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Sumario del 11/04/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: doutores da lei estão fechados à profecia e à vida

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco começou a semana celebrando a Missa na Casa Santa Marta, nesta segunda-feira (11/04). A sua homilia foi centralizada na primeira leitura dos Atos dos Apóstolos, em que os doutores da lei acusam Estêvão com calúnias porque não conseguem “resistir à sabedoria e ao Espírito” com que ele falava. Instigam falsos testemunhos para dizer que o ouviram “pronunciar blasfêmias contra Moisés, contra Deus”.  

“O coração fechado à verdade de Deus – observou o Papa – fica preso somente à verdade da lei”, ou melhor – precisou o Pontífice – “mais do que pela lei, pela letra”, e “não encontra outra saída a não ser a mentira, o falso testemunho e a morte”. Jesus já os havia repreendido por esta atitude, porque “seus pais tinham matado os profetas” e eles, agora, construíam monumentos a esses profetas. 

E a resposta dos “doutores da letra” é  mais “cínica” do que “hipócrita”: “Se nós estivéssemos na situação dos nossos pais, não teríamos feito o mesmo”. E “assim – explicou o Papa – se lavam as mãos e se julgam puros diante de si mesmos. Mas o coração está fechado à Palavra de Deus, está fechado à verdade, está fechado ao mensageiro de Deus que traz a profecia para levar avante o povo de Deus”:

Coração fechado

“Faz-me mal quando leio aquele pequeno trecho do Evangelho de Mateus, quando Judas arrependido vai aos sacerdotes e diz ‘pequei’ e quer dar … e dá as moedas. ‘Que nos importa! – dizem eles – o problema é seu!” Um coração fechado diante deste pobre homem arrependido que não sabia o que fazer. “O problema é seu’ e foi se enforcar. E o que eles fazem quando Judas vai se enforcar? Falam e dizem ‘mas, pobre homem? Eh, sim…’ Não! As moedas, rápido! “Essas moedas são a preço de sangue, não podem entrar no templo …” e a regra é esta, esta e esta... Os doutores da letra”. 

E o Papa Francisco prosseguiu:

“A eles não importa a vida de uma pessoa, a eles não importa o arrependimento de Judas: O Evangelho diz que ele voltou arrependido. A eles importa somente o seu esquema de leis e muitas palavras e coisas que construíram. Esta é a dureza de seu coração. Esta é a dureza do coração, da tolice do coração dessa gente que, como não podia resistir à verdade de Estêvão, vai procurar testemunhos, testemunhas falsas para julgá-lo.”

História

Estêvão, afirmou o Papa, termina como todos os profetas, termina como Jesus. Isso se repete na história da Igreja:

“A história nos fala de muita gente que foi morta e julgada não obstante fosse inocente. Julgada com a Palavra de Deus, contra a Palavra de Deus. Pensemos na caça às bruxas ou em Santa Joana D’Arc, em muitos outros que foram queimados e condenados porque não se ajustaram, segundo os juízes, à Palavra de Deus. É o modelo de Jesus que, por ter sido fiel e obedecido à Palavra do Pai, termina na cruz. Com muita ternura Jesus diz aos discípulos de Emaús: ‘Ó tolos e tardos de coração’! Peçamos hoje ao Senhor para que com a sua ternura olhe as pequenas e grandes tolices de nosso coração, nos acaricie e nos diga ‘Ó tolos e tardos de coração’ e comece a nos explicar as coisas.” (BF/MJ)

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Francisco participa de reunião do Conselho de Cardeais

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Cidade do Vaticano (RV) – Teve início esta segunda-feira (11/04) a XIV reunião do Conselho dos Nove Cardeais, o chamado C9, para a reforma da Cúria romana.

Está previsto que o Papa Francisco participe dos três dias de encontro, até quarta-feira (13/04).

Na precedente reunião, em fevereiro passado, foi realizada a “leitura final” das propostas do Conselho para a criação dos dois novos dicastérios: “Leigos, família e vida” e “Justiça, paz, migrações”. As propostas foram finalizadas e apresentadas ao Santo Padre, que dará a palavra final. Também foram feitas considerações e propostas para a Secretaria de Estado. 

Ainda em pauta, estiveram a Comissão para Menores, as atividades econômicas da Santa Sé e a nulidade matrimonial.

O Conselho dos Cardeais é coordenado por Óscar Andrés Rodriguez Maradiaga (Honduras) e composto por: Pietro Parolin (Secretário de Estado), Giuseppe Bertello (Governatorato vaticano), Francisco Javier Errazuriz Ossa (Chile), Osvald Gracias (Índia), Reinhard Marx (Alemanha), Laurent Monsengwo Pasinya (República Democrática do Congo), Sean O'Malley (EUA), George Pell (Austrália). O Secretário é o Bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro. 

(BF)

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Card. Veglió: Papa vai a Lesbos dizer não às barreiras

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Cidade do Vaticano (RV) – Um gesto concreto de solidariedade e de proximidade por tantos desesperados em fuga da guerra e da miséria. Este é o significado da visita que o Papa Francisco fará à Ilha grega de  Lesbos no próximo dia 16, segundo o Cardeal Antônio Maria Vegliò. O Presidente do Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes concedeu a este respeito uma entrevista ao L’Osservatore Romano, que agora reproduzimos:

OR: Por que a escolha de Francisco de ir até Lesbos?

“A Ilha de Lesbos, como Lampedusa, tonou-se um dos rostos da crise humanitária em curso. Milhares de homens, mulheres e crianças, muitas vezes sozinhos, em fuga das guerras e perseguições políticas e religiosas, são obrigados e realizar viagens irregulares e dramáticas na tentativa desesperada de colocar-se a salvo e, com o desejo de pedir asilo, desembarcam nestas costas, símbolo de esperança. A visita do Papa é um sinal concreto da sua proximidade aos migrantes e refugiados e coloca novamente em primeiro plano o problema migratório na Europa”.

OR: Quais são as condições dos refugiados na ilha?

“Em Lesbos, como frequentemente acontece nos lugares de desembarque, as condições para uma acolhida adequada são insuficientes e as chegadas são contínuas, sobretudo da Síria, Iraque, Afeganistão e Somália. Precisamente sobre o dever de oferecer acolhida e sobre o respeito e a tutela da dignidade de quem é obrigado a partir, Francisco quer atrair a atenção do mundo inteiro. A visita do Pontífice, acompanhado pelo Patriarca Bartolomeu e pelo Arcebispo de Atenas e de toda a Grécia Hieronymus II, é um gesto ecumênico cristão concreto; um só coração, uma só alma para enfrentar o drama da migração forçada e para reiterar juntos, em nome de Cristo, a importância da responsabilidade fraterna, olhando nos olhos as pessoas em fuga, por quem a sorte é decidida, frequentemente, com acordos cínicos, ignorando as verdadeiras razões na base da tragédia deles”.

OR: A visita do Papa chega num momento crítico para a União Europeia...

“É um momento em que a Europa, com o recente acordo com a Turquia, continua a levantar barreiras, a fechar as fronteiras e a ferir os direitos fundamentais dos migrantes, refugiados e pessoas que pedem asilo. Estamos diante de um acordo míope que não consente uma gestão dos fluxos migratórios no respeito da pessoa. A política migratória dos Governos têm necessidade de visão e coesão por meio de ações miradas para por fim às causas das “viagens da esperança” de milhares de pessoas que muito frequentemente se transformam em “viagens da morte”. É necessário dar vida a canais humanitários seguros para permitir um controle de fluxos migratórios e para vigiar sobre o respeito dos direitos fundamentais da pessoa; isto o Papa o diz claramente com a sua viagem apostólica e com a vontade de encontrar pessoalmente quem desembarcou nas costas de Lesbos, cheio de dor e de confiança”. (JE)

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Cardeal Turkson: visita do Papa a Lesbos interpela as consciências

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Cidade do Vaticano (RV) - Aumenta a expectativa pela visita do Papa Francisco à ilha de Lesbos, na Grécia, no próximo sábado (16/04), sinal concreto de proximidade aos migrantes e refugiados, cuja situação está cada vez mais dramática. 

“A visita é também um gesto forte a fim de interpelar as consciências dos europeus e da comunidade internacional”, disse o Presidente do Pontifício Conselho da Justiça e da Paz, Cardeal Peter Turkson, em entrevista à nossa emissora. 

O purpurado ganense falou também sobre o encontro promovido pela Embaixada dos Estados Unidos junto à Santa Sé sobre a ecologia integral.

Cardeal Turkson: “A visita do Santo Padre à ilha de Lesbos recorda num certo sentido a visita que fez a Lampedusa, outra ilha que recebe pessoas obrigadas a fugir de suas terras. A visita será novamente uma tentativa de chamar a atenção do mundo para a situação dessas pessoas e ao mesmo tempo para as suas causas, a fim de interpelar a consciência global para que faça alguma coisa para evitar tudo isso. Existe uma situação de violência e neste caso da parte do Estado Islâmico, mas primeiramente com a guerra na Síria. É necessário que haja paz, uma paz que não deve ser somente o futuro da diplomacia, mas que se baseie na amizade, no amor e na fraternidade a estas pessoas.”

A visita do Papa Francisco à ilha de Lesbos será feita também para vencer aquela indiferença que muitas vezes o Papa denuncia. Certas guerras, às vezes, se recordam somente quando chegam à porta de nossa casa...

Cardeal Turkson: “Sim, a indiferença, mas talvez devemos nos perguntar sobre as causas dessa indiferença, ou seja, por que esta indiferença? A Grécia não pode certamente permanecer indiferente, porque é o país onde agora estas pessoas se encontram, mas as medidas implementadas pela Europa, dar uma grande soma de dinheiro para a Turquia a fim de que detenha a chegada destas pessoas, não servem somente para o interesse de quem? Talvez a Europa agora esteja um pouco mais tranquila, mas quanto tempo durará esta tranquilidade? Porque se estas pessoas não conseguem chegar por via mar, encontrarão outras maneiras. Para se chegar a uma solução a longo prazo, devemos fazer tudo aquilo que podemos para criar uma situação de paz nessa área. O Estado Islâmico parece potente, mas na realidade é sempre mantido por dinheiros, tem acesso ainda a dinheiro e armas etc. Estas coisas são sempre importadas, compradas. Por que não encerramos tudo isso? Por que não colocamos fim ao interesse de comprar petróleo a preço baixo? É necessário um pouco de compromisso que significa também sacrifício. Acredito que nesta visita a Lesbos todas as câmeras do mundo seguirão o Papa. O objetivo não deveria ser somente o de filmar as pessoas que sofrem, mas nos fazer pensar um pouco numa solução a longo prazo, válida para por fim a esta situação.” 

O purpurado ganense falou também sobre o encontro promovido pela Embaixada dos Estados Unidos junto à Santa Sé sobre o tema ‘Ecologia integral’. Portanto, não somente ecologia da Casa comum, mas também ecologia humana. Vemos que as duas coisas estão muito ligadas...

Cardeal Turkson: “A Casa comum não diz respeito somente ao ambiente natural, mas também ao ambiente, como o termo usado pelo Papa Bento XVI, ‘do ser humano’. Portanto, a ecologia integral nos convida a reconhecer que não se pode promover um aspecto da vida no Planeta trascurando o outro. O desejo é o de manter tudo junto. Neste sentido, se fala também de ecologia cultural e social, como fez o Papa Bento XVI. Convida-se o ser humano a entender e reconhecer que o sucesso da vida humana sobre a terra se alcança através de muitos elementos.” (MJ)

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Armênios de todo o mundo irão ao país receber o Papa

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Erevan (RV) – O povo, os fiéis e a comunidade. Todos estão ansiosos e aguardam o momento de receber o Papa, não obstante a tensão que está se vivendo nestes dias”. Desde os primeiros dias de abril recomeçaram os confrontos na República de Nagorno-Karabakh, a região contendida com o Azerbaijão, mas com a esperança de que as dificuldades serão superadas”. Quem descreve assim o clima entre os armênios ao saber da viagem de Francisco ao país caucásico é Dom Raphael Minassian, ordinário para os armênios católicos da Europa do Leste. O anúncio oficial foi divulgado sábado passado pela Santa Sé. O Papa irá duas vezes ao Cáucaso nos próximos meses. Vai a Armênia de 24 a 26 de junho e ao Azerbaijão de 30 de setembro a 2 de outubro.

O Papa acompanhado por Sua Santidade Karekin II

“O Santo Padre – explica Dom Minassian à agência Sir – fará todas as visitas do protocolo e estará sempre acompanhado por Sua Santidade Karekin II, Supremo Patriarca e Catholicos de todos os armênios. Também estarão todo o clero, os bispos e o Patriarca armênio católico. Todos virão, de todo o mundo, para acolher o Santo Padre e os fiéis armênios católicos, que são mais de 160 mil”. “O ápice da viagem do Papa – diz ainda o bispo – será a missa de 25 de junho em Gumri, a segunda cidade da Armênia, escolhida para a Missa com o Papa por estar na região aonde vive a maioria da comunidade católica".

A visita é uma bênção para a Armênia

“A visita do Pontífice – conclui o bispo – é uma bênção; um encorajamento para nós, como Igreja católica, para continuarmos nossa missão, e uma grande possibilidade para todo o povo armênio de expressar sua gratidão pelo que Francisco fez pelo povo armênio”. 

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"As Basílicas Papais em 3D", estreia hoje na Itália

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Cidade do Vaticano (RV) - Estreia esta segunda-feira 11, nas salas italianas, o documentário São Pedro e as Basílicas Papais de Roma 3D. Produzido pela Sky 3D e Centro Televisivo Vaticano (CTV), com distribuição da Nexo Digital, a obra tem como objetivo mostrar, no contexto do Jubileu da Misericórdia, os grandes tesouros de arte da Cidade Eterna.

O filme - que foi reconhecido pelo Ministério italiano dos Bens e das Atividades Culturais e do Turismo e pela Direção Geral de Cinema como "de interesse cultural e do turismo" - ficará apenas três dias em cartaz na Itália. Após, será distribuído para mais de cinquanta países, entre os quais México, Peru, Colômbia, Canadá, Reino Unido, Holanda, Rússia e Hong Kong.

Entre as novidades do filme, com duração de noventa minutos, estão imagens exclusivas da Pietà de Michelangelo, da cúpula de São Pedro feitas do alto, dos célebres grafites no túmulo de Pedro, além de imagens das outras três basílicas papais feitas à portas fechadas.

A conduzir o expectador pelo itinerário que pretende conjugar imagens e cultura estão Antonio Paolucci, Diretor dos Museus Vaticanos (para a Basílica de São Pedro); o arquiteto Paolo Portoghesi (para a Basílica São João de Latrão); o historiador de arte Claudio Strinati (para a Santa Maria Maior) e Micol Forti, Diretor da Coleção de Arte Contemporânea dos Museus Vaticanos (para a Basílica São Paulo fora-dos-muros, reconstruída após o incêndio em 1823).

Os especialistas, a partir do próprio ponto de vista, descrevem as basílicas explicando a evolução delas ao longo dos séculos, ilustrando as obras de arte nelas custodiadas e abordando as características mais relevantes dos artistas que nelas trabalharam, como Giotto, Bramante, Michelangelo, Francesco Borromini, Gian Lorenzo Bernini, entre outros.

O filme foi realizado nos formatos 3D, 4k e HD. Graças aos meios técnicos em uso nas mais avançadas produções cinematográficas, foram realizadas imagens inéditas, graças ao uso também de helicópteros. Para completar este particular quadro visual, está a potência do 3D, capaz de colocar o espectador dento da cena e em contato direto com as obras de arte.

A obra cinematográfica é enriquecida por modelações tridimensionais baseadas nos projetos originais, em parte conservados na Biblioteca Apostólica Vaticana, como o desenho do 'Abraço da Praça São Pedro', de Bernini, e os projetos com desenhos originais de Borromini das naves de São João de Latrão.

O amplo arsenal tecnológico empregado, permite apreciar os detalhes mais escondidos dos tesouros das artes visitadas, como a assinatura de Michelangelo na Pietà. (JE)

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Leia a síntese da Exortação "A alegria do amor"

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Cidade do Vaticano (RV) - Amoris laetitia” (AL - “A alegria do amor”), a Exortação apostólica pós-sinodal “sobre o amor na família”, datada não por acaso de 19 de março, Solenidade de S. José, recolhe os resultados de dois Sínodos sobre a família convocados pelo Papa Francisco em 2014 e 2015, cujas Relações conclusivas são abundantemente citadas, juntamente com documentos e ensinamentos dos seus Predecessores e as numerosas catequeses sobre a família do próprio Papa Francisco. Contudo, como já sucedeu noutros documentos magisteriais, o Papa recorre também a contributos de diversas Conferências episcopais de todo o mundo (Quênia, Austrália, Argentina...) e a citações de personalidades de relevo, como Martin Luther King ou Erich Fromm. Ressalta em particular uma citação do filme “A Festa de Babette”, que o Papa recorda para explicar o conceito de gratuitidade.

Premissa

A Exortação apostólica chama a atenção pela sua amplitude e articulação. Está dividida em nove capítulos e mais de 300 parágrafos. Tem início com sete parágrafos introdutórios que evidenciam a plena consciência da complexidade do tema, que requer ser aprofundado. Afirma-se que as intervenções dos Padres no Sínodo constituíram um «precioso poliedro» (AL 4) que deve ser preservado. Neste sentido, o Papa escreve que «nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais». Por conseguinte, para algumas questões «em cada país ou região, é possível buscar soluções mais inculturadas, atentas às tradições e aos desafios locais. De facto,“as culturas são muito diferentes entre si e cada princípio geral (...), se quiser ser observado e aplicado, precisa de ser inculturado”» (AL 3). Este princípio de inculturação revela-se como muito importante até no modo de articular e compreender os problemas, modo esse que, sem entrar nas questões dogmáticas bem definidas pelo Magistério da Igreja, não pode ser «globalizado».

Mas sobretudo o Papa afirma de imediato e com clareza que é necessário sair da estéril contraposição entre a ânsia de mudança e a aplicação pura e simples de normas abstratas. Escreve: «Os debates, que têm lugar nos meios de comunicação ou em publicações e mesmo entre ministros da Igreja, estendem-se desde o desejo desenfreado de mudar tudo sem suficiente reflexão ou fundamentação até à atitude que pretende resolver tudo através da aplicação de normas gerais ou deduzindo conclusões excessivas de algumas reflexões teológicas» (AL 2).

Capítulo primeiro: “À luz da Palavra”

Enunciadas estas premissas, o Papa articula a sua reflexão a partir das Sagradas Escrituras no primeiro capítulo, que se desenvolve como uma meditação acerca do Salmo 128, característico da liturgia nupcial hebraica, assim como da cristã. A Bíblia «aparece cheia de famílias, gerações, histórias de amor e de crises familiares» (AL 8) e a partir deste dado pode meditar-se como a família não é um ideal abstrato, mas uma «tarefa “artesanal”» (AL 16) que se exprime com ternura (AL 28), mas que se viu confrontada desde o início também pelo pecado, quando a relação de amor se transformou em domínio (cf. AL 19). Então, a Palavra de Deus «não se apresenta como uma sequência de teses abstratas, mas como uma companheira de viagem, mesmo para as famílias que estão em crise ou imersas nalguma tribulação, mostrando-lhes a meta do caminho» (AL 22).

Capítulo segundo: “A realidade e os desafios das famílias”

Partindo do terreno bíblico, o Papa considera no segundo capítulo a situação atual das famílias, mantendo «os pés assentes na terra» (AL 6), bebendo com abundância das Relações conclusivas dos dois Sínodo se enfrentando numerosos desafios, desde o fenômeno migratório à negação ideológica da diferença de sexo («ideologia de gênero»); da cultura do provisório à mentalidade anti-natalidade e ao impacto das biotecnologias no campo da procriação; da falta de habitação e de trabalho à pornografia e ao abuso de menores; da atenção às pessoas com deficiência ao respeito pelos idosos; da desconstrução jurídica da família à violência para com as mulheres. O Papa insiste no carácter concreto, que é um elemento fundamental da Exortação. E é este carácter concreto e realista que estabelece uma diferença substancial entre «teorias» de interpretação da realidade e «ideologias».

Citando a Familiaris consortio, Francisco afirma que «é salutar prestar atenção à realidade concreta, porque “os pedidos e os apelos do Espírito ressoam também nos acontecimentos da história” através dos quais “a Igreja pode ser guiada para uma compreensão mais profundado inexaurível mistério do matrimônio e da família”» (AL 31). Sem escutar a realidade não é possível compreender nem as exigências do presente nem os apelos do Espírito. O Papa nota que o individualismo exacerbado torna hoje difícil a doação a uma outra pessoa de uma maneira generosa (cf. AL 33). Eis um interessante retrato da situação: «Teme-se a solidão, deseja-se um espaço de proteção e fidelidade mas, ao mesmo tempo, cresce o medo de ficar encurralado numa relação que possa adiar a satisfação das aspirações pessoais» (AL 34).

A humildade do realismo ajuda a não apresentar «um ideal teológico do matrimônio demasiado abstrato, construído quase artificialmente, distante da situação concreta e das possibilidades efetivas das famílias tais como são» (AL 36). O idealismo não permite considerar o matrimônio assim como é, ou seja, «um caminho dinâmico de crescimento e realização». Por isso, também não se pode julgar que se possa apoiar as famílias «com a simples insistência em questões doutrinais, bioéticas e morais, sem motivar a abertura à graça» (AL 37). Convidando a uma certa “autocrítica” de uma apresentação não adequada da realidade matrimonial e familiar, o Papa insiste na necessidade de dar espaço à formação da consciência dos fiéis: «Somos chamados aformar as consciências, não a pretender substituí-las» (AL37). Jesus propunha um ideal exigente, mas «não perdia jamais a proximidade compassiva às pessoas frágeis como a samaritana ou a mulher adúltera» (AL 38).

Capítulo terceiro: “O olhar fixo em Jesus: a vocação da família”

O terceiro capítulo é dedicado a alguns elementos essenciais do ensinamento da Igreja acerca do matrimônio e da família. É importante a presença deste capítulo, porque ilustra de uma maneira sintética em 30 parágrafos a vocação à família de acordo com o Evangelho, assim como ela foi recebida pela Igreja ao longo do tempo, sobretudo quanto ao tema da indissolubilidade, da sacramentalidade do matrimônio, da transmissão da vida e da educação dos filhos. Fazem-se inúmeras citações da Gaudium et spes do Vaticano II, da Humanae vitae de Paulo VI, da Familiaris consortio de João Paulo II. 

O olhar é amplo e inclui também as «situações imperfeitas». Com efeito, lemos: «“O discernimento da presença das semina Verbi nas outras culturas (cf. Ad gentes, 11) pode-se aplicar também à realidade matrimonial e familiar. Para além do verdadeiro matrimônio natural, há elementos positivos também nas formas matrimoniais doutras tradições religiosas”, embora não faltem também as sombras» (AL 77). A reflexão inclui ainda as «famílias feridas», a propósito das quais o Papa afirma - citando a Relatio finalis do Sínodo de 2015 —«é preciso lembrar sempre um princípio geral: “Saibam os pastores que, por amor à verdade, estão obrigados a discernir bem as situações” (Familiaris consortio, 84). O grau de responsabilidade não é igual em todos os casos, e podem existir fatores que limitem a capacidade de decisão. Por isso, ao mesmo tempo que se exprime com clareza adoutrina, há que evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diferentes situações,e é preciso estar atentos ao modo como as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição» (AL 79).

Capítulo quarto: “O amor no matrimónio”

O quarto capítulo trata do amor no matrimônio e ilustra-o a partir do “hino ao amor” de São Paulo de 1 Cor 13, 4-7. O capítulo é uma verdadeira e autêntica exegese cuidadosa, precisa, inspirada e poética do texto paulino. Poderemos dizer que se trata de uma coleção de fragmentos de um discurso amoroso que cuida de descrever o amor humano em termos absolutamente concretos. Surpreende-nos a capacidade de introspeção psicológica evidenciada por esta exegese. O aprofundamento psicológico chega ao mundo das emoções dos cônjuges - positivas e negativas - e à dimensão erótica do amor.Este é um contributo extremamente rico e precioso para a vida cristã dos cônjuges, que não tinha até agora paralelo em anteriores documentos papais.

À sua maneira, este capítulo constitui um pequeno tratado no conjunto de um desenvolvimento mais amplo, plenamente consciente do carácter quotidiano do amor que se opõe a todos os idealismos: «não se deve atirar para cima de duas pessoas limitadas o peso tremendo de ter que reproduzir perfeitamente a união que existe entre Cristo e a sua Igreja, porque o matrimônio como sinal implica “um processo dinâmico, que avança gradualmente com a progressiva integração dos dons de Deus”» (AL 122). Mas, por outro lado, o Papa insiste de modo enérgico e firme no facto de que «na própria natureza do amor conjugal, existe a abertura ao definitivo» (AL 123) precisamente no íntimo daquela «combinação necessária de alegrias e fadigas, de tensões e repouso, de sofrimentos e libertações, de satisfações e buscas, de aborrecimentos e prazeres» (Al 126) que é de facto o matrimônio.

O capítulo conclui-se com uma reflexão muito importante acerca da «transformação do amor» uma vez que «o alongamento da vida provocou algo que não era comum noutros tempos: a relação íntima e a mútua pertença devem ser mantidas durante quatro, cinco ou seis décadas, e isto gera a necessidade de renovar repetidas vezes a recíproca escolha» (AL 163). A aparência física transforma-se e a atração amorosa não desaparece, mas muda: com o tempo, o desejo sexual pode transformar-se em desejo de intimidade e «cumplicidade». «Não é possível prometer que teremos os mesmos sentimentos durante a vida inteira; mas podemos ter um projeto comum estável, comprometer-nos a amar-nos e a viver unidos até que a morte nos separe, e viver sempre uma rica intimidade» (AL 163).

Capítulo quinto: “O amor que se torna fecundo”

O quinto capítulo centra-se por completo na fecundidade e no carácter gerador do amor. Fala-se de uma maneira espiritualmente e psicologicamente profunda do acolher uma nova vida, da espera própria da gravidez, do amor de mãe e de pai. Mas também da fecundidade alargada, da adoção, do acolhimento do contributo das famílias para a promoção de uma “cultura do encontro”, da vida na família em sentido amplo, com a presença de tios, primos, parentes dos parentes, amigos. A Amoris laetitia não toma em consideração a família «mononuclear», mas está bem consciente da família como rede de relações alargadas. A própria mística do sacramento do matrimônio tem um profundo carácter social (cf. AL 186). E no âmbito desta dimensão social, o Papa sublinha em particular tanto o papel específico da relação entre jovens e idosos, como a relação entre irmãos como aprendizagem de crescimento na relação com os outros.

Capítulo sexto: “Algumas perspetivas pastorais”

No sexto capítulo, o Papa aborda algumas vias pastorais que orientam para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus. Nesta parte, a Exortação recorre às Relações conclusivas dos dois Sínodos e às catequeses do Papa Francisco e de João Paulo II. Volta-se a sublinhar que as famílias são sujeito e não apenas objeto de evangelização. O Papa observa que «os ministros ordenados carecem, habitualmente, de formação adequada para tratar dos complexos problemas atuais das famílias» (AL 202). Se, por um lado, é necessário melhorar a formação psicoafetiva dos seminaristas e envolver mais a família na formação para o ministério (cf. AL 203), por outro «pode ser útil também a experiência da longa tradição oriental dos sacerdotes casados» (AL 202).

Em seguida, o Papa desenvolve o tema da orientação dos noivos no caminho de preparação para o matrimônio, do acompanhamento dos esposos nos primeiros anos da vida matrimonial (incluindo o tema da paternidade responsável), mas também em algumas situações complexas e, em particular, nas crises, sabendo que «cada crise esconde uma boa notícia, que é preciso saber escutar, afinando os ouvidos do coração» (AL 232). São analisadas algumas causas de crise, entre elas uma maturação afetiva retardada (cf. AL 239).

Além disso, fala-se também do acompanhamento das pessoas abandonadas, separadas ou divorciadas e sublinha-se a importância da recente reforma dos procedimentos para o reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial. Coloca-se em relevo o sofrimento dos filhos nas situações de conflito e conclui-se: «O divórcio é um mal, e é muito preocupante o aumento do número de divórcios. Por isso, sem dúvida, a nossa tarefa pastoral mais importante relativamente às famílias é reforçar o amor e ajudar a curar as feridas, para podermos impedir o avanço deste drama do nosso tempo» (AL 246). Referem-se de seguida as situações dos matrimônios mistos e daqueles com disparidade de culto, e a situação das famílias que têm dentro de si pessoas com tendência homossexual, insistindo no respeito para com elas e na recusa de qualquer discriminação injusta e de todas das formas de agressão e violência. A parte final do capítulo, «quando a morte crava o seu aguilhão», é de grande valor pastoral, tocando o tema da perda das pessoas queridas e da viuvez.

Capítulo sétimo: “Reforçar a educação dos filhos”

O sétimo capítulo é totalmente dedicado à educação dos filhos: a sua formação ética, o valor da sanção como estímulo, o realismo paciente, a educação sexual, a transmissão da fé e, mais em geral, a vida familiar como contexto educativo. É interessante a sabedoria prática que transparece em cada parágrafo e sobretudo a atenção à gradualidade e aos pequenos passos que «possam ser compreendidos, aceites e apreciados» (AL 271).

Há um parágrafo particularmente significativo e de um valor pedagógico fundamental em que Francisco afirma com clareza que «a obsessão (...) não é educativa; e também não é possível ter o controle de todas as situações onde um filho poderá chegar a encontrar-se (...). Se um progenitor está obcecado com saber onde está o seu filho e controlar todos os seus movimentos, procurará apenas dominar o seu espaço. Mas, desta forma, não o educará, não o reforçará, não o preparará para enfrentar os desafios. O que interessa acima de tudo é gerar no filho, com muito amor, processos de amadurecimento da sua liberdade, de preparação, de crescimento integral, de cultivo da autêntica autonomia» (AL 261).

A secção dedicada à educação sexual é notável, e intitula-se muito expressivamente: «Sim à educação sexual». Sustenta-se a sua necessidade e formula-se a interrogação de saber «se as nossas instituições educativas assumiram este desafio (…) num tempo em que se tende a banalizar e empobrecer a sexualidade». A educação sexual deve ser realizada«no contexto duma educação para o amor, para a doação mútua» (AL 280). É feita uma advertência em relação à expressão «sexo seguro», pois transmite«uma atitude negativa a respeito da finalidade procriadora natural da sexualidade, como se um possível filho fosse um inimigo de que é preciso proteger-se. Deste modo promove-se a agressividade narcisista, em vez do acolhimento» (AL 283).

Capítulo oitavo: “Acompanhar, discernir e integrar a fragilidade”

O capítulo oitavo representa um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: «acompanhar, discernir e integrar», os quais são fundamentais para responder a situações de fragilidade, complexas ou irregulares. Em seguida, apresenta a necessária gradualidade na pastoral, a importância do discernimento, as normas e circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral e, por fim, aquela que é por ele definida como a «lógica da misericórdia pastoral».

O oitavo capítulo é muito delicado. Na sua leitura deve recordar-se que «muitas vezes, o trabalho da Igreja é semelhante ao de um hospital de campanha» (AL 291). O Pontífice assume aqui aquilo que foi fruto da reflexão do Sínodo acerca de temáticas controversas. Reforça-se o que é o matrimônio cristão e acrescenta-se que «algumas formas de união contradizem radicalmente este ideal, enquanto outras o realizam pelo menos de forma parcial e analógica». Por conseguinte, «a Igreja não deixa de valorizar os elementos construtivos nas situações que ainda não correspondem ou já não correspondem à sua doutrina sobre o matrimônio» (AL 292).

No que respeita ao «discernimento» acerca das situações «irregulares», o Papa observa: «temos de evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações e é necessário estar atentos ao modo em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição» (AL 296). E continua: «Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto duma misericórdia “imerecida, incondicional e gratuita”»(AL 297). E ainda: «Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral» (AL 298).

Nesta linha, acolhendo as observações de muitos Padres sinodais , o Papa afirma que «os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo». «A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais (…).Não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar como membros vivos da Igreja (…). Esta integração é necessária também para o cuidado e a educação cristã dos seus filhos» (AL 299).

Mais em geral, o Papa profere uma afirmação extremamente importante para que se compreenda a orientação e o sentido da Exortação: «Se se tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas (…) é compreensível que se não devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos. É possível apenas um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares, que deveria reconhecer: uma vez que “o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos”, as consequências ou efeitos duma norma não devem necessariamente ser sempre os mesmos» (AL 300). O Papa desenvolve em profundidade as exigências e características do caminho de acompanhamento e discernimento em diálogo profundo entre fiéis e pastores. A este propósito, faz apelo à reflexão da Igreja «sobre os condicionamentos e as circunstâncias atenuantes» no que respeita à imputabilidade das ações e, apoiando-se em S. Tomás de Aquino, detém-se na relação entre «as normas e o discernimento», afirmando: «É verdade que as normas gerais apresentam um bem que nunca se deve ignorar nem transcurar, mas, na sua formulação, não podem abarcar absolutamente todas as situações particulares. Ao mesmo tempo é preciso afirmar que, precisamente por esta razão, aquilo que faz parte dum discernimento prático duma situação particular não pode ser elevado à categoria de norma» (AL 304).

Na última secção do capítulo, «A lógica da misericórdia pastoral», o Papa Francisco, para evitar equívocos, reafirma com vigor: «A compreensão pelas situações excecionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano. Hoje, mais importante do que uma pastoral dos falimentos é o esforço pastoral para consolidar os matrimônio se assim evitar as ruturas» (AL 307). Mas o sentido abrangente do capítulo e do espírito que o Papa Francisco pretende imprimir à pastoral da Igreja encontra um resumo adequado nas palavras finais: «Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a aproximar-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem entregues ao Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal. E convido os pastores a escutar, com carinho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja» (AL 312). Acerca da «lógica da misericórdia pastoral», o Papa Francisco afirma com força: «Às vezes custa-nos muito dar lugar, na pastoral, ao amor incondicional de Deus. Pomos tantas condições à misericórdia que a esvaziamos de sentido concreto e real significado, e esta é a pior maneira de aguar o Evangelho» (AL 311).

Capítulo nono: “Espiritualidade conjugal e familiar”

O nono capítulo é dedicado à espiritualidade conjugal e familiar, «feita de milhares de gestos reais e concretos» (AL 315). Diz-se com clareza que «aqueles que têm desejos espirituais profundos não devem sentir que a família os afasta do crescimento na vida do Espírito, mas é um percurso de que o Senhor Se serve para os levar às alturas da união mística» (AL 316). Tudo, «os momentos de alegria, o descanso ou a festa, e mesmo a sexualidade são sentidos como uma participação na vida plena da sua Ressurreição» (AL 317). Fala-se de seguida da oração à luz da Páscoa, da espiritualidade do amor exclusivo e livre diante do desafio e do desejo de envelhecer e gastar-se juntos, refletindo a fidelidade de Deus (cf. AL 319). E, por fim, a espiritualidade «da solicitude, da consolação e do estímulo». «Toda a vida da família é um “pastoreio” misericordioso. Cada um, cuidadosamente, desenha e escreve na vida do outro» (AL 322), escreve o Papa. «É uma experiência espiritual profunda contemplar cada ente querido com os olhos de Deus e reconhecer Cristo nele» (AL 323).

No parágrafo conclusivo,o Papa afirma: «Nenhuma família é uma realidade perfeita e confeccionada duma vez para sempre, mas requer um progressivo amadurecimento da sua capacidade de amar. (…). Todos somos chamados a manter viva a tensão para algo mais além de nós mesmos e dos nossos limites, e cada família deve viver neste estímulo constante. Avancemos, famílias; continuemos a caminhar! (…). Não percamos a esperança por causa dos nossos limites, mas também não renunciemos a procurar a plenitude de amor e comunhão que nos foi prometida» (AL 325).

A Exortação apostólica conclui-se com uma Oração à Sagrada Família (AL 325).

                                                             *  *  *

Como já se pode depreender a partir de um rápido exame dos seus conteúdos, a Exortação apostólica Amoris laetitia pretende reafirmar com força não o «ideal» da família, mas a sua realidade rica e complexa. Há nas suas páginas um olhar aberto, profundamente positivo, que se nutre não de abstrações ou projeções ideais, mas de uma atenção pastoral à realidade. O documento é uma leitura densa de motivos espirituais e de sabedoria prática útil a cada casal ou a pessoas que desejam construir uma família. Nota-se sobretudo que foi fruto de uma experiência concreta com pessoas que sabem a partir da experiência o que é a família e o viver juntos durante muitos anos. A Exortação fala de fato a linguagem da experiência e da esperança.

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Igreja no Brasil



Assembleia CNBB: retomados os trabalhos nesta segunda

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Aparecida (RV) – Serão retomados, após a pausa do fim de semana com o retiro dos bispos, pregado pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, os trabalhos da 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, (CNBB) em Aparecida, SP. O dia começou com a Santa Missa no Santuário Nacional presidida por Dom José Alberto Moura, Arcebispo de Montes Claros, MG, durante a qual foram recordados os bispos falecidos. 

Os trabalhos desta segunda-feira voltam a se concentrar no tema central da Assembleia deste ano, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo”. Será também dedicado um momento à Exortação Apostólica do Papa Francisco dedicada à família, a Alegria do Amor.

Nós pedimos a Dom Vital Coberlini, bispo de Marabá, uma reflexão sobre os trabalhos desta Assembleia...

A segunda sessão de trabalhos na manhã do último sábado foi dedicada à assuntos ligados à Liturgia. A primeira foi privativa. Há uma comissão que tem a responsabilidade de estudar, formular corretamente e publicar textos litúrgicos, a CETEL. Outros assuntos de Liturgia também foram apresentados por Dom Armando Bucciol, Bispo de Livramento de Nossa Senhora (SP), Presidente da Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia.

Os bispos da CNBB estiveram presentes na solene Celebração da Misericórdia na companhia dos jovens que participaram da Romaria da Juventude neste final de semana em Aparecida (SP). O início da celebração foi sábado às 18h15, no Santuário Nacional, e teve a presidência do Cardeal Raymundo Damasceno, Arcebispo de Aparecida.

Uma das características particulares desse evento foi a possibilidade que os jovens tiveram de optar pela hospedagem na área de camping em torno da Basílica de Nossa Senhora. Essa opção de alojamento foi dada aos 300 primeiros que fizeram a reserva dessa modalidade. O encontro fez parte do projeto “Rota300”, que é inspirado no dinamismo da peregrinação dos símbolos da Jornada Mundial da Juventude e se desenvolve a partir da peregrinação da imagem de Nossa Senhora Aparecida nas dioceses brasileiras entre 2015 a 2017, quando a Igreja celebra os 300 anos do encontro da imagem de Maria nas águas do Rio Paraíba.

De Aparecida, SP, para a Rádio Vaticano, Silvonei José

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Assembleia CNBB: a crise econômica aperta a respiração das famílias

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Aparecida (RV) – Foram retomados nesta manhã de segunda-feira, os trabalhos da 54ª Assembleia Geral (AG) da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil, (CNBB) em Aparecida, SP.  Tivemos no sábado e na manhã de domingo o retiro dos bispos, pregado pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi. O retiro terminou com a Santa Missa presidida pelo Arcebispo de Aparecida (SP), Cardeal Raymundo Damasceno Assis, e concelebrada pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, Cardeal Gianfranco Ravasi, e pelos cardeais brasileiros Cláudio Hummes, Odilo Scherer e Orani Tempesta. A celebração reuniu diversas caravanas de jovens, no Santuário Nacional de Aparecida, que lotaram a “Casa da Mãe”. O Cardeal Ravasi fez a homilia. 

O purpurado falou sobre dois itinerários de reflexão retirados do Evangelho de João. A primeira cena refere-se à aparição de Jesus junto ao lago. “É no meio dos santos de cada dia, que Cristo se revela. Também no cansaço e entre desilusões”, disse  Dom Ravasi ao recordar que naquela ocasião os discípulos de Jesus não tinham pescado nada. “O mesmo Jesus é retratado no ato simples e cotidiano de cozinhar o peixe para preparar, assim, a mesa modesta como aquela que se prepara hoje em tantas casas dessa cidade. A revelação acontece aqui nas ruas de suas cidades, nas aldeias, nas casas onde a mordaça da crise econômica aperta a respiração das famílias, onde ao riso seguem tantas vezes as lágrimas, onde ao amor sucede o gelo da traição, onde domina a incompreensão entre pais e filhos, onde às esperanças sucedem as desilusões tal como aconteceu aos discípulos ao regressar do trabalho de pescadores de peixes”, comparou. 

O segundo itinerário sobre o qual discorreu dom Ravasi durante a homilia trata do reconhecimento. "Escutar a sua voz e reconhecê-lo. Os sete discípulos não identificaram aquele visitante na praia”, contou referindo-se à aparição de Jesus. “Para poder reconhecer Cristo estamos todos no mesmo plano. Não basta ter ceado com Ele, tê-lo escutado e visto fisicamente durante sua vida terrena. É necessário outro olhar, outro canal de conhecimento: o do amor”, acrescentou.

Segundo Dom Ravasi, para reconhecer Cristo é preciso” ter um olhar, que não é da visão material, mas o do abrir os olhos da alma”.

Como de costume os trabalhos desta segunda tiveram início com a celebração da Santa Missa, hoje presidida por Dom José Alberto Moura, Arcebispo de Montes Claros, MG, durante a qual foram recordados os bispos falecidos.

A primeira sessão de trabalhos hoje foi privativa. Já na segunda sessão, antes do almoço, a atenção dos bispos se concentrou no texto do tema central, “Cristãos leigos e leigas na Igreja e na Sociedade. Sal da terra e luz do mundo”. Foi a segunda apresentação do texto para o plenário e já foram feitos trabalhos de grupo. Prevista ainda hoje uma primeira votação, caso não existam correções a serem feitas no texto apresentado anteriormente e discutido pelos bispos. Na quarta-feira, dia 13, uma sessão especial vai analisar destaques do conteúdo do documento.

Ainda nesta segunda-feira a Comissão para Textos Litúrgicos volta a ter um tempo de 30 minutos para atualizar informações sobre os trabalhos que estão realizando. Esta comissão ocupa-se, por exemplo, da tradução da terceira edição do missal romano. Dom Armando Bucciol, Presidente da Comissão e Bispo de Livramento de Nossa Senhora (BA), disse que “o trabalho prossegue devagar,  porque é intenso, complexo e muitas vezes até complicado. Tudo isso para fazer com que os textos litúrgicos tenham uma tradução que mostre uma linguagem compreensível e bonita”.

Sobre os trabalhos da 54ª Assembleia Geral da CNBB em Aparecida, nós conversamos com Dom Itamar Vian, Arcebispo de Santarém, Pará....

Com o objetivo de assessorar o episcopado brasileiro e trabalhar as questões de fé e da moral dentro da CNBB, a Comissão para a Doutrina da Fé na parte da tarde nesta segunda-feira irá formular orientações em algumas questões doutrinais. O seu presidente, Dom Pedro Carlos Cipollini, Bispo de Santo André (SP), disse que a Comissão mantém um grupo de 20 peritos na área de Teologia Sistemática e Moral e na área bíblica. Esta Comissão procura, segundo Dom Cipollini, dentro das várias especialidades da Teologia, prestar serviço, no sentido de dar uma palavra, de orientar algumas questões, responder a indagações que às vezes se apresentam e também para ilustrar para a Assembleia alguns itens ou temas relacionados à Doutrina da Fé.

No final da tarde, na última sessão do dia está prevista a apresentação da Carta apostólica do Papa Francisco sob forma de “Motu Próprio” Mitis Iudex Dominus Iesus, que trata da reforma do processo canônico para as causas de declaração de nulidade do matrimônio no Código de Direito Canônico. Um vade-mécum (um guia de referência para instruir os leitores do Motu Próprio) ajudará os bispos a encontrar os conteúdos relativos às questões específicas de um processo da declaração de nulidade do casamento. Entre as novidades desse documento está a declaração do Papa de que o processo seja mais rápido: “De fato, além de se tornar mais ágil o processo matrimonial, estabeleceu-se uma forma de processo mais breve que se aplicará nos casos em que a acusada nulidade do matrimônio seja sustentada por argumentos particularmente evidentes”.

De Aparecida, SP, para a Rádio Vaticano, Silvonei José....

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Igreja na América Latina



Bispos do Equador fazem apelo: o país precisa de diálogo

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Quinto (RV) - A Conferência Episcopal do Equador (CEI) lançou ao término de sua Assembleia plenária, realizada de 7 a 8 do corrente, um apelo em favor do “diálogo” e da “cooperação”. Na mensagem final, os bispos equatorianos reiteram a necessidade de enfrentar, “de modo eficaz e com sentido de responsabilidade”, a situação crítica em que o país se encontra, em particular, no setor social e econômico.

Preocupação com a crise socioeconômica do país

“Estamos preocupados com o impacto que a situação poderá ter na vida da população, sobretudo com os jovens atingidos pela droga, com as mulheres e as crianças vítimas do tráfico de seres humanos e com todas as pessoas vulneráveis por causa da insegurança e do desemprego”.

Além disso, olhando para as eleições presidenciais programadas para 2017, os bispos advertem para uma campanha eleitoral “caracterizada pela exasperação dos confrontos políticos” e, exortado ao diálogo, reiteram a missão da Igreja:

“Ser uma testemunha viva da verdade e liberdade, da paz e da justiça, a fim de que a população seja encorajada por uma nova esperança.”

Dor pelos cristãos perseguidos no mundo

Em seguida, o olhar dos bispos equatorianos se volta para os cristãos perseguidos no mundo: “Partilhamos a dor profunda pelas tribulações e a dramática situação de nossos irmãos na fé em várias partes do mundo”, escrevem os prelados.

“Sempre os temos presentes na mente e no coração e pedimos ao Senhor que lhes conceda a força necessária e o consolo da fraterna e concreta solicitude de toda a Igreja”, de modo que o testemunho deles “reforce a fidelidade de todos os batizados”, acrescentam.

Os frutos da visita do Papa em julho de 2015

Os bispos convidam a encontrar igual força e apoio na fé entre os frutos da visita do Papa Francisco ao país, realizada em julho de 2015.

“Nós os exortamos a rever e a frutificar a riqueza das mensagens que o Santo Padre nos deixou. Isso nos reforçará na fé, renovará nossas famílias e fará nossa sociedade crescer na solidariedade, na gratuidade e na subsidiariedade”, escrevem.

Jubileu da misericórdia, iniciativa providencial

Outro tema central abordado pela Igreja equatoriana foi o Jubileu extraordinário da misericórdia, em andamento até 20 de novembro próximo.

Os bispos agradecem ao Papa por ter convocado “esta providencial iniciativa” e recordam a importância de dedicar-se às obras de misericórdia, na “generosa atenção ao Sacramento da Reconciliação” e “no desenvolvimento de uma atitude mais acolhedora em todo o povo cristão.”

Amoris Laetitia para redescobrir a beleza do plano de Deus sobre o matrimônio

Os bispos fazem um ulterior agradecimento ao Pontífice também por sua Exortação apostólica pós-sinodal “Amoris Laetitia” na qual é possível “redescobrir a beleza do plano de Deus sobre o matrimônio, o dom da família para a sociedade e a promoção de múltiplas iniciativas em favor do cuidado dos núcleos familiares no contexto dos problemas atuais”. Por fim, os bispos invocam a intercessão da Virgem Maria para todo o país. (RL)

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Igreja no Mundo



Apresentado VII Relatório Doutrina Social da Igreja: "Guerra de religiões, guerra à religião"

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Cidade do Vaticano (RV) - O ano de 2014 marcou "um evidente retorno das guerras de religiões". Os atos de violência e de perseguições cometidos pelo Boko Haram na Nigéria, a violência jihadista do Daesh e Al Qaeda no Oriente Médio e África, somados aos inumeráveis fatos ocorridos nos vários continentes ao longo de 2014, atestam que está em andamento um retorno das guerras de religiões. Foi a conclusão a que chegou o VII Relatório sobre Doutrina Social da Igreja no mundo, do  Observatório Cardeal Van Thuân, em colaboração com o Movimento Cristão Trabalhadores (MCL), intitulado "Guerras de religião, guerras às religiões". O Relatório foi apresentado na Sala Marconi, na Rádio Vaticano, no dia 6 de abril.

As mais de 200 páginas de documentação, passam em resenha os fatos ocorridos no mundo, evidenciando também as principais mudanças políticas, econômicas e geopolíticas de 2014, com especial atenção à ação da Santa Sé e ao Magistério social do Papa Francisco.

Uma guerra não convencional

"Não resta dúvida - escreve o Diretor do Observatório, Stefano Fontana - que nestes casos fortes ocorridos, o fator religioso é o que sintetiza a todos os outros". Não se está diante de "uma guerra declarada, convencional, com uso de armas e estratégias militares. É um conflito, uma luta por meio de leis, licenças, intimidações, uso da mídia, destinação de vultuosas somas contra a religião católica e os seus pressupostos".

Epicentro na Europa

O velho continente está também interessado nas repercussões das guerras de religiões dentro das próprias fronteiras, devido ao fenômeno do terrorismo e do recrutamento feito pelas milícias islâmicas nas periferias das grandes cidades europeias, entre os imigrantes de segunda e terceira geração". Guerra de religiões e guerra à religião: duas tendências que - lê-se no Relatório - têm o seu epicentro na Europa: o Ocidente está muito ocupado pela sua guerra interna à religião, para poder ocupar-se das guerras de religiões na Síria ou na Nigéria. Está muito preocupado em romper as próprias ligações com a religião, proclamando a indiferença às religiões, enfraquecendo-se e tornando-se incapaz de defender no mundo o direito à liberdade de religião, que num certo sentido, é uma criação sua".

Relativismo exportado

O Relatório refere-se a um conceito de liberdade religiosa, "redutivo, individualista, relativista, que não permite encontrar a força de intervir, quando em nome da religião se produzem violências desumanas e são negados os mesmos direitos fundamentais sobre os quais se baseia o mesmo direito à liberdade religiosa, nascido no Ocidente". "Os países ocidentais - sublinha Fontana - importam religião e exportam relativismo. Se um país como a Inglaterra, de longa e alta tradição jurídica ocidental, admite institutos jurídicos próprios da sharia islâmica, incluída a presença de tribunais islâmicos, significa que o Ocidente desaprendeu o uso da razão com que o cristianismo o educou". Considerações que dizem respeito também à gestão das imigrações.

Índice demográfico

"As guerras de religião, que penetram até mesmo nas ruas das cidades ocidentais, encontram um terreno favorável, pois precisamente ali foi feita uma guerra à religião". Difícil  prever - lê-se no Relatório - "se sobre as religiões prevalecerá o secularismo da guerra à religião ou o contrário". Muito dependerá do aspecto demográfico. "O índice de natalidade dos imigrantes no Ocidente ainda ligados a sua religião é muito mais alto do que aquele dos países ocidentais. Dentro de alguns decênios, em alguns países europeus, existirá a superação. É verdade que, em contato com a vida ocidental, também a natalidade das famílias islâmicas - para fazer um exemplo mais interessante - tende a diminuir, mas o abismo permanece assim mesmo muito significativo".

A contribuição da Doutrina Social da Igreja

Diante destes problemas - declara o Diretor do Observatório Van Thuân - a Doutrina Social da Igreja "deve dar uma contribuição não genérica, moralística, simplista, mas realística". Para Fontana, "a política de integração não pode fingir não ver que muitas comunidades acolhidas no Ocidente não querem integrar-se, se contrapõe aos núcleos originários, procurando PREVARICARLI. A acolhida não pode ser indiscriminada, porque neste caso favoreceria a guerra de religiões no mundo ocidental. O dever de proteger deve ser redescoberto, também em relação aos cidadãos da própria nação, dado que o Estado mantém em relação a eles um dever primário de PROVVEDER ao bem comum, e também em relação às situações em que no mundo, regimes confessionais violentos perpetuam massacres indiscriminados e fazem fugir os seus habitantes. A saída das guerras de religiões e da guerra à religião - conclui Fontana - é que se faça uma revisão de como o Ocidente quer olhar para a religião, em particular a cristã, pois disto depende também o modo em como ele olhará para as outras religiões e como elas olharão para o Ocidente".   (JE)

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Rei da Jordânia financia restauração do Sepulcro de Jesus

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Jerusalém (RV) – O Rei Abdullah II da Jordânia anunciou, por meio de um edito real, sua decisão de financiar a restauração do Sepulcro de Jesus na Basílica do Santo Sepulcro em Jerusalém. 

A Corte real informou o Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém da “makruma” (doação real de beneficência), por meio de uma carta enviada a Sua Beatitude Theophilos III em 10 de Abril. O Patriarca ortodoxo elogiou a generosidade do Rei Abdullah, recordando como ele sempre foi e continuará a ser o fiel guardião e depositário dos Lugares Santos cristãos e muçulmanos de Jerusalém.

Durante a Semana Santa, o Patriarcado Ortodoxo de Jerusalém e da Custódia da Terra Santa havia divulgado a decisão de que o Sepulcro de Cristo, na Basílica da Ressurreição em Jerusalém, seria restaurado logo após as solenidades da Páscoa ortodoxa. Um estudo científico realizado precedentemente revelou que o local sofre de graves problemas de umidade ligados à "condensação da respiração dos visitantes", mas também da oxidação provocada pela fumaça das velas.

Esta restauração será possível graças a um acordo entre as três principais confissões (greco-ortodoxos, latinos e armênios), que coexistem na basílica.

Dom William Shomali, Vigário Patriarcal latino de Jerusalém, acolheu favoravelmente a decisão do Rei Abdullah: "É uma excelente notícia, uma notícia altamente simbólica, uma vez que o Santo Sepulcro é o lugar mais sagrado para os cristãos de todos confissões. Esta decisão mostra toda a benevolência do rei para com os cristãos e sua contínua solicitude em preservar os patrimônios do cristianismo, nomeadamente seu papel de garante dos Lugares Santos, cristãos e muçulmanos de Jerusalém, desde os acordos de Wadi Araba".

O último "makruma", ou edito real, é mais uma prova do compromisso do Rei Abdullah para com os locais cristãos e muçulmanos da cidade três vezes santa. A Esplanada das Mesquitas, "al Haram al-Sharif", onde o acesso é regido por um status quo que foi colocado sob a jurisdição jordaniana e administração do Waqf de Jerusalém, é igualmente emblemático do papel da Jordânia na proteção dos Lugares Santos.

Em relação à Basílica do Santo Sepulcro, a parte que será restaurada é o local do sepultamento e da ressurreição de Cristo. O local permaneceu intocado desde 1947, data em que os britânicos cercaram de vigas de aços para iniciar uma restauração, que abou nunca se realizando. Esta retomada histórica dos trabalhos será confiada a uma equipe grega liderada pela Professora Antonia Moropoulou da Universidade Técnica Nacional de Atenas. (JE)

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Justiça e Paz no Congo: população se levante e encare a realidade

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Kinshasa (RV) - A avidez, a “fome de dinheiro” está devastando o território onde se encontra a Arquidiocese de Bukavu, na República Democrática do Congo – situado na região dos Grandes Lagos africanos.

É o que denuncia a Comissão arquidiocesana Justiça e Paz, ressaltando que na região – há anos desestabilizada pela presença de vários grupos armados – se registram “fortes turbulências com consequências incalculáveis na vida cotidiana e no ecossistema” da população.

Mexer com as consciências

Com o agravante que tal situação parece ter-se radicado nos ânimos dos habitantes da região: “Abram os olhos e verão cadáveres ambulantes num ambiente decadente”, afirma Justiça e Paz, na tentativa de mexer com as consciências.

A denúncia está contida numa nota da referida Comissão Justiça e Paz, citada pela agência missionária Fides, da Congregação para a Evangelização dos Povos.

O quadro descrito pela Comissão diocesana é dramático: estupros de meninas; jovens desempregados que engrossam as filas de bandos criminosos; penúria que atormenta inteiros vilarejos numa região rica de recursos alimentares.

Reconciliar-se com Deus e com o próximo

Por isso, a Comissão Justiça e Paz denuncia também a falta de uma política nacional que incentive o trabalho, ao tempo em que “o fuzil e certas ideologias assassinaram os homens e, sobretudo, massacraram as nossas culturas tradicionais”.

“Por dinheiro se pode matar, mentir, trair, violentar e se diria que, infelizmente, são propriamente os malvados que prosperam”, afirma a nota arquidiocesana. Todavia, ao mesmo tempo é lançado um apelo à população a “levantar-se”, a encarar a realidade, e a organizar um rito de purificação, de expiação e de reconciliação com Deus e com a Criação”. (RL)

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Formação



Amazônia: sem desprendimento, não há missão jovem

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Cidade do Vaticano (RV) – No contexto da Assembleia Geral da CNBB em curso em Aparecida (SP), a Rádio Vaticano conversou com a Assessora da Comissão Episcopal para a Amazônia, a irmã Irene Lopes.

Ela fala da próxima missão jovem na Amazônia, marcada para julho e que vai ser recebida pelos índios Ticunas, na fronteira com a Colômbia.

A religiosa revela ainda quais são os principais desafios para os missionários na região e conta que os riscos são superados pela paixão pela missão. 

“Para o jovem, hoje, deixar o seu trabalho e estar ali, é um pouco complicado. Temos poucas vocações, tanto sacerdotal como religiosa, e esse é um desafio. Mas, ao mesmo tempo, nós temos percebido o desejo de muitas pessoas em estarem ali. Na floresta, os desafios são muitos: os transportes, os meios de comunicação. Isso, às vezes, atrapalha um pouco as pessoas a terem coragem de ir à missão. Principalmente aquelas que são muito ligadas à mídia, que não aguenta ficar sem o celular. Às vezes se fica 15-20 dias sem contato. Então, é preciso um desprendimento muito grande. Se não tiver desprendimento, a gente não consegue ficar nessa realidade”.

(rb)

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Campina Grande: a Igreja missionária é uma Igreja em saída

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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, com o quadro “O Brasil na Missão Continental” continuamos dando voz aos nossos pastores à frente de nossas Igrejas particulares espalhadas por todo o Brasil. Na edição de hoje iniciamos a participação do bispo da Diocese de Campina Grande, Dom Manoel Delson Pedreira da Cruz, O.F.M. Cap., desde 2012 à frente desta Igreja particular da Paraíba. 

Atendo-se a como se tem vivido em sua diocese a experiência da “Missão Continental”, Dom Manoel nos fala, inicialmente, de um grande movimento de missões populares, anos atrás, em todas as dioceses do Regional Nordeste 2 (Regional formado por Alagoas, Paraíba, Pernambuco e Rio Grande do Norte).

Diz-nos ter sido como que uma preparação para a vivência da Missão Continental, com repercussão nas paróquias, na multiplicação dos missionários leigos, nas comunidades novas que assumem o espírito missionário e que vão àqueles que estão mais distantes.

Na esteira do Papa Francisco, recalca que a Igreja missionária é uma Igreja em saída e diz crer que este espírito está sendo assimilado pouco a pouco. Diante dos desafios que se nos apresentam e das novas realidades, “temos que nos fazer presentes como como Igreja ajudando o povo a estar mais integrado na proposta da nossa Igreja de viver o Evangelho, de assimilar os valores cristãos”, afirma Dom Manoel Delson. Vamos ouvir (ouça clicando acima).

(RL)

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Artigo: Vocação laical

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Guarulhos (RV) - Há pouco celebramos os 50 anos do Concílio Vaticano II que, principalmente, em dois documentos, Lumen Gentium IV e Apostolicam Actuositatem , ressaltou a presença  dos leigos na  vida Igreja, não como um apêndice, mas como presença necessária na vida e missão de Igreja. O Sínodo dos Bispos de 1987 ocupou-se exclusivamente da vida e missão dos fiéis leigos e São João Paulo II “traduziu” na Exortação Apostólica pós sinodal Christifideles laici as indicações sinodais.

No Brasil grandes passos foram dados a partir dos documentos conciliares e sinodal. As Conferências do Episcopado Latino-americano, de modo especial a de Santo Domingo e Aparecida, dão especial relevo à missão dos leigos e leigas. A CNBB, com a criação da Comissão Episcopal para o laicato, faz constante reflexão sobre esta missão e está em permanente diálogo aberto. Já em 1970 tivemos um documento voltado para os leigos e sua missão e  grande passo na reflexão e ação foi dado com o Documento 62, aprovado na Assembleia de 1999, ”Missão e Ministérios dos cristãos leigos e leigas”. Continuamos estas reflexões com o amadurecimento do Documento de Estudos da CNBB 107 A, “Cristãos Leigos e Leigas na Igreja e na Sociedade – Sal da terra e luz do mundo. “

Não podemos em nossas Igrejas pensar na obra da evangelização sem a presença atuante, não simplesmente subsidiária, dos leigos e leigas.  A atuação dos leigos e leigas na vida da Igreja é instrumento que revela esta mesma Igreja como mistério de comunhão na continuação da Obra redentora de Cristo. Não há contraposição entre a vocação laical e as outras vocações na vida da Igreja.  Como todas as vocações e ministérios específicos na vida da Igreja, a vocação laical deve ser sempre repensada e atualizada para que em cada época não perca a sua essência. Neste sentido é pertinente dizer que a vocação laical não é algo pronto e acabado.

A vocação laical não engloba todas as vocações na vida da Igreja. É essencial na vocação laical a sua secularidade: ser no mundo e na sociedade presença evangelizadora de Cristo; ser  presença do Reino de Deus no coração do mundo. Estas poucas palavras envolvem uma gama praticamente infinita de lugares onde estar presente como discípulo missionário de Jesus Cristo. Para tanto é também essencial à vocação laical a vida de participação e comunhão na comunidade cristã. O fiel leigo é alguém que experimentou o encontro com o Cristo Ressuscitado na comunidade cristã, onde foi iniciado na vida cristã (conversão, discipulado, comunhão) e em nome  e comunhão com esta comunidade, com a autonomia que lhe é própria, vive no coração do mundo o seu testemunho cristão e o plantio dos  valores do Reino. Sem uma identidade genuinamente cristã, que envolve o senso de pertença a Igreja, os cristãos leigos e leigas, não são capazes de viver o Reino no coração do mundo.

+Edmilson Amador Caetano, O.Cist.

Bispo diocesano de Guarulhos

Presidente da Comissão Episcopal para o laicato do Regional Sul 1

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Atualidades



Assembleia UISG: 900 superioras gerais se reúnem em Roma

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Roma (RV) – Mais de 900 religiosas de todos os continentes se reunirão em Roma de 9 a 13 de maio, para a XX Assembleia Plenária da União Internacional das Superioras Gerais (UISG).

O tema em debate será “Tecendo a Solidariedade Global para a Vida”, em torno do qual as religiosas irão refletir sobre a Terra-Casa comum, as periferias existenciais e sociais (migrantes, tráfico de pessoas e paz) e a resposta apostólica como mulheres consagradas.

Entre as conferencistas, está a Superiora da Congregação da Divina Providência, Ir. Márian Ambrósio.  

Documento final

A Assembleia será encerrada com uma Declaração de compromissos para responder concretamente aos desafios ambientais e sociais do nosso tempo. Todas as Superioras Gerais serão chamadas a responder à pergunta: “Que significa para mim empenhar-me pela solidariedade global como religiosa e como líder de congregação?”

Esta XX Assembleia coincide com o encerramento do Jubileu da UISG (1965-2015). O Jubileu será celebrado com o lançamento do livro “Consagradas na Igreja pelo Mundo”, que traça os primeiros 50 anos de história da União, recordando os eventos mais significativos para a vida Religiosa feminina a partir do Concílio.

O evento se concluirá em 13 de maio com uma celebração eucarística presidida pelo Prefeito da Congregação para a Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Card. João Braz de Aviz.

Acompanhe a Assembleia no Facebook e Twitter: hashtag #UISGPlenary

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Macedônia usa gás lacrimogêneo contra refugiados na fronteira

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Genebra (RV) – A agência de refugiados da ONU condenou segunda-feira (11/04) o uso de gás lacrimogêneo pela polícia da Macedônia contra refugiados na fronteira com a Grécia. Para o ACNUR, tal ação prejudica a imagem da Europa.

Dezenas de imigrantes e refugiados ficaram feridos no domingo (10/04) quando a polícia da Macedônia atirou balas de borracha e gás lacrimogêneo contra uma multidão no lado grego da fronteira. Os incidentes começaram de manhã. Alguns migrantes que exigiam a abertura da barreira tentaram forçar o alambrado. Eles jogaram pedras contra os policiais macedônios, que responderam com gás lacrimogêneo. De acordo com a agência France Presse, ao menos 260 migrantes ficaram feridos no incidente de domingo.

A ação foi definida pela Grécia como "perigosa e deplorável".

"Pessoas se machucam e propriedades são danificadas. Danos são feitos para a percepção de refugiados e para a imagem da Europa. Todos perdem", disse o porta-voz do Acnur, Adrian Edwards, em comunicado.

Cerca de 11 mil imigrantes e refugiados estão acampados em Idomeni, na fronteira grega, desde fevereiro, que fecha a rota para a o leste e o centro da Europa. Eles estão dormindo a céu aberto e em condições precárias.

A fronteira permanece fechada desde o início de março, quando os países da chamada rota dos Bálcãs, pelos quais passavam os migrantes a caminho da Alemanha ou do norte da Europa, decidiram fechar suas portas.

O governo grego tentou convencer os migrantes de Idomeni a seguir para os centros de abrigo da região, mas não obteve o resultado esperado. Muitos preferiram permanecer em Idomeni, à espera da Macedônia eventualmente abrir a fronteira.

Segundo a ONG Médicos Sem Fronteiras, 40 pessoas foram atingidas por tiros de borracha e assistidas. Pelo menos 10 pessoas foram agredidas pela polícia com cassetetes. “As pessoas devem ser tratadas com dignidade e não com violência”, diz Jose Hulsenbek, chefe da missão de MSF na Grécia. Em Indomeni, somente na clínica da ONG, dentro do campo, cerca de 30 crianças de 5 a 15 anos receberam assistência médica devido aos efeitos dos lacrimogêneos.  

(CM) 

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