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Sumario del 26/03/2016

Papa e Santa Sé

Entrevistas

Formação

Papa e Santa Sé



Esta noite, Francisco preside a Vigília Pascal na Basílica Vaticana

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco preside a Vigília Pascal neste sábado (26/03), na Basílica de São Pedro, às 16h25, horário de Brasília. A celebração será introduzida pelo rito da bênção do fogo, no átrio da Basílica Vaticana.
 
O silêncio da oração da Igreja nas horas do Sábado Santo será rompido pela luz na noite de Páscoa, como acontecerá nas igrejas de todo o mundo. 

“Foi uma noite de vigília para os discípulos e as discípulas de Jesus. Noite de desolação e de medo. Os homens permaneceram fechados no Cenáculo. As mulheres, ao contrário, ao alvorecer do dia depois do sábado foram ao sepulcro para ungir o corpo de Jesus. Tinham o coração cheio de angústia”, disse o Papa Francisco na homilia da Vigília Pascal do ano passado.

É aqui que toda vez o cristão é esperado. Esperado no limiar do sepulcro em que é convidado a dar um passo para “entrar no Mistério que Deus realizou com a sua vigília de amor”:

“Entrar no mistério requer de nós que não tenhamos medo da realidade: não nos fechemos em nós mesmos, não fujamos perante aquilo que não entendemos, não fechemos os olhos diante dos problemas, não os neguemos, não eliminemos as questões”, disse ainda o pontífice.

“Entrar no mistério significa ir além da comodidade das próprias seguranças, além da preguiça e da indiferença que nos paralisam, e pôr-se à procura da verdade, da beleza e do amor, buscar um sentido não óbvio, uma resposta não banal para as questões que põem em crise a nossa fé, a nossa lealdade e nossa razão.”

“Tudo isto nos ensinam as mulheres discípulas de Jesus. Elas estiveram de vigia naquela noite, juntamente com a Mãe. E Ela, a Virgem Mãe, ajudou-as a não perderem a fé nem a esperança. Deste modo, não ficaram prisioneiras do medo e da angústia, mas às primeiras luzes da aurora saíram, levando na mão os seus perfumes e com o coração perfumado de amor”, concluiu Francisco naquela ocasião. (MJ)

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Esmolaria Apostólica: Via-Sacra entre os sem-teto

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Cidade do Vaticano (RV) - A Esmolaria Apostólica informou, neste sábado (26/03), que na Sexta-feira da Paixão do Senhor (25/03), o Esmoleiro pontifício, Dom Konrad Krajewski, junto com alguns colaboradores e sem-teto, hóspedes do dormitório ‘Dom da Misericórdia’, foram pelas ruas de Roma distribuir sacos de  dormir e fazer uma carícia, da parte do Papa, aos sem-teto que encontravam.

Tratou-se de uma Via-Sacra na Cidade Eterna de cerca de cem estações, que terminou depois da meia-noite. 

A iniciativa se realizou em união espiritual à Via-Sacra presidida pelo Papa Francisco, no Coliseu de Roma. (MJ)

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Entrevistas



Cardeal Saraiva: "Com Cristo, todos nós ressuscitamos"

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Cidade do Vaticano (RV) – Neste Sábado Santo, após os acontecimentos da paixão e morte de Jesus, o Cardeal José Saraiva Martins, Prefeito emérito da Congregação para as Causas dos Santos, fala sobre a atualidade da mensagem pascal cristã. 

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Formação



Sábado Santo: dia dedicado a Maria, Mãe de Deus

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Cidade do Vaticano (RV) - Neste sábado, após os sofrimentos e a morte do Senhor na cruz, dirijamos nossa atenção, nossos olhares carinhosos para Maria, a Mãe de Jesus e nossa Mãe. 

Ela se encontra na casa de João. O discípulo amado a levou para lá, após o sepultamento de Jesus, cumprindo uma de suas últimas palavras na cruz: “Mulher, eis aí o teu filho. Filho, eis aí tua Mãe.”

Vamos encontrá-la em um quarto retirado, meditando sobre a vida de seu querido filho. Ela o revê criancinha... Belém...Nazaré... a despedida antes da vida pública...Caná...e outros momentos caros ao seu coração, agora transpassado pela espada de que falara Simeão, quando da apresentação de Jesus no Templo. De fato ela agora é a Senhora das Dores. Tudo quanto ela “conservava em seu coração” e sobretudo o que viu na Paixão, ela revive.

Mas a solidão está cheia de fé e de esperança, do mesmo modo como está cheia de tristeza.

Maria fica de pé em sua fé intacta, inabalável como gostamos de dizer. Ela nunca teve as flutuações, as hesitações da fé dos discípulos.

Seu filho acabou de sofrer. Está terminada a fase dolorosa da redenção.

Maria sabe que a Ressurreição é certa e está próxima. Recorda as palavras pelas quais Jesus anunciou sua Ressurreição.

Já no Calvário ela presenciou a aurora da ressurreição, da vida nova, dos efeitos da redenção através da conversão de Dimas, o ladrão que professou a fé em Jesus; através da declaração do centurião de que verdadeiramente Jesus era justo; através da atitude de todas as pessoas que desciam do monte e voltavam para suas casas batendo no peito em sinal de arrependimento e contrição...

Maria, em seu quarto, recebe os discípulos: Pedro, que chora sua fraqueza; João, que chora um amigo; os demais, que haviam fugido. Um a um eles retornam.

A Pedro ela ensina a humildade, a todos comunica sua paz, sua fé, sua esperança. Ela vive o papel de consoladora, que mais tarde Jesus ressuscitado exercerá magificamente. Ela reagrupa os amigos de Jesus, um após o outro. Será o grupo dos dias da Ressurreição, da Ascensão, de Pentecostes, da primeira comunidade cristã. Assim a Igreja vai se enraizando no mundo: um grupo de verdadeiros amigos de Jesus que creem em sua Ressurreição.

Maria inaugura seu papel de Medianeira, de Mãe de cada cristão, depois de ter cumprido o papel histórico de co-redentora.

Nesta noite, a noite da grande vigília, a mais importante para os cristãos, faremos em nossas comunidades eclesiais a bênção do fogo novo, com o qual se acenderá o Círio Pascal, sinal expressivo do Cristo Ressuscitado. As leituras que ouviremos nos farão a recapitulação de toda a História da salvação, em que o ápice é a Ressurreição de Cristo.

Em muitas comunidades teremos o batismo de novos irmãos, que aceitaram dar o sim como resposta ao sim proposto por Jesus. Será a aceitação da aliança de Jesus, para toda a vida. Renovemos também nossa entrega ao Senhor da Vida. (Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o Sábado Santo)

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Maria sabe que a morte não terá a última palavra

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Cidade do Vaticano (RV) - Ontem, revivemos a paixão de Cristo, os momentos em que o Verbo de Deus se fez carne até o ponto de assumir todo o destino humano, inclusive a morte.

 

Hoje, Sábado Santo, à espera da ressurreição de Jesus, quem nos guia neste itinerário de esperança gloriosa é Maria, Mãe do Nosso Salvador, Mãe de toda a humanidade, Nossa Mãe.

Como todas as mulheres, Maria leva em seu coração a abertura ao outro. Ou melhor, Nossa Senhora é a mulher que eleva à sublime perfeição esta abertura. Seu amor faz com que a ausência de Jesus não seja experiência do vazio, mas experiência de esperança certa, confiante. Ela sabe que a Ressurreição está próxima.

Assim como nos velórios de hoje, em que nos reunimos para celebrar a memória de quem nos deixou, Maria reagrupa os amigos de Jesus, um após o outro. Um grupo de verdadeiros amigos de Cristo que crêem em sua Ressurreição. Afinal, também eles estão sós, apesar de a solidão de Maria ser diferente da solidão dos Apóstolos. Maria sabe que a morte não terá a última palavra, e a que a vida triunfará.

Mas nós, como os seguidores de Jesus, não temos a mesma certeza. Mesmo crendo em Cristo, nossa fé é frágil, vítima de provas cotidianas, de ciladas. Às vezes, a morte nos parece como um sonho desfeito, esquecendo a promessa de vida eterna.

E assim, um a um Maria recebe João, que chora um amigo, um irmão em Maria. Ela recebe Pedro, o renegado. Ensina-lhe que deve confiar somente em Jesus, que o conhece e o fortifica. E aos poucos, recebe os outros Apóstolos, que um a um acabam por retornar.

Recebe Madalena, Marta, Maria de Betânia, Lázaro... De modo doce, suave, apesar da tristeza, Maria comunica a todos a sua paz, a sua fé, a sua esperança.

O que Ela diria a nós, a cada um de nós? Ou melhor, o que diria a cada mãe que, como ela, perde o filho na insensatez da violência humana, da injustiça humana? Vítima do absurdo, da catástrofe, do acaso. O que diria Maria a uma mãe que chora a ausência de um filho que vai para a guerra, que chora a perda de um filho que morreu na guerra? Às mães que nos corredores dos hospitais procuram resposta ao por quê do sofrimento das crianças ou àquelas que não têm nem mesmo a oportunidade de curar o próprio filho? O que diria Maria às mães dos filhos encarcerados, vítimas da droga, do jogo, do dinheiro fácil, dos filhos que perderam o emprego, que têm diante de si um futuro incerto, vacilante, preocupante?

A todos, a cada um de nós, a cada uma das nossas angústias, Maria tem uma palavra de conforto, de consolo. Não são somente palavras, que podem ser desprovidas de significado, de vivência concreta, real. Não. São palavras que professam uma vivência, ou melhor, uma certeza: Jesus ressuscitará! Ela inaugura o papel de "consoladora" que Cristo ressuscitado magnificamente exercerá.

Deixemo-nos também nós, hoje, neste Sábado Santo, nos envolver pela paz consoladora de Maria. Que esta paz nos acompanhe em todos os momentos em que a morte insensata se apresentar em nossa vida, quando transtornar o nosso caminho.... Lembremo-nos de Nossa Mãe. Ela sabe que a ressurreição está próxima!

(CM/BF)

 

 

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Noite de alegria verdadeira

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Rio de Janeiro (RV) - A Vigília Pascal nos faz celebrar o centro da nossa fé católica: Jesus ressuscitou verdadeiramente, aleluia, aleluia! Basta citar os textos da liturgia e de alguns escritores que, abundantemente, temos uma bela reflexão pascal. A estrutura teológica da Vigília Pascal vai sendo desenvolvida no decorrer da celebração: memória-presença-expectativa não muda, mas se enriquece com a “realidade”, que é Cristo, o Crucificado-Ressuscitado: “ele é a Páscoa da nossa salvação”. A Vigília Pascal celebra toda a economia salvífica, numa visão unitária e contínua desde a criação até a parusia. A celebração da Vigília mostra a expressão concreta mais emblemática da fé da Igreja na unidade dos dois Testamentos e na relação intrínseca entre palavra que anuncia e sacramento que atua a obra da salvação.

A memória-presença do mistério de Cristo, que vence a morte com a própria ressurreição, torna-se, conforme a exortação evangélica, expectativa: “estejam com os rins cingidos e lâmpadas acesas. Sejam como homens que estão esperando o seu Senhor voltar da festa de casamento: tão logo ele chega e bate, eles imediatamente vão abrir a porta” (Lc 12,35-36). Este retorno do esposo está previsto para acontecer no coração da noite (Mt 25,6).

Desde o século II, o conteúdo litúrgico e teológico da Páscoa é de caráter comemorativo. Isto é, “nela a comunidade faz memória e revive o evento salvífico da morte-ressurreição de Cristo, e o faz em clima de expectativa, de tensão escatológica. É exatamente a Vigília Pascal, com o seu intrínseco significado simbólico, que garante, de certa maneira, a manutenção desse equilíbrio entre comemoração e expectativa”.
    
Num admirável sermão para a noite de Páscoa, Santo Agostinho resumiu toda a antiga tradição bíblica e patrística sobre a Vigília memória-expectativa: “irmãos caríssimos, velando nesta noite em recordação da sepultura do Senhor, nós velamos no tempo em que Ele, por assim dizer, adormeceu. De fato, anunciando muito antes, por meio do profeta, a sua paixão, ele disse: ‘Eu adormeci e despertei, porque o Senhor me acolheu’. Ele chama o seu Pai de Senhor. Portanto, na noite em que Ele adormeceu, nós velamos a fim de que, pela morte que sofreu, nós vivamos. No tempo do seu momentâneo adormecer, nós celebramos uma vigília, a fim de que, velando Ele por nós, possamos, na ressurreição, preservar incansavelmente numa vigília eterna. Contudo, nesta noite, Ele também ressuscitou, e é na expectativa desta ressurreição que nós velamos”. (Santo Agostinho, Tract. In Joaan. 55, 1 PL35,1784).
    
Desta realidade viva e atual brota a alegria pascal: “quanta alegria, irmãos! Alegria em encontrar-vos reunidos; alegria na esperança da vida futura. Se a esperança dá tanta alegria, como será a posse? Nestes dias, ao ouvir o ecoar do Aleluia, o nosso espírito como que se transfigura. Não nos parece saborear um não sei que daquela cidade suprema”?
    
Portanto, o sentido mais verdadeiro da Vigília é este: nós já estamos vivendo a Páscoa que celebramos no rito: celebramo-la para que se realize sempre mais profundamente em nós, na expectativa da Páscoa eterna. “Cristo é a nossa Páscoa” (1Cor 5,7), “a noite vai avançada, e o dia está próximo. Deixemos, portanto, as obras das trevas e vistamos as armas da luz. Vistam-se do Senhor Jesus Cristo” (Rm 13,12-14).
     
“Vede: hoje, nesta Noite, quando tudo era trevas, Deus disse: “Faça-se a luz”! e a luz se fez (cf. Gn 1,3)! Hoje, quando Isaac estava para entrar na noite da morte, pois nosso Pai Abraão tinha decidido sacrificá-lo a Deus, a luz brilhou e o Senhor disse: “Abraão, não estendas a mão contra o teu filho”! E Isaac viu a luz da vida (cf. Gn 22,12)! Ainda hoje, nesta Noite, Deus, com braço estendido, fez o seu povo atravessar o Mar Vermelho e deixar a escravidão de Faraó, no Egito (cf. Ex 14,1-31). Foi também hoje, nesta noite bendita – nesta mesma Noite! –, que o Pai derramou seu Espírito Santo sobre o nosso Jesus que estava morto e O arrancou das trevas da morte, fazendo-O passar para a luz da plenitude da vida. Finalmente, numa noite como esta, num hoje como hoje, no meio da noite deste mundo, em plena escuridão da história, o Pai enviará o Cristo ressuscitado, pleno de glória, e brilhará, no meio da noite deste mundo, o Dia eterno, da glória eterna, na plenitude do Reino! E já não haverá mais noite e o Cordeiro imolado e ressuscitado será nosso sol, nosso dia eterno (cf. Ap 22,5)!
    
“Esta Noite é santa! Toda lágrima, nela, é enxugada; todo pecado, nela, é perdoado; toda morte, nela, é vencida! Nosso Jesus ressuscitou, nosso Jesus foi constituído Senhor, nosso Jesus abriu-nos um caminho novo; nosso Jesus deu-nos um novo rumo na vida, uma nova esperança, uma invencível certeza! Nesta Noite, a Morte perdeu a guerra, nesta Noite, o Filho de Deus, na sua humanidade igual à nossa, venceu a Morte, arrombou o pântano infernal e abriu-nos o caminho para o Pai! Esta é a Noite mais feliz da história humana: é a Noite da Páscoa; Páscoa de Cristo, nossa Páscoa”! “Eis agora a Páscoa, nossa festa, em que o real Cordeiro se imolou: marcando nossas portas, nossas almas, com seu divino sangue nos salvou! Ó Noite de alegria verdadeira, que prostra o Faraó e ergue os hebreus, que une de novo ao céu a terra inteira, pondo na treva humana a luz de Deus”.

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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