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Sumario del 10/07/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



"Domingo do Mar": Papa encoraja o difícil trabalho dos marítimos

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Cidade do Vaticano (RV) - Após a oração Mariana do Angelus, o Papa Francisco recordou que neste domingo comemoramos o “Domingo do Mar”, em apoio ao cuidado pastoral dos marítimos. 

“Encorajo os marítimos e os pescadores no seu trabalho, muitas vezes, difícil e arriscado, assim como capelães e voluntários em seu precioso serviço. Maria, Estrela do Mar, cuide de você!"

O Santo Padre saudou ainda os fiéis de Roma e muitas partes da Itália e do mundo, com especial atenção a um grupo de argentinos, como disse ele “barulhentos”, presente na Praça São Pedro.

Saudou ainda os peregrinos de Puerto Rico e um grupos de poloneses que completaram uma corrida de revezamento de Cracóvia a Roma e estendeu a sua saudação aos participantes da grande peregrinação da Família da Rádio Maria ao Santuário de Jasna Gora, já na sua 25ª edição.

Como sempre desejou a todos um bom domingo, acrescentando: “não se esqueçam, por favor, rezem por mim. Bom almoço e até mais! (SP)


 

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Papa no Angelus: sem obras a fé é morta

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Cidade do Vaticano (RV) - “No final, seremos julgados pelas obras de misericórdia”. Foi o que recordou o Papa Francisco aos fiéis presentes na Praça São Pedro neste domingo, antes da oração do Angelus, comentando a parábola “simples e estimulante do Bom Samaritano”. E fez isso citando inclusive uma canção italiana  “Parole, parole, parole, - "Palavras, palavras, palavras." "Apenas palavras que o vento leva embora”, disse para distinguir as obras de misericórdia de uma solidariedade só em palavras. 

“Também nós – sublinhou - podemos nos fazer esta pergunta: quem é o meu próximo? Quem devo amar como a mim mesmo? Os meus parentes? Os meus amigos? Os meus compatriotas? Os da minha mesma religião?”. Francisco explicou que Jesus muda essa perspectiva: “Eu não devo catalogar os outros para decidir quem é o meu próximo e quem não é. Depende de mim, ser ou não ser o próximo da pessoa que encontro, e que precisa de ajuda, mesmo se estranha ou até hostil.

“Vai e faça você também o mesmo”'

E Jesus recomenda: “Vai e faça você também o mesmo”'. E ele repete a cada um de nós: “Vai e faça você também o mesmo, faça-se próximo ao irmão e à irmã que você vê em dificuldades. O Evangelho, recordou Francisco, “indica um modo de vida, cujo centro de gravidade não somos nós mesmos, mas os outros, com as suas dificuldades, que encontramos em nosso caminho e nos interpelam. E quando os outros não nos interpelam algo neste coração não funciona, algo neste coração não é cristão”.

A atitude do Bom Samaritano

Devemos, disse o Papa, “realizar boas obras, não basta somente dizer palavras que vão ao vento”. “ Vem-me em mente aquela canção "palavras, palavras, palavras". E, no Dia do Julgamento, o Senhor vai nos dizer': “Mas você, você se recorda daquela vez na estrada de Jerusalém a Jericó? Aquele homem quase morto era eu. Você se lembra? Aquela criança com fome era eu. Você se lembra? Aquele migrante que muitos querem expulsar era eu. Aquele avó sozinho, abandonado em casas para idosos, era eu. Aquele doente sozinho no hospital, ninguém vai ver, era eu”.

“A atitude do Bom Samaritano – explicou Francisco – é necessária para dar prova da nossa fé, a qual “se não é acompanhada por obras, em si mesma é morta”, como recorda o Apóstolo Tiago".

Fé fecunda

“Através das boas obras, que realizamos com amor e com alegria aos outros, a nossa fé - acrescentou - germina e dá frutos”. Bergoglio, em seguida exortou: “Perguntemo-nos: a nossa fé

E fecunda? Ela produz boas obras? Ou é um pouco estéril e, portanto, mais morta do que viva? Faço-me próximo ou simplesmente ou passo ao lado?”. “Estas perguntas - concluiu – devemos fazê-las frequentemente, porque no fim seremos julgados pelas obras de misericórdia”. (SP)

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Domingo do Mar: nossa vida depende dos marítimos, recorda Santa Sé

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Cidade do Vaticano (RV) - "Como Apostolado do Mar, estamos ao lado dos marítimos para repetir que seus direitos humanos e profissionais devem ser respeitados e protegidos". 

Esta é a mensagem que o Pontifício Conselho para a Pastoral dos Migrantes e dos Itinerantes publicou por ocasião do Domingo do Mar, a ser celebrado no próximo dia 10 de julho.

No texto, assinado pelo Presidente do Pontifício Conselho, Card. Antonio Maria Vegliò, recorda-se que 90% das mercadorias que consumimos são transportadas via mar. Neste comércio, trabalham um milhão e 200 mil marítimos de várias nacionalidades a bordo de 50 mil navios.

Compreensão

“Sentamos comodamente no sofá de nossas casas, temos dificuldade em compreender até que ponto a nossa vida cotidiana depende da indústria marítima e do mar”, afirma a mensagem.

Combustível, móveis, computadores e celulares, roupas e até a fruta que comemos são entregues por navios. E não só: quando fazemos um cruzeiro ou quando migrantes são resgatados no Mediterrâneo, os marítimos estão sempre envolvidos.

Contudo, longas jornadas de trabalho, pirataria, exploração, desastres ambientais, poluição, remuneração escassa e distância da família e dos filhos podem comprometer a integridade física e psicológica dos marítimos.

Respeito e segurança

“Encorajados pelo Papa Francisco, que exortou os capelães e os voluntários do Apostolado do Mar ‘a serem voz dos trabalhadores que enfrentam situações de perigo e de dificuldade’, nós estamos ao lado dos marítimos, para repetir que seus direitos humanos e profissionais devem ser respeitados e protegidos.”

O Pontifício Conselho faz um apelo aos governos para que reforcem a aplicação da Convenção sobre Trabalho Marítimo da Organização Internacional do Trabalho, cujo objetivo é garantir que os trabalhadores tenham acesso a bordo de estruturas e serviços que protejam seu estado de saúde. Aos bispos das dioceses marítimas, pede que instituam e promovam o Apostolado do Mar.

Por fim, Card. Vegliò expressa gratidão aos marítimos por seu trabalho, “essencial para a nossa vida cotidiana”, e os confia à materna proteção de Maria, Stella Maris.

(bf)

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Igreja no Brasil



Comunidade pró-vida representará as Américas em Vigília da JMJ

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Petrópolis (RV) - Durante a vigília na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), em Cracóvia, Polônia, serão apresentados aos peregrinos cinco testemunhos, entre os quais, o da Comunidade Católica Jesus Menino, da Diocese de Petrópolis (RJ), representando as Américas. Para o fundador da comunidade, Antônio Carlos Tavares de Mello – conhecido como Tonio –, “será uma oportunidade para mostrar o rosto da misericórdia através das pessoas com deficiência”.

A Jesus Menino, fundada em 1990, é uma comunidade católica de vida consagrada que tem como carisma acolher Jesus Menino presente nas pessoas com deficiências, as quais são adotadas pelo fundador e criadas como filhos em família e em comunidade. Atualmente, é também referência no trabalho em defesa da vida e contra o aborto.

Tonio contou à ACI Digital que a Comunidade foi convidada pelo Comitê Organizador da JMJ para dar o seu testemunho na vigília da Jornada, no dia 30 de julho, ao lado do Papa Francisco. “A vigília começará por volta das 19h lá, será às 14h aqui no Brasil”, observou, convidando todos a estarem unidos em oração neste momento.

O fundador da Comunidade lembrou que tudo começou com uma entrevista concedida certa vez na Alemanha. “A jornalista achou que seria bom enviar aquele conteúdo para o Comitê da JMJ. Foi o que fez e depois fomos convidados para essa participação. Não esperávamos”, expressou.

Em Cracóvia, a Jesus Menino será representada por seis pessoas, entre elas o fundador e dois filhos da Comunidade, Felipe e Alex.

“No nosso testemunho – adiantou Tonio –, falaremos como a Comunidade nasceu, qual a definição na Igreja, com sua missão de trazer Maria e José na nossa missão de adotar pessoas deficientes. Vamos falar de nossos 40 filhos e como vivemos ‘Nazaré’ no nosso dia a dia, com a oração, a vivência e o trabalho. Também falaremos em defesa da vida, principalmente da pessoa com deficiência”.

Para complementar o testemunho, Felipe e Alex cantarão uma canção intitulada ‘Toda vida é um dom’. “Essa música irá somar na nossa mensagem, porque toda pessoa é sagrada, é um dom e deve ser amada e respeitada, independentemente de ser ou não deficiente. Além disso, será um impulso contra o aborto, pois vamos mostrar o valor da vida”, acrescentou.

Além disso, será apresentado um vídeo apresentando o que é a Comunidade Jesus Menino, seu carisma e o seu dia a dia.

Assim, Tonio afirmou que, durante a JMJ, poderão apresentar como vivem “a misericórdia na Jesus Menino” e, com isso, mostrar também a importância da vida consagrada e das novas comunidades, com seus diferentes carismas, dentro da Igreja.

“Então, vamos tocar na família, na inclusão, na vida consagrada, na vocação de homens e mulheres, na defesa da vida”, sintetizou.

Uma resposta de Deus

Para a Comunidade Jesus Menino, declarou Tonio, o convite para participar da JMJ “foi uma resposta de Deus nesses 26 anos de caminhada” e algo que “alegrou o nosso coração”.

“Será uma grande abertura para a Comunidade no mundo”, considerou, recordando que a Jesus Menino já está presente “há 15 anos na Itália, com pais que perderam seus filhos; está nascendo em Portugal com um grupo de pais de filhos deficientes; e na Áustria e Alemanha possui grupos de apoio, com trabalho também de conscientização pró-vida”.

Com essas missões na Europa, a Comunidade Jesus Menino já se encontrou quatro vezes com o Papa Francisco, participando de Audiências Gerais na Praça de São Pedro, no Vaticano. “Sempre que nos vê – contou Tonio –, o Papa já nos identifica como uma comunidade pela vida e pede a nossa oração pela vida”.

Dessa forma, concluiu, “mostraremos um dos rostos da misericórdia nas Américas, mostraremos que as pessoas deficientes são um sinal no mundo”. (SP-ACI)
 

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Cardeal João Braz de Aviz fará palestra na Assembleia Eletiva da CRB

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Brasília (RV) - A Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) realizará, em Brasília (DF), de 11 a 15 de julho, a 24ª Assembleia Geral Eletiva. Na ocasião, será escolhida a nova presidência da entidade para o período de 2016 a 2019. O abordará o tema "Vida Religiosa Consagrada em processo de transformação" e o lema "Eis que eu estou fazendo uma coisa nova", inspirado no texto de Isaias 43, 19.

O encontro, que deve reunir cerca de 600 religiosos e religiosas de todo o Brasil, será espaço para reflexões e aprofundamentos sobre a vida consagrada e sua missão na atualidade. Para isso, contará com a participação do Prefeito para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica do Vaticano, Cardeal João Braz de Aviz, que fará exposição sobre o tema “Exigências e tendências da Igreja e Vida Religiosa Consagrada”.

Celebrações Eucarísticas, mesas temáticas, oficinas e trabalhos em grupo são algumas das atividades previstas na programação, que iniciará às 13h50 de segunda-feira, 11, com momento de animação, seguido da oração de abertura e de uma apresentação artística. 

As eleições contarão com sistema de votação eletrônica, adotado pela CRB desde 2010 e que, de acordo com a entidade, garante maior eficiência no processo. A 24ª Assembleia Geral Eletiva será transmitida ao vivo, pelo site da CRB Nacional (www.crbnacional.org.br) (SP-CNBB)

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Igreja no Mundo



Bispos japoneses: o egoísmo do ser humano não destrua o mar

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Tóquio (RV) - “O mar está morrendo e a causa principal é o egoísmo do ser humano”, afirmam os bispos japoneses na mensagem em vista do Domingo do Mar que se celebra neste domingo (10/07).

No documento, assinado pelo Presidente da Comissão episcopal nipônica para refugiados e migrantes, Dom Michael Goro Matsuura, Bispo de Nagoya, os prelados sublinham que as dificuldades e os perigos que vivem os homens do mar “não vem somente da natureza”. “O mar se torna cada vez mais perigoso por causa de testes nucleares e do descarregamento na água de material radioativo e poluente, colocando em condições de alto risco o ser humano e todas as espécies marinhas”, destacam os bispos nipônicos.

Segundo AsiaNews, a carta se intitula “No mesmo barco, com a misericórdia do Pai” e recorda que no Ano Jubilar “todos somos chamados a amar uns aos outros como membros da mesma família guiada pelo nosso Pai”. Todavia, este amor misericordioso nem sempre envolve os homens do mar: “É raro ler noticias sobre estas pessoas. Talvez porque os eventos do mar não fazem notícia não obstante os marítimos enfrentem perigos graves”, sublinham.

“O mar é um dom maravilhoso da Criação de Deus. Não devemos mais contaminá-lo para nutrir o ego do ser humano. O pão cotidiano que ingerimos vem também de quem trabalha no mar. Estamos todos no mesmo barco. Portanto, devemos dar a mesma atenção a quem trabalha no mar e na terra, ajudando-nos mutuamente”, reitera a nota.

Os bispos japoneses fazem um apelo à oração: “Em vista deste Domingo do Mar, rezamos pelos navegantes e suas famílias”. (SP)

 

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Bispo de Dallas: "Toda vida humana é preciosa"

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Dallas (RV) - O Bispo de Dallas, Dom Kevin Farrell, afirmou que todas as vidas são importantes e que toda vida humana é preciosa, depois do tiroteio ocorrido no centro da cidade, causando a morte de 5 policiais e 9 ficaram feridos, entre eles 7 eram também das tropas de choque.

O tiroteio ocorreu na quinta-feira, 7 de julho, no centro de Dallas, enquanto era realizada uma manifestação pacífica contra supostos abusos policiais em Baton Rouge, no Estado de Louisiana; e em Minneapolis, no Estado de Minnesota.

CNN em Espanhol informou que um dos suspeitos foi preso pela polícia algumas horas após negociações e disparos em um estacionamento no centro da cidade. Outros três suspeitos estão sob custódia.

Micah Xavier Johnson, jovem ex-militar afro-americano, foi quem abriu fogo contra os policiais que protegiam os manifestantes.

De acordo com o National Law Enforcement Officers Memorial Fund., o ataque de ontem foi o mais mortal para as tropas de choque desde os ataques terroristas de 2001, quando morreram 72 agentes da polícia.

A respeito do ocorrido em Dallas, o Bispo da Diocese Dom Farrell ofereceu suas orações pelos falecidos e afirmou que “fomos varridos por uma escalada de violência que nos atingiu intimamente, como aos outros, em todo o país e no mundo. Todas as vidas são importantes: negros, brancos, muçulmanos, cristãos, hindus. Todos somos filhos de Deus e toda vida humana é preciosa”.

“Não podemos perder o respeito pelo outro e devemos chamar os nossos líderes civis para que dialoguem uns com outros e trabalhem juntos para uma solução desta escalada de violência”, acrescentou o Prelado.

Para o Presidente da Conferência de Bispos Católicos dos Estados Unidos e Arcebispo de Louisville, Dom Joseph E. Kurtz, “o assassinato dos agentes de polícia em Dallas foi um ato mal, injustificável. Peço a todas as pessoas de boa vontade que implorem a fim de que possamos resistir ao ódio que nos deixa cegos ante a humanidade comum”.

“Aos meus irmãos e irmãs em Cristo, peço-lhes que nos unamos ante a Cruz de Jesus. Nosso Salvador sofreu nas mãos dos piores impulsos da humanidade, mas Ele não perdeu a esperança em nós nem no seu Pai celestial, porque o amor supera o mal”, ressaltou.

Por sua vez, o Arcebispo da Filadélfia, Dom Charles Chaput, denunciou que “estes incidentes incompreensíveis agravam os ressentimentos raciais e tornam piores a tensa situação nacional”.

“As vidas dos negros importam porque todas as vidas importam: começando pelos pobres e pelos marginalizados, incluindo todos os homens e mulheres de todas as raças que arriscam suas vidas para proteger toda a comunidade”, precisou o Prelado.

O Arcebispo explicou que “o caso dos policiais assassinados em Dallas não estão relacionados com as situações de Baton Rouge e Minnesota”.

“A violência não é a resposta e os assassinatos de Baton Rouge, Minnesota e Dallas são a prova disto, pois aumentam as divisões da nossa vida nacional”, assegurou. (SP)

 

 

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Formação



Editorial: Chorar por aqueles que ninguém chora

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Cidade do Vaticano (RV) – Era uma segunda-feira de 3 anos atrás, precisamente o dia 8 de julho de 2013 quando o Papa Francisco, na sua primeira viagem em território italiano, tocava os pés na Ilha de Lampedusa, Sul da Itália. Este pedaço de terra no meio do Mar Mediterrâneo foi e continua sendo uma das principais rotas de entrada de refugiados do Norte da África em direção à Europa. Ali estava o coração entristecido do Papa pela morte de tantos imigrantes.

 

Para muitos a costa do Mediterrâneo naquela região é digna de uma versão contemporânea do inferno de Dante. Nos poucos mais de 100 quilômetros de mar que dividem a Europa do Norte da África ali já morreram milhares de pessoas. A maioria em função dos naufrágios das precárias embarcações, mas também por falta de água e comida, enquanto ficavam à deriva no mar.

Francisco naquela ocasião lançou uma coroa de flores para recordar os imigrantes que morreram em muitos naufrágios, encontrou imigrantes então alojados no centro de imigração de Lampedusa e presidiu uma missa na praça esportiva da ilha. Recordamos, Francisco ficou profundamente tocado pelo naufrágio de uma embarcação que transportava imigrantes provenientes da África, mais um numa série infinita de tragédias. Dai o desejo de rezar pelos que perderam a sua vida no mar, encontrar os sobreviventes e animar os moradores desta ilha. Não deixou de fazer um chamado à responsabilidade de todos, para que se ocupem destes “irmãos e irmãs em extrema necessidade”.

Em Lampedusa Francisco "chorou pelos mortos que ninguém chora" e voltou a colocar os pobres ao "centro da sua missão”. Naquela ocasião com a voz embargada pela emoção exortou todos a "despertarem suas consciências" e a combaterem a "globalização da indiferença". Alertou assim para a “cultura do bem-estar pessoal”, que leva à indiferença para com os outros, diante das desumanas tragédias.

Mas desde aquele dia histórico para esta ilha o que mudou? Para onde foram as lágrimas do Papa, para qual direção foram as flores jogadas ao mar? Será que os corações e consciências foram tocados? Muitos afirmam que algo mudou e um vento novo sacudiu as consciências, mas muitos afirmam que pouca coisa mudou pois milhares de pessoas continuam a chegar em barcos e a arriscar sua vidas no mar, provenientes da África, em busca de uma vida melhor para seus filhos e famílias. Muito foi feito e se está fazendo, principalmente pelo governo italiano, mas ainda muito deve ser feito para evitar tantas mortes.

Com uma reflexão sobre a indiferença humana diante das tragédias, reflexão que frequentemente Francisco faz nos seus discursos, naquela ocasião o Papa retomou o trágico acontecimento bíblico entre Caim e Abel, perguntando: “Caim, onde está o teu irmão”! Ali, questionou de quem era a responsabilidade pela tragédia dos contínuos naufrágios.

“Perdemos o sentido da responsabilidade fraterna”- disse o Papa -.

Enquanto isso no grande mar da esperança, as utopias continuam a encontrar o seu fim, e o sonho de uma vida melhor naufraga, levando consigo todo desejo de uma vida digna. O Mar Mediterrâneo nos últimos três anos continuou a cobrar duramente o alto preço de vidas, que tentavam atravessar a “piscina dos deuses”, em busca de um horizonte cheio de expectativa.

Neste “mar da esperança” se continua a morrer e se continua a usar quilos de tinta para escrever rios de palavras que ciclicamente são destinadas a cair numa simples retórica. Quase todos os dias, desta parte do sul da Europa chegam notícias de tentativas de atravessar esse mar em embarcações improvisadas que, quando não chegam a um “porto feliz”, deixam seus “peregrinos” no meio do caminho, sem vida, na indiferença total, em um mar que já se tornou cemitério.

É preciso pensar e criar soluções que vão além de um resgate em alto mar, que possa ir a fundo nas causas desses fluxos migratórios desordenados; conflitos, guerras, fome, miséria. São peças de um mosaico complicado, que todos devem contribuir para resolver. Neste momento o único mosaico que se forma é o da dor e do sofrimento de pessoas que se tornaram somente números em uma estatística fria.

Por ocasião dos três anos da visita que o Papa realizou a Lampedusa mais de trinta cidades italianas se recolheram em oração pelos milhares de pessoas que perderam suas vidas em uma viagem da esperança, sem um porto feliz. (Silvonei José)

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Reflexão dominical: gesto misericordioso do Bom Samaritano!

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Cidade do Vaticano (RV) – A primeira leitura da liturgia de hoje nos fala da maravilha que é possuir uma lei feita por Deus e que, por isso mesmo, leva à Vida. Essa Lei está impregnada em nosso ser. 

O Livro do Deuteronômio diz que ela “está ao seu alcance: está na sua boca e no seu coração”. Isso significa que não deveremos ficar presos a um código de regras, de prescrições, mas que nos entreguemos, sem reservas, à promoção da Vida.

No Evangelho, a parábola do Bom Samaritano, contada por Jesus, deixa isso claríssimo. O Mestre dá a essa Lei um nome: misericórdia!

A misericórdia promove a Vida. Ela não faz rodeios para salvar o ser humano.

A Vida está em primeiro lugar. Salvaguardar a Vida, seja de quem for, é a Lei Máxima! E quando se fala em Vida não se restringe à vida física, mas se compreende também a moral, a psíquica, a espiritual.

Fala-se da Vida do Homem. Tudo deve estar subordinado a esse valor, porque Deus é Vida e Ele assim determinou que fosse. Por isso, matar alguém, física ou moralmente é um pecado grave.

Do mesmo modo é desconhecimento da revelação do Amor de Deus, qualquer atitude que demonstre falta de misericórdia. Está escrito: “Quero a misericórdia e não o sacrifício”.

Por que é um samaritano quem pratica a misericórdia na parábola contada por Jesus? Será que Jesus quer simplesmente incomodar os judeus? Não, não é nada disso. Ele até pode ter esse desejo, e certamente o tem, de alertar seus concidadãos. Mas a figura do samaritano, nesta parábola, tem o significado de ser alguém que desconhece um código de leis. Jesus quer destacar que esse homem nascido na Samaria agiu somente por causa de seu coração. Ele teve a sensibilidade de perceber a situação de miséria em que se encontrava o homem assaltado. Ajudou muito para que tivesse compaixão, sua origem samaritana, de marginalizado. Ele se identificou com o pobre coitado e agiu como Deus, isto é, teve compaixão. Segundo Lucas, somente Jesus tem compaixão. É um gesto eminentemente divino! O QUE É MEU É TEU!  QUERO QUE VOCÊ TENHA VIDA!

Podemos apreender o seguinte ensinamento: para alguns, a salvação está no cumprimento das leis; para outros, nos atos realizados dentro de um templo; para o samaritano, está em assumir a Vida e colocar-se a caminho dos que estão sendo privados dela. Ao se solidarizar com o marginalizado, o samaritano encontrou Deus e a verdadeira religião. (Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o XV Domingo do Tempo Comum)

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Laudato si - Francisco e a Irmã Soja

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Capítulo 11

IRMÃ SOJA 

FRANCISCO Paz convosco, paz e bênçãos e boas energias! Sou Francisco de Assis, um apaixonado pela vida, por todas as criaturas de Deus. Hoje estou na Argentina, onde nasceu o Papa Francisco. Ele nos ensinou que toda a Terra é nossa pátria, que a Humanidade é uma só família que habita uma casa comum. A vista se perde contemplando estes pampas. Tudo verde, tudo bem semeado... Magnífico!

SOJA Não tão magnífico, Francisco. Não se iluda. Baixa, baixa os olhos que te falo eu.

FRANCISCO E quem é você? Não te conheço, no meu país você não existia.

SOJA     Sou um pé de soja. Ou de soya, como me chamam alguns. Eu vivia tranquila na China, no Japão... mas me trouxeram aqui. Me semearam aqui.

FRANCISCO Pois bem-vinda, irmã Soja. Mas por que dizia que estas plantações não são  tão magníficas?

SOJA  Porque me aborreço, Francisco. Há alguns anos eu crescia na fazenda do seu Felipe, um agricultor que já teve que ir embora daqui. Ele plantava cevada... cenoura... Tinha erva-mate para alegrar o coração, comida  abundante.  Pastavam as vacas... Vinham as famílias e preparavam um                       churrasco... Era muito divertido...

FRANCISCO E agora?

SOJA     Olha a teu redor e julgue por si mesmo. Estamos sozinhas e cansadas. Milhares, milhões de plantas de soja. Todas iguais, todas repetidas... (BOCEJO) Uma canseira!... Um problema!

FRANCISCO Por que isso aconteceu, irmã Soja?

SOJA  Pelo afã de ter mais e mais dinheiro. Pôr o dinheiro acima das pessoas. E pôr o dinheiro acima da Natureza.

FRANCISCO Sempre o deus dinheiro!

SOJA   Ouça o meu patrão...

FELIPE   Chegaram essas pessoas, os da empresa... Disseram se eu quisesse ganhar um bom dinheiro tinha que plantar soja... Que eles comprariam a colheita... O que eu posso dizer?... Me convenceram... Me fizeram um empréstimo para a soja... Com juros, sabe?... Mas depois tudo foi mal... Tinha que comprar os fertilizantes deles, os inseticidas... Nunca conseguia pagar-lhes... Fiquei mais enforcado que Judas... No final, tive que vender a terra para eles...

SOJA     É isso que fazem, Francisco. Para ganhar mais e mais, plantam só uma coisa. Chamam de monocultura. Um campo imenso com soja, só soja, só soja.                          

FRANCISCO A criação de Deus não trabalha assim. Deus sabe de sobra que na variedade está o gosto. Lembro-me na minha cidadezinha de Assis. Os camponeses semeavam lentilhas, grão-de-bico... Criavam ovelhas e galinhas e com o esterco adubavam o solo.

SOJA Com a monocultura não é assim. Nós, as plantas, ficamos doentes porque não há outros cultivos que afastem as pragas. Necessitamos de adubos químicos porque não há vacas. E pesticidas porque não há insetos. E nos enchem mais e mais de venenos. A terra se cansa, seca, e nós também. Nos aborrecemos.

FRANCISCO E esse ruído?

SOJA  Tape o nariz, Francisco... É um avião que está pulverizando com glifosato...

FRANCISCO Com o quê...?

SOJA  É um veneno... Um veneno terrível... Foge!

FRANCISCO Esse aparato já foi embora... Uff... Bom, irmã Soja, ao menos te sobra o consolo de que você está alimentando a muitos filhos e filhas de Deus.

SOJA  Não, Francisco, eu não dou de comer aos humanos, mas aos automóveis.

FRANCISCO Como assim, aos automóveis?

SOJA Aos automóveis. A caminhões, carros, caminhonetes... Colhem minhas sementes, as moem... e com meu óleo fabricam agro combustíveis: biodiesel, etanol...

FRANCISCO Não entendo. Disseram-me que os motores comiam petróleo...

SOJA   Mas como o petróleo está caro, decidiram mudar a dieta dos carros e agora comem a mim. O mesmo fazem com minha irmã a palma africana.           E com meu irmão o milho. E com a doce cana-de-açúcar.

FRANCISCO Mas se os motores começam a comer soja e milho e cana... o que as pessoas comerão? Petróleo?

SOJA  Isso não importa para as empresas. E o problema, Francisco, é que há tantos automóveis no mundo que para alimentá-los precisam de terras e terras e mais terras...

FRANCISCO Talvez por isso teu patrão seu Felipe foi embora daqui?

SOJA  Sim, o forçaram a vender suas terras.

FRANCISCO  Mas se eu entendo bem, irmã Soja, mais terras para alimentar motores significa menos terras para alimentar pessoas.

SOJA   Acertou na mosca! E isso torna os alimentos mais caros.

FRANCISCO E se os alimentos sobem de preço, haverá fome e protestos contra a fome.

SOJA  Acertou de novo, Francisco!

FRANCISCO Dar de comer aos motores enquanto tantos seres humanos passam                                          fome é um crime. Um pecado grave.

JORNALISTA Na Argentina, 20 milhões... No Brasil, já são 25 milhões de hectares  semeados de soja transgênica. Em somente 10 anos, quase todo o pampa argentino e enormes extensões de florestas e terras agrícolas no Brasil,Paraguai, Uruguai e Bolívia foram convertidas em desertos verdes, em  monoculturas de soja.

SOJA  … E seu Felipe, o que foi dono destas terras, o converteram em um migrante. Lá está ele, em Buenos Aires.

FELIPE  Eu queria voltar para roça... Tenho saudade da minha terra… Até sonho que estou semeando grãos, colhendo… Aqui nesta cidade tão grande, nesta confusão, quem sou eu? Sou ninguém… Estou arrasado, bem disse o tango, o mundo é uma porcaria...

Diz o Papa Francisco em sua encíclica Laudato Si, Louvado Sejas:

  ... A poluição que afecta a todos, causada pelo transporte, pelos fumos da indústria, pelas descargas de substâncias que contribuem para a  acidificação do solo e da água, pelos fertilizantes, insecticidas, fungicidas, pesticidas e agro-tóxicos em geral... Quando os seres humanos destroem a biodiversidade na criação de Deus; quando os seres humanos comprometem a integridade da terra e contribuem para a mudança climática, desnudando a terra das suas florestas naturais ou destruindo as suas zonas húmidas; quando os seres humanos contaminam as águas, o solo, o ar... tudo isso é pecado. Porque um crime contra a natureza é um crime contra nós mesmos e um pecado contra Deus. (Laudato Si 20, 8)

E disse o Papa Francisco no Encontro com os Movimentos Populares na Bolívia:

Existe um sistema que, além de acelerar irresponsavelmente os ritmos da produção, além de implementar métodos na indústria e na agricultura que danificam a Mãe Terra em nome da “produtividade”, continuam negando a bilhões de irmãos os mais elementares direitos econômicos, sociais e culturais. Esse sistema atenta contra o projeto de Jesus. Contra a boa notícia que trouxe Jesus.

PERGUNTAS PARA O DEBATE

1- Que monoculturas há em teu país? Quem se beneficia delas?

2- Qual é a distribuição de terra em teu país? Já se fez uma reforma agrária?

3- O desmatamento está avançando no lugar onde você vive? Quais são as causas?

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