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Sumario del 08/04/2016

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A alegria do amor: misericórdia e integração para todas as famílias

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Cidade do Vaticano (RV) – “A alegria do amor” (Amoris Laetitia) é o título da Exortação Apostólica pós-sinodal que o Papa Francisco assinou em 19 de março passado, Solenidade de São José, e que foi apresentada nesta sexta-feira, 8 de abril, no Vaticano. 

A Exortação tem nove capítulos e a oração final à Santa Família. O documento reúne os resultados dos dois Sínodos sobre a família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015. 

 “À luz da Palavra”

No primeiro capítulo, o Papa indica a Palavra de Deus como uma “companheira de viagem para as famílias que estão em crise ou imersas em alguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho”.  

 “A realidade e os desafios das famílias”

Partindo do terreno bíblico, no segundo capítulo, o Papa insiste no caráter concreto, que estabelece uma diferença substancial entre teorias de interpretação da realidade e ideologias. “Sem escutar a realidade não é possível compreender nem as exigências do presente nem os apelos do Espírito”, aponta. “Jesus propunha um ideal exigente, mas não perdia jamais a proximidade compassiva às pessoas frágeis”.  

"O olhar fixo em Jesus: a vocação da família”

O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja sobre o matrimônio e a família. Ilustra a vocação à família assim como ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. A reflexão inclui ainda as famílias feridas e o Papa recorda aos pastores que, “por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações”, já que o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos: “ É preciso estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição”.  

 “O amor no matrimônio”

O quarto capítulo trata do amor no matrimônio. O Papa faz uma reflexão acerca da «transformação do amor» ao longo do casamento. A aparência física transforma-se e a atração amorosa não desaparece, mas muda. «Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum estável.

“O amor que se torna fecundo”

O quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no caráter gerador do amor. Fala-se de gestação e adoção. A Amoris laetitia não toma em consideração a família «mononuclear», mas está consciente da família como rede de relações alargadas.

 “Algumas perspectivas pastorais”

No sexto capítulo, o Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas. Fala-se também do acompanhamento das pessoas separadas ou divorciadas e sublinha-se a importância da recente reforma dos procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial. Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito e conclui-se: "O divórcio é um mal". Fala-se da situação das famílias com pessoas com tendência homossexual, insistindo na recusa de qualquer discriminação.

“Reforçar a educação dos filhos”

O sétimo capítulo é totalmente dedicado à educação dos filhos, em todos os âmbitos, inclusive sexual. É feita uma advertência em relação à expressão «sexo seguro», pois transmite «uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade.

 “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”

O capítulo oitavo é muito delicado, representa um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: «acompanhar, discernir e integrar». O Papa escreve: «Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral».

O Papa afirma que «os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo». «A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais.

Francisco profere uma afirmação extremamente importante para que se compreenda a orientação e o sentido da Exortação: «Se se tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas (…) é compreensível que se não devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares.

 “Espiritualidade conjugal e familiar”

O nono capítulo é dedicado à espiritualidade conjugal e familiar. O Papa afirma: «Nenhuma família é uma realidade perfeita, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. 

Nota

Como já se pode depreender a partir de um rápido exame dos seus conteúdos, a Exortação apostólica não pretende reafirmar com força o «ideal» da família, mas a sua realidade rica e complexa. Há nas suas páginas um olhar aberto, profundamente positivo, que não se nutre de abstrações ou projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade. O documento é uma leitura densa de motivos espirituais e de sabedoria prática útil a cada casal ou a pessoas que desejam construir uma família. Nota-se sobretudo que foi fruto de uma experiência concreta com pessoas que sabem a partir da experiência o que é a família e o viver juntos durante muitos anos. A Exortação fala a linguagem da experiência e da esperança.

Quirógrafo

 A cópia da Exortação enviada aos bispos do mundo, foi acompanhada por um quirógrafo do Papa:

"Caro irmão,

invocando a proteção da Sagrada Família de Nazaré, tenho a alegria de te enviar a minha Exortação “Amoris laetitia” para o bem de todas as famílias e de todas as pessoas, jovens e idosas, confiadas ao teu ministério pastoral.

Unidos no Senhor Jesus, com Maria e José, peço-te que não te esqueças de rezar por mim". 

(CM/BF)

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Leia a síntese da Exortação "A alegria do amor"

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Cidade do Vaticano (RV) - Amoris laetitia” (AL - “A alegria do amor”), a Exortação apostólica pós-sinodal “sobre o amor na família”, datada não por acaso de 19 de março, Solenidade de S. José, recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, cujas Relações conclusivas são abundantemente citadas, juntamente com documentos e ensinamentos dos seus Predecessores e as numerosas catequeses sobre a família do próprio Papa Francisco. Contudo, como já sucedeu noutros documentos magisteriais, o Papa recorre também a contributos de diversas Conferências episcopais de todo o mundo (Quênia, Austrália, Argentina...) e a citações de personalidades de relevo, como Martin Luther King ou Erich Fromm. Ressalta em particular uma citação do filme “A Festa de Babette”, que o Papa recorda para explicar o conceito de gratuitidade.

Premissa

A Exortação apostólica chama a atenção pela sua amplitude e articulação. Está dividida em nove capítulos e mais de 300 parágrafos. Tem início com sete parágrafos introdutórios que evidenciam a plena consciência da complexidade do tema, que requer ser aprofundado. Afirma-se que as intervenções dos Padres no Sínodo constituíram um «precioso poliedro» (AL 4) que deve ser preservado. Neste sentido, o Papa escreve que «nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais». Por conseguinte, para algumas questões «em cada país ou região, é possível buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais. De facto,“as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral (...), se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado”» (AL 3). Este princípio de inculturação revela-se como muito importante até no modo de articular e compreender os problemas, modo esse que, sem entrar nas questões dogmáticas bem definidas pelo Magistério da Igreja, não pode ser «globalizado».

Mas sobretudo o Papa afirma de imediato e com clareza que é necessário sair da estéril contraposição entre a ânsia de mudança e a aplicação pura e simples de normas abstratas. Escreve: «Os debates, que têm lugar nos meios de comunicação ou em publicações e mesmo entre ministros da Igreja, estendem-se desde o desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas» (AL 2).

Capítulo primeiro: “À luz da Palavra”

Enunciadas estas premissas, o Papa articula a sua reflexão a partir das Sagradas Escrituras no primeiro capítulo, que se desenvolve como uma meditação acerca do Salmo 128, característico da liturgia nupcial hebraica, assim como da cristã. A Bíblia «aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares» (AL 8) e a partir deste dado pode meditar-se como a família não é um ideal abstrato, mas uma «tarefa “artesanal”» (AL 16) que se exprime com ternura (AL 28), mas que se viu confrontada desde o início também pelo pecado, quando a relação de amor se transformou em domínio (cf. AL 19). Então, a Palavra de Deus «não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho» (AL 22).

Capítulo segundo: “A realidade e os desafios das famílias”

Partindo do terreno bíblico, o Papa considera no segundo capítulo a situação atual das famílias, mantendo «os pés assentes na terra» (AL 6), bebendo com abundância das Relações conclusivas dos dois Sínodo se enfrentando numerosos desafios, desde o fenômeno migratório à negação ideológica da diferença de sexo («ideologia de gênero»); da cultura do provisório à mentalidade anti-natalidade e ao impacto das biotecnologias no campo da procriação; da falta de habitação e de trabalho à pornografia e ao abuso de menores; da atenção às pessoas com deficiência ao respeito pelos idosos; da desconstrução jurídica da família à violência para com as mulheres. O Papa insiste no carácter concreto, que é um elemento fundamental da Exortação. E é este carácter concreto e realista que estabelece uma diferença substancial entre «teorias» de interpretação da realidade e «ideologias».

Citando a Familiaris consortio, Francisco afirma que «é salutar prestar atenção à realidade concreta, porque “os pedidos e os apelos do Espírito ressoam também nos acontecimentos da história” através dos quais “a Igreja pode ser guiada para uma compreensão mais profundado inexaurível mistério do matrimônio e da família”» (AL 31). Sem escutar a realidade não é possível compreender nem as exigências do presente nem os apelos do Espírito. O Papa nota que o individualismo exacerbado torna hoje difícil a doação a uma outra pessoa de uma maneira generosa (cf. AL 33). Eis um interessante retrato da situação: «Teme-se a solidão, deseja-se um espaço de proteção e fidelidade mas, ao mesmo tempo, cresce o medo de ficar encurralado numa relação que possa adiar a satisfação das aspirações pessoais» (AL 34).

A humildade do realismo ajuda a não apresentar «um ideal teológico do matrimônio demasiado abstrato, construído quase artificialmente, distante da situação concreta e das possibilidades efetivas das famílias tais como são» (AL 36). O idealismo não permite considerar o matrimônio assim como é, ou seja, «um caminho dinâmico de crescimento e realização». Por isso, também não se pode julgar que se possa apoiar as famílias «com a simples insistência em questões doutrinais, bioéticas e morais, sem motivar a abertura à graça» (AL 37). Convidando a uma certa “autocrítica” de uma apresentação não adequada da realidade matrimonial e familiar, o Papa insiste na necessidade de dar espaço à formação da consciência dos fiéis: «Somos chamados aformar as consciências, não a pretender substituí-las» (AL37). Jesus propunha um ideal exigente, mas «não perdia jamais a proximidade compassiva às pessoas frágeis como a samaritana ou a mulher adúltera» (AL 38).

Capítulo terceiro: “O olhar fixo em Jesus: a vocação da família”

O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja acerca do matrimônio e da família. É importante a presença deste capítulo, porque ilustra de uma maneira sintética em 30 parágrafos a vocação à família de acordo com o Evangelho, assim como ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. Fazem-se inúmeras citações da Gaudium et spes do Vaticano II, da Humanae vitae de Paulo VI, da Familiaris consortio de João Paulo II. 

O olhar é amplo e inclui também as «situações imperfeitas». Com efeito, lemos: «“O discernimento da presença das semina Verbi nas outras culturas (cf. Ad gentes, 11) pode-se aplicar também à realidade matrimonial e familiar. Para além do verdadeiro matrimônio natural, há elementos positivos também nas formas matrimoniais doutras tradições religiosas”, embora não faltem também as sombras» (AL 77). A reflexão inclui ainda as «famílias feridas», a propósito das quais o Papa afirma - citando a Relatio finalis do Sínodo de 2015 —«é preciso lembrar sempre um princípio geral: “Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações” (Familiaris consortio, 84). O grau de responsabilidade não é igual em todos os casos, e podem existir fatores que limitem a capacidade de decisão. Por isso, ao mesmo tempo que se exprime com clareza adoutrina, há que evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diferentes situações,e é preciso estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição» (AL 79).

Capítulo quarto: “O amor no matrimónio”

O quarto capítulo trata do amor no matrimônio e ilustra-o a partir do “hino ao amor” de São Paulo de 1 Cor 13, 4-7. O capítulo é uma verdadeira e autêntica exegese cuidadosa, precisa, inspirada e poética do texto paulino. Poderemos dizer que se trata de uma coleção de fragmentos de um discurso amoroso que cuida de descrever o amor humano em termos absolutamente concretos. Surpreende-nos a capacidade de introspeção psicológica evidenciada por esta exegese. O aprofundamento psicológico chega ao mundo das emoções dos cônjuges - positivas e negativas - e à dimensão erótica do amor.Este é um contributo extremamente rico e precioso para a vida cristã dos cônjuges, que não tinha até agora paralelo em anteriores documentos papais.

À sua maneira, este capítulo constitui um pequeno tratado no conjunto de um desenvolvimento mais amplo, plenamente consciente do carácter quotidiano do amor que se opõe a todos os idealismos: «não se deve atirar para cima de duas pessoas limitadas o peso tremendo de ter que reproduzir perfeitamente a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimônio como sinal implica “um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus”» (AL 122). Mas, por outro lado, o Papa insiste de modo enérgico e firme no facto de que «na própria natureza do amor conjugal, existe a abertura ao definitivo» (AL 123) precisamente no íntimo daquela «combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e buscas, de aborrecimentos e prazeres» (Al 126) que é de facto o matrimônio.

O capítulo conclui-se com uma reflexão muito importante acerca da «transformação do amor» uma vez que «o alongamento da vida provocou algo que não era comum noutros tempos: a relação íntima e a mútua pertença devem ser mantidas durante quatro, cinco ou seis décadas, e isto gera a necessidade de renovar repetidas vezes a recíproca escolha» (AL 163). A aparência física transforma-se e a atração amorosa não desaparece, mas muda: com o tempo, o desejo sexual pode transformar-se em desejo de intimidade e «cumplicidade». «Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum estável, comprometer-nos a amar-nos e a viver unidos até que a morte nos separe, e viver sempre uma rica intimidade» (AL 163).

Capítulo quinto: “O amor que se torna fecundo”

O quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no carácter gerador do amor. Fala-se de uma maneira espiritualmente e psicologicamente profunda do acolher uma nova vida, da espera própria da gravidez, do amor de mãe e de pai. Mas também da fecundidade alargada, da adoção, do acolhimento do contributo das famílias para a promoção de uma “cultura do encontro”, da vida na família em sentido amplo, com a presença de tios, primos, parentes dos parentes, amigos. A Amoris laetitia não toma em consideração a família «mononuclear», mas está bem consciente da família como rede de relações alargadas. A própria mística do sacramento do matrimônio tem um profundo carácter social (cf. AL 186). E no âmbito desta dimensão social, o Papa sublinha em particular tanto o papel específico da relação entre jovens e idosos, como a relação entre irmãos como aprendizagem de crescimento na relação com os outros.

Capítulo sexto: “Algumas perspetivas pastorais”

No sexto capítulo, o Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus. Nesta parte, a Exortação recorre às Relações conclusivas dos dois Sínodos e às catequeses do Papa Francisco e de João Paulo II. Volta-se a sublinhar que as famílias são sujeito e não apenas objeto de evangelização. O Papa observa que «os ministros ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos complexos problemas atuais das famílias» (AL 202). Se, por um lado, é necessário melhorar a formação psicoafetiva dos seminaristas e envolver mais a família na formação para o ministério (cf. AL 203), por outro «pode ser útil também a experiência da longa tradição oriental dos sacerdotes casados» (AL 202).

Em seguida, o Papa desenvolve o tema da orientação dos noivos no caminho de preparação para o matrimônio, do acompanhamento dos esposos nos primeiros anos da vida matrimonial (incluindo o tema da paternidade responsável), mas também em algumas situações complexas e, em particular, nas crises, sabendo que «cada crise esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração» (AL 232). São analisadas algumas causas de crise, entre elas uma maturação afetiva retardada (cf. AL 239).

Além disso, fala-se também do acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas e sublinha-se a importância da recente reforma dos procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial. Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito e conclui-se: «O divórcio é um mal, e é muito preocupante o aumento do número de divórcios. Por isso, sem dúvida, a nossa tarefa pastoral mais importante relativamente às famílias é reforçar o amor e ajudar a curar as feridas, para podermos impedir o avanço deste drama do nosso tempo» (AL 246). Referem-se de seguida as situações dos matrimônios mistos e daqueles com disparidade de culto, e a situação das famílias que têm dentro de si pessoas com tendência homossexual, insistindo no respeito para com elas e na recusa de qualquer discriminação injusta e de todas das formas de agressão e violência. A parte final do capítulo, «quando a morte crava o seu aguilhão», é de grande valor pastoral, tocando o tema da perda das pessoas queridas e da viuvez.

Capítulo sétimo: “Reforçar a educação dos filhos”

O sétimo capítulo é totalmente dedicado à educação dos filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação sexual, a transmissão da fé e, mais em geral, a vida familiar como contexto educativo. É interessante a sabedoria prática que transparece em cada parágrafo e sobretudo a atenção à gradualidade e aos pequenos passos que «possam ser compreendidos, aceites e apreciados» (AL 271).

Há um parágrafo particularmente significativo e de um valor pedagógico fundamental em que Francisco afirma com clareza que «a obsessão (...) não é educativa; e também não é possível ter o controle de todas as situações onde um filho poderá chegar a encontrar-se (...). Se um progenitor está obcecado com saber onde está o seu filho e controlar todos os seus movimentos, procurará apenas dominar o seu espaço. Mas, desta forma, não o educará, não o reforçará, não o preparará para enfrentar os desafios. O que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia» (AL 261).

A secção dedicada à educação sexual é notável, e intitula-se muito expressivamente: «Sim à educação sexual». Sustenta-se a sua necessidade e formula-se a interrogação de saber «se as nossas instituições educativas assumiram este desafio (…) num tempo em que se tende a banalizar e empobrecer a sexualidade». A educação sexual deve ser realizada«no contexto duma educação para o amor, para a doação mútua» (AL 280). É feita uma advertência em relação à expressão «sexo seguro», pois transmite«uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se. Deste modo promove-se a agressividade narcisista, em vez do acolhimento» (AL 283).

Capítulo oitavo: “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”

O capítulo oitavo representa um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: «acompanhar, discernir e integrar», os quais são fundamentais para responder a situações de fragilidade, complexas ou irregulares. Em seguida, apresenta a necessária gradualidade na pastoral, a importância do discernimento, as normas e circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral e, por fim, aquela que é por ele definida como a «lógica da misericórdia pastoral».

O oitavo capítulo é muito delicado. Na sua leitura deve recordar-se que «muitas vezes, o trabalho da Igreja é semelhante ao de um hospital de campanha» (AL 291). O Pontífice assume aqui aquilo que foi fruto da reflexão do Sínodo acerca de temáticas controversas. Reforça-se o que é o matrimônio cristão e acrescenta-se que «algumas formas de união contradizem radicalmente este ideal, enquanto outras o realizam pelo menos de forma parcial e analógica». Por conseguinte, «a Igreja não deixa de valorizar os elementos construtivos nas situações que ainda não correspondem ou já não correspondem à sua doutrina sobre o matrimônio» (AL 292).

No que respeita ao «discernimento» acerca das situações «irregulares», o Papa observa: «temos de evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações e é necessário estar atentos ao modo em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição» (AL 296). E continua: «Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto duma misericórdia “imerecida, incondicional e gratuita”»(AL 297). E ainda: «Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral» (AL 298).

Nesta linha, acolhendo as observações de muitos Padres sinodais , o Papa afirma que «os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo». «A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais (…).Não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar como membros vivos da Igreja (…). Esta integração é necessária também para o cuidado e a educação cristã dos seus filhos» (AL 299).

Mais em geral, o Papa profere uma afirmação extremamente importante para que se compreenda a orientação e o sentido da Exortação: «Se se tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas (…) é compreensível que se não devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares, que deveria reconhecer: uma vez que “o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos”, as consequências ou efeitos duma norma não devem necessariamente ser sempre os mesmos» (AL 300). O Papa desenvolve em profundidade as exigências e características do caminho de acompanhamento e discernimento em diálogo profundo entre fiéis e pastores. A este propósito, faz apelo à reflexão da Igreja «sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes» no que respeita à imputabilidade das ações e, apoiando-se em S. Tomás de Aquino, detém-se na relação entre «as normas e o discernimento», afirmando: «É verdade que as normas gerais apresentam um bem que nunca se deve ignorar nem transcurar, mas, na sua formulação, não podem abarcar absolutamente todas as situações particulares. Ao mesmo tempo é preciso afirmar que, precisamente por esta razão, aquilo que faz parte dum discernimento prático duma situação particular não pode ser elevado à categoria de norma» (AL 304).

Na última secção do capítulo, «A lógica da misericórdia pastoral», o Papa Francisco, para evitar equívocos, reafirma com vigor: «A compreensão pelas situações excecionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano. Hoje, mais importante do que uma pastoral dos falimentos é o esforço pastoral para consolidar os matrimônio se assim evitar as ruturas» (AL 307). Mas o sentido abrangente do capítulo e do espírito que o Papa Francisco pretende imprimir à pastoral da Igreja encontra um resumo adequado nas palavras finais: «Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a aproximar-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem entregues ao Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal. E convido os pastores a escutar, com carinho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja» (AL 312). Acerca da «lógica da misericórdia pastoral», o Papa Francisco afirma com força: «Às vezes custa-nos muito dar lugar, na pastoral, ao amor incondicional de Deus. Pomos tantas condições à misericórdia que a esvaziamos de sentido concreto e real significado, e esta é a pior maneira de aguar o Evangelho» (AL 311).

Capítulo nono: “Espiritualidade conjugal e familiar”

O nono capítulo é dedicado à espiritualidade conjugal e familiar, «feita de milhares de gestos reais e concretos» (AL 315). Diz-se com clareza que «aqueles que têm desejos espirituais profundos não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é um percurso de que o Senhor Se serve para os levar às alturas da união mística» (AL 316). Tudo, «os momentos de alegria, o descanso ou a festa, e mesmo a sexualidade são sentidos como uma participação na vida plena da sua Ressurreição» (AL 317). Fala-se de seguida da oração à luz da Páscoa, da espiritualidade do amor exclusivo e livre diante do desafio e do desejo de envelhecer e gastar-se juntos, refletindo a fidelidade de Deus (cf. AL 319). E, por fim, a espiritualidade «da solicitude, da consolação e do estímulo». «Toda a vida da família é um “pastoreio” misericordioso. Cada um, cuidadosamente, desenha e escreve na vida do outro» (AL 322), escreve o Papa. «É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele» (AL 323).

No parágrafo conclusivo,o Papa afirma: «Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (…). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida» (AL 325).

A Exortação apostólica conclui-se com uma Oração à Sagrada Família (AL 325).

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Como já se pode depreender a partir de um rápido exame dos seus conteúdos, a Exortação apostólica Amoris laetitia pretende reafirmar com força não o «ideal» da família, mas a sua realidade rica e complexa. Há nas suas páginas um olhar aberto, profundamente positivo, que se nutre não de abstrações ou projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade. O documento é uma leitura densa de motivos espirituais e de sabedoria prática útil a cada casal ou a pessoas que desejam construir uma família. Nota-se sobretudo que foi fruto de uma experiência concreta com pessoas que sabem a partir da experiência o que é a família e o viver juntos durante muitos anos. A Exortação fala de fato a linguagem da experiência e da esperança.

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Amor, acompanhamento, discernimento são as palavras-chave, diz Card. Schönborn

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Cidade do Vaticano (RV) – O Cardeal Arcebispo de Viena, Dom Christoph Schönborn, durante a apresentação da Exortação Apostólica do Papa Francisco Amoris Laetitia, concentrou-se nas palavras-chave do documento. Ouçamos o que disse aos microfones da Rádio Vaticano:

A palavra-chave é amor: Amoris Laetitia. É significativo que o Papa não fala da caridade, mas do amor. Toda a plenitude dos sentimentos, das atitudes no casal e na família, de fato, toda esta riqueza está no centro. Eu diria que este documento é antes de tudo um grande hino ao amor familiar e no centro do texto, geograficamente no centro, mas também espiritualmente no centro, encontra-se o Capítulo IV. Sei que todos lerão o Capítulo VIII onde são tratadas as questões difíceis, controversas, mas o Capítulo IV é realmente o coração do texto, pois é uma longa meditação sobre o Hino de São Paulo, no Capítulo 13, da I Carta aos Coríntios, sobre a caridade e sobre o amor. E este é o núcleo. São João diz: “Acreditamos no amor”. O Papa Francisco acredita no amor, na força de atração do amor, e por isto pode ficar bastante desmotivado, crítico em relação a um comportamento que queira regular tudo com as normas, de quem pensa que basta concordar com as normas. Não, diz o Papa: “Isto não atrai; o que atrai é o amor”. E isto para mim, como dominicano, é a posição clássica de São Tomás de Aquino. Eu espero que, após a publicação do documento, se faça um estudo para mostrar o quanto este documento está em linha com o grande São Tomás de Aquino. É o autor mais citado em todo o documento entre os teólogos, os professores, os Padres da Igreja. E a profunda convicção de São Tomás é de que somente o bem nos atrai. A orientação no agir humano se faz pelo bem, pela felicidade. E este ideal da família cristã, do casal, não é um ideal abstrato, é o profundo desejo do homem. Mas esta meta, esta finalidade, é alcançada passo a passo, gradualmente. E por isto a outra palavra chave do documento é “acompanhamento”: o acompanhamento que fazem os pais com os seus filhos, que fazem os pastores com os fieis, que faz o Papa com a Igreja. Acompanhamento em um caminho onde estão todos. E eu, que venho de uma família muito ferida, de uma assim chamada ““patchwork family”, sofri quando jovem com esta quase separação que se faz frequentemente na Igreja: aqui estão aqueles “em ordem”, que se comportam bem, e aqui estão os outros que estão irregulares; aqui os bons, aqueles em ordem, e aqui os outros que são um problema. O Papa Francisco, na linha de Jesus, da Bíblia e no Novo Testamento, nos mostra que nós estamos todos em caminho, todos, sem exceção. Também aqueles que têm a sorte de viver em uma situação de paz familiar, serena, na fé e que caminham bem, também eles têm necessidade de conversão, também eles têm necessidade de misericórdia. E, portanto, acompanhar é a palavra chave para os pastores, para as comunidades cristãs. É importante, porque o Papa convida as comunidades a este acompanhamento. E depois, a terceira e última palavra-chave, após o amor e o acompanhamento, é o discernimento. “Discernimento” é muito inaciano. O Papa é jesuíta e formado pelos Exercícios de Santo Inácio. O discernimento é aquilo que cada um de nós deve fazer: o que Deus quer de mim no dia-a-dia, nas grandes escolhas da vida, etc. Discernimento também nas situações difíceis. E aqui existe um ponto que deve ser fortemente sublinhado: isto está em continuidade com São João Paulo II, porque este documento está baseado em grande parte na Familiaris Consortio. Devemos mostrar em detalhe o quanto está na linha da Familiaris Consortio, o que faz o Papa, que já fez o Sínodo de outubro passado. Em 1984, na Familiares Consortio, São João Paulo II dizia: os pastores, por amor à verdade, são obrigados a discernir as situações. E depois enumera três diversas situações de ruptura do matrimônio, mas são muito diferentes. E o que quer dizer? O Papa Francisco nos mostra que este discernimento pede também um acompanhamento diferente: não faz uma casuística do acompanhamento, mas sim uma escola de atitude do pastor e da comunidade, que acompanham com um olhar atento à realidade – o Papa diz isto diversas vezes no documento – as situações como são, as famílias como são: um acompanhamento eclético. E em uma pequena nota acrescenta que esta ajuda da Igreja pode existir, em certos casos, também com os Sacramentos; não diz mais do que isto. Talvez alguns dirão: “Não basta”. Ele diz: “Façam um bom discernimento””.

RV: Na sua opinião, este documento tem uma nova linguagem?

“Eu diria que este documento é um “evento de linguagem”, como foi a Evangelii Gaudium. É um “acontecimento”, uma renovação, um imediatismo de linguagem, que toca, porque às vezes devemos admitir – humildemente – que os nossos documentos eclesiásticos não são muito legíveis.... Sente-se que o Papa é um homem que ensinou literatura, que ama os poetas, os escritores. Tem uma linguagem com um sabor de vida, de vigor, de imagens. E fala das realidades da vida com uma proximidade às pessoas, que se sente. Se sente que é um homem que esteve tão próximo das pessoas. Mas não se deve esquecer, também aqui, a continuidade: lendo todo o quarto e o quinto capítulo, penso nas catequeses de São João Paulo II sobre a teologia do Corpo, mas é muito mais amplo: a vida do casal antes de tudo. O Papa Francisco está, na minha opinião, em forte continuidade com esta abordagem muito concreta, viva, da realidade cotidiana. Talvez ele inclua um pouco mais aquilo que ele define como “família ampliada”; fala dos avós, dos tios, dos primos: de toda esta riqueza do ambiente familiar que talvez tenha faltado um pouco nos documentos eclesiásticos sobre a família”. (JE)

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"Papal Foundation": uma caridade que se irradia no mundo

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Cidade do Vaticano (RV) – O Pontífice recebeu na manhã de sexta-feira (08/04), no Vaticano, os membros da Papal Foundation. Em 25 anos, desde a sua primeira contribuição ao Papa (hoje São João Paulo II), em abril de 1990, esta Fundação de caridade estadunidense destinou mais de 111 milhões de dólares à assistência de pessoas vulneráveis em todo o mundo. 

Aos presentes, o Papa Francisco se dirigiu agradecendo pela generosidade dos benfeitores que financiam projetos diocesanos, paroquiais e de comunidades, e oferecem bolsas de estudo para a formação: uma caridade “que se irradia no mundo, expandindo o abraço misericordioso do Pai” disse o Papa. 

“Espero que, no Ano da Misericórdia, estes dias de peregrinação em Roma sejam para vocês um novo e forte convite à santidade e à experiência intensa da misericórdia de Deus. São Paulo nos pede para não nos cansarmos de fazer o bem”, continuou Francisco, concluindo com o pedido aos membros da Fundação para que rezem também por ele. 

(CM)

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Papa aos bispos mexicanos: fiéis se aproximem da misericórdia de Deus

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco enviou uma mensagem à Conferência Episcopal Mexicana (CEM) por ocasião da 101ª assembleia plenária, em Cuautitlán. 

Com uma viva recordação de sua recente viagem apostólica a esse país, o Pontífice agradece aos bispos mexicanos pelos sentimentos de comunhão eclesial.

Na mensagem, assinada pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, Francisco encoraja os bispos a fim que “neste Ano Jubilar continuem encontrando maneiras novas a fim de que todos os fiéis se aproximem cada vez mais da misericórdia de Deus, manifestada em Jesus Cristo”. O Papa pede orações pelo seu ministério petrino e invoca a intercessão da Virgem de Guadalupe. 

Reeleição

No entanto, a CEM completou a composição de seu Conselho permanente. O Arcebispo de Guadalajara, Cardeal José Francisco Robles Ortega, foi confirmado presidente do organismo para o próximo triênio; o Bispo de Zamora, Dom Javier Navarro Rodríguez, foi eleito vice-presidente; e o Bispo auxiliar de Monterrey, Dom Alfonso Miranda Guardiola, secretário-regional. 

O Cardeal Robles Ortega repercorreu os discursos principais proferidos no México pelo Papa Francisco, em particular o dirigido aos bispos em Cidade do México. “O seu magistério nos orienta”, disse o purpurado, sublinhando o convite a uma conversão pastoral que privilegie a proximidade às pessoas e a capacidade de escuta. (MJ)

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Papa: as perseguições fazem parte do testemunho cristão

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu, na tarde desta sexta sexta-feira (08/04), na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a missa pelos vinte e cinco anos do ‘Centro Ezio Aletti’ e pelos vinte anos do ‘Ateliê de Arte Espiritual do Centro Aletti’. 

Participaram da celebração eucarística cerca de oitenta pessoas. Algumas fazem parte da equipe do Centro Aletti, formada por uma pequena comunidade de jesuítas e uma comunidade de religiosas, e outras são colaboradoras do centro, ou seja, artistas do Ateliê de Arte Espiritual do Centro Aletti e membros do Ateliê de Teologia Cardeal Špidlik. A missa contou também com a presença do Diretor do Centro Aletti, Pe. Marko Ivan Rupnik, do superior da Comunidade Jesuítas do Centro Aletti, Pe. Milan Žust, e do sacerdote delegado da Companhia de Jesus, Pe. Arturo Sosa.

Os mosaicos magníficos da Capela Redemptoris Mater foram feitos pelo Pe. Rupnik. 

Testemunho

O Papa Francisco sublinhou em sua homilia que “ninguém pode dar testemunho sozinho, é necessária a graça do Espírito Santo”. 

“Os apóstolos  saíram do Conselho muito contentes por terem sido considerados dignos de injúrias, por causa do nome de Jesus”, disse o pontífice comentando a Leitura do Livro dos Atos dos Apóstolos. Eles não cessaram de testemunhar o que viveram com Jesus. 

Perseguições

“O testemunho leva ao sofrimento, à perseguição. É a última das Bem-aventuranças: ‘Felizes vocês, se forem insultados e perseguidos, e se disserem todo tipo de calúnia contra vocês, por causa de mim. Fiquem alegres e contentes’. As perseguições e os sofrimentos fazem parte do testemunho cristão. Alguém pode pensar que se trata de uma espiritualidade masoquista, mas é a espiritualidade do Reino de Deus”, frisou o Papa. 

Francisco disse que “as pessoas que não versam o sangue, mas dão testemunho de mansidão, não julgam, perdem sempre, não ganham. O testemunho cristão não é para ganhar. Se uma pessoa segue Cristo para ganhar, segue o deus dinheiro”. 

Caminho do serviço

“O caminho cristão não tolera os galardoadores. O caminho cristão é para seguir Jesus e Jesus o seguimos no caminho do serviço e do abaixamento. Isso dá paz e felicidade”, disse o pontífice. 

“Rezemos uns pelos outros a fim de que o Senhor nos dê a graça de testemunhar com determinação o Espirito Santo e também com as bem-aventuranças da perseguição e humilhações, e muitas coisas que o Senhor sofreu em sua vida”, concluiu Francisco.

Centro Ezio Aletti

O Centro Aletti é uma instituição de estudos e pesquisas que se une à missão que a Companhia de Jesus desenvolve no Pontifício Instituto Oriental. Em 1991, os jesuítas abriram o Centro Aletti a pedido de São João Paulo II a fim de criar uma obra em apoio aos intelectuais cristãos do centro e do leste da Europa. 

O prédio onde foi aberta a instituição é em estilo Liberty (ou Art Nouveau, estilo artístico desenvolvido na Europa a partir do final do século XIX) doado pela senhora Anna Maria Gruenhut Bartoletti Aletti para a Companhia de Jesus, com o desejo explícito de que se tornasse um centro de encontro e reflexão intercultural. 

Convivência

O Centrum Aletti Velehrad-Roma, em Olomouc, na República Tcheca, é o primeiro centro afiliado. Encontrar-se na caridade favorece um comportamento criativo que emerge do estudo da memória e se deixa interpretar pelo hoje. O centro promove a convivência entre ortodoxos e católicos dos ritos oriental e latino na ótica do crescimento de cada um na própria Igreja, na caridade do único Cristo. 

O Centro Aletti tem a finalidade de buscar uma fisionomia espiritual cristã da cultura numa Europa que hoje tem a possibilidade de redescobrir-se íntegra, com uma fisionomia que não olha com saudades para trás, nem aceita simplesmente o novo, mas que trabalha pela sua transfiguração. 

Juntos se estuda o impacto entre fé cristã e dinâmicas culturais da modernidade e da pós-modernidade. Procura-se responder às perguntas das mulheres e homens de hoje, considerando a tradição cristã do Oriente e do Ocidente a fim de indicar juntos Cristo vivo. 

Ateliê de Arte Espiritual do Centro Aletti

O ‘Ateliê de Arte Espiritual do Centro Aletti’ é um espaço em que um grupo de artistas cristãos vive, reza e trabalha junto. Além de várias técnicas artísticas, se estuda Teologia, Liturgia, Bíblia e Espiritualidade. O Ateliê se propõe como caminho para promover  um novo encontro entre arte e fé, entre várias Igrejas e artistas. Não se obtém este encontro de forma abstrata, mas somente de forma teórica. Ele acontece dentro do artista e por isso é importante favorecer o âmbito em que o artista pode criar tal síntese. 

O Ateliê se ocupa quase exclusivamente de arte litúrgica. Na equipe há também arquitetos a fim de gerir todas as fases do trabalho, desde a projetação do espaço eclesial até a realização do arranjo litúrgico e de obras de artes, como mosaicos, vitrais, pintura e outras. (MJ)

 

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Papa: deter o sofrimento dos que são vendidos como mercadoria

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Nova Iorque (RV) - O Papa Francisco enviou uma mensagem aos participantes da Conferência da ONU sobre escravidão moderna e tráfico de seres humanos, realizada nesta quinta-feira (07/04), em Nova Iorque.

O documento foi enviado ao Observador Permanente da Santa Sé na ONU, em Nova Iorque, Dom Bernardito Auza. A conferência aborda os vários problemas que contribuem para a escravidão moderna e o tráfico de seres humanos. 

O Papa recorda na mensagem que a escravidão moderna e o tráfico de seres humanos continuam sendo um flagelo no mundo inteiro hoje, e agradece ao arcebispo e membros do Grupo Santa Marta pelos esforços na organização da conferência, aos Estados-Membros e várias organizações governamentais, civis e religiosas comprometidas no combate a este crime contra a humanidade.

Convergência de esforços

Francisco encoraja a fortalecer os laços de cooperação e comunicação, essenciais para “deter o sofrimento de muitos homens, mulheres e crianças que hoje são escravizados e vendidos como se fossem uma simples mercadoria”. 

O Papa espera que os participantes da conferência mantenham em primeiro lugar a “dignidade de toda pessoa” e que “reconheçam em todas as suas iniciativas o verdadeiro serviço em favor dos pobres e marginalizados da sociedade, que frequentemente são esquecidos e não têm voz”. 

Francisco assegura o compromisso da Igreja Católica na luta contra este crime e no cuidado das vítimas, e pede a Deus para que abençoe e oriente os esforços daqueles que lutam contra este mal que afeta a humanidade. (MJ)

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Igreja no Brasil



Assembleia CNBB: encontro com Pe Zezinho e Dom Cláudio

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Aparecida (RV) – Neste terceiro dia de trabalhos da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Aparecida, a celebração da Santa Missa no Santuário Nacional foi presidida por Dom Itamar Vian,  Arcebispo Emérito de Feira de Santana, na Bahia. Concelebram com ele os bispos eméritos presentes em Aparecida, são cerca de 40. 

Nesta sexta-feira tivemos uma reunião privada dos bispos. A publicação da Exortação Apostólica pós-Sinodal do Papa Francisco dedicada à família também foi tema de conversas dos senhores bispos, mas no plenário será tema na segunda-feira. Tivemos a visita do Pe. Zezinho que apesar de ainda não ter lido o texto integral nos fez a sua reflexão sobre a “Alegria do Amor”...

O Arcebispo de São Paulo (SP), cardeal Odilo Pedro Scherer, dentro das atividades da 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), apresentou nesta manhã à imprensa presente em Aparecida a nova Exortação Apostólica do Papa Francisco.

Sobre o andamento dos trabalhos da Assembleia Geral nós conversamos com o Cardeal Cláudio Hummes, Arcebispos emérito de São Paulo e responsável pela Comissão para a Amazônia da CNBB...

O tema central da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo”, foi apresentado ontem aos bispos reunidos em plenário. Tratou-se da versão ampliada do Estudo 107 da CNBB, que foi tema prioritário da Assembleia ocorrida em 2015 e que, após contribuições, retorna à discussão do episcopado, podendo tornar-se, caso aprovado, documento da Conferência. 

Na plenária foram expostas a redação, estrutura e repercussão do texto nos regionais e diversos ambientes eclesiais no País. O Bispo de Caçador (SC) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para o Laicato, Dom Severino Clasen, abordou o caminho histórico de redação do material.  Dom Severino mencionou que “o fruto das reflexões e estudos dos bispos referenciais estimulou o debate sobre o laicato e que por ocasião do aniversário do Vaticano II, ganhou mais força ainda”. 

Já o Arcebispo de Londrina (PR) e Presidente da Comissão para o Tema Central da 54ª Assembleia Geral (AG) da CNBB, Dom Orlando Brandes, falando com os jornalistas sobre o tema ressaltou a importância do laicato na Igreja e no texto em debate. “Leigo aqui é o cristão, o batizado, que é consciente, que é participante, que transforma a realidade por meio da sua fé, do evangelho e é sal da terra e luz do mundo”, disse o bispo.

O presidente da Comissão que prepara o texto que será votado pelo episcopado falou que os leigos são a maioria na Igreja. “Nós estamos dando atenção para a maioria a serviço do qual uma minoria está aí para servir, para ajudar, para lavar os pés”, disse.

Por ocasião do Dia do Jornalista, celebrado ontem, quinta-feira, 7, o Arcebispo eleito de Diamantina (MG) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Comunicação, Dom Darci José Nicioli, que é mediador das entrevistas coletivas da 54ª AG, recordou discurso do papa Francisco, em 2013, dirigido aos representantes dos meios de comunicação social.

“A Igreja presta grande atenção ao vosso precioso trabalho; é que vós tendes a capacidade de identificar e exprimir as expectativas e as exigências do nosso tempo, de oferecer os elementos necessários para uma leitura da realidade. O vosso trabalho requer estudo, uma sensibilidade própria e experiência, como tantas outras profissões, mas implica um cuidado especial pela verdade, a bondade e a beleza; e isto torna-nos particularmente vizinhos, já que a Igreja existe para comunicar precisamente isto: a verdade, a bondade e a beleza ‘em pessoa’. Deveria resultar claramente que todos somos chamados, não a comunicar-nos a nós mesmos, mas esta tríade existencial formada pela verdade, a bondade e a beleza”, citou dom Darci.

De Aparecida, SP, para a Rádio Vaticano, Silvonei José

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Assembleia da CNBB: Dom Sérgio e a Exortação sobre a família

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Aparecida (RV) – O terceiro dia de trabalhos da 54ª Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) em Aparecida, como de costume, tem início com a Santa Missa no Santuário Nacional. A celebração de hoje é presidida por Dom Itamar Vian,  Arcebispo Emérito de Feira de Santana, na Bahia. Concelebram com ele os bispos eméritos presentes em Aparecida, são cerca de 40. 

Ontem, a Santa Missa foi presidia pelo Núncio Apostólico no Brasil, Dom Giovanni D’Aniello e concelebrada pelos bispos nomeados no último ano.

Na sua homilia Dom Giovanni refletiu sobre a autoridade e a misericórdia divina.  O Núncio enfatizou que Deus mostra a sua grandeza ao inclinar-se à condição do ser humano. "É a grandeza da misericórdia de Deus que se revela quando reconhecemos a sua majestade. Ele não é um Deus que governa somente pela autoridade que lhe é própria. Ele é um Pai que orienta, vigia, cuida e se move em direção à criatura amada para manifestar-lhe o seu amor e convidá-la a fazer parte do seu Reino", afirmou. 

"O mundo de hoje continua a nos interrogar como fez aos primeiros discpulos do Senhor, disse o Núncio. Continua a querer nos intimidar e até calar a voz da nossa consciência diante de tantas formas de maldade e abandono, de imoralidade e desrespeito à vida, é o nosso testemunho coerente de vida cristã e caridade verdadeira a única resposta diante de todos os questionamentos. É a comprensão de que é preciso obedecer a Deus antes dos homens que nos garantirá a serenidade da fé, a paciência nas tribulações, a fortaleza diante das dificuldades. Deus é a resposta autêntica de quem tem fé. É a esperança que não se deixa calar, o sorriso que não se deixa vencer, o amor caridade qual sal da terra e luz do mundo para iluminar os corações e as mentes para temperar e purificar as nossas intenções", refletiu. 

Dom Giovanni deixou também uma prece especial pelo ministério dos novos bispos brasileiros. 

Na parte da tarde de ontem, o Arcebispo de Londrina (PR) e Presidente da Comissão para o tema central da 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), Dom Orlando Brandes, e o Bispo auxiliar de Belo Horizonte (MG), Dom Joaquim Giovani Mol, conversaram com a imprensa.

Os bispos apresentaram aos jornalistas um aprofundamento do tema central da AG, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da Terra e luz do mundo” e aspectos da análise de conjuntura político-social e eclesial. 

Ainda ontem à tarde o Cardeal Claudio Hummes e os outros membros da Comissão para a Amazônia apresentaram os trabalhos realizados na animação pastoral daquela região do Brasil. Entre os assuntos apresentados, as últimas iniciativas tomadas pela REPAM (Rede Eclesial Pan-amazônica) no campo da divulgação e aplicação da Encíclica Laudato Sí sobre o cuidado com a Casa Comum escrita pelo Papa Francisco.

Outro tema da tarde de ontem foi a elaboração de uma declaração oficial da Conferência em relação à uma realidade bastante grave: a situação hídrica e energética do nordeste brasileiro.  Teve ainda início o debate sobre os termos de uma “Nota Oficial” sobre as eleições municipais deste ano.

Nesta sexta-feira será apresentada em plenário a Exortação Apostólica pós-Sinodal do Papa Francisco dedicada à família. Nós conversamos com o Presidente da CNBB, Dom Sérgio da Rocha sobre esse documento, já que ele foi um dos padres sinodais....

A 54ª Assembleia Geral da CNBB iniciou na quarta-feira, 6, e prosseguirá até o dia 15 de abril. Cerca de 360 bispos estão presentes. 

De Aparecida, SP, para a Rádio Vaticano, Silvonei José

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Card. Hummes pede envolvimento de toda a Igreja com a Amazônia

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Aparecida (RV) - “Os desafios conclamam a Igreja na Amazônia a ser missionária, misericordiosa e profética. É preciso apresentar um rosto amazônico da Igreja e a Igreja só poderá encontra-lo à medida que se envolver realmente”, disse o arcebispo emérito de São Paulo e Presidente da Comissão Episcopal para a Amazônia, Cardeal Cláudio Hummes, à Assembleia Geral da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), quinta-feira, (07/04), em Aparecida (SP). 

O arcebispo disse que a região compreende, ao todo, 56 circunscrições eclesiásticas, correspondendo a um pouco mais da metade do território brasileiro. A Comissão para a Amazônia surgiu com a finalidade de acompanhar a ação evangelizadora do local. “A Comissão foi criada para sensibilizar as pessoas para a missão na Amazônia, um lugar onde existem muitas carências, inclusive materiais”, relatou. 

De acordo com o cardeal, desde a criação da Comissão, houve um crescimento do número de padres, religiosos e leigos missionários na Amazônia. “Este crescimento deve-se ao fato de que também na formação presbiteral houve iniciativas de formação na perspectiva de uma Igreja em saída, misericordiosa, pobre e para os pobres”, explicou. Dom Cláudio acrescentou que também na formação permanente tem havido iniciativas. 

Desafios da Igreja na Amazônia

Dom Cláudio apontou como desafio a crescente urbanização. Conforme o arcebispo, trata-se de uma realidade nova. Citou como exemplo a Ilha de Marajó, “descuidada pelo poder público estadual e federal, com agravada situação de pobreza, miséria, desemprego e abuso de menores”. Falou sobre o modelo de desenvolvimento econômico de exploração desenvolvimentista, que reclama uma nova forma de relacionamento com o meio ambiente. Lembrou ainda o crescimento do número de evangélicos e a questão da evangelização dos indígenas, historicamente, maltratados e descuidados pela sociedade civil. 

“A Igreja e a sociedade têm enorme dívida com os indígenas, para que eles voltem a ser protagonistas da sua história, inclusive, religiosa”, afirmou. Para o cardeal, este reconhecimento apresenta outro desafio à Igreja no Brasil, que consiste na formação de um clero autóctone e o despertar de forças da ação evangelizadora, na própria população indígena.

Repam

Por fim, Dom Cláudio Hummes falou acerca da colaboração que Repam, Rede Eclesial Pan-Amazônica, tem oferecido à América Latina. O organismo, ligado ao Conselho Episcopal Latino-Americano (Celam),  reúne nove países que compõem uma só Amazônia. A Repam foi fundada em setembro de 2014, tendo como co-autores a CNBB e a Cáritas Latino-americana. A Rede nasceu como uma oportunidade de apoio, solidariedade e fortalecimento da ação evangelizadora no contexto amazônico. Atualmente, está estruturada nos seguintes eixos: formação indígena, comunicação, redes intencionais e Igreja de fronteiras.

Sobre os trabalhos desenvolvidos, Dom Cláudio lembrou que a Repam participou da COP 21, convidada pela Cáritas Francesa. O organismo tem um comitê que cuida dos trabalhos no Brasil e tem promovido seminários sobre a Laudato Sí em diversas universidades do Brasil. Está previsto encontro da Igreja Católica na Amazônia Legal, entre 14 e 18 de novembro que, nas palavras de Dom Cláudio, conferirá força à Igreja presente nesta macrorregião.

(CNBB/CM)

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Dom Orani oferece chave de leitura à Alegria do Amor

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco nos convida a uma leitura não de todo o texto da Amoris Laetitia de uma vez, mas de uma leitura saboreada parte a parte, mostrando que a Família é uma oportunidade e não um problema. Ao fazer esta afirmação, o Cardeal Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani João Tempesta, oferece algumas chaves de leitura para a melhor compreensão da nova Exortação do Papa Francisco, publicada nesta sexta-feira (08/04).

A interpretação de Dom Orani traz fundamentações bíblicas e contempla os nove capítulos da Exortação : abaixo, a íntegra do texto.

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Cap. I – tem apoio fundamentos e luzes Bíblicas (À Luz da Palavra) 08-30

Tu e a tua esposa (Gn) 09-13

Os teus filhos como brotos de oliveira (Sl 128/127,3) 14-18

Um rastro de sofrimento e sangue (fratricida ...) 19-22

O fruto do teu próprio trabalho (pai é trabalhador... ) 23-26

A ternura do abraço (“intimidade delicada e carinhosa entre a mãe e o seu bebê, um recém-nascido que dorme nos braços de sua mãe depois de ter sido amamentado”) 27-30

 

Cap. II – conjuntura atual familiar (Realidade e os desafios das famílias) 31-57

A situação atual da família (Caminhos Pastorais; descartável; sistema econômico excludente; problema de ter uma casa e de ter um emprego; idosos [eutanásia e suicídio assistido]; famílias na miserabilidade) 32-49

Alguns desafios (função educativa; ansiedade com futuro, mas não vivem o presente; insegurança profissional, econômico e medo relacional; toxicodependência [álcool, jogos de azar]; violência familiar como agressividade social; 52[variedades situações familiares/uniões de fato, pessoas do mesmo sexo não podem ser equiparadas ao matrimônio]; poligamia prática; desconstrução jurídica familiar; força da família ensinar a amar; violência verbal, física e sexual contra a mulher; mutilação genital; aluguel de ventres; dignidade entre o homem e mulher; ausência do pai marca gravemente a vida familiar, a educação dos filhos e a sua inserção na sociedade; gender = nega a diferença e a reciprocidade natural de homem e mulher [não esquecer que “sexo biológico (sex) e função sociocultural do sexo (gender), podem-se distinguir, mas não separar”]) 50-57

 

Cap. III – Recorda elementos essenciais da doutrina da Igreja sobre matrimônio e a família (O Olhar Fixo em Jesus: A Vocação da Família) (“olhou para as mulheres e os homens que encontrou com amor e ternura, acompanhando os seus passos com verdade, paciência e misericórdia, ao anunciar as exigências do Reino de Deus”). 58-88

Jesus recupera e realiza plenamente o projeto divino 61-66

A família nos documentos da Igreja 67-70

O Sacramento do Matrimônio 71-75

Sementes do Verbo e situações imperfeitas 76-79

A transmissão da vida e a educação dos filhos 80-85

A família e a Igreja 86-88

 

Cap. IV – Esposos identificaram (O Amor no Matrimônio) (amor hoje está bem desfigurado e necessita precisar o real sentido 1Cor 13,2-3). 89-164

O nosso amor cotidiano (1Cor 13,4-7) 90

Paciência (macrothymei qualidade do Deus da Aliança, que convida a imitá-Lo também na vida familiar) 91-92

Atitude de serviço (jrestéuetai única vez que aparece em toda a Bíblia –, que deriva de jrestós (pessoa boa, que mostra a sua bondade nas ações) prestável) 93-94

Curando a inveja (zeloi (ciúme ou inveja). Significa que, no amor, não há lugar para sentir desgosto pelo bem do outro (cf. At 7,9; 17,5). A inveja é uma tristeza pelo bem alheio) 95-96

Sem ser arrogante nem se orgulhar (perpereuetai, que indica vanglória, desejo de se mostrar superior para impressionar os outros com atitude pedante e um pouco agressiva. physioutai – é muito semelhante, indicando que o amor não é arrogante) 97-98

Amabilidade (Amar é também tornar-se amável, e nisto está o sentido do termo asjemonéi. Significa que o amor não age rudemente, não atua de forma inconveniente, não se mostra duro no trato) 99-100

Desprendimento (hino à caridade afirma que o amor “não procura o seu próprio interesse”, ou “não procura o que é seu”. “Não cuide somente do que é seu, mas também do que é dos outros” (Fl 2,4).) 101-102

Sem violência interior (paroxýnetai – que diz respeito a uma reação interior de indignação provocada por algo exterior. Trata-se de uma violência interna, uma irritação recôndita que nos põe à defesa perante os outros, como se fossem inimigos molestos a evitar. Se tivermos de lutar contra um mal, façamo-lo; mas sempre digamos “não” à violência interior.) 103-104

Perdão (logízetai to kakón significa que se “tem em conta o mal”, “trá-lo gravado”, ou seja, está ressentido. Nenhuma família ignora como o egoísmo, o desacordo, as tensões, os conflitos agridem, de forma violenta e às vezes mortal, a comunhão: daqui as múltiplas e variadas formas de divisão da vida familiar. Se aceitamos que o amor de Deus é incondicional, que o carinho do Pai não se deve comprar nem pagar, então poderemos amar sem limites, perdoar aos outros, ainda que tenham sido injustos para conosco.) 105-108

Alegrar-se com os outros (jairei epi te adikía indica algo de negativo arraigado no segredo do coração da pessoa. sygjairei te alétheia – rejubila com a verdade. alegra-se com o bem do outro, quando se reconhece a sua dignidade, quando se apreciam as suas capacidades e as suas boas obras. A família deve ser sempre o lugar em que uma pessoa que conquista algo de bom na vida, sabe que vão com ela se alegrar.) 109-110

Tudo desculpa (“Tudo”. “tudo desculpa – panta stégei”. É diferente de “não ter em conta o mal”, porque este termo tem a ver com o uso da língua; pode significar “guardar silêncio” a propósito do mal que possa haver em outra pessoa. Os esposos, que se amam e se pertencem, falam bem um do outro, procuram mostrar mais o lado bom do cônjuge do que as suas fraquezas e erros. O amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado.) 111-113

Confia (O amor convive com a imperfeição, desculpa-a e sabe guardar silêncio perante os limites do ser amado. O amor confia, deixa em liberdade, renuncia a controlar tudo, a possuir, a dominar. Família, onde reina uma confiança sólida, carinhosa e, aconteça o que acontecer, sempre se volta a confiar, permite o florescimento da verdadeira identidade dos seus membros, fazendo com que se rejeite espontaneamente o engano, a falsidade e a mentira.) 114-115

Espera (Panta elpízei: não desespera do futuro. A pessoa, com todas as suas fraquezas, é chamada à plenitude do Céu. ) 116-117

Tudo suporta (Panta hypoménei significa que suporta, com espírito positivo, todas as contrariedades. É amor que apesar de tudo não desiste, mesmo que todo o contexto convide a outra coisa. Na vida familiar, é preciso cultivar esta força do amor, que permite lutar contra o mal que a ameaça.) 118-119

Crescer na caridade conjugal (“O Espírito, que o Senhor infunde, dá um coração novo e torna o homem e a mulher capazes de se amarem como Cristo nos amou. O amor conjugal atinge assim aquela plenitude para a qual está interiormente ordenado: a caridade conjugal” FC, 13. O matrimônio é o ícone do amor de Deus por nós.) 120-122

A vida toda, tudo em comum (Depois do amor que nos une a Deus, o amor conjugal é a “amizade maior”. Partilha-se tudo, incluindo a sexualidade, sempre no mútuo respeito.) 123-125

Alegria e beleza (No matrimônio, convém cuidar da alegria do amor. A alegria matrimonial, que pode ser vivenciada mesmo no meio do sofrimento, implica aceitar que o matrimônio é uma combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e buscas, de aborrecimentos e prazeres, sempre no caminho da amizade que impele os esposos a cuidarem um do outro: “prestam-se recíproca ajuda e serviço”. O amor de amizade chama-se “caridade”, quando capta e aprecia o “valor sublime” que tem o outro.) 126-130

Casar-se por amor (Quero dizer aos jovens que nada disto é prejudicado, quando o amor assume a modalidade da instituição matrimonial.) 131-132

Amor que se manifesta e cresce (O amor de amizade unifica todos os aspectos da vida matrimonial e ajuda os membros da família a avançarem em todas as suas fases. Na família, “é necessário usar três palavras: com licença, obrigado, desculpa. Três palavras-chave”. É mais saudável aceitar com realismo os limites, os desafios e as imperfeições, e dar ouvidos ao apelo para crescer juntos, fazer amadurecer o amor e cultivar a solidez da união, aconteça o que acontecer.) 133-135

O diálogo (modalidade privilegiada e indispensável para viver, exprimir e maturar o amor na vida matrimonial e familiar. Reservar tempo, tempo de qualidade, que permita escutar, com paciência e atenção, até que o outro tenha manifestado tudo o que precisava comunicar. Isto requer a ascese de não começar a falar antes do momento apropriado. Desenvolver o hábito de dar real importância ao outro. Ter gestos de solicitude pelo outro e demonstrações de carinho. O amor supera as piores barreiras. É preciso ter algo para se dizer. Quando cada um dos cônjuges não cultiva o próprio espírito e não há uma variedade de relações com outras pessoas, a vida familiar torna-se endogâmica e o diálogo fica empobrecido.) 136-141

Amor apaixonado (Deve haver qualquer motivo para um amor sem prazer nem paixão se revelar insuficiente a simbolizar a união do coração humano com Deus.) 142

O mundo das emoções (Desejos, sentimentos, emoções (os clássicos os chamavam de “paixões”) ocupam um lugar importante no matrimônio. Estas manifestações da sua sensibilidade mostram até que ponto estava aberto aos outros o seu coração humano. Experimentar uma emoção não é, em si mesmo, algo moralmente bom nem mau. Se uma paixão acompanha o ato livre, pode manifestar a profundidade dessa opção. O amor matrimonial leva a procurar que toda a vida emotiva se torne um bem para a família e esteja a serviço da vida em comum.) 143-146

Deus ama a alegria dos seus filhos (caminho pedagógico, um processo que inclui renúncias: é uma convicção da Igreja, que muitas vezes foi rejeitada pelo mundo como se fosse inimiga da felicidade humana. É necessária a educação da emotividade e do instinto e, para isso, às vezes torna-se indispensável impormo-nos algum limite. Deus ama a alegria do ser humano, pois Ele criou tudo “para nosso bom uso” (1Tm 6,17). Deixemos brotar a alegria à vista da sua ternura, quando nos propõe.) 147-149

A dimensão erótica do amor (Tudo isto nos leva a falar da vida sexual dos esposos. O próprio Deus criou a sexualidade, que é um presente maravilhoso para as suas criaturas. Veja-se aqui a Teologia do Corpo de São João Paulo II: “o coração humano torna-se participante, por assim dizer, de outra espontaneidade”.) 150-152

Violência e manipulação (Não podemos ignorar que muitas vezes a sexualidade se despersonaliza e enche de patologias, de modo que “se torna cada vez mais ocasião e instrumento de afirmação do próprio eu e de satisfação egoísta dos próprios desejos e instintos”. Nunca é demais lembrar que, mesmo no matrimônio, a sexualidade pode tornar-se fonte de sofrimento e manipulação. Por isso, devemos reafirmar, claramente, que “um ato conjugal imposto ao próprio cônjuge, sem consideração pelas suas condições e pelos seus desejos legítimos, não é um verdadeiro ato de amor e nega, por isso mesmo, uma exigência de reta ordem moral, nas relações entre os esposos”. importante deixar claro a rejeição de toda a forma de submissão sexual. a rejeição das distorções da sexualidade e do erotismo nunca deveria levar-nos ao seu desprezo nem ao seu descuido. O ideal do matrimônio não pode configurar-se apenas como uma doação generosa e sacrificada, onde cada um renuncia a qualquer necessidade pessoal e se preocupa apenas por fazer o bem ao outro, sem satisfação alguma.) 153-157

Matrimônio e virgindade (A virgindade é uma forma de amor. A virgindade tem o valor simbólico do amor que não necessita possuir o outro, refletindo assim a liberdade do Reino dos Céus. É um convite para os esposos viverem o seu amor conjugal na perspectiva do amor definitivo a Cristo, como um caminho comum rumo à plenitude do Reino. O celibato corre o risco de ser uma cômoda solidão, que dá liberdade para se mover autonomamente, mudar de local, tarefa e opção, dispor do seu próprio dinheiro, conviver com as mais variadas pessoas segundo a atração do momento.) 158-162

A transformação do amor (amor, que nos prometemos, supera toda a emoção, sentimento ou estado de ânimo, embora possa incluí-los. O vínculo encontra novas modalidades e exige a decisão de reatá-lo repetidamente; e não só para conservá-la, mas para fazê-lo crescer. É o caminho de se construir dia após dia, mas nada disto é possível, se não se invoca o Espírito Santo, se não se clama todos os dias pedindo a sua graça.) 163-164

 

Cap. V – Esposos identificaram (O Amor que se torna fecundo) (O amor sempre dá vida.) 165-198

Acolher uma nova vida (A família é o âmbito não só da geração, mas também do acolhimento da vida que chega como um presente de Deus. As famílias numerosas são uma alegria para a Igreja.) 166-167

O amor na expectativa própria da gravidez (A gravidez é um período difícil, mas também um tempo maravilhoso. A mulher grávida pode participar deste projeto de Deus, sonhando o seu filho. A cada mulher grávida quero pedir afetuosamente: cuida da tua alegria, que nada te tire a alegria interior da maternidade. Tua criança merece a tua alegria...) 168-171

Amor de mãe e de pai (Toda a criança tem direito a receber o amor de uma mãe e de um pai, ambos necessários para o seu amadurecimento íntegro e harmonioso.) 172-177

Fecundidade alargada (mesmo que faltem os filhos, tantas vezes ardentemente desejados, o matrimônio conserva o seu valor e indissolubilidade, como comunidade e comunhão de toda a vida. A adoção é um caminho para realizar a maternidade e a paternidade de uma forma muito generosa, e desejo encorajar os que não podem ter filhos a alargar e abrir o seu amor conjugal para receber quem está privado de um ambiente familiar adequado.) 178-184

Distinguir o Corpo (A Eucaristia exige a integração no único corpo eclesial.) 185-186

A vida na família em sentido amplo (O núcleo familiar restrito não deveria isolar-se da família alargada, onde estão os pais, os tios, os primos e até os vizinhos.) 187

Ser filho (Não faz bem a ninguém perder a consciência de ser filho. Em cada pessoa, “mesmo quando se torna adulta ou idosa, quando passa também a ser progenitora ou desempenha funções de responsabilidade, por baixo de tudo isso permanece a identidade de filho. Todos somos filhos.) 188-190

Os idosos (“Não me rejeites no tempo da velhice, não me abandones quando diminuem minhas forças” (Sl 71/70,9). É o brado do idoso, que teme o esquecimento e o desprezo. Os idosos ajudam a perceber “a continuidade das gerações”, com “o carisma de lançar uma ponte”215 entre elas.) 191-193

Ser irmão (A relação entre os irmãos aprofunda-se com o passar do tempo, e “o laço de fraternidade que se forma na família entre os filhos, quando se verifica em um clima de educação para a abertura aos outros, é uma grande escola de liberdade e de paz. Em família, entre irmãos, aprendemos a convivência humana (…). Talvez nem sempre estejamos conscientes disto, mas é precisamente a família que introduz a fraternidade no mundo.) 194-195

Um coração grande (“o amor entre o homem e a mulher no matrimônio e, de forma derivada e ampla, o amor entre os membros da mesma família – entre pais e filhos, entre irmãos e irmãs, entre parentes e familiares – é animado e impelido por um dinamismo interior e incessante, que leva a família a uma comunhão sempre mais profunda e intensa, fundamento e alma da comunidade conjugal e familiar”) 196-198

 

Cap.VI – Agentes Pastorais (Algumas Perspectivas Pastorais) (As diferentes comunidades é que deverão elaborar propostas mais práticas e eficazes, que tenham em conta tanto a doutrina da Igreja como as necessidades e desafios locais.) 199-285

Anunciar hoje o Evangelho da família (fazer-lhes “experimentar que o Evangelho da família é alegria que ‘enche o coração e a vida inteira’, porque, em Cristo, somos ‘libertados do pecado, da tristeza, do vazio interior, do isolamento’ (EG, n. 1). “Por isso exige-se a toda a Igreja uma conversão missionária: é preciso não se contentar com um anúncio puramente teórico e desligado dos problemas reais das pessoas”. “A principal contribuição pastoral familiar é oferecida pela paróquia, que é família de famílias, onde se harmonizam as contribuições de pequenas comunidades, movimentos e associações eclesiais” Os seminaristas deveriam ter acesso a uma formação interdisciplinar mais ampla sobre namoro e matrimônio, não se limitando à Doutrina. Além disso, a formação nem sempre lhes permite desenvolver o seu mundo psicoafetivo. “A presença dos leigos e das famílias, em particular a presença feminina, na formação sacerdotal, favorece o apreço pela variedade e complementaridade das diversas vocações na Igreja”) 200-204

Guiar os noivos no caminho de preparação para o matrimônio (é preciso ajudar os jovens a descobrir o valor e a riqueza do matrimônio. “A complexa realidade social e os desafios, que a família é chamada a enfrentar atualmente, exigem um empenhamento maior de toda a comunidade cristã na preparação dos noivos para o matrimônio. Convido as comunidades cristãs a reconhecerem que é um bem para elas mesmas acompanhar o caminho de amor dos noivos. A preparação dos que já formalizaram o noivado, quando a comunidade paroquial consegue acompanhá-los com bom período de antecipação, deve dar-lhes também a possibilidade de individuar incompatibilidades e riscos. Tanto a preparação próxima como o acompanhamento mais prolongado devem procurar que os noivos não considerem o matrimônio como o fim do caminho, mas o assumam como uma vocação que os lança para diante, com a decisão firme e realista de atravessarem juntos todas as provações e momentos difíceis.) 205-211

A preparação da celebração (A preparação próxima do matrimônio tende a concentrar-se nos convites, na roupa, na festa com os seus inumeráveis detalhes que consomem tanto os recursos econômicos como as energias e a alegria. Na preparação mais imediata, é importante esclarecer os noivos para viverem com grande profundidade a celebração litúrgica, ajudando-os a compreender e viver o significado de cada gesto.) 212-216

Acompanhamento nos primeiros anos da vida matrimonial (Temos de reconhecer como um grande valor que se compreenda que o matrimônio é uma questão de amor: só se podem casar aqueles que se escolhem livremente e se amam. Lembro-me de um refrão que dizia que a água estagnada corrompe-se, estraga-se. O mesmo acontece com a vida do amor nos primeiros anos do matrimônio quando fica estagnada, cessa de mover-se, perde aquela inquietude sadia que a faz avançar. Uma das causas que leva a rupturas matrimoniais é ter expectativas demasiado altas sobre a vida conjugal. Quando se descobre a realidade mais limitada e problemática do que se sonhara, a solução não é pensar imediata e irresponsavelmente na separação, mas assumir o matrimônio como um caminho de amadurecimento, onde cada um dos cônjuges é um instrumento de Deus para fazer crescer o outro.) 217-222

Alguns recursos (Os primeiros anos de matrimônio são um período vital e delicado, durante o qual os cônjuges crescem na consciência dos desafios e do significado do matrimônio. Daí a necessidade de um acompanhamento pastoral que continue depois da celebração do sacramento (cf. FC, parte III). Este caminho é uma questão de tempo. O amor precisa de tempo disponível e gratuito, colocando outras coisas em segundo lugar.) 223-230

Iluminar crises, angústias e dificuldades (Quando o vinho envelhece com esta experiência do caminho, então aparece, floresce em toda a sua plenitude a fidelidade dos momentos insignificantes da vida. É a fidelidade da espera e da paciência. Esta fidelidade, cheia de sacrifícios e alegrias, de certo modo vai florescendo na idade em que tudo fica “sazonado” e os olhos brilham com a contemplação dos filhos de seus filhos.) 231

O desafio das crises (A história de uma família está marcada por crises de todo o gênero, que são parte também da sua dramática beleza. É preciso ajudar a descobrir que uma crise superada não leva a uma relação menos intensa, mas a melhorar, sedimentar e maturar o vinho da união. Não se vive juntos para ser cada vez menos feliz, mas para aprender a ser feliz de maneira nova, a partir das possibilidades que abre uma nova etapa. Perante o desafio de uma crise, a reação imediata é resistir, pôr-se à defesa por sentir que escapa ao próprio controle, por mostrar a insuficiência da própria maneira de viver, e isto incomoda. Há crises comuns que costumam verificar-se em todos os matrimônios, como a crise ao início quando é preciso aprender a conciliar as diferenças e a desligar-se dos pais; ou a crise da chegada do filho, com os seus novos desafios emotivos. A estas crises, vêm juntar-se as crises pessoais com incidência no casal, relacionadas com dificuldades econômicas, laborais, afetivas, sociais, espirituais) 232-238

Velhas feridas (É compreensível que, nas famílias, haja muitas dificuldades, quando um dos seus membros não amadureceu a sua maneira de relacionar-se, porque não curou feridas de alguma etapa da sua vida. Muitos terminam a sua infância sem nunca terem se sentido amados incondicionalmente, e isto compromete a sua capacidade de confiar e entregar-se. Por mais evidente que possa parecer que toda a culpa seja do outro, nunca é possível superar uma crise esperando que apenas o outro mude. É preciso também questionar a si mesmo sobre as coisas que poderia pessoalmente amadurecer ou curar para favorecer a superação do conflito.) 239-240

Acompanhar depois das rupturas e dos divórcios (Em alguns casos, a consideração da própria dignidade e do bem dos filhos exige pôr um limite firme às pretensões excessivas do outro, a uma grande injustiça, à violência ou a uma falta de respeito que se tornou crônica. É preciso reconhecer que “há casos em que a separação é inevitável. “é indispensável um discernimento particular para acompanhar pastoralmente os separados, os divorciados, os abandonados. Tem-se de acolher e valorizar sobretudo a angústia daqueles que sofreram injustamente a separação, o divórcio ou o abandono, ou então foram obrigados, pelos maus-tratos do cônjuge, a romper a convivência. Quanto às pessoas divorciadas que vivem em uma nova união, é importante fazer-lhes sentir que fazem parte da Igreja, que “não estão excomungadas” nem são tratadas como tais, porque sempre integram a comunhão eclesial. sublinhou a necessidade de tornar mais acessíveis, ágeis e possivelmente gratuitos os procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade”.263 A lentidão dos processos irrita e cansa as pessoas. a nossa tarefa pastoral mais importante relativamente às famílias é reforçar o amor e ajudar a curar as feridas, para podermos impedir o avanço deste drama do nosso tempo.) 241-246

Algumas situações complexas (‘procure-se (…) uma colaboração cordial entre o ministro católico e o não católico, desde o momento da preparação para o matrimônio e para as núpcias’ (FC, n. 78). A respeito da partilha eucarística, recorda-se que ‘a decisão de admitir ou não a parte não católica do matrimônio à comunhão eucarística deve ser tomada em conformidade com as normas gerais existentes na matéria, tanto para os cristãos orientais como para os outros cristãos, e tendo presente esta situação particular, ou seja, que recebem o sacramento do matrimônio cristão dois cristãos batizados. Embora os esposos de um matrimônio misto tenham em comum os sacramentos do Batismo e do Matrimônio, a partilha da Eucaristia, não pode deixar de ser extraordinária e, contudo, devem ser observadas as disposições indicadas’ (Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Diretório para a Aplicação dos Princípios e das Normas sobre o Ecumenismo, 25 de março de 1993, 159-160)”.) 247-252

Quando a morte crava o seu aguilhão (a vida familiar vê-se desafiada pela morte de um ente querido. Não podemos deixar de oferecer a luz da fé para acompanhar as famílias que sofrem em tais momentos. Não gastemos energias, detendo-nos anos e anos no passado. Quanto melhor vivermos nesta terra, tanto maior felicidade poderemos partilhar com os nossos entes queridos no céu. Quanto mais conseguirmos amadurecer e crescer, tanto mais poderemos levar-lhes coisas belas para o banquete celeste.) 253-258

 

Cap. VII – (Reforçar a Educação dos Filhos) (função educativa das famílias é tão importante e se tornou muito complexa) 259-290

Onde estão os filhos? (A família não pode renunciar a ser lugar de apoio, acompanhamento, guia, embora tenha de reinventar os seus métodos e encontrar novos recursos. A obsessão, porém, não é educativa; e também não é possível ter o controle de todas as situações em que um filho poderá chegar a encontrar-se. Vale aqui o princípio de que “o tempo é superior ao espaço. Se a maturidade fosse apenas o desenvolvimento de algo já contido no código genético, quase nada poderíamos fazer. Mas não é! A prudência, o reto juízo e a sensatez não dependem de fatores puramente quantitativos de crescimento, mas de toda uma cadeia de elementos que se sintetizam no íntimo da pessoa; mais exatamente, no centro da sua liberdade.) 260-262

A formação ética dos filhos (Os pais necessitam também da escola para assegurar uma instrução de base aos seus filhos, mas a formação moral deles nunca a podem delegar totalmente. A tarefa dos pais inclui uma educação da vontade e um desenvolvimento de hábitos bons e tendências afetivas para o bem. Isto implica que se apresentem como desejáveis os comportamentos a aprender e as tendências a fazer maturar. É necessário maturar hábitos. A liberdade é algo de grandioso, mas podemos perdê-la.) 263-267

O valor da sanção como estímulo (De igual modo, é indispensável sensibilizar a criança e o adolescente para se darem conta de que as más ações têm consequências. É preciso despertar a capacidade de colocar-se no lugar do outro e sentir pesar pelo seu sofrimento originado pelo mal que lhe fez. A correção é um estímulo quando, ao mesmo tempo, se apreciam e reconhecem os esforços e quando o filho descobre que os seus pais conservam viva uma paciente confiança.) 268-270

Realismo paciente (A educação moral implica pedir a uma criança ou a um jovem apenas as coisas que não representem, para eles, um sacrifício desproporcionado, exigir-lhes apenas a dose de esforço que não provoque ressentimento ou ações puramente forçadas.) 271-273

A vida familiar como contexto educativo (A família é a primeira escola dos valores humanos, na qual se aprende o bom uso da liberdade. Há inclinações maturadas na infância, que impregnam o íntimo de uma pessoa e permanecem toda a vida como uma inclinação favorável a um valor ou como uma rejeição espontânea de certos comportamentos) 274-279

Sim à educação sexual (necessidade de “uma educação sexual positiva e prudente” oferecida às crianças e adolescentes “à medida que vão crescendo” e “tendo em conta os progressos da psicologia, pedagogia e didática”.) 280-286

Transmitir a fé (A educação dos filhos deve estar marcada por um percurso de transmissão da fé, que se vê dificultado pelo estilo de vida atual, pelos horários de trabalho, pela complexidade do mundo atual, onde muitos têm um ritmo frenético para poder sobreviver.) 287-290

 

Cap. VIII – Convite a todos (Acompanhar, Discernir e Integrar a Fragilidade) (toda a ruptura do vínculo matrimonial “é contra a vontade de Deus, está consciente também da fragilidade de muitos dos seus filhos”. Não esqueçamos que, muitas vezes, o trabalho da Igreja é semelhante ao de um hospital de campanha.) 291-312

A gradualidade na pastoral (quando a união atinge uma notável estabilidade através de um vínculo público e se caracteriza por um afeto profundo, responsabilidade para com a prole, capacidade de superar as provas, pode ser vista como uma ocasião a acompanhar na sua evolução para o sacramento do matrimônio. “A escolha do matrimônio civil ou, em diversos casos, da simples convivência, muitas vezes é motivada não por preconceitos nem por resistências no que se refere à união sacramental, mas por situações culturais ou ocasionais.) 293-295

O discernimento das situações chamadas “irregulares” (“Duas lógicas percorrem toda a história da Igreja: marginalizar e reintegrar. (...) O caminho da Igreja, desde o Concílio de Jerusalém em diante, é sempre o de Jesus: o caminho da misericórdia e da integração. (...) O caminho da Igreja é o de não condenar eternamente ninguém; derramar a misericórdia de Deus sobre todas as pessoas que a pedem com coração sincero (...). Porque a caridade verdadeira é sempre imerecida, incondicional e gratuita”.326 Por isso, “é preciso evitar juízos que não levam em consideração a complexidade das diversas situações e é necessário prestar atenção ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição”. Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto de uma misericórdia “imerecida, incondicional e gratuita”. Os divorciados que vivem em uma nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou fechadas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral.) 296-300

As circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral (Para se entender adequadamente por que é possível e necessário um discernimento especial em algumas situações chamadas “irregulares”, há uma questão que sempre se deve levar em consideração, para nunca se pensar que se pretende diminuir as exigências do Evangelho. A Igreja possui uma sólida reflexão sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes. Por isso, já não é possível dizer que todos os que estão em uma situação chamada “irregular” vivem em estado de pecado mortal, privados da graça santificante.) 301-303

As normas e o discernimento (É mesquinho deter-se a considerar apenas se o agir de uma pessoa corresponde ou não a uma lei ou norma geral, porque isto não basta para discernir e assegurar uma plena fidelidade a Deus na existência concreta de um ser humano. Peço encarecidamente que nos lembremos sempre de algo que ensina São Tomás de Aquino e aprendamos a assimilá-lo no discernimento pastoral: “Embora nos princípios gerais tenhamos o caráter necessário, todavia à medida que se abordam os casos particulares, aumenta a indeterminação (…).A pastoral concreta dos ministros e das comunidades não pode deixar de incorporar esta realidade.) 304-306

A lógica da misericórdia pastora (Para evitar qualquer interpretação tendenciosa, lembro que, de modo algum, deve a Igreja renunciar a propor o ideal pleno do matrimônio, o projeto de Deus em toda a sua grandeza: “É preciso encorajar os jovens batizados para não hesitarem perante a riqueza que o sacramento do matrimônio oferece aos seus projetos de amor, com a força do apoio que recebem da graça de Cristo e da possibilidade de participar plenamente na vida da Igreja”. Jesus “espera que renunciemos a procurar aqueles abrigos pessoais ou comunitários que permitem manter-nos à distância do nó do drama humano, a fim de aceitarmos verdadeiramente entrar em contato com a vida concreta dos outros e conhecermos a força da ternura. Quando o fazemos, a vida complica-se sempre maravilhosamente”. É verdade que, às vezes, “agimos como controladores da graça e não como facilitadores. Mas a Igreja não é uma alfândega; é a casa paterna, onde há lugar para todos com a sua vida fadigosa”. ) 307-312

Cap. IX – (Espiritualidade Conjugal e Familiar) (amor com matizes diferentes. Descreve brevissimamente características fundamentais da espiritualidade específica e o desenvolver nas relações da vida familiar) 313-325

Espiritualidade da comunhão sobrenatural (viver na graça é ter e viver na presença de Deus e isso acontece em todos os momentos da vida, daí a comunhão familiar bem vivida é um caminho de santificação) 314-316

Unidos em oração à luz da Páscoa (unificar-se em Cristo a família e rezar, orar em família) 317-318

Espiritualidade do amor exclusivo e libertador (no matrimônio o pertencer a uma única pessoa. A espiritualidade ajuda a “desiludir-se” do outro, despojamento interior) 319-320

Espiritualidade da solicitude, da consolação e do estímulo (Deus chama os casais a gerar e cuidar! A vida em casal é uma participação na obra fecunda de Deus e cada um é para o outro uma permanente provocação do Espírito. Toda a vida da família é um pastoreio misericordioso) 321-325

Oração à Sagrada Família

Jesus, Maria e José, em Vós contemplamos o esplendor do verdadeiro amor, confiantes, a Vós nos consagramos. Sagrada Família de Nazaré, ornai também as nossas famílias lugares de comunhão e cenáculos de oração, autênticas escolas do Evangelho e pequenas igrejas domésticas. Sagrada Família de Nazaré, que nunca mais haja nas famílias episódios de violência, de fechamento e divisão; e quem tiver sido ferido ou escandalizado seja rapidamente consolado e curado. Sagrada Família de Nazaré, fazei que todos nos tornemos conscientes do caráter sagrado e inviolável da família, da sua beleza no projeto de Deus. Jesus, Maria e José, ouvi-nos e acolhei a nossa súplica. Amém!

Observações gerais:

Todos os capítulos tem uma breve introdução. São 9 capítulos divididos em 325 parágrafos.

Capítulos 1 e 2 - são introdutórios, 1º visão bíblica, 2º visão antropológica, sociológica (situacional e desafiante)

Capítulo 3 - visão doutrinal

Capítulos 4 e 5 - questão do amor no matrimônio com características práticas paulinas; o fruto do amor conjugal são os filhos gerados no amor e que dão sentido a vida e acolhem a nova vida que geraram

Capitulo 6 - pistas pastorais vindas de experiências já realizadas

Capítulo 7 - Educação dos filhos

Capítulo 8 - ADIF - prática não só de pastoralidade, mas de vivencialidade, na ótica do discernimento e da misericórdia

Capítulo 9 - trata da espiritualidade conjugal e espiritualidade familiar.

A novidade do texto está na forma como é apresentado, mesmo sendo longo, é atraente e como sugestão papal deve ser lido por blocos e por interesses que facilita a absorção e compreensibilidade do mesmo.

Pode-se pensar em grupos de estudos e/ou reflexão familiar, sobre determinado trecho.

O Capitulo 8 que abreviamos como ADIF é a realidade de todos.

Há uma riqueza profunda sim no documento, mas não esperem que tenham soluções aos problemas, mas sim pistas que levaram os pastores e seus colaboradores a pensarem juntos e acolherem quem está ou se sente apartado do seio da comunhão, não só eucarística, mas vivencial da Igreja. A Igreja acolhe a todos e como na Santa Missa tem um valor infinito e acolhe todas as intenções possíveis e de cada um.

Nenhuma família é perfeita e pronta, mas somos chamados a construir juntos num amadurecimento como um verdadeiro processo que nos leva a capacidade de amar. Tenhamos a família de Nazaré que teve seus percalços e dificuldades, mas que não desistiu de viver os laços da ternura e do amor, do abraço fraterno e reconfortante que nos faz reerguer os olhos e continuar a caminhada. Sublinhemos a frase do Papa “Não percamos a esperança por causa dos nossos limites”

Agradecemos ao Papa Francisco por mais este documento que reflete o momento atual da história e as preocupações da Igreja em propor sempre a beleza do matrimônio e, ao mesmo tempo, indo ao encontro, neste ano Santo da Misericórdia, a tantas outras situações que são consequências do momento atual. Tenho certeza de que a leitura tranquila deste documento será reconfortador para todos. Que produza muitos frutos para todos.

*Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.
Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.

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Igreja no Mundo



Entrada de Jesus no Egito como festa nacional, defende bispo copta

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Cairo (RV) – Os cristãos coptas egípcios preparam-se para celebrar a Festa da entrada de Jesus no Egito, que este ano coincide com o dia 1º de julho. Em vista da celebração litúrgico-espiritual, o Bispo copta-ortodoxo, Anba Youlyous, membro do Santo Sínodo e estreito colaborador do Patriarca Tawadros II e encarregado da gestão das obras sociais, recordou que a Igreja chama todos os egípcios a aderirem aos festejos, e sugeriu que a recorrência seja celebrada no Egito como festividade nacional.

Para os cristãos do Egito, a fuga da Sagrada Família para a terra dos faraós representa um evento providencial, que predispôs aquela nação a acolher o anúncio do Evangelho e a testemunhar o florescimento da vigorosa tradição monástica do país.

Segundo as tradições locais, a Sagrada Família deslocou-se pelo país realizando milagres, que estão à origem de numerosos santuários, visitados também por muçulmanos. Nas discussões em blogs coptas, o acontecimento da fuga da Sagrada Família ao Egito vem agora relacionado à emergência humanitária dos refugiados. Muito cristãos coptas perguntam-se que tipo de acolhida seria dada hoje  a Maria, José e o Menino Jesus - fugindo de Herodes – pelos países europeus que levantam muitos para afastar os refugiados que fogem das guerras e das violências. (JE)

 

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Entrevistas



Divorciados recasados: discernimento caso por caso

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Cidade do Vaticano (RV) - A Sala de Imprensa da Santa Sé ficou lotada para a apresentação da Amoris laetitia do Papa Francisco. Foram duas horas de coletiva. 

Os jornalistas ouviram os relatores destacarem a linguagem positiva do texto, de mais de 200 páginas, e de sua abordagem simples e concreta para temas complexos. Em sintonia com o período jubilar que a Igreja está vivendo, a chave de leitura para o documento é a misericórdia pastoral.

Como destacou o Arcebispo de Viena, Cardeal Christoph Schönborn, o Papa conseguiu falar de todas as situações sem catalogar, sem dividir em categorias. “Ninguém deve se sentir condenado, ninguém deve se sentir desprezado”, afirmou. “Algo mudou no discurso eclesial”, disse ainda o Arcebispo de Viena, afirmando ainda que, para ele, Amoris Laetitia é um “evento linguístico.

O Secretário do Sínodo dos Bispos, Cardeal Lorenzo Baldisseri, de fato, ressaltou as fontes que inspiraram a Exortação: os documentos conclusivos dos dois Sínodos, teólogos medievais e modernos, textos de outros Papas e autores contemporâneos, como Jorge Luis Borges e Martin Luther King.

O documento, destacou ainda o Cardeal Baldisseri, coroa o trabalho bienal do Sínodo, cuja reflexão envolveu todas as dimensões da instituição familiar, que hoje vive uma forte crise em todo o mundo.

Portanto, não há vencedores nem derrotados. Não há fórmulas prontas nem tampouco uma lei a ser aplicada. A doutrina não muda, mas há acompanhamento, discernimento e integração.

“Não seria um desafio demasiado excessivo para os pastores, para as comunidades, se este discernimento não é regulamentado de modo claro?”, questionou o Cardeal Schönborn, respondendo: “O Papa Francisco conhece esta preocupação, mas afirma: ‘colocamos tantas condições à misericórdia que a esvaziamos de sentido concreto e de significado real.  E esta é a pior maneira de aguar o Evangelho’.

Divorciados recasados

O Programa Brasileiro participou da coletiva e entrevistou o Cardeal Baldisseri, que foi Núncio Apostólico no Brasil.

Quanto a um dos temas que mais chama a atenção da mídia, dos divorciados recasados – questão tratada no número 300 do oitavo capítulo da Exortação – o Secretário do Sínodo afirmou: 

“O Santo Padre explica que, efetivamente, há que considerar não só a norma como tal da Igreja, de que o matrimônio é indissolúvel, mas há que ter em conta as situações. Caso por caso. Este discernimento para poder entender os casos se faz com as pessoas envolvidas, o sacerdote e a Igreja. É um trabalho de direção espiritual. O documento não dá normas, mas diz: ‘consideram a situação de cada caso’. E a conclusão será do padre e das pessoas em questão. O que interessa é o discernimento e a integração das pessoas que necessitam, amadurecendo a consciência e a relação com a Igreja. Ninguém está excluído.” (bf)

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Exortação: um olhar de alegria para a família, diz Dom João Bosco

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Aparecida (RV) – Um olhar novo sobre a realidade da família, com destaque  para a alegria. Este foi um dos aspectos da Exortação Apostólica pós-sinodal “A alegria do amor” (Amoris Laetitia), ressaltado pelo Bispo de Osasco (SP) e Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, Dom João Bosco Barbosa de Sousa, em entrevista a Silvonei José.

Uma das novidades do documento, segundo ele, é a maneira de acompanhar a família, com uma atenção de misericórdia. Ouça clicando: 

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Amoris Laetitia é graça do Ano da Misericórdia, diz D. Sérgio

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Cidade do Vaticano (RV) - Os bispos do Brasil reunidos em Assembleia Geral em Aparecida ainda não debateram publicamente a Exortação Apostólica Amoris Laetitia – A alegria do amor, publicada nesta sexta-feira (09/04).

Todavia, o documento pós-sinodal do Papa sobre o amor em família, envolve diretamente todo o episcopado que vêm exortado a agir com misericórdia diante das situações familiares difíceis.

O Presidente da CNBB e Arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, em entrevista à Rádio Vaticano, ressaltou que a Exortação é uma graça do Ano da Misericórdia. 

Dom Sérgio da Rocha: Nós percebemos a retomada, o resgate, de muito elementos do próprio magistério da Igreja – que é precioso, que é valioso – ao longo dos séculos, mas principalmente da Familiaris Consortio que trabalhou tão bem este tema com o Papa São João Paulo II.

Compêndio

O Papa Francisco, ao recolher esta riqueza, esse ideal do matrimonio cristão que ele repropõe hoje, nas condições que nos estamos, ele vai considerar situações difíceis, situações que estão aí na vida das famílias, mas particularmente, as situações, os desafios, vividos pelos casais que não conseguiram vivenciar o matrimônio como é proposto pela Igreja.

Misericórdia

Pede-se aqui uma atenção especial a estas situações vividas por tantos casais, especialmente aqueles que não conseguiram manter o vínculo matrimonial, ou que estão separados, ou estão em uma situação de recasados. O que o Papa insiste é na lógica da misericórdia pastoral: neste ano da misericórdia é bom ter presente que o próprio papa ressalta que nos temos a graça deste documento motivado pelo Ano da Misericórdia, ele quer ser expressão, quer ser parte deste Ano da Misericórdia.

(sp/rb)

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Atualidades



Dia Mundial de reflexão sobre o genocídio de Ruanda

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Nova Iorque (RV) – “Um genocídio não é um evento isolado. É um processo que requer tempo e preparação. A história demonstrou que nenhuma parte do mundo está imune a isto. Um dos sinais de alarme é a difusão da retórica de ódio na dimensão pública e nos meios de comunicação contra comunidades específicas”. Foi o afirmou o  Secretário Geral das Nações Unidas, Ban Ki-moon, na mensagem por ocasião do Dia Mundial de reflexão sobre o genocídio de Ruanda.

Reconciliação é possível após tragédias similares

“Em 1994, mais de 800 mil pessoas foram sistematicamente assassinadas em toda a Ruanda. A maioria da etnia tutsi, mas entre as vítimas estavam também hutus moderados, twa e outros. Hoje recordamos todos aqueles que morreram no genocídio, e renovamos a nossa determinação para que atrocidades similares não se repitam mais, em nenhuma parte do mundo”. “Todos deveríamos nos deixar inspirar pela coragem dos sobreviventes – observa o Secretário Geral da ONU – ao demonstrar que a reconciliação é possível também após uma tragédia similar”.

Tutelar pessoas expostas a riscos

“Recordar as vítimas do genocídio em Ruanda, significa – continua Ban Li-moon – trabalhar pela justiça e para assumir a responsabilidade. O melhor modo para garantir que o genocídio e outras ultrajantes violações dos direitos humanos e do direito internacional não se repitam mais, é reconhecer a nossa comum responsabilidade e o nosso compromisso e implementar ações coletivas de tutela em relação a todos aqueles que possam estar expostos a riscos”.

Combater a ideologia do genocídio

“Este ano, o tema da recorrência – conclui o Secretário da ONU – é ‘combater a ideologia do genocídio’. É fundamental que governos, sistemas judiciários e sociedade civil se oponham com veemência à retórica do ódio e àqueles que fomentam divisões e violência. Devemos promover inclusão, diálogo e estado de direito para criar sociedades pacíficas e justas”. (JE)

 

 

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Dioceses católicas russas celebram 25 anos de reconstituição

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Moscou (RV) –  “Olhemos em frente e agradeçamos a Deus por todo o bem dos últimos 25 anos! Vivamos uma novena de agradecimento e recitemos uma oração de gratidão de modo que a alegria e o reconhecimento não se esfriem nos nossos corações”. Assim escrevem os bispos das quatro Dioceses da Federação russa, que em 13 de abril recordam o 25º aniversário de sua reconstituição.

Perseguições, uma Via Crucis que durou 70 anos

Em uma carta escrita também por ocasião do Jubileu Extraordinário da Misericórdia – refere a Agência SIR – os bispos recordam “a Via Crucis de setenta longos anos”, as “perseguições mais cruéis” e a destruição das estruturas, “as páginas trágicas mas gloriosas da história da Igreja” russa. O “histórico encontro” entre o Papa João Paulo II e Gorbachev tornou possível a chegada a Moscou do representante da Santa Sé, Dom Francesco Colasuonno: “O Vaticano agiu rapidamente e com segurança – sublinham os prelados – e em 13 de abril de 1991 a Igreja Católica na Rússia e nas Repúblicas da Ásia Central, depois de 70 anos de clandestinidade, encontrou uma nova vida nas estruturas restauradas da Igreja”.

Preservar a memória dos mártires do Século XX

O convite “aos fieis do século XXI” é, portanto, o de “preservar a memória dos mártires e confessores dos século XX”. Na Federação russa estão presentes as Arquidioceses da Mãe de Deus em Moscou, guiada por Dom Paolo Pezzi; a Diocese de São Clemente em Saratov, tendo à frente Dom Clemens Pickel;  a Diocese da Transfiguração em Novosibirsk, confiada à Dom Joseph Werth e a Diocese de São José em Irkutsk, sob a responsabilidade de Dom Kirill Climovic, que se estende até a fronteira extrema com a China. (JE)

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