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Sumario del 26/06/2016

Papa e Santa Sé

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Papa e Santa Sé



Papa se despede da Armênia: unidade, perdão e futuro sem divisões passadas

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa encerrou sua Viagem Apostólica à Armênia na tarde de domingo, 26 de junho.

Uma peregrinação marcada pelo ecumenismo e pelo esforço de Roma e Armênia em caminharem juntas à plena união.

Desejo expresso pelo Papa mais de uma vez durante a permanência nas terras do primeiro país do mundo a acolher o Evangelho.

“No caminho rumo à unidade, somos chamados a ter a coragem de deixar as nossas convicções rígidas e os interesses próprios, em nome do amor de Cristo”, disse Francisco.

Mas a unidade entre Católicos e Apostólicos não é “‘submissão de um ao outro’, – sublinhou o Papa – nem absorção, mas um acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um”.

Francisco convidou o povo armênio a perdoar o genocídio perpetrado no início do século passado.

“Prestemos atenção aos anseios das gerações mais jovens, que pedem um futuro livre das divisões do passado. Que, deste lugar santo, se difunda novamente uma luz radiante! Que à luz da fé, que desde São Gregório Narek iluminou estas terras, se una a luz do amor, que perdoa e reconcilia”.

(rb)

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Papa visita Mosteiro e reza diante do "Poço de São Gregório"

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Yerevan (RV) - Antes de deixar a Residência Apostólica do Catholicos, em Etchmuadzin, o Papa manteve seu último compromisso deste domingo (26/06), antes de regressar a Roma: a visita ao Mosteiro de Khor Virap.

Este é um dos lugares sagrados da Igreja Armênia, situado aos pés do Monte Ararat, perto da fronteira com a Turquia. Antigamente, aquela era uma cidadela fortificada, onde São Gregório, o Iluminador, ficou preso em um poço por 13 anos, por ordem do Rei Tiridate III, férreo perseguidor dos cristãos.

Durante a visita ao Mosteiro de Khor Virap, Francisco e Karekin II acenderam uma vela diante do “Poço de São Gregório”. Depois ambos recitaram suas preces. Eis a oração do Papa:

“Cristo, nosso Deus, guia e doador da paz, conduzi com justiça todos nós no caminho dos vossos passos, para que, com a ajuda da vossa misericórdia, cheguemos, serenamente, ao porto da vida e da salvação, porque vós sois a nossa ajuda e o nosso Salvador. A vós pertencem a glória, o poder e a honra, agora e sempre, nos séculos dos séculos. Amém.

Símbolo da Paz

Ao término da visita, Francisco e Karekin II subiram ao terraço do Mosteiro de onde soltaram duas pombas em direção ao Monte Ararat.

O Monte Ararat, de 5.137 metros de altura, é um símbolo nacional do povo armênio. Ali, segundo a tradição, pousou a Arca de Noé pousou, descrita no livro de Gênesis. Um pedaço da Arca de Noé pode ser visto no museu de Etchmiadzin. A planície do Ararat tem sido o coração da história armênia, lugar de muitas capitais armênias e de numerosas batalhas.

Depois da visita ao Mosteiro, o Santo Padre se dirigiu ao aeroporto internacional de Yerevan, onde se realizou a cerimônia de despedida. O Papa e o Catholicos foram acolhidos pelo Presidente da Armênia, Serzh Sargsyan, acompanhado de sua esposa, com o qual Francisco manteve um breve colóquio privado.

Enfim, após os hinos nacionais e as despedidas das respectivas Delegações, o Pontífice tomou o avião e partiu para Roma, onde sua chegada ao aeroporto romano de Ciampino está prevista pelas 20h40, hora local (15h40 de Brasília). Desta forma, Francisco conclui a 14ª Viagem Apostólica do seu Pontificado.

(MT)

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Declaração Conjunta: papel das religiões na construção da paz

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Yerevan (RV) - Na parte da tarde deste domingo (26/06), o Papa se despediu da Residência do Catholicos, local de sua permanência nestes dias em Etchmiadzin. Estavam presentes também cerca de 100 pessoas, entre Delegados e Benfeitores da Igreja Armênia Apostólica.

Antes de se despedir dos presentes, o Papa Francisco e o Catholicos Karekin II assinaram uma mensagem conjunta, sobre a qual destacamos:

“Hoje, nós, o Papa Francisco e o Catholicos de Todos os Armênios Karekin II, elevamos as nossas mentes e corações em ação de graças ao Todo-Poderoso pela progressiva e crescente proximidade na fé e no amor entre a Igreja Apostólica Armênia e a Igreja Católica, no seu testemunho comum da mensagem do Evangelho em um mundo dilacerado por conflitos e desejoso de conforto e esperança”.

“É grande o prazer espiritual de relembrar que, em 2001, por ocasião dos 1700 anos da proclamação do cristianismo como religião da Armênia, São João Paulo II visitou o país como testemunha de uma nova página nas relações calorosas e fraternas entre a Igreja Armênia Apostólica e a Igreja Católica”.

Roma

“Estamos gratos por termos estado juntos em uma solene liturgia na Basílica de São Pedro em Roma, no dia 12 de abril de 2015, quando nos empenhamos a combater toda forma de discriminação e violência. Na ocasião, recordamos as vítimas do “extermínio de um milhão e meio de cristãos armênios naquele primeiro genocídio do século XX”.

“Imploramos aos líderes das nações que ouçam o apelo de milhões de seres humanos, que anseiam pela paz e a justiça no mundo, que pedem respeito pelos seus direitos, que têm necessidade urgente de pão, não de armas. Infelizmente, somos testemunhas de uma visão fundamentalista da religião e dos valores religiosos, usada para justificar a difusão do ódio, discriminação e violência”.

Paz

“Por sermos cristãos, somos chamados a buscar caminhos para a reconciliação e a paz. A propósito, expressamos a nossa esperança de uma resolução pacífica das questões sobre o Nagorno-Karabakh.

“Estamos convencidos da importância crucial de avançar nas mútuas relações, para compartilhar a comunhão plena e as expressões concretas de unidade. Exortamos, pois, os nossos fiéis a trabalhar pela promoção dos valores cristãos, afim de que contribuam para a construção de uma civilização de justiça, paz e solidariedade humana”. (MT)

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Declaração Conjunta Papa Francisco e Karekin II - íntegra

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Yerevan (RV) – Na conclusão da viagem do Santo Padre à Armênia foi assinada na Santa Etchmiadzin uma Declaração Comum entre Sua Santidade o Papa Francisco e Sua Santidade Karekin II.

Eis a íntegra do documento:

Hoje na Santa Etchmiadzin, centro espiritual de Todos os Arménios, nós, o Papa Francisco e o Catholicos de Todos os Arménios Karekin II, elevamos as nossas mentes e corações em ação de graças ao Todo-Poderoso pela progressiva e crescente proximidade na fé e no amor entre a Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica no seu testemunho comum à mensagem do Evangelho da salvação num mundo dilacerado por conflitos e desejoso de conforto e esperança. Louvamos a Santíssima Trindade, Pai, Filho e Espírito Santo, por ter permitido que nos reunamos na terra bíblica de Ararat, que permanece como uma memória de que Deus será para sempre a nossa proteção e salvação. Grande prazer espiritual nos dá lembrar que, em 2001, por ocasião dos 1700 anos da proclamação do cristianismo como religião da Arménia, São João Paulo II visitou a Arménia e foi testemunha duma nova página nas relações calorosas e fraternas entre a Igreja Arménia Apostólica e a Igreja Católica. Estamos gratos pela graça que tivemos de estar juntos numa solene liturgia na Basílica de São Pedro em Roma no dia 12 de abril de 2015, onde empenhamos a nossa vontade de nos opor a toda a forma de discriminação e violência, e comemoramos as vítimas daquele que a Declaração Comum de Sua Santidade João Paulo II e Sua Santidade Karekin II assinala como «o extermínio de um milhão e meio de cristãos arménios, naquele que geralmente é referido como o primeiro genocídio do século XX» (27 de Setembro de 2001).

Louvamos ao Senhor por a fé cristã ser, hoje, novamente uma realidade vibrante na Arménia e por a Igreja Arménia exercer a sua missão com espírito de colaboração fraterna entre as Igrejas, sustentando os fiéis na construção dum mundo de solidariedade, justiça e paz.

Infelizmente, porém, estamos a ser testemunhas duma tragédia imensa que se desenrola diante dos nossos olhos: inúmeras pessoas inocentes que são mortas, deslocadas ou forçadas a um exílio doloroso e incerto devido a contínuos conflitos por motivos étnicos, económicos, políticos e religiosos no Médio Oriente e noutras partes do mundo. Em consequência, minorias religiosas e étnicas tornaram-se alvo de perseguição e tratamento cruel, a ponto de o sofrimento por uma crença religiosa se tornar uma realidade diária. Os mártires pertencem a todas as Igrejas e o seu sofrimento é um «ecumenismo de sangue» que transcende as divisões históricas entre os cristãos, convidando-nos a todos a promover a unidade visível dos discípulos de Cristo. Juntos rezamos, por intercessão dos Santos Apóstolos Pedro e Paulo, Tadeu e Bartolomeu, por uma mudança de coração em todos aqueles que cometem tais crimes e naqueles que estão em posição de acabar com a violência. Imploramos aos líderes das nações que ouçam o apelo de milhões de seres humanos que anseiam pela paz e a justiça no mundo, que pedem respeito pelos seus direitos dados por Deus, que têm necessidade urgente de pão, não de armas. Infelizmente, estamos a ser testemunhas duma apresentação fundamentalista da religião e dos valores religiosos, usando tal forma para justificar a difusão de ódio, discriminação e violência. A justificação de tais crimes com base em conceções religiosas é inaceitável, porque «Deus não é um Deus de desordem, mas de paz» (I Coríntios 14, 33). Além disso, o respeito pelas diferenças religiosas é condição necessária para a convivência pacífica de diferentes comunidades étnicas e religiosas. Precisamente por sermos cristãos, somos chamados a buscar e implementar caminhos para a reconciliação e a paz. A propósito, expressamos também a nossa esperança duma resolução pacífica das questões em torno de Nagorno-Karabakh.

Conscientes do que Jesus ensinou aos seus discípulos, quando disse: «Tive fome e destes-me de comer, tive sede e destes-me de beber, era peregrino e recolhestes-me, estava nu e destes-me que vestir, adoeci e visitastes-me, estive na prisão e fostes ter comigo» (Mateus 25, 35-36), pedimos aos fiéis das nossas Igrejas que abram os seus corações e mãos às vítimas da guerra e do terrorismo, aos refugiados e suas famílias. Em causa está o próprio sentido da nossa humanidade, da nossa solidariedade, compaixão e generosidade, que só pode ser devidamente expresso numa imediata partilha prática de recursos. Reconhecemos tudo o que já se está a fazer, mas insistimos que é necessário muito mais, por parte dos líderes políticos e da comunidade internacional, em ordem a garantir o direito de todos a viver em paz e segurança, para defender o estado de direito, proteger as minorias religiosas e étnicas, combater o tráfico de seres humanos e o contrabando.

A secularização de amplos setores da sociedade, a sua alienação das ligações espirituais e divinas leva inevitavelmente a uma visão dessacralizada e materialista do homem e da família humana. A este respeito, estamos preocupados com a crise da família em muitos países. A Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica compartilham a mesma visão da família, fundada no matrimónio como ato de livre doação e de amor fiel entre um homem e uma mulher.

Temos o prazer de confirmar que, apesar das divisões que subsistem entre os cristãos, percebemos mais claramente que aquilo que nos une é muito mais do que aquilo que nos divide. Esta é a base sólida sobre a qual será manifestada a unidade da Igreja de Cristo, de acordo com as palavras do Senhor: «que todos sejam um só» (João 17, 21). Na últimas décadas, a relação entre a Igreja Apostólica Arménia e a Igreja Católica entrou com êxito numa nova fase, fortalecida pelas nossas orações comuns e mútuos esforços a fim de superar os desafios contemporâneos. Hoje estamos convencidos da importância crucial de avançar nesta relação, promovendo uma colaboração mais profunda e decisiva, não somente na área da teologia, mas também na oração e na cooperação activa no nível das comunidades locais, com o objetivo de compartilhar a comunhão plena e expressões concretas de unidade. Exortamos os nossos fiéis a trabalhar harmoniosamente pela promoção na sociedade dos valores cristãos que contribuam efetivamente para construir uma civilização de justiça, paz e solidariedade humana. Diante de nós está a senda da reconciliação e da fraternidade. Possa o Espírito Santo, que nos guia para a verdade completa (cf. João 16, 13), sustentar todo o esforço genuíno por construir pontes de amor e comunhão entre nós.

Da Santa Etchmiadzin, apelamos a todos os nossos fiéis para se juntarem a nós nesta oração feita com as palavras de São Nerses o Gracioso: «Glorioso Senhor, aceitai as súplicas dos vossos servos e, graciosamente, atendei os nossos pedidos, pela intercessão da Santa Mãe de Deus, João Batista, o primeiro mártir Santo Estêvão, São Gregório nosso Iluminador, os Santos Apóstolos, Profetas, Teólogos, Mártires, Patriarcas, Eremitas, Virgens e todos os vossos Santos no céu e na terra. E a Vós, Santa e Indivisível Trindade, seja glória e adoração por todo o sempre. Ámen».

Santa Etchmiadzin, 26 de junho de 2016.

Sua Santidade Francisco                                  Sua Santidade Karekin II

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Divina Liturgia: Papa pede um futuro livre das divisões do passado

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Cidade do Vaticano (RV) – Terceiro e último dia da Viagem Apostólica do Papa Francisco à Armênia.

O Santo Padre iniciou suas atividades na manhã deste domingo (26/06) celebrando Missa, em particular, na Capela da Residência do Supremo Patriarca, Primaz da Igreja Armênia e Catholicos de todos os Armênios, Karekin II, na cidadezinha de Etchmiadzin, onde ficou hospedado nestes dias de permanência em terras armênias.

Mais tarde, Francisco manteve, na mesma Residência Apostólica, um breve encontro informal com os 14 Bispos Armênios Católicos,  do qual participaram 12 sacerdotes, que exercem seu ministério no país, e alguns membros eminentes da comitiva papal.

A seguir, o Papa deixou a Residência e se dirigiu, de automóvel, à vizinha Praça de São Tiridate, para participar de uma Divina Liturgia, presidida pelo Catholicos Karekin II.

Após o pronunciamento do Catholicos de todos os Armênios, o Santo Padre tomou a palavra e disse:

“No ápice desta visita tão desejada e, para mim, já inesquecível, desejo elevar ao Senhor a minha gratidão, que uno ao grande hino de louvor e ação de graças, que se eleva deste altar. Vossa Santidade (Karekin II), nestes dias, abriu-me as portas da sua casa e juntos experimentamos ‘como é bom e agradável que os irmãos vivam unidos’. Juntos, nós nos encontramos, nos abraçamos fraternalmente, rezamos e partilhamos os dons, as esperanças e as preocupações da Igreja de Cristo, que acreditamos e sentimos ser ‘Una’.”

De fato, continuou o Papa, “encontramo-nos, precisamente, sob o signo dos Santos Apóstolos. Os Santos Bartolomeu e Tadeu, que proclamaram pela primeira vez o Evangelho nessas terras, e os Santos Pedro e Paulo, que deram a vida pelo Senhor em Roma, certamente se alegram ao ver o nosso afeto e a nossa aspiração concreta à plena comunhão”:

Comunhão

“Que a bênção do Altíssimo desça com abundância sobre esta terra, por intercessão da Mãe de Deus, dos grandes Santos, Doutores e Mártires, especialmente a multidão de mártires que aqui foram canonizados ano passado. Que o Espírito Santo faça dos fiéis um só coração e uma só alma; refunda a nossa unidade; derrame sobre nós o seu fogo de amor e unidade e desfaça os motivos do nosso ‘escândalo’, começando pela falta de unidade entre os discípulos de Cristo”.

Francisco continuou fazendo seus votos para que “a Igreja armênia caminhe em paz e a comunhão entre nós seja plena; surja em todos um forte anseio de unidade, uma unidade que não deve ser ‘submissão de um ao outro’, nem absorção, mas um acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um, para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação, realizado por Cristo, por meio do Espírito Santo”. E o Papa terminou com a exortação:

“Acolhamos o apelo dos Santos, ouçamos a voz dos humildes e dos pobres, das inúmeras vítimas do ódio, que sofreram e sacrificaram suas vidas pela fé; prestemos atenção aos anseios das gerações mais jovens, que pedem um futuro livre das divisões do passado. Que, deste lugar santo, se difunda novamente uma luz radiante! Que à luz da fé, que desde São Gregório Narek iluminou estas terras, se una a luz do amor, que perdoa e reconcilia”.

O Santo Padre concluiu seu discurso com o seguinte encorajamento: “Que nós, neste domingo santo, possamos seguir o convite de Deus à plena comunhão e acelerar o passo rumo à verdadeira unidade”.

Por fim, Francisco pediu ao Catholicos de todos os Armênios, Karekin II: “Em nome de Deus, peço-lhe que me abençoe, abençoe a mim e toda a Igreja Católica, como também a nossa corrida rumo à plena unidade! 

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Divina Liturgia - íntegra da alocução do Papa

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Yerevan (RV) – Na manhã deste domingo, último dia da visita à Armênia, o Papa Francisco participou da Divina Liturgia na Praça São Tiridate de Etchmiadzin.

Eis seu pronunciamento na íntegra:

“Santidade, caríssimos Bispos,

Queridos irmãos e irmãs!

No ponto culminante desta visita tão desejada e, para mim, já inesquecível, desejo elevar ao Senhor a minha gratidão, que uno ao grande hino de louvor e agradecimento que sobe deste altar. Vossa Santidade, nestes dias, abriu-me as portas da sua casa e experimentamos «como é bom e agradável que os irmãos vivam unidos» (Sal 133, 1). Encontramo-nos, abraçamo-nos fraternalmente, rezamos juntos, partilhamos os dons, as esperanças e as preocupações da Igreja de Cristo, da qual notamos em uníssono as pulsações do coração, e que acreditamos e sentimos ser una. «Há um só Corpo e um só Espírito, assim como (…) uma só esperança; um só Senhor, uma só fé, um só batismo; um só Deus e Pai de todos, que reina sobre todos, age por todos e permanece em todos» (Ef 4, 4-6): verdadeiramente podemos, com alegria, fazer nossas estas palavras do apóstolo Paulo. Foi precisamente sob o signo dos Santos Apóstolos que nos encontramos. Os Santos Bartolomeu e Tadeu, que proclamaram pela primeira vez o Evangelho nestas terras, e os Santos Pedro e Paulo, que deram a vida pelo Senhor em Roma, ao mesmo tempo que reinam com Cristo no céu, certamente se alegram ao ver o nosso afeto e a nossa aspiração concreta à plena comunhão. Por tudo isto agradeço ao Senhor, por vós e convosco: Park astutsò! [Glória a Deus!]

Nesta Divina Liturgia, elevou-se ao céu o canto solene do triságio, louvando a santidade de Deus; desça, abundante, a bênção do Altíssimo sobre a terra, pela intercessão da Mãe de Deus, dos grandes Santos e Doutores, dos Mártires, especialmente da multidão de mártires que aqui canonizastes no ano passado. «O Unigénito que aqui desceu» abençoe o nosso caminho. O Espírito Santo faça dos crentes um só coração e uma só alma: venha refundar-nos na unidade. Por isso, gostaria de invocá-Lo novamente, fazendo minhas algumas palavras esplêndidas que entraram na vossa Liturgia: Vinde, ó Espírito! Vós «que sois, com gemidos incessantes, o nosso intercessor junto do Pai misericordioso, Vós que guardais os santos e purificais os pecadores»; derramai sobre nós o vosso fogo de amor e unidade, e «sejam desfeitos por este fogo os motivos do nosso escândalo» (GREGÓRIO DE NAREK, Livro das Lamentações, 33, 5), a começar pela falta de unidade entre os discípulos de Cristo.

Que a Igreja arménia caminhe em paz, e a comunhão entre nós seja plena. Surja em todos um forte anseio de unidade, uma unidade que não deve ser «submissão de um ao outro, nem absorção, mas sim acolhimento de todos os dons que Deus deu a cada um para manifestar ao mundo inteiro o grande mistério da salvação realizado por Cristo Senhor através do Espírito Santo» (Palavras no fim da Divina Liturgia, Igreja Patriarcal de São Jorge, Istambul, 30 de novembro de 2014).

Acolhamos o apelo dos Santos, ouçamos a voz dos humildes e dos pobres, das inúmeras vítimas do ódio que sofreram e sacrificaram a vida pela fé; prestemos ouvidos às gerações mais jovens, que pedem um futuro livre das divisões do passado. Que, deste lugar santo, se difunda novamente uma luz radiosa; e à luz da fé, que desde São Gregório, vosso pai segundo o Evangelho, iluminou estas terras, una-se a luz do amor que perdoa e reconcilia.

Tal como os Apóstolos na manhã de Páscoa, apesar das dúvidas e incertezas, correram até ao lugar da ressurreição, atraídos pela aurora feliz duma esperança nova (cf. Jo 20, 3-4) assim também nós, neste domingo santo, sigamos a chamada de Deus à plena comunhão e aceleremos o passo rumo a ela.

E agora, Santidade, em nome de Deus, peço-vos que me abençoeis, que abençoeis a mim e à Igreja Católica, que abençoeis esta nossa corrida rumo à plena unidade”.

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Pe. Majewski destaca acolhida e amor do povo armênio

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Yerevan (RV) – Na manhã deste domingo, último dia da visita à Armênia, o Papa Francisco participou da Divina Liturgia na Praça São Tiridate de Etchmiadzin. Eis o que disse a respeito aos nossos microfones o Diretor de Programas da Rádio Vaticano, Padre Andrea Majewski: 

“Certamente, a Liturgia Eucarística desta manhã foi o evento mais importante de toda a viagem do Papa. Já ontem nos havíamos habituado a ver muita gente que assistia à oração da tarde: eram 50 mil pessoas e hoje certamente não estavam em menor número aqui em Etchmiadzin. Uma Liturgia solene: algo excepcional, porque os orientais raramente celebram ao ar livre. Uma coisa que nos surpreendeu e que diz muito de como o Papa é estimado na Armênia, o fato de que o seu nome tenha sido mencionado duas vezes durante a Liturgia Eucarística: nós havíamos recebido antes os livrinhos da Liturgia e esta foi para nós, uma grande surpresa. Outra coisa muito importante, foi o caloroso aplauso ao Papa, a calorosa reação das pessoas, dos bispos; sobretudo quando, no final de sua alocução, o Papa pediu a bênção do Catholicos. Todos os bispos orientais apostólicos levantaram-se e este gesto tocou muito o coração de todos os armênios. A visita está para se concluir e certamente para este país, e neste momento, representa uma visita histórica: o Papa quis sobretudo rezar com os armênios, estar próximo a eles em um tempo não fácil, porque sabemos que a Armênia está passando por um momento não muito tranquilo de sua história. Voltaremos a Roma cheios de boas impressões sobre o país, mas sobretudo pela acolhida e pelo amor que o povo armênio nutre pelo Papa”. (JE)

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Pe. Lombardi: Papa exorta armênios a serem apóstolos da paz

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Yerevan (RV) – No final da tarde de sábado, no segundo dia em terras armênias, o Papa Francisco participou do Encontro Ecumênico e Oração pela paz na Praça da República, em Yerevan. O Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Pe. Federico Lombardi, falou à Rádio Vaticano sobre o significado deste encontro: 

“Ecumenismo e paz foi o tema do encontro desta tarde e o Papa deu uma mensagem do seu ponto de vista: extremamente elevado e profundo conclamando, no final de seu discurso, todo o povo armênio, mesmo o da diáspora, a ser mensageiro da paz, a conseguir levar a riqueza de sua experiência também de sofrimento, mas vivida na perspectiva cristã, a dar uma grande densidade e profundidade a um comportamento que se torne de reconciliação, de diálogo, de dignidade para todas as pessoas do mundo. Portanto, que o povo armênio consiga ser apóstolo de paz e não se deixe levar pela tentação da recriminação pelo seu passado extremamente doloroso. Esta me pareceu ser uma mensagem muito importante, também porque os problemas continuam a existir: problemas para a paz, também para o povo armênio e em toda esta região. Pensemos em Nagorno Karabakh que foi evocado pelo Papa com extrema discrição e pelo Catholicos de forma muito direta. A região tem as suas tensões ou mesmo conflitos em andamento e então a paz, não é somente uma palavra, mas é um comportamento que deve encontrar também os caminhos para traduzir-se na prática e isto requer uma convicção e uma disponibilidade muito profundas. O Papa deu neste sentido uma contribuição muito consistente, precisamente com o discurso desta tarde, fazendo um apelo também aos grandes sábios da tradição armênia, quer no que diz respeito ao caminho rumo à unidade cristã, fazendo um apelo a São Nerses - que é um Catholicos de alguns séculos atrás - como no que diz respeito à paz, aos comportamentos necessários para a paz, referindo-se a São Gregório de Narek, que é outro grande Santo da tradição armênia que o Papa proclamou Doutor da Igreja universal há um ano”.

RV: O Papa, portanto, ao expressar a sua proximidade, a sua solidariedade ao povo armênio, não quer dividir o mundo em vítimas e carnífices...

“Absolutamente! A mensagem cristã não pode nunca ser deste gênero, deve ser sempre aberta à esperança e à capacidade de construir reconciliação. Ao mesmo tempo, deve existir uma memória real das consequências do mal e do pecado que se manifestaram também no ódio, na violência de forma terrível: isto não deve ser escondido, não deve ser negado, mas deve ser assumido precisamente como base para um empenho renovado e muito intenso para que isto não ocorra nunca mais e para que se construa, pelo contrário, a paz nas bases sobre as quais deva ser construída, que são precisamente a compreensão, o diálogo, a reconciliação, a capacidade de perdão”.

RV: Foram diversos os símbolos realizados pelo Papa: a árvore plantada, abençoada e regada no Memorial; na Praça da República em Yerevan, a  água derramada sobre a terra da Armênia ao lado de Karekin II...

“Sim, existem gestos bonitos, gestos simbólicos que foram feitos no dia de hoje (sábado). Os do Memorial foram certamente muito eficazes, muito clássicos gostaria de dizer, como plantar uma árvore e regá-la para que possa crescer, e este é um símbolo da vida muito característico. E depois, esta Arca de Noé que foi doada ao Papa e na qual todas as crianças que vieram dos povos vizinhos traziam a terra de seu país e que depois era regada para gerar vida, foi também um sinal bonito de universalidade, de diálogo e de fraternidade entre a humanidade”.

RV: Também os sinais do Jubileu da Misericórdia fizeram-se presentes, com o encontro afetuoso do Papa com os órfãos do Convento de Nossa Senhora da Armênia, gesto que se insere a pleno título no que o Papa vem realizando neste Ano Santo....

“Eu diria que existiram tantíssimos gestos de misericórdia nestes dias: todas as vezes que o Papa encontra doentes, feridos, pessoas com necessidades especiais – e existem tantos deles nestes dias – estão nesta mesma linha. O Papa foi acolhido pelas irmãs armênias que tem um Abrigo para menores e que deram a ele de presente uma belíssima estátua de bronze de duas crianças – um menino e uma menina – que se apoiam, um sobre o outro, num caminho difícil: fazem pensar ao caminho percorrido pelos refugiados armênios por ocasião do Metz Yeghérn, os caminhos nos quais morriam milhares... Assim, as crianças órfãs que estão no coração do Papa, no coração da Igreja e que são ajudadas a reencontrar o caminho da própria vida e do próprio crescimento. No fundo, hoje houve também a recordação disto, quando alguns dos descendentes dos órfãos que foram acolhidos por Bento XV em Castel Gandolfo por ocasião do Metz Yeghérn, reencontraram o sucessor de Bento XV, o Papa Francisco”. (JE/GL)

 

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Papa se despede da Armênia: povo exemplo de resistência e determinação

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Yerevan (RV) - O Papa Francisco se despediu da Armênia neste domingo (26/06), que o acolheu com afeto e alegria em sua visita a este “primeiro país cristão”.  

A Armênia é povoada desde os tempos pré-históricos. É uma terra  bíblica citada em alguns livros do Antigo Testamento com o nome do monte que é o símbolo desta terra: o Ararat.
 
O Livro do Gênesis 8, 4 diz que após o dilúvio, a Arca de Noé “encalhou sobre os montes de Ararat”.

Foi para “o país de Ararat” que Adramelec e Sarasar fugiram depois de matarem seu pai Senaquerib, rei da Assíria, contam o 2Rs 19, 37 e Is 37, 38.

O Profeta Jeremias predisse que Ararat estaria entre os “reinos” que viriam contra Babilônia no tempo de sua destruição (Jr 51, 27).

Este monte de 5.162 metros de altitude domina o horizonte de Yerevan, capital da Armênia, mas pertence à Turquia que como país com a configuração atual surgiu, em 1920, com o fim do Império Otomano.
 
O território habitado pelos armênios era imenso. Mas, em 1915, o Império Otomano iniciou o genocídio que resultou no massacre de um milhão e quinhentos mil armênios dentro de sua pátria histórica, que constitui a atual República da Turquia.

A capital Yerevan é uma das cidades mais antigas do mundo, fundada em 782 a.C pelo Rei Argistis I no Reino de Urartu que corresponde ao Reino de Ararat.

Esse povo que passou por várias vicissitudes ao longo de sua história, uma delas, recente, o ateísmo forçado até 1991, pois a Armênia fazia parte da União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, sempre se manteve fiel às suas raízes cristãs, ao Evangelho proclamado aqui pelos Apóstolos Bartolomeu e Tadeu. 

Seguiu os passos de São Gregório, o Iluminador, fundador da Igreja Armênia, que em 301 curou o Rei Tirídates III que se converteu ao cristianismo e tornou a Armênia oficialmente cristã. 

O povo armênio é exemplo de resistência e determinação. Deixa um marca indelével no coração de quem se abre para acolher a sua história e cultura. Por causa do genocídio, esse povo fugiu do país e procurou refúgio em vários países do mundo, tornando-se refugiado.

Uma miniatura da Arca de Noé, simbolizando o papel da Armênia como ‘arca da salvação’ para os refugiados provenientes de várias regiões fronteiriças e do Oriente Médio, foi presenteada ao Papa neste sábado (25/06), no final do encontro ecumênico de oração pela paz, em Yerevan. 

Descendentes dos armênios perseguidos durante o genocídio levaram simbolicamente uma mostra de terra com sementes de uvas cultivas no país, colocando-a na arca, gesto repetido pelo Papa.

O Bispo dos Armênios Católicos da América do Sul, Dom Vartan Waldir Boghossian, que acompanhou aqui na Armênia a visita do Papa Francisco, nos fala da chegada dos armênios ao Brasil.  

De Yerevan para a Rádio Vaticano, Mariangela Jaguraba

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Igreja no Mundo



Concílio: Unidade ortodoxa serve para a unidade dos cristãos

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Atenas (RV) – O Santo e Grande Sínodo das Igrejas Ortodoxas realizado desde 19 de junho  na Ilha de Creta, concluiu-se  este domingo (26) com a celebração da Sagrada Liturgia na Igreja de São Pedro e Paulo, em Chania. A mensagem divulgada ao final dos trabalhos reitera que a ortodoxia quer dialogar “com o mundo inteiro na história presente, com todas as suas potencialidades, riscos, ilusões, interrogações e respostas”.

Vontade de superar as dificuldades

A mensagem do Sínodo da Igreja Ortodoxa foi lida após o Evangelho e foi dirigida às populações ortodoxas e a todas as pessoas de boa vontade. O documento - aprovado no sábado pelos 230 bispos e hierarcas das 10 Igrejas ortodoxas autocéfalas participantes do encontro – sintetiza o significado do evento, percebido por todos os participantes como “histórico”.

Ainda no sábado, concluindo as sessões, o Patriarca Bartolomeu I havia sublinhado a alegria e a esperança que brotaram como primeiros frutos do Sínodo, não obstante todas as dificuldades e a dor pela ausência de quatro Igrejas autocéfalas - da Rússia, Geórgia, Bulgária e Antioquia – anunciada poucos dias antes do início do evento.

Na discussão dos seis documentos “nem tudo foi rosas e flores, mas houve a vontade de todos de superar as dificuldades com a iluminação do Espírito, que nos leva à concórdia, e esta é a maior contribuição que levamos à nossa Igreja e a toda a humanidade”. E completou: ‘Todos juntos escrevemos uma nova página da história e glorificamos a Deus por isto’”.

Exortação ao diálogo entre os ortodoxos e com outras Igrejas e religiões

A mensagem final –publicada no blog do “Regno” – é uma grande apologia ao diálogo. Diálogo entre as Igrejas Ortodoxas antes de tudo, para levar o testemunho do Evangelho de amor, paz, justiça e reconciliação, que sentem como o seu chamado diante dos desafios do mundo de hoje. Mas também diálogo com as outras Igrejas cristãs, aquele diálogo ecumênico pelo qual o Patriarca Ecumênico trabalhou incansavelmente em seus 25 anos de ministério, porque , como disse no sábado, “a unidade ortodoxa serve também para a causa da unidade dos cristãos”. E depois o diálogo inter-religioso: “A explosão do fundamentalismo que vemos em diversas religiões representa uma expressão de uma religiosidade doente. Um sério diálogo inter-religioso ajuda de modo significativo a promover confiança recíproca, paz e reconciliação”.

Diálogo com o mundo contemporâneo

Mas o diálogo que a Igreja Ortodoxa quer abrir, e que será levado em frente em modo processual com outros sínodos – e isto já foi entendido claramente – é com o mundo inteiro, na história presente, com todas as suas potencialidades, riscos, ilusões, interrogações e respostas. Um processo de diálogo se abre, e – como foi dito sexta-feira na coletiva de imprensa – não é possível antecipar os êxitos dele, mas é um fruto positivo em si mesmo.

Nova postura no terceiro milênio

As Igrejas Ortodoxas entram no terceiro milênio com uma atitude nova e aceitam o desafio de fazê-lo, permanecendo fieis às suas tradições. “O Santo e Grande Concílio abriu um novo horizonte para o mundo na sua variedade e multiplicidade. Enfatizou a nossa responsabilidade no lugar e no momento, sempre com a perspectiva da eternidade. A Igreja Ortodoxa, mantendo intacto o seu caráter sacramental d soteriológico, é sensível à dor, à angústia e à invocação de paz e justiça dos povos do mundo. E ‘proclama, dia após dia, a boa nova da Sua salvação, anunciando a Sua glória entre as nações e as Suas maravilhas entre todos os povos’ (Sal 95)”. (JE/Blog “Regno”)

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Atualidades



Tortura ainda é praticada em 140 países

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Cidade do Vaticano (RV) – Recorre este domingo o Dia Internacional contra a Tortura, uma prática desumana ainda usada em mais de 140 países, vitimando milhares de pessoas. A Rádio Vaticano entrevistou o porta-voz da Anistia Internacional Itália, Riccardo Noury: 

“A tortura é uma emergência global: ao menos 80% dos países que em 1984 assinaram a Convenção ONU contra a tortura continuam a recorrer a ela em modo substancialmente impune. Em alguns casos são punidos os opositores, em outros a tortura é uma verdadeira política de governo com base na qual o poder se mantém unicamente por meio da repressão. Como sempre a tortura moderna é um misto de métodos que recordam os suplícios medievais e de técnicas muito modernas  nas quais até mesmo se evita o contato físico entre o torturador e a sua vítima”.

RV: Existem projetos voltados à reabilitação dos sobreviventes?

“Sim, existem muitas organizações para os direitos humanos formadas por médicos, psicólogos, que fazem aquilo que os governos que torturam deveriam fazer, isto é, ao menos cuidar das vítimas que produzem. Nesta realidade isto não existe. Hoje a reabilitação no plano físico e psicológico, sobretudo em relação às mulheres que sofrem violência sexual – usada frequentemente como forma de tortura – é uma coisa preciosa e importante porque as ajuda a recuperar a confiança no mundo e na justiça, mas é algo que é delegado às organizações para os direitos humanos, aos médicos, aos psicólogos com recursos que, como sempre, são bastante escassos”.

RV: Qual é a situação dos refugiados na Itália?

“Existem vítimas de tortura. Basta pensar nos países de onde eles vem; me vem em mente a Eritreia, a Síria. Portanto, certamente, existem vítimas de tortura em nosso país cujas histórias, talvez, não são contadas, fogem ao controle e à possibilidade de receber cuidados médicos porque são pessoas que se isolam ou que são isoladas. Portanto é uma realidade escondida; pessoas que se encontram em meio a nós, quem sabe abandonadas sobre um banco, na rua, vivendo intensamente um trauma pós-tortura das quais vemos somente o lado exterior”.

RV: Que esforços são realizados pela Anistia Internacional?

“No dia 26 de junho nós continuamos a nível global a pedir leis contra a tortura, as pedimos também na Itália. Pedimos aos governos que têm estas leis, para que as respeitem na sua totalidade, pedimos aos órgãos internacionais que se ocupam da tortura para desenvolverem o seu trabalho por meio de pesquisas internacionais, sanções e condenações. Queremos que se tenha consciência de que a tortura no século XXI é algo inaceitável que atinge dezenas e dezenas de milhares de pessoas a cada ano e que deve ser erradicada de uma vez por todas”. (JE/GT)

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Use o cérebro e não drogas

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Roma (RV) – Celebra-se este 26 de junho o Dia Internacional contra o consumo e o tráfico ilícito de drogas, instituído em 1987 pela Assembleia Geral da ONU com o objetivo de sensibilizar os jovens para o perigo do consumo destas substâncias, oferece-lhes  instrumentos adequados para evitar o consumo e superar as consequências. 

De fato, cerca de 5% da população adulta - 250 milhões de pessoas entre os 15 e os 64 anos – fez uso de pelo menos uma droga em 2014, segundo revela o último relatório sobre drogas publicado pelo Escritório das Nações Unidas contra a Droga e o Crime (UNDOC).

A Rádio Vaticano entrevistou o médico e responsável terapêutico pela Comunidade italiana de ‘San Patrignano’, que acolhe atualmente cerca de 1.260 pessoas em processo de recuperação:

“O que é mais importante é reafirmar princípios fundamentais: que a droga faz mal e que droga leve não existe. Nós gostaríamos que o raciocínio fosse voltado para a prevenção do uso das substâncias em geral e à evidência científica que demonstra de que estas substâncias são todas muito prejudiciais. No momento em que uma substância é liberada, legalizada, é claro que um jovem  diz: “Se é normal, se é legal, se é possível adquiri-la, então não faz tão mal assim”. O que nós tentamos explicar aos nossos jovens que vêm para a comunidade, mas também nas campanhas de prevenção que fazemos nas escolas, é que além do fato de que a droga faz mal, é equivocado o conceito de querer mudar a própria cabeça para gostar mais de si, para ser menos tímido, ser mais desenvolto na sociedade. Porque está claro, de fato, que se alguém aceita usar alguma coisa, para vencer as normais dificuldades que qualquer adolescente encontra, se alguém aceita este compromisso com a própria consciência, assim como entra a cannabis, depois de seis meses entra a “smart drug” ou a droga sintética, e depois de dois anos talvez a cocaína, a heroína. A coisa revolucionária para um jovem é usar o próprio cérebro, sem poluí-lo com substâncias. O que deve gratificar a pessoa é conseguir vencer o próprio medo, as dificuldades, conseguir superar tudo aquilo que  existe na vida de uma pessoa, especialmente de um adolescente, com as próprias forças, com as suas capacidades, com o seu esforço e não com a fuga da droga”.

RV: Qual a importância da prevenção e da informação?

“A informação, infelizmente, não é muito importante. Sabemos já há anos que fazer um discurso em que é simplesmente explicado o efeito das drogas, os danos das drogas, não é suficiente, mesmo porque chateia: o jovem vê o médico que vai falar a ele, ou o ex-drogado...Há diversos anos nós estamos fazendo uma campanha em um formato muito diferente. Criamos espetáculos teatrais com diretores profissionais, nos quais não se fala da experiência da droga, mas se fala daquilo que veio antes da droga. Conta-se a história “normal” da pessoa – não de quando se drogava, mas dos problemas que encontrava antes de começar a se drogar – de modo que, a nível emotivo, os estudantes se identifiquem de maneira emocional forte com a pessoa e não com o drogado, mas com aquele que depois se tornará o drogado, e portanto, consigam perceber as causas que levaram este jovem inicialmente a experimentar e depois a tornar-se dependente da substância. É uma informação que joga com a antecipação. O importante é que exista um envolvimento emotivo”.

RV: Qual é a recuperação efetiva de uma pessoa? Como se deixa de usar a droga?

“É a própria pessoa que deve deixar de usar a droga, a partir do momento em que saboreia formas de gratificação mais elevadas. A droga te dá uma gratificação química imediata, que não está ligada a nenhum esforço da tua parte, é gratuita. Motivo pelo qual não existem mais prazeres, efeitos, interesses, nada. O nosso itinerário, e acredito que das comunidades em geral, é o de ensinar, educar uma pessoa a experimentar, saborear e usufruir níveis de gratificação, pouco a pouco, sempre mais profundos. Depois existem as gratificações que dizem respeito àquelas em que se começa a sentir prazer por algo que se faz não para si mesmo, mas por outra pessoa: é o nível de amadurecimento mais elevado. Quando alguém descobre o quanto isto é bonito, na nossa opinião, o seu percurso atingiu realmente a fase mais elevada”.

RV: Qual é a sua gratificação trabalhando  na Comunidade de ‘San Patrignano’?

“Quando vou à Missa, me dou conta que o que me agrada é olhar os rostos dos outros jovens que estão na missa na nossa Igreja e estão muito concentrados. Eu imagino que naquele momento estejam pensando em algo de realmente muito profundo. Aquilo que, portanto, me dá satisfação, é ver as pessoas que a cada dia buscam ser pessoas melhores. O nosso sacerdote faz homilias que, na minha opinião, são realmente muito terapêuticas também para um percurso de recuperação da droga. As duas coisas se fundem, não são distintas”. (JE/VO)

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