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Sumario del 10/06/2016

Papa e Santa Sé

Igreja na América Latina

Formação

Papa e Santa Sé



Papa Francisco: Deus fala no silêncio "sonoro"

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Cidade do Vaticano (RV) – A vida do cristão pode ser resumida em três comportamentos: estar “de pé” para acolher Deus, estar em paciente “silêncio” para escutar a Sua voz e “em saída” para anunciá-Lo aos demais.

O Papa explicou este trinômio na homilia matutina da sexta-feira, (10/06), na Casa Santa Marta. 

Um pecador arrependido que decidiu retornar a Deus ou alguém que consagrou a vida a Ele: ambos, em algum momento, podem ser tomados pelo “medo” de não conseguir manter a escolha. E a fé se embaça enquanto a depressão está à espreita.

De pé e em caminho

Para aprofundar este aspecto e indicar a saída do túnel, o Papa evocou por um momento a situação do filho pródigo, deprimido enquanto observa faminto os porcos. Todavia, Francisco se concentrou sobretudo no Profeta Elias, personagem da liturgia do dia.

Ele, recordou o Papa, é “um vencedor” que “tanto lutou pela fé” e derrotou centenas de idólatras no Monte Carmelo. Mas, ao ser alvo da enésima perseguição, deixa-se abater. Cai por terra sob uma árvore, desencorajado, esperando a morte. Mas Deus não o deixa naquele estado de prostração e envia um anjo com uma frase imperativa: levanta-te, coma, saia:

“Para encontrar Deus é necessário voltar à situação do homem no momento da criação: de pé e em caminho. Assim, Deus nos criou: à Sua altura, à Sua imagem e semelhança e em caminho. “Vai, segue adiante! Cultiva a terra, faça-a crescer; e multiplicai-vos...’. ‘Saia!’. Saia e vá ao Monte e pare no Monte à minha presença. Elias ficou de pé. De pé, ele sai”.

O fio de um silêncio sonoro

Sair, para então colocar-se à escuta de Deus. Mas, “como passa o Senhor? Como posso encontrar o Senhor para ter certeza de que é Ele?”, se perguntou Francisco. O trecho do Livro dos Reis é eloquente. Elias foi convidado pelo anjo para sair da caverna no Monte Horebe, onde encontrou abrigo para estar na “presença” de Deus. No entanto, a induzi-lo a sair não são nem o vento “impetuoso e forte” que quebra as rochas, nem o terremoto que se segue e nem mesmo o sucessivo fogo:

“Muito ruído, muita majestade, muito movimento e o Senhor não estava ali. ‘E depois do fogo, o sussurro de uma brisa suave’ ou, como está no original, ‘o fio de um silêncio sonoro’. E ali estava o Senhor. Para encontrar o Senhor, é preciso entrar em nós mesmos e sentir aquele ‘fio de um silêncio sonoro’ e Ele nos fala ali”.

A hora da missão

O terceiro pedido do anjo a Elias é: “Saia”. O profeta é convidado a refazer seus passos, em direção do deserto, porque lhe foi dada uma tarefa a cumprir. Nisso, ressalta Francisco, se capta o estímulo “a estarmos em caminho, não fechados, não dentro do nosso egoísmo, da nossa comodidade”, mas “corajosos” em “levar aos outros a mensagem do Senhor”, isto é, ir em “missão”:

“Devemos sempre buscar o Senhor. Todos nós sabemos como são os maus momentos: momentos que nos puxam para baixo, momentos sem fé, escuros, momentos em que não vemos o horizonte, somos incapazes de se levantar. Todos nós sabemos isso! Mas é o Senhor que vem, nos restaura com o pão e com a sua força e nos diz: ‘Levante-se e vá em frente! Caminhe!’. Para encontrar o Senhor devemos estar assim: de pé e caminhar. Depois esperar que ele fale conosco: o coração aberto. E Ele vai nos dizer: ‘Sou eu’ e ali a fé se torna forte. A fé é para mim, para preservá-la? Não! É para ir e dar aos outros, para ungir os outros, para a missão”.

(RB-SP)

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Papa: cristãos devem combater juntos a desertificação espiritual

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Cidade do Vaticano (RV) – No final da manhã desta sexta-feira (10/06) o Papa recebeu, no Vaticano, uma delegação da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas. 

Este encontro, disse Francisco em seu discurso, é um passo a mais no caminho que caracteriza o movimento ecumênico – um caminho abençoado e cheio de esperança.

“Hoje, devemos antes de tudo ser gratos a Deus pela nossa fraternidade reencontrada que, como escreveu S. João Paulo II, ‘não é a consequência de um filantropismo liberal ou de um vago espírito de família; mas está enraizado no reconhecimento do único Batismo e na consequente exigência de que Deus seja glorificado na sua obra’.”

Outro motivo de gratidão, prosseguiu o Papa, é a recente conclusão da quarta fase do diálogo teológico entre a Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas e o Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos sobre o tema da justificação.

“Estou satisfeito em constatar que o relatório final destaque o elo necessário entre a justificação e a justiça”, afirmou Francisco, acrescentando que a fé em Jesus nos leva a viver a caridade mediante gestos concretos, capazes de incidir no nosso estilo de vida.

“Com base no acordo sobre a doutrina da justificação, existem muitos campos em que reformados e católicos podem colaborar para testemunhar juntos o amor misericordioso de Deus, verdadeiro antídoto diante do sentimento de abandono e de indiferença que parece nos circundar.”

Desertificação espiritual e consumismo espiritual

Com efeito, acrescentou o Papa, vivemos com frequência uma “desertificação espiritual”. Sobretudo lá onde se vive como se Deus não existisse, para Francisco os cristãos são chamados a serem “ânforas” que matam a sede com a esperança.

De fato, não é possível comunicar a fé vivendo-a de maneira isolada ou em grupos fechados ou separados. Deste modo, não se consegue responder à sede de Deus que nos interpela e que emerge também em inúmeras formas de religiosidade.

Segundo Francisco, essas novas formas correm o risco de favorecer um espécie de “consumismo espiritual”. Eis então a urgente necessidade de um ecumenismo que, com o esforço teológico para recompor as controvérsias doutrinais, promova uma missão comum de evangelização e de serviço.

Sem dúvida, há muitas iniciativas e boas colaborações em vários lugares, reconheceu o Papa. Mas todos podemos fazer mais para transmitir o amor de Deus. O Papa então concluiu: “Expresso o desejo de que este encontro seja um sinal eficaz da nossa perseverante determinação em caminhar juntos na peregrinação rumo à plena unidade”. 

(bf)

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Papa eleva à festa dia da memória de Santa Maria Madalena

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Cidade do Vaticano (RV) – Apostolorum Apostola, ou Apóstola dos Apóstolos: assim Santo Tomás de Aquino definia Santa Maria Madalena, testemunha ocular da ressurreição de Cristo e primeira a dar a notícia aos Apóstolos. 

Agora, por “desejo expresso do Papa”, a Festa de Santa Maria Madalena será comemorada no Calendário Romano no dia 22 de julho – o mesmo em que era celebrada a memória.

Dignidade da mulher

“A decisão se inscreve no atual contexto eclesial, que pede uma reflexão mais profunda sobre a dignidade da mulher, sobre a nova evangelização e sobre a grandeza do mistério da misericórdia divina”, explica Dom Artur Roche, Secretário da Congregação para o Culto Divino e Disciplina dos Sacramentos.

A mensagem de São João Paulo II, na Carta Apostólica Mulieris dignitatem, que trouxe novo alento à questão das mulheres, segue importante hoje para a Igreja. E ganha uma nuance especial com o Jubileu da Misericórdia.

“Santa Maria Madalena é um exemplo de verdadeira e autêntica evangelizadora, uma evangelistas que anuncia a alegre mensagem central da Páscoa. O Papa tomou esta decisão neste contexto jubilar para ressaltar esta mulher que mostrou um grande amor a Cristo e por Cristo tão amada”, disse ainda o Arcebispo Roche.

Decreto

O texto da Missa e o Ofício Divino permanecem inalterados, assim como para a Liturgia das Horas. Caberá às Conferências Episcopais traduzir para o próprio idioma o prefácio anexo ao decreto, enviá-lo à Santa Sé que deverá aprovar antes de inseri-lo em uma futura reimpressão do Missal Romano.

(rb)

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Jubileu: Papa receberá artistas itinerantes e populares

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Cidade do Vaticano (RV) – Artistas itinerantes e populares serão recebidos em audiência especial pelo Papa Francisco no próximo dia 16 de junho, por ocasião do Ano Santo da Misericórdia.

Profissionais circenses, funcionários de parques de diversão e feiras, artistas de rua e membros de bandas musicais e de grupos folclóricos se encontrarão em Roma para uma peregrinação de dois dias. A programação prevê a Missa na Basílica de Santa Maria in Trastevere, seguida de apresentações e espetáculos na praça diante da Basílica (15 de junho). No dia seguinte, quinta-feira, a Audiência com o Santo Padre e a passagem pela Porta Santa da Basílica de S. Pedro.

São aguardados cerca de seis mil participantes provenientes da Europa (França, Alemanha, Itália, Holanda, Romênia, Espanha, Suíça, Ucrânia e Hungria), da América (Argentina, Canadá, Chile, Peru e Estados Unidos) e da África (Quênia).

O evento é promovido pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Migrantes e os Itinerantes, em colaboração com outras associações italianas. 

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Papa irá visitar Auschwitz durante viagem à Polônia em julho

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Cracóvia (RV) - O Papa Francisco irá visitar o campo de extermínio nazista de Auschwitz-Birkenau  no dia 29 de julho próximo durante sua viagem à Polônia por ocasião da 31ª Jornada Mundial da Juventude que se realizará em Cracóvia. A informação está contida no programa da viagem divulgado nesta quinta-feira (09).

Os dois predecessores de Francisco, Bento XVI e João Paulo II, também visitaram o local durante seus pontificados.

Forças de ocupação da Alemanha nazista estabeleceram o campo de Auschwitz-Birkenau durante a Segunda Guerra Mundial na cidade de Oswiecim, no sul da Polônia, a cerca de 70 quilômetros de Cracóvia, segunda maior cidade do país.

Entre 1940 e 1945, Auschwitz se transformou em um vasto complexo de tendas, oficinas, câmaras de gás e crematórios onde aproximadamente 1,5 milhão de pessoas, a maioria judeus, morreram.

Tropas do Exército Vermelho soviético liberaram o campo no dia 27 de janeiro de 1945. (SP)

 

 

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De Marchi: visita do Papa ao PMA encorajará combate à fome

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Cidade do Vaticano (RV) - A visita do Papa Francisco na próxima segunda-feira (13/06) à sede, em Roma, do Programa Mundial Alimentar (PMA) pode ser considerada histórica. Efetivamente, pela primeira vez um Papa visitará a sede do organismo das Nações Unidas comprometido com o combate à fome no mundo, desde sua fundação em 1962. Entrevistada pela Rádio Vaticano, a porta-voz do PMA, Vicchi De Marchi, nos diz com quais sentimentos e esperanças essa visita do Pontífice está sendo aguardada: 

Vicchi De Marchi:- “Com certeza há uma grande atenção, uma grande expectativa, inclusive emoção por essa visita papal. Uma grande expectativa. Creio haver uma grande expectativa inclusive devido ao estilo e à mensagem deste Pontificado, que tem dado grande atenção aos temas da fome, do combate à fome, às injustiças sociais, à pobreza e, também, grande atenção ao tema do clima, que cotidianamente enfrentamos – a degradação ambiental – como uma das causas que determina pobreza e fome. Uma expectativa, inclusive por parte da equipe, porque uma parte da visita do Papa será dedicada ao encontro com a equipe do Programa Mundial Alimentar, cerca de mil funcionários. Ao todo, o PMA conta mais de catorze mil funcionários, dos quais 90% vive nos países em que atuamos, em zonas por vezes muito difíceis. Portanto é, sobretudo, um encorajamento do Papa para essas pessoas que, por vezes, realmente, vivem uma vida muito dura para intervir na emergências humanitárias.”

RV: Desde o início de seu Pontificado, o Papa Francisco denunciou a “cultura do descarte”, tem falado, inclusive, de uma “economia que mata”, quando é centralizada no lucro, e não na pessoa. Nesse aspecto, em particular, vocês encontram uma sintonia plena com o magistério do Papa...

Vicchi De Marchi:- “Absolutamente sim, porque verdadeiramente o Papa Francisco toca os temas fundamentais, as razões profundas subjacentes a muitos problemas do mundo, que dizem respeito à fome e ao subdesenvolvimento. Um desses é propriamente o tema do descarte! Creio que o Papa Francisco, quando fala de descarte, fala não somente do elemento físico do desperdício de alimento, da perda de alimento, mas também de um elemento moral. Por vezes, nossas sociedades consideram os pobres, quem tem fome, os invisíveis, como um “descarte da sociedade”, enquanto nós trabalhamos exatamente para tornar visíveis essas injustiças. O tema do descarte, porém, é, sobretudo, uma coisa física: um descarte alimentar. No mundo são desperdiçadas ou se perdem em torno de 3 bilhões de toneladas de alimento. O que, talvez, menos se saiba, mas que é absolutamente preocupante, é que cerca da metade dessas perdas, descartes e desperdício se verifica no sul do mundo. Por que? Porque faltam infraestruturas para fazer com que cheguem aos mercados, porque faltam os lugares onde armazenar os alimentos. Trata-se de uma perda de alimento que, digamos, nasce mais da pobreza do que da abundância.”

RV: Quais frutos esperam dessa visita do Papa Francisco? Consideram que possa servir também de encorajamento para o compromisso cotidiano de vocês?

Vicchi De Marchi:- “Penso que sim e, sobretudo, na parte da visita na qual o Papa se dirigirá precisamente aos membros do nosso Conselho de administração, que, na realidade, são membros que representam os governos de muitos países do mundo. Por conseguinte, sua mensagem chegará diretamente, não somente à equipe do PMA, às pessoas que ouvirão sua mensagem através da mídia, mas também, sobretudo, aos governos. Isso é muito importante, porque o tema da fome, do subdesenvolvimento, da ajuda às populações mais pobres, é um tema que não diz respeito somente ao Sul do mundo, diz respeito a todos nós. Um apelo dessa envergadura, tão veemente, tão importante, só pode ajudar-nos em nosso trabalho.” (RL)

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O Papa no YouTube com a Redação Brasileira

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Cidade do Vaticano (RV) – A Redação Brasileira da Rádio Vaticano assumiu um novo desafio: transmitir em português ao vivo pelo YouTube os principais eventos do Papa Francisco e da Santa Sé. 

Para receber os avisos sobre as futuras transmissões inscreva-se em nosso canal VaticanBR.

A iniciativa atende às exigências das novas ferramentas de comunicação, com atenção especial à evangelização por meio da internet, com ênfase nas redes sociais.

Ao promover a difusão da mensagem do Papa em língua portuguesa, a Redação Brasileira proporciona um ponto de encontro online com informação precisa e direta da fonte.

A interação é uma das principais características da nova ferramenta, que oferece a possibilidade de enviar mensagens ao vivo durante as transmissões.

Como um novo marco nas comunicações vaticanas para os católicos brasileiros e lusófonos, convidamos todos a compartilhar e inscrever-se neste novo canal de informação dedicado ao Magistério do Papa Francisco.

Os eventos ao vivo também serão promovidos em nosso Twitter e Facebook.

(rb)

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Acompanhe com a RV o Jubileu dos Enfermos

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Cidade do Vaticano (RV) – Nove milhões e 100 mil: este é o número de peregrinos que vieram a Roma e ao Vaticano para atravessar as Portas Santas e participar das iniciativas do Jubileu da Misericórdia, nos primeiros seis meses de sua convocação.

O dado foi informado na manhã desta quinta-feira (09/06) pelo Presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, Dom Rino Fisichella, durante coletiva de imprensa de apresentação do próximo evento: o Jubileu dos Enfermos e dos Portadores de Deficiência, de 10 a 12 de junho.

Jubileu dos Enfermos

Assim como os eventos anteriores, este Jubileu tem início com a peregrinação rumo à Porta Santa da Basílica de S. Pedro e prossegue à tarde com um momento de catequese dirigido a todos, em especial aos surdos e cegos. A manhã do sábado será dedicada às catequeses em várias igrejas do centro histórico de Roma, de acordo com os idiomas, sobre o tema “A misericórdia fonte de alegria”.

Na parte da tarde, o Pontifício Conselho propõe um espetáculo de música e dança nos jardins do Castel Sant’Angelo.

Transmissão da RV

No domingo, haverá a missa presidida pelo Papa Francisco na Praça S. Pedro, às 10h30 locais (05h30 – horário de Brasília). Este evento será transmitido ao vivo pela Rádio Vaticano, com comentários em português. A concelebração eucarística também poderá ser seguida em streaming em língua de sinais.

O serviço litúrgico e as leituras terão como protagonistas pessoas portadoras de deficiência, em especial jovens com síndrome de down e com deficiências mentais – tudo com tradução de pessoas surdas, de várias nações, em Língua de sinais Internacional. Além disso, pela primeira vez na Praça S. Pedro, a leitura do Evangelho será também dramatizada por um grupo de pessoas com deficiências mentais, para permitir que o texto seja compreendido sobretudo pelos peregrinos com este tipo de deficiência.

Consultas gratuitas

Outra iniciativa relevante por ocasião do Jubileu dos Enfermos é a instalação de “Pontos de Saúde” nas quatro Basílicas Vaticanas (S. Pedro, S. João de Latrão, S. Paulo Fora dos Muros e Santa Maria Maior). A partir de sexta-feira, 10 de junho, 350 voluntários oferecerão consultas gratuitas especialmente aos sem-teto da cidade, nas áreas de clínica geral, dermatologia, ginecologia e pediatria, inclusive com a vacinação contra a pneumonia e, para as mulheres, a realização do teste de Papanicolau.  

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Motu Proprio sobre abusos é um chamado à responsabilidade, diz Pe. Zollner

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Cidade do Vaticano (RV) – “Um passo importante que consolida e amplia a resposta da Santa Sé em relação a estes terríveis casos de abusos sexuais cometidos por clérigos contra menores”. Assim o Presidente do Instituto de Psicologia da Pontifícia Universidade Gregoriana e membro da Comissão Pontifícia para a Tutela de Menores, Pe. Hans Zollner S.J.,  comenta a publicação do Motu Proprio “Como uma mãe amorosa” do Papa Francisco, que determina a remoção do cargo de bispos “negligentes” em relação a abusos de menores.

Normas reiteradas e sublinhadas

“O Motu Proprio reafirma as normas que já são estabelecidas pelo Direito Canônico, as fortalece e evidencia a sua aplicação”, explica Padre Zollner. “Dirige-se de fato, com clareza, aos Bispos e aos Superiores Maiores das Congregações religiosas, convidando-os a fazer todo o possível para que os abusos não ocorram e os abusadores sejam entregues à justiça com o devido processo, quer por parte das autoridades eclesiásticas como daquelas civis”.

A responsabilidade dos bispos

“O pedido deste documento papal – explica Padre Zollner – é da Comissão Pontifícia para a Tutela dos Menores. De fato, desde o início de seus trabalhos,  os membros da Comissão haviam sublinhado a importância deste tema. É, de fato, uma das questões mais prementes e, sobretudo no âmbito anglo-saxão, estabelecer a responsabilidade dos bispos é percebido como um elemento chave para demonstrar a intenção clara e decidida da Igreja de combater o mal advindo destes atos terríveis”.

“A Comissão – explica o sacerdote jesuíta – de fato discutiu e depois apresentou ao Santo Padre as nossas propostas a este respeito e também promoveu a reflexão jurídica sobre a ligação entre a jurisprudência sobre estes casos nos vários Estados e o Direito Canônico. O consideramos como um passo encorajador por reiterar e enfatizar o princípio da responsabilidade que têm os Ordenados, os Bispos e os Superiores Maiores, de seguir aquilo que a norma canônica prescreve”.

Medida corajosa que ajuda a comunidade

“Como bispo diocesano, considero este Motu Proprio do Papa uma medida corajosa que nos dá grande serenidade”, afirmou por sua vez o Arcebispo Metropolita de Malta e Presidente do Colégio para o exame dos recursos junto à Congregação para a Doutrina da Fé, Dom Charles J. Scicluna.

“Não somente nos convida à diligência e à responsabilidade em nosso ministério pastoral – avalia – mas nos dá também a garantia de um procedimento em caso de denúncias por falta de cumprimento da diligência no nosso ministério. É de fato prevista uma investigação e depois a decisão de um apropriado Colégio de juristas. É uma palavra de responsabilidade mas também uma palavra com a qual o Papa quer estar muito próximo às comunidades no caso em que algumas coisas não sejam respeitadas”.

Servos, não príncipes

“Na história do compromisso da Santa Sé contra os abusos – acrescenta Scicluna – é uma etapa que diz uma palavra muito forte sobre a corresponsabilidade e chama em particular nós bispos, às exigências da proteção das crianças e dos adultos vulneráveis. É parte essencial do ministério de pastor tutelar o rebanho, mas também ser responsáveis em relação ao Senhor e  à comunidade”.

“Este Motu Proprio – conclui o Arcebispo de Malta – recorda a nós prelados que somos servos da comunidade e não “príncipes” da diocese. Temos deveres e responsabilidades e devemos estar sempre prontos diante de quem temos esta obrigação”. (JE/FC)

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Conferência no Vaticano sobre a hanseníase: ainda muitos preconceitos

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Cidade do Vaticano (RV) - Apesar de prevenção e cuidados, a cada ano cerca de 200 mil pessoas são afetadas pela doença de Hansen, também conhecida como lepra. E ainda hoje há muitos preconceitos contra esta doença. Esta questão foi discutida nesta quinta-feira, (09), no Vaticano, em uma conferência organizada entre outros pelo Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde e pela Fundação Nippon. O objetivo é sensibilizar a opinião pública na véspera do Jubileu dos enfermos.

Doença de países pobres

A hanseníase é causada por uma bactéria, não muito contagiosa e debelável com um antibiótico, que porém pode atingir se as defesas imunitárias são baixas. Desnutrição e falta de higiene facilitam este processo. Uma doença erradicada no Ocidente, mas ainda viva nos países mais pobres. Desde a antiguidade as pessoas com hanseníase foram marginalizadas, excluídas da sociedade. E, infelizmente, ainda hoje, essas discriminações são difíceis de combater. O Cardeal Robert Sarah, Prefeito da Congregação para o Culto Divino e  Disciplina dos Sacramentos afirmou que “para muitas das pessoas afetadas pela hanseníase, o estigma moral e as práticas de exclusão são parte de um legado que ainda não foi erradicado”.

Cerca de 200 mil afetados todo ano

Cerca de 200 mil as pessoas afetadas a cada ano, mas que se tratadas a tempo e com os medicamentos certos podem se curar. Dominique da La Rochefocauld Montbel, da Ordem de Malta:

“Creio que a situação atual nos leve a estarmos alertas. Obviamente, a doença de Hansen é considerada, hoje, como uma endemia regional, mas isso é fonte de grande preocupação, porque trata-se de pessoas, e não de números. São cada vez menos as pessoas a quem são diagnosticadas a doença e isso nos dá a esperança de que esta doença está recuando; mas, apesar disso, a cada ano descobrimos centenas de milhares de pessoas que têm esta doença, e estamos falando de vidas completamente destruídas. Eis porque creio que a consciência é extremamente importante e que devemos mantê-la alta. Este simpósio, que reúne muitos profissionais no campo, é uma boa oportunidade para chamar a atenção para essa consciência e unir forças na luta para erradicar completamente este endemia”.

O Simpósio internacional sobre o Mal de Hansen - reúne 230 especialistas de 45 países – pretende compartilhar experiências e formar uma rede que possa responder a um tríplice desafio: reduzir a enfermidade, assistir os doentes e famílias e reintegrá-los na sociedade.

Brasil e Índia ocupam o topo da lista dos países com o maior número de doentes. (SP)

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Santa Sé: anunciado novo acordo com sociedade PricewaterhouseCoopers

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Cidade do Vaticano (RV) – “Um novo acordo, que em consonância com o quadro institucional, prevê uma maior colaboração”, foi assinado entre a soceidade PricewaterhouseCoopers e a Santa Sé, segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé.

Como anunciado anteriormente, foi considerado oportuno suspender as atividades de auditoria "para examinar - relata o comunicado – o significado e alcance de algumas cláusulas do contrato, assim como as modalidades de execução do mesmo" . Junto à PricewaterhouseCoopers, tais elementos foram submetidos às "aos necessários aprofundamentos", em uma atmosfera de "serena cooperação, resolvendo assim os problemas originalmente surgidos".

Em particular, foi reconhecido que, por lei, a tarefa de auditoria contábil é confiada ao Gabinete do Auditor Geral, como acontece em todos os Estados. A sociedade, portanto,  "desempenhar um papel de assistência e estará à disposição dos dicastérios que queiram fazer uso do seu apoio ou consultoria". Precisa-se, outrossim,  que  "em contraste com o relatado por algumas fontes", a suspensão "não foi devida a considerações sobre a integridade ou a qualidade do trabalho iniciado" por tal realidade, "muito menos a vontade de uma ou mais entidades da Santa Sé para impedir as reformas em curso".

O caminho para "uma correta e apropriada aplicação dos Padrões Contábeis Internacionais do Setor Público é normalmente complexo e prolongado": trata-se de um processo que exige uma série de opções legislativas e a adoção de procedimentos contábeis-administrativos, atualmente "em vias de ser desenvolvido ". Com o acordo – explica a nota -  pretende-se consentir a todas as entidades da Santa Sé de participar "mais ativamente" no caminho das reformas.

A Santa Sé vai fazer uso, também "num futuro próximo", da colaboração da PricewaterhouseCoopers, precisa o comunicado, que conclui reiterando como o compromisso por uma revisão econômica-financeira da Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano, tenha sido e continua a ser "uma prioridade" .

Respondendo às perguntas de jornalistas, o Diretor da Sala de Imprensa, Padre Federico Lombardi, observou que a Secretaria para a Economia, guiada pelo Cardeal australiano George Pell, será "o primeiro usuário" dos serviços da PricewaterhouseCoopers, "também ao propô-la aos outros Dicastérios e ao conjunto da Cúria". (JE)

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Igreja na América Latina



Arcebispo de Santiago condena profanação de crucifixo em manifestação

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Santiago (RV) – Uma “dolorosa profanação”. Assim o Cardeal Arcebispo de Santiago, Dom Ricardo Ezzati Andrello, definiu o episódio ocorrido durante uma manifestação estudantil em Santiago do Chile, na tarde de quinta-feira, quando encapuzados entraram na Igreja "Gratitud Nacional", administrada pelos salesianos, e retiraram um crufixo em tamanho natural, levando-o para a rua. A imagem de Jesus, em gesso, foi quebrada pelos manifestantes.

Respeito recíproco

Um gesto que suscitou a indignação do Arcebispo de Santiago, Cardeal Ricardo Ezzati Andrello, que afirmou em um comunicado que o fato recordava a ele “momentos históricos da vida do país, como por exemplo a celebração da oração pelo Chile em 1973. Hoje – deste mesmo lugar – reafirmo uma preocupação profunda. A de reconstruir o diálogo e a paz na nossa sociedade”.

“Estes fatos violentos, que infelizmente ocorrem cada vez com maior frequência – avalia o Arcebispo, citado pela Agência SIR – evidenciam uma crise da consciência nacional”. Com humildade e serenidade, afirmou,  “peço àqueles que estão realizando este tipo de ações para refletir sobre a necessidade de existir um recíproco respeito para todos nós”.

Ir às causas profundas da injustiça social

Em segundo lugar, o Cardeal Ezzati dirige “um apelo a toda a comunidade nacional para que se reflita seriamente sobre quais sejam as causas mais profundas desta desconfiança e deste clima de violência”. “Certamente existem causas profundas, que devemos levar em consideração e discernir – sublinha o purpurado. No Chile existem situações de injustiça social que não deveriam existir”.

Solidariedade e busca do bem comum

“Façamos um esforço para voltar a dialogar sobre nossa vida comum – conclui o purpurado. Penso que dentro de um espírito de solidariedade e busca do bem comum, estas injustiças poderão ser gradualmente superadas”.

Os párocos da cidade, por sua vez, além dos salesianos, sublinharam a necessidade de uma maior proteção para as Igrejas da cidade. (JE)

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Celebrada na Colômbia Semana ecumênica pela paz e a reconciliação

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Bogotá (RV) - “Artífices de paz e de reconciliação”: com esse tema está em andamento na Colômbia, até a próxima sexta-feira (17/06), a Semana de oração pela unidade dos cristãos. A iniciativa foi convocada pelo Comitê para a unidade e o diálogo da Conferência Episcopal Colombiana (CEC).

A importância da religião na construção da paz

Durante estes dias estão programados vários eventos religiosos, culturais e acadêmicos, com o objetivo de “fazer com que os líderes religiosos e suas comunidades se conscientizem do papel fundamental que têm na construção da paz e da reconciliação em nosso país”, afirma o diretor do Departamento para a promoção da unidade e diálogo da Conferência episcopal, Dom Pedro Mercado.

Favorecer fraternidade e diálogo

Por sua vez, o secretário do Comitê ecumênico, Fabian Salazar, ressalta que a Semana “tem o objetivo de favorecer nas Igrejas e nas comunidades cristãs um ambiente de fraternidade e recíproco enriquecimento, criando espaços de diálogo e oração comum, com a finalidade de estabelecer ações conjuntas em benefício da sociedade colombiana”. (RL)

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Venezuela: Médicos pedem intervenção da Igreja para que cheguem medicamentos

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Maracay (RV) – A crise que atinge o hospital central de Maracay devido ao escasso fornecimento de material médico e cirúrgico levou os médicos especialistas do principal hospital do estado de Aragua a pedirem expressamente a intervenção da Igreja Católica.

Os médicos prepararam uma petição ao Papa Francisco e ao Bispo da Diocese de Maracay, Dom Rafael Ramón Conde Alfonzo, com a solicitação de intervir, entregue nesta quinta-feira ao Bispo durante um encontro na sede da Diocese.

Segundo informações recebidas pela agência Fides, o Dr. Martín Graterol, traumatologista, foi o porta-voz do grupo e disse que através das cartas, querem expressar seus sentimentos e o desejo de ver a intercessão do Santo Padre e de Dom Conde em prol dos pacientes, “para consentir o mais rápido possível, e com a ajuda de Deus, a solução ao grave problema da falta de material médico que existe nos hospitais”. 

Dom Conde, recebendo as cartas, evidenciou a iniciativa dos venezuelanos no mundo dispostos a iniciar campanhas de coleta de medicamentos para enviá-los ao país. Todavia, destacou, o problema seria resolvido facilmente se o governo nacional permitisse que estes medicamentos entrassem no país, “porque até agora, o obstáculo foi a proibição do governo de aceitar ajudas do exterior”.

Depois, definiu a situação “muito desagradável” e recordou que a organização internacional Caritas quis intervir como instrumento de mediação para que os recursos necessários cheguem ao país e sejam distribuídos justamente, com base nas exigências e sob um controle eficiente. “Confiamos que o coração dos governantes não seja duro ao ponto de manter a proibição desta ajuda que nos é oferecida”, conclui o Bispo de Maracay. (SP)

 

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Formação



Juventude Missionária em campanha por crianças da Indonésia

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Cidade do Vaticano (RV) – O Projeto Corrente Solidária entre a Juventude Missionária (JM) do Brasil e as Irmãs da Congregação de Jesus Menino Pobre vai beneficiar a comunidade de Vila Maulo’o, na Indonésia. 

Lá, as religiosas mantêm uma escola que atende crianças em situação de pobreza, sem condições financeiras para estudar nas escolas tradicionais. Muitas delas são órfãs, ou filhos de agricultores e pescadores e de catadores de lixo.

Por meio da Corrente Solidária, a Juventude Missionária é convidada a ajudar a Igreja local a crescer na abertura à missão além-fronteiras. Esta atividade missionária faz com que todas as Igrejas locais onde está presente a JM, contribuam para a compra de uniformes e materiais escolares de 60 crianças na Indonésia.

“O projeto não deseja somente promover uma campanha de arrecadação de fundos, mas também fazer com que os grupos criem ações solidárias e ações missionárias nas suas comunidades e paróquias”, comenta Guilherme Cavalli, secretário nacional da Propagação da Fé e um dos responsáveis pelo projeto. 

“Desejamos promover uma cooperação missionária material e espiritual entre a JM do Brasil e a Indonésia, por meio de doações em dinheiro e orações diárias, fruto do sacrifício do jovem que vive o compromisso de ser Igreja Samaritana”.

Metodologia

O local de promoção dessa campanha será os grupos de base da Juventude Missionária. Cada membro de um grupo, em todo o Brasil, participará e envolverá outras pessoas da sua comunidade, de qualquer idade.

O jovem missionário irá se comprometer a doar uma quantia em dinheiro e rezar pelas crianças do Projeto. Depois, buscará outras cinco pessoas para participar da corrente. Cada colaborador que fazer parte dessa corrente também se comprometerá a doar uma quantia em dinheiro e rezar.

Os valores doados serão espontâneos. O doador se compromete a encontrar outra pessoa para participar formando uma Corrente Solidária, em que cada doador busca outro doador.

Os coordenadores de grupos ficarão responsáveis por coordenar a ação que se encerrará em outubro, Mês das Missões. A coordenação das POM enviará o dinheiro à Indonésia.

As Irmãs Jesus Menino Pobre

A Congregação das Irmãs Jesus Menino Pobre (Pauperis Infantis Jesu - PIJ) tem como missão trabalhar com crianças e jovens pobres e abandonados. Seu carisma é focado na educação, saúde e pastoral em orfanatos.

Na Vila de Maulo’o, Ilha das Flores (Indonésia) elas construíram uma Escola para educar crianças pobres da localidade. Este ano, a escola conta com 60 crianças. Aproveitando essa realidade das famílias, as religiosas criaram um grupo ecológico envolvendo 120 crianças e jovens que trabalham no cuidado com o meio ambiente, especialmente com material inorgânico, como o plástico. Eles fazem a coleta e trabalham com reciclagem.

Indonésia

A Indonésia é o mais extenso arquipélago do planeta a e o quarto país mais populoso do mundo com mais de 250 milhões de habitantes. Quase 80% da população é muçulmana. O país organizará a Jornada Mundial da Juventude Asiática, em 2017.

(rb/pom)

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Bruno Franguelli apresenta “Um Poeta Apaixonado pelo Reino"

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Cidade do Vaticano (RV) – “Um Poeta Apaixonado pelo Reino” é o livro da coleção ‘Capolavori’, Obras de Arte, que acaba de ser publicado pela Editora TAV na Itália. O livro narra a vida do mais novo Santo brasileiro, São José de Anchieta, e é de autoria de Bruno Franguelli.

Na Companhia de Jesus desde 2005, formado em Filosofia, Bruno foi missionário na Amazônia, atualmente estuda Teologia na Universidade Gregoriana e colabora com a RV. No dia em que a Igreja recorda o Santo, quinta-feira, 09 de junho, ele apresentou a obra no Colégio Pio Brasileiro, em Roma. Nós perguntamos ao autor o significado do título. Ouça a entrevista completa abaixo.  

(CM)

 

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Laudato Sí - Francisco e os Irmãos Peixes

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IRMÃOS PEIXES 

FRANCISCO Paz e felicidade para vocês, que me ouvem! Sou Francisco de Assis. Vivi há muitos anos na Itália, quando o mundo era mais tranquilo. Mas agora fui contratado pelo meu xará, o papa Francisco, que também vive na Itália, para conhecer e dar a conhecer os problemas urgentes, muito urgentes, que estão pondo em perigo nossa casa comum. Sabem onde estou? Nas costas de um país chamado Chile... Na beira do mar… Ao sul, bem ao sul, o conhecem como Puerto Montt. Neste cais chegam os barcos dos pescadores. Mas eu quero falar com os pescados... bom, com os que ainda não foram pescados. No meu tempo eu falava com os peixes do lago Trasimeno. Vou me sentar e esperar... Ei!... Este peixe eu não conheço... Vamos ver se salta outra vez... Psiu.. psiu... Aproxime-se e diga-me quem é você... 

MERLUZA Sou uma merluza... e você?

FRANCISCO  Eu venho de longe... Me chamo Francisco... e estou procurando notícias 
        do que está acontecendo nestes mares...

MERLUZA  Pois eu estou procurando a toda minha família, minha família de merluzas...

FRANCISCO O que aconteceu com a tua família?

MERLUZA Estão dentro daquele barco... está vendo?... Todas foram capturadas, todas         morreram. Pescaram a quase todo meu grupo.

FRANCISCO  Muitos anzóis teriam esses pescadores...  

MERLUZA Não, Francisco. Agora pescam com redes gigantes. Saem ao mar com barcos enormes. Olha aquele que tem uma bandeira vermelha... E aquele outro com a bandeira branca e a bolinha vermelha.... 

FRANCISCO E o que fazem esses barcos?

MERLUZA As redes que lançam ao mar são tão grandes que arrastam tudo o que encontram. Destroem o fundo do mar, onde crescem as algas. Destroem os recifes de coral… Apanham polvos, enguias, caranguejos, tartarugas, esponjas, ouriços, estrelas do mar... Tudo!

FRANCISCO E tudo isso se come?

MERLUZA Não, só lhes interessam os peixes grandes como nós as merluzas. Os outros os jogam pela borda, os peixes pequenos, todas as criaturas do mar. Umas vivas, a maioria já morta... Pesca de arrasto e descarte, assim a chamam...

FRANCISCO  Ah, descarte também no mar. O que disse o Papa…

MERLUZA   Os pescadores artesanais estão ficando sem trabalho… 

FRANCISCO  Irmã merluza… e esse outro que se aproxima, quem é?

MERLUZA Esse é o famoso congro chileno...

CONGRO Posso falar contigo também? Já fiquei sabendo que você se chama Francisco. Pois sim, sou o congro. Comigo você pode fazer um caldo delicioso, de lamber os dedos... 

FRANCISCO Também está procurando a tua família? 

CONGRO Não, estou procurando comida.

FRANCISCO  Você prateada, irmã Merluza, e você dourado, irmão Congro... belas criaturas de Deus... E diga-me, acabou a sua comida em um mar tão imenso como este? 

CONGRO Nossas desgraças são grandes, Francisco. Essas redes de arrasto, que disse minha colega a merluza, são assassinas, acabam com tudo... Tiram também a minha comida… Quebram a cadeia... 

FRANCISCO De que cadeia você está falando?

CONGRO Em pouco tempo, vocês, os humanos, não terão nem caldo nem caldinho, nem pescada nem pescadinha. O mar vai ficar sem peixes.

MERLUZA Veja bem, Francisco. A vida é como uma cadeia. Cada elo sustenta o elo seguinte e se sustenta no anterior. Se se rompe um elo qualquer, os outros desaparecem.

CONGRO O mar onde nadamos está cheio de umas plantinhas minúsculas... Nem dá para ver… São chamadas de plâncton... São algas pequeninas que comem luz, se alimentam dos raios do Sol.

FRANCISCO O mesmo que fazem as árvores na terra. Isso já me explicaram nas     planícies venezuelanas. 

MERLUZA Está aprendendo muitas coisas novas, Francisco... Pois acontece que essas plantinhas são comidas pelos animaizinhos maiores. Sobretudo, o krill. 

FRANCISCO  E esse krill quem é?

CONGRO São uns camarõezinhos pequeninos. Há milhões e milhões. Os peixes grandes os comem, assim como as focas, os pinguins, as gaivotas e as baleias então, os adoram. Posso te contar um segredo?

MERLUZA Esse papa teu amigo que vive em Roma toma todos os dias em seu café da manhã óleo de krill. Por isso tem tanta energia.

FRANCISCO Não me diga? Mas continue, continue com a história da cadeia...

CONGRO Acontece que o krill come algas e os peixes comem krill e os tubarões comem peixes e... se falta um elo nessa cadeia, morrem todos.

FRANCISCO  Ah… e são esses barcos malditos que rompem a cadeia, os que acabaram com a tua família, irmã merluza.

CONGRO E há outro problema, Francisco.

FRANCISCO Mais outro?

MERLUZA Que o mar está aquecendo por essa doença da mudança climática. 

FRANCISCO Já me falaram dela... e em que ela os afeta, irmãos peixes?

CONGRO É que quando o mar aquece, morrem as pequeninas algas que vivem na superfície, que são as que alimentam o krill que nos alimenta. 

MERLUZA E embora sejam tão pequeninas, essas algas são as que limpam o ar do mundo. 

JORNALISTA Calcula-se que a metade dos gases de efeito estufa responsáveis pelo aquecimento global é absorvido pelas algas que vivem na superfície dos mares. Elas convertem o ar poluído em oxigênio limpo.

CONGRO Se as algas morrem já não podem limpar nada… E a água dos mares adoece, se torna ácida...  

JORNALISTA Estudos realizados por Jacques Costeau demonstraram que a pesca de arrasto e a poluição fizeram desaparecer 40 por cento das criaturas marinhas. Se isto continuar assim em mais 25 anos não haverá vida nos oceanos.

CONGRO Percebeu quão importante são as pequeninas algas? 

FRANCISCO Sim, e vejo que a “cadeia” sempre se rompe no elo mais fraco.… Vocês o que acham, irmãos peixes, ainda temos tempo? 
        
MERLUZA Depende de teus irmãos humanos, Francisco… 

CONGRO Se não mudam, o que vão comer? Se não mudam, até teu xará de Roma ficará sem o café da manhã! 

Diz o Papa Francisco na encíclica Laudato Si, Louvado Sejas: 

A vida nos rios, lagos, mares e oceanos, que nutre grande parte da população mundial, é afetada pela extração descontrolada dos recursos itíicos, que provoca drásticas diminuições dalgumas espécies. E no entanto continuam a desenvolver-se modalidades seletivas de pesca, que descartam grande parte das espécies apanhadas. Particularmente ameaçados estão organismos marinhos que não temos em consideração, como certas formas de plâncton que constituem um componente muito     importante da cadeia alimentar marinha e de que dependem, em última instância, espécies que se utilizam para a alimentação humana... É preocupante, nalgumas áreas costeiras, o desaparecimento dos ecossistemas constituídos por manguezais... Hoje, muitos dos recifes de coral no mundo já são estéreis ou encontram-se num estado contínuo de declínio: Quem transformou o maravilhoso mundo marinho em cemitérios subaquáticos despojados de vida e de cor? (Laudato Si 40, 39, 41)

E disse o Papa Francisco no Encontro com os Movimentos Populares na Bolívia: 

A primeira tarefa é pôr a economia a serviço dos povos: os seres humanos e a natureza não devem estar a serviço do dinheiro. Digamos NÃO a uma economia de exclusão e iniquidade onde o dinheiro reina em lugar de servir. Essa economia mata. Essa economia exclui. Essa economia destrói a Mãe Terra. 
            
PERGUNTAS PARA O DEBATE 

1- Que tipos de peixes se comem no lugar onde você vive? Sabe com que métodos os pescam?

2- Em seu país há leis que regulam a pesca de arrasto ou o uso de dinamite na pesca?

3- Onde começa a cadeia alimentar do que você come? Que elos ela tem?

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