ser fermento, sal e luz no meio dos amigos, no seu bairro, na sua comunidade.

Por isso, queridos amigos, em nome de Jesus peço que não se deixem excluir, não se deixem desvalorizar, não se deixem tratar como mercadoria.

Claro, é provável que vocês não tenham à porta o último modelo de carro, a carteira cheia de dinheiro, mas vocês têm algo que ninguém poderá jamais roubar: a experiência de se sentirem amados, abraçados e acompanhados; a experiência se sentirem família, de se sentirem comunidade.

Hoje o Senhor continua a chamar vocês, continua a convocar como fez com o índio Juan Diego. Convida a construir um santuário; um santuário que não é um lugar físico, mas uma comunidade: um santuário chamado paróquia, um santuário chamado nação.

A comunidade, a família, o sentir-se cidadãos são alguns dos principais antídotos contra tudo o que nos ameaça, porque nos faz sentir parte desta grande família de Deus.

E não para nos refugiarmos, não para nos fecharmos; antes, pelo contrário, para sairmos a convidar outros, para sairmos a anunciar a outros que ser jovem no México é a maior riqueza e, por isso, não pode ser sacrificada.

Jesus nunca nos convidaria para ser algozes, mas chama-nos discípulos. Nunca nos mandaria à morte, mas tudo n’Ele é convite à vida: uma vida em família, uma vida em comunidade; uma família e uma comunidade a favor da sociedade.

Vocês são a riqueza deste país e, quando tiverem dúvidas sobre isto, olham para Jesus Cristo, Aquele que desmente todas as tentativas de tornar vocês inúteis ou meros mercenários de ambições alheias.

***

(RB)

inizio pagina

Papa na missa em Morelia: não nos deixeis cair na tentação da resignação

◊  

Morelia (RV) - “Não nos deixeis cair na tentação da resignação”: foi a oração à qual o Papa Francisco convidou os sacerdotes, religiosos, religiosas, consagrados e seminaristas, na missa celebrada no Estádio "Venustiano Carranza" em Morelia – centro do México –, em seu quinto dia em terras mexicanas.

Num encontro muito aguardado, o Santo Padre dedicou sua reflexão, em parte, à necessidade de reagir às adversidades diante de uma realidade que parece insuperável. 

Diante das adversidades, vencer a tentação da resignação

“Uma das tentações que nos assalta, uma das tentações que surge não só de contemplar a realidade, mas também de viver nela… sabeis qual pode ser?” – perguntou o Pontífice.

Qual é a tentação que nos pode vir de ambientes dominados muitas vezes pela violência, a corrupção, o tráfico de drogas, o desprezo pela dignidade da pessoa, a indiferença perante o sofrimento e a precariedade? – insistiu Francisco.

“À vista desta realidade que parece ter-se tornado um sistema irremovível, qual é a tentação que repetidamente nos vem? Acho que poderemos resumi-la com a palavra resignação. À vista desta realidade, pode vencer-nos uma das armas preferidas do demônio: a resignação.”

“Uma resignação que nos paralisa e impede não só de caminhar, mas também de abrir caminho; uma resignação que não só nos atemoriza, mas também nos entrincheira nas nossas «sacristias» e seguranças aparentes; uma resignação que não só nos impede de anunciar, mas impede-nos também de louvar; uma resignação que nos impede não só de projetar, mas também de arriscar e transformar.”

A oração na vida sacerdotal e religiosa

O Papa havia iniciado a homilia refletindo sobre a oração na vida sacerdotal e religiosa, na vida dos consagrados em geral:

“Há um aforisma que recita assim: «Diz-me como rezas e dir-te-ei como vives, diz-me como vives e dir-te-ei como rezas»; porque, mostrando-me como rezas, aprenderei a descobrir o Deus vivo e, mostrando-me como vives, aprenderei a acreditar no Deus a quem rezas, pois a nossa vida fala da oração e a oração fala da nossa vida, e a nossa vida fala na oração e a oração fala na nossa vida. Aprende-se a rezar, como se aprende a caminhar, a falar, a escutar. A escola da oração é a escola da vida, e a escola da vida é o lugar onde fazemos escola de oração.”

Jesus mostrou o que significa ser Filho de Deus

Dirigindo-se aos consagrados, Francisco ressaltou que Jesus quis introduzir os seus no mistério da Vida. Ele mostrou-lhes que significa ser Filho Deus.

No seu olhar, no seu caminhar, fê-los experimentar a força, a novidade de dizer: «Pai Nosso». Em Jesus, esta expressão não tem o sabor velho da rotina ou da repetição; pelo contrário, sabe a vida, a experiência, a autenticidade. Ele soube viver rezando e rezar vivendo, ao dizer: Pai Nosso.

O primeiro chamado que Jesus fez aos seus

Dito isso, o Santo Padre frisou que hoje o Mestre nos convida a fazer o mesmo, e lembrou qual foi o primeiro chamado que Jesus fez aos seus:

“O nosso primeiro chamado é para fazer experiência deste amor misericordioso do Pai na nossa vida, na nossa história. O primeiro chamado que Jesus nos fez foi para nos introduzir nesta nova dinâmica do amor, da filiação. O nosso primeiro chamado é para aprender a dizer «Pai Nosso», dizer Abbá.”

Jesus chamou-nos para participar na sua vida, na vida divina: Ai de nós, se não a compartilharmos! Ai de nós, se não formos testemunhas do que vimos e ouvimos! Ai de nós! – advertiu o Papa.

Dizer com a nossa vida Pai Nosso

Em que consiste a missão senão em dizer com a nossa vida: Pai Nosso? – perguntou Francisco. É a este Pai Nosso que nos dirigimos todos os dias rezando:

“Não nos deixeis cair em tentação. Fê-lo o próprio Jesus. Rezou para que nós, seus discípulos – de ontem e de hoje –, não caíssemos em tentação.”

Nos momentos de tentação revisitar a memória

“Nos momentos de tentação, faz-nos muito bem apelar para a nossa memória. Ajuda-nos muito considerar a «madeira» de que fomos feitos. Não começou tudo conosco, nem acabará tudo conosco”, observou Francisco, “por isso, faz-nos bem recuperar a recordação da história que nos trouxe até aqui”, acrescentou.

Concluindo sua reflexão, o Papa quis lembrar um grande evangelizador daquelas terras, o primeiro bispo de Michoacán, Vasco Vásquez de Quiroga, também conhecido como Tato Vasco, “o espanhol que se fez índio”.

“Revisitando a memória, não podemos esquecer-nos de alguém que amou tanto este lugar, que se fez filho desta terra. Alguém que pôde dizer de si mesmo: «Tiraram-me da magistratura para me porem na plenitude do sacerdócio por mérito dos meus pecados. A mim, inútil e completamente inábil para a execução de tão grande empreendimento; a mim, que não sabia remar, elegeram-me primeiro bispo de Michoacán».”

Francisco citou-o qual evangelizador que não se deixou resignar diante das adversidades vividas pelos índios Purhépechas:

“A realidade vivida pelos índios Purhépechas – que ele descreve como «vendidos, vexados e errando pelos mercados recolhendo os restos que se jogavam fora» –, longe de o fazer cair na tentação do torpor e da resignação, moveu a sua fé, moveu a sua vida, moveu a sua compaixão e estimulou-o a realizar várias iniciativas que permitissem «respirar» no meio desta realidade tão paralisante e injusta. A amargura do sofrimento dos seus irmãos fez-se oração e a oração fez-se resposta concreta. Isto valeu-lhe, entre os índios, o nome de «Tata Vasco» que, na língua purhépechas, significa «papai».”

“Não nos deixeis cair na tentação da resignação, não nos deixeis cair na tentação da perda da memória, não nos deixeis cair na tentação de nos esquecermos dos nossos maiores que nos ensinaram, com a sua vida, a dizer: Pai Nosso”, concluiu o Papa Francisco. (RL)

inizio pagina

Rádio Vaticano com o Papa no México

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – A equipe do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano está pronta para a cobertura especial da Viagem Apostólica do Papa Francisco ao México, entre 12 e 18 de fevereiro.

Na redação, na Cidade do Vaticano, a equipe entra em regime de plantão para transmitir ao vivo os principais eventos do Papa no México. Ao todo, serão 11 transmissões extraordinárias.

Na Cidade do México, nosso enviado especial acompanhará de perto os passos do Papa Francisco que, em sua primeira visita à terra de Nossa Senhora de Guadalupe, chega como peregrino de paz e misericórdia.

Programação (Horário de Brasília)

 

Ao vivo com comentários em português 

Ao vivo com áudio internacional

 

Sexta-feira, 12 de fevereiro

Havana, Cuba

1ª Parte 16h45  – Encontro do Papa e do Patriarca de Moscou e todas as Rússias 

(VídeoTexto)

 2ª Parte 19h55

(Vídeo – Texto)

Sábado, 13 de fevereiro

Cidade do México (CDMX)

14h – Encontro com as Autoridades, Sociedade Civil e Corpo Diplomático

(ÁudioVídeoTexto)

15h – Encontro com os Bispos

(VídeoTexto)

20h45 – Santa Missa na Basílica de Guadalupe

(ÁudioVídeo – Texto)

Domingo, 14 de fevereiro

Ecatepec

15h – Santa Missa

(ÁudioVídeoTexto)

Cidade do México (CDMX)

21h30 – Visita ao Hospital Pediátrico “F. Gomez”

(ÁudioVídeoTexto)

 

Segunda-feira, 15 de fevereiro

San Cristóbal

14h – Santa Missa com as comunidades indígenas de Chiapas

(ÁudioVídeoTexto)

Tuxtla-Gutiérrez

20h – Encontro com as famílias

(ÁudioVídeoTexto)

 

Terça-feira, 16 de fevereiro

13h45 – Morelia

Santa Missa com sacerdotes, religiosos, consagrados e seminaristas

(ÁudioVídeoTexto)

20h15 – Morelia

Encontro com os jovens

(Áudio – Vídeo – Texto)

 

Quarta-feira, 17 de fevereiro

Ciudad Juárez

15h15 – Visita à Penitenciária Estatal

(Áudio – Vídeo – Texto)

16h45 – Encontro com o mundo do trabalho

(Áudio – Vídeo – Texto)

20h45 – Santa Missa

(Áudio – Vídeo – Texto) 

inizio pagina

Papa reza no túmulo de Dom Samuel Ruiz e almoça com indígenas

◊  

Cidade do México (RV) – O Papa Francisco dedicou seu quarto dia em terras mexicanas, ao Estado de Chiapas, onde celebrou uma missa e encontrou as famílias. Ao final do dia, o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, fez uma avaliação das atividades do Papa Francisco na segunda-feira:

“O Papa passou na Catedral de San Cristóbal de las casas, que é a Catedral onde Samuel Ruiz foi bispo por 40 anos e onde está sepultado. O Papa, na Catedral, encontrou muito doentes, havia cerca de mil pessoas ali. Depois, naturalmente, passou diante do túmulo de Samuel Ruiz, onde deteve-se em oração, e depois continuou o seu itinerário de consolação e de encontro com as pessoas que estavam presentes na Catedral. Uma coisa extremamente simples e extremamente natural e espontânea, recordando esta pessoa que teve uma importância muito grande para a sua diocese, onde imprimiu também diversos aspectos da pastoral da diocese que, com diversos retoques e melhorias, estão até agora em funcionamento. Por exemplo, era muito significativa a presença dos diáconos casados, indígenas, que têm uma grande importância na pastoral da diocese, porque são realmente os protagonistas, também guiados e também formados pelos sacerdotes, mas são pessoas que animam a vida da comunidade, que celebram a liturgia da palavra, que distribuem a comunhão...”

RV: O que o senhor poderia nos dizer sobre o encontro provado que teve com um grupos de indígenas?

“Foi um encontro normal de um almoço. Isto acontece de tempos em tempos, como por ocasião das Jornadas da juventude, em ocasião das visitas em zonas onde existem pobres ou refugiados... Tratava-se de oito indígenas que representavam os diversos componentes da comunidade, assim, havia um sacerdote indígena, muito simples, uma pessoa fascinante na sua simplicidade de vida e de expressão, vestido como um indígena: não possuía nenhuma distinção clerical particular; depois havia um representante dos diáconos, com a mulher; depois havia uma religiosa, havia um representante dos jovens, havia um catequista.... todos porém das comunidades indígenas locais. E o Papa se entreteve com eles, com uma conversação muito simples”.

RV: E como está a preparação para a missa em Ciudad Juárez? Existem novidades em relação aos parentes dos desaparecidos?

“Na missa de Ciudad Juárez estarão muitas pessoas que estão ligadas de diversas formas aos vários problemas da violência no México. Sabemos que foram 27 mil as pessoas desaparecidas, nos anos recentes: portanto, eu não tenho informações de que o Papa fará para algum grupo algo em particular. Pretende mostrar a todos a sua proximidade, a sua presença: o Papa reza por todos e é próximo à todos". (JE)

inizio pagina

Papa fez um reconhecimento epocal da pastoral indígena

◊  

Cidade do México (RV) – “As palavras do Papa dirigidas às comunidades indígena do Chiapas assumem um significado epocal”, afirmou o responsável pelo Escritório para a Pastoral dos Migrantes da Diocese de Milão, Padre Alberto Vitali. O sacerdote é autor do livro “O bispo do Chiapas. Bispo de Samuel Ruiz dito Tatic”, editado pela EMI.

“Desde os tempos do Concílio – explica o sacerdote – que teve início uma reflexão sobre culpas históricas, não somente dos povos colonizadores, mas da própria Igreja em relação aos índios. Ao lado de exemplos brilhantes de sacerdotes que se colocaram do lado das populações indígenas, como Bartolomé de Las Casa, também é verdade que uma espécie de paternalismo em relação a eles, traiu a presunção europeia de considerá-los incapazes de assumir em primeira pessoa o anúncio do Evangelho”. “Os poucos sacerdotes índios ordenados – conta Padre Vitali – foram impelidos a realizar um caminho de purificação de suas culturas para assumir uma cultura europeia”.

“Nos últimos anos, pelo contrário – observa - sobretudo após a Conferência de Medelin (1968), algumas igrejas locais, como a de San Cristóbal de Las Casas do Bispo Samuel Ruiz, promoveram uma verdadeira e própria pastoral indígena, e não indigenista, onde os povos indígenas passaram a ser considerados “sujeitos” da fé”. “O fato de que o Papa reabilite a cultura deles e peça perdão aos índios – avalia – é, junto, o reconhecimento deste caminho e uma consagração do mandato deles como testemunhas do Evangelho no mundo de hoje”.

Uma denúncia para devolver dignidade às vítimas

“O falar claro do Papa sobre narcotráfico, a corrupção, a necessidade de transparência, diante do Presidente Neto, me parece ser uma grande fonte de esperança e consolação para o povo mexicano que, nos últimos dez anos em particular, foi muito provado pela violência”, diz Lucia Capuzzi, jornalista do Avvenire, especialista em política latino-americana, e enviada ao México para acompanhar a viagem. “Denunciar em um encontro oficial a corrupção, o narcotráfico, a exclusão das culturas diversas, a violência, as mortes, o tráfico de pessoas e os sequestros, como fez o Papa – avalia – significa colocar em primeiro plano a guerra, absolutamente esquecida pela mídia e pela política internacional, que caracteriza a história do México há pelo menos dez anos. Aqui foram mortas mais de 200 mil pessoas, a grande maioria civis, vítimas da violência entre as várias organizações criminais, os famosos “narcos”, mas com a cumplicidade ativa de “partes de Estado corrupto”.

O caso dos 43 estudantes de Iguala, entregues pela polícia aos narcotraficantes que depois os fizeram desaparecer, nada mais é do que a ponta do iceberg de um mecanismo que se repete muitas vezes no país”. “Tanto é verdade – explica a jornalista – que a primeira coisa que dizem os mexicanos a quem vem ao seu país é: “por qualquer motivo, não procure a polícia”. Falar destes temas abertamente, como fez o Papa, significa colocar-se do lado das vítimas, dizer a eles que não estão sozinhos e dar a eles dignidade”. (JE)

inizio pagina

Papa na fronteira quer dizer não aos muros, diz Vigário de Ciudad Juárez

◊  

Cidade do México (RV) – O Papa Francisco concluirá a 12ª viagem apostólica internacional de seu pontificado esta quarta-feira, 17 de fevereiro, visitando Ciudad Juárez, no Estado de Chihuahua, fronteira com a cidade texana de El Paso. Lá o Papa encontrará os detentos na Penitenciária CeReSo n.3, o mundo do trabalho e por fim presidirá a Missa com os migrantes num grande espaço aberto da cidade, próximo ao muro construído na fronteira. A colega do Programa hispano-americano, Mercedes de la Torre, entrevistou o Vigário Episcopal José René Blanco, sobre a expectativa desta visita:

“Primeiramente com grande fé, porque é Cristo Ressuscitado que vem nos encontrar na pessoa do Santo Padrem que vem confirmar-nos na fé em Jesus Cristo. A sua visita nos ajudará a passar da tristeza de tantos anos de violência, vivida na nossa fronteira, à alegria do Espírito Santo. Acolhemos o Papa com todo o nosso sofrimento e com muito amor, com coração aberto, com alegria, porque vem nos confirmar no amor de Deus, como missionário da paz e da misericórdia”.

RV: O Papa Francisco encontrará o mundo do trabalho, os migrantes, os detentos. O que ele quer ressaltar destes encontros?

“Antes de tudo o encontro com os encarcerados e as suas famílias, a primeira etapa da sua visita a Ciudad Juárez. O Santo Padre quer ajudar os presidiários e as suas famílias a encontrarem-se com o amor de Deus, nosso Pai, sempre disposto a perdoar-nos. Quer ajudar a viver a graça do Ano Santo da Misericórdia. Depois o Santo Padre quer convidar-nos a trabalhar pela justiça nas relações de trabalho, pela dignidade da pessoa humana, colocando-a ao centro de todo discurso econômico. Por fim, durante a Missa na fronteira, com o encontro com os migrantes e com as vítimas da violência, o Papa, neste Ano Santo da Misericórdia, nos convida a reconhecer o rosto de Cristo sofredor na face destes nossos irmãos, para recebê-los com amor e servi-los com alegria”.

RV: Qual o significado da Missa na fronteira com os Estados Unidos?

“Todos nós sabemos, pela força de nossa fé, que o Sacramento da Eucaristia é o Sacramento do amor de Cristo, fonte e ápice da vida da Igreja. E o Santo Padre, com esta missa na fronteira entre México e Estados Unidos, quer convidar-nos a não construir muros de indiferença: precisamente ali diante do lugar da missa, existe o muro que foi construído entre o México e os Estados Unidos, como sinal da rejeição dos migrantes. O Papa nos exorta a abater estes muros de indiferença, de rejeição, de ódio, para construir, colaborando com Deus e com o Espírito Santo, pontes de comunhão, de fraternidade, de solidariedade, de amor. Neste lugar se construirá uma igreja muito grande, muito bonita e um centro pastoral a serviço dos migrantes, de educação das crianças e dos jovens, um centro também em defesa das mulheres. Será um grande centro que se chamará “O Ponto” e será construído graças à ajuda de muitos empreendedores e pessoas de boa vontade de todo o México, que colaboraram com este projeto”.

RV: Qual o trabalho que a Igreja de Ciudad Juárez realiza em favor dos migrantes? Qual as relações com a Igreja de El Paso?

“Sim! Há trinta anos foi construída, na nossa Diocese, a “Casa do Migrante”, que há 30 anos acolhe milhares e milhares de famílias migrantes, a quem oferece um teto, comida, acompanhamento e assistência na defesa de seus direitos. Em comunhão com a Diocese de El Paso e Las Cruces, trabalhamos para formar aquilo que se chama o Instituto “Esperança da fronteira”, que é uma iniciativa das três dioceses para trabalhar pela justiça e pela paz, trabalhando e comprometendo-se sobretudo com a formação dos fieis leigos, dos sacerdotes, das religiosas e dos religiosos a serviço dos mais pobres, pela defesa de seus direitos, vivendo na solidariedade”. (JE)

 

 

 

inizio pagina

Migrantes divididos pela fronteira não poderão estar na missa com o Papa

◊  

El Paso (RV) – Na última segunda-feira (15/02), centenas de famílias e residentes na fronteira entre México e Estados Unidos se reuniram em ambos ao lados do confim Anapra/Sunland Park, na impossibilidade de participar na próxima quarta (17/02) em Ciudad Juarez, da missa presidida pelo Papa Francisco.

"Foi uma ocasião importante para as famílias migrantes centro-americanas que não podem ir a Ciudad Juarez, no México, para expressar seus sentimentos e as lutas que enfrentam para poder viver nos Estados Unidos, num momento em que prevalecem políticas e práticas xenófobas", se lê no comunicado divulgado pela Rede de Fronteira para os Direitos Humanos.

Diante da rede que divide os dois países, foram compartilhados vários testemunhos sobre as normas atuais, que influenciam a vida de milhões de residentes na região de fronteira entre Estados Unidos e México.

 "O evento histórico e único da visita do Papa na nossa região – continua o comunicado – será utilizado para evidenciar as questões que interessam as famílias migrantes nos Estados Unidos, como a separação familiar, os processos aos refugiados e aos que pedem asilo, os abusos das autoridades, as mortes dos migrantes, etc. Além disso, se falará da crescente militarização das fronteiras, do racismo e da criminalização dos imigrantes”.

Segundo o programa da visita, o Papa Francisco passará próximo da fronteira marcada pela rede metálica, e se aproximará para saudar quem está da outra parte. Às 16h celebrará a Missa em Ciudad Juarez: o palco se encontra a 80 metros da fronteira, e se prevê que do lado estadunidense haverá milhares de pessoas em El Paso, enquanto do lado mexicano são aguardadas 200 mil pessoas. (BF/Agência Fides)

inizio pagina

Igreja na América Latina



Paz e reconciliação na pauta da Assembleia dos Bispos colombianos

◊  

Bogotá (RV) – Teve início na segunda-feira, 15, em Bogotá, a 100ª Assembleia do Episcopado colombiano. No discurso de abertura, o  Presidente, da Conferência Episcopal (CEC) e Arcebispo de Tunja, Dom Luis Augusto Castro Quiroga, tratou, entre outros, de temas como a anunciada viagem do Papa Francisco ao país em 2017 e a participação da Igreja na fase pós-conflito dentro de uma ótica de misericórdia.

Misericórdia, perdão e reconciliação, os três desafios

O Presidente da CEC, ao referir-se à iminente e desejada assinatura do acordo de paz entre Governo e a guerrilha das FARC, explicou que a misericórdia, o perdão e a reconciliação são os três grandes desafios que estão diante da Igreja e podem ser a melhor contribuição para o pós-conflito. “É impossível – afirmou – que aquele que em seu coração é cheio de ódio, vingança e revanche, possa praticar a misericórdia. Por isto, devemos prosseguir em favorecer o perdão e a reconciliação para construir comunidades reconciliadas e mensageiras de reconciliação”.

Justiça transnacional

No discurso, Dom Castro Quiroga expressou preocupação pelos muitos colombianos que não tem claro o valor da assim chamada “justiça transnacional”, um dos pontos mais delicados do acordo de paz. “Esta justiça – explicou – pode nos parecer branda, pouco justa, garantia de impunidade, mas as coisas não são assim. Trata-se de uma solução excepcional para responder a uma situação extraordinária, é um passo importante para introduzir a misericórdia no processo penal. É como um gole de água no deserto”.

Crianças-soldado

Ao concluir, o Presidente da CEC convidou os bispos a promover ações de apoio e ajuda voltados, em particular, aos jovens que foram crianças-soldado na guerrilha. A Assembleia concluir-se-á no dia 19. (JE/Sir)

inizio pagina

Igreja no Mundo



Amecea e Caritas africana: combate à pobreza e desigualdade

◊  

Nairóbi (RV) - O combate à pobreza e às desigualdades, acompanhado da promoção da justiça social: esse é o compromisso conjunto assumido pela Associação das Conferências Episcopais da África Oriental (Amecea) e pelas Caritas regionais, ao término de um encontro realizado estes dias em Nairóbi, no Quênia. Participaram da reunião os diretores nacionais da Caritas e os secretários gerais das Comissões Episcopais de Justiça e Paz.

Justiça social e paz interior são inseparáveis

No comunicado final difundido ao término dos trabalhos, a Amecea e a Caritas acolhem orientações dadas pelo Papa Francisco que, em seu Pontificado, reiteradas vezes exortou as organizações católicas a “se darem as mãos para criar uma maior sinergia, com o objetivo de servir ao povo de Deus da melhor forma possível”.

O Papa as convida a fazê-lo tendo sempre presente o espírito de São Francisco de Assis, no qual se evidencia “até que ponto a preocupação com a natureza, a justiça para com o pobre, o compromisso na sociedade e a paz interior são inseparáveis”. (Encíclica “Laudato si”, nº 10)

Forte denúncia do tráfico de seres humanos

Daí, o compromisso dos dois organismos africanos a reforçar a colaboração recíproca também mediante um maior intercâmbio de informações e de experiências e ulteriores parcerias com outras estruturas da Igreja católica engajadas no âmbito social.

Os bispos colocam no centro da nota o drama do tráfico de pessoas e da migração: neste âmbito, Amecea e Caritas empenham-se a enfrentar “as causas profundas e as necessidades das pessoas que são atingidas” pelo grave fenômeno que o Papa Francisco definiu “crime de lesa humanidade”.

Nesta ótica é lançado um apelo a fim de que as vítimas do tráfico de seres humanos sejam tratadas com dignidade; ao mesmo tempo, os migrantes são convidados a reconhecer as leis dos países de acolhimento.

A nota dolente da exploração minerária por parte de indústrias estrangeiras

Em seguida, a nota episcopal aborda a complexa questão da exploração das indústrias extrativistas africanas por parte de sociedades minerárias estrangeiras, ressaltando que as populações da África não obtêm nenhum benefício de tais atividades.

Por isso, Amecea e Caritas se dizem determinadas a denunciar, em alta voz, “os efeitos negativos” provocados pela atividade extrativista e a injustiça econômica sofrida pelos africanos.

Além disso, os participantes do encontro reiteram o compromisso em prol do bem comum de todos, sem exclusões, e afirmam a necessidade de concentrar os esforços numa formação dos africanos que leve em conta a Doutrina social da Igreja.

Atenção particular aos jovens

“Reconhecemos o reaparecimento de situações de urgência em nossa região” e por isso se afirma a vontade conjunta a de instituir fundos de solidariedade destinados a responder, de modo eficaz, às emergências mais graves que se apresentam na região, lê-se ainda no texto.

O comunicado conclui-se com uma exortação à promoção da justiça social “com particular atenção para as questões econômicas que dizem respeito aos jovens. (RL)

inizio pagina

Há um ano, a decapitação dos cristãos coptas em praia da Líbia

◊  

Samalot (RV) – Diversos bispos e sacerdotes da Igreja Copta Ortodoxa participam esta terça-feira, 16, da Divina Liturgia celebrada na Igreja de Samalot, em memória dos 21 cristãos coptas decapitados há um ano em uma praia da Líbia, por jihadistas do Estado Islâmico. A Solene Liturgia é o ápice de diversas missas e encontros de oração e reflexão dedicados às figuras dos “mártires da Líbia”, organizados nestes dias na Diocese de Samalot, Província egípcia de Minya, à qual pertencia a maior parte deles.

Os 21 mártires coptas também são recordados em diversas partes do mundo. Em 10 de fevereiro passado, por exemplo, uma celebração em sua memória foi realizada na Capela de St Mary Undercroft, no Palácio de Westminster, e contou com a participação de numerosos membros das duas Câmaras do Parlamento do Reino Unido.

Os coptas egípcios haviam sido sequestrados no início de janeiro de 2015. O vídeos de sua decapitação foi colocado na rede pelos jihadistas em 15 de fevereiro. Apenas uma semana após o bárbaro assassinato o Patriarca copto ortodoxo Tawadros II decidiu inscrevê-los no Synaxarium, o livro dos mártires da Igreja Copta, estabelecendo que a sua memória fosse celebrada precisamente em 15 de fevereiro. (JE)

inizio pagina

Formação



Artigo: “O Direito ao encontro da Misericórdia”

◊  

Rio de Janeiro (RV) - A cidade do Rio de Janeiro, apesar das mazelas e violências que marcam a metrópole, ainda desempenha missões importantes para o Brasil. Além das Olimpíadas temos o acontecimento internacional desta semana. Esta cidade pode ser definida, antes de tudo, cidade síntese do Brasil. O que acontece aqui no Rio é visto e observado por todo o País, já que todas as regiões de alguma forma estão ligadas a ele e sofrem seu reflexo.

Enquanto área humana, densamente povoada, pelos daqui e pelos do Norte, Nordeste, Centro, do Oeste e do Sul, em busca de melhor sorte, assumem rapidamente a configuração própria das megalópoles: muito aceleradas, dificuldades de comunicação, extensas ofertas de diversidades e concentração populacional.

Mas Rio é marcado também pela beleza das montanhas, das áreas verdes, que sempre proporcionam ao carioca uma esperança nova, mas deve ser conservada e preservada como uma grande casa comum, como nos recorda a Laudato Si e a recente aberta Campanha da Fraternidade de 2016.

Tivemos a alegria da grande participação na festa do Padroeiro da Cidade, São Sebastião, percorrendo a riqueza das pessoas e dos bairros que nos mostram vida e tem vida em Cristo que nos abraça e nos levanta, mesmo frente a tantas dificuldades.

Agora após os festejos carnavalescos onde vemos a alegria do povo, que luta, apesar das crises, por dias melhores em todos os sentidos, que aqui no Rio é também celebrado com grandes retiros de carnaval, outro lado não muito conhecido dessa época, temos a alegria de termos em nossa Arquidiocese, no Centro de Estudos e Formação do Sumaré, o III Simpósio Internacional de Direito Canônico, cujo tema “As reformas processuais na Igreja e o Sínodo da Família – O Direito ao encontro da Misericórdia”.

Temos a presença dos seguintes conferencistas:

Cardeal Odilo Pedro Scherer, Criado e publicado, Cardeal no Consistório de 24 de novembro de 2007 por Bento XVI, do título de Sant’Andrea al Quirinale. Foi presidente delegado da 12ª Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos em outubro de 2008. É membro da Congregação para o Clero, do pontifício Conselho para a Família, da Pontifícia Comissão para a América Latina, do Conselho de Cardeais para o estudo dos problemas organizativos e econômicos da Santa Sé. Participante da 14ª Assembleia Ordinária do Sínodo dos Bispos considerou ter sido “profético para o mundo que a Igreja se ocupasse tão intensamente com a família nesta época”. O Sínodo dos Bispos aconteceu entre os dias 4 e 25 de outubro, no Vaticano, refletindo sobre o tema A vocação e a missão da família na Igreja e na sociedade contemporânea. Segundo Dom Odilo, “foram abordados praticamente todos os temas referentes ao casamento e à família … Creio que o resultado foi muito positivo e algumas questões apareceram claras: uma renovada valorização da família pela Igreja, como realidade boa e querida por Deus; o casamento entre um homem e uma mulher dá início a uma família; a família tem uma missão importante em relação a cada pessoa, à comunidade humana e à Igreja”. Fez um resumo diário do Sínodo das famílias publicado no site da Arquidiocese de São Paulo. Disse, ainda, a Rádio Vaticano, aos 27 de outubro de 2015, o seguinte: “De fato, mesmo se o tema específico foi “a vocação e a missão da família na Igreja e na sociedade contemporânea”, foram abordados praticamente todos os temas referentes ao casamento e à família. Creio que o resultado foi muito positivo e algumas questões apareceram claras: uma renovada valorização da família pela Igreja, como realidade boa e querida por Deus; o casamento entre um homem e uma mulher dá início a uma família; a família tem uma missão importante em relação a cada pessoa, à comunidade humana e à Igreja; muitas situações novas e complexas envolvem hoje a família e requerem a atenção pastoral renovada da Igreja, que precisa estar próxima das famílias marcadas pela dor e todo tipo de sofrimento. A Igreja, ao mesmo tempo que convida todos a acolherem a Boa Nova de Jesus, precisa olhar com paciência e misericórdia os casais e as famílias que vivem em situações contrastantes com o ensinamento do Evangelho. … A Igreja é sempre animada pela esperança. Mas o Sínodo refletiu muito sobre a necessidade da boa preparação para o casamento cristão e o casamento em geral. Creio que a preparação para o casamento deverá ser uma das ações principais da pastoral da família, de maneira que haja menos casamentos nulos ou divórcios no futuro. Precisamos perseverar, na certeza de que Deus não pede coisas impossíveis aos homens. É possível casar, perseverar e ser feliz no casamento”.  “Falou-se em “lei da gradualidade”, aplicada à situação dos divorciados e recasados civilmente. Que significa isso?” “É um conceito usado na teologia moral e sistemática: nem todos fazem a profissão de fé com a mesma intensidade, podendo haver um crescimento e amadurecimento na fé. Para a mesma ação humana objetiva, a responsabilidade moral subjetiva pode ser diferente, dependendo de uma série de fatores; nem toda ação virtuosa tem o mesmo grau de perfeição, podendo haver crescimento na virtude. Em relação aos casais divorciados, a responsabilidade pela quebra da aliança matrimonial não é sempre igual para as duas partes. Assim também, os casais que vivem em segunda união, também podem estar vivendo graus diversos de responsabilidade moral subjetiva por essa situação; uma, é a de quem causou a separação e outra, a situação da parte inocente numa separação. Este é um fator a ser considerado no acompanhamento dos casais em segunda união”.

Cardeal Francesco Coccopalmerio, presidente do Pontifício Conselho para os Textos Legislativos desde 15 de fevereiro de 2007, membro da Congregação para a Doutrina da Fé, Congregação das causas dos Santos, Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica. Criado e publicado, Cardeal no Consistório de 18 de fevereiro de 2012 por Bento XVI. Em 2008 é consultor central da União juristas católicos Italianos. Doutor em Direito Canônico com a dissertação com o seguinte título: “La partecipazione degli acattolici al culto della Chiesa cattolica nella pratica e nella dottrina della Santa Sede dall’inizio del secolo XVII ai nostri giorni.” Na Pontifícia Academia Alfonsiana obteve o diploma de especialização em teologia moral. Frequentando a faculdade de jurisprudência da universidade Católica do Sagrado Coração em Milão, obteve o mestreado em 1976. É capelão conventual ad honorem do Soberano Militar da Ordem de Malta e em 2010 recebeu o prêmio internacional Empedocle para direito, economia e ética.

Dom Dimitri Salachas, Exarca Emérito da Igreja Greco-católica, doutor em Direito Canônico. Fez sua pesquisa de doutorado em leis eclesiásticas bizantinas e as leis civis. Ensinou Direito Canônico (latino e Oriental) na Pontifícia Universidade Urbaniana, Pontifícia Universidade Gregoriana, Pontifícia Universidade de São Tomás de Aquino, Angelicum e Pontifício Instituto Oriental em Roma. Consultor da Congregação para as Igrejas Orientais e dos Conselhos Pontifícios para a Interpretação dos Textos Legislativos e para a Promoção da Unidade dos Cristãos. Especialista em leis eclesiásticas comparativas, Dom Salachas é membro da Conferência Episcopal da Grécia. Ele é o membro da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica ea Igreja Ortodoxa. Membro da Sociedade Internacional de Direito Canônico Oriental. Em 23 de abril 2008, foi nomeado Exarca da Igreja Católica bizantina grega e bispo titular de Gratianopolis.

Pe.  Manuel Jesús Arroba Conde, CMF, doutor em “Utroque Iure”, na Pontifícia Universidade Lateranense, onde ele é Professor titular de Direito Processual Canônico e Presidente do Instituto Utriusque Iuris. De 2003 a 2009 foi Decano da Faculdade de Direito Canônico. Professor visitante no Departamento de Direito Canônico da Faculdade de Teologia de Lugano. Diretor da revista Apollinaris e membro do Comitê Científico de Commentarium pro Religiosis, da Revista Española de Direito Canónico, Ius Missionale e Monitor Ecclesiastico. Juiz do Tribunal de Primeira Instância do Vicariato de Roma, secretário jurídico do Supremo Tribunal da Assinatura Apostólica e consultor da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos e do Pontifício Conselho para os Textos legislativos. Recentemente foi nomeado pelo Papa Francisco como Membro da Terceira Assembleia Especial do Sínodo dos Bispos sobre "os desafios pastorais sobre a família".

Como observamos não são só pessoas gabaritadas, mas devidamente preparadas pela sua história e que sua experiência tem muito auxiliado a Igreja de Deus e muito auxiliará nestes dias deste Simpósio Internacional de Direito Canônico.

O Sínodo tem ensinado para que o grande número de fiéis feridos ou em um estado de relação difícil na relação a adesão — na prática da fé — a verdade do Evangelho, não são um fardo, mas uma oportunidade, que impulsiona muitos destes «feridos» em tornando-se, uma vez reconciliados e curados, verdadeiros missionários da beleza do sacramento do matrimônio e da família cristã. Ainda assim, é necessário mencionar a relação do Cardeal Erdö:  “A inserção orgânica do matrimônio e da família dos cristãos na realidade da Igreja também exige que a comunidade eclesial e atenção realista para ser misericordioso com os fiéis que vivem juntos ou vivem em casamento civil apenas, como não se sentem preparados para celebrar o sacramento, dadas as dificuldades que essa escolha pode resultar hoje. Se a comunidade pode vir a ser acolhedora para essas pessoas, em diversas situações da vida, e articular a verdade sobre o casamento, vai ajudar estes fiéis a chegarem a uma decisão para o casamento sacramental” .

O rescrito decidido pelo Papa Francisco no processo de reforma introduzida pelos Motu Proprio datados 15 de agosto de 2015 evidencia a reforma jurídica é algo perfeitamente consistente com a visão eclesiológica do seu próprio pontificado, como ele mesmo confirmou nos atos das últimas semanas precedentes ao Ano Jubilar Extraordinário, depois que gradualmente delineado no seu ensino desde o início.

Espero que os frutos deste Simpósio Internacional sejam luzes, de modo especial ao nosso Brasil, uma vez que a grande reforma do processo - que deve ser assimilada e aplicada, pois é lei. E toda lei em vigor e vinculante e obrigatória na sua aplicação imediata. Para o bem dos clamam por justiça agilizada. O Papa Francisco com esta reforma latina e oriental mostrou, demonstrou e provou o quanto cada um se deve converter. Por fim, teremos algo sobre a Reforma do Direito Penal Eclesiástico que será de grande importância também para manifestar a misericórdia do Direito.

      

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.

 

inizio pagina

Artigo: Casa Comum, nossa Responsabilidade!

◊  

Mogi das Cruzes (RV) - A campanha da fraternidade realiza, em 2016, sua 53ª edição, a sexta que trata da ecologia e a quarta realizada de forma ecumênica, com a participação das igrejas cristãs luterana, presbiteriana, metodista, ortodoxa siriana, episcopal anglicana que, com a Igreja católica, fazem parte do Conselho Nacional das Igrejas cristãs (Conic).

“Quero ver o direito brotar como fonte e correr a justiça qual riacho que não seca” (Amós 5,24) é o lema. Direito e justiça constituem um binômio recorrente na pregação dos profetas e nos salmos do Antigo Testamento: “observai o direito e praticai a justiça” (Isaías 56,1); “praticai o direito e a justiça, não oprimais o estrangeiro” (Jeremias 22,3).

Essa mensagem profética tem norteado as campanhas da fraternidade na linha da justiça social, associada, nos dias de hoje, à justiça ambiental. Dessa premissa maior decorrem temas específicos, como o atual, com enfoque no direito da população ao saneamento básico e à água potável de qualidade, indispensáveis para se ter saúde integral e qualidade de vida.

Saneamento básico, segundo a legislação brasileira, compreende: abastecimento de água, coleta e tratamento de esgotos, manejo dos resíduos sólidos, drenagem das águas de chuva e controle de reservatórios e dos agentes transmissores de doenças.

No Brasil, 82% da população brasileira têm acesso à água tratada, contudo, mais de 100 milhões de pessoas no país ainda não possuem coleta de esgotos e apenas 39% destes esgotos são tratados, sendo a outra parte descartada na natureza ou despejada nos rios.

Há no Brasil um Plano Nacional de Saneamento Básico (Plansab), uma legislação e uma política de saneamento. Cada município deve elaborar seu Plano Municipal de Saneamento (PMSB), com possibilidade de receber dinheiro público para aplicar em projetos afins. Fica o apelo de mobilização dos cidadãos, vereadores, prefeitos, ministério público, meios de comunicação, para fazer acontecer o plano municipal.

O texto base da campanha, depois de constatar a realidade (ver), analisá-la com critérios bíblicos (julgar), conclama os cidadãos a assumir compromissos (agir), que vão das atitudes individuais às iniciativas de cunho comunitário. Já em casa pode-se fazer a coleta seletiva de material descartável, plantar, economizar água, evitar criadouros de mosquitos.

De forma coletiva, podem-se organizar ações nos condomínios, entre vizinhos, nas associações de bairros, conselhos comunitários, tendo em vista a implantação de políticas públicas de saúde e de defesa do meio ambiente e vida sustentável com qualidade para todos, sem se esquecer dos mais pobres. O saneamento básico é um direito de todo cidadão e será conquistado pelo trabalho, esforço comum, educação ambiental e consciência política.

Dom Pedro Luiz Stringhini

Bispo de Mogi das Cruzes

inizio pagina