Noticiário da Rádio Vaticano Noticiário da Rádio Vaticano
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Sumario del 24/02/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Audiência: Papa pede que políticos corruptos se convertam

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Cidade do Vaticano (RV) – Cerca de 20 mil fiéis participaram esta quarta-feira (24/02) da Audiência Geral com o Papa Francisco. Ao fazer seu ingresso na Praça S. Pedro a bordo do papamóvel, o Pontífice cumprimentou com afeto os peregrinos, entre eles inúmeros brasileiros.  

Em sua catequese, Francisco deu sequência ao ciclo sobre o Jubileu, falando desta vez da misericórdia na Sagrada Escritura.

Em vários trechos, explicou, se fala de poderosos e reis, homens que estão “no alto”. A riqueza e o poder são realidades que podem ser boas e úteis ao bem comum se colocadas a serviço dos pobres e de todos. Mas com frequência, quando vividos como privilégio, com egoísmo e prepotência, se transformam em instrumentos de corrupção e morte. E o Papa citou como exemplo o episódio descrito no Livro dos Reis, da vinha de Nabot.

No capítulo 21, o Rei de Israel, Acab, quer comprar a vinha de um homem, Nabot, que fica ao lado do palácio real. Diante da rejeição de Nabot de vender sua propriedade, a mulher do Rei, Jezabel, elabora um plano para eliminar Nabot, transformando o poder real em arrogância e domínio.

“E essa não é uma história de outros tempos. É uma história atual, dos poderosos que, para ter mais dinheiro, exploram os pobres, exploram as pessoas. É a história do tráfico de pessoas, do trabalho escravo, das pessoas que trabalham na informalidade, com o mínimo, para enriquecer os poderosos. É a história dos políticos corruptos, que querem sempre mais e mais.”

“Eis até onde leva o exercício de uma autoridade sem respeito pela vida, sem justiça e misericórdia. Eis até onde leva a sede de poder: transforma-se numa cobiça que nunca se sacia”, acrescentou o Papa.

Contudo, Deus é maior do que a maldade e o jogo sujo feito pelos seres humanos. Na  sua misericórdia, Deus envia o profeta Elias para ajudar Acab a se converter. O Rei entende o seu erro e pede perdão.

“Que bonito seria se os poderosos e os exploradores de hoje fizessem o mesmo.”

O Senhor, por sua vez, aceita o arrependimento do Rei, mas um inocente foi morto e a culpa cometida terá consequências inevitáveis. De fato, o mal realizado deixa seus rastros dolorosos, e a história dos homens carrega as feridas.

Neste caso, prosseguiu Francisco, a misericórdia mostra o caminho a ser percorrido:

“Ela pode sanar as feridas e mudar a história. Mas abra o seu coração à misericórdia. A misericórdia divina é mais forte do que o pecado dos homens, este é o exemplo de Acab. Nós conhecemos o poder de Deus quando nos recordamos da vinda do seu Filho, que se fez homem para destruir o mal com o seu perdão".

Jesus Cristo é o verdadeiro rei, concluiu o Pontífice, mas o seu poder é completamente diferente. "O seu trono é a cruz. Ele não mata. Pelo contrário, dá a vida". (BF)

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”O amor antes do mundo”, primeiro livro de um Papa para as crianças

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Cidade do Vaticano (RV) – O que Deus fazia antes de criar o mundo? O que acontece com nossos familiares depois da morte? Qual é a escolha mais difícil que o Papa teve que fazer na sua missão?”. Estas são algumas das perguntas respondidas pelo Papa Francisco no livro ”O amor antes do mundo”, nas livrarias italianas a partir de 25 de fevereiro. O livro - com as respostas às 31 cartas escritas por crianças de todo o mundo - foi inspirado e desejado pela “Loyola Press”, a Editora da Companhia de Jesus nos Estados Unidos, e realizado graças à interferência do Padre Spadaro SJ, que levou até o Papa as perguntas das crianças e recolheu as respostas. “É bonito responder às perguntas das crianças, mas gostaria de tê-las aqui comigo, todas! Seria belíssimo. Mas sei também que este livro de respostas chegará às mãos de tantas crianças em todo o mundo e fico feliz por isto”, escreveu Francisco

Sobre a importância desta pequena obra, a Rádio Vaticano entrevistou o Diretor editorial da “Loyola Press”, Padre jesuíta Paul Campbell, Diretor editorial da “Loyola Press”:

“Um grupo de nossos editores estava participando de um encontro e uma das ideias foi: “Não seria maravilhoso se o Santo Padre, o Papa Francisco, escrevesse um livro para as crianças? Sim, seria um ideia maravilhosa, mas como se poderia chegar até o Santo Padre para propor a ele esta ideia?”. Bem, aconteceu. Eu conheço, de fato, o Padre Antonio Spadaro, o Diretor da “Civiltà Cattolica”. E Antônio Spadaro, depois de ter falado com o Papa, nos disse: “O Santo Padre amaria escrever o livro e quer saber quando poderá ter as cartas das crianças". Assim, nós logo começamos o trabalho de recolher as cartas das crianças de todo o mundo. Tínhamos necessidade e queríamos crianças de todo o mundo, quer cristãs ou não”.

RV: O Papa Francisco disse uma vez que as perguntas mais difíceis que lhe haviam sido feitas foram por parte de crianças. É muito interessante esta perspectiva....

“Um dos aspectos que descreve este livro é que “as crianças pequenas tem grandes perguntas”. Ryan do Canadá, não-cristão, pergunta: “O que fazia Deus antes de criar o mundo?”, que é uma pergunta realmente profunda. Luca da Austrália: “A minha mãe morreu, crescerão nela asas de anjos?”. O Santo Padre disse: “As perguntas das crianças levam-nos  a grandes questionamentos”. Portanto, sim, são perguntas feitas por crianças pequenas, mas são muito, muito profundas. E o Santo Padre foi muito claro: é terrivelmente difícil responder a estas perguntas!”

RV: Como editor deste livro, na versão em inglês - cujo título é “Dear Pope Francis” – quais são as expectativas, pensando nos leitores adultos e crianças deste livro?

“Esta é a primeira vez que um Papa escreveu um livro para crianças. Mas este não é somente um livro para crianças, porque as crianças fazem perguntas tão profundas. O Santo Padre responde não somente às crianças, mas aos seus pais, aos seus avós e a todos aqueles que as amam. A mensagem do Papa é uma mensagem toda de misericórdia, compaixão, esperança e amor. E no nosso mundo, hoje, cada pessoa tem necessidade de escutar uma mensagem de amor. E a minha esperança para o livro é que a mensagem do Papa alcance o maior número de pessoas possível”. (JE)

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Pe. Lombardi: Os meus 25 anos na Rádio Vaticano

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Cidade do Vaticano (RV) - O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, depois de 25 anos de serviço deixa a Rádio Vaticano. O jesuíta chegou à emissora, em 1990, como diretor dos programas. Em 2005, foi nomeado diretor-geral. Os superiores, em 2001, confiaram-lhe o Centro Televisivo Vaticano (CTV) e, desde 2006, a direção da Sala de Imprensa da Santa Sé, cargo que ainda exerce. 

Entrevistado pela nossa emissora, Pe. Lombardi repercorre os seus 25 anos passados na Rádio Vaticano. 

Pe. Lombardi: “Quando vim à Rádio Vaticano não conhecia diretamente o mundo vaticano, mas antes de ser provincial dos jesuítas italianos fiquei mais de dez anos na revista Civiltà Cattolica e como para outros jesuítas antes de mim, penso em particular nos diretores Padres Martegani e Tucci, esta foi uma ótima escola preparatória para enfrentar as questões da informação e comunicação em sintonia com o serviço do Papa e da Santa Sé. Além de acompanhar com  continuidade e de perto as atividades do Papa como eu nunca tinha feito, para mim as novidades mais fascinantes foram o horizonte mundial da atividade de informação da Rádio e a grande internacionalidade da comunidade de trabalho, com pessoas de 60 nacionalidades, com culturas, línguas e alfabetos muito diferentes. Além disso, tive de me acostumar a um gênero de expressão diferente: não mais longos artigos muito documentados, mas trechos breves a serem ditos em um ou dois minutos. Uma expressão mais sintética e mais clara possível. Nisto acredito que a minha formação matemática tenha me ajudado um pouco. Nos primeiros 15 anos, de 1991 a 2005, fui diretor dos programas, e o aspecto prevalente foi a atenção aos conteúdos de informação e a grande proximidade à vida das redações e às muitas pessoas que as constituem. Relações humanas muito intensas e profundas, sobretudo com os redatores, mas também com os técnicos com os quais me relacionava frequentemente não obstante eles não dependessem diretamente de mim. Digo que este foi o período mais feliz em que pude me dedicar plenamente à missão da Rádio Vaticano, desde de manhã até à noite, praticamente todos os dias, quase sem interrupção.”

A seguir, o senhor teve também outras tarefas...

Pe. Lombardi: “É verdade. Desde 2001, os superiores por várias circunstâncias me confiaram também o CTV e em 2006, se acrescentou também a Sala de Imprensa da Santa Sé. Mas desde 2005, com a partida de Pe. Borgomeo, fui nomeado Diretor Geral, e esta em relação a antes era uma tarefa mais administrativa, que exigia menos proximidade contínua às pessoas, e num certo sentido também mais compatível às outras tarefas que tinham sido confiadas a mim e que naturalmente exigiam grande parte do meu tempo. Num dia normal, eu me dividia mais ou menos assim: de manhã cedo e à tarde na Rádio Vaticano, na metade da manhã ia à Sala de Imprensa e no final da manhã ao CTV. Tinha muita coisa para fazer, mas nunca pensei em pedir para deixar a Rádio Vaticano. É a missão para a qual os meus superiores religiosos me enviaram para servir o Vaticano. Sempre a considerei primeira e fundamental, e sempre me senti comprometido com a fidelidade ao serviço às pessoas que por primeiro tinham sido confiadas a mim. Naturalmente, procurei realizar com todo compromisso possível também as outras tarefas, muito importantes, mas a minha casa no Vaticano sempre foi a Rádio.”

Nesses anos não faltaram as dificuldades... 

Pe. Lombardi: “As dificuldades nunca faltaram. O tempo mais agitado, em relação à Rádio, foi o das discussões e acusações relativas à poluição eletrônica, por causa da atividade do Centro de Transmissão de Santa Maria de Galeria. A questão explodiu no final do Grande Jubileu, em janeiro de 2001, e ficou tensa durante vários meses, até o verão, depois continuou ainda por um longo tempo, mas com intensidade reduzida. Naturalmente, era difícil ser acusados, de maneira certamente injusta, de fazer mal, até mesmo de matar crianças; mas tínhamos a consciência tranquila e acredito que por isso, fomos capazes de viver a provação com responsabilidade, paciência, seriedade moral e competência científica.” 

Quais são os fatos que lhe deram mais alegria ou mais desgosto nesses anos?

Pe. Lombardi: “Os que me deram mais alegria foram os testemunhos de ouvintes que viviam situações difíceis e conseguiam nos enviar mensagens de gratidão pelo nosso serviço. Lembro-me de uma enfermeira voluntária leiga na Somália, sozinha num mundo de maioria muçulmana, que nos ouvia regularmente. Recordo-me as 40 mil cartas de gratidão que chegaram da Ucrânia no primeiro ano depois da queda do regime soviético. Os exemplos são muitos. Por outro lado, o maior desgosto que ainda carrego comigo foi o de não conseguir realizar um programa em língua hauça. Era muito pedido pelos bispos do norte da Nigéria, uma região que como sabemos hoje é palco de violência e tensões, onde age Boko Haram. Eu já tinha organizado, praticamente com custo zero, contando com colaborações voluntárias dos religiosos nigerianos em Roma e contribuições realizadas num estúdio de rádio católica na Nigéria. Poderia ter sido ouvido bem e o único custo teria sido o da energia elétrica para a transmissão, não mais de 10 mil euros por ano, menos de 30 euros por dia. Já tínhamos feito a primeira transmissão e foi-me pedido para suspendê-lo, acredito por causa da preocupação de que a rádio não se alargasse. Para os nigerianos foi uma desilusão muito grande. Para mim foi uma decisão errada, contrária à compreensão de uma verdadeira necessidade humana e eclesial à qual se poderia dar uma resposta pequena, mas significativa, de atenção e apoio às populações pobres e que passam provações.”

Não obstante este insucesso, a Rádio Vaticano fez muito nesse sentido em sua história...

Pe. Lombardi: “Sim, este foi um caso típico de serviços que poderiam e podem ainda ser feitos com as ondas curtas e somente com elas. Este é o motivo  pelo qual nós, também eu pessoalmente, defendi insistentemente o uso até hoje e sou imensamente grato aos colegas do Centro de Santa Maria de Galeria que desempenharam sua tarefa com grande competência e dedicação, conservando a operacionalidade de seu Centro, em seu gênero um verdadeiro tesouro, com uma economia rigorosa. Naturalmente, para mim está claro que as tecnologias da comunicação abriram espaços novos muito importantes, e hoje vitais e preponderantes, aos quais é preciso absolutamente reorientar muitos recursos. Mas no DNA da Rádio Vaticano e de sua missão desde as origens e depois em particular no tempo da Igreja oprimida por totalitarismos, sobretudo comunistas, houve sempre o serviço dos cristãos oprimidos, dos pobres, das minorias em dificuldade, mais do que a sujeição absoluta ao imperativo da maximização da audiência. Naturalmente, a medida da audiência deve ter a consideração adequada, mas não é tudo. Espero que isto não seja esquecido no futuro no discernimento sobre os desenvolvimentos da comunicação vaticana. É um grande desafio: como manter realmente os pobres presentes e como combater a cultura do descarte no mundo novo da nova comunicação”.

O senhor concorda que uma reforma da comunicação vaticana era e é necessária, e que isto fará mudar profundamente a Rádio Vaticano na qual o senhor viveu?

Pe. Lombardi: “Certamente, a grande evolução na comunicação se impôs também para os meios de comunicação vaticanos e é por isso que a reforma era necessária e deve ser realizada com coragem, com consciência e apreço pela nova cultura e novas tecnologias que a caracterizam. Por isso, sobretudo nos anos noventa, fizemos na Rádio um grande esforço para entrar no mundo da comunicação digital e da multimídia, não pensamos somente na produção de programas de áudio, mas desenvolvemos um grande site multilinguista e a presença na rede em várias formas, incluindo, enfim, o uso intenso dos meios de comunicação sociais, passando da comunicação unidirecional para a interação. Tanto que quando festejamos o 75° aniversário da RV, em 2006, eu fiz passar o discurso que nós nos chamávamos ainda Rádio Vaticano, mas na realidade não éramos mais uma rádio no sentido estreito do termo, pois nos tornamos um centro importante de produção de informações e aprofundamentos multilinguista e multicultural que difundia o seu serviço com as tecnologias e as formas apropriadas para alcançar o público em várias partes do mundo. Como tinha feito Pio XI com Marconi, usando as tecnologias mais inovadoras do tempo, assim nós fazemos hoje. Na realidade eu amei o nome Rádio Vaticano que expressa uma grande história, mas nos tempos recentes senti este nome como uma armadilha, uma fonte de equívoco, porque deixava pensar que nós fossemos destinados a produzir somente programas de áudio para a difusão radiofônica tradicional e isto reforçava naturalmente as objeções dos críticos, que nos acusavam de gastar muito por uma atividade limitada e tradicional. Isto não era de fato verdade. Basta olhar o nosso site para entender. Em todo caso, acredito que seja hora de ir além do nome Rádio Vaticano para nos libertar do peso deste equívoco. Na reforma em andamento isto acontecerá naturalmente.”

O senhor vê bem a reforma em andamento?

Pe. Lombardi: “A reforma é certamente bem-vinda. Todas as vezes que me diziam que era preciso fazer análises e mudanças na Rádio Vaticano, por exemplo, nas famosas reuniões do ‘Conselho dos 15 cardeais para o estudo da situação econômica’, eu respondia que certamente eram sempre necessárias, mas que isso teria de acontecer no contexto de um exame e uma reforma global dos meios de comunicação vaticanos, porque eles vinham de uma história em que tinham nascido, sucessivamente e separadamente, como meios específicos, enquanto agora entramos no mundo da multimídia e da convergência digital. Portanto, estou perfeitamente de acordo que se proceda e me parece que a abordagem global adotada seja correta. É também justo que tenham a responsabilidade pessoas mais jovens que nós, mais abertas e mais convencidas da possibilidade do novo”.

Falou-se muito sobre as economias que a reforma deveria trazer...

Pe. Lombardi: É verdade, mas não se deve esquecer que o esforço para economizar não começa a partir de hoje. Na Rádio, desde 2003 foi implementado um plano regular de redução de pessoal, aproveitando sobretudo as mudanças tecnológicas, mas sem dispensar ninguém, o que comportou uma redução de cerca de 70 pessoas, mesmo conservando a substância da produção dos conteúdos informativos. Portanto, à parte a já prevista - e há tempos iniciada redução das atividades de transmissão em Onda Curta - e à parte certas incontestáveis possibilidades de economia consequente da racionalização e da boa coordenação de certas atividades, duvido que possam ser feitas economias radicais sem renunciar à atividades importantes. Em relação à Rádio, depois, ela  tem garantido uma notável quantidade de serviços diversos, que não se limitam somente à produção e à difusão radiofônica. Por exemplo: serviços de produção e difusão do áudio nas cerimônias e atividades vaticanas, documentação à serviço não somente das próprias redações, mas também mais amplamente das mídias vaticanas e não somente, representação do Vaticano no mundo das telecomunicações e dos broadcasters internacionais, interpretações e traduções em diversas línguas pedidas pela Secretaria de Estado, etc. Todos estes serviços podem ser reorganizados e redistribuídos no mais amplo contexto da reforma, mas caso não se queira eliminá-los, teremos necessidade de pessoas e instrumentos como antes, e em certos casos, também mais do que antes...E então, os custos continuarão a existir, mesmo se não serão mais imputados à “Rádio Vaticano”.... Insomma, não precisa iludir-se de poder fazer muito mais e melhor investindo menos recursos. A comunicação custa e continuará a custar, mas é justo e necessário continuar a investir nela, se não a reforma será forçada em uma gaiola muito restrita”.

O próximo passo da reforma prevê uma integração da Rádio Vaticano e do CTV. O senhor conhece o CTV, o que está previsto...?

Pe. Lombardi: “Estou muito contente por esta perspectiva, que é algo natural. Como você recordava, fui por mais de 11 anos Diretor também do CTV, que foi para mim como uma segunda família, depois da Rádio Vaticano. Naquele período, o meu mandato era de promover “sinergias”, mas nunca havia se pensado em uma integração. Portanto, procurei desenvolver a boa colaboração sem alterar a identidade distinta das duas entidades. Mas uma integração é – como eu dizia – natural. Quando se vê uma direta televisiva se veem imagens e se ouvem sons, as palavras do Papa. Até agora, no mesmo evento, as imagens são produzidas por uma instituição (o CTV) e os sons por uma outra (a Rádio). Estranho,  não? Não é por nada que em quase todos os países se fala de “Radiotelevisão”. Mas na realidade, em cada caso nós sempre colaborávamos lado a lado. Uma outra dimensão em que se trabalhou muito juntos foi a da presença na rede: assim os canais no Youtube, as Videonews dos eventos vaticanos, etc, foram desenvolvidos juntos. As pessoas se conhecem e estão habituadas a trabalhar juntas. Não haverá dificuldade em sentir-se mais estreitamente unidos. Faço somente uma consideração: a pequena dimensão do CTV do ponto de vista do número de pessoal, sempre lhe garantiu uma grandíssima agilidade de movimento, projetação e decisão. A “escala hierárquica” era curtíssima. Era, portanto, fácil decidir e agir... Um organismo mais complexo e grande pode ter algum risco de peso a mais. Acredito que um dos desafios da reforma seja o de integrar e coordenara os diversos entes midiáticos sem pesar e complicar. Desejo que se consiga fazer isto”.

Na sua opinião, quais são as principais heranças que a Rádio Vaticano entrega à nova realidade da comunicação vaticana?

Pe. Lombardi: “Eu diria duas, antes de tudo: uma cultural e uma humana. Do ponto de vista cultural, a Rádio desenvolveu e preservou na sua história uma excepcional riqueza de comunicação multilinguística e multicultural, para inculturar a mensagem dos Papas e da Igreja em muitas culturas diversas: quase 40 línguas, em cerca de 15 alfabetos diferentes, como se vê imediatamente ao olhar o site. Trata-se de uma experiência preciosa do ponto de vista eclesial; um laboratório de unidade na variedade: unidade da missão, variedade das línguas. Viver a Rádio é uma escola de universalidade católica. Considero que esta riqueza será conservada, e estou contente de que isto seja reconhecido também nas linhas da reforma. Penso que uma redução disto por motivo de economia, seria na realidade um verdadeiro empobrecimento da comunicação vaticana. Na realidade acredito que o sentido apurado da missionaridade da Igreja, possa-nos fazer encontrar outras vias para não reduzir a variedade, mas sim para enriquecê-la ainda mais. Temos um sinal recente disto com a abertura da nova página web coreana no site da Rádio, desejada por mim há muito tempo e por fim realizada sem despesas a mais de pessoal, graças ao apoio da Embaixada junto à Santa Sé e da Conferência Episcopal. Sou muito feliz que o Prefeito da Secretaria para a Comunicação e a Secretaria de Estado tenham acolhido com favor este projeto. Penso que nesta direção se possa e se deva continuara a abrir novos horizontes da nossa missão”.

 

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Patriarca da Igreja Ortodoxa Etíope encontrará Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) – O Patriarca da Igreja Ortodoxa  Etíope Tewahido, Sua Santidade Abuna Matthias I, estará em Roma de 26 a 29 de fevereiro para um encontro com Sua Santidade o Papa Francisco, segundo um comunicado do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. 

O encontro entre os dois líderes religiosos terá lugar no dia 29 de fevereiro, no Vaticano. O Patriarca também visitará o túmulo do Apóstolo Pedro e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos. No domingo, 28 de fevereiro, presidirá a divina liturgia com a comunidade etíope de Roma na Capela do Colégio Urbaniano. Abuna Matthias I foi eleito Patriarca em 28 de fevereiro de 2013.

Segundo uma antiga tradição, o primeiro grande evangelizador dos etíopes foi São Frumêncio, um sírio-greco-fenício nascido em Tiro. Frumêncio foi ordenado Bispo por Santo Atanásio de Alexandria, dirigindo-se mais tarde à Etiópia para promover a evangelização do país. Ele foi o primeiro Bispo de Axume e acredita-se que tenha introduzido o cristianismo no Império de Axum.

A Igreja Ortodoxa Etíope pertente à “família” das Igrejas Ortodoxas Orientais. Esta Igreja, única no gênero, manteve diversas práticas judaicas, como a circuncisão, o respeito pelas regras alimentares e a observância do shabbat do Sábado e do Domingo. A Liturgia etíope é de origem alexandrina (copta) e é influenciada pela tradição siríaca. A Liturgia foi sempre celebrada na antiga língua Ge’ez até tempos recentes. Atualmente uma tradução da liturgia em amharic moderno é cada vez mais usada nas paróquias. Prossegue na espiritualidade ortodoxa etíope uma forte tradição monástica. A Igreja conta hoje com mais de 35 milhões de seguidores. Também em Roma existe uma grande comunidade ortodoxa etíope.

As relações da Igreja Ortodoxa Etíope com a Igreja Católica são cordiais e estão se intensificando. O Patriarca anterior, Abuna Paulos, visitou o Papa João Paulo II em 1993 e Bento XVI em 2008. No início de 2009, à convite do Santo Padre, Abuna Paulos pronunciou-se na II Assembleia especial para a África, do Sínodo dos Bispos, sobre a situação do continente africano e sobre os desafios que as populações africanas devem enfrentar.

Como membro da “família” das Igrejas Ortodoxas Orientais, a Igreja Ortodoxa Etíope Tewahido participa oficialmente da Comissão Mista Internacional para o Diálogo Teológico entre a Igreja Católica e as Igrejas Ortodoxas Orientais. Em janeiro de 2012, o encontro da Comissão realizou-se em Addis Abeba, capital da Etiópia, presidido pelo Patriarca Abuna Paulos , que faleceu em 16 de agosto de 2012. (JE)

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Laudato Si: De 211 a 219

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Cidade do Vaticano (RV) - A conversão ecológica

211. Às vezes, porém, esta educação, chamada a criar uma «cidadania ecológica», limita-se a informar e não consegue fazer maturar hábitos. A existência de leis e normas não é suficiente, a longo prazo, para limitar os maus comportamentos, mesmo que haja um válido controle. Para a norma jurídica produzir efeitos importantes e duradouros, é preciso que a maior parte dos membros da sociedade a tenha acolhido, com base em motivações adequadas, e reaja com uma transformação pessoal. A doação de si mesmo num compromisso ecológico só é possível a partir do cultivo de virtudes sólidas. Se uma pessoa habitualmente se resguarda um pouco mais em vez de ligar o aquecimento, embora as suas economias lhe permitam consumir e gastar mais, isso supõe que adquiriu convicções e modos de sentir favoráveis ao cuidado do ambiente. É muito nobre assumir o dever de cuidar da criação com pequenas acções diárias, e é maravilhoso que a educação seja capaz de motivar para elas até dar forma a um estilo de vida. A educação na responsabilidade ambiental pode incentivar vários comportamentos que têm incidência directa e importante no cuidado do meio ambiente, tais como evitar o uso de plástico e papel, reduzir o consumo de água, diferenciar o lixo, cozinhar apenas aquilo que razoavelmente se poderá comer, tratar com desvelo os outros seres vivos, servir-se dos transportes públicos ou partilhar o mesmo veículo com várias pessoas, plantar árvores, apagar as luzes desnecessárias… Tudo isto faz parte duma criatividade generosa e dignificante, que põe a descoberto o melhor do ser humano. Voltar – com base em motivações profundas – a utilizar algo em vez de o desperdiçar rapidamente pode ser um acto de amor que exprime a nossa dignidade. 

212. E não se pense que estes esforços são incapazes de mudar o mundo. Estas acções espalham, na sociedade, um bem que frutifica sempre para além do que é possível constatar; provocam, no seio desta terra, um bem que sempre tende a difundir-se, por vezes invisivelmente. Além disso, o exercício destes comportamentos restitui-nos o sentimento da nossa dignidade, leva-nos a uma maior profundidade existencial, permite-nos experimentar que vale a pena a nossa passagem por este mundo.

213. Vários são os âmbitos educativos: a escola, a família, os meios de comunicação, a catequese, e outros. Uma boa educação escolar em tenra idade coloca sementes que podem produzir efeitos durante toda a vida. Mas, quero salientar a importância central da família, porque «é o lugar onde a vida, dom de Deus, pode ser convenientemente acolhida e protegida contra os múltiplos ataques a que está exposta, e pode desenvolver-se segundo as exigências de um crescimento humano autêntico. Contra a denominada cultura da morte, a família constitui a sede da cultura da vida».[149] Na família, cultivam-se os primeiros hábitos de amor e cuidado da vida, como, por exemplo, o uso correcto das coisas, a ordem e a limpeza, o respeito pelo ecossistema local e a protecção de todas as criaturas. A família é o lugar da formação integral, onde se desenvolvem os distintos aspectos, intimamente relacionados entre si, do amadurecimento pessoal. Na família, aprende-se a pedir licença sem servilismo, a dizer «obrigado» como expressão duma sentida avaliação das coisas que recebemos, a dominar a agressividade ou a ganância, e a pedir desculpa quando fazemos algo de mal. Estes pequenos gestos de sincera cortesia ajudam a construir uma cultura da vida compartilhada e do respeito pelo que nos rodeia.

214. Compete à política e às várias associações um esforço de formação das consciências da população. Naturalmente compete também à Igreja. Todas as comunidades cristãs têm um papel importante a desempenhar nesta educação. Espero também que, nos nossos Seminários e Casas Religiosas de Formação, se eduque para uma austeridade responsável, a grata contemplação do mundo, o cuidado da fragilidade dos pobres e do meio ambiente. Tendo em conta o muito que está em jogo, do mesmo modo que são necessárias instituições dotadas de poder para punir os danos ambientais, também nós precisamos de nos controlar e educar uns aos outros.

215. Neste contexto, «não se deve descurar nunca a relação que existe entre uma educação estética apropriada e a preservação de um ambiente sadio».[150] Prestar atenção à beleza e amá-la ajuda-nos a sair do pragmatismo utilitarista. Quando não se aprende a parar a fim de admirar e apreciar o que é belo, não surpreende que tudo se transforme em objecto de uso e abuso sem escrúpulos. Ao mesmo tempo, se se quer conseguir mudanças profundas, é preciso ter presente que os modelos de pensamento influem realmente nos comportamentos. A educação será ineficaz e os seus esforços estéreis, se não se preocupar também por difundir um novo modelo relativo ao ser humano, à vida, à sociedade e à relação com a natureza. Caso contrário, continuará a perdurar o modelo consumista, transmitido pelos meios de comunicação social e através dos mecanismos eficazes do mercado.

3. A conversão ecológica

216. A grande riqueza da espiritualidade cristã, proveniente de vinte séculos de experiências pessoais e comunitárias, constitui uma magnífica contribuição para o esforço de renovar a humanidade. Desejo propor aos cristãos algumas linhas de espiritualidade ecológica que nascem das convicções da nossa fé, pois aquilo que o Evangelho nos ensina tem consequências no nosso modo de pensar, sentir e viver. Não se trata tanto de propor ideias, como sobretudo falar das motivações que derivam da espiritualidade para alimentar uma paixão pelo cuidado do mundo. Com efeito, não é possível empenhar-se em coisas grandes apenas com doutrinas, sem uma mística que nos anima, sem «uma moção interior que impele, motiva, encoraja e dá sentido à acção pessoal e comunitária».[151] Temos de reconhecer que nós, cristãos, nem sempre recolhemos e fizemos frutificar as riquezas dadas por Deus à Igreja, nas quais a espiritualidade não está desligada do próprio corpo nem da natureza ou das realidades deste mundo, mas vive com elas e nelas, em comunhão com tudo o que nos rodeia.

217. Se «os desertos exteriores se multiplicam no mundo, porque os desertos interiores se tornaram tão amplos»,[152] a crise ecológica é um apelo a uma profunda conversão interior. Entretanto temos de reconhecer também que alguns cristãos, até comprometidos e piedosos, com o pretexto do realismo pragmático frequentemente se burlam das preocupações pelo meio ambiente. Outros são passivos, não se decidem a mudar os seus hábitos e tornam-se incoerentes. Falta-lhes, pois, uma conversão ecológica, que comporta deixar emergir, nas relações com o mundo que os rodeia, todas as consequências do encontro com Jesus. Viver a vocação de guardiões da obra de Deus não é algo de opcional nem um aspecto secundário da experiência cristã, mas parte essencial duma existência virtuosa.

218. Recordemos o modelo de São Francisco de Assis, para propor uma sã relação com a criação como dimensão da conversão integral da pessoa. Isto exige também reconhecer os próprios erros, pecados, vícios ou negligências, e arrepender-se de coração, mudar a partir de dentro. A Igreja na Austrália soube expressar a conversão em termos de reconciliação com a criação: «Para realizar esta reconciliação, devemos examinar as nossas vidas e reconhecer de que modo ofendemos a criação de Deus com as nossas acções e com a nossa incapacidade de agir. Devemos fazer a experiência duma conversão, duma mudança do coração».[153]

219. Todavia, para se resolver uma situação tão complexa como esta que enfrenta o mundo actual, não basta que cada um seja melhor. Os indivíduos isolados podem perder a capacidade e a liberdade de vencer a lógica da razão instrumental e acabam por sucumbir a um consumismo sem ética nem sentido social e ambiental. Aos problemas sociais responde-se, não com a mera soma de bens individuais, mas com redes comunitárias: «As exigências desta obra serão tão grandes, que as possibilidades das iniciativas individuais e a cooperação dos particulares, formados de maneira individualista, não serão capazes de lhes dar resposta. Será necessária uma união de forças e uma unidade de contribuições».[154] A conversão ecológica, que se requer para criar um dinamismo de mudança duradoura, é também uma conversão comunitária.

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Igreja no Brasil



Papa nomeia Coadjutor para a Prelazia de Borba (AM)

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco nomeou Coadjutor da Prelazia de Borba (AM) o Pe. Zenildo Luiz Pereira da Silva, C.SS.R., até então pároco da Catedral “Santana e São Sebastião” da Diocese de Coari (AM).

Dom Pereira da Silva nasceu em junho de 1968, em Linhares, Diocese de Colatina (Espírito Santo). Aos cinco anos de idade, se mudou com a família para o Estado de Rondônia. Emitiu os votos religiosos em dezembro de 1997 na Congregação do Santíssimo Redentor (Redentoristas), e foi ordenado sacerdote em 11 de agosto de 2001 em Cacoal.

Estudou no seminário dos Redentoristas em Aparecida (SP). E cursou Filosofia e Teologia no CENESCH – “Centro de Estudos do Comportamento Humano”, em Manaus (1994-2000). Além disso, frequentou um curso em “Gestão de Pessoas”, Literatus, em Manaus.

No decorrer do seu ministério sacerdotal, foi Pároco de “Nossa Senhora de Nazaré” em Manacapuru, Diocese de Coari (2001-2008); Pároco de “Nossa Senhora do Perpétuo Socorro” em Manaus (2008-2011) e Superior da Vice-Província Redentorista da Amazônia (2011-2014). Atualmente, é Pároco da Catedral de “Santana e São Sebastião”, em Coari. 

(BF)

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Igreja na América Latina



Kirill defende união entre católicos e ortodoxos contra perseguições

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Moscou (RV) – Um renovado apelo à colaboração entre católicos e ortodoxos para responder aos principais desafios do século XXI, em particular as perseguições contra os cristãos em vastas áreas do planeta, foi um dos atos conclusivos da viagem que por doze dias levou o Patriarca de Moscou à América Latina. Após o histórico abraço com Francisco em Cuba, em 12 de fevereiro, o líder ortodoxo visitou o Paraguai, Chile e o Brasil. Precisamente na última etapa pela América Latina, Kirill voltou com determinação ao tema da perseguição aos cristãos, tema muito presente na Declaração comum assinada em Havana.

Colocar fim aos conflitos religiosos

Durante a cerimônia realizada no Rio de Janeiro, aos pés do Cristo Redentor, o Patriarca lançou um apelo a todas as pessoas de boa vontade para que se coloque um fim aos conflitos em andamento em muitas regiões do mundo, que colocam em risco a própria sobrevivência das comunidades cristãs. “Ortodoxos e católicos juntos, podem responder a este desafio. Certamente temos ainda diferenças de doutrina, mas somos capazes de lutar juntos para colocar fim à perseguição aos cristãos”. Neste sentido, também um convite para unir as energias pastorais para enfrentar juntos a secularização da sociedade. “Temos necessidade de manter intacto o nosso sentido moral, porque somente a lei moral que foi dada por Deus, pode constituir a base da nossa união em nome de um futuro melhor para o nosso povo e toda a espécie humana”.

Viver um espírito de conversão

“Sobre a necessidade de viver continuamente em um espírito de conversão – como refere o site do Patriarcado de Moscou – Kirill esteve inicialmente em Brasília, onde chegou na sexta-feira, e rezou na Igreja Ortodoxa dedicada à Mãe de Deus Odigitria. “O caminho que conduz ao Senhor é um caminho estreito. A maior parte das pessoas, as pessoas de hoje, quer percorrer o caminho mais largo para ter mais, para consumir mais e ter mais divertimento. Mas tudo isto tem bem pouco a ver com felicidade humana. O Senhor nos convida a percorrer o caminho estreito. É difícil, mas é um caminho de graça e de luz. E a pessoa é feliz neste caminho”. (JE)

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Igreja no Mundo



Dom Shevchuk: Queremos um caminho de comunhão com os ortodoxos

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Roma (RV) – “Queremos caminhar juntos com os ortodoxos, construir não somente a paz, mas queremos a unidade entre as Igrejas”. Foi o que declarou aos jornalistas reunidos em Roma o Arcebispo Maior de Kiev, Dom Sviatoslav Shevchuk, Chefe do Sínodo da Igreja Greco-católica ucraniana. Num diálogo sincero e descontraído, em que respondeu à diversas perguntas e anunciou que em breve terá uma audiência com o Papa Francisco, o prelado voltou ao tema do encontro de Francisco com Kirill em Cuba, explicando a perplexidade e as polêmicas que surgiram, salientando, no entanto,  que tratou-se de um evento positivo, um ponto de partida e não de chegada.

“Finalmente! É esta a expressão que repeti diante do abraço do Papa com o Patriarca”. Com estas palavras foi aberta a longa conversa com os jornalistas. “Eu penso que este abraço foi realmente algo sagrado. Este tipo de encontro marca uma reviravolta no caminho ecumênico da Igreja”, reiterou.

O “Espírito Santo – acrescenta – abriu horizontes desconhecidos, fazendo-nos sair dos limites humanos”. Um evento, portanto, positivo  como foi a Declaração conjunta em seu complexo, mesmo se – observa – em um texto assim longo, é sempre difícil ser claros”.

O prelado não esconde a perplexidade e as dores que nasceram na Ucrânia. Bem – observou ele - a afirmação do “direito a existir” reconhecido às “comunidades eclesiais”  e um passo em frente no texto é o “direito de assistir os nossos fieis onde quer que seja”, o que até agora – recorda – não era permitido". Mas repete: "Não devemos pedir a ninguém o direito de existir, somente Deus estabelece isto e sobretudo faz mal à compreensão da verdade a escassa clareza sobre a questão do uniatismo e o uso genérico do termo "expressões eclesiais", sem referências precisas à Igreja Greco-católica ucraniana:

"Porque na terminologia da teologia ecumênica moderna, este termo é usado para as comunidades cristãs que não conservaram a plenitude da sucessão apostólica. Ao invés disto, nós somos uma parte integrante da comunhão católica".

O prelado sublinha que também o modo de conceber e apresentar a guerra na Ucrânia, na Declaração conjunta, suscitou polêmicas. Agora já não se fala mais tanto sobre isto, não obstante ainda exista e represente um drama para 45 milhões de pessoas. A cada dia existem mortos, feridos, a entrada de soldados russos e armas pesadas. De fato - sublinha - não é um conflito civil, mas uma agressão estrangeira e isto não apareceu na Declaração. E acrescenta:

"Mas o Santo Padre depois esclareceu, porque afirmou que encontrou os dois Presidentes, e se referia quer a Putin como ao Presidente ucraniano Poroshenko. E isto é realmente bonito, é confortante, porque assim disse: "Falei com todos dizendo: mas acabem com isto! Façam a paz!".

Ao comentarem que o povo ucraniano ficou ferido pela Declaração, o Arcebispo explicou:

"Eu entendo este sentimento do meu povo, por isto me fiz porta-voz deles para que não nos compadeçamos somente entre nós. O Santo Padre deve conhecer estes sentimentos; até mesmo disse que ele respeita estes sentimentos e que o povo ucraniano sofre realmente: sofre pela guerra que talvez impeça de ter um melhor entendimento deste gesto profético".

Mas nós pastores - acrescenta - temos a responsabilidade de entendermos e de darmos a entender. "Se os passos proféticos realizados pelo Papa são obra do Espírito Santo, darão os seus frutos".

Da conversa surge a pergunta: Quais passos a serem dados no caminho da unidade, desejada por Deus na Ut unum sint? Fundamentalmente é o diálogo, na verdade, feito em tons pacatos e livres dos condicionamentos geopolíticos e com atenção ao perigo de instrumentalização da religião:

"Os cristãos podem começar um diálogo, ouvindo-se, perdoando-se uns aos outros, fazendo a paz, fazendo um caminho em direção à unidade plena e visível, somente quando forem livres da geopolítica, da submissão a um poder temporal, livres da loucura dos poderosos deste mundo".

O que é necessário é comunhão e caminho - repete o Arcebispo Maior de Kiev. Na Ucrânia o nível de colaboração é mais avançado do que se pensa. Mesmo assim se pode partir do trabalho no âmbito do Conselho Pan-ucraniano das Igrejas, mas é necessário sempre ter presente qual é a riqueza contida no "encontro" e nunca temê-lo. (JE)

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Milhares de cristão em fuga no norte da Nigéria

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Abuja (RV) -  Segundo algumas estimativas, são entre 9 mil e 11.500 os cristãos assassinados na Nigéria devido à perseguição religiosa. A partir do ano 2000, ao menos 1,3 milhões de cristãos foram obrigados a deslocarem-se dentro do país ou migrar; 13 mil igrejas foram destruídas ou obrigadas a fechar as portas; milhares de atividades econômicas, propriedades e casas de cristãos destruídas. Este é o balanço das violência cometidas contra os cristãos no norte da Nigéria e na chamada Middel Bet, segundo o relatório “Crushed but not Defeated” divulgado pela organização Open Doors/Portas Aberta e  referido pela Agência Fides.

Presença dos cristãos apagada nas zonas de violência

Devido à violência – revela o relatório – em algumas áreas da Nigéria do Norte, “a presença cristã foi literalmente apagada ou consistentemente diminuída, enquanto em outras áreas o número de fieis cresceu devido ao fluxo de cristãos em fuga das violências e por um certo número de muçulmanos convertidos ao cristianismo”. “Para piorar, a coesão social entre muçulmanos e cristãos foi colocada em perigo. A confiança recíproca desapareceu substancialmente; cristãos e muçulmanos tornaram-se grupos sempre mais separados e distintos, reagrupados em periferias, bairros ou áreas rurais específicas”, adverte o relatório.

Não são somente extremistas os autores das violências

O documento mostra que além da etnia, o conflito político e a luta pela exploração dos recursos são conhecidas fontes de violência na Nigéria do Norte. Isto é, as causas das violências contra os cristãos são múltiplas e podem adquirir nuances religiosas, econômicas e sociais ao mesmo tempo. Os elementos da violência especificamente mirada contra os cristãos na Nigéria do Norte estão ligados por um denominador comum de fundo religioso: defender os interesses dos muçulmanos do Norte, a identidade deles e a posição do Islã. “Não somente o Islã radical – o Boko Haram é o exemplo mais conhecido – mas também os criadores muçulmanos Hausa-Fulani e a elite muçulmana política e religiosa do Norte são atores principais da violência que visa as minorias cristãs”, sublinha o documento.

A Igreja do Norte não deve fechar-se em si mesma

Não obstante isto, existe ainda uma ampla presença cristã na Nigéria do Norte, com potencial de unidade e resistência. Mas a Igreja desta região – afirma o relatório – deverá procurar não fechar-se em si mesma, separando-se da sociedade. Deveria fazer o oposto, estimulada pelo seu impulso cristão em estar envolvida na sociedade e trabalhar pela justiça, a paz e a reconciliação, compartilhando os próprios recursos pelo bem de todos. Para fazer tudo isto – conclui o relatório – será necessária a ajuda da comunidade internacional para que a Igreja possa trabalhar pela renovação e a transformação da comunidade cristã e da sociedade nigeriana do Norte em geral. (JE)

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Formação



Leigos e sacerdotes, uma parceria perfeita na evangelização

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Cidade do Vaticano (RV) - Em nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar, na edição de hoje, do Decreto Apostolicam actuositatem sobre o Apostolado dos Leigos. 

No programa passado, vimos como desenvolveu-se a teologia do laicato, que levou o Concílio Vaticano II a formular mais claramente possível à luz da Verdade Revelada os princípios exatos que dizem respeito ao lugar e a tarefa do laicato na Igreja. Outrossim foi ressaltada a importância da atuação dos leigos não somente dentro da igreja, mas também fora dela, onde o cristão leigo vive, trabalha e estuda, levando um testemunho que seja fermento do Evangelho.

Também neste sentido, o Decreto Apostolicam actuositatem representou um divisor de águas  em relação aos documentos até então produzidos sobre a atuação dos leigos na Igreja, como nos explica o Presidente da Comissão Episcopal para o Laicato da CNBB, o Bispo de Caçador (SC), Dom Severino Clasen, que tem nos acompanhado na explanação do documento:

"Exatamente. Ele mostra o protagonismo leigo. Aqui, inclusive, fala do munus sacerdotal do leigo. Quer dizer, o munus do serviço, do próprio leigo, é dar a força, dar ênfase a ele. Então o leigo não deve ser objeto, ele tem que ser sujeito. Por isto ele se torna também protagonista na evangelização. E oxalá, eu sonho, um pouco mais de espaço, que os leigos cresçam nesta mentalidade. Mas também a hierarquia precisa também entender, que tem tantos campos onde a hierarquia não consegue entrar, mas os leigos conseguem. Portanto, eles também são protagonistas na evangelização".

O Concilio Vaticano II reforçou o protagonismo leigo na Igreja. Mas, que lugares na Igreja os leigos poderiam ocupar mais espaço:

"Existem muitos espaços, como nos ministérios. Nós temos pensado naquelas atividades da catequese, das pastorais, na administração dos bens da comunidade. O leigo tem que cuidar da administração e não o padre. Muitas vezes o padre quer ser dono do dinheiro, quer ser dono das construções e nem sempre ele está preparado para isto. É claro, precisamos sempre também, como os padres tem que ser bem preparados, a hierarquia tem de ser bem preparada, assim também os leigos, para a mesma consciência, a mesma maturidade, o mesmo equilíbrio saibam dar de si, para que o patrimônio espiritual seja também o patrimônio material, para beneficiar a autêntica e verdadeira evangelização. Então são diversos campos onde os leigos tem que atuar. Os leigos profissionais tem muito a contribuir neste aspecto".

E que espaço os sacerdotes, os bispos, poderiam abrir mais para a atuação dos leigos?

"Acabei de vir de uma reunião que a Prefeitura convocou para a questão da dengue, para eliminar todos os focos. Aí quando manifestei a ação da Igreja, logo falaram: "Ôpa, a Igreja tem um papel importantíssimo, para que ajude a conscientizar". Então o sacerdote, ele começa a mostrar a consciência e aonde que os leigos começam a entrar na batalha para ajudar que estas coisas aconteçam. Então eu diria que o sacerdote, ele precisa abrir mais espaço para que o leigo participe não somente das atividades de Igreja, como também da sociedade. E aí tem os Conselhos paritários, onde eles tem que participar. Aonde ele participa dando o seu testemunho. Vamos olhar outro campo, vamos ver o mundo dos empresários. Aonde que é preciso que os leigos assumam a sua dimensão profética na empresa e tudo mais. E aí o sacerdote vai ser aquela figura que autentifica, que acolhe, que marca presença e que incentiva e que mostra a luz do Evangelho. Ele é o irmão, diria, o irmão mais consciente, melhor preparado pela teologia e tudo mais. Então ele tem que ser aquela iluminação para que os leigos na suas áreas possam atuar e atuar com segurança. E tenho percebido, que onde os sacerdote tem este tipo de participação, os profissionais se sentem mais seguros. Eles vão mais firmes e as coisas acontecem...e aí entra a ética, funciona a ética, começa a diminuir a corrupção e tudo mais, pois temos alí um perfeito casamento: há o sacerdote com o seu ministério próprio e também os leigos, com o seu sacerdócio comum na sua atividade de evangelização e transformação do mundo". (JE)

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Atualidades



Jubileu da Cúria é destaque do "Porta Aberta no Ano da Misericórdia"

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Cidade do Vaticano (RV) – A edição desta quarta-feira (24/02) do programa “Porta Aberta no Ano da Misericórdia” traz os últimos eventos presididos pelo Papa Francisco desde que voltou do México.

O primeiro compromisso público foi sábado passado, quando concedeu a segunda Audiência Geral jubilar. O tema foi misericórdia e compromisso. Já na Audiência desta quarta-feira o tema foi a misericórdia na Sagrada Escritura. E fez um apelo à conversão dos políticos corruptos.

Jubileu da Cúria

Outro evento que marcou a última semana aqui no Vaticano foi segunda-feira, 22, quando a Igreja celebrou a Cátedra de S. Pedro. Foi a ocasião para que a Cúria Romana e os funcionários do Vaticano, com os seus familiares, celebrassem o seu Jubileu.

Cardeais, bispos, mas sobretudo sacerdotes, religiosos, religiosas e inúmeros leigos atravessaram a Porta Santa da Basílica Vaticana e participaram da missa presidida pelo Papa Francisco.

Os funcionários da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano somam mais de quatro mil. Cerca de 20 são brasileiros.

Aos salesianos de Dom Bosco foram confiados o sistema fotográfico oficial do Vaticano, o jornal L’Osservatore Romano e a Tipografia Vaticana.

Um brasileiro à frente da Tipografia Vaticana

À frente desta gráfica, com cerca de 100 funcionários, está o catarinense Pe. Renato dos Santos. Depois de concelebrar com o Papa, Pe. Renato veio até os estúdios da RV. Na entrevista que nos concedeu, ele explica o significado da festa da Cátedra de Pedro e comenta o seu trabalho cotidiano.

Ao fazer a impressão de todos os documentos oficiais do Papa e da Santa Sé, o salesiano não fala de privilégio, mas de humildade ao servir a Igreja. Ele comenta também a satisfação de participar de momentos históricos, como a impressão em russo da encíclica Laudato Si (somente 100 exemplares), que foi entregue por Francisco ao Patriarca Kirill.

E relata ainda um propósito fixado para este Ano Santo: atravessar diariamente a Porta Santa da Basílica Vaticana, sempre com uma intenção de oração diferente.

As obras de misericórdia

E como sempre, o “Porta Aberta” se encerra com o aprofundamento, com o Reitor do Colégio Pio Brasileiro, Padre Geraldo Maia. Depois de analisar conosco as raízes da misericórdia nas Sagradas Escrituras, Padre Geraldo conclui sua participação neste quadro falando de como as obras de misericórdia se desenvolveram no decorrer da história.

(BF)

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Visita de Kirill: portas abertas depois de mil anos

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Cidade do Vaticano (RV) – Depois de visitar Brasília, Rio de Janeiro e São Paulo, o Patriarca Kirill de Moscou e toda a Rússia, retornou a Moscou na segunda-feira, 22 de fevereiro. Em São Paulo, o líder da Igreja Ortodoxa Russa celebrou uma Divina Liturgia na Catedral Metropolitana Ortodoxa Antioquina, no bairro do Paraíso.

Participaram da celebração o arcebispo de São Paulo, Cardeal Odilo Pedro Scherer, e demais representantes de Igrejas cristãs e tradições religiosas, o prefeito Fernando Haddad e representantes diplomáticos.  

Paz associada à justiça

No final da missa celebrada em rito bizantino, o Patriarca afirmou sentir a “dor de todos cristãos que são oprimidos hoje”. Kirill também destacou que a paz duradoura na Síria e no Oriente Médio só pode ser alcançada com justiça e não virá por meio de guerra ou violência, recordando a oração feita aos pés do Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, no sábado, 20. “Como fizemos no Rio de Janeiro, em São Paulo, rezamos por aqueles que são perseguidos e mortos apenas porque são cristãos… Guerra e violência nunca alcançaram paz duradoura. A paz duradoura está sempre associada à justiça”, disse.

Recordando o encontro histórico com o Papa Francisco, no dia 12 de fevereiro, no aeroporto de Havana, Cuba, e a declaração conjunta assinada pelos dois líderes após o encontro, o Patriarca reforçou a necessidade de “superar diferenças e organizar uma coalizão comum contra o terrorismo.”

“A declaração concentra a atenção nos perseguidos, nos cristãos em sofrimento e nos dá uma base para ação conjunta não apenas para protegê-los, mas também para várias outras questões para um mundo mais pacífico e para que pessoas aprendam a viver em conjunto”.

Para o Cardeal Cláudio Hummes, arcebispo emérito de São Paulo, a quem pedimos uma análise deste evento, o encontro entre Francisco e Kirill teve uma importância maior do que se possa sublinhar.

“Foi um encontro realmente histórico, algo fundamental para o futuro da cristandade, porque abriu novas portas depois de mil anos, praticamente, para poder se fazer um caminho mais fortemente unidos; embora haja caminho ainda para a unidade. Creio que não há como sublinhar suficientemente a importância deste encontro que dá muitas esperanças para o futuro. A unidade maior entre as duas Igrejas favorecerá muito a construção da paz”.

Já no Rio de Janeiro, além de participar de um momento de oração no Corcovado, aos pés do Cristo Redentor, o Patriarca visitou a Igreja Ortodoxa Russa de Santa Mártir Zenáide, em Santa Teresa.

Nós contatamos o Padre Marcelo Paiva, diácono da Igreja Ortodoxa Russa e pertencente ao clero da Missão da Proteção da Mãe de Deus, no Rio de Janeiro.

Para ouvir a reportagem completa, clique aqui: 

(CM)

 

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