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Sumario del 30/07/2016

Papa e Santa Sé

Formação

Papa e Santa Sé



Vigília de Oração: jovens, protagonistas da história

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Cracóvia (RV) – Na parte da tarde deste sábado (30/7), o Santo Padre se dirigiu ao “Campus Misericordiae”, situado a 12 quilômetros de Cracóvia.

Este é lugar central dos principais eventos da JMJ, neste sábado e domingo, que são a Vigília de Oração e a Missa conclusiva da JMJ. O Campo da Misericórdia situa-se na localidade de Brzegi, uma região de atividades econômicas de Wieliczka. Trata-se de uma área de aproximadamente três mil hectares, capaz de acolher até dois milhões de pessoas. Depois da JMJ este lugar se tornará Asilo para Idosos e Centro de caridade para enfermos.

O altar no “Campus Misericordiae”, encontra-se em uma estrutura de 11 metros de altura, 150 de largura, bem visível de qualquer ponto do campo. Serão utilizados 66 autofalantes e 30 telões para uma maior participação dos jovens dos eventos conclusivos da JMJ.

Para se chegar ao “Campus Misericordiae” foram melhorados 17 quilômetros de estradas, instaladas antenas de Wi-Fi gratuito, além de uma Capela para adoração Eucarística, pontos de informação entre outros para necessidades pessoais.

No centro do “Campus Misericordiae” foi construído um grande lago natural no qual se destaca uma “Arca de Noé”, para evocar os 1050 anos de Batismo da Polônia.

Neste local, milhares de jovens participam, na noite deste sábado (30/7), da Vigília de Oração, presidida pelo Papa Francisco, que terá como tema: “Jesus, fonte de Misericórdia”! O evento prevê alguns testemunhos pessoais dos jovens e uma cenografia, com base no tema, dividida em cinco partes: fé aos duvidosos; esperança aos desencorajados; amor aos indiferentes, perdão a quem comete o mal, alegria às pessoas tristes.

Durante a Vigília de Oração no “Campus Misercordiae”, o Papa Francisco fez um longo pronunciamento, partindo dos testemunhos de vida apresentados pelos jovens.

Referindo-se ao depoimento de Rand, um rapaz da Síria, que pedia para "rezar pelo seu amado país”, o Papa disse: “O que há de melhor, para começar a nossa Vigília, do que rezar?

Viemos de várias partes do mundo, de continentes, países, línguas, culturas e povos diferentes. Somos «filhos» de nações que, talvez, estejam em paz ou, talvez, em guerra.

Neste sentido, Francisco convidou os presentes a rezar pelos sofrimentos das vítimas da guerra, embora nada justifica o sangue derramado de um irmão. A nossa resposta a este mundo em conflito tem um nome: fraternidade, irmandade, comunhão, família.

Aqui, pediu aos jovens presentes para fazer um momento de silêncio e rezar (pausa).

A seguir, o Pontífice recordou a imagem dos Apóstolos no dia de Pentecostes. Eles estavam fechados no Cenáculo, com medo e ameaçados pelo ambiente circunstante. Naquele contexto, aconteceu algo de espetacular e grandioso: a vinda do Espírito, que os impeliu a uma aventura impensável.

Os jovens, que acabaram de partilhar conosco as suas experiências, pareciam os discípulos, que temeram e se fecharam. Ficaram paralisados!

Com Jesus somos capazes de contagiar os demais com a alegria, que nasce do amor e da misericórdia de Deus; devemos vê-lo no faminto, no sedento, no maltrapilho, no doente, no amigo em perigo, no encarcerado, no refugiado, no migrante, no próximo solitário.

Deus, frisou Francisco, quer abrir as portas das nossas vidas. O mundo de hoje pede-nos para ser protagonistas da história. A história pede-nos para defender a nossa dignidade e o nosso futuro.

O Senhor, com o dia de Pentecostes, realiza em nós um dos maiores milagres: torna-nos sinais de reconciliação, de comunhão, de criação. Ele quer que as nossas mãos sejam suas mãos para construir um mundo novo.

O Senhor, concluiu o Papa, aposta no nosso futuro; Ele nos convida a deixar a nossa marca no mundo e na vida, que determina a história humana.

Logo, o Santo Padre exortou a juventude, presente em Cracóvia, a saber viver na diversidade, no diálogo, na partilha; a ter coragem de construir pontes e de abater os muros!

Por fim, como sinal de unidade, o Papa pediu aos jovens para dar-se as mãos, para formar uma grande ponte de fraternidade e amizade!

Ao término do pronunciamento do Pontífice, foi exposto sobre o altar do “Campus Misericordiae” o ostensório com o Santíssimo Sacramento para a adoração dos presentes.

Recordamos que amanhã, domingo, no mesmo “Campus Misericordiae”, o Papa Francisco presidirá à Santa Missa de encerramento da JMJ, da qual concelebrarão cerca de 1.200 bispos e 15 mil sacerdotes.

O discurso previsto do Santo Padre, sem os acréscimos improvisados, pode ser lido, clicando o link.

(MT)

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Vigília de Oração: pronunciamento do Papa aos jovens

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Cracóvia (RV) – Pronunciamento do Santo Padre Francisco na Vigília de Oração com os jovens no Campus Misericordiae.

Este é o discurso previsto e não contempla os acréscimos de improviso do Papa Francisco :

"Queridos jovens!

É bom estar aqui convosco nesta Vigília de Oração.

Na parte final do seu corajoso e emocionante testemunho, Rand pediu-nos uma coisa. Disse-nos: «Peço-vos, sinceramente, que rezeis pelo meu amado país». Uma história marcada pela guerra, pelo sofrimento, pela ruína, que termina com um pedido: o da oração. Que há de melhor para começar a nossa Vigília do que rezar?

Vimos de várias partes do mundo, de continentes, países, línguas, culturas, povos diferentes. Somos «filhos» de nações que estão talvez em disputa por vários conflitos, ou até mesmo em guerra. Outros vimos de países que podem estar «em paz», que não têm conflitos bélicos, onde muitas das coisas dolorosas que acontecem no mundo fazem parte apenas das notícias e da imprensa. Mas estamos cientes duma realidade: hoje e aqui, para nós provenientes de diversas partes do mundo, o sofrimento e a guerra que vivem muitos jovens deixaram de ser uma coisa anónima, já não são uma notícia de imprensa, mas têm um nome, um rosto, uma história, fizeram-se-me vizinhos. Hoje a guerra na Síria é a dor e o sofrimento de tantas pessoas, de tantos jovens como o corajoso Rand, que está aqui entre nós e pede-nos para rezar pelo seu país amado.

Há situações que nos podem parecer distantes, até ao momento em que, de alguma forma, as tocamos. Há realidades que não entendemos porque vemo-las apenas através dum monitor (do telemóvel ou do computador). Mas, quando tomamos contacto com a vida, com as vidas concretas e já não pela mediação dos monitores, então algo mexe connosco, sentimo-nos convidados a envolver-nos: «Basta de cidades esquecidas», como diz Rand; nunca mais deve acontecer que irmãos estejam «circundados pela morte e por assassinatos» sentindo que ninguém os ajudará. Queridos amigos, convido-vos a rezar juntos pelo sofrimento de tantas vítimas da guerra, para podermos compreender, uma vez por todas, que nada justifica o sangue dum irmão, que nada é mais precioso do que a pessoa que temos ao nosso lado. E, neste pedido de oração, quero-vos agradecer também a vós, Natália e Miguel, pois também vós partilhastes connosco as vossas batalhas, as vossas guerras interiores. Apresentastes-nos as vossas lutas e o modo como as superastes. Sois um sinal vivo daquilo que a misericórdia quer fazer em nós.

Agora, não vamos pôr-nos a gritar contra ninguém, não vamos pôr-nos a litigar, não queremos destruir. Não queremos vencer o ódio com mais ódio, vencer a violência com mais violência, vencer o terror com mais terror. A nossa resposta a este mundo em guerra tem um nome: chama-se fraternidade, chama-se irmandade, chama-se comunhão, chama-se família. Alegramo-nos pelo facto de virmos de culturas diferentes e nos unirmos para rezar. Que a nossa palavra melhor, o nosso melhor discurso seja unirmo-nos em oração. Façamos um momento de silêncio, e rezemos; ponhamos diante de Deus os testemunhos destes amigos, identifiquemo-nos com aqueles para quem «a família é um conceito inexistente, a casa apenas um lugar para dormir e comer», ou com aqueles que vivem no medo porque creem que os seus erros e pecados os baniram definitivamente. Coloquemos na presença do nosso Deus também as vossas «guerras», as lutas que cada um carrega consigo, no seu próprio coração.

(SILÊNCIO)

Enquanto rezávamos, veio-me à mente a imagem dos Apóstolos no dia de Pentecostes. Uma cena que nos pode ajudar a compreender tudo aquilo que Deus sonha realizar na nossa vida, em nós e connosco. Naquele dia, os discípulos estavam fechados dentro de casa pelo medo. Sentiam-se ameaçados por um ambiente que os perseguia, que os forçava a estar numa pequena casa obrigando-os a ficar ali imóveis e paralisados. O medo apoderou-se deles. Naquele contexto, acontece algo espetacular, algo grandioso. Vem o Espírito Santo, e línguas como que de fogo pousaram sobre cada um deles, impelindo-os para uma aventura que nunca teriam sonhado.

Ouvimos três testemunhos; tocamos, com os nossos corações, as suas histórias, as suas vidas. Vimos como eles viveram momentos semelhantes aos dos discípulos, atravessaram momentos em que estiveram cheios de medo, em que parecia que tudo desmoronava. O medo e a angústia, que nascem do facto de uma pessoa saber que saindo de casa pode não ver mais os seus entes queridos, o medo de não se sentir apreciado e amado, o medo de não ter outras oportunidades. Eles partilharam connosco a mesma experiência que fizeram os discípulos, experimentaram o medo que leva ao único lugar possível: o fechamento. E, quando o medo se esconde no fechamento, fá-lo sempre na companhia da sua «irmã gémea», a paralisia; faz-nos sentir paralisados. Sentir que, neste mundo, nas nossas cidades, nas nossas comunidades, já não há espaço para crescer, para sonhar, para criar, para contemplar horizontes, em suma, para viver, é um dos piores males que nos podem acontecer na vida. A paralisia faz-nos perder o gosto de desfrutar do encontro, da amizade, o gosto de sonhar juntos, de caminhar com os outros.

Na vida, porém, há outra paralisia ainda mais perigosa e difícil, muitas vezes, de identificar e que nos custa muito reconhecer. Gosto de a chamar a paralisia que brota quando se confunde a FELICIDADE com um SOFÁ! Sim, julgar que, para ser felizes, temos necessidade de um bom sofá. Um sofá que nos ajude a estar cómodos, tranquilos, bem seguros. Um sofá – como os que existem agora, modernos, incluindo massagens para dormir – que nos garanta horas de tranquilidade para mergulharmos no mundo dos videojogos e passar horas diante do computador. Um sofá contra todo o tipo de dores e medos. Um sofá que nos faça estar fechados em casa, sem nos cansarmos nem nos preocuparmos. Provavelmente, o sofá-felicidade é a paralisia silenciosa que mais nos pode arruinar; porque pouco a pouco, sem nos darmos conta, encontramo-nos adormecidos, encontramo-nos pasmados e entontecidos enquanto outros – talvez os mais vivos, mas não os melhores – decidem o futuro por nós. Certamente, para muitos, é mais fácil e vantajoso ter jovens pasmados e entontecidos que confundem a felicidade com um sofá; para muitos, isto resulta mais conveniente do que ter jovens vigilantes, desejosos de responder ao sonho de Deus e a todas as aspirações do coração.

Mas a verdade é outra! Queridos jovens, não viemos ao mundo para «vegetar», para transcorrer comodamente os dias, para fazer da vida um sofá que nos adormeça; pelo contrário, viemos com outra finalidade, para deixar uma marca. É muito triste passar pela vida sem deixar uma marca. Mas, quando escolhemos a comodidade, confundindo felicidade com consumo, então o preço que pagamos é muito, mas muito caro: perdemos a liberdade.

É precisamente aqui que existe uma grande paralisia: quando começamos a pensar que a felicidade é sinónimo de comodidade, que ser feliz é caminhar na vida adormentado ou narcotizado, que a única maneira de ser feliz é estar como que entorpecido. É certo que a droga faz mal, mas há muitas outras drogas socialmente aceitáveis, que acabam por nos tornar em todo o caso muito mais escravos. Umas e outras despojam-nos do nosso bem maior: a liberdade.

Amigos, Jesus é o Senhor do risco, do sempre «mais além». Jesus não é o Senhor do conforto, da segurança e da comodidade. Para seguir a Jesus, é preciso ter uma boa dose de coragem, é preciso decidir-se a trocar o sofá por um par de sapatos que te ajudem a caminhar por estradas nunca sonhadas e nem mesmo pensadas, por estradas que podem abrir novos horizontes, capazes de contagiar-te a alegria, aquela alegria que nasce do amor de Deus, a alegria que deixa no teu coração cada gesto, cada atitude de misericórdia. Caminhar pelas estradas seguindo a «loucura» do nosso Deus, que nos ensina a encontrá-Lo no faminto, no sedento, no maltrapilho, no doente, no amigo em maus lençóis, no encarcerado, no refugiado e migrante, no vizinho que vive só. Caminhar pelas estradas do nosso Deus, que nos convida a ser atores políticos, pessoas que pensam, animadores sociais; que nos encoraja a pensar uma economia mais solidária. Em todos os campos onde vos encontrais, o amor de Deus convida-vos a levar a Boa Nova, fazendo da própria vida um dom para Ele e para os outros.

Poderíeis replicar-me: Mas isto, padre, não é para todos; é só para alguns eleitos! Sim, e estes eleitos são todos aqueles que estão dispostos a partilhar a sua vida com os outros. Tal como o Espírito Santo transformou o coração dos discípulos no dia de Pentecostes, assim o fez também com os nossos amigos que partilharam os seus testemunhos. Uso as tuas palavras, Miguel: disseste-nos que no dia em que te confiaram, lá na «Fazenda», a responsabilidade de contribuir para o melhor funcionamento da casa, então começaste a compreender que Deus te pedia algo. Assim começou a transformação.

Este é o segredo, queridos amigos, que todos somos chamados a experimentar. Deus espera algo de ti, Deus quer algo de ti, Deus espera-te. Deus vem quebrar os nossos fechamentos, vem abrir as portas das nossas vidas, das nossas perspetivas, dos nossos olhares. Deus vem abrir tudo aquilo que te fecha. Convida-te a sonhar, quer fazer-te ver que, contigo, o mundo pode ser diferente. É assim: se não deres o melhor de ti mesmo, o mundo não será diverso.

O tempo que hoje estamos a viver não precisa de jovens-sofá, mas de jovens com os sapatos, ainda melhor, calçados com as botas. Aceita apenas jogadores titulares em campo, não há lugar para reservas. O mundo de hoje pede-vos para serdes protagonistas da história, porque a vida é bela desde que a queiramos viver, desde que queiramos deixar uma marca. Hoje a história pede-nos que defendamos a nossa dignidade e não deixemos que sejam outros a decidir o nosso futuro. O Senhor, como no Pentecostes, quer realizar um dos maiores milagres que podemos experimentar: fazer com que as tuas mãos, as minhas mãos, as nossas mãos se transformem em sinais de reconciliação, de comunhão, de criação. Ele quer as tuas mãos para continuar a construir o mundo de hoje. Quer construí-lo contigo.

Dir-me-ás: Mas, padre, eu sou muito limitado, sou pecador… que posso fazer? Quando o Senhor nos chama não pensa naquilo que somos, naquilo que éramos, naquilo que fizemos ou deixamos de fazer. Pelo contrário: no momento em que nos chama, Ele está a ver tudo aquilo que poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de comunicar. Ele aposta sempre no futuro, no amanhã. Jesus olha-te projetado no horizonte.

Por isso, amigos, hoje Jesus convida-te, chama-te a deixar a tua marca na vida, uma marca que determine a história, que determine a tua história e a história de muitos.

A vida de hoje diz-nos que é muito fácil fixar a atenção naquilo que nos divide, naquilo que nos separa. Querem fazer-nos crer que fechar-nos é a melhor maneira de nos protegermos daquilo que nos faz mal. Hoje nós, adultos, precisamos de vós para nos ensinardes a conviver na diversidade, no diálogo, na partilha da multiculturalidade não como uma ameaça mas como uma oportunidade: tende a coragem de nos ensinar que é mais fácil construir pontes do que levantar muros! E todos juntos pedimos que exijais de nós percorrer as estradas da fraternidade. Construir pontes… Sabeis qual é a primeira ponte a construir? Uma ponte que podemos realizar aqui e agora: um aperto de mão, estender a mão. Coragem! Fazei agora, aqui, esta ponte primordial, e dai-vos a mão. É a grande ponte fraterna, e podem aprender a fazê-la os grandes deste mundo... Não para a fotografia, mas para continuar a construir pontes cada vez maiores. Que esta ponte humana seja semente de muitas outras; será uma marca.

Hoje, Jesus, que é o caminho, chama-te a deixar a tua marca na história. Ele, que é a vida, convida-te a deixar uma marca que encha de vida a tua história e a de muitos outros. Ele, que é a verdade, convida-te a deixar as estradas da separação, da divisão, do sem-sentido. Aceitais? Que respondem as vossas mãos e os vossos pés ao Senhor, que é caminho, verdade e vida? "

 

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Visita e oração na igreja de São Francisco, em Cracóvia

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Cracóvia (RV) – Na tarde deste sábado (30/7), pelas 18h00 locais (13h00 de Brasília), enquanto se dirigia do Arcebispado de Cracóvia ao “Campus Misericordiae”, para a Vigília de Oração com os jovens, o Santo Padre fez uma breve visita à igreja de São Francisco, situada bem perto do Arcebispado, onde são veneradas as relíquias de dois mártires franciscanos: Strzalkowski Zbigniew e Michał Tomaszek, mortos pelos guerrilheiros do "Sendero Luminoso", em agosto de 1991, em Pariacoto, Peru, e ali beatificados em dezembro de 2015, junto com o sacerdote italiano, Padre Alessandro Dordi, da diocese de Bergamo.

Além dos frades franciscanos estavam presentes alguns membros da família dos mártires (dois irmãos e duas irmãs), como também o Superior Geral dos Franciscanos e o Superior da Casa Franciscana, onde os dois mártires viviam no Peru. O Papa recitou a seguinte oração pela “Paz e contra a violência e o Terrorismo":

“Deus Todo-poderoso e misericordioso, Senhor do universo e da história, tudo o que criastes é bom e vossa compaixão pelos erros humanos é inesgotável.

Hoje, vimos até vós para pedir-vos a salvação do mundo e a paz entre seus habitantes, longe das ondas devastadoras do terrorismo; restituí a amizade e incuti nos corações das vossas criaturas o dom da confiança e a disposição de perdoar.

Ó Doador da Vida, pedimos-vos também por todos os que morreram como vítimas dos brutais ataques terroristas. Concedei-lhes a recompensa eterna. Intercedei pelo mundo dilacerado pelos conflitos e contrastes.

Ó Jesus, Príncipe da Paz, nós vos pedimos pelos que foram feridos por atos da violência desumana: crianças e jovens, homens e mulheres, idosos, pessoas inocentes, envolvidos apenas pela fatalidade do mal. Curai seus corpos e seus corações e consolai-os com a vossa força, cancelando, ao mesmo tempo, o ódio e desejo de vingança.

Espírito Santo Consolador, visitai as famílias das vítimas do terrorismo, famílias que sofrem sem ter culpa. Protegei-as com o manto da vossa misericórdia divina. Fazei que reencontrem em vós e em si mesmas a força e a coragem de continuar a ser irmãos e irmãs, uns dos outros, especialmente dos imigrantes, testemunhando vosso amor com a própria vida.

Tocai os corações dos terroristas, para que reconheçam a maldade das suas ações e retomem o caminho da paz e do bem, do respeito pela vida e a dignidade de cada pessoa, independentemente da religião, da proveniência, da riqueza ou da pobreza.

Ó Deus, Pai Eterno, em vossa misericórdia atendei a oração que vos elevamos, entre o barulho e o desespero do mundo. Dirigimo-nos a vós com grande esperança, cheios de confiança na vossa infinita Misericórdia, confiando na intercessão da vossa Mãe Santíssima, e fortalecidos pelo exemplo dos mártires do Peru, Zbigniew e Michel, que se tornaram corajosas testemunhas do vosso Evangelho, a ponto de oferecer o próprio sangue. Pedimos-vos o dom da paz! Distanciai de nós o flagelo do terrorismo. Por Cristo nosso Senhor. Amém. (MT)

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Visita surpresa do Papa aos jesuítas da Polônia

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Cracóvia (RV) – O Papa Francisco, na tarde deste sábado, fez uma visita não-programada aos jesuítas em Cracóvia. Um encontro simples e familiar, como nos relata o Padre Antonio Spadaro, Diretor da revista “Civiltà Cattolica”: 

“Foi um encontro que não estava agendado, o que já tornou-se um hábito, porque o Papa Francisco encontra sempre – ou quase – os jesuítas durante as suas viagens. Foi um encontro muito bonito, muito simples, muito descontraído: saudou a todos, um por um, também abraçando alguns que já conhecia no passado, e depois disse que não tinha nenhuma vontade de fazer discursos; portanto, de dialogar juntos, de fazerem perguntas.... Foram feitas perguntas muito intensas a ele. Por exemplo, qual é o significado do trabalho universitário que faz a Companhia de Jesus, portanto, o trabalho com a cultura; o Papa disse que o empenho deve ser muito forte, deve ser um empenho “em saída” como diz ele seguidamente, isto é, um empenho que tem a ver com a realidade, não somente com a abstração e as ideias. E recomendou a serem muito próximos aos marginalizados, de serem muito distantes de um pensamento liberalista que coloca no centro o dinheiro e não a pessoa. E depois também falou do empenho como sacerdotes. Disse: “Hoje o risco é que um sacerdote não bem formado seja ou muito branco ou muito preto, que aja simplesmente aplicando mecanicamente normas. Pelo contrário – disse – é importante o discernimento, que deve estar ao coração da vida pastoral: o discernimento. E portanto é necessário ajudar os sacerdotes, os seminaristas, ao discernimento espiritual e isto – disse – é uma das missões fundamentais da Companhia de Jesus, hoje”.

O encontro, muito tranquilo, durou cerca de meia-hora, 40 minutos; o Papa saudou este grupo de cerca de 30 jesuítas, e estavam também os Provinciais. Presentes, além disto, 3 jovens estudantes do Instituto Superior dos Jesuítas de Cracóvia. Me tocou, pois a presença, na grande maioria, era de jovens: jovens jesuítas, também um grupo de jesuítas recém ordenados, portanto, dava uma impressão de uma grande renovação. O Papa sorriu muitas vezes, um riso de gosto... Devo dizer, um encontro muito bonito, muito intenso, porém de grande proveito, também de proveito espiritual”.

(JE)

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A alegria dos jovens no almoço com o Papa. Entre eles, um brasileiro

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Cracóvia (RV) – Após a Missa com os sacerdotes poloneses no Santuário de São João Paulo II, o Papa Francisco deslocou-se para o Arcebispado, onde almoçou com 13 jovens de cinco continentes, acompanhados pela porta-voz da JMJ.

Foi um momento descontraído com menu polonês, piadas, risadas e selfies. Os jovens puderam, com liberdade, fazer perguntas ao Santo Padre.

Um deles perguntou o que ele sentiu quando foi eleito. “Senti paz – respondeu Francisco – uma paz que é uma graça de Deus e me acompanha também agora”.

Respondendo a outras perguntas, disse confessar-se a cada 15-20 dias com um franciscano e explicou que não é necessário ter vergonha de dizer os próprios pecados.

Francisco recordou a sua confissão aos 17 anos, na Argentina, que acabou tornando-se decisiva para a sua vocação. Precisamente alí experimentou a misericórdia de Deus. Para ele, a confissão é deixar-se olhar pelo amor de Deus que tudo perdoa. 

Disse que cada vez que entra em uma prisão pensa que poderia ser ele a estar no lugar de um detento e que somente a graça de Deus lhe permitiu de evitar que isto acontecesse.

Depois afirmou que o desafio maior para os jovens é o de não perder a esperança e de não submeter-se àquilo que impõe o mundo.

Foi-lhe perguntado também sobre o prato preferido: “Não tenho nenhum especial – respondeu – mas gosto da cozinha polonesa.

Ouçamos o testemunho de um dos jovens que almoçou com o Papa, o brasileiro José Pasternak, voluntário da JMJ (respostas em italiano):

“Foi incrível e inesquecível. O Santo Padre é uma pessoa muito humilde, uma pessoa muito agradável, e durante o almoço nos deixou muito à vontade. Sempre esteve aberto às nossas perguntas e quis falar com todos. Também àqueles que estavam mais silenciosos, o Santo Padre disse: “E você, o que gostarias de perguntar?”. Portanto, uma atenção especial com cada um de nós”.

RV: Sobre o que vocês conversaram?

“Falamos de temas diversos. Tivemos a oportunidade de perguntar a ele como via determinadas coisas e pedimos: “Como rezas Santo Padre?” e nos respondeu; “Como o senhor está Santo Padre? Está cansado?”. Esteve sempre muito alegre e muito aberto com todos”.

RV: O Papa respondeu sempre...

“O Papa sempre respondeu e é impressionante como nos tenha dado respostas sempre muito concretas e muito profundas. Estava sempre muito alegre e muito aberto com todos. Na minha opinião, ele é a síntese do humano e do espiritual, as duas coisas juntas: aquilo que prega, o Santo Padre vive: e daquilo que vive, nos pode dar testemunho também com a palavra”.

RV: O que tu levarás para casa e no coração desta JMJ, sobretudo deste momento único?

“Da JMJ levarei no coração também este trabalho de preparação como voluntário na JMJ; a colaboração que houve com pessoas de diferentes países, diferentes culturas e diferentes nações. Levo isto. Depois a experiência com os peregrinos que vieram de longe, fazendo um esforço para estar aqui: o sorriso e o olhar de cada um. E penso que deste encontro com o Santo Padre, as imagens e as palavras permanecerão para sempre gravadas no coração”.

(JE/SC)

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Missa no Santuário João Paulo II: Jesus entra em nós com a sua misericórdia

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Cracóvia (RV) - O Santo Padre presidiu, no Santuário de São João Paulo II, à celebração Eucarística, da qual tomaram parte Sacerdotes, Religiosos e religiosas, leigos Consagrados, seminaristas e féis, num total de duas mil pessoas, além dos cerca de cinco mil, que participaram no pátio diante do Santuário. 

Durante a celebração, o Santo Padre pronunciou a sua homilia, com base na liturgia da Missa votiva da Misericórdia de Deus, partindo da passagem evangélica, que se refere a um lugar, um discípulo e um livro.

O lugar é aquele onde se encontravam os discípulos, na tarde de Páscoa, chamado Cenáculo. Não obstante as portas estivessem fechadas, oito dias depois, Jesus entrou e transmitiu-lhes a paz, o Espírito Santo e o perdão dos pecados, ou seja, a misericórdia de Deus. Naquele lugar fechado, ressoa forte o seu convite: “Assim como o Pai me enviou, também eu vos envio”. E o Papa explicou:

“Jesus envia. Desde o início, ele quis que a Igreja estivesse em saída pelo mundo, como ele foi enviado pelo Pai: não com poder, mas como serviço; não para ser servido, mas para servir e levar a Boa-Nova. Assim, seus discípulos, em todos os tempos, foram enviados”.

Interessante, disse Francisco, enquanto os discípulos se fechavam no Cenáculo, com medo, Jesus entrava e os enviava em missão: ele queria que os seus abrissem as portas e saíssem para transmitir ao mundo o perdão e a paz de Deus, com a força do Espírito Santo. Este convite, disse o Papa, é dirigido também a nós e recorda as palavras de São João Paulo II: “Abram as portas”!

Nós, sacerdotes e consagrados, advertiu o Pontífice, às vezes somos tentados a nos fechar em nós mesmos, por medo ou comodidade. Jesus não gosta de portas entreabertas, de vidas duplas. Nossa vida deve ser transparente, de amor concreto, de serviço e disponibilidade à evangelização.

No Evangelho de hoje, recordou Francisco, destaca-se a figura do discípulo Tomé, que tocou com sua mão as chagas de Jesus para crer. Nós, seus discípulos, devemos pôr a nossa humanidade em contato com a carne do Senhor. Ele quer corações abertos, ternos com os fracos, dóceis e transparentes:

“O Apóstolo Tomé, em sua busca apaixonada, chegou não só a acreditar na ressurreição de Jesus, mas encontrou o sentido da sua vida, ao confessar: ‘Meu Senhor e meu Deus’, como se quisesse dizer-lhe: ‘Vós sois meu único bem, o caminho e o coração da minha vida, o meu tudo!”.

Com a transmissão do Espírito Santo aos seus Apóstolos, Jesus deixou a sua misericórdia. Poderíamos dizer que o Evangelho, livro vivo da misericórdia de Deus, que devemos ler e reler continuamente, ainda tem páginas em branco, permanece um livro aberto, que somos chamados a escrever com as nossas obras de misericórdia.

Por fim, o Papa exortou os presentes a tomar o exemplo de Maria, que acolheu plenamente a Palavra de Deus na sua vida, como Mãe da Misericórdia, para que nos ensine a cuidar das chagas de Jesus nos nossos irmãos e irmãs necessitados, dos próximos como dos distantes, do enfermo e do migrante. E concluiu:

"Queridos irmãos e irmãs, cada um de nós guarda no coração uma página muito pessoal do livro da Misericórdia de Deus: a história da nossa vocação, a voz do amor que fascinou e transformou a nossa vida, pela qual deixamos tudo e a seguimos. Reavivemos hoje, com gratidão, a memória da sua chamada. Agradeçamos ao Senhor por entrar nas nossas portas fechadas com a sua misericórdia. Como Tomé, ele nos chamou por nome e nos dá a graça de continuar a escrever o seu Evangelho de amor”.

Ao término da celebração da Santa Missa da Misericórdia de Deus, o Santo Padre deu de presente ao Santuário de São João Paulo II, um crucifixo de madre pérola, para ser colocado sobre o altar.

Enfim, o Papa regressou à sede do Arcebispado de Cracóvia, onde almoçou com doze jovens, representantes dos cinco Continentes. (MT)

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Homilia da Missa no Santuário de São João Paulo II - Texto integral

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Cracóvia - Na manhã deste sábado, o Santo Padre Francisco presidiu a Celebração Eucarística no Santuário João Paulo II, em Łagiewniki, para sacerdotes, religiosas e religiosos,leigos consagrados e seminaristas. Eis o texto da homilia na íntegra:

"A passagem do Evangelho, que ouvimos (cf. Jo 20, 19-31), fala-nos de um lugar, um discípulo e um livro.

O lugar é aquele onde se encontravam os discípulos, na tarde de Páscoa; dele, apenas se diz que as suas portas estavam fechadas (cf. v. 19). Oito dias depois, os discípulos ainda estavam naquela casa, e as portas ainda estavam fechadas (cf. v. 26). Jesus entra lá, coloca-Se no meio e leva a sua paz, o Espírito Santo e o perdão dos pecados: numa palavra, a misericórdia de Deus. Dentro deste lugar fechado, ressoa forte o convite que Jesus dirige aos seus: «Assim como o Pai me enviou, também Eu vos envio a vós» (v. 21).

Jesus envia. Ele, desde o início, deseja que a Igreja esteja em saída, vá pelo mundo. E quer que o faça assim como Ele próprio fez, como Ele foi enviado ao mundo pelo Pai: não como poderoso mas na condição de servo (cf. Flp 2, 7), não «para ser servido mas para servir» (Mc 10, 45) e para levar a Boa-Nova (cf. Lc 4, 18); e assim são enviados os seus, em todos os tempos. Impressiona o contraste: enquanto os discípulos fechavam as portas com medo, Jesus envia-os em missão; quer que abram as portas e saiam para espalhar o perdão e a paz de Deus, com a força do Espírito Santo.

Esta chamada é também para nós. Como não ouvir nela o eco do grande convite de São João Paulo II: «Abri as portas»? Mas, na nossa vida de sacerdotes e pessoas consagradas, pode haver muitas vezes a tentação de permanecer um pouco fechados, por medo ou comodidade, em nós mesmos e nos nossos setores. E, no entanto, a direção indicada por Jesus é de sentido único: sair de nós mesmos. Trata-se de realizar um êxodo do nosso eu, de perder a vida por Ele (cf. Mc 8, 35), seguindo o caminho do dom de si mesmo. Por outro lado, Jesus não gosta das estradas percorridas a metade, das portas entreabertas, das vidas com via dupla. Pede para se meter à estrada leves, para sair renunciando às próprias seguranças, firmes apenas n'Ele.

Por outras palavras, a vida dos seus discípulos mais íntimos, como nós somos chamados a ser, é feita de amor concreto, isto é, de serviço e disponibilidade; é uma vida onde não existem – ou, pelo menos, não deveriam existir – espaços fechados e propriedades privadas para própria comodidade. Quem escolheu configurar com Jesus toda a existência já não escolhe os próprios locais, mas vai para onde é enviado; pronto a responder a quem o chama, já não escolhe sequer os tempos próprios. A casa onde habita não lhe pertence, porque a Igreja e o mundo são os espaços abertos da sua missão. O seu tesouro é colocar o Senhor no meio da vida, sem nada mais procurar para si. Assim foge das situações gratificantes que o colocariam no centro, não se ergue sobre os trémulos pedestais dos poderes do mundo, nem se reclina nas comodidades que enfraquecem a evangelização; não perde tempo a projetar um futuro seguro e bem retribuído, para evitar o risco de ficar à margem e sombrio, fechado nos muros estreitos dum egoísmo sem esperança nem alegria. Feliz no Senhor, não se contenta com uma vida medíocre, mas arde em desejo de dar testemunho e alcançar os outros; gosta de arriscar e sair, não forçado por sendas já traçadas, mas aberto e fiel às rotas indicadas pelo Espírito: contrário a deixar correr a vida, alegra-se por evangelizar.

No Evangelho de hoje, sobressai em segundo lugar a figura do único discípulo nomeado: Tomé. Na sua dúvida e ânsia de querer entender, este discípulo bastante teimoso assemelha-se-nos um pouco e até aparece simpático a nossos olhos. Sem o saber, dá-nos um grande presente: deixa-nos mais perto de Deus, porque Deus não Se esconde de quem O procura. Jesus mostrou-lhe as suas chagas gloriosas, faz-lhe tocar com a mão a ternura infinita de Deus, os sinais vivos de quanto sofreu por amor dos homens.

Para nós, discípulos, é muito importante pôr a nossa humanidade em contacto com a carne do Senhor, isto é, levar a Ele, com confiança e total sinceridade, tudo o que somos. Jesus, como disse a Santa Faustina, fica contente que Lhe falemos de tudo, não Se cansa das nossas vidas que já conhece, espera a nossa partilha, até mesmo a descrição das nossas jornadas (cf. Diário, 6 de setembro de 1937). Assim, buscamos a Deus com uma oração que seja transparente e não esqueça de Lhe confiar e entregar as misérias, as fadigas e as resistências. O coração de Jesus deixa-Se conquistar pela abertura sincera, por corações que sabem reconhecer e chorar as suas fraquezas, confiantes de que precisamente nelas agirá a misericórdia divina. Que nos pede Jesus? Ele deseja corações verdadeiramente consagrados, que vivam do perdão recebido d’Ele para o derramarem com compaixão sobre os irmãos. Jesus procura corações abertos e ternos para com os fracos, nunca duros; corações dóceis e transparentes, que não dissimulam perante quem tem na Igreja a tarefa de orientar o caminho. O discípulo não hesita em questionar-se, tem a coragem de viver a dúvida e levá-la ao Senhor, aos formadores e aos superiores, sem cálculos nem reticências. O discípulo fiel realiza um discernimento atento e constante, sabendo que o coração há de ser educado diariamente, a partir dos afetos, para escapar de toda a duplicidade nas atitudes e na vida.

No termo da sua busca apaixonada, o apóstolo Tomé chegou não apenas a acreditar na ressurreição, mas encontrou em Jesus o tudo da vida, o seu Senhor; disse-Lhe: «Meu Senhor e meu Deus!» (v. 28). Far-nos-á bem rezar, hoje e cada dia, estas palavas esplêndidas, como que a dizer-Lhe: Sois o meu único bem, o caminho da minha viagem, o coração da minha vida, o meu tudo.

Por fim, no último versículo que ouvimos, fala-se de um livro: é o Evangelho, onde não foram escritos muitos outros sinais realizados por Jesus (v. 30). Depois do grande sinal da sua misericórdia – poderíamos supor –, já não foi necessário acrescentar mais. Mas há ainda um desafio, há espaço para sinais feitos por nós, que recebemos o Espírito do amor e somos chamados a difundir a misericórdia. Poder-se-ia dizer que o Evangelho, livro vivo da misericórdia de Deus que devemos ler e reler continuamente, ainda tem páginas em branco no final: permanece um livro aberto, que somos chamados a escrever com o mesmo estilo, isto é, cumprindo obras de misericórdia. Pergunto-vos, queridos irmãos e irmãs: Como são as páginas do livro de cada um de vós? Estão escritas todos os dias? Estão escritas a meias? Estão em branco? Nisto, venha em nossa ajuda a Mãe de Deus: Ela, que acolheu plenamente a Palavra de Deus na vida (cf. Lc 8, 20-21), nos dê a graça de sermos escritores viventes do Evangelho; a nossa Mãe da Misericórdia nos ensine a cuidar concretamente das chagas de Jesus nos nossos irmãos e irmãs que passam necessidade, tanto dos vizinhos como dos distantes, tanto do doente como do migrante, porque, servindo quem sofre honra-se a carne de Cristo. Que a Virgem Maria nos ajude a gastarmo-nos completamente pelo bem dos fiéis que nos estão confiados e a cuidarmos uns dos outros como verdadeiros irmãos e irmãs na comunhão da Igreja, a nossa santa Mãe.

Queridos irmãos e irmãs, cada um de nós guarda no coração uma página muito pessoal do livro da misericórdia de Deus: é a história da nossa chamada, a voz do amor que fascinou e transformou a nossa vida, fazendo com que, à sua Palavra, largássemos tudo para O seguir (cf. Lc 5, 11). Reavivemos hoje, com gratidão, a memória da sua chamada, mais forte do que qualquer resistência e fadiga. Continuando a Celebração Eucarística, centro da nossa vida, agradeçamos ao Senhor, porque entrou nas nossas portas fechadas com a sua misericórdia; porque, como Tomé, nos chamou por nome; porque nos dá a graça de continuar a escrever o seu Evangelho de amor".

 

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Papa visita santuários de Santa Fautina e São João Paulo II

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Cracóvia (RV) – Penúltimo dia da XV Viagem Apostólica do Papa Francisco à Polônia. 

O Santo Padre iniciou cedo suas atividades, na manhã deste sábado (30/7), transferindo-se de papamóvel, da sede do arcebispado de Cracóvia, onde está hospedado nestes dias, ao Santuário da Divina Misericórdia, em Łagiewniki, no sul de Cracóvia.

O Santuário da Divina Misericórdia situa-se a cerca de seis quilômetros do centro histórico de Cracóvia, no distrito de Łagiewniki. Trata-se de uma Basílica, à qual está anexado o Convento da Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia, fundado em 1891.

Em 17 de agosto de 2002, o Papa João Paulo II inaugurou o novo Santuário, em forma de navio, onde se encontra o túmulo de Santa Faustina Kowalska. A Basílica tem capacidade para acolher cinco mil pessoas. Acima do altar se encontra a imagem da Divina Misericórdia, obra de Adolf Hyla, em 1944. O local é a principal meta de peregrinações.

Na parte inferior da Basílica, encontra-se a Capela dedicada a Santa Faustina e, na parte superior, a Capela da Adoração Perpétua do Santíssimo Sacramento.

Em 17 de junho de 1997, o Papa João Paulo II visitou a Basílica e rezou diante do túmulo de Santa Faustina. Em maio de 2006, Bento XVI também visitou a Capela, ocasião em que inaugurou a estátua de São João Paulo II na torre da Basílica. Hoje, o templo recebe a visita do Papa Francisco.

Santa Faustina

Maria Faustyna Kowalska, nascida em 1905 e falecida em 1938, em Głogowiec, era uma religiosa e mística da Polônia. Hoje, é venerada como Santa Faustina.

Chamada Apóstola de Jesus ou Secretária da Divina Misericórdia é considerada pelos teólogos como uma das místicas mais notáveis do Cristianismo. Sua missão foi preparar o mundo para a Parusia, a segunda vinda de Cristo.

Maria Faustina entrou para a vida religiosa em 1924, na Congregação das Irmãs de Nossa Senhora da Misericórdia. Seu confessor, Beato Miguel Sopoćko, exigiu que ela descrevesse suas experiências místicas espirituais em um diário pessoal. Este diário compõe-se de alguns cadernos.

Irmã Faustina faleceu em 5 de outubro de 1938 e sua canonização deu-se em 30 de abril de 2000, pelo Papa João Paulo II, que instituiu a Festa da Divina Misericórdia celebrada no segundo domingo da Páscoa.

Depois de visitar a Basílica da Divina Misericórdia e a Capela dedicada a Santa Faustina, o Papa apareceu na sacada do Santuário para saudar alguns jovens reunidos no “prado das Confissões”, que se encontra entre o Santuário da Divina Misericórdia e o Santuário dedicado a São João Paulo II.

Em sua breve saudação o Pontífice disse: “O Senhor, hoje, quer fazer-nos sentir, mais profundamente, a sua grande misericórdia. Nunca nos distanciemos de Jesus, embora sejamos pecadores. Ele nos acolhe assim como somos pela sua grande Misericórdia. Aproveitemos para receber a sua Misericórdia!”.

A seguir, Francisco passou pela “Porta da Divina Misericórdia” e administrou o sacramento da Reconciliação a cinco jovens, em três línguas: italiano, espanhol e francês.

Depois, o Bispo de Roma se deslocou para o vizinho Santuário dedicado a São João Paulo II, a cerca de dois quilômetros do Santuário da Divina Misericórdia.

Santuário de São João Paulo II

A construção do Santuário do São João Paulo II foi iniciada em 2008 e abrange o Instituto do São João Paulo II, um centro de voluntariado, a Casa do Peregrino, um centro de retiros espirituais, um anfiteatro, uma Via Sacra ao ar livre, um centro de reabilitação e um parque de meditação e recreação.

O Santuário é construído em dois níveis: na parte superior, a igreja e, na inferior, o lugar octogonal das Relíquias, circundada de Capelas. Entre as relíquias e as recordações de São João Paulo II destacam-se uma ampola com o sangue de Karol Wojtyla, colocada em um altar de mármore; a férula papal do João Paulo II, uma casula e a cruz, diante da qual o Papa João Paulo II rezou durante a sua última Via Sacra, no Coliseu de Roma.

Recordamos que o Centro dedicado a São João Paulo II é localizado no bairro de Łagiewniki, em Cracóvia, no lugar da antiga fábrica Solvay, onde Karol Wojtyła trabalhou como operário durante a II Guerra Mundial. (MT)

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Padre Lombardi: Papa indica aos jovens Jesus como resposta

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Cracóvia (RV) – A sexta-feira do Papa Francisco foi vivida intensamente, marcada por fortes emoções com a visita à Auschwitz-Birkenau e ao Hospital Pediátrico, e a Via Sacra com os jovens. De fato, neste dia, o Papa tocou a dor do mundo.

Eis os comentários a este respeito do Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Padre Federico Lombardi:

“Evidentemente, uma pessoa que pela primeira vez vai em um Campo de Extermínio como Auschwitz e Birkenau, não pode que não ficar abalada e chocada. É por isto que o Papa, nas duas breves linhas deixadas, escreveu: “Perdão Senhor, por tanta crueldade”. É algo de inimaginável o que ocorreu nestes Campos e para uma pessoa que tem na sua vida precisamente a missão de ser o mestre da Igreja e da humanidade – refletindo no sentido mais profundo das coisas, da vida, da morte da existência, da vocação de cada criatura diante de Deus – o encontro com uma manifestação assim assustadora – quase absoluta – do mal, não pode que não ser profundamente chocante. Por isto acredito que a escolha que o Papa fez de viver esta manhã no silêncio e pedindo o dom das lágrimas, foi muito oportuna, porque aqui as palavras servem menos, realmente, e o Papa soube acolher, prever e depois viver no modo mais apropriado. Ao mesmo tempo – e me parece que o desenvolvimento do dia demonstrou isto -  também diante de um mal assim perturbador, na atitude de fé, na abertura a Deus, se encontra depois também algum caminho de luz. O Papa, continuou o dia com o encontro com o sofrimento das crianças – outra pergunta à qual ele sempre diz não saber responder como homem – para chegar, por fim, à Via Sacra, ao encontro com a Cruz do Senhor, a sua contemplação, onde se começa a entender que Jesus, no final, é a resposta, Jesus Crucificado, Jesus que carrega sobre si e compartilha o sofrimento do mundo é o caminho para encontrar as respostas, que também são, no final das contas, as respostas de Jesus na Cruz, uma resposta que não é feita de muitas palavras, mas de entrega ao Mistério de Deus em uma perspectiva que é a de morrer dando a própria vida pelos outros, que depois para nós se resolve também na resposta da vida e da ressurreição. Portanto, esta vida e esta ressurreição são testemunhadas nas obras de misericórdia, de caridade, que se  tornam o amor mais forte que o ódio, a vida mais forte que a morte, traduzida também na concretude da vida cotidiana. Assim, me parece um dia extremante rico e extremamente central. O Papa, que é muito realista, não teve medo de dizer aos jovens, já desde o primeiro momento em que se dirigiu a eles: “Olhem que a realidade é feita do mal e do bem, é feita de sofrimento, é feita de resposta no amor que pode dar alegria e esperança”. Portanto, estas duas dimensões juntas estão sempre presentes, para não seguir por espiritualismos desencarnados ou para não enganar os jovens que devem, pelo contrário, saber em que mundo vivem e com o que devem se defrontar: coisas que tem a ver com experiências extremamente duras e trágicas que estão também ao nosso redor, como estes conflitos que nos rodeiam, manifestações de ódio e com o qual devemos nos confrontar, mas não devemos nos assustar por isto. Olhando para a Cruz de Cristo encontramos a origem de uma luz e de uma coragem que nos permitirá depois viver no serviço e na doação, e portanto, responder eficazmente, mesmo ficando com os pés no chão, neste caminho que nunca será perfeito, porém, respondendo eficazmente e em uma perspectiva de vida e de ressurreição àquele que é o terrível mal do mundo do qual hoje fizemos uma experiência realmente profunda”.

RV: O Papa fez referências à presença do bem, mas também do mal na vida, mesmo dos jovens, na primeira aparição na janela do arcebispado, na terceira e nesta última. Especialmente esta última vez, como um sinal do quanto tenha sido tocado por esta visita a Auschwitz e Birkenau, sublinhou o quanto esta violência continua, talvez de outras formas, mas continua. E deu exemplos muito claro, numa linguagem bem crua, poderíamos assim dizer...

“Sim, certamente. Eu me permito dizer que a experiência dos Campos de Concentração nazistas tem algo de realmente terrível, que nos deixa sempre sem palavras cada vez que voltamos a contemplar, porque uma tragédia sistemática, intencional, calculada, preparada, de milhões de pessoas, uma após outra, é algo realmente assustador. Porém o Papa tem toda a razão ao falar do absurdo que é a morte dos inocentes, sem nenhuma razão, que encontramos aos nosso redor continuamente, o absurdo de seguir os próprios interesses vendendo armas que acabam matando pessoas às centenas, milhares, é algo realmente absurdo. Assim, neste sentido, o fato da crueldade da presença do mal e das interrogações que se colocam, nisto o Papa tem perfeitamente razão em dizê-lo e tem plena razão de nos fazer ver também no concreto, ao nosso redor, as condições nas prisões, que evocam todas as forma de cultura do descarte, esta raiz do nosso não-respeito pelo outro e da negação da dignidade da pessoas é a mesma que levou às formas assustadoras e chocantes também de destruição dos Campos de Concentração. Portanto, neste sentido, é verdade que a lição tem a sua atualidade, porque infelizmente o mal continua a existir e as causas do mal e a sua presença na nossa história e na nossa vida, contra as quais devemos combater, são sempre as mesmas”.

 

(JE/AG)

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Rádio Vaticano na JMJ: a tabela das transmissões ao vivo

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Cidade do Vaticano (RV) – A XXXI Jornada Mundial da Juventude se realizará em Cracóvia, Polônia, será entre 26 e 31 deste mês de julho.

A Rádio Vaticano transmitirá ao vivo os principais eventos. Os horários se referem ao de Brasília.

Terça-feira (26/07)

O Cardeal-arcebispo de Cracóvia, Dom Stanislaw Dziwisz, presidirá à solene Missa de inauguração da JMJ com os milhares de jovens provenientes de várias partes do mundo. A celebração Eucarística será transmitida ao vivo, em português, a partir das 12h20.

Quarta-feira (27/07)

O Papa partirá do Vaticano, com destino a Cracóvia, onde manterá os seguintes encontros, que também serão transmitidos ao vivo pela Rádio Vaticano, no horário de Brasília:

Às 11h50: encontro com as Autoridades, a Sociedade Civil e o Corpo Diplomático, no pátio de honra de Wawel;

Às 13h15: encontro com os Bispos poloneses na Catedral de Cracóvia;

Quinta-feira (28/07)

Às 04h40: oração na Capela de Nossa Senhora Negra, em Częstochowa, e, a seguir, Santa Missa, na área do Santuário de Częstochowa, por ocasião dos 1050 anos do Batismo da Polônia;

Às 12h00: entrega das chaves da Cidade de Cracóvia e Cerimônia de Acolhida dos jovens no Parque Jordan, em Blonia, Cracóvia;

Sexta-feira (29/07)

Às 04h30: visita ao Campo de Concentração de Auschwitz–Birkenau, onde o Papa rezará diante do “muro da morte” e da cela de São Maximiliano Kolbe;

Às 11h20: visita ao Hospital Pediátrico Universitário;

Às 12h45: Via Sacra com os Jovens;

Sábado (30/07)

Às 05h15: Santuário da Divina Misericórdia, visita à Capela da Irmã Faustina e, depois de atravessar a Porta Santa da Basílica de Łagiewniki, celebração da Eucaristia com sacerdotes e consagrados de toda a Polônia.

Às 13h50: na esplanada do “Campus Misericordiae”, Vigília de Oração com os jovens participantes na JMJ;

Domingo (31/07)

Às 04h45: Santa Missa conclusiva da XXXI JMJ no “Campus Misericordiae”;

Às 11h50: encontro com os Voluntários da JMJ;

Às 13h10: cerimônia de despedida no aeroporto de Valice-Cracóvia.

(mt)

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JMJ ao vivo no YouTube em VaticanBR

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Cidade do Vaticano (RV) – A redação brasileira prepara uma série de transmissões especiais durante a visita do Papa à Polônia.

Todas as transmissões extraordinárias da Rádio Vaticano irão ao ar também ao vivo no YouTube.

Inscreva-se em nosso canal VaticanBR para receber os alertas antes do início das transmissões para seguir de perto o encontro de Francisco com a juventude mundial.

A playlist com as transmissões já está publicada. Os horários podem sofrem alterações sem prévio aviso.

Ao todo, serão  13 transmissões especiais: entre elas, a visita do Papa aos campos de concentração nazistas de Auschwitz e Birkenau, a Vigília de Oração com os jovens e a Missa de Encerramento – na qual o Pontífice anunciará a cidade-sede da próxima Jornada Mundial da Juventude.

Acesse a lista completa da programação no horário de Brasília.

(rb)

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JMJ: jovens começam a peregrinação ao Campus Misericordiae

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Cracóvia (RV) – Na manhã de sábado muitos jovens se reuniam no centro da cidade para visitar os últimos lugares de interesse antes de dar início à peregrinação a pé até o Campus Misericordiae, a cerca de 12 quilômetros do centro de Cracóvia.

Lá, acontecerá a Vigília de Oração com o Papa, um dos momentos mais esperados da JMJ. 

Cristiana Monteiro, de Portugal: “Vamos a pé, vai ser uma grande caminhada. Caminho de fé para refletir sobre como foram as jornadas. Nós já andamos muito, fizemos uma séria de paragens até chegar aqui. Agora serão as últimas três horas, eu acho, vai ser bom para pensar bem como foi esse tempo de oração”.

Marta Pires de Lima, de Lisboa: “O ambiente está bom, muito animado. As pernas já doem um pouco, mas vamos lá. Estar com Jesus, com o Papa e com os outros jovens é o que me motiva. O desejo de mais: é isso que nos faz estar aqui. Já temos fé, mas queremos ter mais fé”.

Sara da Costa Fernandes, de Portugal: “Muita expectativa, ansiedade mas também muita fé e confiança. Acima de tudo, espero estar com Jesus e com várias pessoas que se movem por esse mesmo motivo e ouvir Jesus na voz do Papa”.

Glória Maria Lopes, de Portugal: “Foi fantástico no Rio. Eu já estou mais calejada nestas andanças. Já sei muito bem o que me espera: um encontro fantástico com um mar de gente e o Papa e Jesus”.

De Cracóvia para a Rádio Vaticano, Rafael Belincanta

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Papa nomeia Núncio Apostólico no Iêmen

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Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre Francisco nomeou Núncio Apostólico no Iêmen Dom Francisco Montecillo Padilla, Arcebispo tirular de Nebbio, Núncio Apostólico no Kuweit, Bahrein e nos Emirados Árabes e Delegado Apostólico na Península Arábica.

Dom Francisco Montecillo Padilla nasceu em 1953 na cidade de Cebu, Filipinas. Em 1983 iniciou sua carreira diplomática na Pontifícia Academia Eclesiástica. Em 1º de abril de 2006 foi nomeado Arcebispo titular de Nebbio  pelo Papa Bento XVI,e posteriormente, Núncio Apostólico em Papua Nova Guiné e Ilhas Salomão.

Em 5 de abril de 2016 foi nomeado pelo Papa Francisco Núncio Apostólico no Kuweit, e Delegado Apostólico na Península Arábica. Em 26 de abril do mesmo ano foi nomeado Núncio Apostólico no Bahrein e os Emirados Árabes Unidos.

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Formação



Reflexão dominical: não acumular riquezas na terra

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Cidade do Vaticano (RV) - "Um homem que trabalhou com inteligência, competência e sucesso vê-se obrigado a deixar tudo em herança a outro que em nada colaborou. Também isso é ilusão e grande desgraça" – nos diz Coélet, autor do Eclesiastes. E a solução proposta por ele é comer, divertir-se, enfim um moderado aproveitamento de tudo o que a vida oferece. 

A resposta que satisfará plenamente nossa inquietação virá de Jesus, no Evangelho.

Em Lucas, um homem rico ao ver que sua fazenda produz bastante, fica muito feliz e planeja não uma redistribuição de sua produção com os seus empregados, mas encontrar lugar para armazenar mais. O fazendeiro é louco, pois construiu sua riqueza sobre o suor de seus empregados e, agora, deseja descansar sobre o trabalho e o sofrimento de outros, sem nada partilhar. Jesus termina o relato desse caso, dizendo que tudo o que ele armazenou ficará para outros, já que sua vida será pedida naquela noite.

Os bens tomaram conta da vida daquele homem e ocuparam o lugar de Deus, da família e dele mesmo.

Por outro lado, o que acumulou não pode ser chamado de vida, pois a vida se destina a todos e ele acumulou só pensando em si mesmo.

O pecado do homem rico não está em ser rico, mas no fato que trabalhou exclusivamente para si e não se enriqueceu aos olhos de Deus.

Jesus faz o alerta não apenas aos ricos, mas a todos aqueles que só trabalham para si mesmos. Mesmo um estudante de um curso supletivo, que estuda à noite com muito sacrifício e só pensa em desfrutar a vida no futuro, é destinatário dessa parábola porque, apesar de ser pobre, tem um coração de rico: deixou-se levar pelo egoísmo.

A segunda leitura nos dá a indicação de como deve ser a vida daqueles que desejam trabalhar com sentido e quais deverão ser seus valores. "Se ressuscitastes com Cristo, esforçai-vos por alcançar as coisas do alto, onde está Cristo, sentado à direita de Deus; aspirai às coisas celestes e não às terrestres." Mais adiante Paulo nos incentiva a fazer morrer em nós aquilo que é terrestre: "imoralidade, impureza, paixão, maus desejos e a cobiça, que é idolatria".

O emprego de nossa vida, com seus dons e suas potencialidades deverá ser realizado com um objetivo maior do que a simples satisfação mundana e a simples saciação de nossas necessidades básicas. Tudo isso acabará; será dissolvido pelo tempo, a doença, as traças e a morte. Nada ficará de lembrança. Até nosso nome, com o tempo, desaparecerá. De fato, tudo ilusão!

Apenas o uso de nossas potencialidades, de nossa vida em favor do outro, em favor da realização do Reino de Deus dará sentido ao nosso esforço e transformará tudo de material em imaterial, de imanente em transcendente, de meramente humano em divino. A eternidade está na dimensão da partilha, do nós, do outro.

O Homem busca a face do Outro, de Deus, que é Trindade, a Comunhão. O Homem busca a face de Deus, a comunhão eterna com o Outro. Só isso o sacia, só isso lhe dará a perenidade que é desejada na profundidade de seu ser. Abrir-se ao outro é abrir-se a Deus, é abrir-se à felicidade eterna. (Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o XVIII Domingo do Tempo Comum)

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