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Sumario del 14/08/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Mundo

Formação

Papa e Santa Sé



Papa: Sem o fogo do Espírito Santo a Igreja torna-se fria

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Cidade do Vaticano (RV) – “Se a Igreja não recebe o fogo do Espírito Santo ou não o deixa entrar em si, torna-se uma Igreja fria ou somente morna, incapaz de dar vida, porque é feita de cristãos frios e mornos”. 

Inspirado nas palavras de Jesus narradas em Lucas: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso”, o Papa Francisco dedicou a sua alocução - que precede a oração mariana do Angelus – à ação do Espírito Santo na vida da Igreja e em nossa vida: “um fogo que começa no coração, e não na mente”, frisou.

O fogo do qual fala Jesus no Evangelho – explica o Papa - é o fogo do Espírito Santo, “presença viva e atuante em nós desde o dia do Batismo. Ele - o fogo - é uma força criadora que purifica e renova, queima toda miséria humana, todo egoísmo, todo pecado, nos transforma a partir de dentro, nos regenera e nos torna capazes de amar”:

“Jesus deseja que o Espírito Santo irrompa como fogo no nosso coração, porque somente partindo do coração, que o incêndio do amor divino poderá propagar-se e fazer progredir o Reino de Deus. Não parte da cabeça, parte do coração. E por isto Jesus quer que o fogo entre em nosso coração. Se nos abrirmos completamente à ação deste fogo que é o Espírito Santo, Ele nos dará a audácia e o fervor para anunciar a todos Jesus e a sua consoladora mensagem de misericórdia e de salvação, navegando em mar aberto, sem medo. Mas o fogo começa no coração”.

O Papa recorda, que para cumprir a sua missão no mundo, “a Igreja tem necessidade da ajuda do Espírito Santo, para não deixar-se frear pelo medo e pelo cálculo, para não habituar-se a caminhar dentro de fronteiras seguras”. Francisco adverte que “estes dois comportamentos, levam a Igreja a ser uma Igreja funcional, que não arrisca nunca”:

“Pelo contrário, a coragem apostólica que o Espírito Santo acende em nós como um fogo, nos ajuda a superar os muros e as barreiras, nos faz criativos e nos impele a colocarmo-nos em movimento para caminhar também por caminhos inexplorados ou desconfortáveis, oferecendo esperança a quantos encontramos”.

Precisamente com este fogo do Espírito Santo – disse o Santo Padre -  “somos chamados a nos tornar sempre mais comunidade de pessoas guiadas e transformadas, cheias de compreensão, pessoas de coração dilatado e de rosto alegre”. E acrescenta:

“Mais do que nunca existe a necessidade, mais do que nunca hoje existe a necessidade de sacerdotes, de consagrados e de fiéis leigos, com o olhar atento do apóstolo, para mover-se e parar diante das dificuldades e das pobrezas materiais e espirituais, caracterizando assim o caminho da evangelização e da missão com o ritmo curador da proximidade. Há precisamente o fogo do Espírito Santo que nos leva a nos fazer "próximos" dos outros: das pessoas que sofrem, dos necessitados; de tantas misérias humanas, de tantos problemas; dos refugiados, daqueles que sofrem. Aquele fogo que vem do coração. Fogo”.

Francisco recordou então dos “numerosos sacerdotes e religiosos que, em todo o mundo, se dedicam ao anúncio do Evangelho com grande amor e fidelidade, não raro a custo da própria vida”, e advertiu que se a Igreja não se abre ao fogo do Espírito, torna-se fria:

“O exemplar testemunho deles nos recorda que a Igreja não tem necessidade de burocratas e de diligentes funcionários, mas de missionários apaixonados, imbuídos pelo ardor de levar a todos a consoladora palavra de Jesus e a sua graça. Este é o fogo do Espírito Santo. Se a Igreja não recebe este fogo ou não o deixa entrar em si, torna-se uma Igreja fria ou somente morna, incapaz de dar vida, porque é feita de cristãos frios e mornos. Nos fará bem hoje, tomar cinco minutos e nos perguntar: "Mas, como está o meu coração? É frio? É morno? É capaz de receber este fogo?". Tomemos cinco minutos para isto. Nos fará bem a todos.

Ao final de sua alocução, o Santo Padre recordou o exemplo “de São Maximiliano Kolbe, mártir da caridade, cuja festa recorre hoje: que ele nos ensine a viver o fogo do amor de Deus e pelo próximo”. (JE)

 

Eis a alocução do Santo Padre na íntegra:

“O Evangelho deste domingo faz parte dos ensinamentos de Jesus dirigidos aos discípulos durante a sua subida à Jerusalém, onde lhe espera a morte na cruz. Para indicar o objetivo de sua missão, Ele se serve de três imagens: o fogo, o batismo e a divisão. Hoje quero falar da primeira imagem: o fogo.

Jesus a expressa com estas palavras: “Eu vim para lançar fogo sobre a terra, e como gostaria que já estivesse aceso”. O fogo do qual Jesus fala é o fogo do Espírito Santo, presença viva e atuante em nós desde o dia do Batismo. Ele - o fogo - é uma força criadora que purifica e renova, queima toda miséria humana, todo egoísmo, todo pecado, nos transforma a partir de dentro, nos regenera e nos torna capazes de amar. Jesus deseja que o Espírito Santo irrompa como fogo no nosso coração, porque somente partindo do coração que o incêndio do amor divino poderá propagar-se e fazer progredir o Reino de Deus. Não parte da cabeça, parte do coração. E por isto Jesus quer que o fogo entre em nosso coração. Se nos abrirmos completamente à ação deste fogo que é o Espírito Santo, Ele nos dará a audácia e o fervor para anunciar a todos Jesus e a sua consoladora mensagem de misericórdia e de salvação, navegando em mar aberto, sem medo. Mas o fogo começa no coração.

No cumprimento de sua missão no mundo, a Igreja - isto é, todos nós Igreja - tem necessidade de ajuda do Espírito Santo para não deixar-se frear pelo medo e pelo cálculo, para não habituar-se a caminhar dentro de fronteiras seguras. Estes dois comportamentos levam a Igreja a ser uma Igreja funcional, que não arrisca nunca. Pelo contrário, a coragem apostólica que o Espírito Santo acende em nós como um fogo nos ajuda a superar os muros e as barreiras, nos faz criativos e nos impele a colocarmo-nos em movimento para caminhar também por caminhos inexplorados ou desconfortáveis, oferecendo esperança a quantos encontramos. Com este fogo do Espírito Santo somos chamados a nos tornar sempre mais comunidade de pessoas guiadas e transformadas, cheias de compreensão, pessoas de coração dilatado e de rosto alegre. Mais do que nunca existe a necessidade, mais do que nunca existe a necessidade de sacerdotes, de consagrados e de fieis leigos, com o olhar atento do apostolado, para mover-se e parar diante das dificuldades e das pobrezas materiais e espirituais, caracterizando assim o caminho da evangelização e da missão com o ritmo curador da proximidade.Há precisamente o fogo do Espírito Santo que nos leva a nos fazer "próximos" dos outros: das pessoas que sofrem, dos necessitados; de tantas misérias humanas, de tantos problemas; dos refugiados, daqueles que sofrem. Aquele fogo que vem do coração. Fogo.

Neste momento, penso também com admiração sobretudo aos numerosos sacerdotes e religiosos que, em todo o mundo, se dedicam ao anúncio do Evangelho com grande amor e fidelidade, não raro a custo da própria vida. O exemplar testemunho deles nos recorda que a Igreja não tem necessidade de burocratas e de diligentes funcionários, mas de missionários apaixonados, imbuídos pelo ardor de levar a todos a consoladora palavra de Jesus e a sua graça.Este é o fogo do Espírito Santo. Se a Igreja não recebe este fogo ou não o deixa entrar em si, torna-se uma Igreja fria ou somente morna, incapaz de dar vida, porque é feita de cristãos frios e mornos. Nos fará bem hoje, tomar cinco minutos e nos perguntar: "Mas, como está o meu coração? É frio? É morno? É capaz de receber este fogo?". Tomemos cinco minutos para isto. Nos fará bem a todos.

E peçamos a Virgem Maria para rezar conosco e por nós ao Pai celeste, para que derrame sobre todos os fieis o Espírito Santo, fogo divino que aquece os corações e nos ajude a ser solidários com as alegrias e os sofrimentos dos nossos irmãos. Nos sustente no nosso caminho o exemplo de São Maximiliano Kolbe, mártir da caridade, cuja festa recorre hoje: que ele nos ensine a viver o fogo do amor de Deus e pelo próximo”.

 

(JE)

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Papa: São Maximiliano Kolbe, mártir da caridade

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Cidade do Vaticano (RV) - Ao final do Angelus deste domingo, o Papa Francisco recordou o exemplo de São Maximiliano Kolbe, “mártir da caridade”: 

“Nos sustente no nosso caminho o exemplo de São Maximiliano Kolbe, mártir da caridade, cuja festa recorre hoje: que ele nos ensine a viver o fogo do amor por Deus e pelo próximo”.

A memória do religioso polonês é celebrada na véspera da Festa da Assunção, dia em que, em 1941, foi morto no Campo de Concentração de Auschwitz. Paulo VI o beatificou em 17 de outubro de 1971 e São João Paulo II, o proclamou Santo em 10 de outubro de 1982.

“Cavaleiro da Imaculada”. Um homem de alma nobre como a sua, não poderia ter concebido outro título para a sua pequena revista dedicada a Mãe Celeste, que desde pequeno havia aprendido a amar. Maximiliano Kolbe foi um cavalheiro no sentido mais elevado da palavra, até o último respiro.

Cavaleiro na vanguarda

Cavaleiro no criar, sob o nome e a proteção da Imaculada, a sua “Milícia”, em um tempo em que – era 1917 – a Europa era atravessada por exércitos durante I Guerra Mundial. Maximiliano, de caráter sociável e otimista, entende, que para contrastar a propaganda totalitária que logo depois do pós-guerra começava a se propagar, era necessário o empenho pastoral dos franciscanos - para os quais entrou – seja sustentado por uma maior difusão, pelo uso da tecnologia à disposição, que na época queria dizer jornal e rádio.

Milicianos de Maria

Maximiliano é inteligente, bravo no estudo, mas a tuberculose que o debilita desde jovem, o impede de pregar ou ensinar. Os Superiores permitem então, que ele se dedique à sua “Milícia”, que não deixa de recolher adeptos onde quer que seja conhecida, e também conhecido e estimado é o seu propagador, desde pelos professores até os estudantes, dos agricultores semianalfabetos aos profissionais. E é neste ponto que o religioso polonês implanta sua sala de impressão. Em 1921 sai o primeiro número do “Cavaleiro”.

Do Japão à Índia

Rapidamente tudo cresce. Um outro nobre por título, um conde, doa a ele um terreno, usado para fundar a “Niepokalanow”, a “Cidade de Maria”, enquanto as espartanas cabanas tornam-se construções de material e a velha impressora transforma-se em uma moderna tipografia.

Padre Kolbe fica motivado para levar os “Cavaleiros” da sua Milícia até o Japão e Índia, mas a doença o leva à Polônia precisamente quando o Exército de Hitler está para invadir a Polônia. Os nazistas destroem a publicação e sobretudo perseguem os franciscanos que dão acolhida a 2.500 refugiados, 1.500 deles judeus. Em 17 de fevereiro de 1941, Padre Maximiliano Kolbe é preso e em 28 de maio abrem-se para ele os portões de Auschwitz.

Príncipe entre os horrores

Naquela gaiola dos horrores, o Cavaleiro vive a sua última e mais nobre etapa de sua existência. Perde o nome e se torna um número, o 16670, é submetido à violências e lhe é designado o transporte de cadáveres no forno crematório.

Mas no lugar onde a arte da crueldade é voltada a brutalizar, a grande dignidade do sacerdote e ser humano Padre Maximiliano, desponta como um diamante: “Kolbe era um príncipe entre nós”, contará mais tarde uma sobrevivente.

Somente o amor cria

O final é conhecido. Transferido no final de julho ao Bloco 14, onde os prisioneiros eram envolvidos nas colheitas nos campos, quando um deles consegue escapar, por represália 10 acabam em um bunker, condenados a morrer de fome.

Um dos escolhidos é o jovem sargento polonês, Francisco Gajowniezek, que chora e suplica ao lagherfurher para poupá-lo, porque tem mulher e filhos. A este ponto, o Padre Kolbe pede para descer no bunker em seu lugar, para surpresa dos soldados.

O martírio é lento. Consolados pelo encorajamento e pelas orações recitadas pelo Padre Maximiliano, as vozes vão se esfriando uma após outra, até apagar. Depois de duas semanas, resistem ainda quatro, um deles é o Padre Kolbe.

Os SS decidem injetar nele ácido fênico. Estendendo o braço ao médico que está para matá-lo diz: “Você não entendeu nada da vida. O ódio não serve para nada. Somente o amor cria”.

As suas últimas palavras foram: “Ave Maria”. É 14 de agosto de 1941. O corpo do Cavaleiro é cremado no dia seguinte, Festa da Assunção.

(JE/AC)

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Papa presidirá celebração pelo Dia de Oração pelo Cuidado da Criação

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Cidade do Vaticano (RV) – Na quinta-feira, 1º de setembro, o Papa Francisco presidirá na Basílica de São Pedro, às 17 horas, a celebração das Vésperas por ocasião do Dia Mundial de Oração pelo Cuidado da Criação. 

Já na Missa Solene de início de Pontificado, em 19 de março de 2013, o Papa Francisco havia pedido a todos aqueles que ocupam cargos de responsabilidade no âmbito econômico, político e social e a todos os homens e mulheres de boa vontade, para serem guardiões da criação:

“Queria pedir, por favor, a quantos ocupam cargos de responsabilidade em âmbito econômico, político ou social, a todos os homens e mulheres de boa vontade: sejamos «guardiões» da criação, do desígnio de Deus inscrito na natureza, guardiões do outro, do ambiente; não deixemos que sinais de destruição e morte acompanhem o caminho deste nosso mundo! Mas, para «guardar», devemos também cuidar de nós mesmos. Lembremo-nos de que o ódio, a inveja, o orgulho sujam a vida; então guardar quer dizer vigiar sobre os nossos sentimentos, o nosso coração, porque é dele que saem as boas intenções e as más: aquelas que edificam e as que destroem. Não devemos ter medo de bondade, ou mesmo de ternura”.

O tema pelo cuidado da criação é uma das marcas do Pontificado de Francisco, que dedicou a ele a Encíclica Laudato Si.

 

(JE)

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Igreja no Mundo



Bispo de Aleppo: uma guerra com muitos interesses internacionais

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Damasco (RV) – Na síria, uma importante vitória da coalizão árabe-curda, que expulsou  os jihadistas do Estado Islâmico da estratégica cidade de Manbij, na fronteira com a Turquia. Salvos dois mil civis usados como escudos humanos pelos jihadistas em fuga em direção ao norte, fugindo dos bombardeios. 

Em Aleppo, contudo, os combates continuam, em violação ao cessar-fogo anunciado pela Rússia: continuam as incursões aéreas e bombardeios sobre hospitais e sobre mercados. Alguns caminhões carregados de alimentos conseguiram chegar na parte controlada pelas forças governamentais.

Ouçamos o relato do Bispo caldeu de Aleppo, Dom Antoine Audo:

“Existe uma novidade: a estrada que usamos nos últimos tempos agora está fechada. Existem combates duros; foi aberta outra estrada onde as pessoas tentam sair, para depois poder retornar à Aleppo e assim se pode novamente comunicar; mas sempre se espera a batalha entre os dois grupos”.

RV: Esta estrada é uma espécie de corredor humanitário aberto pelo exército de Assad?

“Sim. Esta é a parte conquistada nos últimos tempos: a Estrada do Castelo agora está aberta e portanto existe a possibilidade de comunicar e de sair em direção a Homs e Damasco”.

RV: Então agora existe a possibilidade de enviar ajuda humanitária para a população....

“Sim, parece que agora as coisas estão melhores. Mas é um problema enorme e a Caritas trabalha muito bem para prestar auxílio aos pobres”.

RV: Em Aleppo foi restabelecido o fornecimento de água e luz elétrica?

“Sim, a água voltou; há menos luz, menos horas de serviço, mas assim a vida voltou novamente”.

RV: No campo militar se fala de uso de armas química, gás tóxico. O senhor poderia confirmar isto?

“É realmente algo muito complicado. Até agora se acusavam mutuamente sobre o uso de armas químicas. Não me sinto capaz para dar o meu juízo”.

RV: O que fazer para a paz?

“O problema é muito complicado. Dissemos e repetimos com o Santo Padre, com todos, que a solução é de caráter político e deve vir de dentro da Síria. Os países da região não devem interferir: os Países do Golfo e a Turquia têm interesses. É claro que existem poderes que querem apoiar certos grupos com os petrodólares. Por trás de tudo existe o comércio de armas e como o Santo Padre disse: “Falam de paz e vendem armas por interesses econômicos”.

RV: Quem são os rebeldes que neste momento controlam uma parte de Aleppo?

“São grupos islâmicos extremistas. De um lado, existe este Daesh que levam em frente uma guerra em nome da sharia. Além disto, existem mercenários bem pagos para fazer esta guerra por interesses regionais e internacionais”.

(JE/LC)

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Pe Jacques será lembrado na Solenidade da Assunção, dia de oração na França

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Paris (RV) – Em toda a França este dia 15, na Solenidade da Assunção de Maria, as missas serão dedicadas nas intenções do país, para que Deus o abençoe neste difícil momento que está atravessando, devido ao terrorismo. Os sinos de todas as igrejas irão badalar juntos ao meio-dia.

Será um dia de oração especial, onde a memória de Padre Jacques Hamel – assassinado por dois extremistas islâmicos em 26 de julho passado enquanto celebrava a missa  na sua Paróquia de Saint-Etienne du Rovray – também será recordada.

Sobre os sentimentos que motivam este dia, a Rádio Vaticano conversou com o Arcebispo de Rouen, Dom Dominique Lebrun:

“O 15 de agosto na França é tradicionalmente um dia de oração para o país. O faremos em modo muito intenso depois do assassinato de Padre Jacques Hamel. A Assunção de Maria é o sinal da vitória total de Jesus, não somente a sua vitória, mas a vitória da humanidade já presente em Maria. Assim, eu pensarei muito em Jacques Hamel, que foi unido ao corpo de Cristo na sua morte, no sofrimento. Hoje, espero na vitória, graças a Maria”.

RV: Padre Jacques Hamel é um mártir da fé: parece totalmente inacreditável que em pleno século XXI, na Europa, em plena França, possam existir “mártires” da fé. Este é um fato que surpreende, que faz refletir; o senhor poderia apoiar uma causa de canonização?

“A violência nos surpreende sempre, porém, há tempos que na França falamos do “testemunho” que é depois o significado da palavra “martírio”. Eu estava com os jovens na Jornada Mundial da Juventude. Eles me falaram de suas dificuldades, das violências que sofrem quando ousam dizer que são católicos, que não estão de acordo com os professores da Universidade ou que querem aprofundar um tema, mas não se pode, porque é “muito católico, ou muito religioso”. Portanto, o sentimento de um testemunho por causa da violência aqui na França, nós conhecemos. Em relação à possível canonização, para o reconhecimento do martírio de Jacques Hamel, precisa tempo. Os ouvintes talvez saibam, que somente depois de cinco anos da morte, o Bispo pode abrir um processo de canonização. A coisa importante é o testemunho de Padre Jacques Hamel. Depois, talvez chegará o reconhecimento que começa exatamente por meio dos fieis católicos, ou seja, pela fama de santidade. Mas ficamos muito tocados pela atitude do Prefeito, que chorou naquele dia e também nos dias sucessivos, pela morte do Padre Hamel. Ele, que é comunista, que se diz ateu,  bem, seu coração ficou muito tocado por isto. Portanto, ouço todas as vozes, recolho e depois vejamos daqui a cinco anos”.

RV: O Cardeal Tauran sublinhou a urgência do diálogo islâmico-cristão, um diálogo que ele apresenta como o antídoto talvez mais eficaz ao terrorismo...

“O Cardeal Tauran tem o costume de dizer que estamos “condenados” ao diálogo, condenados ao amor. Esta palavra – “condenado” – assume um significado muito forte. Padre Jacques foi “condenado”. Nunca renunciou ao diálogo, que de fato, é a atitude fundamental de Deus diante do homem pecador. Portanto, o comportamento de Jesus no Evangelho deve tornar-se o nosso comportamento profundo, só que este diálogo deve ser verdadeiro, aprofundado. Assim, espero muito que depois disto, os encontros com os nossos amigos muçulmanos se tornarão mais profundos. Não se trata de estar um ao lado dos outros, de trocar um par de sorrisos e basta. Não, queremos fazer um projeto conjunto para a comunidade. Temos realmente pontos em comum e talvez pontos que não sejam tal. Como resolvemos isto? É necessário realmente aprofundar este diálogo”.

(JE/JP)

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Formação



Artigo: Semana Nacional da Família

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Rio de Janeiro (RV) - Neste domingo, Dia dos Pais, iniciamos a Semana Nacional da Família. Com o tema “Misericórdia na Família: Dom e Missão”, ela será realizada entre os dias 14 e 21 de agosto. Para as celebrações, a Comissão Episcopal da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) divulgou o subsídio Hora da Família 2016, onde aprofunda o tema desta semana. O subsídio contém roteiros para sete encontros, além de celebrações como a Via-sacra em família, para o Dia dos Pais, dos Avós e das Mães. O material, produzido pela Comissão Nacional da Pastoral Familiar (CNPF) e pela Comissão Episcopal Pastoral para a Vida e a Família, é organizado de forma interativa, sugerindo encontros participativos e celebrativos, buscando envolver a comunidade, famílias, lideranças, crianças, jovens e adultos.

A programação dos sete encontros está dividida assim:  1º Encontro – Criados por um Pai Misericordioso; 2º Encontro – Criados na Misericórdia e para Misericórdia; 3º Encontro –  Procurados pela Misericórdia; 4º Encontro –  Família e Igreja, lugares da Misericórdia; 5º Encontro –  O perdão na Família – Fonte de reconciliação e libertação; 6º Encontro – As obras de misericórdia na família e da família, e 7º Encontro –  A família promotora da misericórdia na sociedade.

Tocados pela Misericórdia do Pai, como filhos e filhas fiéis vamos aprender a usar de misericórdia nas relações com nossa família. Segundo o Papa Francisco, o nome de Deus é “Misericórdia”. Nossas famílias precisam se envolver nesse clima da misericórdia divina e atender o convite de Jesus Cristo, quando disse: “Sede misericordiosos, como vosso Pai é Misericordioso”. (Lc.6,36). Em cada família, Deus deseja ver concretizada a Sua misericórdia para buscar e acolher aqueles que, em algum momento, fragilizaram-se, magoaram-se e se afastaram das condições de ter uma vida digna e plena. A misericórdia está presente quando sabemos reconhecer as nossas próprias quedas e incoerências, tornando-nos mais sensíveis às fraquezas daqueles que convivem conosco. É um dom que Deus nos concede, mas vivê-lo é também uma missão.

A Igreja sempre cuidou da família. Por um lado, por acreditar ser ela não apenas a célula mater da sociedade e o santuário da vida, mas também a “Igreja doméstica”. (Constituição Dogmática Lumen Gentium, n. 11). E, por outro, porque está convencida de que “o bem-estar da pessoa e da sociedade humana e cristã está intimamente ligado com uma favorável situação da comunidade conjugal e familiar”. (Constituição Pastoral Gaudium et Spes, n. 47).

Logo no início de seu pontificado, o Papa São João Paulo II publicou uma Exortação Apostólica sobre a família, como conclusão, precisamente, dos temas tratados em um Sínodo de Bispos sobre a Família. Nela, o Sumo Pontífice afirma com convicção que a evangelização depende essencialmente da saúde espiritual dessa instituição, porque “onde uma legislação antirreligiosa pretende impedir até a educação na fé, onde uma incredulidade difundida ou um secularismo invasor tornam praticamente impossível um verdadeiro crescimento religioso, aquela que poderia ser chamada “Igreja doméstica” fica como único ambiente, no qual crianças e jovens podem receber uma autêntica catequese”. (Papa São João Paulo II, Exortação Apostólica Familiares consortio, n. 52).

No Capítulo 8 da Exortação Apostólica Amoris Laetitia (AL), apresenta um convite à misericórdia e ao discernimento pastoral diante de situações que não correspondem plenamente ao que o Senhor propõe. O Papa usa aqui três verbos muito importantes: “acompanhar, discernir e integrar”, os quais são fundamentais para responder a situações de fragilidade matrimonial, complexas ou irregulares. Em seguida, o Papa Francisco apresenta a necessária gradualidade na pastoral, a importância do discernimento, as normas e circunstâncias atenuantes no discernimento pastoral e, por fim, aquela que é por ele definida como a “lógica da misericórdia pastoral”. No que respeita ao “discernimento” acerca das situações “irregulares”, o Santo Padre, o Papa, observa: “temos de evitar juízos que não tenham em conta a complexidade das diversas situações e é necessário estar atentos ao modo em que as pessoas vivem e sofrem por causa da sua condição” (AL 296). E continua: “Trata-se de integrar a todos, deve-se ajudar cada um a encontrar a sua própria maneira de participar na comunidade eclesial, para que se sinta objeto duma misericórdia “imerecida, incondicional e gratuita” (AL 297). E ainda: “Os divorciados que vivem numa nova união, por exemplo, podem encontrar-se em situações muito diferentes, que não devem ser catalogadas ou encerradas em afirmações demasiado rígidas, sem deixar espaço para um adequado discernimento pessoal e pastoral” (AL 298). Nesta linha pastoral, acolhendo as observações de muitos Padres sinodais, o Papa afirma que “os batizados que se divorciaram e voltaram a casar civilmente devem ser mais integrados na comunidade cristã sob as diferentes formas possíveis, evitando toda a ocasião de escândalo”. “A sua participação pode exprimir-se em diferentes serviços eclesiais (…). Não devem sentir-se excomungados, mas podem viver e maturar como membros vivos da Igreja (…). “Esta integração é necessária também para o cuidado e a educação cristã dos seus filhos” (AL 299). A orientação e o sentido da Exortação Apostólica: “Se se tiver em conta a variedade inumerável de situações concretas (…) é compreensível que se não devia esperar do Sínodo ou desta Exortação uma nova normativa geral de tipo canônico, aplicável a todos os casos”. “É possível apenas um novo encorajamento a um responsável discernimento pessoal e pastoral dos casos particulares, que deveria reconhecer: uma vez que “o grau de responsabilidade não é igual em todos os casos”, as consequências ou efeitos duma norma não devem necessariamente ser sempre os mesmos” (AL 300). O Papa Francisco desenvolve em profundidade as exigências e características do caminho de acompanhamento e discernimento em diálogo profundo entre fiéis e pastores.

A lógica da misericórdia pastoral: “A compreensão pelas situações excecionais não implica jamais esconder a luz do ideal mais pleno, nem propor menos de quanto Jesus oferece ao ser humano. Hoje, mais importante do que uma pastoral dos falimentos é o esforço pastoral para consolidar os matrimônios se assim evitar as rupturas” (AL 307). Mas o sentido abrangente do capítulo oitavo da Exortação Apostólica e do espírito que o Papa Francisco pretende imprimir à pastoral da Igreja encontra um resumo adequado nas palavras finais: “Convido os fiéis, que vivem situações complexas, a aproximar-se com confiança para falar com os seus pastores ou com leigos que vivem entregues ao Senhor. Nem sempre encontrarão neles uma confirmação das próprias ideias ou desejos, mas seguramente receberão uma luz que lhes permita compreender melhor o que está a acontecer, e poderão descobrir um caminho de amadurecimento pessoal. E convido os pastores a escutar, com carinho e serenidade, com o desejo sincero de entrar no coração do drama das pessoas e compreender o seu ponto de vista, para ajudá-las a viver melhor e reconhecer o seu lugar na Igreja” (AL 312). Acerca da “lógica da misericórdia pastoral”, o Papa Francisco afirma com força: “Às vezes custa-nos muito dar lugar, na pastoral, ao amor incondicional de Deus. Pomos tantas condições à misericórdia que a esvaziamos de sentido concreto e real significado, e esta é a pior maneira de aguar o Evangelho” (AL 311).

“Amar a família significa saber estimar os seus valores e possibilidades, promovendo-os sempre. Amar a família significa descobrir os perigos e os males que a ameaçam, para poder superá-los. Amar a família significa empenhar-se em criar um ambiente favorável ao seu desenvolvimento. E, por fim, forma eminente de amor à família cristã de hoje, muitas vezes tentada por incomodidades e angustiada por crescentes dificuldades, é dar-lhe novamente razões de confiança em si mesma, nas riquezas próprias que lhe advêm da natureza e da graça, e na missão que Deus lhe confiou. É necessário que as famílias do nosso tempo tomem novamente altura! É necessário que sigam a Cristo”. (Papa São João Paulo II, Exortação Apostólica Familiares consortio, Conclusão).

Peçamos as bênçãos da Sagrada Família de Nazaré, para que ela possa cada vez mais iluminar todas as famílias do Brasil e do mundo inteiro. E reforço meu convite para que possamos meditar em família, Igreja Doméstica, a Exortação Apostólica “Amoris Laetitia”. A família vive na misericórdia e da misericórdia. Que possamos viver com intensidade esta Semana Nacional da Família.

Orani João, Cardeal Tempesta, O.Cist.

Arcebispo Metropolitano de São Sebastião do Rio de Janeiro, RJ

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