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Sumario del 18/02/2016

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Coletiva do Papa aos jornalistas durante o voo: a íntegra das perguntas e repostas

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Cidade do Vaticano (RV) – Logo após decolar de Ciudad Juárez, nesta quarta-feira (17/02), o Papa manteve a tradicional coletiva de imprensa com os jornalistas a bordo do avião papal.

Francisco respondeu aos questionamentos que foram desde os “desaparecidos” mexicanos, passando pelos casos de pedofilia – ponto em que recordou a coragem de Bento XVI –, sobre o aborto em caso de contágio por Zika vírus, a Declaração comum com o Patriarca russo, além de abordar a questão da comunhão aos divorciados recasados, falar sobre as suas próximas viagens e confidenciar o que lhe levou a aceitar um prêmio pela primeira vez.

O Pontífice ainda respondeu a perguntas sobre a votação no Parlamento italiano da lei sobre as uniões civis entre pessoas do mesmo sexo; disse que proibiu na Argentina os "casamentos em apuros" e promoveu uma reflexão aos jornalistas sobre como uma notícia deve ser dada e interpretada. Falando sobre as correspondências entre João Paulo II e a filósofa polonesa, Francisco disse gosta sempre de ouvir o parecer das mulheres.

Abaixo, a íntegra da entrevista, em tradução livre e com grifos da redação:

***

Padre Lombardi: Santo Padre, obrigado por estar aqui, como ao final de cada viagem, para a conversa sintética, um grande apanhado sobre a viagem, e por sua disponibilidade em responder a tantas perguntas da  nossa comunidade internacional. Pedimos, como sempre, aos diversos grupos linguísticos que se organizassem e apresentassem algumas perguntas. Começamos com os colegas mexicanos, naturalmente. Portanto, pedimos que responda em espanhol às duas primeiras perguntas e, a seguir, em italiano, porque muitos colegas entendem melhor.

(Maria Eugenia Jimenez – “Milenio”)

Santo Padre, no México existem milhares de desaparecidos, todavia o caso dos 43 de Ayotzinapa, é um caso emblemático. Gostaria de pedir-lhe porque não encontrou seus familiares e também uma mensagem para os familiares dos milhares de desaparecidos.

Papa Francisco: Se leres as mensagens, há referências continuas aos assassinatos, às mortes, à vida tomada por todas estas gangues do narcotráfico, dos traficantes de seres humanos. Ou seja, o problema é apresentado. Falei das chagas que o México está sofrendo, não? Houve tentativas de receber alguns. Eram tantos grupos, mesmo opostos entre eles, com lutas internas. Portanto, prefiro dizer que na Missa se veem todos, na Missa de Juárez, se preferirem, ou em qualquer outra. Todavia, teria tido esta disponibilidade. Era praticamente impossível receber todos os grupos, que, de um lado, eram opostos entre eles.

É uma situação difícil de entender, para mim claramente que sou estrangeiro, verdade? Mas creio que, também a sociedade mexicana seja vítima de tudo isso: dos crimes, deste fazer desaparecer as pessoas, de descartar as pessoas. Sobre isso eu falei. Sendo um discurso público, podes constatar ali. É uma dor muito grande que trago, porque este povo não merece um drama como este.

(Javier Solorzano – “Canal 11”)

Muito obrigado, Papa Francisco, muito obrigado. O tema da pedofilia, como sabe, tem raízes muito perigosas no México, muito dolorosas. O caso de padre Maciel deixou fortes sinais, sobretudo nestas vítimas. As vítimas continuam a sentir-se não protegidas da Igreja; muitos deles continuam a ser homens de fé, e alguns até mesmo seguiram o sacerdócio. Pergunto o que pensa deste tema, se em qualquer momento pensou em encontrar as vítimas e, em geral, esta ideia que aos sacerdotes, quando são descobertos por um caso desta natureza, sejam somente trocados de paróquia e nada mais. Como vê este tema? E muito obrigado.

Papa Francisco: Bem, começo da segunda. Um bispo que troca um sacerdote de paróquia quando se reconhece um caso de pedofilia, é um inconsciente, e o melhor que pode fazer é apresentar sua renúncia. Claro? Segundo, voltando ao caso Maciel. E aqui, me permito de prestar homenagem ao homem que lutou em momentos em que não tinha a força para se impor, até que não conseguiu se impor: Ratzinger. O cardeal Ratzinger – um aplauso para ele! É um homem que teve toda a documentação. Quando era Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, teve tudo em suas mãos, fez investigações, obteve, obteve, obteve... mas não pode guiar a execução. Porém, se vocês recordarem, dez dias antes de morrer, São João Paulo II – naquela Via-Sacra da Sexta-feira Santa – disse a toda a Igreja que era preciso limpar as “porcarias” da Igreja, as imundícies. E a Missa “Pro Eligendo Pontefice” – não é um bobo, sabia que era um candidato – não usou máscaras e disse exatamente a mesma coisa. Ou seja, foi o corajoso que ajudou tantos a abrir esta porta. Assim quero que vocês recordem dele porque, às vezes, nos esquecemos deste trabalho escondido, daqueles que prepararam a estrada para desvelar esta página. Terceiro, estamos trabalhando bastante. Com o cardeal secretário de Estado, estamos conversando, e também com o grupo dos novos cardeais conselheiros que, podem ouvir, decidiram nomear um terceiro secretário adjunto à Doutrina da Fé, para que se ocupe somente destes casos. A Congregação, de fato, não é suficiente com tudo aquilo que tem que se feito. Portanto, que saiba administrar isto. Além disso, foi constituída a Corte de Apelação, presidida por mons. Scicluna, que se esta ocupando dos casos em segunda instância, quando se recorrer. O primeiro recurso, de fato, é feito pela “feria quarta” da Doutrina da Fé – líamos – reúne-se na quarta-feira. Quando há o recurso, volta-se à primeira instância e isto não é justo. Então, o segundo recurso, perfeitamente legal, já com o advogado de defesa. Mas é preciso apurar porque temos tantos atrasos nos casos, porque aparecem casos. Quarto, sobre outra coisa sobre a qual se esta trabalhando muito bem é a Comissão para a tutela dos menores. Não é rigorosamente fechada aos casos de pedofilia, mas à tutela dos menores. Ali, me reuni com uma inteira manhã com seis dos integrantes – dois alemães, dois irlandeses e dois ingleses: homens e mulheres, abusados, vítimas, não, e me reuni conta tantas vítimas... onde foi? No Equador? (Em Filadélfia). Em Filadélfia, me desculpem! Em Filadélfia! Também lá, uma manhã, tive um encontro com as vítimas e sei que se está trabalhando. Mas eu agradeço a Deus que esta página tenha sido revelada, e é preciso continuar a revelá-la, e tomar consciência. E, por fim, quero dizer que é uma monstruosidade, porque um sacerdote é consagrado para levar uma criança a Deus e lá se “aproveita” dela como em um sacrifício diabólico, destruindo-a.

Bem, no que diz respeito a Maciel, voltando à Congregação, foi feito uma intervenção, e hoje a Congregação, o governo da Congregação, fez uma “semi-intevenção”. O Superior geral é eleito pelo Conselho, pelo Capítulo Geral, mas o Vigário é eleito pelo Papa. Dois conselheiros gerais são eleitos pelo Capítulo Geral e outros dois são eleitos pelo Papa, de modo tal que se ajude a controlar a história precedente.

Papa FranciscoQuem não entendeu, peça a um espanhol que lhe explique o que eu disse...

(Phil Pulella, “Reuters”)

Boa noite, Santidade. Hoje falou com muita eloquência dos problemas dos migrantes. Do outro lado da fronteira, todavia, existe uma campanha eleitoral muito acirrada. Um dos candidatos à Casa Branca, o republicano Donald Trump, em uma entrevista recentemente disse que o senhor é um homem político e inclusive disse que talvez o senhor seja também uma peça de xadrez, um instrumento do governo mexicano para a política de imigração... Ele declarou que, se eleito, quer construir 2,5 mil quilômetros de cercas ao longo da fronteira, quer deportar 11 milhões de imigrantes ilegais, separando assim famílias, etc. Então, queria perguntar, antes de tudo, o que pensa sobre estas acusações contra o senhor e se um católico estadunidense pode votar em uma pessoa assim.

Papa FranciscoGraças a Deus que disse que sou um político, porque Aristóteles define a pessoa humana como “animal politicus”: ao menos sou uma pessoa humana, eh? E que sou uma peça de xadrez, mas, talvez, não sei... deixo isso a seu juízo, a juízo das pessoas. E, depois, uma pessoa que pensa somente em levantar muros, seja onde seja,  e não a fazer pontes, não é cristã. Isso não está no Evangelho. Depois, aquilo que me dizias, o que aconselharia, votar ou não votar: não me envolvo. Somente digo: este homem não é cristão, se diz isto assim. É preciso ver se ele disse assim as coisas, não? E por isso dou o benefício da dúvida.

(Jean-Louis de la Vaissière, “France Presse”)

O encontro com o Patriarca russo Kirill e a assinatura da Declaração comum foi visto no mundo inteiro como um passo histórico. Mas agora, hoje já, na Ucrânia os greco-católicos sentem-se traídos e falam de um “documento político”, de apoio à política russa. Em campo, a guerra das palavras se acendeu novamente. Pensa de poder ir a Moscou? Foi convidado pelo Patriarca? Ou talvez de ir a Creta para saudar o Concilio pan-ortodoxo, na primavera?

Papa Francisco: Começo pelo final. Estarei presente, espiritualmente e com uma mensagem – gostaria de saudá-los pessoalmente no Concílio pan-ortodoxo: são irmãos; mas devo respeitar. Mas sei que eles querem convidar observadores católicos: e isto é uma bela ponte. Mas por trás dos observadores católicos estarei eu, rezando com os melhores augúrios que os ortodoxos sigam adiante, adiante porque são irmãos e os seus bispos são bispos como nós. Depois: Kirill. O meu irmão. Nos saudamos, nos abraçamos e tivemos um colóquio de uma hora…

Padre Lombardi: … duas horas!

Papa Francisco… duas horas! – mais de uma hora… a velhice não vem sozinha, eh? Duas oras, nas quais falamos como irmãos, sinceramente e ninguém sabe sobre o que se falou, somente aquilo que dissemos ao final, publicamente, do que provamos no conversar. Terceiro: aquele artigo, aquelas declarações na Ucrânia. Quando eu o li, fiquei um pouco preocupado, porque era Svjatoslav Ševčuk que disse que o povo ucraniano, ou alguns ucranianos ou tantos ucranianos, sentiram-se profundamente desiludidos e traídos. Antes de tudo, conheço bem Svjatoslav: em Buenos Aires, por quatro anos, trabalhamos juntos.

Quando ele foi eleito – aos 42 anos, eh? Um homem bom! – foi eleito arcebispo maior, voltou a Buenos Aires para pegar suas coisa. Veio até mim e me deu de presente um ícone – pequeno assim – de Nossa Senhora da Ternura e me disse: “Esta me acompanhou por toda a vida: quero deixa-la a ti, que me acompanhou nestes quatro anos”. É uma das poucas coisas que fiz trazer de Buenos Aires e que está na minha escrivaninha.

Ou seja, é um homem pelo qual tenho respeito e familiaridade, nos tratamos de “você”, e assim... Segundo: por isso me pareceu um pouco estranho. E recordei uma coisa que disse aqui, a vocês: para entender uma notícia, uma declaração, é preciso procurar a hermenêutica de tudo. Mas, quando disseste isso? Em uma declaração de 14 de fevereiro passado, domingo: domingo passado.

Uma entrevista que fez, selecionada pelo padre… não recordo, um sacerdote ucraniano. Na Ucrânia, selecionada, e publicada. Aquela notícia, a entrevista é de uma página, duas e um pouco a mais: mais ou menos. Aquela notícia está no terceiro e último parágrafo, assim pequeno.

Eu li a entrevista, e direi isto: Ševčuk é a parte dogmática, se declara filho da Igreja, em comunhão com o Bispo de Roma, com a Igreja; fala do Papa, da proximidade do Papa, e dele, da sua fé, não?, e da fé também do povo ortodoxo: na parte dogmática, nenhuma dificuldade, é ortodoxa no bom sentido da palavra, ou seja, Doutrina católica, não?

Depois, como em todas as entrevistas – esta, por exemplo – cada um tem o direito de dizer as suas coisas, e isto não o fez sobre o encontro, porque sobre o encontro, diz: “Mas, é uma coisa boa e devemos seguir em frente”. Neste segundo capítulo, as ideias pessoais que tem uma pessoas. Por exemplo, isto que eu disse sobre os bispos que transferem os padres pedófilos, o melhor que podem fazer é demitir-se, é uma coisa... não é dogmática, mas é aquilo que eu penso. E assim ele tem as suas ideias pessoas que são para dialogar, e tem o direito de haver.

Tudo aquilo que ele diz é sobre o documento: este é o problema. Sobre o encontro... “mas, este é o Senhor, o Espírito que segue adiante, o abraço...”: tudo vai bem. O Documento? É um documento discutível, e também há um acréscimo: que a Ucrânia vive um momento de guerra, de sofrimento, com tantas interpretações. Eu citei o povo ucraniano pedindo orações e proximidade tantas vezes, seja no Angelus como nas Audiências de quarta-feira. Mas o fato histórico de uma guerra vivida como... cada um tem sua ideia, como é esta guerra, quem a começou, como se faz, como não se faz... É evidente que este é um problema histórico mas também um problema pessoal, existencial daquela País e fala do sofrimento. E ali, eu insiro este parágrafo: se entende os fiéis, porque Svjatoslav diz: “Tantos fiéis me chamaram ou escreveram dizendo que estão profundamente desiludidos e traídos por Roma”: se entende que um povo naquela situação sinta isso, não: Mas, o Documento é discutível sobre esta questão da Ucrânia, mas lá se diz que se termine a guerra e que se caminhe a acordos; eu, pessoalmente, defendi que os Acordos de Minsk prossigam, e não se apague com o cotovelo aquilo que foi escrito com as mãos, eh? A Igreja de Roma, o Papa sempre disse: “Procurem a paz”.

Recebi ambos os presidentes – paridade, não? E por isso, quando ele diz que ouviu isso do seu povo, eu o entendo: o entendo. Mas não é “a” notícia. “A notícia” é tudo. Se vocês lerem toda a entrevista, verão que existem coisas dogmáticas sérias, que permanecem, há um desejo de unidade, de ir adiante, ecumênico, ele é um homem ecumênico... Existem algumas opiniões... Ele me escreveu, quando soube da viagem, do encontro, mas como um  irmão, dando as suas opiniões de irmão... Não me desagrada o Documento, assim; não me desagrada no sentido que devemos respeitar as coisas que cada um tem a liberdade de pensar e naquela situação tão difícil. E de Roma... agora o núncio está na fronteira onde se combate, ajudando os soldados, os feridos; a Igreja de Roma enviou tantas ajudas, tantas ajudas lá; e sempre paz, acordos, se respeite o Acordo de Minsk... e assim. Este é o todo. Mas, não se assustem com aquela frase: esta é uma lição, que uma notícia deve ser interpretada com a hermenêutica do todo, não da parte.

(Jean-Louis de la Vaissière)

O Patriarca Kirill lhe convidou a ir a Moscou ?

Papa Francisco: O Patriarca Kirill… eu preferiria… porque se digo uma coisa devo dizer uma outra e outra e outra: preferiria que aquilo sobre o que falamos nós, sozinhos, seja somente aquilo que dissemos em público. Este é um dado. E se digo isto, deverei dizer mais... não! Aquilo que eu disse em público, aquilo que ele disse em público, isto é aquilo que se pode dizer do colóquio privado. Do contrário, não seria privado. Mas posso dizer: saí feliz. E ele também.

(Carlo Marroni, “Il Sole 24 Ore”)

Santo Padre, a minha pergunta é sobre a família, tema que o senhor afrontou nesta viagem. No Parlamento italiano está em discussão a lei sobre as uniões civis, tema que tem levado a fortes embates políticos, mas também a um forte debate na sociedade e entre os católicos. Neste particular, gostaria de saber o seu pensamento sobre o tema da adoção da parte das uniões civis, e portanto, sobre os direitos das crianças e dos filhos em geral... Obrigado.

Papa Francisco: Antes de tudo, não sei como estão as coisas no Parlamento italiano... O Papa não se envolve na política italiana. Na primeira reunião que tive com os bispos, em maio de 2013, uma das três coisas que disse: “Com o governo italiano, se virem vocês”. Porque o Papa é para todos, e não pode se meter na política concreta, interna de um país: este é o papel do Papa, não? E aquilo que penso é aquilo que pensa a Igreja e disse em tantas... porque este não é o primeiro país que faz esta experiência: são tantos. Eu penso aquilo que a Igreja sempre disse sobre...

(Paloma Garcia Ovejero, “Cope”)

Santo Padre, há algumas semanas há muita preocupação em muitos países latino-americanos, mas também na Europa, sobre o vírus “Zika”. O risco maior seria para as mulheres grávidas: há angustia. Algumas autoridades propuseram o aborto, ou de se evitar a gravidez. Neste caso, a Igreja pode levar em consideração o conceito de “entre os males, o menor”?

Papa Francisco: O aborto não é um “mal menor”. É um crime. É descartar um para salvar o outro. É aquilo que a máfia faz, eh? É um crime. É um mal absoluto. Sobre “mal menor”: mas, evitar a gravidez é – falemos em termos de conflito entre o quinto e o sexto Mandamento. Paulo VI, o Grande!, em uma situação difícil, na África, permitiu às religiosas de usar anticoncepcionais par aos casos de violência. Não confundir o mal de evitar a gravidez, sozinho, com o aborto. O aborto não é um problema teológico: é um problema humano, é um problema médico. Mata-se uma pessoa para salvar uma outra – nos melhores dos casos. Ou por conforto, não? Vai contra o Juramento de Hipócrates que os médicos devem fazer. É um mal em si mesmo, mas não é um mal religioso, ao início: não, é um mal humano. Além disso, evidentemente, já que é um mal humano – como todos assassinatos – é condenado. Ao invés, evitar a gravidez não é um mal absoluto: e, em certos casos, como neste, como naquele que mencionei do Beato Paulo VI, era claro. Ainda, eu exortaria os médicos para que façam tudo para encontrar as vacinas contra estes dois mosquitos que trazem este mal: sobre isto se deve trabalhar. Obrigado.

(Ludwig Ring-Eifel, “Kna”)

Santidade, dentro de poucas semanas, o senhor vai receber o Prêmio Carlos Magno, um dos prêmios mais prestigiosos da Comunidade Europeia. Também o seu predecessor, São João Paulo II, recebeu este prêmio: fazia questão. E fazia questão também de promover a unidade europeia, que agora parece um pouco aos pedaços, primeiro com a crise do euro e agora com a crise dos refugiados: o senhor tem talvez uma palavra para nós, nesta situação de crise europeia?

Papa FranciscoPrimeiro, sobre o Prêmio Carlos Magno. Eu tinha o hábito de não aceitar honorificências ou doutorados, desde sempre: não por humildade, mas porque não gosto destas coisa. Um pouco de loucura é bom ter, e não gosto. Mas neste caso, não digo “forçado”, mas “convencido” com a santa e teológica teimosia do cardeal Kasper, que foi eleito por Aachen (Alemanha) para me convencer. E eu disse: “Sim, mas no Vaticano”. E... disse isso; e ofereço o prêmio para a Europa: que seja uma condecoração, um prêmio para que a Europa possa fazer aquilo que eu desejei em Estrasburgo: mais fácil que não seja a “avó-Europa”, mas a “mãe-Europa”. Segundo. Outro dia, lendo as notícias sobre esta crise e isto: eu leio pouco, folheio somente um jornal – não digo o nome para não provocar ciumeiras, mas sabe-se... leio quinze minutos e depois peço informações à Secretaria de Estado.

Uma palavra que me agradou, e me agradou – não sei quem a aprova, quem não – “a refundação da União Europeia”. E pensei aos grandes pais, eh? Mas, hoje, onde há um Schuman, um Adenauer? E estes frande, que no pós-guerra “fundaram” a União Europeia… E eu gosto, esta ideia da refundação: oxalá se se pudesse fazer! Porque a Europa, não diria que é “única”, mas tem uma força, uma cultura, uma história que não pode ser desperdiçada, e devemos fazer tudo para que a União Europeia tenha a força e também a inspiração de fazer ir adiante. Não sei: é isso que eu penso.

(Anne Thompson, “Nbc News”)

Santo Padre, o senhor falou muito de família e do Ano da Misericórdia, nesta viagem. Alguns se perguntam, como uma Igreja que se diz “misericordiosa” pode perdoar mais facilmente um assassino do que quem se divorcia e casa novamente...?

Papa Francisco: Mas, gostei da pergunta! Sobre a família, falaram dois Sínodos e o Papa falou durante todo o ano na catequese das quartas-feiras. E a pergunta é verdadeira, me agrada, porque você a fez plasticamente bem, eh! No documento pós-sinodal que sairá – talvez antes da Páscoa – se retoma tudo aquilo que o Sínodo – em um dos capítulos, porque existem muitos –  fala sobre os conflitos ou sobre famílias feridas, e a pastoral das famílias feridas... É uma das preocupações. Assim como outra é a preparação ao matrimônio. Pense você, que para se tornar padre, são oito anos de estudo, de preparação, e depois, depois de um certo tempo, não consegue mais, pede a dispensa e vai embora e está tudo certo. Pelo contrário, para receber um Sacramento que é para toda a vida, três quatro palestras... A preparação ao matrimônio é muito importante: é muito, muito importante, porque acredito que seja uma coisa que a Igreja, na pastoral comum – ao menos no meu país, na América do Sul -  não valorizou muito. Por exemplo – agora não tanto, mas há alguns anos – na minha Pátria, havia o costume de... se chamava “casamento em apuros”: casar rapidamente, porque vem um filho. E para cobrir socialmente a honra da família.... Ali, não eram livres, e tantas vezes estes matrimônios são nulos. E eu, como bispo, proibi os sacerdotes de fazerem isto... Que nasça a criança, que continuem namorados, e quando sentem que é para toda a vida, que sigam em frente. Mas existe uma ausência do matrimônio. Depois, outro capítulo muito interessante: a educação dos filhos. As vítimas dos problemas da família são os filhos: os filhos. Mas também vítimas dos problemas da família que nem marido nem a mulher querem: por exemplo, a necessidade de trabalho. Quando o pai não tem tempo livre para falar com os filhos, quando a mãe não tem tempo livre para falar com os filhos.... Quando eu confesso um casal que tem filhos, um matrimônio, pergunto: “Quantos filhos vocês tem?”. E alguns se assustam dizendo: “Mas, o Padre me perguntará porque não tenho mais...”. E eu direi: “Farei para você uma segunda pergunta: você brinca com seus filhos?”, e a maioria – quase todos! -  dizem: “Mas, Padre, não tenho tempo: trabalho o dia todo”. E os filhos são vítimas de um problema social que fere a família. É um problema... gosto da sua pergunta. E uma terceira coisa interessante, no encontro com as famílias em Morelia – não: foi em Morelia?” Não... em Tuxtla, em Tuxtla – havia um casal de recasados em segunda-união, integrantes da pastoral da Igreja... E a palavra-chave que usou o Sínodo – e eu a peguei – é “integrar na vida da Igreja as famílias feridas, as famílias de recasados”, e tudo isto. Mas não esquecer as crianças no centro, eh! São as primeira vítimas, quer pelas feridas quer pelas condições de pobreza, de trabalho, de tudo isto.....

(Anne Thompson, “Nbc News”)

Significa que poderão comungar?

Papa Francisco: Esta é uma coisa....é a última. Integrar na Igreja não significa “comungar”, porque eu conheço católicos recasados que vão à igreja uma vez por ano, duas vezes: “Mas, eu quero comungar!”, como se a comunhão fosse uma honorificência, não? Um trabalho de integração... todas as portas estão abertas. Mas não se pode dizer, (...) “podem comungar”. Isto seria uma ferida também aos matrimônios, ao casal, porque não fará com que eles sigam por este caminho de integração. E estes dois eram felizes! E usaram uma expressão muito bonita: “Nós não fazemos a comunhão eucarística, mas fazemos comunhão na visita ao hospital, nisto e naquilo....”. A integração deles permaneceu ali. Se há alguma coisa a mais, o Senhor dirá a eles, mas.....é um caminho, é uma estrada....”.

(Antone-Marie Izoard, “Imedia”)

Santidade, boa noite. Permita-me antes, um pouco na brincadeira, de dizer o quanto nós vaticanistas somos um pouco reféns da agenda do Santo Padre, e não podemos brincar com nossos filhos.... Sábado tem a audiência jubilar, domingo tem o Angelus, e de segunda a sexta-feira se voa para trabalhar. Depois, um abraço ao Alberto que, com Padre Lombardi, me fez entrar na Rádio Vaticano, há 20 anos – estamos em família....

Papa Francisco… ele foi muito bom …

(Antone-Marie Izoard)

Santidade: muitas mídias evocaram, de forma clamorosa, a “intensa correspondência” entre João Paulo II e a filósofa estadunidense Anna Tymieniecka, que nutria – diz-se – um grande afeto pelo Papa polonês. Na sua opinião, um Papa pode ter uma relação tão íntima com uma mulher? E depois, se me permite, o senhor tem alguma importante correspondência, conhece – ou conheceu – este tipo de experiência.....

Papa Francisco“Isto eu sabia, esta relação de amizade entre São João Paulo II e esta filósofa, quando estava em Buenos Aires: uma coisa que se sabia, também os livros dela são conhecidos, e João Paulo II era um homem inquieto.... Depois, eu diria que um homem que não sabe ter uma boa relação de amizade com uma mulher – não falo dos misóginos, eles são doentes – falta a ele alguma coisa. E eu, por experiência própria, também quando peço um conselho, peço a um colaborador, a um amigo, um homem, mas também gosto de ouvir o parecer de uma mulher: e te dão tanta riqueza! Olham as coisas de um outro modo. Gosto de dizer que a mulher é aquela que constrói a vida no ventre e tem – mas esta é uma comparação que eu faço, não? – e tem este carisma de te dar coisas para construir. Uma amizade com uma mulher não é pecado: uma amizade. Uma relação amorosa com uma mulher que não seja tua mulher, é pecado. O Papa é um homem, o Papa tem necessidade também do pensamento das mulheres. E também o Papa tem um coração que pode ter uma amizade sadia, santa com uma mulher. Existem santos amigos – Francisco, Clara, Teresa, João da cruz....Não se assustem...Mas, as mulheres ainda são um pouco....não bem consideradas, não totalmente....não entendemos o bem que uma mulher pode fazer á vida do padre e da Igreja, no sentido de um conselho, da ajuda, de uma amizade saudável. Obrigado!”

(Franca Giansoldati, “Il Messaggero”)

Boa noite, santidade. Eu volto para o tema da lei que está para ser votada no Parlamento italiano: é uma lei que, no final das contas, diz respeito também a outros Estados, porque outros Estados têm leis que tratam da união entre pessoas do mesmo sexo. Existe um documento da Congregação da Fé, de 2003, que dedica um amplo espaço a isto e também dedica um capítulo ao comportamento que os parlamentares católicos devem ter diante desta lei, e se diz expressamente que os parlamentares católicos não devem votar esta lei. Visto que existe muita confusão sobre isto, gostaria de pedir ao senhor, antes de tudo, se este documento de 2003 ainda tem valor, e efetivamente qual o comportamento que um parlamentar católico deve ter? E depois, uma outra coisa: depois de Moscou, o Cairo: existe algum outro desgelo que se vislumbra no horizonte? Isto é, me refiro à audiência que o senhor deseja com o “Papa dos sunitas” – podemos chamá-lo assim -, com o Imame de al-Azhar?

Papa Francisco: Sobre isto, foi Dom Ayuso ao Cairo, na semana passada, para encontrar o segundo dos Imames e também saudar o Imame. Dom Ayuso, é Secretário do Cardeal Tauran, do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso. Eu quero encontrá-lo, sei que ele gostaria, e estamos buscando a melhor maneira: sempre através do Cardeal Tauran, porque este é o caminho, não? Mas, conseguiremos. Sobre o primeiro tema: eu não recordo bem este documento de 2003 da Congregação para a Doutrina da Fé. Mas um parlamentar católico deve votar segundo a própria consciência “bem formada”, porque não é a consciência aquilo que me pareça... eu me recordo quando foi votado o matrimônio entre pessoas do mesmo sexo em Buenos Aires, que houve ali um empate, e no final alguém disse, aconselhou ao outro: “Mas, tens isto claro?” – “Não” – “Nem eu” – “Então vamos embora” – “Se sairmos, não alcançarão o quórum”. E o outro disse: “Mas se chegarmos ao quórum, damos o voto a Kirchner!”, e o outro: “Mas, prefiro dá-lo a Kirchner e não a Bergoglio!”..... e em frente... Esta não é uma consciência bem formada, eh! E em relação às pessoas do mesmo sexo, repito aquilo que disse na viagem do Rio de Janeiro e que está no catecismo da Igreja Católica”.

(Javier Martínez Brocal, “Rome Reports”)

Santo Padre, muito obrigado por esta viagem ao México: foi uma honra acompanhá-lo e ter visto o que vimos (em espanhol). Passo ao italiano: ainda não chegamos em Roma e já estamos pensando nas futuras viagens, em fazer as malas novamente. Santo Padre, quando irás à Argentina, onde esperam pelo senhor há tanto tempo, e, quando retornarás à América Latina ou irás à China... Depois, durante esta viagem, o senhor falou muitas vezes em “sonhar”: O que o senhor sonha?

E, sobretudo, qual é o seu pesadelo?

Papa FranciscoA China…. (riem) ir até lá: gostaria muito! Quero dizer uma coisa, uma coisa certa sobre o povo mexicano. É um povo de uma riqueza, de uma riqueza tão grande, é um povo que surpreende... Tem uma cultura, uma cultura milenar... Vocês sabem que hoje, no México, são faladas 65 línguas, contando os indígenas... 65! É um povo de uma grande fé, também sofreu perseguições religiosas, existem mártires – agora vou canonizar dois, ... dois ou três... É um povo ... não se pode explicar simplesmente porque a palavra “povo” não é uma categoria lógica, é uma categoria mítica. E o povo mexicano, não é possível explicá-lo, esta riqueza, esta história, esta alegria, esta capacidade de festa e estas tragédias das quais vocês perguntaram. Eu não posso dizer outra coisa, que esta unidade, também que este povo tenha conseguido não fracassar, não acabar com tantas guerras, e coisas que acontecem agora... Mas ali, em Ciudad Juárez, havia um pacto de 12 horas de paz para a minha visita, depois continuarão lutando entre eles, os traficantes... Mas um povo que tem ainda esta vitalidade, somente pode ser explicado por Guadalupe. E eu vos convido a estudar seriamente o “acontecimento Guadalupe”. Nossa Senhora está lá. Eu não encontro outra explicação. E seria bonito se vocês, como jornalistas, existem alguns bons livros que explicam, também explicam a pintura, como é, o que significa... E assim se poderá entender um pouco este povo tão grande, tão bonito”.

(Caroline Pigozzi do “Paris Match”)

Sim, Santo Padre, boa noite. Duas coisas. Gostaria de saber algo. Gostaria de saber o que o senhor pediu à Guadalupe, porque permaneceu muito tempo na igreja rezando para ela; depois, a segunda coisa, se o senhor sonha em italiano ou espanhol?

Papa Francisco: “Sim, eu diria que sonho em esperanto...... (risos). Não sei como responder isto, realmente. Algumas vezes sim, recordo, algum sonho em outra língua, mas sonhar em língua não, mas com figuras, sim; eh, a minha psicologia é assim. Com palavras sonho pouco, não?

E a primeira era?

(Caroline Pigozzi )

A primeira pergunta, Santidade, o Senhor esteve muito tempo rezando para Nossa Senhora...

Papa Francisco: “Pedi pelo mundo, pela paz…mas, tantas coisas…. A pobrezinha ficou com a cabeça assim.... Pedi perdão, pedi para que a Igreja cresça saudável, pedi pelo povo mexicano....também, uma coisa que pedi muito é que os padres sejam verdadeiros padres e as irmãs, verdadeiras irmãs e os bispos, verdadeiros bispos: como o Senhor nos quer. Isto pedi muito a ela, não? Mas depois, as coisas que um filho diz à Mãe são um pouco secretas.....Obrigado, Carolina...”

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Papa Francisco chega a Roma

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Cidade do México (RV) - O Papa Francisco chegou a Roma, nesta quinta-feira (18/02), às 14h57 locais, de retorno do México, onde realizou sua 12ª viagem apostólica internacional. O avião B787 de Aero Mexico aterrissou no Aeroporto romano de Ciampino, doze horas depois da partida de Ciudad Juarez, última etapa da visita do pontífice.

Na viagem o Papa encontrou os jornalistas, onde na coletiva respondeu às perguntas sobre diversos temas. Ao final, foi prestada uma homenagem ao Dr. Alberto Gasbarri, que se despede da missão de organizar as viagens pontifícias.

Como costuma fazer ao concluir suas viagens internacionais, Francisco foi até a Basílica Santa Maria Maior, centro de Roma, para agradecer a Salus Popoli Romani o bom êxito de sua viagem. O Papa depositou um buquê de rosas diante do ícone mariano, detendo-se por alguns minutos em oração silenciosa. Após, seguiu para o Vaticano.

Na última sexta-feira, houve o encontro, em Havana, Cuba, entre o Papa Francisco e o Patriarca russo, Kirill. (MJ)

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Papa despede-se do México e lança sementes de esperança

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Cidade do México (RV) – Papa Francisco concluiu nesta quarta-feira com a Santa Missa em Ciudad Juárez a sua 12ª Viagem Apostólica internacional que o levou ao México. Foram seis dias intensos que certamente marcarão a história deste país e do seu povo, como também certamente deixaram marcas profundas no coração do “missionário da misericórdia e da paz”. Os mexicanos acolheram Francisco como um pai que veio visitá-los, para saber com estão, como estão suas vidas e para indicar qual caminho seguir. Francisco nestes dias não poupou esforços para chegar ao maior número possível de pessoas. E os mexicanos, acotovelados pelas ruas e estradas ou nas várias celebrações e encontros também demonstraram a grande empatia que têm pelo Papa latino-americano. 

Pelas ruas de Cidade do México, de Ecatepec, pelas estradas de Chiapas, Michoacán, Chiuhauhua, Francisco recebeu o amor e o carinho de tantas pessoas que passaram horas nas calçadas para, saudar e por um momento ver o “peregrino” que veio confirmá-los na fé. Entusiamos que se misturaram com os gritos de viva o Papa, "bienvenido" Santo Padre. O México se transformou com a chegada do Papa. Foram tantos os momentos vividos intensamente nestes dias, mas todos partem do desejo do encontro de Francisco com a “Morenita”, Nossa Senhora de Guadalupe.

A Santa Missa na Basílica de Guadalupe e depois os momentos de silêncio de Bergoglio diante da imagem, retratam a profundidade espiritual dessa viagem, onde o Vigário de Cristo fez com que um país inteiro parasse com ele diante da “Mãe mexicana”. Foram 28 minutos inesquecíveis de silêncio e oração.

Francisco lembrou as palavras asseguradoras da Mãe, que nos dão a certeza de que “as lágrimas daqueles que sofrem, não são estéreis. São uma oração silenciosa que sobe até ao céu e que, em Maria, encontra sempre lugar sob o seu manto”.

Nestes dias Francisco fez discursos fortes contra a corrupção, os privilégios, pediu um futuro rico de esperança, com homens honestos e justos, que defendam o bem comum. Também declarou que o narcotráfico é uma metástase que devora.

Já no encontro com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo diplomático acreditado no país, o primeiro da sua viagem, o Papa disse que era motivo de alegria poder pisar esta terra mexicana. Disse que vinha como missionário de misericórdia e de paz, mas também como um filho que quer “prestar homenagem à sua mãe, a Virgem de Guadalupe, e deixar-se olhar por Ela”.

Já naquele encontro falou dos jovens, maior riqueza do México, preanunciando o grande encontro de Morelia. Francisco reiterou: “Penso e ouso dizer que, hoje, a principal riqueza do México tem um rosto jovem; sim, são os seus jovens. Em Morelia pediu aos jovens que não se deixem desvalorizar, excluir, ser tratados como mercadoria. “É mentira que a única forma de viver, de poder ser jovem, é deixando a vida nas mãos do narcotráfico”. “Jesus nunca convidaria você a ser sicário”, disse o Papa aos jovens.

Um pouco mais da metade da população é composta por jovens. Isto permite pensar e projetar um futuro, um amanhã. Isto dá esperança e abertura ao futuro do país.

Ainda no início da sua viagem o Papa Francisco se encontrou com o episcopado mexicano. Num discurso, longo, muito articulado e duro, pediu coragem para enfrentar a chaga do tráfico de drogas.

“Peço que vocês não subestimem o desafio ético e anticívico que o narcotráfico representa para a sociedade mexicana inteira, incluindo a Igreja”.

Afirmando que “não há necessidade de ‘príncipes’, mas de uma comunidade de testemunhas do Senhor na qual Cristo é a sua única luz, o Papa exortou os bispos mexicanos a conservarem a comunhão e unidade entre eles.

Em Ecatepec, na missa campal Francisco clamou que os mexicanos façam de seu país uma terra de oportunidades, onde “não haja necessidade de emigrar para sonhar” e onde não haja risco de cair nas mãos do que chamou de “traficantes de morte”.

Visitou também o Hospital pediátrico Federico Gomez, um centro de excelência na Cidade do México, voltado ao atendimento das crianças mais pobres do país. Ali diante das crianças doentes, cunhou mais uma das suas expressões “carinhoterapia”, o carinho como forma de terapia e as palavras “bendizer e agradecer”. O Papa dando uma vacina a uma criança pela boca deu iníco à campanha nacional contra a poliomelite.

Depois Chiapas e Morelia. San Cristobal de Las Casas foi o lugar do discurso do pedido de perdão aos povos indígenas que por séculos sofreram humilhações e marginalizações. No meio da multidão indígena um grito se escutou forte, “temos um Papa ao lado dos pobres”. Na missa, pela primeira vez oficialmente, os idiomas locais choles, tzotzil.. foram sentidos.

Brotou espontâneo, “muchas gracias, Tatic Francisco (na língua local, aquele que cuida do povo e do ambiente). Seria essa expressão e síntese desta viagem, e a expressão maior do afeto do povo mexicano, seja ele indígena ou não. No meio da multidão um desabado: “somente Francisco sabe que nós existimos”.

Os dias em Chiapas e Morelia pareceram uma nova emancipação dos povos originários, um reencontro com a história milenar e recente, com a história de Frei Bartolomeu de Las Casas e de Dom Samuel Ruiz.

A família também esteve no centro dos encontros e pensamentos do Papa. Em Tuxtla Gutiérrez disse que “a precariedade ameaça não só o estômago (o que é já muito!), mas pode ameaçar também a alma, pode insinuar-se em nós sem nos darmos conta: é a precariedade que nasce da solidão e do isolamento; e o isolamento é sempre um mau conselheiro”.

“Prefiro uma família que procura uma vez e outra recomeçar a uma sociedade narcisista e obcecada com o luxo e o conforto. Prefiro uma família com o rosto cansado pelos sacrifícios aos rostos embelezados que nada entendem de ternura e compaixão”.

E repetiu: o casal pode lançar pratos um contra o outro, mas é importante terminar o dia em paz.

Na missa em Morelia o Papa Francisco convidou os sacerdotes, religiosos, religiosas, consagrados e seminaristas a não se deixarem cair na tentação da resignação diante da violência. O Santo Padre dedicou sua reflexão, em parte, à necessidade de reagir às adversidades diante de uma realidade que parece insuperável. “Uma resignação que nos paralisa e impede não só de caminhar, mas também de abrir caminho”. Exortou-os a não se tornarem “funcionários do divino”, pois “não somos emgregados de Deus”.

Enfim, Ciudad Juárez. No norte do país, numa “missa binacional” pôde apalpar a problemática da migração, de crimes e do tráfico de pessoas.

Antes encontrou-se com os detentos do Centro de Readaptação Social N.3. Ali o Papa recordou “que as prisões são um sintoma de como estamos na sociedade; em muitos casos são um sintoma de silêncios e omissões provocadas pela cultura do descarte. São sintoma duma cultura que deixou de apostar na vida, duma sociedade que foi abandonando os seus filhos.

O problema da segurança não se resolve apenas encarcerando, mas é um apelo a intervir para enfrentar as causas estruturais e culturais da insegurança que afectam todo o tecido social.

Quem sofreu o máximo da amargura a ponto de poder afirmar que “experimentou o inferno”, pode tornar-se um profeta na sociedade.

Depois o encontro com o mundo do trabalho quando Francisco convidou todos a sonhar o México, a construir o México que os seus filhos merecem; um México, onde não haja pessoas de primeira, segunda ou quarta classe, mas um México que saiba reconhecer no outro a dignidade de filho de Deus. Recordou duas palavras, diálogo e encontro. “Deus pedirá contas aos escravagistas dos nossos dias, e nós devemos fazer todo o possível para que estas situações não ocorram mais. O fluxo do capital não pode determinar o fluxo e a vida das pessoas”.

O último momento em terras mexicanas foi a Santa Missa. Mas antes da missa o Papa sob uma cruz no Rio Bravo na fronteira com os Estados Unidos, circundado por velhos sapatos e sandálias que simbolizam o drama da imigração, para rezar pelos migrantes mortos na tentativa de superar a fronteira, pelos imigrantes que se encontram nos Estados Unidos, na prisão ou que sofrem prisões de massa.

Na sua homilia durante a missa o Papa implorou no Ano da Misericórdia o dom das lágrimas, o dom da conversão.

Ciudad Juárez, como outras áreas fronteiriças “é uma passagem, um caminho carregado de injustiças terríveis: escravizados, sequestrados, objectos de extorsão, muitos irmãos nossos acabam vítimas do tráfico humano”.

Esta crise que se pode medir em números,  - disse o Papa - queremos medi-la por nomes, por histórias, por famílias. São irmãos e irmãs que partem, forçados pela pobreza e a violência, pelo narcotráfico e o crime organizado. À pobreza que já sofrem, vem juntar-se o sofrimento destas formas de violência. Uma injustiça que se radicaliza ainda mais contra os jovens: como “carne de canhão”, eles vêem-se perseguidos e ameaçados quando tentam sair da espiral de violência e do inferno das drogas.

“É tempo de conversão, é tempo de salvação, é tempo de misericórdia”.

Os encontros de Francisco com os mexicanos foram verdadeiros momentos de festa. Mais de 41 milhões de mexicanos seguiram o Papa através da televisão.

Francisco tocou lugares emblemáticos de males nacionais é ao mesmo tempo manteve um confronto com problemas que dizem respeito diretamente ao povo e ao seu desânimo em relação à justiça, às instituições e à própria convivência. As palavras de Francisco ajudarão como bálsamo para o desânimo? Despertará novos impulsos em uma sociedade que procura crescer em todos os setores? A resposta dos mexicanos virá com o tempo. A palavra é esperança. Francisco arrematou: “A noite pode parecer-nos enorme e muito escura, mas, nestes dias, pude constatar que, no povo mexicano, há tantas luzes que anunciam esperança”.

Os mexicanos esperavam muito desta visita de Francisco. Esperavam suas palavras e gestos. Certamente o “Papa latino-americano” não os depecionou.  

Dos Estúdios da Rádio Vaticano, Cidade do México, Silvonei José.

 

 

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Dom Arizmendi: o agradecimento do povo indígena ao Papa

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Cidade do México (RV) – Na última segunda-feira, no quarto dia da visita ao México, o Papa Francisco foi a San Cristóbal de Las Casas, onde celebrou a Santa Missa com as comunidades indígenas de Chiapas. 

Este Estado, o mais meridional dos Estados mexicanos permanece ainda hoje, apesar de seus grandes recursos naturais, um dos menos desenvolvidos, com uma grande pobreza e analfabetismo. 36% de seus habitantes fala exclusivamente a sua própria língua indígena. Por isso, o Papa entregou um documento que autoriza o uso da língua local nas celebrações eucarísticas

Sobre a visita a Rádio Vaticano conversou com o Arcebispo de San Cristóbal de Las Casas, Dom Felipe Arizmendi.

P. Dom Arizmendi, o Papa dedicou grande atenção aos indígenas. As comunidades locais, como acolheram isso?

R. Os povos indígenas, os povos aborígenes, os originários como queiram chamar, foram visitados pelo Papa Francisco não somente de Chiapas mas também de outras partes do México, e também de uma forma no seu coração, todos os povos aborígenes da América Latina. Este foi um presente de Deus, uma carícia da misericórdia de Deus a esses povos desprezados, esquecidos, marginalizados. Como receberam a sua mensagem... como uma fortaleza para o seu coração, eles mesmos disseram, nos sentimos animados a seguir avante. Obrigado por nos dizer que somos importantes, que valemos, que não somos objetos. O Papa também quis expressar que devemos pedir perdão aos povos, porque muitas vezes foram desprezadas suas culturas, e nossos povos, nativos, originários, aborígenes, como queiram chamar os indígenas, valorizaram muito a presença do Papa que aceitou almoçar com os indígenas e não com cardeais e políticos, esse foi um valor muito evidenciado, que a leituras e os textos e os cantos foram feitos nos idiomas próprios, isso é algo ao qual foi dada muita importância, e damos graças a Deus por essa visita do Papa.

P. A Igreja mexicana está preparada para enfrentar os desafios apresentados pelo Papa?

R. O Papa na sua visita ao México nos fez muitas propostas, recomendações, muitos desafios. Em particular referentes à enculturação da Igreja nas comunidades indígenas. Defender os direitos dos povos, defender a mãe terra, são desafios aos quais estamos preparados para enfrentá-los. Vamos trabalhando. Eu não poderia dizer que somos uma Igreja que responde perfeitamente aos desafios que o Papa nos apresenta, mas nos esforçamos em responder. E neste caso concreto da proximidade aos povos indígenas, nós vivemos com eles, esta é a nossa vida ordinária, o que fazemos de modo ordinário. Não é porque o Papa disse que agora vamos trabalhar, não. Ele veio nos animar a seguir avante, porque ele sabe que já trabalhamos nisso, estamos preparados, estamos trabalhando, não somente nesta Diocese de San Cristóbal. Em muitas partes da nossa América Latina se fazem esforços para responder a essa pastoral com os povo originários. O Papa também nos animou ao nos dizer que a aprovação dos textos litúrgicos de agora em diante não dependerá tanto das instâncias superiores das Congregações vaticanas mas sim das próprias conferências episcopais que estão mais próximas das realidades dos povos. E isso nos animou muito. Ele veio entregar um decreto de aprovação da língua náhuatl, que é a que mais se fala no México, como um idioma litúrgico, e isso nos anima a todos. E que devemos seguir por esse caminho de proximidade às comunidades indígenas. Que o Espírito Santo nos faça sermos fiéis e que essa Quaresma que estamos vivendo seja um tempo de conversão, para que todos em Roma, na Europa, ou em qualquer outra parte, e no México também, nos aproximemos mais destes povos originários, que têm culturas milenares, quais têm muita sabedoria e muita presença de Deus. (SP) 

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Papa aos mexicanos nos EUA: nenhuma fronteira pode nos separar

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Cidade do Vaticano (RV) – Ao final de sua homilia na Missa de encerramento da Viagem Apostólica ao México, o Papa Francisco, ao abordar o fenômeno global das migrações forçadas, condenou as graves injustiças perpetradas contra milhares de migrantes que fogem da pobreza e violência e, com frequência, acabam nas mãos de traficantes de seres humanos.

 

“Aqui em Ciudad Juárez concentram-se milhares de migrantes da América Central e de outros países, sem esquecer tantos mexicanos que procuram também passar para 'o outro lado'. Uma passagem, um caminho carregado de injustiças terríveis: escravizados, sequestrados, objetos de extorsão, muitos irmãos nossos acabam vítimas do tráfico humano”, recordou Francisco.

Mais de 200 mil pessoas acompanharam a homilia do Papa em Ciudad Juarez. Outras 30 mil também puderam participar da celebração por meio de uma transmissão ao vivo projetada no Estádio da Universidade do Texas, no lado estadunidense da fronteira, em El Paso.

“Graças à ajuda da tecnologia, podemos rezar, cantar e celebrar juntos este amor misericordioso que o Senhor nos dá, e que nenhuma fronteira poderá nos impedir de compartilhar. Obrigado irmãos e irmãs de El Paso, por nos fazer sentir uma só família e uma mesma comunidade cristã”.

Antes do início da celebração, o Papa abençoou, às margens do Rio Bravo - que delimita a fronteira -, cruzes que lembram os que perderam a vida na tentativa de atravessar a fronteira entre o México e os Estados Unidos.

(RB)

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No México são mais de 27 mil os desaparecidos

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Cidade do Vaticano (RV) – Através dos jesuítas, os pais dos 43 estudantes desaparecidos em Ayotzinapa fizeram chegar uma carta ao Papa Francisco.

Fontes próximas ao encontro entre os jesuítas e o Santo Padre, realizado no início da noite do último domingo, 14, na Nunciatura Apostólica em Cidade do México, confirmaram – segundo a imprensa local – que o tema dos direitos humanos foi abordado no encontro.

Os jesuítas entregaram um documento elaborado pelos pais dos estudantes desaparecidos, que o Papa teria lido e se emocianado, destacaram as fontes.

Consultado sobre o tema, o advogados dos pais dos jovens desaprecidos, Vidulfo Rosales, reconheceu a existência da carta, porém, indicou que não podia dar nenhum detalhe sobre o seu conteúdo.

Os pais dos desparecidos esperavam um encontro com o Papa, mas o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi, afirmou que o Papa durante a viagem não manteria encontros privados com grupos específicos de vítimas da violência pois todos, disse, são bem-vindos à missa em Ciudad Juárez.

Assegurou que todos os encontros do Papa têm significado em âmbito nacional.

São mais de 27 mil os desparecidos no México, destacou Padre Lombardi, e o Papa deseja falar com todos.

“O Papa deseja fazer memória das vítimas da violência em conjunto, e todos os grupos que desejam vir podem vir, mas o Papa não pode manter encontros particulares”, reiterou Pe. Lombardi.

Durante a última coletiva de imprensa em Cidade do México na noite de terça-feira, os jornalistas perguntaram a Pe. Lombardi se o tema dos desaparecidos de Ayotzinapa fora abordado no encontro do Papa com os jesuítas, o porta-voz vaticano respondeu: “não tenho que dar informações sobre encontros privados do Papa. Se as pessoas que participam dão informações é um problema deles. Minha tarefa não é dar informação sobre o que o Papa diz com as pessoas em encontros privados, finalizou. (SP)

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Missão cumprida: a Rádio Vaticano com o Papa no México

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Cidade do Vaticano (RV) – A equipe do Programa Brasileiro da Rádio Vaticano encerra a cobertura especial da Viagem Apostólica do Papa Francisco ao México. Ao todo, foram 11 transmissões extraordinárias. Na Cidade do México, nosso enviado especial acompanhou de perto os passos do Papa Francisco que, em sua primeira visita à terra de Nossa Senhora de Guadalupe, foi como peregrino de paz e misericórdia.

Abaixo, disponibilizamos os links para o conteúdo especial produzido ao longo da cobertura, entre 12 e 18 de fevereiro.

Sexta-feira, 12 de fevereiro

Havana, Cuba

1ª Parte 16h45  – Encontro do Papa e do Patriarca de Moscou e todas as Rússias 

(VídeoTexto)

 2ª Parte 19h55

(Vídeo – Texto)

Sábado, 13 de fevereiro

Cidade do México (CDMX)

14h – Encontro com as Autoridades, Sociedade Civil e Corpo Diplomático

(ÁudioVídeoTexto)

15h – Encontro com os Bispos

(VídeoTexto)

20h45 – Santa Missa na Basílica de Guadalupe

(ÁudioVídeo – Texto)

Domingo, 14 de fevereiro

Ecatepec

15h – Santa Missa

(ÁudioVídeoTexto)

Cidade do México (CDMX)

21h30 – Visita ao Hospital Pediátrico “F. Gomez”

(ÁudioVídeoTexto)

 

Segunda-feira, 15 de fevereiro

San Cristóbal

14h – Santa Missa com as comunidades indígenas de Chiapas

(ÁudioVídeoTexto)

Tuxtla-Gutiérrez

20h – Encontro com as famílias

(ÁudioVídeoTexto)

 

Terça-feira, 16 de fevereiro

13h45 – Morelia

Santa Missa com sacerdotes, religiosos, consagrados e seminaristas

(ÁudioVídeoTexto)

20h15 – Morelia

Encontro com os jovens

(Áudio – VídeoTexto)

 

Quarta-feira, 17 de fevereiro

Ciudad Juárez

15h15 – Visita à Penitenciária Estatal

(ÁudioVídeoTexto)

16h45 – Encontro com o mundo do trabalho

(Áudio VídeoTexto)

20h45 – Santa Missa

(Áudio – Vídeo – Texto

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Dr. Gasbarri despede-se das viagens pontifícias

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Cidade do Vaticano (RV) – A visita do Papa Francisco ao México marcou a despedida do Dr. Alberto Gasbarri das viagens papais ao exterior e na Itália. Responsável pela organização das viagens em três pontificados, o Diretor Administrativo da Rádio Vaticano se aposenta, após completar 70 anos. Ele será substituído pelo colombiano Monsenhor Mauricio Rueda Beltz, a partir de 1º de março.

Foi o próprio Francisco a antecipar aos jornalistas presentes no voo da Alitália rumo à Cuba - primeira etapa da viagem - que poderia ser organizada uma “festinha” de despedida e de agradecimento ao Dr. Alberto Gasbarri no retorno a Roma. De fato, a coletiva no avião com o Pontífice foi concluída com uma homenagem por parte dos jornalistas presentes no voo, com direito até mesmo a uma torta.

Num clima descontraído, o Dr. Alberto recebeu de presente, inicialmente, um pequeno avião da Aeroméxico, visto que “passou meia vida com a Alitalia, e portanto, como terá bastante tempo para brincar, compramos para ele um brinquedo, e esta é a parte da brincadeira”, disse uma jornalista. Após, o “presente sério”, que consistia de um photobombing com imagens da EBU, do L’Osservatore Romano e outras fontes, trazendo os momentos mais históricos e importantes das viagens.

Antes de dar a palavra ao Dr. Alberto, o Santo Padre disse: “Uma só palavra. Também eu repito aquilo que foi dito no início: muito obrigado! E me deu bons conselhos. Somente, tem um defeito: não sabe calcular bem a quilometragem”. 

O Diretor Administrativo da Rádio Vaticano, tomou a palavra agradecendo a homenagem:

“Obrigado, Santo Padre, agradeço a todos os colegas. Estou emocionado neste momento. Naturalmente, agradeço ao Papa Francisco pela sua confiança e a sua paciência. Conto para vocês uma pequena história. Em novembro estávamos na África, em Bangui, e o Santo Padre deveria encontrar os bispos, e eu vejo que vai até a capela onde não estavam os bispos. Digo: “Mas, Santo Padre, deves encontrar os bispos....”. E ele me respondeu: “Vou à capela para rezar a Nossa Senhora para que me dê paciência de suportar Gasbarri”. Assim (risos). Agora libertei ele de uma intenção de oração…. (risos). Obrigado Santo Padre; obrigado por tudo. Normalmente, o meu pensamento de gratidão vai para o Papa Bento com o qual ainda tenho uma relação de afeto e devoção e naturalmente a São João Paulo II, ao qual dei 27 anos, o melhor  da minha vida – era jovem! – e sou também tão afeiçoado a ele. O último agradecimento para o Cardeal Tucci, que eu chamo ainda “pai”, porque foi para mim um pai”.

Mas, quem deu início às homenagens, foi a decana das jornalistas, que assim se pronunciou:

“Vamos procurar ter uma boa relação... Realmente, gosto muito de brincar, o senhor sabe. Porém, neste momento, não consigo, porque me entristece muito a ideia de que na próxima viagem não teremos Alberto e não me vem nada de espirituoso para dizer, pois é uma daquelas pessoas que é impossível pensar em não ver ao seu lado, nos próximos meses. A primeira vez que o vi, há 37 anos, o senhor tinha mais cabelo, era um pouco mais magrinho, mas era exatamente a mesma pessoa. Eu o chamaria “o senhor dos céus”, é a expressão que me ocorre. É um gentleman de outros tempos, não somente pelo casaco e a sua roupa impecável, mas passamos por tantas coisas. Ele esteve a serviço – como se diz na Igreja – de três papa; houve tantos momentos difíceis, aterrissagens de emergência, países em guerra.... Nunca o vi levantar uma sobrancelha sequer, nunca uma palavra desnecessária, nunca um momento de nervosismo, nunca uma descortesia com ninguém. Realmente, um senhor. É como um alfaiate: um grande alfaiate que preparou sob medida diversas viagens para três Papas. No início de João Paulo II, acredito que quando iniciou a colaborar com Padre Tucci depois da saída de Mons. Marcinkus, acredito que Mons. Marcinckus tenha dito a ele: “Olha, este é polonês, é um cabeça dura e tu vais ver de tudo”. E acho que tenha sido assim, no início. No final do pontificado, é verdade... – era um pouco como um filho: são somente organizava as viagens mas estava próximo a um homem que cada dia mais tinha limites físicos e ele inventou de tudo – trono móvel, plataforma móvel – e víamos com que sentimento, com que angústia, às vezes, era próximo a ele e era atento para que nada acontecesse, que estivesse bem. Depois, veio Papa Bento: ele, até ali era o “número dois”, digamos; em 2005, o Papa Bento o nomeia “número um” e acredito – não sei se me engano – e acredito que tenham sido talvez os oito anos mais tranquilos? Mais simples?, pois acredito que o Papa Bento XVI fosse mais humilde, mais organizado, não atrasava um minuto no protocolo, seguia tudo aquilo que Alberto dizia a ele, mais “dócil”, digamos assim. (risos). E depois....chegou um furacão, e acredito que Alberto teve que fazes um outro vestido e dizer: “Ó Deus, também este tem a cabeça dura”, penso. E mesmo assim, acredito que tenham chegado de novo a ter uma relação belíssima: fizemos todas estas viagens, todas, com João Paulo II, com Bento, com o senhor, sob medida realmente para cada um de vocês porque finalmente – como o senhor disse – cada Papa é um homem: tem os seus gostos, tem os seus ritmos, tem as suas prioridades e acredito que ele tenha conhecido interpretar todos os três da melhor maneira e sempre com uma gentileza, uma pacatez, uma educação e uma eficiência realmente extraordinários. Portanto, realmente me dá muita tristeza que na próxima viagem tu não estarás”. (JE)

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Bispos EUA com o Papa: a fé é mais forte que as barreiras

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El Paso (RV) - “O mundo é muitas vezes dividido pela cultura, condições econômicas, pela política e barreiras, mas “o Papa nos diz que a nossa fé, oração e amor por Jesus são maiores do que aquilo que pode nos dividir”. Foi o que disse o Presidente da Conferência Episcopal dos Estados Unidos (Usccb), Dom Joseph Edward Kurtz, sobre a visita que o Papa Francisco realizou em Ciudad Juárez, nesta quarta-feira (17/02), no confim entre México e Estados Unidos, ponto dramático da onda de migração que envolve todo o continente.

O prelado, que ontem se encontrava entre os fieis estadunidenses que de El Paso acompanharam a celebração do Papa ao longo do confim entre os dois países, convidou os fieis a rezarem juntos como “uma só Igreja”. “O pontífice está nos pedindo para olhar os nossos irmãos e irmãs, ao norte e ao sul, como companheiros da peregrinação rumo a Cristo. Sentimos esta unidade profunda e este sentido de solidariedade de modo especial quando o Papa rezou no confim pelas pessoas que morreram”, sublinhou Dom Kurtz.

Para o presidente dos bispos estadunidenses, “cada Igreja local  carrega uma herança cultural preciosa” que o Papa Francisco descreveu como “recurso que merecem ser partilhados”. Neste sentido, “a visita é para nós outra oportunidade para aprender a partilhar esta diversidade e ao mesmo tempo nos recorda que somos uma só Igreja nos Estados Unidos. A nossa fé nos reúne no único corpo de Cristo, sob a proteção materna de Nossa Senhora de Guadalupe”.

A Conferência Episcopal dos Estados Unidos enviou como representantes para a visita do Papa ao México dois bispos que guiam dioceses na fronteira com o país latino-americano. O Arcebispo de Brownsville, Dom Daniel E. Flores, no Texas, e Dom Oscar Cantù, Bispo de Las Cruces, no Novo México. (MJ)

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Pregações da Quaresma no espírito do Concílio

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Cidade do Vaticano (RV) – “O Concílio Vaticano II, cinquenta anos depois. Uma revisitação do ponto de vista espiritual”, é o tema das pregações da Quaresma 2016 para a Cúria Romana, a cargo do frei capuchinho Raniero Cantalamessa. O primeiro encontro será esta sexta-feira, 19, na Capela Redemptoris Mater, na presença do Papa Francisco.

Concílio Vaticano II, 50 anos depois

O pregador da Casa Pontifícia explicou ao L’Osservatore Romano que o 50º aniversário de conclusão do Concílio Vaticano II “é também a circunstância que inspirou no Papa Francisco a ideia do Ano Jubilar da Misericórdia”. Já no período de Advento, o Pregador da Casa Pontifícia havia dedicado as meditações da sua pregação no Vaticano à Constituição Conciliar Lumen gentium (compiladas no livro “Dois pulmões, um único respiro. Oriente e Ocidente diante dos grandes mistérios da fé”, editado pela LEV). Para esta Quaresma foi proposto seguir nesta mesma linha, “colhendo – esclarece – alguns aspectos mais espirituais dos outros documentos conciliares”, com o objetivo também “de revisitar o Concílio à luz de seus frutos às vezes “inesperados”, como os definiu Bento XVI na sua última carta para a Quinta-feira Santa”.

Papa e Kirill

Nas pregações, encontrarão espaço também alguns temas de atualidade, como o recente encontro em Cuba entre o Papa Francisco e o Patriarca Kirill. Um acontecimento que será inserido “no contexto dos frutos do decretos sobre o ecumenismo”. O motivo - como explica o religiosos - é que “dediquei toda a pregação da Quaresma passada às relações entre a Igreja Católica e a ortodoxia”.

500 anos da Reforma

Em vista dos 500 anos da Reforma protestante, celebrado em 2017, o capuchinho dedicará uma meditação precisamente sobre o problema da unidade dos cristãos, comentando a Unitatis redintegratio. Uma tentativa de falar sobre o diálogo com outro grande interlocutor da Igreja Católica no compromisso ecumênico, ou seja, a comunidade da Reforma. Não faltará uma referência ao Documento conciliar Sacrosanctum concilium, sem entrar, no entanto, nos problemas advindos das reformas litúrgicas.

A Liturgia do Espírito

Padre Raniero Cantalamessa, fiel à linha das meditações, se ocupará daquilo que, na linha de Romano Guardini, “Joseph Ratzinger em seu livro chama “o espírito da liturgia””. Neste campo – observa o capuchinho – “a Constituição apresenta uma lacuna que será preenchida à luz dos desdobramentos que teve a teologia nos últimos anos, que diz respeito ao papel do Espírito Santo na Liturgia. Mais que do “espírito da liturgia”, falarei da “liturgia do Espírito”, isto é, do Espírito Santo como alma da liturgia.

Matrimônio e família

De fato, cada Constituição conciliar encontrará motivos de reflexão. O pregador se ocupará de cada documento, concentrando-se porém, sobre um aspecto particular, e evitando assim considerações genéricas. Em particular, inspirado na Gaudium et Spes, o Frei Cantalamessa que propor uma reflexão “sobre o matrimônio e família, à luz das grandes mudanças em andamento neste delicado campo da sociedade atual”. Não tratará, pelo contrário, de problemas pastorais específicos, sobre os quais, “depois dos dois Sínodos dos Bispos, somente o Papa tem o direito de acrescentar a sua palavra”. Um comentário será reservado, por outro lado, ao Ano Extraordinário da Misericórdia, que encontrará expressão em particular, na pregação da Sexta-feira Santa, enquanto “momento mais propício”, dado que a Igreja “celebra naquele dia o ápice da misericórdia de deus na história da salvação”. (JE/Osservatore Romano)

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Papa supera os 27 milhões de seguidores do twitter

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Cidade do México (RV) – Durante a viagem ao México, a conta Twitter do Papa @Pontifex superou os 27 milhões de seguidores.

Em vários tweet, Francisco expressa a sua gratidão pela acolhida recebida: “Me senti acolhido, recebido com afeto e esperança pelos irmãos mexicanos: obrigado por terem aberto as portas da vossa vida”. “Obrigado ao México e a todos os mexicanos. O Senhor e a Virgem de Guadalupe nos acompanhem sempre”.

O Papa também outros tweet  relacionados aos vários eventos vividos em Ciudad Juárez:

“A misericórdia de Jesus abraça todos e em todos os ângulos da terra: abra o teu coração!”.

“Jubileu da misericórdia significa aprender a não permanecer prisioneiro do passado, acreditar que as coisas possam ser diferentes”.

“Caros encarcerados, vocês experimentaram grandes dores, podem tornar-se profetas de uma sociedade que não gere mais violência e exclusão”.

“Todos nós devemos lutar para fazer sim que o trabalho seja uma instância de humanização e de futuro”.

“O lucro e o capital não são bens superiores ao homem, mas estão a serviço do bem comum”.

“Não esqueçam que a misericórdia de Deus é o nosso escudo e nossa fortaleza contra a injustiça, a degradação e a opressão”.

“São as lágrimas que podem gerar uma ruptura capaz de abrir-nos à conversão”.

Número de seguidores

O Papa é mais seguido no twitter pela língua espanhola (11.146.700), depois pelo inglês  (8.680.000), italiano (3.365.500), português (1.909.000), polonês (566.700), francês (433.000), latim (419.300), alemão (299.200) e por fim o árabe (234.200).

Bento XVI que criou a conta @Pontifex em 12 de dezembro de 2012. (JE)

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O trabalho do Hospital Pediátrico 'Federico Gómez

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Cidade do Vaticano (RV) - O nosso hóspede no programa “O caminho da Misericórdia” de hoje é o Dr. José Alberto Garcia Aranda, diretor do Hospital Pediátrico ‘Federico Gómez’, em Cidade do México, visitado pelo Papa Francisco durante sua viagem apostólica a esse país que se concluiu nesta quinta-feira (18/02).

O nosso enviado Silvonei José conversou com ele.  

 

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Igreja no Brasil



Artigo: Eu cuido, tu cuidas, eles cuidam da Casa Comum

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Passo Fundo (RV) - O tema da Campanha da Fraternidade Ecumênica, devido a sua amplitude, requer um aprofundamento, por isso durante seu período vou me ocupar dele.

O objetivo geral da campanha é: Assegurar o direito ao saneamento básico para todas as pessoas e empenharmo-nos, à luz da fé, por políticas públicas e atitudes responsáveis que garantam a integridade e o futuro de nossa Casa Comum.

Esta é a quarta Campanha da Fraternidade Ecumênica, sendo que as outras aconteceram nos anos de 2000, 2005 e 2010. Ela é coordenada e realizada pelo CONIC – Conselho Nacional de Igrejas Cristãs – composto pelas seguintes Igrejas: Católica Apostólica Romana, Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, Episcopal Anglicana do Brasil, Presbiteriana Unida do Brasil, Sirian Ortodoxa de Antioquia.

Considerando que a terra é casa comum de todos os povos e continentes, esta Campanha está sendo realizada com a Igreja Católica da Alemanha, através da Misereor. A Miserior é uma organização dos bispos católicos alemães, que desde 1958, colabora com projetos sociais de países mais pobres.

O objetivo principal é contribuir para que seja assegurado o direito essencial de todos ao saneamento básico. A urgência do tema envolve a todas as pessoas individualmente, as Igrejas e as estruturas públicas.

A fé leva às obras e ao compromisso. A Campanha da Fraternidade Ecumênica é realizada à luz da fé. Por isso, rezamos o tema com a oração: Deus da vida, da justiça e do amor, Tu fizeste com ternura o nosso planeta, morada de todas as espécies e povos. Dá-nos assumir, na força da fé e em irmandade ecumênica, a corresponsabilidade na construção de um mundo sustentável e justo, para todos. No seguimento de Jesus, com a Alegria do Evangelho e com a opção pelos pobres. Amém!

Dom Rodolfo Luis Weber

Arcebispo de Passo Fundo

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Igreja na América Latina



Bispo colombiano denuncia sofrimento dos indígenas

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Bogotá (RV) - “A classe política deve entender que o seu primeiro dever é garantir o bem integral da população.” Foi o que disse o Bispo de Riohacha, Colômbia, Dom Héctor Ignacio Salah Zuleta, numa entrevista à emissora “Blu Rádio” sobre o abandono em que se encontra a comunidade indígena Wayuu, no Estado de La Guajira. 

Multinacionais

“O problema não são somente as multinacionais. Nós, como Igreja, administramos vários colégios que são um recurso para a formação do povo Wayuu. Numa dessas estruturas passa a tubulação que leva o gás até Neiva, mas aqui para nós nada”, disse o prelado segundo o jornal da Santa Sé, L’Osservatore Romano.

Segundo o bispo, este é somente um pequeno exemplo do que acontece na região. Outras fatos pioraram a crise, como o fechamento da fronteira com a Venezuela. “A seca é outro fator que está afetando seriamente a nossa população. Não se pode cultivar a terra como sempre se fez, e isso causa graves consequências para a colheita”, acrescentou Dom Zuleta.

Indígenas, vítimas da fome

Os membros da comunidade Wayuu, residentes em grande parte na península semiárida de Guajira, no extremo norte da Colômbia, são obrigados a enfrentar a fome, desnutrição e sede. 

Nos meses passados, no rio que atravessa a região foi construída uma barragem e suas águas foram privatizadas para favorecer a extração do carvão e agricultura industrial. 

Os Wayuu são o maior grupo indígena da Colômbia e formam quase 45% da população no Estado de La Guajira. (MJ)

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Atualidades



Quem são as 'Siervas' que cantaram para o Papa

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Cidad Juarez (RV) – As ‘Siervas’ são um grupo de 12 religiosas com integrantes do Peru, Chile, Argentina, Filipinas, China, Japão, Equador e Venzuela.

Com 2 CDs publicados, a banda já fez outros concertos na América Latina, mas certamente a apresentação em Ciudad Juarez, antes da missa, foi considerada a mais importante da ‘carreira’. A fama chegou em 2015 depois de um vídeo no Youtube - "Confía en Dios" – visto por mais de 270 mil pessoas, que serviu de imã para todo o repertório.

O vídeo é rodado no heliporto do alto de um arranha-céu (recalcando o famoso evento dos Beatles no prédio em Londres, em 1969) onde as monjas  da banda tocam instrumentos clássicos e de rock e cantam sua cativante melodia vestidas com hábitos religiosos.

De fenômeno local à apresentação para o Papa

“Publicamos nosso vídeo no Youtube há apenas alguns meses e não podíamos imaginar esta popularidade”, disse à CNN irmã Mônica, uma das líderes do grupo. “Um sacerdote mexicano viu o clipe e nos enviou uma mensagem: ‘Venham ao México’; assim, nós viemos!”.

Sonoridade que conquista todos

O mix sonoro, que une instrumentos de rock e hinos religiosos, conquista católicos e não católicos, que somam 300 mil amigos no Facebook.

“O Senhor sempre está presente em nossas vidas, inclusive nos tempos difíceis”, disse a irmã Andrea, a pianista. “Creio que nosso vídeo é uma mensagem universal, que conectou as pessoas”.

Já a irmã Cindy, que toca o baixo, destaca que “nossa fé fala por nós; e é o que quisemos transmitir ao Papa e aos jovens ao redor do mundo”.

Evangelizar e fazer caridade

Durante a ‘turnê’ mexicana, as irmãs realizaram também trabalho de caridade em refeitórios da Caritas, paróquias e em escolas de várias cidades.

Todas as fotos e vídeos podem ser conferidos em suas contas no Twitter Facebook.  

(CM)

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"Pedofilia não é só pecado: é crime"

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Cidade do Vaticano (RV) –  'Spotlight' - Segredos Revelados, filme do cineasta Tom McCarthy, nas telas italianas a partir de 18/02, continua acendendo debates. Depois que os membros da Pontifícia Comissão para a Tutela de Menores o viram em uma projeção particular no último dia 4, o filme candidato a 6 prêmios Oscar foi visto também por Dom Charles Scicluna, arcebispo de Malta e  juiz da Congregação para a Doutrina da Fé de 2002 a 2012, anos em que emergiram publicamente os casos de pedofilia na Igreja. 
  

A obra narra a investigação com a qual, entre 2001 e 2002, o cotidiano ‘Boston Globe’ (premiado com o Pulitzer de Serviço Público em 2003) revelou os abusos sexuais em menores praticados por sacerdotes daquela arquidiocese estadunidense.  

Em declarações ao jornal italiano La Repubblica, Dom Scicluna defende que “todos os bispos e cardeais precisariam assistir este filme, porque devem entender que é a denúncia que salvará a Igreja, e não a conivência... O filme mostra que o instinto, infelizmente presente na Igreja, de proteger a boa fama, era totalmente errado. Não há misericórdia sem justiça”. 

O Promotor de Justiça da época de Bento XVI, que coadjuvou o Pontífice alemão na ação contra padres pedófilos, recorda: “Ratzinger nos disse que o fenômeno não deveria ser visto simplesmente como um pecado, mas como um delito e um crime”.

“Todas as sextas-feiras, o Papa emérito presidia uma reunião, dita 'Congresso', em que os casos eram explicados e os processos abertos. Todos viam o seu sofrimento; às vezes ele nem conseguia falar. Ficava indignado e profundamente abalado. Em 2005, meditando na Via Sacra, no Coliseu, denunciou a ‘sujeira’ existente na Igreja”.

(CM)

 

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