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Sumario del 14/05/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa na Audiência Jubilar: "piedade", manifestação da misericórdia de Deus

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Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre encontrou-se, na manhã deste sábado (14/5), na Praça São Pedro, com milhares de fiéis e peregrinos, provenientes de diversas partes do mundo, para a audiência jubilar, que concede no âmbito deste Ano Santo da Misericórdia.

 

Antes de começar a sua catequese, o Papa avisou os presentes que, devido ao mau tempo em Roma, a audiência jubilar ficou dividida em duas partes: a primeira, na Sala Paulo VI, aos enfermos, e a segunda na Praça São Pedro.

A seguir, passou a fazer sua catequese, durante a qual meditou sobre um dos tantos aspectos da misericórdia:  ter piedade ou pena dos que precisam de amor. A piedade é um termo que já existia no mundo greco-romano, onde, porém, significava ato de submissão aos superiores: antes de tudo, a devoção devida aos deuses; depois, o respeito dos filhos para com os pais, sobretudo se idosos. Neste sentido, Francisco atualizou o significado de piedade:

“Hoje, aos invés, devemos prestar atenção para não identificar a piedade com aquele pietismo, bastante difundido, que representa só uma emoção superficial, que ofende a dignidade do outro. Ao mesmo tempo, a piedade não deve ser confundida tampouco com a compaixão que temos para com os animais que vivem conosco; pois, de fato, acontece que, às vezes, temos este sentimento para com os animais, mas permanecemos indiferentes diante dos sofrimentos dos irmãos”.

Aqui, falando espontaneamente, Francisco disse: “Quantas vezes vemos tantas pessoas apegadas aos gatos, cachorros e, depois, se esquecem de ajudar os mais necessitados que lhes estão próximos”.

A seguir, o Pontífice continuou sua catequese explicando o termo “piedade” que é uma manifestação da misericórdia de Deus; é um dos sete dons do Espírito Santo, que o Senhor oferece aos seus discípulos para torná-los “dóceis a obedecer às inspirações divinas”.

Muitas vezes, nos Evangelhos, fala-se do grito espontâneo que pessoas endemoninhadas, pobres ou aflitas dirigiam a Jesus: “Tende piedade”. E o Papa explicou:

“A todos, Jesus respondia com um olhar de misericórdia e com o conforto da sua presença. Em tais invocações de ajuda ou pedido de piedade, cada um expressava também a sua fé em Jesus, chamando-o “Mestre”, “Filho de Davi” e “Senhor”. Eles intuíam que nele havia algo de extraordinário, que os podia ajudar a sair da sua condição de tristeza em que se encontravam. Percebiam nele o amor do próprio Deus”.

Mas, apesar da aglomeração da multidão, continuou o Pontífice, Jesus percebia aquelas invocações de piedade e se comovia, sobretudo quando via pessoas que sofriam, feridas na sua dignidade, como no caso da hemorroíssa. Ele as convidava a ter confiança nele e na sua Palavra. Com efeito, para Jesus, ter piedade equivale a compartilhar da tristeza de quem encontra, mas, ao mesmo tempo, agir, em primeira pessoa, para transformá-la em alegria. Assim, o Papa fez sua exortação final:

“Nós também somos chamados a cultivar em nós atitudes de piedade diante de tantas situações da vida, repelindo a indiferença que impede reconhecer as exigências dos irmãos que nos circundam e livrando-nos da escravidão do bem-estar material.

Francisco concluiu sua catequese jubilar convidando os fiéis a reconhecer o exemplo da Virgem Maria, que toma cuidado de cada um dos seus filhos; para nós cristãos, ela é o ícone da piedade.

Por fim, o Santo Padre citou o grande escritor italiano, Dante Alighieri, que assim se expressou na oração a Nossa Senhora, que se encontra no ápice do seu poema Paraíso: “Em ti, misericórdia; em ti, piedade...; em ti se reúne tudo o que há de bom na criatura”.

Ao término da catequese jubilar, o Papa passou a saudar os numerosos peregrinos e fiéis, em algumas línguas. Em italiano fez uma saudação especial às Irmãs da Imaculada Conceição, por ocasião do seu Capítulo Geral, e à Comunidade do Pontifício Colégio Ucraniano São Josafat. A eles e aos demais presentes, Francisco assim se expressou:

“Desejo que o Jubileu da Misericórdia, com a passagem pela Porta Santa, seja uma ocasião para manifestar aos irmãos a mesma piedade de Deus Pai, que sempre nos consola nas dificuldades”.

Enfim, o Santo Padre recordou aos presentes que, hoje, a liturgia celebra a festa de São Matias, o último que entrou a fazer parte do grupo dos Doze Apóstolos. E o Papa exortou:

“Que o seu vigor espiritual estimule os jovens a serem coerentes com a sua fé; que a sua entrega a Cristo Ressuscitado sustente os enfermos, nos momentos de maior dificuldade; que a sua dedicação missionária seja demonstração de que o amor é o fundamento insubstituível da família”.

Antes de conceder a sua Bênção Apostólica, o Papa Francisco saudou os presentes de língua portuguesa. Eis a sua saudação:

“Uma cordial saudação a todos os peregrinos de língua portuguesa, especialmente aos fiéis da Missão Católica Portuguesa de Friburgo na Suíça e ao grupo brasileiro do Santuário Jardim da Imaculada da Cidade Ocidental. Este mês de Maria convida-nos a multiplicar diariamente os atos de devoção e imitação da Mãe de Deus. Rezem o terço todos os dias! Deixem que a Virgem Mãe entre no seu coração; confiem-lhe tudo o que vocês são e têm! Deus será tudo em todos! Que Deus abençoe vocês e seus entes queridos!”. (MT)

 

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Papa visita Pontifícia Academia Eclesiástica

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco realizou uma visita privada à Pontifícia Academia Eclesiástica na tarde do dia 12 de maio. O encontro, num clima descontraído e familiar, é um sinal concreto da proximidade e atenção que o Sucessor de Pedro reserva a esta comunidade, na qual se formam sacerdotes que exercerão o seu ministério nas representações pontifícias espalhadas pelo mundo inteiro. Este ano a comunidade é composta por 33 sacerdotes provenientes de 14 países. 

Francisco não proferiu nenhum discurso oficial, mas respondeu às numerosas perguntas que lhe foram dirigidas pelos alunos, oferecendo elementos de reflexão sobre o ministério para o qual eles se preparam. Referindo-se ao serviço diplomático da Santa Sé, o Papa frisou a beleza e a utilidade para a vida da Igreja, assim como as dificuldades e desafios que comporta.

Ao ser interpelado sobre o que esperava daqueles que vivem o próprio ministério nas representações pontifícias, o Santo Padre delineou três elementos fundamentais: uma diplomacia inteligente, feita de arte e caridade, que construa pontes com as culturas, as sociedades e os Governos, tornando presente a Igreja e dando voz ao Evangelho; uma dimensão pastoral do ministério; e a capacidade de oferecer algo ao Senhor na penitência, centrando a própria vida sacerdotal no que é essencial.

Falando aos jovens presbíteros, o Pontífice reiterou a necessidade de uma reforma pessoal e eclesial, que comece pela dimensão espiritual, a fim de que ela permeie todos os aspetos da vida.

No encontro, o Papa Francisco falou também sobre outros temas de atualidade, como o compromisso ecumênico, o fundamentalismo religioso, a relação entre misericórdia e justiça, a situação europeia e a reconciliação como missão da Igreja. (JE/L’Oss. Rom.)

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Papa presidirá Missa de Pentecostes na Basílica de São Pedro

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco celebrará este domingo, 15 de maio, às 10 horas, a Missa pela Solenidade de Pentecostes. A Rádio Vaticano transmitirá a cerimônia, com comentários em português, a partir das 4h50min (horário de Brasília).

No rito de introdução, o Pontífice rezará para que o Senhor “nos renove interiormente, para que sejamos fieis ao Espírito que nos é dado como dom”.

Entre as intenções de oração dos fieis, será dirigido um pensamento especial aos legisladores e aos governantes, para que “a sabedoria que desce do alto os liberte da prisão da mundanidade e os guie na busca do verdadeiro bem de cada pessoa”.

As vocações sacerdotais, os cristãos em dificuldade, os pobres e os sofredores também serão incluídos nas preces dos fieis.

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Card. Rivera enviado do Papa à Santiago de Guatemala

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Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre nomeou o Cardeal Norberto Rivera Carrera, Arcebispo do México, como seu enviado especial às celebrações conclusivas do bicentenário da consagração da Catedral Metropolitana de Santiago de Guatemala, que será realizado em concomitância com o Congresso Eucarístico Arquidiocesano, de 31 de maio a 5 de junho de 2016.

O Pontífice também nomeou o Prefeito Emérito da Congregação para a Educação Católica, Cardeal Zenon Grocholewski, como seu enviado especial à celebração do Congresso Eucarístico Nacional da Bielorussia, que será celebrado em Grodno, de 24 a 26 de maio.(JE)

 

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Representante vaticano na Onu pede mais empenho contra o terrorismo

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Nova Iorque (RV) - O terrorismo deve ser combatido, em primeiro lugar, a nível cultural, atingindo as ideologias e as histórias que representam suas verdadeiras raízes. Por isso, é necessário agir “nos corações e nas mentes de homens e mulheres, em particular, daqueles que são os mais expostos ao risco da radicalização e do recrutamento por parte de um grupo terrorista”.

Esse foi o ponto nodal do pronunciamento feito pelo observador permanente da Santa Sé junto à Onu, em Nova Iorque, Dom Bernardito Auza, na quarta-feira (11/05), num debate aberto no Conselho de Segurança das Nações Unidas.

“Conhecemos bem as histórias e as ideologias dos atuais grupos terroristas. Eles não buscam esconder seus credos, seus princípios e seus princípios e seus valores presumivelmente de inspiração religiosa”, explicou Dom Auza.

Estes grupos “identificam muito ‘inimigos’ de modo que aqueles que respondem à sua propaganda possam “legitimamente” atacar estes ‘inimigos’ onde quer que eles estejam, em Paris, Bruxelas, Istambul, Aleppo ou onde quer que seja”.

Mas o pior é que construindo suas tresloucadas ideologias “que justificam seus horrendos atos de violência baseados em interpretações tendenciosas e num uso violento dos textos sagrados”, estes grupos terroristas “estão lançando um desafio sobretudo aos lideres religiosos e aos autorizados intérpretes destes mesmos textos”, disse o arcebispo filipino.

Por sua vez, “as autoridades religiosas têm a particular responsabilidade de rejeitar as mentiras e de condenar a blasfêmia das histórias e das ideologias terroristas”, acrescentou Dom Auza.

Os líderes religiosos “devem ser os primeiros a deslegitimar a manipulação da fé e a distorção dos textos sagrados como justificação da violência”.

Qualquer pessoa “que considera a si mesmo um fiel ao tempo em que planifica ou realiza ações contra os direitos fundamentais e contra a dignidade de todo homem e de toda mulher, deve ser condenada”, ponderou o representante vaticano. (RL)

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Galeria dos Candelabros recupera seu antigo esplendor

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Cidade do Vaticano (RV) - Depois de um meticuloso trabalho de restauração, que durou mais de dois anos, voltou a resplandecer no coração dos Museus Vaticanos a Galeria dos Candelabros, atravessada diariamente por milhares de pessoas que se dirigem à Capela Sistina.

Além da restauração, que deu nova vida às pinturas do século XIX deste corpo arquitetônico construído a partir da segunda metade do século XVI, foram solucionadas as problemáticas existentes pela heterogeneidade da execução das pinturas, devolvendo assim a integridade estética à Galeria.

Inteiramente restaurada, a galeria foi apresentada no último dia 10 de maio pelo Diretor dos Museus Vaticanos, Antonio Paolucci, pelo curador da Coleção de Arte Contemporanea Micol Forti, pela responsável pelo Canteiro de restauração, Francesca Persegati e pelo Padre Mark Haydu, dos Patrons of Arts in the Vatican Museums, que financiaram os trabalhos.

Foram necessário cerca de 700 mil euros para completar os trabalhos de restauração. O trabalho - não fácil de ser realizado, como explicou Micol Forti - exigiu uma organização capaz de concluir os trabalhos sem fechar os ambientes sempre lotados por visitantes e sobretudo uma sinergia de numerosas, diversas especializações e competências.

A Galeria dos Candelabros, quando foi projetada e realizada, apresentava-se como um espaço aberto e somente em 1785, Pio VI fez com que fosse fechada para preservar da melhor forma possível as esculturas da época romana ali colocadas.

O corredor, de 70 metros de largura, foi dividido em seis vãos com a inserção de arcadas apoiadas por duas colunas dóricas e aberturas laterais, onde encontraram lugar grandes Candelabros em mármore branco, que acabaram por conferir o nome à Galeria.

O ambiente permaneceu inalterado até que o Papa Leão XIII (1878-1903) decidiu decorá-lo com pinturas que deveriam ter o papel de desenvolver as linhas programáticas de seu pontificado aberto às transformações da época, recordou Forti .

Os trabalhos, assim, tiveram início em 1883, com a realização de um novo pavimento em mármore, enquanto para a vasta decoração pictórica foram chamados artistas como Anibal Angelini, Domenico Torti e Ludovico Seitz, que pintou as esplêndidas cenas do quarto vão, o maior da Galeria, assim como as monocromias da quinta e da sexta. São as suas mais belas pinturas, ricas de reminiscências de Rafael, porém atualizadas por um sentimento romântico e por uma cuidadosa apresentação. Não faltam, além disto, verdadeiras preciosidades, como a paisagem de uma Roma ideal, atrás das duas elegantes personificações da Arte pagã e da Arte cristã. Assim, o Coliseu e a Colina Palatina, a Basílica de São Pedro e São João de Latrão, até o Pátio da Pinha dos Museus Vaticanos, são unidos por uma atmosfera leve e crepuscular.

A visão do Pontífice que proclamou a Rerum Novarum - explicou Forti - pretendia também definir o papel da Igreja em concordância com o desenvolvimento das ciências e da arte. Desta forma, as pinturas de Seitz imortalizaram as artes maiores e as menores, entre as quais, aparece também a fotografia, que havia começado a se desenvolver há poucos decênios. Uma decoração sem sombra de dúvida refinada aquela desejada por Leão XIII, que porém, acabou sofrendo com as graves degradações nos últimos decênios.

As mudanças climáticas dos últimos tempos - explicou por sua vez Francesca Persegati - aliadas à falta de uma impermeabilização do teto e a contínua exposição aos raios solares, acabaram determinando problemas estruturais às pinturas. Assim, para limpar as amplas superfícies decoradas com monocromia - prosseguiu a restauradora - foram experimentados muitos materiais, com a escolha recaindo em uma espuma de make-up, que permitiu limpar sem manchar as superfícies, restituindo assim à Galeria dos Candelabros seu antigo esplendor. (JE/Ansa)

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Igreja no Mundo



Jordânia: Inaugurado projeto para refugiados desejado por Francisco

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Amã (RV) – Uma fazenda dedicada à agricultura “sustentável”, com 600 oliveiras plantadas em um terreno de 10 mil m², que emprega 15 trabalhadores, escolhidos entre os refugiados iraquianos, mas também entre jordanianos desempregados. Este é o “Jardim da misericórdia”, projeto solidário inaugurado na última quinta-feira (12/05) em Amã, capital da Jordânia, no Centro “Nossa Senhora da Paz”. Estiveram presentes no ato, entre outros, o Patriarca Latino de Jerusalém Fouad Twal e o Núncio Apostólico na Jordânia e Iraque, Dom Alberto Ortega Martin.

Sinal da solicitude da Igreja pelas populações do Oriente Médio

A iniciativa, financiada por desejo do Papa Francisco com as ofertas dos fieis e visitantes do Pavilhão da santa Sé na EXPO Milão 2015, representa um sinal concreto da solicitude pastoral da Sé Apostólica e das Igrejas locais pelas populações do Oriente Médio, atingidas por conflitos e migrações forçadas. Por esta razão, também esteve presente na inauguração o Subsecretário do Pontifício Conselho Cor Unum, Segundo Tejado Munoz, coordenador da iniciativa.

A fazenda é um local de diálogo e encontro entre as religiões

“O Jardim da Misericórdia – sublinhou o Arcebispo Ortega Martin -  não é somente o lugar em que os refugiados e as pessoas necessitadas podem encontrar um trabalho e um salário, mas pode também se tornar um lugar de diálogo e de encontro entre pessoas de religiões diferentes, segundo o quanto foi escrito pelo Papa Francisco na Bula de proclamação do Jubileu Extraordinário da Misericórdia.

Novos projetos

Durante a inauguração – informa o site abouna.org, citado pela Agência Fides – o Presidente da Caritas Jordânia, Dr. Wael Suleiman, anunciou a realização dos análogos microprojetos Madaba, Zaqrqa e Fuheis, finalizados a criar vagas de trabalho em favor dos refugiados e famílias jordanianas privados de renda. (JE/GV)

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Formação



Reflexão para o Domingo de Pentecostes: "Vinda do Espírito Santo"

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Cidade do Vaticano (RV) - O Evangelho de João nos apresenta Jesus, na tarde do Domingo de Páscoa, soprando o Espírito sobre seus discípulos, que estão reunidos no Cenáculo a portas fechadas com medo dos judeus. 

Colocar Jesus agindo na tarde de Páscoa significa que Ressurreição e Pentecostes estão unidos. O Espírito vem quando a Comunidade está reunida para celebrar a memória da morte e ressurreição de Jesus.

O sopro de Jesus, dando o Espírito, nos recorda o sopro do Pai sobre o homem feito de barro, dando-lhe a vida. Jesus sopra sobre a Comunidade dando-lhe Vida, criando a Igreja.

Estar com as portas fechadas significa o bloqueio em que se encontram para testemunhar Jesus Ressuscitado. É a presença do Espírito que leva à continuidade da missão do Senhor, a instaurar a vitória da Vida.

Medo é sinal de morte, por isso eles, sem o Espírito estão amedrontados, ainda dominados pelo poder da morte.

O sopro de Jesus dá a Vida, dá o Espírito Santo que faz novas todas as coisas.

Essa nova Humanidade forjada pela redenção, pela ressurreição de Jesus, porta o Espírito do Senhor para continuar sua missão salvífica.

Evidentemente essa missão redentora terá sua expressão no perdoar e no reter os pecados.

Pecado é ir contra a liberdade e a vida. Se existe o arrependimento e o propósito de mudança, existe o sinal da presença do Espírito. Contudo, se existe a perseverança no erro, na opção pela morte, se torna impossível perdoar – restituir a vida – já que a opção da própria pessoa foi a morte.

Entendamos, não é a Igreja que não perdoa, ela não tem essa missão, ao contrário, ela trabalha o arrependimento favorecendo condições para isso, mas depende da pessoa abrir ou não seu coração ao Espírito. Será o Espírito, que é o Espírito da Vida, que provocará o arrependimento, que perdoará.

Peçamos ao Espírito Santo, o Espírito da Vida, da União, do Amor, que venha sobre nós, sobre as pessoas que amamos, sobre todos e recrie em nós o Homem segundo o Coração de Jesus, segundo os desejos de Deus. Assim, a partir de onde vivemos, o mundo será outro, será verdadeiramente um mundo onde reina a justiça e a paz.

Não tenhamos medo de anunciar a Vida, de irmos contra a cultura de morte que nos é imposta através do consumismo, da valorização do prestígio, do ter, do levar vantagem e de tantas propostas que levam o Homem à  escravidão e à morte.

Permitamos ao Espírito nos renovar, destruir em nós aquilo que é caduco, voltado à finitude, nos recriando como cidadãos livres! Sejamos irmãos e filhos no Espírito. (Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos sobre a Solenidade de Pentecostes)

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Atualidades



Editorial: Missão de amor

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Cidade do Vaticano (RV) – Na semana que passou recebemos nos estúdios da Rádio Vaticano o fundador da Casa do Menor São Miguel Arcanjo, o italiano, já totalmente brasileiro, Padre Renato Chiera. A Casa do Menor, que nasceu em Nova Iguaçu, RJ, comemora, no próximo dia 12 de outubro, 30 anos de presença ao lado dos mais necessitados, uma história de muita luta em favor dos carentes.

 

Na sua história, como nos disse o Padre Renato, os protagonistas são as crianças, adolescentes e jovens que foram tirados da rua, tirados do risco social ou pessoal em que viviam e lhes foram ensinados a amar. Hoje, muitos deles são formadores, colaboradores e multiplicadores que ajudam a construção de um mundo novo.

O trabalho não pára. “Continuamos resgatando vidas e levando-as 'o saber amar e o saber ser amado'. Mostramos a eles que existem outras possibilidades além da rua, do crime, da droga. Apresentamos a eles os valores que eles desconhecem com a nossa pedagogia-presença. Uma presença efetivamente familiar. Somos pais e mães para eles, na presença do amor”, afirma o sacerdote.

Padre Renato na última quarta-feira, na conclusão da Audiência Geral na Praça São Pedro, encontrou-se com o Papa Francisco e agradeceu ao Santo Padre pelo seu incentivo, amor e apoio a esta grande missão de cuidar dos “descartados”.

Falando à Rádio Vaticano, Padre Chiera, que fará 50 anos de sacerdócio em 2017, não esconde a sua tristeza diante de uma sociedade que ainda hoje, com todos os meios de comunicação, holofotes que se ascendem e se apagam, tenta esconder tudo o que é “feio”, tudo o que pode tornar as nossas cidades feias: as suas crianças e seus moradores de rua. Procura-se esconder quem podem “sujá-las”, disse. E quem suja são os pobres, as crianças de rua, o povo “descartado”, abandonado.

Durante muitos anos o Brasil foi conhecido como o país que não cuidava de suas crianças, que deixava na rua, na total indiferença, o seu futuro. Muita coisa foi feita, mas ainda muito deve ser feito. Como afirma Padre Chiera, muitos dos nossos meninos de rua hoje são predas da droga, da “cracolândia”, são predas dos traficantes de droga. E faz uma dura constatação: “estão no narcotráfico. E sabe por quê?. Porque é o único espaço onde eles têm proteção, visibilidade e possibilidade de viver. Mas, no narcotráfico eles são treinados a matar e a serem mortos. Embora quantitativamente parece que seja menor o abandono, mas é muito mais grave, porque são meninos atraídos pela violência e eles mesmos se tornam violentos. Os meninos que mataram me dizem: “Padre, o senhor não sabe que se eu não mato, eles me matam”! Duras palavras de um mundo que poucos conhecem e que muitos pensam que não existe mais no nosso Brasil.

A Casa do Menor procura estar presente nestes setores mais pobres e mais feridos da sociedade, trabalhando e caminhando com os meninos e meninas abandonados; CRIANÇAS abandonadas.

Sim são elas as vítimas de uma sociedade adulta, vítimas da violência, vítimas da vergonha da indiferença.

O Papa Francisco não se cansa de recordar que as crianças são “dom para a humanidade”, mas são também “as grandes excluídas, pois às vezes nem as fazem nascer”.

Uma sociedade – afirmou - se julga pelo modo como trata suas crianças, se é livre ou escrava de interesses.

“As crianças nos lembram que somos sempre filhos”, independentemente de nossa idade, de nossa situação, de nossa condição social; somos sempre “radicalmente dependentes”, visto que nós não “nos demos a vida, mas a recebemos”.

As crianças trazem alegria, esperança; certamente acarretam preocupações e por vezes, problemas, “mas é melhor uma sociedade preocupada e problemática do que uma sociedade triste e cinzenta, sem crianças!”.

O nosso reconhecimento à Casa do Menor e a Padre Chiera pelos 30 anos de missão e de vida. Mais de 100 mil crianças passaram pela sua estrutura nestas 3 décadas demonstrando que existem outras possibilidades além da rua, do crime, da droga. É a possibilidade da presença, do amor que muda a vida e o destino de quem o recebe e de quem o dá. (Silvonei José)

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Artigo: É tempo de entendimento

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Passo Fundo (RV) - Nesta semana tivemos mais um passo no processo de impeachment da presidente da República Dilma Rousseff. Foi mais uma semana tensa, nervosa e conflitiva. Sobre isso, escutamos com frequência: “sempre as mesmas notícias”. É um sintoma de que o povo está ficando cansado de tantas brigas e conflitos. A crise política atinge a todas as pessoas, pois abrange todos os brasileiros, independentemente do seu posicionamento sobre a questão.

O processo de impeachment continua nas instâncias estabelecidas pela constituição. Porém, isto não é o suficiente para o momento. É tempo de olhar e comentar a questão com menos emoção e com mais razão. É um tempo para que as lideranças chamem o povo ao entendimento e a fazer a travessia que leve ao encontro. Um povo não pode ficar muito tempo sem saber para onde vai. O papel da liderança é chamar para um patamar melhor do ponto de vista da dignidade humana.

Os pontos de vista diferentes que existem para a condução do Estado e da política, sempre existirão e são necessários numa democracia. Isto não pode servir de pretexto para levar as pessoas a se manterem em confronto permanente, porque leva a destruição e não constrói nada. Onde há destruição do relacionamento fraterno de pessoas, do patrimônio público ou privado, todos saem perdendo.

A Igreja Católica, por convocação do Papa Francisco, vive o Ano da Misericórdia. Somos todos limitados e erramos; em linguagem religiosa falamos que somos pecadores. A misericórdia é a vivência da cordialidade, da tolerância com todos e com os diferentes. Uma face da misericórdia é a justiça e para que ela seja feita é preciso desenvolver a capacidade de ver e ouvir o outro. Todo cidadão pode fazer a sua parte ajudando a criar o entendimento e a paz social. Temos que acreditar no Brasil e nos brasileiros. Somos capazes de refazer nossas esperanças, pois somos um povo que luta para ser feliz. A vida é curta e bela.

Como sugestão de leitura, recomendo a entrevista da Ministra Carmem Lúcia, do Supremo Tribunal Federal, publicada no dia 18 de abril de 2016, na revista Época. Na entrevista ela comenta e se posiciona, de forma sábia e prudente, sobre vários assuntos relacionados à crise atual.

Dom Rodolfo Luis Weber

Arcebispo de Passo Fundo

13 de maio de 2016

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Artigo: Em diálogo pelo bem

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Belo Horizonte (RV) - A tarefa de construir o bem comum necessita, acima de tudo, de diálogo.  Dialogar qualifica a capacidade humana de se dirigir ao outro, nas diferenças e nos parâmetros racionais das oposições. Permite também estabelecer uma relação com a lucidez de discernimentos e escolhas. Trata-se de prática que não oferece espaço para o ódio, vinganças e o aproveitamento espúrio de oportunidades para obter ganhos na contramão do bem comum. A ausência do diálogo permanente, em todas as esferas das relações humanas, explica o nascimento de descompassos, as mazelas de escolhas, os absurdos dos procedimentos que comprometem legalidades e produzem os leitos da corrupção.

Somente pela via do diálogo os muitos segmentos da sociedade construirão o tecido de uma cultura que sustente princípios e legalidades. As guerras, os acirramentos partidários, o recrudescimento da violência, os fundamentalismos - religiosos e políticos -, as inimizades, as crises familiares, tudo advém de incompetências humanas na essencial capacidade para dialogar. Uma qualidade fundamental para se escolher bem, decidir e garantir rumos adequados. Quando falta a indispensável competência da reciprocidade conquistada pelo diálogo, as consequências são sempre desastrosas.

Só o diálogo constrói entendimentos que levam à compreensão das mudanças e transformações tão velozes neste tempo. A vivência desse exercício mostra a importância da participação cidadã. Garante lucidez na condução de processos e engradece a alma, fazendo-a apreciar o que se baseia no altruísmo. Sem a abertura para a reciprocidade nos exercícios relacionais em diferentes ambientes - do aconchego da vida familiar aos grupos religiosos, culturais e políticos -, o que se faz torna-se desserviço. Líderes incapacitados para o diálogo, particularmente no âmbito da política, são obstáculos nos funcionamentos da sociedade, prejudicando o bem comum.

O diálogo, longe de ser “conversa fiada”, fofoca, palavras trocadas pelo simples gosto de falar - especialmente aquele gosto muito comum de se falar dos outros -, é a construção de entendimentos que dão suporte para a criação e manutenção do ethos do altruísmo, da seriedade no que se faz e da busca pela verdade.  Promove, assim, a coragem da transparência, em todos os sentidos e níveis, balizando na honestidade relações e funcionamentos. A qualidade do diálogo depende muito da visão construída no horizonte dos cidadãos, para além de paixões partidárias. O exercício do diálogo alarga a visão de mundo do cidadão, os horizontes dos funcionamentos institucionais. Permite alcançar a compreensão que anima a indispensável autoestima, a consciência histórica e a configuração política merecedora de credibilidade.  Nesse sentido, o diálogo é força para fazer com que a sociedade seja verdadeiramente democrática, capaz de respeitar e promover, com fecundidade, o bem comum.

Dialogar é o caminho da permanente construção da vida social, familiar e individual. O diálogo é remédio para curar irracionalidades, tônico que fortalece entendimentos cidadãos, intervenção que alarga as estreitezas de interpretações. O princípio do bem comum é o que deve nortear a sociabilidade, superando, assim, radicalismos e violências.  Para além de qualquer simples interesse, sobretudo daquele que nasce da idolatria do dinheiro, cada cidadão tem a tarefa de preservar e de promover esse princípio.

O respeito e a promoção do bem comum são deveres de todos.  Por isso, ecoe em todo canto, e permeie os tecidos da cultura na sociedade atual, na particularidade do momento vivido na sociedade brasileira, a autoridade do convite e da recomendação do Papa Francisco, dirigindo-se aos brasileiros: é preciso investir todas as forças no diálogo para reconstruções, respeito a legalidades e encontro das indispensáveis saídas, evitando descompassos que comprometam a civilidade, a ordem e a justiça. Acima de tudo, os segmentos diversos da sociedade, para superar mediocridades, partidarismos, radicalismos de todo tipo, fecundando nova cultura, precisam estar em diálogo pelo bem comum.

Dom Walmor Oliveira de Azevedo

Arcebispo metropolitano de Belo Horizonte

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