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Sumario del 15/06/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Audiência: Com Jesus, passamos de mendigos a discípulos

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Cidade do Vaticano (RV) – A Praça S. Pedro ficou lotada nesta quarta-feira (15/06) para a Audiência Geral com o Papa Francisco. 

Antes de se dirigir à multidão, o Pontífice a saudou a bordo do seu papamóvel, recebendo e retribuindo o carinho dos peregrinos. O tema de sua catequese foi a cura do cego de Jericó, “um episódio que nos toca diretamente”, afirmou o Papa.

Naqueles tempos – mas até pouco tempo atrás – um cego só podia viver de esmolas. “A figura deste cego representa tantas pessoas que, também hoje, se encontram marginalizadas por causa de um problema físico e ou de outro gênero”, acrescentou Francisco. Na beira da estrada, o cego é apartado e reprovado pela multidão, porque clama por Jesus. “Não sentem compaixão por ele; pelo contrário, se sentem incomodados com seus gritos.

Indiferença e hostilidade

“Quantas vezes vemos nas ruas pessoas doentes, sem comida... e nos sentimos incomodados. Vemos refugiados e isso nos incomoda. É uma tentação que tomos temos, até eu. E por vezes, a indiferença e a hostilidade se transformam em agressão e insulto... ‘Mandem embora essa gente’...” A indiferença e a hostilidade tornam cegos e surdos, impedem de ver os irmãos e não permitem reconhecer neles o Senhor”, completou o Papa.

Mas sem se deixar intimidar, o cego clama várias vezes, reconhecendo Jesus como Filho de Davi, o Messias aguardado. Diferentemente da multidão, este cego vê com os olhos da fé. Graças a ela, a sua súplica tem uma eficácia poderosa. Jesus então tira o cego da margem da estrada e o coloca no centro da atenção dos seus discípulos e da multidão. “Pensemos em nossas situações ruins, de pecado: Jesus segura a nossa mão e nos conduz ao caminho da salvação”.

O excluído no centro

Deste modo, obriga todos a se conscientizarem de que a boa nova implica colocar no centro do próprio caminho quem está excluído. “A passagem do Senhor é um encontro de misericórdia que reúne todos em volta Dele para permitir reconhecer quem necessita de ajuda e de consolação”, disse ainda o Papa.

Quando Jesus passa, há libertação e salvação

“É a ‘passagem’ da páscoa, o início da libertação: quando Jesus passa sempre há libertação, sempre há salvação! Também em nossa vida Jesus passa e quando percebemos, é um convite a sermos melhores, a segui-Lo”, improvisou ainda.

Como um servo humilde, Jesus pergunta o que o cego deseja. Este por sua vez responde chamando-o não mais de “Filho de Davi”, mas “Senhor” e pedindo para recuperar a visão. O seu desejo é atendido com essas palavras: “Vê; a tua fé te salvou”.

De mendigo a discípulo

Graças à fé, o cego recupera a visão e, sobretudo, se sente amado por Jesus. Por isso, decide segui-Lo, se faz discípulo. “De mendigo a discípulo. Todos nós somos mendicantes, passamos de mendigos a discípulos”. Quem queriam calar, agora testemunha em alta voz o seu encontro com Jesus de Nazaré. Verifica-se então um segundo milagre: a cura do cego permite que também a multidão veja além das aparências. “Assim Jesus derrama a sua misericórdia sobre todos os que encontra: os chama, os reúne, os cura e os ilumina, criando um novo povo que celebra as maravilhas do seu amor misericordioso. Mas deixemos que Jesus nos cure, nos perdoe e sigamo-Lo”, concluiu o Papa.

(BF/CM)

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Papa recebe premier da Holanda: nos colóquios, o fenômeno das migrações

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência na manhã desta quarta-feira, no Vaticano, o Primeiro-ministro da Holanda, Mark Rutte, o qual, sucessivamente, encontrou o Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, acompanhado do Secretário das Relações com os Estados, Dom Paul Richard Gallagher.

Segundo comunicado da Sala de Imprensa da Santa Sé, durante as cordiais conversações foram evidenciadas as boas relações bilaterais entre a Holanda e a Santa Sé. Em seguida, detiveram-se sobre questões de interesse comum, como o fenômeno das migrações, e foram analisadas diferentes problemáticas de caráter internacional.

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Encontro sobre a hanseníase: "Não à discriminação e à indiferença"

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Cidade do Vaticano (RV) -  A revogação em todas as partes do mundo das leis discriminatórias em relação às pessoas afetadas pelo Mal de Hansen é "urgentíssima e não mais adiável". Esta é uma das conclusões a que chegaram os participantes do Encontro Internacional sobre a hanseníase, realizado nos dias 9 e 10 de junho no Augustianum, em Roma, sobre o tema "Por uma cura holística das pessoas afetadas pelo Mal de Hansen, respeitosa de sua dignidade".

No Simpósio - organizado pelo Pontifício Conselho para a Pastoral dos Agentes de Saúde e pelas Fundações "O bom Samaritano" e "Nippon", em colaboração com as Fundações Raoul Follereau e Sasakawa Memorial Helath - participaram representantes de 45 nações.

Na apresentação das conclusões e recomendações, foi destacado o clima de grande colaboração com que se desenvolveu o encontro e a necessidade de "um longo e sério trabalho" para recolher as muitas contribuições apresentadas.

Considerando a redução no número de pessoas afetadas pela doença, alertou-se para o risco de uma consequente "menor atividade na pesquisa de novos casos", sendo necessário buscar "a precocidade dos diagnósticos", assim como criar "bolsas de estudos voltadas à especialização sobre a doença".

ha detto Michele Aramini, docente di teologia presso l’Universitá Cattolica del Sacro Cuore di Milano,

Ao comentar o documento final, a docente de Teologia na Universidade Católica do Sagrado Coração, de Milão, Michele Aramini observou que se é verdade que "o estigma em relação à doença é frequentemente associado a uma visão religiosa da vida", também é verdade que "o ensinamento de Cristo de impelir os cristãos, sobretudo nos últimos dois séculos, a desenvolver uma grande obra de assistência e cuidado pelas pessoas afetadas" pelo Mal de Hansen.

Diante da persistência de graves formas de discriminação em várias partes do mundo, a estudiosa lançou um apelo para que se chegue "à revogação das leis discriminatórias". Um objetivo considerado "urgentíssimo e não mais adiável", visto que "a ignorância sobre a doença e o estigma a ela ligado, contribuem para retardar a diagnose e  cura", o que traz graves consequências para os doentes que acabam por levar indelevelmente os sinais da doença.

A este respeito foi ressaltada também a importância de "utilizar uma nova linguagem", visto que "as velhas percepções da doença continuam a ser reforçadas por uma linguagem inapropriada".

São quatro as recomendações conclusivas dos trabalhos. A primeira é que "os líderes de todas as religiões, em seus ensinamentos, escritos e discursos, contribuam para a eliminação da discriminação contra as pessoas atingidas pela doença".

Em relação, por sua vez, aos princípios e às orientações aprovadas pela Assembleia Geral das Nações Unidas em 2010 para a eliminação da discriminação contra pessoas doentes e os membros de suas famílias, foi sublinhada a necessidade de "encorajar os Estados a realizarem grandes esforços", concretizando os princípios "com específicos planos concretos que envolvam as pessoas doentes".

Neste sentido, foi reiterada a necessidade de mudar as políticas "familiares, de trabalho, escolares, esportivas e de qualquer tipo, que possa provocar discriminação, direta ou indiretamente".

Por fim, foi considerado de fundamental importância "implementar a pesquisa científica para desenvolver novos medicamento" e obter "melhores instrumentos diagnósticos". (JE/Osservatore Romano) 

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Aniversário da Laudato si: a REPAM conscientiza

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Cidade do Vaticano (RV) – Há um ano, em 18 de junho, pela primeira vez em sua história, a Igreja Católica publicava uma carta pastoral dedicada exclusivamente ao cuidado da irmã e mãe terra. 

Neste primeiro aniversário da encíclica Laudato si, a Rede Eclesial Pan-amazônica, REPAM, convida a pormos em prática cada uma das propostas e recomendações do Papa Francisco. Desde as mais pequenas coisas que cada persona pode implementar, como poupar a água em casa e na comunidade, até a atuação de políticas públicas por parte dos governos para impedir o desflorestamento ou a contaminação do meio ambiente; passando pela urgente necessidade de mudar nossos modos de vida, de consumo e de produção. 

A REPAM, em sintonia com o Papa Francisco, convoca também a aprendermos dos povos indígenas; eles ensinam que é possível outro tipo de vida e outro tipo de relação com a mãe terra: “Não são apenas uma minoria entre outras, mas devem tornar-se os principais interlocutores, especialmente quando se avança com grandes projetos que afetam os seus espaços. Para eles, a terra não é um bem econômico, mas dom gratuito de Deus e dos antepassados que nela descansam, um espaço sagrado com o qual precisam interagir para manter a sua identidade e os seus valores. Eles, quando permanecem nos seus territórios, são quem melhor os cuida. Em várias partes do mundo, porém, são objeto de pressões para que abandonem suas terras e as deixem livres para projetos extrativos e agropecuários que não prestam atenção na degradação da natureza e da cultura”. (LS #146)

A Rede Eclesial Pan-amazônica, presidida pelo Cardeal Cláudio Hummes e presente em 9 países, anima a prosseguir na difusão e aplicação do conteúdo da Laudato Si. E convida a ouvir a versão radiofônica que narra o encontro de São Francisco com os elementos humanos e da natureza, e nos ajuda a entender a necessidade e a urgência do cuidado com a nossa Casa Comum.

(PS-CM)

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O Papa no YouTube com a Redação Brasileira

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Cidade do Vaticano (RV) – A Redação Brasileira da Rádio Vaticano assumiu um novo desafio: transmitir em português ao vivo pelo YouTube os principais eventos do Papa Francisco e da Santa Sé. 

Para receber os avisos sobre as futuras transmissões inscreva-se em nosso canal VaticanBR.

A iniciativa atende às exigências das novas ferramentas de comunicação, com atenção especial à evangelização por meio da internet, com ênfase nas redes sociais.

Ao promover a difusão da mensagem do Papa em língua portuguesa, a Redação Brasileira proporciona um ponto de encontro online com informação precisa e direta da fonte.

A interação é uma das principais características da nova ferramenta, que oferece a possibilidade de enviar mensagens ao vivo durante as transmissões.

Como um novo marco nas comunicações vaticanas para os católicos brasileiros e lusófonos, convidamos todos a compartilhar e inscrever-se neste novo canal de informação dedicado ao Magistério do Papa Francisco.

Os eventos ao vivo também serão promovidos em nosso Twitter e Facebook.

(rb)

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Igreja no Brasil



Caritas apresenta marca oficial dos 60 anos

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Brasília (RV) - A Cáritas Brasileira apresenta a marca oficial dos seus 60 anos, que comemora no dia 12 de novembro. O concurso “Imagem, ritmo e história da Cáritas Brasileira”, estabeleceu como vencedora na modalidade design gráfico a obra da moradora de Governador Valadares (MG), Andréia Marçal.

Na proposição da autora, as aberturas existentes no desenho do numeral “representam a versatilidade da instituição em trabalhar com milhares de voluntários”. Além disso, Andréia previu a inserção da marca da Cáritas Brasileira no algarismo “0″ por entender que este, ao se posicionar em segundo plano em relação ao algarismo “6″, simboliza a posição da instituição que, “esvaziando-se de sua vaidade, coloca-se à disposição do próximo”.

Ao vencer o concurso, o trabalho de Andréia também servirá de modelo à criação da identidade visual que estampará as peças gráficas e virtuais produzidas ao longo deste ano para o V Congresso Nacional da Cáritas Brasileira, marcado de 9 a 13 de novembro, no Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida, em São Paulo.

Os vencedores de cada uma das três modalidades do concurso participarão do Congresso Nacional como convidados especiais da Cáritas. No congresso, serão apresentadas as obras vencedoras e seus respectivos autores.

Inscrições seguem abertas para música e literatura

O prazo para inscrição de trabalhos nas modalidades de literatura e de música segue aberto até o dia 30 de junho. Podem participar todas as pessoas físicas, independentemente de terem ou não relação direta com a Rede Cáritas.    

Os interessados em participar devem encaminhar os textos e músicas com as especificações estabelecidas no regulamento do concurso para o e-mail concurso60anos@caritas.org.br. No assunto da mensagem, deve ser informado apenas o pseudônimo do autor. Cada pessoa poderá inscrever apenas um texto e apenas uma música. 

(CM-CNBB)

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Igreja na América Latina



Bispos nicaraguenses denunciam políticas anti-democráticas de Daniel Ortega

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Manágua (RV) – Os Bispos da Nicarágua continuam a pronunciar-se contra a decisão do Presidente Daniel Ortega de não permitir a presença de observadores - nacionais e internacionais - nas eleições presidenciais programadas para 6 de novembro.

Na homilia dirigida aos sacerdotes da Diocese de Matagalpa, o Bispo Auxiliar da Arquidiocese de Manágua, Dom Silvio Baez convidou todos a refletirem sobre a situação social que vive o país: "Como se mata por meio de intrigas, assim é morto o povo em modo institucional, quando lhe são negados os direitos", afirmou.

"No país, pouco a pouco, estão se fechando os espaços de participação democrática. Acredito que à Nicarágua faça bem tudo aquilo que favoreça a pluralidade ideológica", declarou Dom Baez aos jornalistas, na coletiva após a celebração.

"A ideologia única, o partido único não faz bem ao país", reiterou. "A pluralidade necessariamente não significa conflito, choque. Este é o grande desafios: apreciar e reconhecer a diversidade de opiniões..... e isto significa também uma convivência pacífica, o respeito pela diversidade dos direitos humanos dos cidadãos".

A Corte Suprema decidiu retirar a representação legal de Eduardo Montealegre, Chefe do Partido Liberal Independente, uma das forças de oposição contra o Presidente Ortega.

O Conselho Supremo Eleitoral (CSE) ordenou a retirada do partido, fato que provocou reações na população em todos os níveis, pois tal medida favorece Ortega. Não obstante o CSE tenha justificado a decisão com a falta de requisitos necessários apresentados pelo partido, é recebe muitas críticas por ter agido tardiamente. (JE)

 

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Igreja no Mundo



Alemanha: publicados diários do Card. Kozłowiecki do período nazista

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Berlim (RV) -  “Not und Bedrängnis” (Necessidade e dificuldade) é o título do diário do Cardeal Adam Kozłowiecki (1911-2007), publicado nos últimos dias na Alemanha. Os escritos trazem um relato do período em que o jesuíta ficou prisioneiro nos Campos de Concentração de Auschwitz e Dachau, de 1939 a 1945. A primeira edição da obra foi lançada em polonês há 60 anos.

O jesuíta, criado Cardeal por João Paulo II em 1998, foi um dos milhares de sacerdotes e religiosos prisioneiros provenientes de toda a Europa, deportados pelos nazistas.

A publicação - que tem o prefácio do Presidente da Conferência Episcopal Alemã, Cardeal Reinahrd Marx - descreve com precisão “a impiedade das relações dos detentos das várias nacionalidades com os guardas dos Campos e também entre eles”, observa o Capelão do Memorial das vítimas da II Guerra Mundial de Munique (Bavária), Ludwig Schmidinger.

O valor especial e permanente da publicação - avalia - está “no alto grau de auto-análise”. Nos diários, o autor fala também de sua fé cristã colocada à prova nos Campos de Concentração. Kozłowiecki foi por muitos anos missionário em Zâmbia, obtendo a cidadania do país, onde foi também Arcebispo da capital Lusaka e Presidente da Conferência Episcopal.

O livro foi editado na Alemanha pela Editora Friedrich Puste, de Regengsburg. (SP)

 

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Igreja na Rússia realiza Congresso Pastoral sobre o Ano da Misericórdia

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Moscou (RV) - Vai se realizar em Novosibirsk (Diocese da Transfiguração do Senhor), na Rússia, desta quarta até a próxima sexta-feira (17/06), um Congresso Pastoral dedicado ao Ano Santo da Misericórdia e ao 25º aniversário de retomada das estruturas da Igreja católica no país.

E no próximo domingo se celebrará também o 25º aniversário de ordenação episcopal de Dom Iosif Vert, nomeado, em 1991, Administrador apostólico para os católicos da parte asiática da Rússia. Onze anos depois, Dom Vert tornou-se o primeiro bispo da Diocese da Transfiguração do Senhor, em Novosibirsk, instituída em 2002 junto a outras três dioceses da Igreja católica na Federação Russa.

Aguardados fiéis também do exterior

O dúplice Jubileu reunirá em Novosibirsk bispos e outros fiéis provenientes não somente das quatro dioceses da Rússia, bem como do exterior. Durante o Congresso haverá testemunhos de sacerdotes, religiosos e leigos que fizeram parte da história da comunidade católica na Rússia.

Entre os conferencistas encontra-se também o arcebispo metropolitano de Minsk-Mohilev, Dom Tadeusz Kondrusiewicz, ex-Administrador apostólico para os católicos da parte europeia da Rússia e primeiro arcebispo da Arquidiocese da Mãe de Deus de Moscou. (RL)

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Patriarcado de Constantinopla confirma Concílio Pan-Ortodoxo

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Istambul (RV) -  Se vai em frente e como decidido em janeiro em Chambésy por todos os Primazes das Igrejas Ortodoxas autocéfalas, o "Santo e Grande Concílio da Igreja Ortodoxa" terá início  na Ilha grega de Creta como estabelecido. Com este "comunicado técnico" o Patriarcado Ecumênico de Constantinopla responde à decisão de cinco (num universo de 14) Igrejas Ortodoxas - entre as quais a Ortodoxa Russa - em não participar do Concílio Pan-Ortodoxo.

"A Igreja Ortodoxa no mundo - lê-se no texto - está a ponto de iniciar em Creta um movimento histórico em favor da unidade e Sua Santidade o Patriarca Ecumênico Bartolomeu deverá chegar à esta Ilha da Grécia às 13 horas do dia 15 de junho, onde terá lugar o Santo e Grande Concílio da Igreja Ortodoxa, primeiro encontro deste tipo dos responsáveis das Igrejas Ortodoxas em 1000 anos. Outros representantes das Igrejas Ortodoxas autocéfalas chegarão no dia 16 de junho".

O Patriarcado Ecumênico não toma posição e não faz nenhuma menção nem mesmo  às observações críticas levantadas em mérito aos documentos pré-conciliares pelas Igrejas da Bulgária, Sérvia, Antioquia, Geórgia e Rússia, mas sublinha a este propósito que "os pontos na ordem do dia foram preparados no decorrer de mais de 50 anos pelas Comissões preparatórias interortodoxas e pelas Conferências pan-ortodoxas pré-conciliares". (JE)

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Por que a Igreja Ortodoxa Russa não vai ao Concílio Pan-Ortodoxo?

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Cidade do Vaticano (RV) - "A Igreja Ortodoxa Russa permanece apegada à sua dimensão imperial e não compartilha a missão universal sonhada por Bartolomeu". O  historiador e fundador da Comunidade Santo Egídio, Prof. Andrea Riccardi, assim comenta em entrevista ao Vatican Insider, a decisão anunciada na noite de 13 de junho pelo Santo Sínodo da Igreja Ortodoxa Russa de pedir o adiamento do Concílio Pan-Ortodoxo programado para ter início em 19 de junho. Em caso de resposta negativa, faz saber que não participará do encontro, aliando-se às posições assumidas pelas Igrejas Ortodoxas da Bulgária, Sérvia, Antioquia e Geórgia.

Ao comentar a decisão, Andrea Riccardi explicou que representa o fracasso do projeto de um Concílio Pan-Ortodoxo. "É uma decisão que expressa e fotografa a fragmentação dos ortodoxos confinados em suas fronteiras nacionais", afirmou. O historiador recorda que "o grande sonho do Patriarca Ecumênico de Constantinopla sempre foi o de levar a ortodoxia para fora do tradicionalismo e do nacionalismo, para dizer e anunciar alguma coisa ao mundo".

A realização do Concílio, independente dos êxitos, representaria um sinal importante para todos os cristãos e para o mundo inteiro, avaliou.
O fracasso do projeto do Concílio Pan-Ortodoxo não pode ser atribuído aos russos, diz o fundador da Comunidade Santo Egídio, mesmo reconhecendo que diante das primeiras dificuldades e desistências, "a Igreja Ortodoxa Russa não fez nada para impedi-las ou resolvê-las", o que pode ser atribuído até mesmo "às divisões presentes na própria ortodoxia russa". Em outras palavras, a Igreja russa não agiu para fazê-lo fracassar, mas também não fez nenhum esforço "para levar a bom termo o projeto do Concílio Pan-Ortodoxo".

 "Moscou escolheu deixar correr", o que demonstra "não ter um grande interesse pelo Concílio. Demonstra não sentir a necessidade daquela dimensão espiritual que Bartolomeu persegue, mesmo na fraqueza do Patriarcado de Constantinopla, uma fraqueza que representa a sua força", avalia Riccardi.
O historiador considera que "Bartolomeu quer relançar a missão da ortodoxia no mundo, confrontando-se com os problemas do mundo e mostrando o rosto de uma Igreja unida. Os russos continuam, ao invés disto, a olhar às fronteiras "imperiais", às fronteiras de seu grande país".

As outras Igrejas que no último momento retiraram a sua participação, correm o risco, por outro lado, de "tornarem-se minorias nacionalistas e tradicionalistas em países em crise demográfica onde avançam grupos cristãos protestantes. Estamos diante de uma grave crise da ortodoxia", afirma o historiador.

As consequências do Concílio Pan-Ortodoxo, com seus desfalques, será conhecido somente após o início do encontro na Ilha de Creta, em 19 de junho (JE)
 
 
 

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Arcebispo de Mosul pede que governo italiano reconheça "genocídio" de minorias

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Cidade do Vaticano (RV) - "Peço pessoalmente ao governo italiano para ajudar-nos, com o reconhecimento oficial de genocídio, a retornarmos para nossas terras e a continuar a viver em nosso país". Com estas palavras o Arcebispo iraquiano de Mosul, Dom Petros Mouche, aderiu á Campanha da Ajuda à Igreja que Sofre para pedir às instituições italianas para reconhecer como genocídio os atos cometidos pelo Estado Islâmico e no Iraque e Síria contra minorias religiosas.

Um apelo, que nos dias passados foi acolhido no Parlamento, com duas moções apresentadas pela Câmara e pelo Senado e assinada por cerca de cem parlamentares. A campanha recebeu o apoio do Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran.

"Agradeço a Deus que tantas pessoas e algumas instituições finalmente começaram a reconhecer  que o que aconteceu à nossa comunidade é um autêntico genocídio", afirmou Dom Mouche.

De fato, em 10 de junho passado recordou-se o segundo aniversário da tomada de Mosul por jihadistas do Estado Islâmico. Menos de dois meses depois da conquista da segunda cidade iraquiana, na noite entre 6 e 7 de agosto de 2014, o ISIS invadiu treze povoados cristãos da Planície do Nínive. Desde então, mais de 50 mil fieis da diocese guiada por Dom Mouce - que representam um terço de toda comunidade sírio-católica mundial - vivem em condição de refugiados.

"Para conservar a nossa fé abandonamos tudo: as nossas casas, nossas posses - explica o prelado. Os jihadistas destruíram o nosso patrimônio histórico, religiosos e cultural, impediram as nossas crianças de voltar à escola, proíbem a celebração da liturgia em muitas áreas historicamente cristãs. Para nós isto é um genocídio".

Dom Mouce sublinha como um reconhecimento oficial de genocídio por parte de mais países possa exercer pressão sobre o governo iraquiano, para que realize um esforço maior em proteger as minorias e em apoiar os milhares de refugiados que fugiram do Estado Islâmico.

"Se não fosse pela Igreja local e por tantos que nos ajudaram, como a Ajuda à Igreja que Sofre e a Conferência Episcopal Italiana, estas pessoas não teriam de que viver", afirma o prelado.

Segundo ele, a definição dos horrores cometidos pelos jihadistas como genocídio, facilitaria e aceleraria a libertação das terras em mãos do Isis. "Deste modo, o governo iraquiano faria um  maior esforço para nos ajudar a voltar aos nossos povoados, a reconstruir as casas destruídas e a nos garantir segurança". (JE)

 

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Reino Unido: a bênção do Papa para a Jornada pela vida

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Londres (RV) - O Papa Francisco oferece bênçãos e orações aos participantes da Jornada pela vida que a Igreja católica na Inglaterra e Gales celebrará no próximo domingo, 19 de junho.

Promover dignidade da pessoa humana

Numa carta citada pela agência Sir, o núncio apostólico na Inglaterra, o arcebispo Antonio Mennini, informa os fiéis católicos no país acerca da “Bênção apostólica” do Pontífice, concedida “a todas as pessoas que participarão deste significativo evento e trabalham pela promoção da dignidade de toda pessoa humana desde a concepção até a morte natural”.

Jornada concentrada no tema das pessoas com necessidades especiais

Mais de 300 mil panfletos informativos serão distribuídos no final de semana nas paróquias inglesas para comunicar aos fiéis “o maravilhoso dom da vida humana”.

A convidada de honra para a Jornada deste ano será Paula, uma mulher com necessidades especiais ligada à “Comunidade a Arca de Jean Vanier”.

O testemunho dela é um convite “a parar-nos um pouco e a ver quantos dons Deus nos deu”, compreendendo que os “mais maravilhosos são os dons simples”, ressaltam os bispos ingleses numa nota.

Apreciar sempre o dom da vida

“É fácil deixar de lado ou ignorar as pessoas que não parecem ‘como uma de nós’ por ser portadora de alguma limitação, por causa da idade, da vulnerabilidade ou de sua fragilidade”, lê-se na nota.

Todavia, é propriamente graças a essas pessoas que “com crescente admiração, aprendemos a valorizar mais profundamente o precioso dom da vida humana”, concluem os bispos. (RL)

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Caritas Europa: passos da UE no combate à pobreza na justa direção

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Bruxelas (RV) - A Caritas Europa expressa satisfação pelo fato de a presidência de turno holandesa da União Europeia “ter mantido suas promessas de inserir a pobreza na agenda europeia: agora o Conselho dê passos avante concretos para erradicar a pobreza na Europa”, auspicia o organismo caritativo numa nota oficial reportada pela agência Sir.

Eliminar a pobreza na Europa

Em abril passado, o organismo publicou o estudo “Eliminar a pobreza na Europa”, apresentando 18 recomendações e ações para construir um novo bem-estar europeu fundado na inclusão social, investimentos, proteção social e direitos. Segundo a Caritas Europa, as conclusões do Conselho da União Europeia “são um passo na direção justa”.

Melhorar o sistema de proteção social

“Sentimo-nos encorajados pelo fato de algumas das nossas recomendações terem sido levadas em consideração nas conclusões do Conselho da União Europeia, em particular, as que dizem respeito ao melhoramento dos sistemas de proteção social para reduzir a pobreza e assegurar o bem-estar das crianças”, afirma o responsável pelas políticas e causas defendidas pela Caritas Europa, Shannon Pfohman.

Abordagem integrada no combate à pobreza

“As conclusões do Conselho da União Europeia se alinham ao nosso pensamento em relação à monitoração do projeto e à criação de uma abordagem integrada no combate à pobreza. Isso demonstra que a Europa tem intenção de tirar 123 milhões de pessoas da condição de pobreza”, acrescenta.

Agora, a Caritas Europa pede a todos os líderes do continente que apliquem suas recomendações, entre as quais, “monitorar a eficiência dos atuais sistemas de proteção social para reduzir a pobreza; melhorar as condições de trabalho na Europa; encorajar os Estados membros a implementar rendas mínimas de inserção; encorajar os Estados membros a adotar salários mínimos num nível que permita a uma família suprir as necessidades de base e viver dignamente”. (RL)

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Peregrinação em Wittenberg em preparação aos 500 anos da Reforma

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Wittenberg (RV) - A Peregrinação Wittenberg da Federação Luterana Mundial (FLM) teve início esta terça-feira, com uma breve oração na Igreja de São Nicolau em Coswig, Alemanha, no âmbito do encontro anual do Conselho da FLM.

A peregrinação

O Presidente da Igreja Evangélica de Anhalt, Joachim Liebig, e a Prefeita de Coswing, Doris Berlin, deram as boas-vindas aos peregrinos na Igreja de São Nicolau.  O Bispo católico Dom Hubert Berenbrinker, por sua vez,  saudou os participantes, o Presidente da  FLM, Bispo Dr Munib Younan, e Joachim Liebig, inaugurando o evento com uma bênção aos peregrinos.

Mais de 200 peregrinos de mais de 35 países saíram da igreja a pé, caminhando em direção Wittenberg ao longo do caminho de peregrinação "Lutherweg". Os participantes, incluindo os membros do Conselho da FLM, preparam-se para o encontro anual em Wittenberg.

Cardeal Kurt Koch

Eles se unirão os hóspedes locais e internacionais, incluindo o presidente do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, Cardeal Kurt Koch, e os Secretários Gerais do Conselho Mundial de Igrejas (CMI), Dr. Olav Fykse Tveit, e da Comunhão Mundial das Igrejas Reformadas (WCRC), Chris Ferguson. O grupo inclui ainda representantes da Conferência Episcopal alemã, o clero da Alemanha, os participantes da reunião de parceria da Igreja Evangélica Luterana da Saxônia, bem como convidados locais.

500 anos da Reforma: Temas e subtemas

Os peregrinos vão discutir os temas da celebração dos 500 anos da Reforma  em 2017: "Libertados pela graça de Deus" e as três subtemas "Os seres humanos - não para venda", "Criação - não para venda" e "Salvação - não para venda".

Os seres humanos - não para venda

A primeira parte da peregrinação levou os peregrinos de Coswig ao distrito de Apollensdorf, que incluiu uma estação temática olhando para o tema, "Os seres humanos - não para venda". A parada preparada pelo FLM World Service ofereceu aos peregrinos a oportunidade de conhecer a experiência, as necessidades e os desafios dos refugiados e de pessoas deslocadas.

A criação – não para a venda

A segunda estação de peregrino, também em Apollensdorf, teve como foco a criação - "Não para a venda" e foi preparada pelo "Bread for the World" (Pão para o Mundo). Os peregrinos examinaram a sua caminhada ecológica, para responder a algumas perguntas em como seus padrões de consumo refletem o que constitui um estilo de vida sustentável.

Salvação – não para a venda

O Luther Garden, em Wittenberg, foi o destino da peregrinação à tarde. Peregrinos examinaram o terceiro tema, "Salvação - não para a venda", para lidar com questões relacionadas com o chamado "evangelho da prosperidade". Em muitos países em desenvolvimento, as igrejas-membro da FLM deparam-se com essa tradição teológica que tem uma ênfase no mérito e obras e não na graça de Deus. A estação foi projetada conjuntamente pela Missão Evangélica Luterana na Baixa Saxônia e pelo "Leipzig Mission Work".

O Comitê Nacional LWF Alemão organizou a Peregrinação Wittenberg antes da sessão de trabalhos do Conselho. Ele terá continuidade com uma discussão em 15 de junho, com três grupos de trabalho que discutirão os temas "não para venda" no contexto das relações ecumênicas.

Entre os participantes estarão o Presidente do Pontifício Conselho para  Unidade dos Cristãos, Cardeal  Kurt Cardeal Koch, em uma discussão sobre a salvação; do Conselho Mundial de Igrejas o Rev. Dr. Olav Fykse Tveit, que irá oferecer perspectivas sobre a criação e da WCRC, Chris Ferguson vai falar sobre os seres humanos - não para venda. (JE)

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Comunidade armênia deplora críticas do Vigário patriarcal pela resolução do Parlamento alemão

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Istambul (RV) –  Expoentes da comunidade armênia apostólica da Turquia expressaram um claro distanciamento do teor da carta enviada pelo Patriarcado ao Presidente turco Recp Tayyip Erdogan, em mérito ao voto do Parlamento alemão, em 2 de junho passado, que reconheceu como "Genocídio" as mortes sistemáticas de armênios em 1915, por obra do Império Otomano.

Após a violenta reação de Erdogan à resolução do Bundestag  - com veladas ameaças de expulsão dos armênios residentes na Turquia -  o Arcebispo armênio apostólico Aram Atesyan - Vigário patriarcal que exerce a função do Patriarca, acometido por uma grave doença - enviou uma carta ao Presidente turco na qual expressava "seu pesar e dos armênios" pela resolução votada no Parlamento alemão, definida por ele como uma tentativa de instrumentalizar as tragédias do povo armênio por interesses da "política internacional".

Há alguns dias, o semanário bilíngue armênio-turco Agos - publicado e distribuído na Turquia - divulgou uma longa carta, assinada em nome da "Comunidade armênia da Turquia", onde era manifestada "vergonha, raiva e for" pelos argumentos e tons usados na carta do Arcebispo Atesyan a Erdogan.

"O senhor - lê-se na carta, cujo texto foi enviado à Agência Fides - define o aniquilamento sistemático e quase totalmente realizado de um povo por desejo do próprio Estado, como "eventos que se verificaram durante as trágicas horas da I Guerra Mundial". Isto representa uma afronta pelos antepassados, pelas vítimas e pelos sobreviventes, aos olhos da sociedade à qual você mesmo pertence".

Em 2008, o Patriarca armênio de Istambul, Mesrob II, foi atingido pelo Mal de Alzheimer de o reduziu rapidamente ao estado vegetativo. Pelas leis turcas, o cargo de Patriarca é vital e um novo Patriarca armênio não pode ser eleito enquanto o seu predecessor ainda está vivo.

Desde 2008, para a administração ordinária do Patriarcado, o Arcebispo Aram Atesyan exerce as funções patriarcais na qualidade de Vigário Patriarcal. (JE/GV)


 

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Formação



O novo verbo do Papa: 'misericordiar'

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Cidade do Vaticano (RV) - "A misericórdia de Deus nos salva. Não nos cansemos jamais de anunciar no mundo inteiro esta mensagem de alegria", disse o Papa Francisco em um tuíte do ano passado, antes de convocar o Ano Santo da Misericórdia.

Receber a misericórdia de Deus, saber acolhê-la, é ser ‘misericordiado’, frisa o padre reitor do Colégio Pio Brasileiro em Roma, Padre Geraldo Maia.

Padre Geraldo ressalta ainda dois aspectos das meditações do Pontífice no Jubileu dos Sacerdotes, na última semana: a memória do chamado: o sacerdote deve buscar sempre a fonte de seu ministério; e a superação da auto-referencialidade.

Ouça a reflexão clicando aqui: 

(CM)

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Bula do Ano Santo recorda o Concílio Vaticano II

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Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica - 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar na edição de hoje do Ano da Misericórdia e os 50 anos de encerramentodo Concílio Vaticano II. 

Da mesma forma como João XXIII ao convocar e abrir o Concílio Vaticano II usou expressões como "aggiornamento", "abrir as janelas para que entre ar fresco na Igreja", também o Papa Francisco insiste na abertura desta porta, conclamando a Igreja a retomar com entusiasmo o caminho missionário, saindo de si mesma e indo às periferias da existência. Na edição de hoje de nosso programa, o Padre Gerson Schmidt nos traz a reflexão "A Bula do Ano da Misericórdia recorda o Concílio":

"O Papa, na Bula da Proclamação do Ano Santo da Misericórdia, faz algumas importantes declarações, recordando o momento importante do concílio Vaticano II, na legítima intenção dos Papas do Concilio:

“Voltam à mente aquelas palavras, cheias de significado, que São João XXIII pronunciou na abertura do Concílio para indicar a senda a seguir: “ Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade. (…) A Igreja Católica, levantando por meio deste Concílio Ecumênico o facho da verdade religiosa, deseja mostrar-se mãe amorosa de todos, benigna, paciente, cheia de misericórdia e bondade com os filhos dela separados”. E, no mesmo horizonte, havia de colocar-se o Beato Paulo VI, que assim falou na conclusão do Concílio: “Desejamos notar que a religião do nosso Concílio foi, antes de mais, a caridade. (...) Aquela antiga história do bom samaritano foi exemplo e norma segundo os quais se orientou o nosso Concílio. (…) Uma corrente de interesse e admiração saiu do Concílio sobre o mundo atual. Rejeitaram-se os erros, como a própria caridade e verdade exigiam, mas os homens, salvaguardado sempre o preceito do respeito e do amor, foram apenas advertidos do erro. Assim se fez, para que, em vez de diagnósticos desalentadores, se dessem remédios cheios de esperança; para que o Concílio falasse ao mundo atual não com presságios funestos, mas com mensagens de esperança e palavras de confiança. Não só respeitou mas também honrou os valores humanos, apoiou todas as suas iniciativas e, depois de os purificar, aprovou todos os seus esforços. (…) Uma outra coisa, julgamos digna de consideração. Toda esta riqueza doutrinal orienta-se apenas a isto: servir o homem, em todas as circunstâncias da sua vida, em todas as suas fraquezas, em todas as suas necessidades” – Palavras de João XXIII recordas pelo Papa Francisco nesse ano da misericórdia. E continua Francisco: “Com estes sentimentos de gratidão pelo que a Igreja recebeu e de responsabilidade quanto à tarefa que nos espera, atravessaremos a Porta Santa com plena confiança de ser acompanhados pela força do Senhor Ressuscitado, que continua a sustentar a nossa peregrinação. O Espírito Santo, que conduz os passos dos crentes de forma a cooperarem para a obra de salvação realizada por Cristo, seja guia e apoio do povo de Deus a fim de o ajudar a contemplar o rosto da misericórdia” (Misericordiae Vultus, BULA DE PROCLAMAÇÃO, DO JUBILEU EXTRAORDINÁRIO DA MISERICÓRDIA).

Importante e oportuno aqui destacar essas palavras do Papa Francisco, recordando João XXIII, que abriu o Concílio em 11 de Outubro de 1962. Nesse Discurso de abertura do Concílio Ecumênico Vaticano II, na alocução solene Gaudet Mater Ecclesia, quando disse assim: “Nos nossos dias, a Esposa de Cristo prefere usar mais o remédio da misericórdia que o da severidade”. Ou seja, que o mundo contemporâneo está realmente necessitando mais descobrir o rosto de um Deus que é Pai do que a aparência rude de um Juiz, descobrir mais a misericórdia da parábola do Bom Samaritano, que acolhe o ferido, do que a sentença da Parábola do Juízo Final que exorta à conversão, embora ambas as parábolas sejam de igual maneira Palavra de Deus.

Igualmente o Papa Francisco recorda a Alocução na última sessão pública de Paulo VI, de 7 de Dezembro de 1965, que, concluindo o Concílio, disse assim: “Desejamos notar que a religião do nosso Concílio foi, antes de mais, a caridade. (...) Aquela antiga história do bom samaritano foi exemplo e norma segundo os quais se orientou o nosso Concílio”. Paulo VI lembrou que, em vez de diagnósticos desalentadores, se dessem remédios cheios de esperança, para que o Concílio falasse ao mundo atual não com presságios funestos, mas com mensagens de esperança e palavras de confiança”. Ambos os Papas do Concilio, tanto o que abriu e o que concluiu, usaram um mesmo termo: “remédio”. Mais do que uma espada afiada da Verdade, o mundo hoje precisa de remédio, do bálsamo do perdão, do azeite e do vinho que o Bom Samaritano derramou sobre as feridas daquele que caiu nas mãos dos assaltantes".

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Jubileu na Amazônia é destaque do "Porta Aberta"

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Cidade do Vaticano (RV) - A edição desta quarta-feira (15/06) do “Porta Aberta no Ano da Misericórdia” propõe os principais eventos realizados no Vaticano por ocasião do Ano Jubilar – Ano que já trouxe a Roma, em seis meses desde sua abertura, mais de nove milhões e 100 mil peregrinos.

Nesta edição, há destaque para a Audiência Geral desta quarta-feira do Papa Francisco, em que o Pontífice fez uma leitura da cura do cego de Jericó à luz da misericórdia.

Destaque também para o Jubileu dos Enfermos, que se realizou no Vaticano com três dias de intensa programação. Vamos recordar a homilia que o Pontífice pronunciou na Missa de conclusão desse Jubileu, domingo passado.

Outra iniciativa organizada por ocasião do Jubileu dos Enfermos é o Simpósio sobre hanseníase, que reuniu na semana passada, nos dias 9 e 10, especialistas de 45 países aqui em Roma. Um deles é o Bispo de Óbidos (PA), Dom Bernardo Balhmann, que há anos trabalha neste campo. Em entrevista ao Programa Brasileiro, Dom Bernardo fala de sua experiência e deste Ano Jubilar.

De Óbidos vamos para a divisa do Estado do Pará com o Estado do Amazonas: Parintins.

Neste recanto amazônico, vivem os indígenas Saterè Mawè, e há 40 anos com eles, o Pe. Enrico Uggè, missionário do Pontifício Instituto das Missões Exteriores.

Padre Henrique, como é conhecido, preparou para o Ano Santo da Misericórdia uma Via-Sacra com 14 estações: 7 imagens das obras de misericórdia corporais e 7 das espirituais.

O Programa se conclui recordando a realização do Jubileu dos artistas de rua, nos dias 15 e 16 de junho.

O “Porta Aberta” vai ao ar às quartas-feiras, às 17h - hora local (12 horário de Brasília) e pode ser ouvido no link acima.

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Artigo: Leigos em novos caminhos

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Rio de Janeiro (RV) - Entre os dias 16 e 18 de junho terá lugar, no Pontifício Colégio Internacional Mater Ecclesiae, em Roma, a 28ª Assembleia plenária do Pontifício Conselho para os Leigos, atualmente presidido pelo Cardeal Stanislaw Rylko, com o tema “Um dicastério para os leigos: entre a história e o futuro”.

A Assembleia ocorre em um momento de mudanças, pois, no dia 4 último, o Papa Francisco aprovou ad experimentum um novo órgão da Santa Sé que é o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida. Ele, conforme o artigo 1 do Estatuto, “é competente em matérias que são de pertinência da Sé Apostólica para a promoção da vida e do apostolado dos fiéis leigos, para o cuidado pastoral da família e sua missão, segundo o desígnio de Deus e para a tutela e o apoio da vida humana”.

Com essa medida, a partir de 1º de setembro de 2016, os atuais Pontifícios Conselho para os Leigos e para a Família deixarão de existir fundindo-se em um único organismo na Igreja. Certo é que o Pontifício Conselho para Leigos é antigo, nasceu de uma ideia do Concílio Ecumênico Vaticano II (1962-1965) a fim de atender a vocação e a missão do laicato no mundo todo há cinquenta anos, embora, com a reforma desejada pelo Papa Francisco os leigos não ficarão desamparados, apenas terão, em vez de dois, um órgão que cuide da vida laical em geral e da família, parte da vocação leiga também.

Na Assembleia falarão o Presidente do Pontifício Conselho para os Leigos, Cardeal Stanislaw Rylko, sobre o tema “Há 50 anos caminhando com os fiéis leigos”, o Bispo de Fréjus-Toulon (França), Dom Dominique Rey, falará sobre o tema “Vocação e missão dos leigos à luz do Concílio Vaticano II”. Na parte da tarde, a professora Pilar Río, docente na Pontifícia Universidade Santa Cruz, fará uma palestra intitulada “Os leigos católicos há cinquenta anos do Concílio Vaticano II” e, na sexta-feira, 17 de junho, o professor Fabrice Hadjadj, diretor do Instituto Europeu de Estudos Antropológicos ‘Philanthropos’ de Friburgo, Suíça, apresentará suas reflexões sobre o tema “Ser luz no mundo e sal da terra. Os leigos diante dos desafios de nossos tempos”.

Depois da palestra, todos os participantes da assembleia do Pontifício Conselho para os Leigos serão recebidos em audiência pelo Papa Francisco, no Vaticano. Ainda, na parte da tarde, o Prefeito da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, Cardeal Robert Sarah, falará sobre o tema “A formação dos fiéis leigos: desde a iniciação à maturidade cristã”.

Sábado, 18, último dia da assembleia, contará com a presença do Bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro, Secretário do grupo de cardeais chamados a auxiliar o Papa no processo de reforma da Cúria Romana, chamado C9, que na palestra intitulada “O Pontifício Conselho para os Leigos no limiar de uma nova etapa de sua história”, dará algumas diretrizes para o desenvolvimento futuro do organismo, além dos debates e apartes a serem concedidos todos os dias do evento, conforme noticiou a Rádio Vaticano no dia 8 de junho último.

A temática desperta reflexão sobre três pontos que aparecem, em evidência, no nome e, portanto, nas atribuições do novo Dicastério: Leigos, Família e Vida. Observemos mais de perto, em linhas gerais, cada um deles a fim de também ajudar o leitor a melhor entender esse novo momento de reforma da Cúria Romana, reforma que nada tem a ver com pontos de fé ou de moral, mas é meramente disciplinar à vida da Igreja.

Notemos que o termo leigo, na linguagem comum, está em nosso vocabulário para designar alguém à parte, à margem ou que nada sabe. No entanto, outro é o seu sentido na Teologia da Igreja, designa um povo especial que pertence a Deus porque Ele mesmo assim o quis. Isso o expressa, por exemplo, a Lumen Gentium n. 9, Constituição sobre a Igreja do Concílio Vaticano II, ao escrever: “Aprouve a Deus santificar e salvar os homens não singularmente, sem nenhuma conexão uns com os outros, mas constituí-los num povo que o conhecesse na verdade e santamente lhe servisse”.

Ora, aqui é preciso lembrar que para designar povo, a Sagrada Escritura usa sempre, no Novo Testamento, o termo laós, ocorrente 140 vezes, e embora nem sempre se refira à Igreja, mostra a oposição ao vocábulo povo em sentido meramente profano ou sociopolítico (demos). Todo fiel batizado é leigo, depois, com o passar do tempo, irá escolher, livremente, a sua vocação: pode permanecer leigo na consagração ou no matrimônio ou ainda tornar-se religioso(a) ou sacerdote.

Todavia, como recentemente lembrou o Papa Francisco, antes de qualquer outra missão na Igreja, somos leigos batizados e isso guarda uma unidade fundamental no Povo de Deus, conforme ensinava, já no século V, Santo Agostinho, Bispo de Hipona ao escrever aos seus diocesanos: “Atemoriza-me o que sou para vós; consola-me o que sou convosco. Pois para vós sou bispo, convosco sou cristão. Aquilo é um dever, isto é uma graça. O primeiro é um perigo, o segundo, salvação” (Sermão 340,1).

Ora, como bem lembra o Documento 105 da CNBB intitulado Cristãos leigos e leigas na Igreja e na sociedade. Sal da terra e luz do mundo (Mt 5,13-14), o Concílio Vaticano II, cujos cinquenta anos há pouco celebramos, foi um divisor histórico ao tratar do leigo em seus documentos e colocar esse maior segmento numérico do povo de Deus na vida da Igreja antes da hierarquia. É do laicato, vocação própria de todo batizado, que nascem também as demais vocações como dons à Igreja. Foi depois do Concílio, então, que surgiu o Pontifício Conselho para os Leigos a prestar relevantes serviços à Igreja. Atuou muito e agora será criado um novo Dicastério que une ao dos leigos também o trabalho com a Família e a proteção da vida em toda a sua esfera.

Sim, é a família a célula mãe da sociedade. Sem esse núcleo básico bem alicerçado, não há sociedade sadia. Se a família vai bem, o mundo também vai; se vai mal, todo o restante descamba nos maiores precipícios do crime, da pornografia, da deseducação, da falta de valores éticos etc. Desse modo, sempre que algo não for bem, é preciso que perguntemos: A família, como vai? Que temos nós, leigos e pastores, feito por ela? Qual aplicação prática estamos dando à Exortação pós-sinodal Amoris Laetitia do Papa Francisco, recém-publicada? Que atenção temos dado às famílias em situação especial nas nossas comunidades ou vizinhanças: ajudamos ou queremos crucificá-las?

Devemos indagar ainda o Poder Público, especialmente os representantes que elegemos para as diversas esferas com o nosso voto, sobre como estão trabalhando para defender e salvaguardar a família ou, então, vigiar, com incansável zelo, as leis e medidas que tentam aprovar, às vezes nem sempre de modo claro, contra a família a fim de enfraquecê-la cada vez mais e, assim, levar, ainda que inconscientemente, a um maior caos social. Neste ponto, é louvável toda iniciativa, dentro da lei e da ordem, a fim de vigiar os passos dos governos e das casas legislativas na defesa da família e da vida. Aliás, a defesa da vida é outro ponto unido ao Dicastério dos leigos nesta reforma da Cúria Romana.

Ao falarmos em defesa da vida, temos de ter em mente o que ensina a Igreja. Ela defende o ser humano desde a sua concepção até o seu fim natural, conforme ficou bem clara e didática no discurso de chegada do Papa Bento XVI ao Brasil, em 2007. Isso significa que há vida desde o instante zero da concepção, conforme atestam os biólogos e genetecistas de nossos dias a partir de Jerome Lejoune, cientista francês, descobridor da Síndrome de Down, mas muito perseguido por dizer, com base em dados científicos, que a vida começa na concepção. Se não começasse aí nunca mais começaria.

Sua conclusão é muito lógica, se dos gametas masculino e feminino não vierem todas as informações genéticas à nova vida, de onde mais viriam? Ele pergunta, aliás, em tom desafiador tudo isso e afirma que o bebê de proveta provou que há vida desde a concepção.

No entanto, sabemos o quanto essa vida frágil e indefesa, mas vida autêntica, é de tantas maneiras menosprezada e até condenada à lata do lixo da História por meio do aborto consentido ou do descarte de embriões congelados, mas rejeitados para implantes: os chamados embriões excedentes descartados como se fossem meros amontoados de células. Essa “cultura do descarte” tem sido criticada, com razão, pelo Papa Francisco. O ser humano, criado à imagem e semelhança de Deus, torna-se joguete nas mãos de seus irmãos como se fossem peças de reposição: este merece viver, aquele não; este tem as características genéticas que preferimos, aquele não etc. É uma seleção que leva à eugenia disfarçada em pleno século XXI.

E não para aí. Também nossos idosos em não poucos países são ameaçados pela lei da eutanásia. Quem não produz mais em vez de ser cuidado com carinho não só por gratidão pelo que já fez, mas pela dignidade intrínseca de ser filho de Deus, é rejeitado pela família e pela sociedade, às vezes, até pelos órgãos estatais que deveriam cuidar dele. É condenado à morte como um estorvo na vida social...

Ora, irmãos e irmãs, não podemos nos esquecer da bela Carta aos Anciãos que o Papa São João Paulo II escreveu, nem das constantes mensagens do Papa Francisco aos avós, pedindo que eles sejam valorizados na família e na sociedade. Aliás, ele mesmo se referiu ao Papa emérito e idoso Bento XVI como um “nono sábio”, aquele que tem algo a nos ensinar pelos seus anos de vida, experiências acumuladas. Não podem ser descartados, mas, sim, integrados ou reintegrados à vida social, mesmo com suas forças exíguas no corpo e na mente. Jamais perdem a sua dignidade.

Patrocinar o fim da família como Deus quis, o fim da vida indefesa e inocente no ventre materno ou o assassinato de idosos ou pessoas com doenças incuráveis é demonstrar que a humanidade regrediu à barbárie pré-cristã atestada por escritores que se debruçaram sobre o assunto. O cristianismo é vida a derrotar a morte.

Terminemos com a constatação dessa verdadeira revolução moral oferecida pelo Cristianismo. Escreve o filósofo Sêneca considerando comum os crimes que se cometia na Roma não cristã: “Quando matamos cães furiosos... e submergimos as crianças fracas ou monstruosas, não o fazemos movidos pela cólera, mas pela razão (Sobre a Ira I, 1.5). Ora, o Cristianismo reformulou esse pensamento ensinando a dignidade de cada homem e mulher da terra, desde o ventre materno até o seu fim natural, conforme diz um renomado historiador.

“O pai pagão que incita a ama a lançar o filho recém-nascido ao lixo da rua... O mártir cristão Leônidas, que descobre o peito de seu filhinho Orígenes adormecido e o beija com veneração como sendo templo do Espírito Santo; eis concretizados dois mundos, duas filosofias” (Alla ricerca della fede. Assissi, 1969, p. 276).

Por essas razões, fazemos votos de que a reforma proposta para a Cúria Romana produza frutos entre o povo de Deus na promoção do laicato, na defesa da família, santuário da vida, e da própria vida em si, especialmente a mais ameaçada pela cultura do descarte de nossos tempos.

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ.

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