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Sumario del 14/06/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

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Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: "rezar pelos inimigos, a perfeição da vida cristã"

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Cidade do Vaticano (RV) - Saber rezar por quem não nos quer bem melhora os nossos inimigos e nos torna mais ‘filhos do Pai’.

Com esta reflexão, o Papa encerrou a homilia da missa da manhã da terça-feira, (14/06), celebrada na Casa S. Marta. 

Francisco descreveu o trecho do Evangelho em que Jesus exorta os discípulos a buscarem a perfeição de Deus, que leva o seu sol aos bons e aos maus.

“Vocês entenderam o que foi dito, mas eu lhes digo”. A Palavra de Deus e dois modos inconciliáveis de interpretá-la: uma lista árida de deveres e proibições ou o convite a amar o Pai e os irmãos com todo o coração, chegando ao ponto de rezar pelo próprio adversário.

É a dialética do confronto entre os doutores da lei e Jesus; entre a Lei proposta de modo esquemático ao povo hebraico e a seus líderes e a plenitude daquela mesma Lei que Cristo afirma trazer.

Adversários

O Papa reafirma uma convicção já expressa outras vezes. Quando Jesus inicia a sua pregação, hostilizado por seus adversários, ‘a explicação da lei naquele tempo estava em crise’:

“Era uma explicação teórica demais, casuística. Digamos que era uma lei na qual não existia o coração próprio dela, que é o amor de Deus, que Deus nos deu. Por isso, o Senhor repete o que estava no Antigo Testamento: qual é o maior Mandamento? Amar a Deus, com todo o coração, com todas as forças, com toda a alma; e ao próximo como a ti mesmo. E na explicação dos Doutores da Lei isto não constava muito. No centro estavam os casos: isto se pode fazer? Até que ponto se pode fazer aquilo? E se não se pode?... A casuística própria da Lei. E Jesus toma isto e retoma o verdadeiro sentido da Lei para leva-lo à sua plenitude”.

Cura

O Papa coloca em evidência como Jesus oferece “muitos exemplos” para mostrar os Mandamentos sob uma nova luz. “Não matarás”, afirma, também pode significar não insultar um irmão e assim por diante, até a enfatizar como o amor é “mais generoso das palavras da lei”, do manto acrescentado como um presente para aquele que pediu o vestido e os dois quilômetros feitos com aquele que pediu para ser acompanhado somente por um:

“É um trabalho que não é apenas um trabalho para o cumprimento da Lei, mas é um trabalho de cura do coração. Nesta explicação que Jesus faz sobre os Mandamentos – no Evangelho de Mateus, em particular – há um caminho de cura: um coração ferido pelo pecado original – todos nós temos o coração ferido pelo pecado, todos – deve seguir este caminho de cura e curar para assemelhar-se ao Pai, que é perfeito: “Sede perfeitos como vosso Pai celeste é perfeito”. Um caminho de cura para ser filhos como o Pai”.

Passo mais difícil

E a perfeição que Jesus indica é aquela contida na passagem de hoje do Evangelho de Mateus. “Ouvistes que foi dito: Amarás o teu próximo, e odiarás o teu inimigo. Eu, porém, vos digo: Amai a vossos inimigos, e orai pelos que vos perseguem”. “É o último passo” desta estrada, afirma o Papa, o mais difícil. Francisco lembra que, quando era jovem, pensando em um dos grandes ditadores da época, era costume rezar para que Deus lhe reservasse em breve o inferno. Em vez disso, conclui, Deus pede um exame de consciência:

“Que o Senhor nos dê a graça, apenas esta: rezar por nossos inimigos; rezar por aqueles que nos desejam o mal, que não nos querem bem; rezar por aqueles que nos ferem, que nos perseguem. E cada um de nós sabe o nome e o sobrenome: rezar por isso, por isso... Garanto a vocês que esta oração vai fazer duas coisas: ele vai melhorar, porque a oração é poderosa, e nós seremos mais filhos do Pai”.

(CM-SP)

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Papa adere à campanha da AIS e divulga vídeo-mensagem

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Cidade do Vaticano (RV) – A Fundação Pontifícia Ajuda à Igreja que Sofre apresentará na sexta-feira, (17/06), na sede da Rádio Vaticano, a campanha internacional “Seja a misericórdia de Deus” (Be God's Mercy), uma iniciativa do Papa Francisco para convidar as pessoas a fazer obras de caridade dirigidas a refugiados, reclusos ou cristãos perseguidos. 

A campanha envolve as 22 agências da Fundação no mundo inteiro e será encerrada em Roma em 4 de outubro, dia de São Francisco de Assis, quando a instituição apresentará ao Papa os primeiros resultados.

Benfeitores

O primeiro benfeitor foi precisamente o Pontífice, que fez uma doação aos cristãos iraquianos deslocados no Curdistão. A doação será destinada à clínica São José de Arbil, que fornece cuidados médicos gratuitos a cerca de 2,8 mil refugiados de diferentes religiões.

Três projetos da campanha “Seja a misericórdia de Deus” devem apoiar as famílias vítimas dos atentados a duas igrejas cristãs em março de 2015 e intensificar as medidas de segurança nelas e também no Seminário maior de São Francisco Xavier em Lahore, no Paquistão.

Na coletiva à imprensa, o Arcebispo de Lahore, Dom Sebastián Francis Shaw, informará sobre como está reagindo a comunidade cristã ao trágico atentado de 27 de março passado, quando um ataque terrorista em um parque público na cidade matou 76 pessoas, dentre elas, 30 crianças.

A relação entre o Papa Francisco e Ajuda à Igreja que Sofre remonta à sua época em Buenos Aires. Em carta pelo sexagésimo aniversário da Fundação, o Papa Francisco a define como “símbolo de comunhão e fraternidade com a Igreja que sofre”.

Está prevista a divulgação de uma vídeo-mensagem do Pontífice para o lançamento desta nova campanha.  

(CM)

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65 anos de ordenação sacercotal de Ratzinger reunirá os dois Papas

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Cidade do Vaticano (RV) –  Os 65 anos de ordenação sacerdotal de Joseph Ratzinger, em 29 de junho em 1951 em Frisinga, serão recordados com uma cerimônia solene na Sala Clementina do Palácio Apostólico em 28 de junho, na presença do Papa Francisco e do Papa emérito, a quem será presenteado um volume sobre o sacerdócio, realizado especialmente para a data. 

A citação paulina “Não é nossa intenção dominar a fé que vocês têm, mas colaborar para que vocês tenham alegria” (2 Cor 1,24) acompanhou, há 65 anos, a ordenação sacerdotal de Joseph Ratzinger, recebida no domo de Frisinga pelas mãos do Cardeal Arcebispo de Munique Michael von Faulhaber.

“Éramos mais de quarenta candidatos. Quando éramos chamados respondíamos Adsum (estou aqui) – escreve o próprio Ratzinger em sua autobiografia. Era um esplêndido dia de verão, inesquecível, como o momento mais importante da minha vida”.

“Não se deve ser supersticioso, mas no momento em que o idoso Arcebispo impõe as mãos sobre mim, um passarinho – talvez uma cotovia – voou do Altar Mor da Catedral e entoou um pequeno canto jubiloso; para mim foi como se uma voz do alto me dissesse: “Está bem assim, estás no caminho correto”, recorda Ratzinger.

Junto com ele, era ordenado sacerdote também o seu irmão maior Georg. “No dia da primeira Missa, a nossa Igreja paroquial de Santo Oswaldo estava iluminada com todo o seu esplendor, e a alegria que a enchia era quase palpável, envolvendo a todos na ação sacra, na forma muito viva de uma “participação ativa”, que não tinha necessidade de uma particular ação exterior”, observa o Papa emérito.

Fomos convidados a levar em todas as casas a bênção da primeira Missa e fomos recebidos em todos os lugares, até mesmo por pessoas totalmente desconhecidas, com uma cordialidade que até então eu não teria sequer imaginado. Experimentei assim, muito diretamente, quão grandes expectativas os homens têm em relação ao Padre, o quanto aguardam a sua bênção, que vem da força do Sacramento. Não se tratava da minha pessoa ou do meu irmão: o que poderia significar por si mesmo dois jovens como nós, para tantas pessoas que encontrávamos? Eles viam em nós pessoas a quem Cristo havia confiado uma missão, para trazer a sua presença entre os homens".

O sacerdócio não é "simplesmente" “profissão”", mas Sacramento: Deus se serve de um pobre homem, a fim de estar, por meio dele, presente entre os homens e de agir em seu favor”, afirmava Bento XVI em 11 de junho de 2010, na homilia de conclusão do Ano Sacerdotal, por ele convocado no 150º aniversário da morte de João Maria Vianney, Santo Padroeiro de todos os párocos do mundo.

Ao tema do sacerdócio é dedicado o volume XII da Opera Omnia, de Joseph Ratzinger, intitulada “Anunciadores da Palavra e servidores da vossa alegria”, que recolhe mais de 80 textos sobre o ministério eclesiástico.

O livro, cujo subtítulo é “Teologia e Espiritualidade do Sacramento da Ordem”, contém estudos teológico-científicos, meditações sobre espiritualidade sacerdotal e homilias sobre o serviço episcopal, sacerdotal e diaconal, fruto da atividade do teólogo, bispo e Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Joseph Ratzinger, cobrindo um lapso período de quase meio século, de 1954 a 2002. (JE)

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"Tem gente com fome! Ajudas urgentes e promoção!"

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Cidade do Vaticano (RV) – “Tem gente com fome! Há crianças famintas que não podem desenvolver sua potencialidade. Ajudas urgentes e promoção: dois passos para ir adiante. Obrigado, de coração, por tudo o que vocês fazem. Com fraterno agradecimento e afeto. Francisco”.

É a mensagem deixada por Francisco, escrita em espanhol no Livro de Ouro do Programa Mundial Alimentar, PMA, durante a visita realizada segunda-feira, (13/06), à sede da agência das Nações Unidas que se ocupa de emergência e assistência alimentar.

(CM)

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Papa reconhece mártires da Guerra Civil Espanhola

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta terça-feira (14/06), o Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, Cardeal Angelo Amato, ao qual autorizou a promulgação dos decretos desse organismo vaticano.

 
 
No documento, se reconhecem o martírio dos Servos de Deus Giuseppe Álvarez-Benavides y de la Torre, Decano do Capítulo da Catedral de Almería, e 114 Companheiros, mortos por ódio à fé de 1936 a 1938, no período da Guerra Civil Espanhola; e as virtudes heroicas dos Servos de Deus: 

- Antônio Cirillo Stojan, Arcebispo de Olomouc. Ele nasceu em 22 de maio de 1851 e morreu em 29 de setembro de 1923.

- Vincenzo Garrido Pastor, sacerdote diocesano e fundador do Instituto Secular das Operárias da Cruz, nascido em 12 de novembro de 1896 e morto em 16 de abril de 1975.

- Paolo Maria Guzmán Figueroa (no século Giuseppe Bardomiano di Gesù), sacerdote professo dos Missionários do Espírito Santo e fundador das Missionárias Eucarísticas da Santíssima Trindade. Ele nasceu em 25 de setembro de 1897 e morreu em 17 de fevereiro em 1967.

- Luigi Lo Verde (no século Filipe), clérigo professo da Ordem dos Frades Menores Conventuais. Nasceu em 20 de dezembro de 1910 e morreu em 12 de fevereiro de 1932.

- Bernardo da Anunciação (no século Bernardo de Vasconcelos), clérigo professo da Ordem de São Bento. Ele nasceu em 7 de julho de 1902 e morreu em 4 de julho de 1932.

- Maria Elisa Oliver Molina, fundadora da Congregação das Irmãs da Virgem Maria do Monte Carmelo. Ela nasceu em 9 de julho de 1869 e morreu em 17 de dezembro de 1931.

- Maria de Jesus do Amor Misericordioso (no século Maria de Jesus Guízar Barragán), fundadora das Servas Guadalupanas de Cristo Redentor. Ela nasceu em 11 de novembro de 1899 e morreu em 6 de janeiro de 1973. (MJ)

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Nova Carta da Doutrina da Fé fala sobre hierarquia e carisma

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Cidade do Vaticano (RV) – “A Igreja rejuvenesce” é o título da Carta da Congregação para a Doutrina da Fé publicada na manhã desta terça-feira, (14/06), e dirigida aos Bispos do mundo inteiro. O documento (leia a íntegra) é assinado pelo prefeito da Congregação, Card. Ludwig Müller, e pelo Secretário, o Arcebispo Luis Ladaria. 

A Carta Iuvenescit Ecclesia fala da relação entre dons hierárquicos e carismáticos para a vida e a missão da Igreja. Os primeiros são aqueles conferidos pelo Sacramento da ordenação (episcopal, sacerdotal e diaconal), enquanto os dons carismáticos são livremente distribuídos pelo Espírito Santo.

Conexão harmônica e complementar, com obediência aos Pastores

Em especial, a IE se detêm sobre questões teológicas, e não pastorais ou práticas, que derivam da relação entre instituição eclesial e novos movimentos e agregações, insistindo sobre a harmônica conexão e complementariedade dos dois dons.

Em vista de uma “participação fecunda e ordenada” dos carismas à comunhão da Igreja, estes não devem se subtrair à “obediência à hierarquia eclesial” nem têm “o direito a um ministério autônomo”. 

“Dons de importância irrenunciável para a vida e a missão eclesial”, portanto, os carismas autênticos devem ter “abertura missionária”, “necessária obediência aos Pastores” e “imanência eclesial”.

Não contrapor Igreja institucional e Igreja da caridade

Portanto, a “contraposição ou a justaposição” dos carismas com os dons hierárquicos seria um erro. De fato, não se deve opor uma Igreja “da instituição” a uma Igreja “da caridade”, porque na Igreja “inclusive as instituições essenciais são carismáticas”, e os “carismas devem se institucionalizar para terem coerência e continuidade”.

Deste modo, ambas as dimensões  “concorrem conjuntamente para tornar presente o mistério de Cristo e a sua obra salvífica no mundo”.

Que a dimensão carismática nunca falte à Igreja

As novas realidades, portanto, devem alcançar uma “maturidade eclesial” que comporta sua plena valorização e inserção na vida da Igreja, sempre em comunhão com os Pastores e atenta às suas indicações.

A existência de novas realidades, de fato – destaca a Carta – enche o coração da Igreja de “alegria e gratidão”, mas as chama também a “relacionar-se positivamente com todos os outros dons presentes na vida eclesial”, para que sejam “promovidos com generosidade e acompanhados com vigilante paternidade” pelos Pastores, “de modo que tudo concorra para o bem da Igreja e para a sua missão evangelizadora”.

“A dimensão carismática – lê-se ainda no documento – nunca pode faltar à vida e à missão da Igreja”.

Os critérios para discernir os carismas autênticos

Mas como reconhecer um dom carismático autêntico?

A Carta da Congregação evoca o discernimento, tarefa que é “de pertinência da autoridade eclesiástica”, segundo critérios específicos: ser instrumento de santidade na Igreja; empenhar-se na difusão missionária do Evangelho; confessar plenamente a fé católica; testemunhar uma comunhão real com toda a Igreja, acolhendo com leal disponibilidade os seus ensinamentos doutrinais e pastorais; reconhecer e estimar os outros componentes carismáticos na Igreja; aceitar com humildade os momentos de provação no discernimento; ter frutos espirituais como caridade, alegria, paz, humanidade; olhar para a dimensão social da evangelização, conscientes do fato de que “a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados não pode faltar numa autêntica realidade eclesial”.

O reconhecimento jurídico segundo o Direito canônico

Além disso, a IE indica outros dois critérios fundamentais a serem levados em consideração para o reconhecimento jurídico das novas realidades eclesiais, segundo as formas estabelecidas pelo Código de Direito Canônico: o primeiro é “o respeito pela peculiaridade carismática de cada agregação eclesial”, evitando “formas jurídicas forçadas” que “anulem a novidade”.

O segundo critério concerne ao “respeito do regime eclesial fundamental”, favorecendo “a inserção real dos dons carismáticos na vida da Igreja”, mas evitando que estes sejam concebidos como uma realidade paralela, sem uma referência ordenada aos dons hierárquicos.

Relação entre Igreja universal e Igrejas particulares é imprescindível

O documento da Congregação para a Doutrina da Fé evidencia ainda que a relação entre dons hierárquicos e carismáticos deve levar em consideração a “imprescindível e constitutiva relação entre Igreja universal e Igrejas particulares”. Isso significa que os carismas são oferecidos, sim, a toda a Igreja, mas sua dinâmica “não se pode realizar sem estar ao serviço de uma diocese concreta”.

Não só: esses dons representam também “uma autêntica possibilidade” para viver e desenvolver a vocação cristã de cada um, seja esta o matrimônio, o celibato sacerdotal ou o ministério ordenado. Além disso, também a vida consagrada “se insere na dimensão carismática da Igreja”, para que sua espiritualidade possa se tornar “um recurso significativo” seja para o fiel leigo, seja para o presbítero, ajudando ambos a viver uma vocação específica.

Olhar para o modelo de Maria

Por fim, a IE convida a olhar para Maria, “Mãe da Igreja”, modelo de “docilidade plena à ação do Espírito Santo” e de “límpida humildade”: com a sua intercessão, se faz votos que “os carismas abundantemente distribuídos pelo Espírito Santo entre os fiéis sejam por estes acolhidos com docilidade e produzam fruto para a vida e a missão da Igreja e para o bem do mundo”. 

(bf)

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Iuvenescit Ecclesia: documento na íntegra

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Congregação para a doutrina da fé

Carta Iuvenescit Ecclesia aos Bispos da Igreja católica

SOBRE A RELAÇÃO ENTRE DONS HIERÁRQUICOS E CARISMÁTICOS

PARA A VIDA E MISSÃO DA IGREJA

INTRODUÇÃO

Os dons do Espírito Santo na Igreja em missão

1.         A Igreja rejuvenesce com a força do Evangelho e o Espírito Santo renova-a continuamente, edificando-a e guiando-a “com diversos dons hierárquicos e carismáticos”[1]. O Concílio Vaticano II pôs repetidamente em relevo a obra maravilhosa do Espírito Santo que santifica o Povo de Deus, guia-o, adorna-o de virtudes e enriquece-o de graças especiais em vista da sua edificação. A ação do divino Paráclito na Igreja é multiforme, como amam evidenciar os Padres. Escreve João Crisóstomo: «Quais são as graças que operam a nossa salvação que não nos são concedidas pelo Espírito Santo? Por seu intermédio, somos libertos da escravidão e chamados à liberdade, somos conduzidos à adoção filial e, por assim dizer, formados de novo, após ter deposto o pesado e odioso fardo dos nossos pecados. Pelo Espírito Santo, vemos assembleias de sacerdotes e possuímos multidões de doutores; desta nascente brotam dons de revelação, graças de cura e todos os outros carismas que adornam a Igreja de Deus»[2]. Graças à mesma vida da Igreja, às numerosas intervenções do Magistério e à investigação teológica, felizmente cresceu a consciência da multiforme ação do Espírito Santo na Igreja, despertando assim uma atenção particular aos dons carismáticos, dos quais, em todo o tempo, o povo de Deus se enriqueceu para o desenvolvimento da sua missão.

A tarefa de comunicar eficazmente o Evangelho torna-se particularmente urgente no nosso tempo. O Papa Francisco, na Exortação Apostólica Evangelii gaudium, recorda que «se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida»[3]. O convite a ser Igreja «em saída» leva a reler de toda a vida cristã em chave missionária[4]. A tarefa de evangelizar diz respeito a todos os âmbitos da Igreja: a pastoral ordinária, o anúncio àqueles que abandonaram a fé cristã e particularmente àqueles que ainda não foram alcançados pelo Evangelho de Jesus ou que sempre o recusaram[5]. Neste trabalho imprescindível de nova evangelização é mais do que necessário reconhecer e valorizar os numerosos carismas capazes de despertar e alimentar a vida de fé do povo de Deus.

As multiformes agregações eclesiais

2.         Tanto antes como depois do Concílio Vaticano II, surgiram numerosas agregações eclesiais que constituem uma grande fonte de renovação para a Igreja e para a urgente «conversão pastoral e missionária»[6] de toda a vida eclesial. Ao valor e à riqueza de todas as realidades associativas tradicionais, caraterizadas por propósitos particulares, bem como dos Institutos de vida consagrada e Sociedades de vida apostólica, juntam-se aquelas realidades mais recentes que podem ser descritas como agregações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades, sobre as quais se detém o presente documento. Estas não podem ser entendidas simplesmente como um associar-se voluntário de pessoas que desejam alcançar um objetivo particular de caráter religioso ou social. O caráter de «movimento» distingue-os dentro do panorama eclesial enquanto realidades fortemente dinâmicas, capazes de suscitar particular atração pelo Evangelho e de sugerir uma proposta de vida cristã tendencialmente global que abarca todos os aspetos da existência humana. O agregar-se dos fiéis com uma forte partilha de vida, com a intenção de incrementar a vida de fé, esperança e caridade, exprime bem a dinâmica eclesial como mistério de comunhão para a missão e manifesta-se como um sinal de unidade da Igreja em Cristo. Neste sentido, estas agregações eclesiais, com origem num carisma partilhado, tendem a ter como propósito «o fim apostólico geral da Igreja»[7]. Nesta perspetiva, agregações de fiéis, movimentos eclesiais e novas comunidades propõem formas renovadas de seguimento de Cristo, de modo a aprofundar a communio cum Deo e a communio fidelium, levando a novos contextos sociais o fascínio do encontro com o Senhor Jesus e a beleza da existência cristã vivida na sua integralidade. Nestas realidades, exprime-se também uma peculiar forma de missão e de testemunho, com o objetivo de favorecer e desenvolver, quer uma consciência viva da própria vocação cristã, quer itinerários estáveis de formação cristã, quer ainda percursos de perfeição evangélica. Podem participar nestas realidades agregativas, de acordo com os diversos carismas, fiéis de estados de vida distintos (leigos, ministros ordenados e pessoas consagradas), manifestando desta forma a pluriforme riqueza da comunhão eclesial. A forte capacidade agregativa destas realidades representa um testemunho significativo de como a Igreja não cresce «por proselitismo mas por “atração”»[8].

João Paulo II, dirigindo-se aos representantes dos movimentos e das novas comunidades fez questão de reconhecer neles uma «resposta providencial»[9] suscitada pelo Espírito Santo perante a necessidade de comunicar de modo persuasivo o Evangelho por todo o mundo, tendo em consideração os grandes processos de transformação existentes a nível planetário, marcados frequentemente por uma cultura fortemente secularizada. Tal fermento do Espírito «trouxe à vida da Igreja uma novidade inesperada, e por vezes até explosiva»[10]. O mesmo Pontífice recordou que se abre a todas estas agregações eclesiais o tempo da «maturidade eclesial», o qual implica a sua plena valorização e inserção «nas Igrejas locais e nas paróquias, sempre permanecendo em comunhão com os Pastores e atentos às suas indicações»[11]. Estas novas realidades, por cuja existência o coração da Igreja se enche de alegria e gratidão, são chamadas a relacionar-se de forma positiva com todos os outros dons presentes na vida eclesial.

Objetivo do presente documento

3.         A Congregação para a Doutrina da Fé, com o presente documento, deseja referir-se, à luz da relação entre dons hierárquicos e carismáticos, aos elementos teológicos e eclesiológicos cuja compreensão possa favorecer uma fecunda e ordenada participação das novas agregações na comunhão e missão da Igreja. Com este objetivo, serão primeiramente apresentados alguns elementos chave, quer da doutrina sobre os carismas presente no Novo Testamento quer da reflexão do Magistério sobre estas novas realidades. De seguida, partindo de alguns princípios de ordem teológico-sistemática, serão oferecidos elementos identitários dos dons hierárquicos e carismáticos juntamente com alguns critérios para o discernimento das novas agregações eclesiais.

I. OS CARISMAS SEGUNDO O NOVO TESTEMENTO

Graça e carisma

4.         «Carisma» é a transcrição da palavra grega chárisma, cujo uso é frequente nas cartas paulinas e aparece também na Primeira Carta de Pedro. Tem o sentido genérico de «dom generoso» e no Novo testamento é usado somente em relação a dons divinos. Em algumas passagens, o contexto confere-lhe um sentido mais específico (cf. Rm 12, 6; 1 Cor 12, 4. 31; 1 Pe 4, 10), cujo traço fundamental é a distribuição diferenciada de dons[12]. Esse é também o significado preponderante nas línguas modernas da palavra derivada deste vocábulo grego. Um carisma não é um dom distribuído por todos (cf. 1 Cor 12, 30), diferentemente das graças fundamentais, como seja a graça santificante ou os dons da fé, da esperança e da caridade, que são indispensáveis a todo o cristão. Os carismas são dons particulares que o Espírito Santo distribui «como lhe apraz» (1 Cor 12, 11). Para explicitar a necessária presença dos diversos carismas na Igreja, os dois textos mais explícitos (Rm 12, 4-8; 1 Cor 12, 12-30) utilizam a comparação do corpo humano: «É que, como num só corpo, temos muitos membros, mas os membros não têm todos a mesma função, assim acontece connosco: os muitos que somos formamos um só corpo em Cristo, mas, individualmente, somos membros que pertencem uns aos outros. Temos dons que, consoante a graça que nos foi dada, são diferentes» (Rm 12, 4-6). A diversidade entre os membros do corpo não é uma anomalia a evitar. Pelo contrário, é uma necessidade benéfica que torna possível o cumprimento das diversas funções vitais. «Se todos fossem um só membro, onde estaria o corpo? Há, pois, muitos membros, mas um só corpo» (1 Cor 12, 19-20).  Paulo, em Rm 12, 6, e Pedro, em 1 Pe 4, 10[13], atestam uma estreita relação entre os carismas particulares (charísmata) e a graça (cháris) de Deus. Os carismas são reconhecidos como uma manifestação da «multiforme graça de Deus». Não se trata, portanto, de meras capacidades humanas. A sua origem divina expressa-se de diversas formas: de acordo com alguns textos, eles provêm de Deus (cf. Rm 12, 3; 1 Cor 12, 28; 2 Tim 1, 6; 1 Pe 4, 10); segundo Ef 4, 7, provêm de Cristo; segundo 1 Cor 12, 4-11, do Espírito. Uma vez que esta última passagem é a mais insistente (nomeia sete vezes o Espírito), os carismas são habitualmente apresentados como «manifestações do Espírito» (1 Cor 12, 7). É claro, no entanto, que esta atribuição não é exclusiva nem contradiz as duas precedentes. Os dons de Deus implicam sempre todo o horizonte trinitário, como sempre foi afirmado pela teologia desde os seus inícios, tanto no ocidente como no oriente[14].

Dons dispensados «ad utilitatem» e o primado da caridade

5. Em 1 Cor 12, 7, Paulo declara que «a cada um é dada a manifestação do Espírito, para proveito». Muitos tradutores acrescentam: «para proveito comum», porque a maioria dos carismas mencionados pelo Apóstolo, ainda que nem todos, têm diretamente um proveito comum. Esta finalidade à edificação de todos foi bem compreendida, por exemplo por Basílio Magno, quando diz: «Cada um recebe estes dons mais para os outros que para si mesmo […]. Na vida comum é necessário que a força do Espírito Santo dada a um seja transmitida a todos. Quem vive para si próprio, talvez possa ter um carisma, mas torna-o inútil ao conservá-lo inativo, porque o enterrou dentro de si mesmo»[15]. De qualquer modo, Paulo não exclui que um carisma possa ser útil somente à pessoa que o recebeu. Tal é o exemplo de falar em línguas, diferente neste caso do dom da profecia[16]. Os carismas que têm uma utilidade comum, sejam carismas de palavra (de sabedoria, de conhecimento, de profecia, de exortação) ou de ação (de autoridade, de ministério, de governo), têm também uma utilidade pessoal, uma vez que o seu exercício em prol do bem comum favorece o progresso na caridade em quem os possui. A este propósito, Paulo observa que, se não houver caridade, nem os carismas mais elevados são úteis à pessoa que os recebe (cf. 1 Cor 13, 1-3). Uma passagem severa do Evangelho de Mateus (Mt 7, 22-23) exprime a mesma realidade: o exercício de carismas vistosos (profecias, exorcismos, milagres) infelizmente pode coexistir com a ausência de uma relação autêntica com o Salvador. Por conseguinte, tanto Pedro como Paulo insistem na necessidade de orientar todos os carismas para a caridade. Pedro oferece uma regra geral: «Como bons administradores das várias graças de Deus, cada um de vós ponha ao serviço dos outros o dom que recebeu» (1 Pe 4, 10). Paulo preocupa-se particularmente com o uso dos carismas nos encontros da comunidade cristã e afirma: «que tudo se faça de modo a edificar» (1 Cor 14, 26).

A variedade dos carismas

6. Em alguns textos encontramos um elenco de carismas, umas vezes de forma sumária (cf. 1 Pe 4, 10), outras vezes de forma mais detalhada (cf. 1 Cor 12, 8-10. 28-30; Rm 12, 6-8). Dentre os elencados, estão dons excecionais (de cura, de obras de autoridade, de variedade de línguas) e dons ordinários (de ensino, de serviço, de beneficência), ministérios para a condução das comunidades (cf. Ef 4, 11) e dons concedidos por meio da imposição das mãos (cf. 1 Tm 4, 14; 2 Tm 1, 6). Nem sempre é claro que todos estes dons sejam considerados «carismas» propriamente ditos. Os dons excecionais, mencionados repetidamente em 1 Cor 12-14, de facto desaparecem dos textos posteriores; o elenco de Rm 12, 6-8 apresenta somente carismas menos vistosos que possuem uma utilidade constante para a vida da comunidade cristã. Nenhum desses elencos pretende ser exaustivo. Noutro local, por exemplo, Paulo sugere que a opção pelo celibato por amor de Cristo seja vista como fruto de um carisma, tal como a opção pelo matrimónio (cf. 1 Cor 7, 7, no contexto de todo o capítulo). Ambas são exemplos que dependem do grau de desenvolvimento atingido pela Igreja daquela época e que, por isso, são suscetíveis de acrescentos posteriores. A Igreja, de facto, cresce sempre no tempo graças à ação vivificante do Espírito.

O bom exercício dos carismas na comunidade eclesial

7.         De tudo o que foi observado, torna-se evidente que não existe nos textos escriturísticos uma oposição entre os vários carismas, mas antes harmoniosa conexão e complementaridade. A antítese entre uma Igreja institucional de tipo judeo-cristão e uma Igreja carismática de tipo paulino, afirmada por algumas interpretações eclesiológicas redutoras, na verdade não encontra um fundamento adequado nos textos do Novo Testamento. Longe de colocar os carismas de um lado e as realidades institucionais de outra, ou de opor uma Igreja “da caridade” a uma Igreja “da instituição”, Paulo recolhe num único elenco aqueles que possuem carismas de autoridade e ensino, de carismas que são úteis à vida ordinária da comunidade e carismas mais clamorosos[17]. O mesmo Paulo descreve o seu ministério de apóstolo como «ministério do Espírito» (2 Cor 3, 8). Ele sente-se investido de autoridade (exousía) dada pelo Senhor (cf. 2 Cor 10, 8; 13, 10), uma autoridade que se alarga inclusive aos confrontos com os carismáticos. Tanto ele como Pedro dão instruções aos carismáticos sobre o modo como exercer os carismas. A sua atitude é acima de tudo de acolhimento favorável; estão convictos da origem divina dos carismas; no entanto, não os consideram como dons que permitam a dispensa de obediência à hierarquia eclesial ou confiram o direito a um ministério autónomo. Paulo tem consciência dos inconvenientes que um exercício desordenado dos carismas pode provocar na comunidade cristã[18]. Por isso, o apóstolo intervém com autoridade para estabelecer regras precisas sobre o exercício dos carismas «na Igreja» (1 Cor 14, 19.28), ou seja nos encontros da comunidade (cf. 1 Cor 14, 23.26). Por exemplo, ele limita o uso da glossolalia[19]. Regras semelhantes são apresentadas também para o dom da profecia (cf. 1 Cor 14, 29-31)[20]

Dons hierárquicos e carismáticos

8.         Em síntese, partindo de uma análise dos textos bíblicos sobre os carismas, fica claro que o Novo Testamento, ainda que não oferecendo uma doutrina sistemática completa, apresenta afirmações de grande importância que orientam a reflexão e a praxis eclesial. Deve-se ainda reconhecer que o termo “carisma” não é aí usado de forma unívoca; é, pelo contrário, importante constatar uma variedade de significados que a reflexão teológica e o Magistério ajudam a compreender no âmbito de uma visão complexiva do mistério da Igreja. No presente documento, a atenção é colocada sobre o binómio posto em destaque no nº 4 da Constituição dogmática Lumen gentium, onde se fala de «dons hierárquicos e carismáticos» e das suas estreitas e articuladas conexões. Eles têm a mesma origem e o mesmo propósito. São dons de Deus, do Espírito Santo, de Cristo, dados com a finalidade de contribuir, de formas diversas, para a edificação da Igreja. Quem recebeu o dom de governar na Igreja tem também a missão de vigiar sobre o bom exercício dos outros carismas, de modo que tudo concorra para o bem da Igreja e para a sua missão evangelizadora, sabendo que é o Espírito Santo que distribui os dons carismáticos por cada um, da forma que lhe apraz (cf. 1 Cor 12, 11). O mesmo Espírito dá á hierarquia da Igreja a capacidade de discernir os carismas autênticos, de os acolher com alegria e gratidão, de os promover com generosidade e de os acompanhar com paternidade vigilante. A própria história testemunha a multiforme ação do Espírito, mediante a qual a Igreja, edificada «sobre o alicerce dos Apóstolos e dos Profetas, tendo por pedra angular o próprio Cristo Jesus» (Ef 2, 20), vive a sua missão no mundo.

II - A RELAÇÃO ENTRE DONS HIERÁRQUICOS E CARISMÁTICOS NO MAGISTÉRIO RECENTE

O Concílio Vaticano II

9. O aparecimento dos diferentes carismas nunca deixou de se fazer sentir ao longo da secular história da Igreja e, no entanto, somente nos tempos mais recentes é que se desenvolveu uma reflexão sistemática sobre eles. A este respeito, é dado um espaço significativo à doutrina dos carismas no Magistério expresso por Pio XII na Carta encíclica Mystici corporis[21], enquanto que os ensinamentos do Vaticano II avançam com um passo significativo para uma compreensão adequada sobre a relação entre os dons hierárquicos e carismáticos. As passagens relevantes a este respeito[22], além de fazerem referência à Palavra de Deus, escrita e transmitida, aos Sacramentos e ao ministério hierárquico ordenado na vida da Igreja, referem também a presença de dons, de graças especiais ou carismas, derramados pelo Espírito entre os fiéis de todas as condições. A passagem emblemática a este respeito é-nos oferecida pela Lumen gentium, n. 4: «O Espírito [...] conduz a Igreja à verdade total (cf. Jo 16, 13) e unifica-a na comunhão e no ministério, enriquece-a e guia-a com diversos dons hierárquicos e carismáticos e adorna-a com os seus frutos (cf. Ef 4, 11-12; 1 Cor 12, 4; Gál 5, 22)[23]. Desta forma, a Constituição dogmática Lumen gentium, ao apresentar os dons do mesmo Espírito, sublinha, mediante a distinção entre dons hierárquicos e dons carismáticos, a sua diferença na unidade. São também significativas as afirmações feitas pela Lumen gentium 12 sobre a realidade carismática no contexto da participação do povo de Deus na missão profética de Cristo, na qual se reconhece que o Espírito Santo «não só santifica e conduz o Povo de Deus por meio dos sacramentos e ministérios e o adorna com virtudes» mas «distribui também graças especiais entre os fiéis de todas as classes, as quais os tornam aptos e dispostos a tomar diversas obras e encargos, proveitosos para a renovação e cada vez mais ampla edificação da Igreja».

Por fim, descreve-se o seu caráter pluriforme e providente: «estes carismas, quer sejam os mais elevados, quer também os mais simples e comuns, devem ser recebidos com ação de graças e consolação, por serem muito acomodados e úteis às necessidades da Igreja»[24]. Reflexões semelhantes encontram-se também no Decreto conciliar sobre o apostolado dos leigos[25]. O mesmo documento afirma que esses dons não devem ser considerados como algo facultativo na vida da Igreja; melhor, «a receção destes carismas, mesmo dos mais simples, confere a cada um dos fiéis o direito e o dever de os atuar na Igreja e no mundo, para bem dos homens e edificação da Igreja, na liberdade do Espírito Santo»[26]. Por conseguinte, os carismas autênticos são considerados dons de irrenunciável importância para a vida e para a missão eclesial. Por fim, é constante nos ensinamentos conciliares o reconhecimento do papel essencial dos pastores no discernimento dos carismas e dos seu exercício dentro da comunidade eclesial[27]

O Magistério pós-conciliar

10. As intervenções do Magistério sobre este assunto no período a seguir ao Concílio Vaticano II multiplicaram-se[28]. Isto deve-se à crescente vitalidade dos novos movimentos, agregações de fiéis e comunidades eclesiais, juntamente com a necessidade de precisar o lugar da vida consagrada dentro da Igreja[29]. João Paulo II, ao longo do seu Magistério, insistiu particularmente no princípio da co-essencialidade destes dons: «Repetidas vezes sublinhei que na Igreja não existe contraste nem contradição entre a dimensão institucional e a dimensão carismática, da qual os Movimentos são uma expressão importante. Tanto uma como outra são co-essenciais na constituição divina da Igreja fundada por Jesus, uma vez que concorrem conjuntamente para tornar presente o mistério de Cristo e a sua obra salvífica no mundo»[30]. O Papa Bento XVI, além de sublinhar a sua co-essencialidade, aprofundou a afirmação do seu predecessor recordando que «tal como na Igreja as instituições essenciais são carismáticas, assim os carismas devem de uma forma ou de outra institucionalizar-se, para que haja coerência e continuidade. Assim, ambas as dimensões, originárias do Espírito Santo através do Corpo de Cristo, concorrem conjuntamente para tornar presente o mistério e a obra salvífica de Cristo no mundo»[31]. Tanto os dons hierárquicos como os carismáticos resultam desta forma reciprocamente relacionados desde a sua origem. Finalmente, o Papa Francisco recordou «a harmonia» que o Espírito estabelece entre os diversos dons e apelou às agregações carismáticas para uma abertura missionária, para a obediência aos pastores[32] e para a imanência eclesial, uma vez que «é no âmbito da comunidade que desabrocham e florescem os dons que o Pai nos concede em abundância; e é no seio da comunidade que aprendemos a reconhecê-los como um sinal do seu amor por todos os seus filhos»[33]. Portanto, para concluir, é possível reconhecer uma convergência do Magistério eclesial recente sobre a co-essencialidade entre os dons hierárquicos e carismáticos. A sua contraposição, bem como a sua justaposição, seria sintoma de uma errada ou insuficiente compreensão da ação do Espírito Santo na vida e na missão da Igreja.

III. O FUNDAMENTO TEOLÓGICO DA RELAÇÃO ENTRE DONS HIERÁRQUICOS E CARISMÁTICOS

Horizonte trinitário e cristológico dos dons do Espírito Santo

11. Para poder apreender as razões profundas da relação entre dons hierárquicos e carismáticos é oportuno fazer referência ao seu fundamento teológico. De facto, a necessidade de superar qualquer tipo de contraposição estéril ou intrínseca justaposição entre dons hierárquicos e carismáticos é exigida pela própria economia da salvação, a qual compreende a relação intrínseca entre as missões do Verbo incarnado e do Espírito Santo. Na realidade, todos os dons do Pai implicam a referência à ação conjunta e diferenciada das missões divinas: todos os dons provêm do Pai, por meio do Filho, no Espírito Santo. O dom do Espírito na Igreja está ligado á missão do Filho, consumada plenamente no seu mistério pascal. O próprio Jesus relaciona o cumprimento da sua missão com o envio do Espírito à comunidade dos crentes[34]. Por isso, o Espírito Santo não pode, seja de que forma for, inaugurar uma economia diversa à do Logos divino incarnado, crucificado e ressuscitado[35]. De facto, toda a economia sacramental da Igreja é a realização pneumatológica da Incarnação: por isso, o Espírito Santo é considerado pela Tradição como a alma da Igreja, Corpo de Cristo. A ação de Deus na história implica sempre a relação entre o Filho e o Espírito Santo, aos quais Ireneu de leão chama sugestivamente «as duas mãos do Pai»[36]. Neste sentido, nenhum dom do Espírito pode deixar de estar em relação com o Verbo feito carne[37].

A relação originária entre os dons hierárquicos, conferidos pela graça sacramental da Ordem, e os dons carismáticos, livremente distribuídos pelo Espírito Santo, tem, portanto, a sua raiz última na relação entre o Logos divino incarnado e o Espírito Santo, que é sempre Espírito do Pai e do Espírito. Precisamente para evitar visões teológicas equívocas que requeressem (levassem a) uma «Igreja do Espírito» diversa e separada da Igreja hierárquica-institucional, é oportuno sublinhar que as duas missões divinas se implicam reciprocamente em todos os dons concedidos à Igreja. Na realidade, a missão de Jesus Cristo implica, já por si própria, a ação do Espírito. João Paulo II, na sua Carta encíclica sobre o Espírito Santo, Dominum et vivificantem, tinha já mostrado a importância decisiva da ação do Espírito na missão do Filho[38]. Bento XVI aprofundou este pensamento na Exortação apostólica Sacramentum caritatis, recordando que o Paráclito «ativo já na criação (Gn 1, 2), está presente em plenitude na vida inteira do Verbo encarnado». Jesus Cristo «é concebido no seio da Virgem Maria por obra do Espírito Santo (Mt 1, 18; Lc 1, 35); no início da sua missão pública, nas margens do Jordão, vê-O descer sobre Si em forma de pomba (Mt 3, 16 e par.); neste mesmo Espírito, age, fala e exulta (Lc 10, 21); e é n'Ele que Jesus pode oferecer-Se a Si mesmo (Heb 9, 14). No chamado «discurso de despedida» referido por João, Jesus põe claramente em relação o dom da sua vida no mistério pascal com o dom do Espírito aos Seus (Jo 16, 7). Depois de ressuscitado, trazendo na sua carne os sinais da paixão, pode derramar o Espírito (Jo 20, 22), tornando os seus discípulos participantes da mesma missão d'Ele (Jo 20, 21). Em seguida, será o Espírito que ensina aos discípulos todas as coisas, recordando-lhes tudo o que Cristo tinha dito (Jo 14, 26), porque compete a Ele, enquanto Espírito da verdade (Jo 15, 26), introduzir os discípulos na verdade total (Jo 16, 13). Segundo narram os Actos, o Espírito desce sobre os Apóstolos reunidos em oração com Maria no dia de Pentecostes (2, 1-4), e impele-os para a missão de anunciar a boa nova a todos os povos»[39].

A ação do Espírito Santo nos dons hierárquicos e carismáticos

12. Destacar o horizonte trinitário e cristológico dos dons divinos também ilumina a relação entre dons hierárquicos e carismáticos. De facto, nos dons hierárquicos, enquanto ligados ao sacramento da Ordem, surge em primeiro plano a relação com o agir salvífico de Cristo, como por exemplo a instituição da Eucaristia (cf. Lc 22, 19s; 1 Cor 11, 25), o poder de perdoar os pecados (cf. Jo 20, 22s), o mandato apostólico com a tarefa de evangelizar e batizar (cf. Mc 16, 15s; Mt 28, 18-20); ao mesmo tempo, é evidente que nenhum sacramento pode ser conferido sem a ação do Espírito Santo[40]. Por outro lado, os dons carismáticos dispensados pelo Espírito Santo, «que sopra onde quer» (cf. Jo 3, 8) e distribui os seus dons «como lhe apraz» (1 Cor 12, 11), são objetivamente relacionados com a vida nova em Cristo, uma vez que «cada um pela sua parte» (1 Cor 12, 27) é membro do seu Corpo. Portanto, a correta compreensão dos dons carismáticos é feita somente em relação à presença de Cristo e ao seu serviço; tal como afirmou João Paulo II, «os verdadeiros carismas não podem senão tender para o encontro com Cristo nos Sacramentos»[41]. Portanto, tanto os dons hierárquicos como os carismáticos aparecem unidos relativamente à relação intrínseca entre Jesus Cristo e o Espírito Santo. O Paráclito é, contemporaneamente, Aquele que, através dos sacramentos, difunde eficazmente a graça salvífica oferta por Cristo morto e ressuscitado, e Aquele que dispensa os carismas. Na tradição litúrgica dos cristãos do Oriente, especialmente na siríaca, o lugar do Espírito Santo, representado na imagem do fogo, ajuda a tornar tudo isto muito claro. O grande teólogo e poeta Efrém, o Sírio, afirma com efeito que «o fogo da compaixão desceu e veio habitar no pão»[42], indicando a sua ação transformadora em relação não só aos dons mas também aos fiéis que comerão o pão eucarístico. A perspetiva oriental, com a eficácia das suas imagens, ajuda-nos a compreender como, ao aproximarmo-nos da Eucaristia, Cristo nos dá o Espírito. O mesmo Espírito, seguidamente, por meio da sua ação nos fiéis, alimenta a vida em Cristo, conduzindo-os novamente a uma mais profunda vida sacramental, sobretudo na Eucaristia. Deste modo, a ação livre da Santíssima Trindade na história alcança para os fiéis o dom da salvação e simultaneamente anima-os, afim que eles correspondam livremente e plenamente com o compromisso da própria vida.

IV. A relação entre dons hierárquicos e carismáticos

na vida e na missão da Igreja

Na Igreja como mistério de comunhão

13.       A Igreja apresenta-se como «um povo reunido pela unidade do Pai, do Filho e do Espírito Santo»[43], no qual a relação entre dons hierárquicos e carismáticos tem como fim a plena participação dos fiéis na comunhão e missão evangelizadora. Fomos gratuitamente predestinados em Cristo a esta vida nova (Rom 8, 29-31; Ef 1, 4-5). O Espírito Santo «realiza esta maravilhosa comunhão entre os fiéis e une-os de tal modo intimamente em Cristo, que se torna o princípio da unidade da Igreja»[44]. É, de facto, na Igreja, que os homens são convocados para se tornarem membros de Cristo[45] e é na comunhão eclesial que se unem em Cristo, como membros uns dos outros. Comunhão é sempre uma «dupla participação vital: a incorporação dos cristãos na vida de Cristo e a circulação dessa mesma caridade em todo o tecido dos fiéis, neste mundo e no outro. União a Cristo e em Cristo; e união entre os cristãos, na Igreja»[46]. Neste sentido, o mistério da Igreja resplandece «em Cristo como um sacramento ou sinal e instrumento da união íntima com Deus e da unidade de todo o género humano»[47].

Aqui desponta a raiz sacramental da Igreja como mistério de comunhão: «Trata-se fundamentalmente da comunhão com Deus, por meio de Jesus Cristo, no Espírito Santo. Uma comunhão que vem da Palavra de Deus e dos Sacramentos. O Baptismo» – em estreita unidade com a Confirmação – «é a porta e o fundamento da comunhão na Igreja. A Eucaristia é a fonte e ponto culminante de toda a vida cristã»[48]. Estes sacramentos da iniciação são constitutivos da vida cristã e sobre eles se apoiam os dons hierárquicos e carismáticos. A vida da comunhão eclesial, assim internamente ordenada, vive na escuta religiosa permanente da Palavra de Deus e é alimentada pelos Sacramentos. A própria Palavra de Deus apresenta-se-nos profundamente ligada aos Sacramentos, em particular à Eucaristia[49], dentro do único horizonte sacramental da Revelação. A própria tradição oriental vê a Igreja, Corpo de Cristo animado pelo Espírito Santo, como uma unidade ordenada, o que também se expressa ao nível dos seus dons. A presença eficaz do Espírito no coração dos crentes (cf. Rom 5, 5) é a raiz desta unidade também para as manifestações carismáticas[50]. Os carismas dados às pessoas singulares, de facto, fazem parte da mesma Igreja e são destinados a uma mais intensa vida eclesial. Esta perspectiva surge também nos escritos do Beato John Henry Newman: «Assim, o coração de cada cristão deveria representar em miniatura a Igreja católica, pois um só Espírito faz a Igreja inteira e faz de cada membro desta o Seu Templo»[51]. Isto torna ainda mais evidente o motivo pelo qual não são legítimas quaisquer contraposições ou justaposições entre dons hierárquicos e dons carismáticos.

Em síntese, a relação entre os dons carismáticos e a estrutura eclesial sacramental confirma a coessencialidade entre dons hierárquicos – de por si estáveis, permanentes e irrevocáveis – e dons carismáticos. Apesar destes últimos, nas suas formas históricas, não serem garantidos para sempre[52], a dimensão carismática nunca pode faltar à vida e à missão da Igreja.

Identidade dos dons hierárquicos

14.       Em ordem à santificação de cada um dos membro do povo de Deus e à missão da Igreja no Mundo, entre os diversos dons, «sobressai a graça própria dos apóstolos, a cuja autoridade o mesmo Espírito sujeitou também os carismáticos»[53]. O próprio Jesus Cristo quis que existissem dons hierárquicos para assegurar a contemporaneidade da Sua única mediação salvífica: «Cristo enriqueceu os apóstolos com a efusão especial do Espírito Santo (cf. At 1, 8; 2, 4; Jo 20, 22-23); os apóstolos, por sua vez, transmitiram aos seus colaboradores, pela imposição das mãos, este dom do Espírito (cf. 1Tm 4,14; 2Tm 1,6-7)»[54]. Por isso, a atribuição dos dons hierárquicos deve ser elevada sobretudo à plenitude do sacramento da Ordem, conferida pela consagração episcopal, que comunica «juntamente com o múnus de santificar, os ofícios de ensinar e de governar, que, por sua natureza, não podem exercer-se senão em comunhão hierárquica com a cabeça e com os membros do colégio.»[55]. Por isso, «na pessoa dos bispos, coadjuvados pelos presbíteros, está presente no meio dos fiéis o Senhor Jesus Cristo […]; através do seu ministério excelso, Ele prega a palavra de Deus a todos os povos e administra continuamente os sacramentos da fé aos crentes; e, graças ao ofício paternal dos mesmos (cf. 1 Cor 4, 15), vai incorporando por geração sobrenatural novos membros ao seu corpo; finalmente, pela sabedoria e prudência dos bispos, dirige e orienta o povo do Novo Testamento na sua peregrinação para a eterna bem-aventurança»[56]. A tradição cristã oriental, tão vivamente ligada aos Padres, lê tudo isto na sua peculiar concepção da taxis. Segundo Basílio Magno, é evidente que a organização da Igreja é obra do Espírito Santo e até a ordem (taxis) em que Paulo elenca os carismas (cf. 1 Cor 12, 28) «está de acordo com a distribuição dos dons do Espírito»[57], indicando como primeiro dentre estes o dos apóstolos. A partir da referência à consagração episcopal, compreendem-se também os dons hierárquicos relacionados com os outros graus da Ordem; antes de mais, os dos presbíteros que são «consagrados para pregar o Evangelho, apascentar os fiéis e celebrar o culto divino» e, «sob a autoridade do bispo, santificam e dirigem a porção da grei do Senhor que lhes foi confiada», bem como tornando-se, por sua vez, «modelos do povo, governem e estejam ao serviço da sua comunidade local»[58]. Aos bispos e presbíteros, no sacramento da Ordem, pela unção sacerdotal, são «configurados a Cristo sacerdote, de tal modo que possam agir na pessoa de Cristo cabeça»[59]. A esses devem acrescentar-se os dons concedidos aos diáconos, «que receberam a imposição das mãos, não para o sacerdócio, mas para o ministério»; e que «confortados pela graça sacramental, servem o povo de Deus no ministério da liturgia, da palavra e da caridade, em comunhão com o bispo e o seu presbitério»[60]. Em síntese, os dons hierárquicos próprios do sacramento da Ordem, nos seus vários graus, são concedidos, para que, na Igreja, como comunhão, nunca falta a cada fiel a oferta objetiva da graça nos sacramentos, o anúncio normativo da Palavra de Deus e o cuidado pastoral.

Identidade dos dons carismáticos

15.       Se pelo exercício dos dons hierárquicos é assegurada, ao longo da história, a oferta da graça de Cristo a favor de todo o povo de Deus, todos os fiéis são chamados a acolhê-la e a corresponder-lhe pessoalmente nas circunstâncias concretas da própria vida. Os dons carismáticos são, por isso, distribuídos livremente pelo Espírito Santo, para que a graça sacramental produza fruto na vida cristã de modo diversificado e a todos os níveis. Sendo estes carismas «perfeitamente acomodados e úteis às necessidades da Igreja»[61], através da sua riqueza multiforme, o povo de Deus pode viver em plenitude a missão evangelizadora, examinando e interpretando os sinais dos tempos à luz do Evangelho[62]. De facto, os dons carismáticos levam os fiéis a responder, em plena liberdade e num modo adequado aos tempos, ao dom da salvação, fazendo de si próprios um dom de amor para os outros e um testemunho autêntico do Evangelho diante de todos os homens.

Os dons carismáticos partilhados

16.       Neste contexto é útil lembrar quanto os dons carismáticos podem ser diversos entre si, não só pelas suas características específicas, mas também pela sua extensão na comunhão eclesial. Os dons carismáticos «são dados ao indivíduo, mas também podem ser partilhados por outros e de tal modo perseveram no tempo como uma herança preciosa e viva, que gera uma afinidade espiritual entre as pessoas»[63]. A ligação entre o carácter pessoal do carisma e a possibilidade de participação nele exprime um elemento decisivo da sua dinâmica, na medida em que tem que ver com a relação que, na comunidade eclesial, liga sempre a pessoa e a comunidade[64]. Na sua prática, os dons carismáticos podem gerar afinidade, proximidade e parentescos espirituais, através dos quais se pode participar no património carismático a partir da pessoa do fundador e aprofundá-lo, dando vida a verdadeiras e autênticas famílias espirituais. As agregações eclesiais, nas suas variadas formas, apresentam-se como dons carismáticos partilhados. Movimentos eclesiais e novas comunidades mostram como um determinado carisma originário pode agregar fiéis e ajuda-los a viver plenamente a própria vocação cristã e o próprio estado de vida ao serviço da missão eclesial. As formas históricas concretas desta partilha podem em si ser diversificadas, pelo que, a partir de um carisma originário, fundacional, possam surgir várias fundações, como mostra a história da espiritualidade.

O reconhecimento por parte da autoridade eclesiástica

17.       Entre os dons carismáticos livremente distribuídos pelo Espírito, há imensos que, acolhidos e vividos pela pessoa no seio da comunidade cristã, não necessitam de regulamentações particulares. Quando, por outro lado, um dom carismático se apresenta como «carisma originário» ou «fundacional», então ele requer um reconhecimento específico, para que a sua riqueza se articule adequadamente na comunhão eclesial e se transmita fielmente através dos tempos. Aqui surge a tarefa decisiva de discernimento, que pertence à autoridade eclesiástica[65]. Reconhecer a autenticidade do carisma não é uma tarefa sempre fácil, mas é um serviço imprescindível que os Pastores devem realizar. Na realidade, os fiéis têm o «direito de ser advertidos pelos Pastores sobre a autenticidade dos carismas e sobre a credibilidade dos que se apresentam como seus depositários»[66]. Para tal, a autoridade deverá ser consciente da efetiva imprevisibilidade dos carismas suscitados pelo Espírito Santo, valorizando-os de acordo com a regra da fé, tendo em vista a edificação da Igreja[67]. Trata-se de um processo que se alonga no tempo e que requer etapas adequadas à sua autenticação, passando através de um discernimento sério, até chegar ao reconhecimento eclesial do seu caráter genuíno. A realidade agregadora que brota de um carisma deve ter um tempo oportuno de experimentação e de consolidação, que vá além do entusiasmo inicial, até chegar a uma configuração estável. Ao longo de todo o itinerário de verificação, a autoridade da Igreja deve acompanhar benevolamente a nova realidade agregadora. Trata-se de um acompanhamento por parte dos pastores que nunca deve diminuir, pois nunca diminui a paternidade daqueles que, na Igreja, são chamados a ser vicários do Bom Pastor, cujo amor solícito não deixa nunca de acompanhar o Seu rebanho.

Critérios para o discernimento dos dons carismáticos

18.       Neste quadro, podem ser retomados alguns critérios para o discernimento dos dons carismáticos em relação às agregações eclesiais, que o Magistério da Igreja pôs em evidência ao longo dos últimos anos. Estes critérios têm o objetivo de contribuir para o reconhecimento de uma autêntica eclesialidade dos carismas.

a) Primado da vocação de cada cristão à santidade. Cada realidade que nasce da participação de um carisma autêntico deve ser sempre instrumento de santidade na Igreja e, consequentemente, de incremento da caridade e de autêntica tensão rumo à perfeição do amor[68].

b) Empenho na difusão missionária do Evangelho. As realidades carismáticas autênticas são «presentes do Espírito integrados no corpo eclesial, atraídos para o centro que é Cristo, donde são canalizados num impulso evangelizador»[69]. Para tal, devem realizar «a conformidade e a participação na finalidade apostólica da Igreja», manifestando um claro «entusiasmo missionário que as torne, sempre e cada vez mais, sujeitos de uma nova evangelização»[70].

c) Confissão da fé católica. Cada realidade carismática deve ser um lugar de educação para a fé na sua integralidade, «acolhendo e proclamando a verdade sobre Cristo, sobre a Igreja e sobre o homem, em obediência ao magistério da Igreja que autenticamente a interpreta»[71]; portanto, é de evitar de se aventurar «ultrapassando (proagon) a doutrina e a comunidade eclesial»; de facto, se «se deixa de permanecer nelas, não se está unido ao Deus de Jesus Cristo (cf. 2 Jo 9)»[72].

d) Testemunho de uma comunhão ativa com toda a Igreja. Isto comporta uma «relação filial com o Papa, centro perpétuo e visível da unidade da Igreja universal, e com o Bispo, “princípio visível e fundamento da unidade” da Igreja particular»[73]. Esta relação implica a «disponibilidade leal em aceitar os seus ensinamentos doutrinais e orientações pastorais»[74], assim como «a disponibilidade em participar nos programas e nas atividades da Igreja, tanto a nível local como nacional ou internacional; o empenhamento catequético e a capacidade pedagógica de formar os cristãos»[75].

e) Reconhecimento e estima da complementaridade recíproca de outras realidades carismáticas na Igreja. Daqui deriva também a disponibilidade para uma colaboração recíproca[76]. De facto, «um sinal claro da autenticidade de um carisma é a sua eclesialidade, a sua capacidade de se integrar harmoniosamente na vida do Povo santo de Deus para o bem de todos. Uma verdadeira novidade, suscitada pelo Espírito, não precisa de fazer sombra sobre outras espiritualidades e dons, para se afirmar a si mesma»[77].

f) Aceitação dos momentos de prova no discernimento dos carismas. Uma vez que o dom carismático pode possuir «uma dose de novidade de vida espiritual para toda a Igreja, que, num primeiro momento, pode aparentar ser incómoda», um critério de autenticidade manifesta-se na «humildade em suportar os contratempos: a relação justa entre carisma genuíno, perspectiva de novidade e sofrimento interior comporta uma constante histórica de ligação entre carisma e cruz»[78]. O aparecimento de tensões eventuais exige, por parte de todos, a prática de uma caridade maior, tendo em vista uma comunhão e unidade eclesiais cada vez mais profundas.

g) Presença de frutos espirituais, tais como caridade, alegria, humanidade e paz (cf. Gal 5, 22); «viver ainda mais intensamente a vida da Igreja»[79], um zelo mais intenso pela «escuta e meditação da Palavra de Deus»[80]; «um gosto renovado pela oração, a contemplação, a vida litúrgica e sacramental; a animação pelo florescimento de vocações ao matrimónio cristão, ao sacerdócio ministerial, à vida consagrada»[81]. 

h) Dimensão social da evangelização. É necessário reconhecer que, graças ao impulso da caridade, «o querigma possui um conteúdo inevitavel­mente social: no próprio coração do Evangelho, aparece a vida comunitária e o compromisso com os outros»[82]. Neste critério de discernimento, referido não exclusivamente às realidades laicais na Igreja, sublinha-se a necessidade de ser «correntes vivas de participação e de solidariedade para construir condições mais justas e fraternas no seio da sociedade»[83]. Neste âmbito, são significativos «o impulso em ordem a uma presença cristã nos vários ambientes da vida social e a criação e animação de obras caritativas, culturais e espirituais; o espírito de desapego e de pobreza evangélica em ordem a uma caridade mais generosa para com todos»[84]. É também decisiva a referência à Doutrina Social da Igreja[85]. Em particular, «deriva da nossa fé em Cristo que se fez pobre e sempre Se aproximou dos pobres e marginalizados, a preocupação pelo desenvolvimento integral dos mais abandonados da sociedade»[86], que não pode faltar numa realidade eclesial autêntica.

V. Prática eclesial da relação entre dons hierárquicos e dons carismáticos

19.       Por fim, é necessário tratar alguns elementos da prática eclesial concreta no que diz respeito à relação entre dons hierárquicos e carismáticos que se configuram como agregações carismáticas no seio da comunhão eclesial.

Referência recíproca

20.       Antes de mais, a prática da boa relação entre os vários dons na Igreja exige uma inserção ativa das realidades carismáticas na vida pastoral das Igrejas particulares. Isto implica, sobretudo, que as diversas agregações reconheçam a autoridade dos pastores na Igreja como uma realidade interna da própria vida cristã, desejando sinceramente ser reconhecidas, acolhidas e eventualmente purificadas, colocando-se ao serviço da missão eclesial. Por outro lado, os que foram investidos dos dons hierárquicos, levando a cabo o discernimento e o acompanhamento dos carismas, devem acolher cordialmente o que o Espírito suscita no seio da comunhão eclesial, tendo-o em conta na ação pastoral e valorizando o seu contributo como uma autêntica riqueza para o bem de todos.

Os dons carismáticos na Igreja universal e particular

21.       Relativamente à difusão e à particularidade das realidades carismáticas, deve-se ter em conta a relação imprescindível e constitutiva entre Igreja universal e Igrejas particulares. A este propósito, é oportuno sublinhar que a Igreja de Cristo, como professamos no Símbolo apostólico, «é a Igreja universal, ou seja, a comunidade universal dos discípulos do Senhor, que se torna presente e operante na particularidade e diversidade das pessoas, grupos, tempos e lugares»[87]. A dimensão particular é, portanto, intrínseca à universal e vice-versa; de facto, entre Igrejas particulares e Igreja universal existe uma relação de «mútua interioridade»[88]. Os dons hierárquicos próprios do Sucessor de Pedro exercitam-se, neste contexto, ao garantir e favorecer a imanência da Igreja universal nas Igrejas locais; assim como a tarefa apostólica de cada bispo não se limita à própria diocese, mas deve fluir para toda a Igreja, através da colegialidade ativa e efetiva, sobretudo através da comunhão com aquele centrum unitatis Ecclesiae que é o Romano Pontífice. Este, de facto, enquanto «sucessor de Pedro, é o princípio e o fundamento perpétuo e visível da unidade, quer dos bispos, quer da multidão dos fiéis. Por sua vez, cada bispo é o princípio e o fundamento visível da unidade na sua Igreja particular, formada à imagem da Igreja universal: nas quais e a partir das quais resulta a Igreja católica una e única»[89]. Isto implica que, em cada Igreja particular «está e opera verdadeiramente a Igreja de Cristo, una, santa, católica e apostólica»[90]. Por isso, a referência à autoridade do Sucessor de Pedro – a comunhão cum Petro et sub Petro - é constitutiva de cada Igreja local[91].

Deste modo, estão colocadas as bases para relacionar dons hierárquicos e carismáticos dentro da relação entre Igreja universal e Igrejas particulares. De facto, por um lado, os dons carismáticos são dados a toda a Igreja; por outro, a dinâmica destes dons não se pode realizar sem ser ao serviço de uma diocese concreta, a qual é «a porção do povo de Deus, que se confia aos cuidados pastorais de um bispo, coadjuvado pelo seu presbitério»[92]. A este propósito, pode ser útil lembrar o caso da vida consagrada; esta, de facto, não é uma realidade externa ou independente da vida da Igreja local, mas constitui um modo peculiar, marcado pela radicalidade evangélica, de estar presente no seu seio, com os seus dons específicos. A tradicional da “isenção”, associada a muitos institutos de vida consagrada[93], tem como significado não uma supra-localidade desencarnada ou uma autonomia mal entendida, mas sim uma interação mais profunda entre as dimensões universal e particular da Igreja[94]. Analogamente, as novas realidades carismáticas, sempre que possuam caráter supra-diocesano, não devem conceber-se a si próprias num modo totalmente autónomo no que diz respeito à Igreja particular. Pelo contrário, devem enriquecê-la e servi-la por força das próprias peculiaridades partilhadas para além dos confins de uma diocese singular.

Os dons carismáticos e os estados de vida do cristão

22.       Os dons carismáticos dispensados pelo Espírito Santo podem ser visto em relação a toda a ordem da comunhão eclesial, tanto em referência aos Sacramentos, como à Palavra de Deus. De acordo com as suas variadas peculiaridades, eles permitem que se dê muito fruto na realização daquelas tarefas que emanam do Baptismo, do Crisma, do Matrimónio e da Ordem, assim como possibilitam uma maior compreensão espiritual da Tradição apostólica, a qual, para além do estudo e da pregação dos que receberam o charisma veritatis certum[95], pode ser aprofundada com «a íntima inteligência que experimentam das coisas espirituais»[96]. Nesta perspectiva, é útil enumerar as questões fundamentais relativas às ligações entre dons carismáticos e os diferentes estados de vida, com uma referência particular ao sacerdócio comum do Povo de Deus e ao sacerdócio hierárquico, os quais «apesar de diferirem entre si essencialmente e não apenas em grau, ordenam-se um para o outro; de facto, ambos participam, cada qual a seu modo, do sacerdócio único de Cristo»[97]. De facto, trata-se de «dois modos de participação no único sacerdócio de Cristo, no qual estão presentes duas dimensões, que se unem no ato supremo do sacrifício da cruz»[98].

a) Em primeiro lugar, é necessário reconhecer a bondade dos diversos carismas que estão na origem de agregações eclesiais entre todos os fiéis, chamados a fazer frutificar a graça sacramental, sob a guia dos pastores legítimos. Esses dons representam uma possibilidade autêntica para viver e desenvolver a própria vocação cristã[99]. Estes dons carismáticos permitem aos fiéis viver na existência quotidiana  o sacerdócio comum do  Povo de Deus: como «discípulos de Cristo, perseverando juntos na oração e no louvor de Deus (cf. At 2,42-47), ofereçam-se a si mesmos como hóstia viva, santa, agradável a Deus (cf. Rm 12,1); dêem testemunho de Cristo em toda a parte; e, àqueles que por isso se interessarem, falem da esperança, que está neles, da vida eterna (cf. 1Pe 3,15)»[100]. Nesta linha colocam-se também as agregações eclesiais que podem ser particularmente significativas para a vida cristã no matrimónio, as quais podem validamente «fortalecer com a doutrina e a ação os jovens e os próprios esposos, especialmente os recém-casados e formá-los para a vida familiar, social e apostólica »[101].

b) Também os ministros ordenados, na participação numa realidade carismática, poderão encontrar, tanto um apelo ao sentido do próprio Baptismo, com o qual se tornaram filhos de Deus, quer à sua vocação e missão específica. Um fiel ordenado poderá encontrar, numa determinada agregação eclesial, força e ajuda para viver a fundo o que lhe é pedido pelo seu ministério específico, quer perante todo o Povo de Deus, e em particular a porção que lhe está confiada, quer no que diz respeito à obediência sincera devida ao próprio Ordinário[102]. Pode-se afirmar o mesmo analogamente no que diz respeito aos casos de candidatos ao sacerdócio que provenham de uma determinada agregação eclesial, como afirmado na Exortação pós-sinodal Pastores dabo vobis[103]. Essa ligação deverá exprimir-se na docilidade ativa à própria formação específica, na qual se deverá inserir a riqueza proveniente do carisma de referência. Por fim, a ajuda pastoral que o sacerdote poderá oferecer à agregação eclesial, de acordo com as caraterísticas do próprio movimento, poderá realizar-se na observância do regime previsto na comunhão eclesial para a Ordem sagrada, no que diz respeito à incardinação[104] e à obediência devida ao próprio Ordinário[105].

c) O contributo de um dom carismático ao sacerdócio baptismal e ao sacerdócio ministerial é expresso emblematicamente pela vida consagrada, que, com tal, se situa na dimensão carismática da Igreja[106]. Um carisma, que realiza «a conformação especial a Cristo virgem, pobre e obediente»[107] como forma de vida estável[108], mediante a profissão dos conselhos evangélicos, é concedido para «conseguir fruto mais abundante da graça baptismal»[109]. A espiritualidade dos Institutos de vida consagrada pode tornar-se, tanto para o fiel leigo, como para o presbítero, num auxílio para viver a própria vocação. Além disso, não é raro que membros de vida consagrada, com a necessária anuência do respetivo superior[110], encontrem na relação com as novas agregações um apoio importante para viver a própria vocação específica e oferecer, por seu lado, um «testemunho gozoso, fiel e carismático da vida consagrada», permitindo assim um «enriquecimento recíproco»[111].

d) Por fim, é significativo que o espírito dos conselhos evangélicos seja recomendado pelo Magistério também a cada ministro ordenado[112]. Inclusive o celibato, pedido aos presbíteros na venerável tradição latina[113], insere-se claramente na linha do dom carismático. Não se trata de uma realidade primariamente funcional, mas «constitui uma especial conformação ao estilo de vida do próprio Cristo»[114], em que se realiza a plena entrega pessoal, tendo em vista a missão conferida mediante o sacramento da Ordem[115].

Formas de reconhecimento eclesial

23.       O presente documento pretende esclarecer a colocação teológica e eclesiológica das novas agregações eclesiais, a partir da relação entre dons hierárquicos e dons carismáticos, de modo a favorecer a identificação concreta das modalidades mais adequadas para o reconhecimento eclesial destes últimos. O Código de Direito Canónico atual prevê diversas formas jurídicas de reconhecimento das novas realidades eclesiais que se baseiam em dons carismáticos. Essas formas deverão ser consideradas atentamente[116], evitando situações que não tenham em adequada consideração nem os princípios fundamentais do direito nem a natureza e a peculiaridade das diversas realidades carismáticas.

Do ponto de vista da relação entre dons hierárquicos e carismáticos é necessário respeitar dois critérios fundamentais que devem ser considerados inseparavelmente: a) o respeito pela peculiaridade carismática de cada agregação eclesial, evitando formas jurídicas forçadas que anulem a novidade trazida pela experiência específica. Deste modo, evitar-se-á que os vários carismas possam ser considerados como dotes indiferenciados dentro da Igreja. b) o respeito do regime eclesial fundamental, favorecendo a inserção real dos dons carismáticos na vida da Igreja universal e particular, evitando que a realidade carismática seja concebida paralelamente à vida eclesial e sem uma referência ordenada aos dons hierárquicos.

Conclusão

24.       Atendendo à efusão do Espírito Santo, os primeiros discípulos eram assíduos e concordes na oração, juntamente com Maria, a mãe de Jesus (cf. At 1, 14). Ela foi perfeita a acolher e a fazer frutificar as graças singulares com as quais tinha sido enriquecida de forma superabundante pela Santíssima Trindade, em que a primeira entre todas foi a graça de ser Mãe de Deus. Todos os filhos da Igreja podem admirar a Sua plena docilidade à ação do Espírito Santo: docilidade na fé, sem rupturas, e numa humildade cristalina. Assim, Maria testemunha em plenitude o acolhimento obediente e fiel de cada dom do Espírito. Mas mais ainda, como ensina o Concílio Vaticano II, a Virgem Maria «com Seu amor de Mãe, cuida dos irmãos de seu Filho, que ainda peregrinam e se debatem entre perigos e angústias, até que sejam conduzidos à Pátria feliz»[117]. Uma vez que Ela «se deixou-Se conduzir pelo Espírito, através dum itinerário de fé, rumo a uma destinação feita de serviço e fecundidade», também nós, «hoje, fixamos n’Ela o nosso olhar, para que nos ajude a anunciar a todos a mensagem de salvação e para que os novos discípulos se tornem operosos evangelizadores»[118].

 

Por este motivo, Maria é reconhecida como Mãe da Igreja e nós recorremos a Ela, cheios de confiança, para que, com a Sua ajuda eficaz e com a Sua potente intercessão, os carismas abundantemente distribuídos pelo Espírito Santo entre os fiéis sejam por estes acolhidos com docilidade e produzam fruto para a vida e a missão da Igreja e para o bem do mundo.

 

 

O Sumo Pontífice Francisco, na Audiência concedida no dia 14 de março de 2016 ao sobescrito Cardeal Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, aprovou a presenta Carta, decidida na Sessão Plenária deste Dicastério, e ordenou a sua publicação.

 

 

 

Dado em Roma, na Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, a 15 de maio de 2016, Solenidade de Pentecostes.

 

 

 

Gerhard Card. Müller

Prefeito

 

                                                           + Luis F. Ladaria, S.I.

                                               Arcebispo Titular de Thibica

                                               Secretário

 

 

 

[1] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 4.

[2] João Crisóstomo, Homilia de Pentecoste, II, 1: PG 50, 464.

[3] Francisco, Exort. apost. Evangelii gaudium (24 de novembro de 2013), n. 49: AAS 105 (2013), 1040.

[4] Cf. ibid., nn. 20-24: AAS 105 (2013), 1028-1029.

[5] Cf. ibid., n. 14: AAS 105 (2013), 1025.

[6] Ibid., n. 25: AAS 105 (2013), 1030.

[7] Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Apostolicam actuositatem, n. 19.

[8] Francisco, Exort. apost. Evangelii gaudium, n. 14: AAS 105 (2013), 1026; cf. bento XVI, Homilia na Eucaristia de inauguração da V Conferência Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe no Santuário da “Aparecida” (13 de Maio de 2007): AAS 99 (2007), 43.

[9] João Paulo II, Discurso aos membros dos movimentos eclesiais e às novas comunidades na vigília de Pentecostes, (30 maio 1998), n. 7: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXI,1 (1998), 1123.

[10] Ibid., 6: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXI,1 (1998), 1122.

[11] Ibid., 8: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXI,1 (1998), 1124.

[12] «Há diversidade de charísmata» (1 Cor 12, 4); «temos charísmata que são diferentes» (Rm 12, 6); «cada um recebe de Deus o seu próprio chárisma, um de uma maneira, outro de outra» (1 Cor 7, 7).

[13] Em grego as duas palavras (chárisma e cháris) têm origem na mesma raiz.

[14] Cf. Origenes, De principiis, I, 3, 7; PG 11, 153: «aquilo que é chamado dom do Espírito é transmitido por obra do Filho e feito por obra do Pai».

[15] Basílio de Cesareia, Regulae fusius Tractae., 7, 2: PG 31, 933-934.

[16] «Quem fala em línguas, edifica-se a si mesmo, mas quem profetiza, edifica a assembleia» (1 Cor 14, 4). O apóstolo não despreza o dom da glossolalia, carisma de oração útil para a relação pessoal com Deus, e reconhece-o como um autêntico carisma, ainda que sem uma utilidade comum direta: «Graças a Deus, eu falo mais em línguas que todos vós. Mas, numa assembleia, prefiro dizer cinco palavras com a minha inteligência, para instruir também os outros, do que dez mil, em línguas» (1 Cor 14, 18-19).

[17] Cf. 1 Cor 12, 28: «aqueles que Deus estabeleceu na Igreja são, em primeiro lugar, apóstolos; em segundo, profetas; em terceiro, mestres; em seguida, há o dom dos milagres, depois o das curas, o das obras de assistência, o de governo e o das diversas línguas».

[18] Nos encontros comunitários, a superabundância das manifestações carismáticas pode criar mal-estar, produzindo uma atmosfera de rivalidade, desordem e confusão. Os cristãos menos dotados correm o risco de se sentirem inferiorizados (cf. 1 Cor 12, 15-16); pelo seu lado, os grandes carismáticos são tentados a assumir uma atitude de soberba e desprezo (cf. 1 Cor 12, 21).

[19] Se na assembleia não se encontra ninguém para interpretar as palavras misteriosas de quem fala em línguas, Paulo acrescenta que estes se devem calar. Se existe um intérprete, o apóstolo consente que dois, no máximo três, falem em línguas (cf. 1 Cor 14, 27-28).

[20] Paulo não aceita a ideia de uma inspiração profética incontrolável; pelo contrário, ele afirma que «as inspirações dos profetas devem submeter-se aos profetas, porque Deus não é um Deus de desordem, mas de paz» (1 Cor 14, 32-33). Ele afirma que «se algum de vós julga ser profeta ou estar na posse dos dons do Espírito, deve reconhecer, no que vos escrevo, um preceito do Senhor. Mas se alguém não o reconhecer, também não será reconhecido» (1 Cor 14, 37-38). No entanto, conclui de forma positiva, convidando a aspirar à profecia e a não impedir que se fale em línguas (cf. 1 Cor 14, 39).

[21] Cf. Pio XII, Carta enc. Mystici corporis (29 de junho de 1943): AAS 35 (1943), 206-230.

[22] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, nn. 4, 7, 11, 12, 25, 30, 50; Const. dogm. Dei Verbum, n. 8; Decr. Apostolicam actuositatem, nn. 3, 4, 30; Decr. Presbyterorum ordinis, nn. 4, 9.

[23] Id., Const. dogm. Lumen gentium, n. 4.

[24] Ibid., n. 12.

[25] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Apostolicam actuositatem, n. 3: «O Espírito Santo - que opera a santificação do Povo de Deus por meio do ministério e dos sacramentos - concede também aos fiéis, para exercerem este apostolado, dons particulares (cf. 1 Cor 12, 7), “distribuindo-os por cada um conforme lhe apraz” (1 Cor 12, 11), a fim de que “cada um ponha ao serviço dos outros a graça que recebeu” e todos atuem, “como bons administradores da multiforme graça de Deus” (1 Pe 4, 10), para a edificação, no amor, do corpo todo (cf. Ef 4, 1)».

[26] Ibid.

[27] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 12: «O juízo acerca da sua autenticidade e recto uso, pertence àqueles que presidem na Igreja e aos quais compete de modo especial não extinguir o Espírito mas julgar tudo e conservar o que é bom (cf. 1 Tess 5, 12. 19-21)». Apesar de se referir diretamente ao discernimento dos dons extraordinários, quanto se afirma aqui vale, por analogia, para todo e qualquer carisma. 

[28] Cf. Por ex. Paulo VI, Exort. Apost. Evangelii nuntiandi (8 de dezembro de 1975), n. 58: AAS 68 (1976), 46-49; Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares – Congregação para os Bispos, Notas diretivas Mutuae relationes (14 de maio de 1978): ASS 70 (1978), 473-506; João Paulo II, Exort. Apost. Christifideles Laici (30 de dezembro de 1988): AAS 81 (1989), 393-521; Exort. Apost. Vita Consecrata (25 de março de 1996): AAS 88 (1996), 377-486.

[29] A afirmação do supracitado documento interdicasterial Mutuae relationes é emblemática ao recordar que «seria grave erro tornar independentes — mais grave ainda seria contrapô-las — a vida religiosa e as estruturas eclesiais, como se pudessem subsistir quais duas realidades distintas, carismática uma, institucional a outra; ao passo que ambos os elementos, isto é, os dons espirituais e as estruturas eclesiais, formam uma só, ainda que complexa, realidade» (34).

[30] João Paulo II, Mensagem aos participantes no Congresso mundial dos Movimentos eclesiais, promovido pelo Conselho Pontifício para os Leigos (27 de maio de 1998), n. 5: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXI, 1 (1998), 1065: cf. também ID., Mensagem aos movimentos eclesiais reunidos para o II Colóquio internacional (2 de março 1987): Insegnamenti di Giovanni Paolo II, X, 1 (1987), 476-479.

[31] Bento XVI, Discurso aos participantes na Peregrinação promovida pela fraternidade de Comunhão e Libertação, por ocasião do XXV Aniversário do Reconhecimento Pontifício (24 de março de 2007): Insegnamenti di Benedetto XVI, III, 1 (2007), 558.

[32] «O caminhar juntos na Igreja, guiados pelos Pastores – que para isso têm um carisma e ministério especial – é sinal da ação do Espírito Santo; uma característica fundamental para cada cristão, cada comunidade, cada movimento é a eclesialidade»: Francisco, Homilia na Solenidade de Pentecostes com os Movimentos, as Novas Comunidades, as Associações e as Agregações laicais (19 de maio de 2013): Insegnamenti di Francesco, I, 1, (2013), 208.

[33] Id., Audiência Geral (1 de outubro de 2014): L’Osservatore Romano (2 de outubro de 2014), 8.

[34] Cf. Jo 7, 39; 14, 26; 15, 26; 20, 22.

[35] Cf. Congregação para a doutrina da fé, Decl. Dominus Jesus (6 de agosto de 2000), nn. 9-12: AAS 92 (2000), 749-754.

[36] Ireneu De Leão, Adversus haereses, IV, 7, 4: PG 7, 992-993; V, 1, 3: PG 7, 1123; V, 6, 1: PG 7, 1137; V, 28, 4: PG 7, 1200.

[37] Cf. Congregação para a doutrina da fé, Decl. Dominus Jesus, n. 12: AAS 92 (2000), 752-754.

[38] Cf. João Paulo II, Carta enc., Dominum et vivificantem (18 de maio de 1986), n. 50: AAS 78 (1986), 869-870; cf. Catecismo da Igreja Católica, 727-730.

[39] Bento XVI, Exort. Apost. Sacramentum caritatis (22 de fevereiro de 2007), n. 12: AAS 99 (2007), 114.

[40] Cf. Catecismo da Igreja Católica, nn. 1104-1107.

[41] João Paulo II, Discurso aos membros dos movimentos eclesiais e das novas comunidades na vigília de Pentecostes (30 de maio de 1998), n. 7: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXI, 1 (1998), 1123.

[42] Efrem, o Sírio, Inni sulla fede, 10, 12: CSCO 154, 50.

[43] Cipriano de Cartago, De oratione dominica, 23: PL 4, 553; cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 4.

[44] Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Unitatis redintegratio, n. 2.

[45]  Cf. Congregação para a doutrina da fé, Decl. Dominus Iesus, n. 16: AAS 92 (2000), 757: “a plenitude do mistério salvífico de Cristo pertence também à Igreja, unida de modo inseparável ao seu Senhor”.

[46] Paulo VI, Alocução de quarta-feira (8 de Junho de 1966): Insegnamenti di Paolo VI, IV (1966), 794.

[47] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 1.

[48] II Assembleia Geral Extraordinária do Sínodo Dos Bispos, Ecclesia sub Verbo mysteria Christi celebrans pro salute mundi. Relatio finalis (7 de dezembro de 1985), II, C, 1: Enchiridium Vaticanum, 9, 1800; cf. Congregação para a doutrina da fé, Carta Communionis notio (28 de maio de 1992), nn. 4-5: AAS 85 (1993), 839-841.

[49] Cf. Bento XVI, Exort. apost. Verbum Domini (30 de setembro de 2010), n. 54: AAS 102 (2010), 733-734; Francisco, Exort. apost. Evangelii gaudium, n. 174: AAS 105 (2013), 1092-1093.

[50] Cf. Basílio de Cesareia, De Spiritu Sancto, 26: PG 32, 181.

[51] J.H. Newman, Sermons Bearing on Subjects of the Day, London, 1869, 132.

[52] Cf. o que se afirma paradigmaticamente para a vida consagrada por João Paulo II, Audiência geral (28 de setembro de 1994), 5: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XVII, 2 (1994), 404-405.

[53] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 7.

[54] Ibid., n. 21.

[55] Ibid.

[56] Ibid.

[57] Basílio de cesareia, De Spiritu Sancto, 16, 38: PG 32, 137.

[58] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 28.

[59] Id., Decr. Presbyterorum ordinis, nn. 2, 3.

[60] Id., Const. dogm. Lumen gentium, n. 29.

[61] Ibid., n. 12.

[62] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. past. Gaudium et spes, nn. 4, 11.

[63] João Paulo II, Exort. apost. Christifideles laici, n. 24: AAS 81 (1989), 434.

[64] Cf. ibid., n. 29: AAS 81 (1989), 443-446.

[65] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 12.

[66] João Paulo II, Audiência geral (9 de março de 1994), n. 6: Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XVII, 1 (1994), 641.

[67] Cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 799s; Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares – Congregação para os Bispos, Notas directivas Mutuae relationes, n. 51: AAS 70 (1978), 499-500; João Paulo II, Exort. apost. Vita consecrata, n. 48: AAS 88 (1996), 421-422; Id., Audiência geral (24 de junho de 1992), n. 6 Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XV, 1 (1992), 1935-1936.

[68] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, nn. 39-42; João Paulo II, Exort. apost. Christifideles laici, n. 30: AAS 81 (1989), 446.

[69] Francisco, Exort. apost. Evangelii gaudium, n. 130: AAS 105 (2013), 1074.

[70] João Paulo II, Exort. apost. Christifideles laici, n. 30: AAS 81 (1989), 447; cf. Paulo VI, Exort. apost. Evangelii nuntiandi, n. 58: AAS 68 (1976), 49.

[71] João Paulo II, Exort. apost. Christifideles laici, n. 30: AAS 81 (1989), 446-447.

[72] Francisco, Homilia na Solenidade de Pentecostes com os Movimentos, as Novas Comunidades, as Associações e as Agregações laicais (19 de maio de 2013): Insegnamenti di Francesco, I, 1 (2013), 208.

[73] João Paulo II, Exort. apost. Christifideles laici, n. 30: AAS 81 (1989), 447; cf. Paulo VI, Exort. apost. Evangelii nuntiandi, n. 58: AAS 68 (1976), 48.

[74] João Paulo II, Exort. apost. Christifideles laici,n. 30: AAS 81 (1989), 447.

[75] Ibid.: AAS 81 (1989), 448.

[76] Cf. Ibid.: AAS 81 (1989), 447.

[77] Francisco, Exort. apost. Evangelii gaudium, n. 130: AAS 105 (2013), 1074-1075.

[78] Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares – Congregação para os Bispos, Notas Directivas Mutuae relationes, n. 12: AAS 70 (1978), 480-481; Cf. João Paulo II, Discurso aos pertencentes aos movimentos eclesiais e às novas comunidades na vigília de Pentecostes (30 de maio de 1998), n. 6; Insegnamenti di Giovanni Paolo II, XXI, 1 (1998), 1122.

[79] Paulo VI, Exort. apost. Evangelii nuntiandi, n. 58: AAS 68 (1976), 48.

[80] Ibid.; cf. Francisco, Exort. Apost. Evangelii gaudium, nn. 174-175: AAS 105 (2013), 1092-1093.

[81] João Paulo II, Exort. apost. Chistifideles laici, n. 30: AAS 81 (1989), 448.

[82] Francisco, Exort. apost. Evangelii gaudium, n. 177: AAS 105 (2013), 1094.

[83] João Paulo II, Exort. apost. Christifideles laici, n. 30: AAS 81 (1989), 448.

[84] Ibid.

[85] Cf. Francisco, Exort. apost. Evangelii gaudium, nn. 184, 221: AAS 105 (2013), 1097, 1110-1111.

[86] Ibid., n. 186: AAS 105 (2013), 1098.

[87] Cf. Congregação para a doutrina da fé, Carta Communionis notio, n. 7: AAS 85 (1993), 842.

[88] Ibid., n. 9: AAS 85 (1993), 843.

[89] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 23.

[90] Id., Decr. Christus Dominus, n. 11.

[91] Cf. Ibid., 2; Congregação para a doutrina da fé, Carta Communionis notio, nn. 13-14, 16: AAS 85 (1993), 846-848.

[92] Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Chistus Dominus, n. 11.

[93] Cf. Ibid., 35; Código de Direito Canónico, can. 591; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, can. 412, § 2; Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares – Congregação para os Bispos, Notas Directivas Mutuae relationes, n. 22: AAS 70 (1978), 487.

[94] Cf. Congregação para a doutrina da fé, Carta Communionis notio, n. 15: AAS 85 (1993), 847.

[95] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum, n. 8; Catecismo da Igreja Católica, nn. 888-892.

[96] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum, n. 8.

[97] Id., Const. dogm. Lumen gentium, n. 10.

[98] João Paulo II, Exort. apost. Pastores gregis (16 de outubro de 2003), n. 10: AAS 96 (2004), 838.

[99] Cf. Id., Exort. apost. Christifideles laici, n. 29: AAS 81 (1989), 443-446.

[100] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 10.

[101] Id., Const. past. Gaudium et spes, n. 52; cf. João Paulo II, Exort. apost. Familiaris consortio (22 de novembro de 1981), n. 72: AAS 74 (1982), 169-170.

[102] Cf. João Paulo II, Exort. apost. Pastores dabo vobis (25 de março de 1992), n. 68: AAS 84 (1992), 777.

[103] Cf. ibid., nn. 31, 68: AAS 84 (1992), 708-709, 775-777.

[104] Cf. Código de Direito Canónico, can. 265; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, can. 357, § 1.

[105] Cf. Código de Direito Canónico, can. 273; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, can. 370.

[106] Cf. Congregação para os Religiosos e os Institutos Seculares – Congregação para os Bispos, Notas directivas Mutuae relationes, nn. 19, 34: AAS 70 (1978), 485-486, 493.

[107] João Paulo II, Exort. apost. Vita consecrata, n. 31: AAS 88 (1996), 404-405.

[108] Cf. Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 43.

[109] Ibid., 44; cf. Decr. Perfectae caritatis, n. 5; João Paulo II, Exort. apost. Vita consecrata, nn. 14, 30: AAS 88 (1996), 387-388, 403-404.

[110] Cf. Código de Direito Canónico, can. 307 § 3; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, can. 578, § 3.

[111] Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e sociedades de vida apostólica, Instr. Partir de Cristo (19 de maio de 2002), n. 30: Enchiridion Vaticanum, 21, 472.

[112] Cf. João Paulo II, Exort. apost. Pastores dabo vobis, nn. 27-30: AAS 84 (1992), 700-707.

[113] Cf. Paulo VI, Carta enc. Sacerdotalis caelibatus (24 de junho de 1967): AAS 59 (1967), 657-697.

[114] Bento XVI, Exort. apost. Sacramentum caritatis, n. 24: AAS 99 (2007), 124.

[115] Cf. João Paulo II, Exort. apost. Pastores dabo vobis, n. 29: AAS 84 (1992), 703-705; Conc. Ecum. Vat. II, Decr. Presbyterorum ordinis, n. 16.

[116] A forma jurídica mais simples para o reconhecimento das realidades eclesiais de natureza carismática é ainda hoje a da Associação privada de fiéis (cf. Código de Direito Canónico, cann. 321-326; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cann. 573, § 2 - 583). No entanto, devem considerar-se atentamente também outras formas jurídicas com as suas características específicas próprias, como, por exemplo, as Associações públicas de fiéis (cf. Código de Direito Canónico, cann. 312-320; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cann. 573, § 1 - 583), as Associações de fiéis “clericais” (cf. Código de Direito Canónico, can. 302), os Institutos de vida consagrada (cf. Código de Direito Canónico, cann. 573-730; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, cann. 410-571), as Sociedades de vida apostólica (cf. Código de Direito Canónico, cann. 731-746; Código dos Cânones das Igrejas Orientais, can. 572) e as Prelaturas pessoais (cf. Código de Direito Canónico, cann. 294-297).

[117] Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, n. 62.

[118] Francisco, Exort. apost. Evangelii gaudium, n. 287: AAS 105 (2013), 1136.

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Pe. Zollner: Papa encoraja diplomados no curso sobre Tutela de Menores

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Cidade do Vaticano (RV) – “Vocês estão realizando um grande esforço para prevenir e curar a chaga dos abusos contra menores, tenham coragem e paciência. Estou certo de que vocês encontrarão muitos sorrisos de gratidão”. Assim o Papa Francisco, em uma mensagem, saúda os primeiros 19 estudantes, religiosos e leigos de todo o mundo, diplomados na Pontifícia Universidade Gregoriana no Curso de Estudos Avançados intitulado “Tutela de Menores”.  Nesta terça-feira foi realizada no Ateneu a cerimônia de conclusão do semestre. 

Iniciado em fevereiro de 2016 e oferecido uma vez ao ano – por meio de uma seleção – o Curso é interdisciplinar e interativo e deseja ser uma ulterior resposta responsável da Igreja sobre a uma questão que já causou tanto sofrimento. O Papel e a formação dos novos “experts”, nas palavras do Padre Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores e Presidente do Centro para a Proteção de Menores da Gregoriana:

“Chegaram mais pedidos do que aqueles que poderíamos aceitar... No final, acolhemos 19, de 14 países de quatro continentes. Neste ano, uma clara maioria de pessoas vindas da África, que poderão ajudar assim as Igrejas locais, as Congregações religiosas e as instituições católicas em países onde até agora, no papel, talvez se fale dos direitos das crianças, mas de concreto existe bem pouco. Portanto, pessoas especializadas, capazes não somente de escrever documentos, mas realmente também de dissuadir as pessoas que sabem que acontecem crimes horríveis, mas não sabem como agir, que não sabem quais são as leis no país em que vivem, com as normas canônicas para a Igreja”.

RV: Quais os pré-requisitos exigidos para frequentar o curso?

“Os requisitos é que tenham o primeiro grau acadêmico, uma carta de recomendação de um Superior ou de uma Conferência Episcopal. A terceira exigência é que deveria ser demonstrado também um interesse pessoal para desenvolver este trabalho, pois este é um campo muito delicado e também muito pesado, e portanto, uma pessoa não pode simplesmente vir porque lhe foi pedido, mas deve vir por ter uma motivação própria, para depois retornar ao país de proveniência e poder trabalhar realmente de forma eficaz”.

RV: A abordagem do curso é interdisciplinar, correto?

“Sim, foram tratados temas que englobam diversas áreas do conhecimento: psicologia, psiquiatria, jurisprudência – do Direito Canônico às Ciências Sociais – saúde pública, até a teologia. Para nós é muito importante - e esta, acredito, é também a unicidade deste programa - colocar juntas todas as dimensões da pessoa humana, em uma visão realmente onicompreensiva. Temos também uma certa variedade de competências que cada candidato traz consigo e então temos buscado completar esta visão. Os candidatos poderão agora trabalhar nos setores de proteção ou de intervenção e poderão ser inseridos na Pastoral familiar, porque sabemos que em muitos países do mundo o grande problema está no contexto familiar”.

RV: O amor incondicional de Deus é vital para recuperar, para curar, os sobreviventes de tais experiências. Porém, é também importante o rigor e a firmeza de algumas decisões. Qual a sua opinião a respeito da última decisão do Papa na forma de Motu Proprio, no que tange aos bispos?

“O Motu Proprio “Como uma mãe amorosa” sublinhou algo que juridicamente já era claro e que o Santo Padre esclareceu muito bem e de forma muito decidida: que estes fatos não são algo leve. Especificou que a negligência do ofício em relação ao assunto do abuso dos menores não deve ser muito grave para ser julgado como crime, mas já no caso de uma “negligência”, pode ser julgado como um crime”.

RV: Com o tempo, com a educação, será possível erradicar esta chaga?

“Esta é uma das expectativas de todos aqueles que estão realmente se esforçando neste sentido, e é uma expectativa também compreensível. Mas, infelizmente, enquanto seres humanos, não será erradicado de uma vez por todas, é impossível. O mal está conosco. Infelizmente esta é a realidade da condição humana, a de que somos vulneráveis ao mal. Neste sentido, é importantíssimo que se faça o possível para que estes casos se verifiquem o menos possível. Por isto devemos estar muito alertas, alterando não somente os conhecimentos – porque os temos – mas precisamos desenvolver a atitude apropriada e também prontos para intervir, de modo que os mais vulneráveis sejam mais protegidos. Jesus nos ajuda e nos dá esperança, mas também temos de fazer a nossa parte”. (JE/GC)

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Cardeal Sandri abre trabalhos da plenária da Roaco

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Cidade do Vaticano (RV) - O Prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo Sandri, abriu a 89ª plenária anual da Reunião das Obras de Ajuda para as Igrejas Orientais (Roaco), nesta terça-feira (14/06), no Vaticano.
 
Destacando a importância da dimensão pastoral diante do fenômeno da migração, o purpurado propôs iniciar com o envio “de pelo menos um presbítero por região eclesiástica latina, pelo menos aquelas onde a presença oriental é mais forte”. “Isso deveria ser sentido como um dever que se transformará numa riqueza, porque é capaz de sentir a unidade na multiplicidade e a comunhão que torna bonita a única esposa de Cristo”.

Aprofundando o tema da formação, no centro dos trabalhos da plenária, o Cardeal Sandri evidenciou que “existe uma dimensão certamente material” na qual estão envolvidos o dicastério e algumas agências: as bolsas de estudo para os estudantes nos oito colégios orientais, em Roma, como as garantidas nos países de proveniência ou de origem dos católicos orientais. 

O purpurado fez uma reflexão sobre a qualidade da formação e fez referência à escolha e preparação dos formadores, como também aos currículos que são propostos aos candidatos para a ordem sacra. “Sobre esses temas estão em andamento uma avaliação e colaboração entre o nosso dicastério e a Congregação para o Clero e para os seminários. A Congregação para as Igrejas Orientais registra nas áreas geográficas de competência algumas carências nesses âmbitos”, frisou. 

O Cardeal Sandri sublinhou que esta sessão plenária é a ultima antes da abertura da celebração do centenário do dicastério, fundado, em maio de 1917, com o Motu Proprio ‘Dei providentis’ de Bento XV. Junto com o Pontifício Instituto Oriental, criado no mesmo ano, estão sendo programadas uma série encontros para celebrar e aprofundar esse evento. (MJ)

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Card Müller: fundamental sinergia entre movimentos e instituições

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Cidade do Vaticano (RV) – Um documento positivo para renovar o valor dos dons carismáticos na vida da Igreja. Em síntese, foi o que emergiu na coletiva de Imprensa de apresentação do documento Iuvenescit Ecclesi (“A Igreja rejuvenesce”), realizada esta terça-feira (14/06). Entre os relatores que se sucederam na Sala de Imprensa da Santa Sé, o Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Müller, e o Prefeito da Congregação para os Bispos, Cardeal Marc Ouellet. 

O documento, de fato, vem de longe, de uma instituição de São João Paulo II, inspirada no Concílio Vaticano II, e que agora, significativamente, chega a seu termo com a publicação pelo Papa Francisco.

Card. Müller: favorecer a ordenada comunhão dos dons carismáticos

Iuvenescit Ecclesia – sublinhou o Cardeal Müller – concentra-se em problemáticas  teológicas mais do que pastorais, retomando o princípio elaborado pelo Papa Wojtyla da “coexistencialidade” entre dons hierárquicos e carismáticos:

“O objetivo do presente documento é o de favorecer – por meio de uma aprofundada consciência dos elementos essenciais relativos a dons hierárquicos e carismáticos, e acima de toda estéril contraposição ou justaposição – a sua ordenada comunhão, relação e sinergia, em vista de um renovado ímpeto missionário eclesial e daquela “conversão pastoral” à qual continuamente nos chama o Papa Francisco”.

O Prefeito da Doutrina da Fé sublinhou a capacidade da Igreja de ser renovada pelo Espírito Santo também em tempos difíceis. Portanto, reiterou que não existe uma “Igreja do Espírito” contraposta a uma “Igreja da Instituição”, porque “dons hierárquicos e carismáticos” estão sempre relacionados uns com os outros. E ressaltou o papel dos Pontífices do pós-Concílio em acolher e valorizar os dons das diversas formas de movimentos eclesiais:

“Nos fatos, foi precisamente o Sucessor de Pedro a favorecer uma comunicação e comunhão entre dons hierárquicos e carismáticos a nível da Igreja universal, valorizando a difusão missionária dos movimentos e das novas comunidades eclesiais dentro das diversas Igrejas particulares, especialmente naquelas que necessitavam de uma nova evangelização”.

Card. Ouellet: movimentos não se contraponham aos bispos

O Cardeal Marc Ouellet, por sua vez, sublinhou o grande papel que o Concílio, e depois em particular São João Paulo II, atribuíram aos Movimentos como “novas formas de testemunho da fé”, capazes de “responder ao desafio de uma nova evangelização das sociedades secularizadas”. O Papa Francisco – observou o Cardeal canadense – ajuda os pastores a serem mais acurados no discernimento dos carismas, em um momento em que se sublinha fortemente a dimensão missionária da Igreja. Por isto – afirmou – é visto positivamente o novo documento Iuvenescit Ecclesia:

“Não se trata, na prática, de nivelar as diferenças entre os dons hierárquicos e os carismáticos, mas de integrar melhor os carismas variegados da vida consagrada nas Igrejas particulares sob a guia dos bispos, os quais têm a missão de discernir, acolher e acompanhar as realidade carismáticas suscitadas pela ação do Espírito Santo na comunidade eclesial”.

Os Cardeais Müller e Ouellet não deixaram, por fim, de evidenciar a importância da dimensão social entre os critérios de discernimento dos movimentos. Para Francisco – disse o Prefeito do dicastério para os Bispos – é fundamental que os carismas estejam a serviço da Igreja local e nunca em contraposição aos pastores.

A coletiva de imprensa também contou com a participação do teólogo Mons. Piero Coda - que ressaltou a “convergência” dos últimos Papa em relação aos Movimentos e sobre o respiro positivo do novo documento – e da Prof. Maria del Carmen Aparicio Valls, que falou da dinâmica instituição-carismas a partir da sua experiência pessoal como membro da Instituição teresiana. (JE/AG)

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Mais de 1.800 consultas durante Jubileu dos Enfermos

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Roma (RV) -  Durante o Jubileu dos Enfermos e das Pessoas com Deficiência, mais de 1.800 consultas médicas foram oferecidas a 600 pessoas necessitadas nos “Health Points” (Pontos de Saúde) de diagnose e assistência, montados em São Pedro no Vaticano, Basílicas São João de Latrão, Santa Maria Maior e São Paulo fora-dos-muros.

De fato, de sexta-feira 10 a domingo 12 de junho, nos quatro " Health Points", foram oferecidas gratuitamente aos sem-teto e migrantes, consultas com especialistas, exames de prevenção e vacinação oferecidos por médicos voluntários pertencentes às principais estruturas de saúde da capital italiana.

A iniciativa nasceu da colaboração entre o Pontifício Conselho para a Nova Evangelização e a MedTAG - líder mundial em serviços de formação, por meio da simulação para a cura, a prevenção e a segurança dos pacientes.

Em ao menos uma - em cada vinte pessoas consultadas -  foi identificado algum problema médico ou psicológico com características de urgência, e do qual a pessoa não tinha consciência. Diabete, hipertensão e doenças cardiovasculares foram as patologias encontradas com maior frequência na área da medicina interna, enquanto na área dermatológica despontaram as micoses, verrugas e sarna.

Também foram identificadas entre as pessoas consultadas suspeitas de tumores. Para estes, foram marcados nos próximos dias os necessários exames de aprofundamento em regime de internação ou ambulatorial, enquanto para as pessoas com patologias crônicas foi indicada a melhor maneira para os controles sucessivos.

A segunda edição da iniciativa será em escala europeia no mês de novembro, próximo à conclusão do Jubileu Extraordinário da Misericórdia. Os mesmos serviços serão oferecidos a seis mil pessoas necessitadas provenientes de toda a Europa. (JE)

 

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O Papa no YouTube com a Redação Brasileira

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Cidade do Vaticano (RV) – A Redação Brasileira da Rádio Vaticano assumiu um novo desafio: transmitir em português ao vivo pelo YouTube os principais eventos do Papa Francisco e da Santa Sé. 

Para receber os avisos sobre as futuras transmissões inscreva-se em nosso canal VaticanBR.

A iniciativa atende às exigências das novas ferramentas de comunicação, com atenção especial à evangelização por meio da internet, com ênfase nas redes sociais.

Ao promover a difusão da mensagem do Papa em língua portuguesa, a Redação Brasileira proporciona um ponto de encontro online com informação precisa e direta da fonte.

A interação é uma das principais características da nova ferramenta, que oferece a possibilidade de enviar mensagens ao vivo durante as transmissões.

Como um novo marco nas comunicações vaticanas para os católicos brasileiros e lusófonos, convidamos todos a compartilhar e inscrever-se neste novo canal de informação dedicado ao Magistério do Papa Francisco.

Os eventos ao vivo também serão promovidos em nosso Twitter e Facebook.

(rb)

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Igreja no Brasil



Aviso de atraso nas transmissões ao vivo

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Cidade do Vaticano (RV) – Devido a um problema técnico relativo à fibra ótica que afeta as transmissões via satélite da RV, nossos programas diários estão indo ao ar com um atraso de 30 a 90 segundos.

Nesta fase de emergência, as emissoras que desejam podem captar o nosso sinal ao vivo, diretamente da página inicial da Rádio Vaticano, escolhendo o ícone Rádio e sucessivamente, ‘channel 9’.

Nosso suporte técnico está trabalhando para que tudo volte ao normal o mais rapidamente possível.

(CM)

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Igreja no Mundo



Patriarcado russo pede adiamento do Concílio Pan-ortodoxo

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 Creta (RV) – A Igreja russa, que tem a jurisdição de mais de metade dos cristãos ortodoxos, anunciou na tarde de segunda-feira, (13/06), que não vai participar do Concílio de Creta, programado de 19 a 26 de junho, se todas as Igrejas não confirmarem sua presença. 

 

Em reunião em Moscou, o Sínodo extraordinário da Igreja russa, com o Patriarca Kirill, tomou a decisão depois das defecções dos últimos dias, quando outras Igrejas haviam pedido o adiamento. Se a petição não for aceita, os russos não tomarão parte do Concílio.

“Todas as Igrejas devem participar do Concílio pan-ortodoxo – declarou o metropolita Hilarion Alfeyev, chefe do Departamento de Relações exteriores do Patriarcado russo – e somente neste caso as decisões tomadas no Concílio serão legitimadas”.

O metropolita, no entanto, minimiza as dificuldades: “A situação não é catastrófica, é regular”.

O Concílio de Creta seria o primeiro de todas as Igrejas ortodoxas depois de mais de mil anos, e sua preparação levou mais de cinquenta anos.

“Se consideramos que a preparação não está completa e que alguns problemas ainda não estão esclarecidos, é melhor adiar o Concílio do que fazer as coisas com pressa”, afirmou o metropolita Hilarion, domingo, 12 de junho.

A primeira desistência foi anunciada pela Igreja búlgara, seguida pela Igreja sérvia e o Patriarcado de Antioquia.

Por enquanto, o Patriarcado ecumênico de Constantinopla, responsável pela organização do Concílio de Creta, se nega a adiar o evento. 

(CM)

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Alemanha: Publicados diários do Card. Kozłowiecki do período em Campos de Concentração

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Berlim (RV) -  “Not und Bedrängnis” (Necessidade e dificuldade) é o título do diário do Cardeal Adam Kozłowiecki (1911-2007), lançado nestes dias na Alemanha. Os escritos trazem um relato do período em o jesuíta ficou prisioneiro nos Campos de Concentração de Auschwitz e Dachau, de 1939 à 1945. A primeira edição da obra foi lançada em polonês há 60 anos.

O jesuíta, criado Cardeal por João Paulo II em 1998, foi um dos milhares de sacerdotes e religiosos prisioneiros provenientes de toda a Europa, deportados pelos nazistas.

A publicação - que tem o prefácio do Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinahrd Marx - descreve com precisão "a impiedade das relações dos detentos das várias nacionalidades com os guardas dos Campos e também entre eles", observa o Capelão do Memorial das vítimas da II Guerra Mundial de Munique (Bavária), Ludwig Schmidinger. O valor especial e permanente da publicação - avalia - está "no alto grau de auto-análises". Nos diários, o autor fala também de sua fé cristã colocada à prova nos Campos de Concentração.

Kozłowiecki foi por muitos anos missionário na Zâmbia, obtendo a cidadania do país, onde foi também Arcebispo da capital Lusaka e Presidente da Conferência Episcopal.

O livro foi editado na Alemanha pela Editora Friedrich Puste, de Regengsburg. (JE)

 

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Palcos dos principais eventos da JMJ começam a ganhar cara

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Cracóvia (RV) – O Campus Misericordiae, local do Missa de Envio presidida pelo Papa ao final da Jornada Mundial da Juventude, em 31 de julho, começa a receber a instalação do grande palco e altar.

São quatro níveis projetados em uma área de 6,2 mil m² que vai receber uma cruz de 28 metros. A cátedra do Papa ficará a 8 metros do solo.

As imponentes medidas, explica o Comitê Organizador Local, são necessárias devido ao grande número de concelebrantes: mais de 1 mil bispos, sem contar os sacerdotes.

O projeto contempla ainda duas áreas que receberão o coral e a orquestra, e o Festival da juventude que precederão à Vigília de sábado.

Via-Sacra

Já o altar que está sendo construído no parque de Blonia, local da missa de abertura da JMJ, que também vai receber a festa de acolhida do Papa em 28 de julho e a Via-Sacra no dia 29, tem dimensões menores.

São três níveis em uma área de 1,7 m² com a cátedra a pouco menos de 5 metros do solo. A cruz terá 30 metros.

“Gaudí” polonês

Ambas estruturas foram criadas por Stanislaw Niemczyk, conhecido por ser o Gaudí polonês em razão de seus projetos sacros.

“Serão Igrejas sem muros – disse o arquiteto – que assim podem abraçar o mundo inteiro”.

As cores usadas são as mesmas da logomarca da JMJ: branco, azul e vermelho. A unir ambos altares, a imagem de Jesus Misericordioso, que será o elemento principal para evidenciar a ideia da misericórdia que permeia o tema da JMJ: “Beatos os misericordiosos”, extraídos das Bem-aventuranças.

(sir/rb/ip)

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Futebol: Bispos franceses pedem paz aos torcedores

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Paris (RV) - A Conferência Episcopal Francesa emitiu um comunicado a propósito do Campeonato Europeu de Futebol, que está se realizando no país, para apelar a uma competição "pacífica" e baseada na “solidariedade” entre as equipes e seus torcedores.

Numa nota publicada através da internet, os bispos realçam que o Campeonato tem na sua base “um compromisso significativo para com a fomentação do desportismo” entre todos os países e da “comunhão que a sociedade tanto precisa”.

Dirigindo-se a atletas e torcedores, a Igreja francesa pede que todos rejeitem a violência e a primem pelo “fair-play”, vivendo cada jogo em espirito de “fraternidade”.

Paz

Aos jogadores, os bispos pedem que “deem o exemplo”, evitando qualquer tipo de “agressão física” dentro do campo.

“Um bom Campeonato Europeu será um campeonato sem cartões vermelhos”, frisam os prelados.

Desde que a competição começou, no dia 10 de junho, já se registaram diversos confrontos entre torcedores. Os mais graves envolveram centenas de ingleses e russos em Marselha e resultaram em pelo menos um ferido grave, um torcedor britânico de 50 anos que está em coma.

(bf)

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Formação



Perdoar: obra fundamental de misericórdia

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Cidade do Vaticano (RV) - Neste espaço dedicado ao Ano Jubilar, estamos aprofundando as obras espirituais de misericórdia.

Nossa convidada é a Superiora das Irmãs da Divina Providência, Ir. Márian Ambrósio. Nas edições precedentes, Ir. Márian comentou as obras em grupos, deixando por último uma que ela considera fundamental: perdoar.

De tão significativa, a esta obra dedicaremos duas edições. E Ir. Márian nos explica porquê:

 

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Hanseníase no Brasil: focar nas crianças para combater o preconceito

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Cidade do Vaticano (RV) - O Pontifício Conselho da Pastoral para os Agentes de Saúde promoveu recentemente, em Roma, a conferência internacional sobre a hanseníase intitulada “Por uma cura holística que respeite a dignidade dos hansenianos”. 

O encontro contou com a participação de vários brasileiros. Um deles é Dra. Rosa Castália França Ribeiro Soares da Coordenação-Geral da Hanseníase e Doenças Negligenciadas. Ela representou o Ministério da Saúde.

Dra. Rosa nos fala sobre a situação da hanseníase no Brasil. (MJ)

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Atualidades



'Morrer de esperança': cerimônia recorda mortos no Mediterrâneo

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Madri (RV) – “Morrer de esperança” é o lema da celebração organizada pela Comunidade de Santo Egídio e outras organizações católicas na igreja de São Roberto Bellarmino em Madri, no dia 26 de junho.

Estima-se que, em 2015, cerca de 3.771 migrantes morreram na tentativa de atravessar o Mediterrâneo.

Um verdadeiro ‘annus horribilis’, o pior jamais registrado desde que o drama dos refugiados se tornou o pior retrato desta época.

A Organização Mundial para Migrações, OIM, calcula que chegaram às costas europeias naquele ano mais de 996.645 pessoas. O número exato de mortos somente o mar conhece.

Na Espanha, o bispo de Albacete e Presidente da Comissão dos Migrantes da Conferência Episcopal espanhola (CEE), Dom Ciriaco Benavente, presidirá a missa fúnebre em memória de todas as pessoas mortas na tentativa de atravessar o Mediterrâneo.

A cerimônia se encerrará com a recordação dos ‘mortos de esperança’ e testemunhos de quem conseguiu se salvar.

(CM)

 

 

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Primeiros diplomados na "Tutela de Menores"

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Roma (RV) - A primeira classe de participantes do curso de Diploma de Estudos Avançados em “Tutela de Menores” será celebrada com uma cerimônia oficial de entrega do título na Pontifícia Universidade Gregoriana, na manhã deste 14 de junho.

O programa semestral é destinado a estudantes internacionais e os forma para que se tornem especialistas em prevenção, capazes de contrastar os abusos sexuais de menores. Esta iniciativa, a única no mundo, foi lançada em fevereiro de 2016, dentro da ativa estratégia de prevenção promovida pela Igreja Católica.

Curar a chaga

O Papa Francisco enviou uma carta pessoal ao Presidente do Centro de Proteção à Criança (CCP), expressando sua gratidão aos professores e aos recém-diplomados:

“Em primeiro lugar eu quero agradecer ao senhor e seus colegas para esta iniciativa que contribui para a prevenção dos abusos sobre menores. Vocês estão fazendo um grande esforço para prevenir e curar a chaga do abuso infantil. Além disso, dirijo a minha saudação aos que concluíram o curso. Faço votos de que tenham coragem e paciência; que sejam audazes e empreendedores. Estou certo de que vão encontrar muitos sorrisos de gratidão. Rezo por vocês e peço-lhes que façam o mesmo por mim”.

O diploma é concedido pelo CCP da Pontifícia Universidade Gregoriana. O CCP é uma instituição da Igreja Católica de apoio a medidas de prevenção e tutela para os menores e os mais fracos do mundo.

Prevenção

Também o Cardeal Filoni, Prefeito da Congregação para a Evangelização dos Povos, elogia a iniciativa do CCP:

“A prevenção dos abusos sobre menores é uma prioridade para toda a Igreja. De maneira especial queremos nos empenhar nas jovens Igrejas para que façam todo o possível para combater este triste fenômeno nas escolas, creches, universidades, paróquias. Por isso, a Congregação para a Evangelização dos Povos tem o prazer de apoiar os esforços formativos e acadêmicos do Centro de Proteção à Criança”.

Participantes

Em referência à abordagem internacional do curso, o Vice-Reitor Acadêmico da Pontifícia Universidade Gregoriana e Presidente do CCP, Pe. Hans Zollner SJ observou: “Os nossos alunos vêm de 15 países e quatro continentes. Em muitos destes países é subestimada a importância da prevenção da criança. Especialmente nestes países há necessidade de especialistas com uma sólida formação em matéria de prevenção, na Igreja e na sociedade, que promovam e potenciem a proteção dos menores”.

O curso de Diploma de Estudos Avançados em “Tutela de Menores” teve início em fevereiro de 2016 e será oferecido uma vez por ano. Cada turma será composta de 18-20 alunos. Os formulários de inscrição para a edição 2017 podem ser enviados até 30 de junho de 2016. Mais informações estão disponíveis neste site.

Recebem o Diploma nesta terça-feira 19 estudantes. (SP)

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Em Fátima, Card. Braz de Aviz denuncia primazia do dinheiro

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Fátima (RV) – O Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Cardeal João Braz de Aviz, presidiu na segunda-feira, (13/06), à Missa da Peregrinação Internacional de 13 de junho, no Santuário de Fátima, em Portugal.

Na homilia, o Cardeal brasileiro denunciou a primazia do dinheiro: “Num tempo de solidão, os nossos relacionamentos estão muito estragados, a nossa sociedade está organizada em função do dinheiro. O dinheiro comanda. Quem tem muito, orienta-se bem, quem tem pouco, procura sobreviver”, referiu D. João, pedindo que termine o “mundo de cobranças” e de “escravidões”.

Para o responsável pela Congregação da Vida Consagrada na Santa Sé, é necessário “misericórdia” e “acolhimento” e Fátima pode ser o “caminho para construir a paz que vem do coração”.

Misericórdia

“Nós podemos aproximar-nos desta Mãe, deste Deus e saber que Ele nos acolhe, que Ele nos pode mostrar uma outra estrada, que ele não olha aos nossos erros, que nos quer bem”, afirmou.

Dom João indicou que cada um deve tornar-se misericordioso "como Pai é misericordioso" e cumprir assim  o grande programa do Jubileu da Misericórdia”.

"Este ano vai passar, o que não pode passar é a misericórdia no nosso coração”, sublinhou o cardeal brasileiro.

O Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica presidiu à peregrinação de 13 de junho no Santuário de Fátima, onde esteve como delegado do Papa Francisco no IV Congresso Eucarístico Nacional, que se realizou entre os dias 10 e 12 de junho.

(BF/Ecclesia)

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Arquidiocese do Rio abre os braços para voluntários dos Jogos Olímpicos

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Rio de Janeiro (RV) - A Arquidiocese do Rio de Janeiro firmou na segunda-feira, (13/06,) uma parceria com o Rio 2016 para dar apoio ao programa Meu Lugar no Rio, plataforma colaborativa que tem como objetivo facilitar a busca por hospedagem pelos voluntários que atuarão Jogos Olímpicos e Paralímpicos.

Com o sucesso da Jornada Mundial da Juventude, realizada em 2013 e que teve mais de 80 mil peregrinos hospedados em casas de família, a arquidiocese vê no Rio 2016 uma oportunidade de acolhimento de pessoas que vêm à cidade para ser parte fundamental na organização do maior evento esportivo do mundo.

Acolhida

“Quem vier ao Rio será muito importante para os Jogos, até porque o Rio é um lugar acolhedor, como foi demonstrado na Jornada Mundial da Juventude. Os eventos são diferentes, mas vale o mesmo espírito, a importância de acolher alguém. Agora, os voluntários”, disse o cardeal-arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, minutos antes de celebrar a concorrida missa de Santo Antônio, no convento localizado no Largo da Carioca.

O Meu Lugar no Rio é uma plataforma colaborativa online produzida pelo Comitê Organizador dos Jogos Rio 2016. O objetivo é possibilitar o encontro de pessoas que têm um lugar para oferecer hospedagem e os voluntários que vêm à cidade para atuar durante os Jogos Olímpicos (entre 5 e 21 de agosto) e Paralímpicos (entre 7 e 18 de setembro).

Como funciona

O funcionamento é bastante simples: moradores da região metropolitana do Rio se cadastram como candidatos a anfitriões para receber um voluntário, que, por sua vez, faz o seu cadastro sinalizando que procura um lugar para ficar durante os Jogos. Após o cadastro, é preciso apenas navegar pelo site, achar a pessoa, iniciar a conversa por e-mail e combinar os termos da estadia.

“A parceria com a arquidiocese do Rio é muito importante para facilitar o encontro com pessoas que já abriram seu coração durante a Jornada Mundial da Juventude e que agora podem, de novo, demonstrar sua solidariedade com os voluntários do Rio 2016”, declarou Flávia Fontes, gerente geral do Programa de Voluntários do Rio 2016.​

(rio 2016/rb)

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