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Sumario del 12/09/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: "Rezar pela unidade na raiz da Igreja"

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Rádio Vaticano (RV) – As divisões destroem a Igreja e o diabo tenta atacar a raiz da unidade, isto é, a celebração eucarística: foi o que disse o Papa celebrando a Missa matutina na Casa Santa Marta na segunda-feira (12/09) – dia em que a Igreja faz memória do Nome de Maria. 

Divisões e dinheiro, armas do diabo para a destruição

Comentando a carta de São Paulo aos Coríntios, repreendidos pelo Apóstolo por suas brigas, o Papa Francisco reiterou que “o diabo tem duas armas muito potentes para destruir a Igreja: as divisões e o dinheiro”.

E isso ocorreu desde o início: “divisões ideológicas, teológicas, que dilaceravam a Igreja. O diabo semeia ciúmes, ambições, ideias, mas para dividir! E semeia cobiça”.

E assim como acontece depois de uma guerra, “tudo fica destruído. E o diabo vai embora contente. E nós – ingênuos, fazemos o seu jogo”. “As divisões são uma guerra suja – repetiu mais uma vez o Papa – é como um terrorismo”, o das fofocas nas comunidades, da língua que mata: “lança a bomba, destrói e permaneço”:

O diabo vai à raiz da unidade cristã

“E as divisões na Igreja não deixam que o Reino de Deus cresça; não deixam que o Senhor seja visto como Ele é. As divisões mostram esta parte, esta outra parte contra esta e contra alguém … Sempre contra! Não há o óleo da unidade, o bálsamo da unidade. Mas o diabo vai além, não somente na comunidade cristã, vai justamente na raiz da unidade cristã. E isso é o que acontece aqui, na cidade de Corínto, aos Coríntios. Paulo os repreende porque as divisões chegam precisamente à raiz da unidade, isto é, à celebração eucarística”. 

No caso dos Coríntios, são feitas divisões entre ricos e pobres bem durante a celebração. Jesus – sublinha o Papa – “rezou ao Pai pela unidade, mas o diabo tenta destruir até isso”: 

“Eu lhes peço que façam todo o possível para não destruir a Igreja com divisões, sejam elas ideológicas como de cobiça e ambição, ou ciúmes. E principalmente para que rezem e custodiem a fonte, a raiz própria da unidade da Igreja, que é o Corpo de Cristo; e que nós – todos os dias – celebremos o seu sacrifício na Eucaristia”. 

São Paulo fala das divisões entre os Coríntios, 2 mil anos atrás...

“Paulo pode dizê-lo a todos nós, à Igreja de hoje: ‘Irmãos, nisto eu não posso louvá-los porque vocês não se reúnem para o melhor, mas para o pior!’. A Igreja, toda, reunida para o pior, para as divisões: para o pior! Para sujar o Corpo de Cristo! Na celebração eucarística – e o próprio Paulo nos diz, em outra passagem: ‘Quem come e bebe do Corpo e do Sangue de Cristo indignamente, come e bebe a própria condenação’. Peçamos ao Senhor a unidade da Igreja, que não haja divisões; e unidade também na raiz da Igreja, que é precisamente o sacrifício de Cristo, que celebramos todos os dias”.

Estava presente na missa também Dom Arturo Antonio Szymanski Ramírez, arcebispo emérito de San Luis Potosí (México), de 95 anos. No início da homilia, o Papa o mencionou, recordando que participou do Concílio Vaticano II e que hoje ajuda em uma paróquia. O Pontífice o recebeu em audiência no último dia 9 de setembro. 

(BF/CM)

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No Twitter, Papa saúda atletas paraolímpicos

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco enviou uma saudação a todas as atletas e os atletas que participaram das Paraolimpíadas no Rio de Janeiro.

Em um tuíte publicado nesta segunda-feira (12/09), o Pontífice faz votos de que “o esporte seja uma ocasião de crescimento e de amizade”.

Em 11 dias de competição – até 18 de setembro – mais de 4300 atletas disputam 534 provas. Os participantes são oriundos de 162 países para competir nas 23 modalidades das Paraolimpíadas. No quadro de medalhas, o Brasil ocupa atualmente a quinta posição.

Recorde de vendas

Mais de 1,8 milhão de ingressos já foram vendidos para os Jogos Paraolímpicos, dos 2,5 milhões disponíveis. É mais do que foi registrado em Pequim 2008, o que faz do Rio 2016 o segundo maior sucesso de público da história do evento. Londres 2012 está no topo da lista com 2,7 milhões de ingressos vendidos.

(bf)

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Conselho de Cardeais volta a se reunir com Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco participa a partir desta segunda-feira (12/09), no Vaticano, da reunião do Conselho dos Cardeais, também chamado de “C9”.

Na pauta dos três dias de encontros está a reforma da Cúria Romana, que o Pontífice já iniciou com vários Motu Proprio que agruparam e criaram novos dicastérios vaticanos. O último foi o Pontifício Conselho para o Desenvolvimento Humano Integral, que a partir de 1° de janeiro assumirá as competências de quatro dicastérios: Justiça e Paz, Cor Unum, Pastoral para os Migrantes e Itinerantes e Pastoral para os Agentes de Saúde.  

Já no início deste mês, cessaram as funções de outros dois Pontifícios Conselhos, incorporados no novo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida.  

Trata-se da 16° reunião do C9, que começou em 1° de outubro de 2013. 

Integram o Conselho os seguintes Cardeais: Óscar Andrés Rodriguez Maradiaga (Honduras), Pietro Parolin (Secretário de Estado), Giuseppe Bertello (Governatorato vaticano), Francisco Javier Errazuriz Ossa (Chile), Osvald Gracias (Índia), Reinhard Marx (Alemanha), Laurent Monsengwo Pasinya (República Democrática do Congo), Sean O'Malley (EUA), George Pell (Austrália). O Secretário é o Bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro. 

(bf)

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O apreço do Papa pelo documento dos bispos argentinos sobre a 'Amoris laetitia'

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Cidade do Vaticano (RV) – É a caridade pastoral que impele a “sair para encontrar os afastados e, uma vez encontrados, a iniciar um caminho de acolhida, acompanhamento, discernimento e integração na comunidade eclesial”. Esta é a premissa básica em torno da qual gira o conteúdo  da carta enviada pelo Papa Francisco aos bispos da região pastoral de Buenos Aires, em resposta ao documento “Critérios fundamentais para a aplicação do Capítulo VIII da Amoris laetitia”, reporta o L’Osservatore Romano. 

Exprimindo seu apreço pelo texto elaborado pelos prelados, o Pontífice sublinhou na mensagem enviada a Dom Sergio Alfredo Fenoy,  como este manifesta na sua plenitude o sentido do Capítulo VIII da Exortação Apostólica – o que trata de “acompanhar, discernir e integrar a fragilidade” – esclarecendo que “não existem outras interpretações”. O documento dos bispos – assegurou o Pontífice – “fará muito bem”, sobretudo para aquela “caridade pastoral” que o permeia inteiramente.

Sacerdote, o próximo “mais próximo” do bispo

O texto elaborado pelos pastores da Igreja argentina é “um verdadeiro exemplo de acompanhamento aos sacerdotes” – avaliou o Santo Padre – reiterando o quanto é necessária a proximidade “do bispo com o seu clero e do clero com o bispo”. De fato – escreveu – o “próximo ‘mais próximo’ do bispo é o sacerdote e o mandamento de amar o próximo como a si mesmo começa por nós bispos, precisamente com os nossos padres”.

Naturalmente, a caridade pastoral entendida como tensão contínua na busca dos afastados é cansativa. Trata-se de uma pastoral “corpo a corpo” que não pode reduzir-se a “mediações programáticas, organizativas ou legais, mesmo que necessárias”.

Discernimento

Das quatro “atitudes pastorais” indicadas – acolher, acompanhar, discernir e integrar – a menos praticada é o discernimento.

“Considero urgente – afirmou Francisco – a formação no discernimento, pessoal e comunitário, nos nossos seminários e presbitérios”.

Por fim, o Papa recordou que a Amoris Laetitia foi “o fruto do trabalho e da oração de toda a Igreja, com a mediação de dois Sínodos e do Papa”.

Neste sentido, recomendou uma catequese completa sobre a Exortação, que “certamente ajudará o crescimento, a consolidação e a santidade da família”.

O documento dos bispos

O documento dos bispos argentinos recorda que não “convém falar de “permissão” para ter acesso aos Sacramentos, mas de um processo de discernimento acompanhado por um pastor”. Este processo deve ser “pessoal e pastoral”. O acompanhamento é, de fato, um exercício da via caritatis, um convite a seguir o caminho de Jesus.

Caridade pastoral

Trata-se de um itinerário – escrevem os bispos – que requer a caridade pastoral do sacerdote, o qual “acolhe o penitente, o escuta atentamente e mostra a ele o rosto materno da Igreja, enquanto aceita a sua reta intenção e o seu bom propósito de colocar toda a vida à luz do Evangelho e de praticar a caridade”.

Este caminho – advertem os prelados – não termina necessariamente nos Sacramentos, mas pode orientar-se em outras formas de maior integração na vida da Igreja: uma maior presença na comunidade, a participação em grupos de oração ou reflexão, o compromisso em diversos serviços eclesiais.

“Quando as circunstâncias concretas de um casal  o tornam factível, especialmente quando ambos são cristãos com um caminho de fé – lê-se no documento – pode-se propor o compromisso de viver em continência”.

A Amoris laetitia “não ignora as dificuldades desta opção e deixa aberta a possibilidade de ter acesso ao Sacramento da Reconciliação quando se falta a este propósito”.

Em outras circunstâncias mais complexas, e quando não se pode “obter uma declaração de nulidade – sublinha o texto – a opção mencionada pode não ser de fato praticável” É possível, todavia, realizar igualmente “um caminho de discernimento”.

Amadurecer e crescem com a força da graça

E “se se chega a reconhecer que, em um caso concreto, existem limitações que atenuam a responsabilidade e a culpabilidade, particularmente quando uma pessoa considera que cairia em uma ulterior falta, provocando dano aos filhos da nova união, Amoris laetitia abre a possibilidade do acesso aos Sacramentos da Reconciliação e da Eucaristia”. Isto, por sua vez, dispõe a pessoa a continuar a amadurecer e a crescer com a força da graça.

Distinguir cada caso

O documento sublinha como é necessário evitar de pretender esta possibilidade como um “acesso ilimitado aos Sacramentos, ou como se qualquer situação o justificasse”. O que se propõe, é antes, um discernimento que “distinga adequadamente cada caso”.

Especial atenção requerem algumas situações, como a de uma nova união que vem de um recente divórcio, ou daquela de quem mais vezes não correspondeu aos compromissos familiares, ou ainda de quem faz “uma espécie de apologia ou de ostentação da própria situação, como se fosse parte do ideal cristão”.

Com paciência, buscar caminho da integração

Nestes casos mais difíceis, os sacerdotes devem acompanhar com paciência, procurando qualquer caminho de integração. É importante – lê-se no texto – “orientar as pessoas a colocarem-se  com a própria consciência diante de Deus, e por isto é útil o exame de consciência”, que propõe a Exortação Apostólica , especialmente naquilo que faz referência ao comportamento em relação aos filhos ou pelo cônjuge abandonado. Em cada caso, quando existem “injustiças não resolvidas, o acesso aos Sacramentos é particularmente escandaloso”.

Por isto o documento afirma que “pode ser conveniente que um eventual acesso aos Sacramentos se realize de maneira reservada, sobretudo quando se preveem situações de conflito”.

Comunidade: crescer no espírito de compreensão

Ao mesmo tempo, porém, não se deve se omitir de acompanhar a comunidade para que “cresça em um espírito de compreensão e de acolhida, sem que isto implique criar confusões no ensinamento da Igreja em relação ao matrimônio indissolúvel”.

A este propósito, os prelados recordam que “a comunidade é instrumento da misericórdia que é imerecida, incondicionada e gratuita”. Sobretudo, reiteram que o discernimento “não se fecha, porque é dinâmico e deve permanecer sempre aberto a novas etapas de crescimento e a novas decisões que permitam de realizar o ideal em maneira plena”.

 

(JE)

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Bento XVI: Há 10 anos o discurso em Regensburg sobre fé e razão

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Cidade do Vaticano (RV) – Há dez anos, precisamente em 12 de setembro de 2006, o Papa Bento XVI proferia um discurso na Universidade de Regensburg, dedicado ao  diálogo entre fé e razão. Um mal-entendido sobre uma passagem daquele texto, provocou inicialmente críticas do mundo muçulmano, mas hoje aquela lectio magistralis permanece de grande atualidade do ponto de vista teológico e do diálogo intercultural e inter-religioso. O confirma aos microfones da Rádio Vaticano, o Bispo de Acireale e Coordenador do Comitê científico do “Pátio dos gentios”, Dom Antonino Raspanti:

“O conteúdo, e aquilo que o Papa afirmou, coloca realmente grandes problemas, que vão além da contingência da situação daquele momento. O cenário internacional nos mostra um grande movimento, do ponto de vista obviamente geopolítico, mas também a dificuldade em abordar a religião e as religiões – não somente a do Islã – e a entender qual é a relação entre estas religiões, a política, a sociedade e, portanto, a paz e o futuro das nações. Isto, a partir do momento que ele trata explicitamente também a questão islâmica – ao menos de arranhão, mas de qualquer maneira trata dela – hoje se repropõe de forma, eu diria, atualíssima no debate mundial”.

RV: A citação do Imperador Paleólogo sobre Maomé – como é conhecido – provocou na época duras críticas, não somente do mundo muçulmano. Mas, para além daquela passagem, qual era, na sua opinião, a mensagem central daquela “lectio magistralis”?

“Naturalmente não era aquele o ponto principal do discurso, como muitos comentaristas depois sucessivamente e serenamente retomaram. Aquele é um dos pontos sobre o qual se podia discutir e se discute ainda hoje, e ele o fez com coragem. Mas a meu ver – e o Papa o diz explicitamente – o ponto fundamental era qual o peso a ser dado à razão, ao logos, na relação com as religiões, e em modo particular com a religião revelada e com o cristianismo, visto que a experiência, sobretudo europeia, tem grandíssimas raízes, desenvolveu a fundo a questão do logos e viver uma profunda experiência de logos no próprio interior, não somente no âmbito da reflexão metafísica, mas em todas as implicações práticas que isto comportou no decorrer do milênio. Por outro lado, este logos, que relação tem com a religião? O cristianismo confrontou-se com isto a fundo e é isto que ele afirma. O cristianismo dos primeiros séculos, mas também o judaísmo da diáspora, pouco antes e pouco depois da vinda de Cristo, viveu isto, debateu-se com esta questão. E o cristianismo absorveu a lição do logos a seu modo, modificando-a em parte, adaptando-a e submetendo-a, em um certo sentido, também à revelação cristã, à pessoa de Jesus. E portanto, o Papa considera que aquela experiência que o cristianismo fez de absorver e interagir com a grande intuição do logos dentro da civilização europeia, é uma experiência fundamental para o cristianismo, que não se poderá negligenciar nem mesmo para o futuro; para ser claros, nem mesmo quando hoje o cristianismo se está implantando ou, todavia, interagindo em continentes que não viveram esta experiência. Penso na Ásia, mas também na África. O Papa Bento considera – e isto é objeto de grande discussão – que não se pode esquecer e colocar entre parênteses tour court a experiência, por exemplo, patrística ou medieval, e recomeçar quase tudo do início com uma Bíblia  que seria “des-helenizada” quase ao estado puro, que saltando dois mil anos de cristianismo vai se comparar com mais ou menos culturas asiáticas, do Extremo Oriente ou da África. O Papa Bento coloca isto em forte discussão e considera que é necessário, de qualquer maneira, a passagem por meio desta inculturação do logos no cristianismo, que a experiência europeia do cristianismo operou nos séculos”.

Rv: Outro ponto daquele discurso era o risco da exclusão do divino, do religioso, do âmbito racional, científico. Quanto é alto atualmente este risco evocado por Bento XVI há 10 anos?

“Está em discussão. A exclusão é precisamente objeto de discussão, porque esta é a outra face da moeda da qual Bento quis se ocupar, recuperando a experiência do logos. Esta experiência amadureceu também no Ocidente, sobretudo, depois da reviravolta da ciência e da técnica, num sentido frequentemente positivista, excluindo a religião, mas também outros grandes aspectos da cultura e da vida do homem, colocando-o fora do jogo e arrogando-se somente sobre uma razão que calcula, sobre uma razão cientificista. Para o Papa Bento, este é um logos um pouco reduzido, não dá razão de uma plenitude e de um interesse da experiência que do logos fizeram os séculos passados. E então, precisamente no diálogo-debate com aquele que o cristianismo do logos assumiu, o Papa Bento queria uma retomada – ele disse: “Alargar os horizontes da racionalidade humana”: queria uma retomada mais ampla da racionalidade humana que conseguisse incluir estes amplos setores da cultura e da vida do homem, que são excluídos, e estes ele os vê centrais e fundamentais, porque são parte integrante da vida do homem, da experiência humana sobre a terra”.

(JE/FC)

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Pe Zollner: Igreja fortalece compromisso pela tutela de menores

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Cidade do Vaticano (RV) – Consolida-se o compromisso da Igreja  pela proteção dos menores, contra toda forma de abuso. A Plenária da Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores concluiu no domingo (12/09) a reunião iniciada em 5 de setembro no Vaticano. 

Na pauta do encontro, a instituição de um Dia de Oração pelas vítimas, a realização de um modelo-guia para as Conferências Episcopais e a criação de um site da Comissão.

No decorrer das sessões de trabalho, ademais, acentuou-se a importância do documento papal “Como uma mãe amorosa”, que sublinha a responsabilidade dos bispos,  o compromisso com a educação e ainda sobre os numerosos encontros realizados em diversos países por parte dos membros da Comissão.

Padre Hans Zollner, membro da Pontifícia Comissão, falou sobre o encontro aos microfones da Rádio Vaticano:

“Penso que compartilhamos tantas atividades que desenvolvemos dentro dos grupos de trabalho. Eu acho que se possa dizer que, nestes últimos meses, ao menos 70-80 encontros foram realizados nas partes mais diversas do mundo: da Europa à América, até a Oceania. Vimos como agora, em muitas partes do mundo, em que até então não se falava do tema dos abusos e da sua prevenção, muitas pessoas estão se movimentando dentro da Igreja e também fora dela; e que a Igreja nestas regiões – às vezes – é realmente a parte mais ativa e mais importante, precisamente graças ao sistema das escolas católicas, graças a todo o sistema educativo e ao trabalho com os jovens e as famílias. Motivo pelo qual estamos muito contentes em poder compartilhar as tantas atividades que foram realizadas e que já – a meu ver – indicam uma certa tomada de consciência a nível universal”.

RV: Está crescendo a cultura, precisamente, da tutela, desta tomada de consciência sempre mais profunda?

“Uma das experiências e também das reflexões foi esta: devemos nos movimentar em vários níveis e em vários âmbitos. Desta vez, falamos das linhas-mestras e de um modelo, de um formato, que queremos submeter à atenção do Santo Padre, que poderia funcionar como inspiração para as Conferências Episcopais para melhorar ainda mais ou para trabalhar em alguns âmbitos em que as suas linhas-mestras não foram desenvolvidas suficientemente. O outro âmbito é o da oração, da atenção à assistência espiritual às vítimas, para aqueles que querem receber esta ajuda ou que às vezes esperam também esta ajuda. Soubemos que o Santo Padre reagiu – depois da entrega de nossa proposta, ocorrida há alguns meses – com um Dia de Oração pelas vítimas de abuso. Foi enviada uma carta às Conferências Episcopais, declarando esta necessidade de pensar a respeito e de fazer uma proposta: o que ocorreu, depois desta carta, é o pedido para que as respectivas Conferências episcopais comecem a trabalhar, onde isto ainda não tenha sido feito, de modo a poder propor uma data e também uma forma para aquela Igreja local pela qual são responsáveis. Nesta semana, teremos também a possibilidade de encontrar os novos bispos nomeados, quer para as terras de missão – e portanto os bispos que pertencem à Propaganda Fidei, à Congregação para a Evangelização dos Povos – quer aqueles que estão sob a jurisdição da Congregação para os Bispos. Portanto, temos a oportunidade de poder falar aos novos pastores das Igrejas locais – o Cardeal O’Malley, a vítima de abuso Mary Collins e eu – transmitindo a eles uma mensagem, pensamos, consistente. Estamos muito contentes que pela primeira vez tenhamos sido convidados”.

RV: Sabemos o quanto o Papa tem a peito a questão da tutela dos menores, dando prosseguimento a um grande trabalho iniciado pelo seu predecessor, Bento XVI, em particular. Houve uma ocasião de encontro com o Papa nestes dias?

“A Comissão não encontrou o Santo Padre, mas soube que duas vítimas de abuso na Itália tiveram um encontro com o Santo Padre, no contexto da Audiência para o Ano Jubilar, sábado passado, durante o qual entregaram a ele dois livros, que foram publicados em italiano nesta ano: “Júlia e o lobo” e o outro “Gostaria de ressurgir de minhas feridas”. O primeiro é sobre a experiência de uma jovem abusada por um sacerdote na Itália: e este é o primeiro livro na Itália, em italiano, e sobre uma experiência na Itália. O outro livro é sobre mulheres consagradas, que são abusadas por sacerdotes. O Papa – segundo me disseram estas duas senhoras – ficou muito impressionado e pediu para poder acompanhar também este acontecimento. Portanto eu penso, daquilo que soubemos e visto nestes anos – desde quando passou a ter o Papa Francisco, como também o Papa Bento – que os Papa têm uma grande atenção pessoal, muito empática e muito próxima, às pessoas em grandes dificuldades e também por aqueles que sofreram um abuso sexual por parte de um membro do clero”.

(JE/AG)

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Suécia: esgotados ingressos para os eventos na Arena de Malmö

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Estocolmo (RV) – Esgotaram-se os cinco mil ingressos colocados à disposição dos fieis interessados em participar do evento que terá lugar na tarde de 31 de outubro na Arena de Malmö, na Suécia, no âmbito da visita do Papa Francisco a Lund, por ocasião das celebrações ecumênicas dos 500 anos da Reforma Protestante, informa a Agência Sir.

Na parte da manhã do dia 31, na Catedral de Lund, terá lugar uma celebração ecumênica presidida pelo Papa Francisco e pelo Presidente da Federação Luterana Mundial, o Bispo Munib Younan. A celebração será transmitida também por meio de telões dispostos no lado externo do templo e na Arena de Malmö.

Os dois líderes estarão presentes também na conclusão do evento, que a partir das 13h30min – e por quatro horas – se realizará na Arena, na presença de artistas e com a projeção de filmes e histórias, “com uma mensagem de esperança e de responsabilidade compartilhada, em favor do mundo”.

Os bilhetes foram colocados à venda na sexta-feira, 9 de setembro, e já no dia seguinte o site da Diocese de Estocolmo informava que os ingressos estavam esgotados.

Os lugares para sentar são 10 mil. Parte deles foram colocados à venda por meio da Federação Luterana Mundial e outra parte pela Igreja Católica, corresponsável pela organização do evento.

O valor arrecadado com a venda de bilhetes – ao custo de 13 euros cada – será destinado aos “refugiados provenientes da Síria, devastada pela guerra”, explica o site do Conselho das Igrejas da Suécia.

O Papa celebrará uma missa em Malmö no dia 1º de novembro, às 9h30min.

(je/sir)

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Igreja no Brasil



Rio celebra Madre Teresa com missa e bênção da imagem

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Rio de Janeiro (RV) - Neste sábado, dia 10 de setembro, a Arquidiocese de São Sebastião do Rio de Janeiro agradeceu ao Deus de Misericórdia pela canonização de Santa Teresa de Calcutá e celebrou também o 'Jubileu Extraordinário da Vida Consagrada'. 

A Santa Missa, celebrada na Catedral Metropolitana, foi presidida pelo arcebispo do Rio, Cardeal Orani João Tempesta. A Eucaristia contemplou a rica variedade de dons e carismas que o bom Deus cumula a sua Igreja, reforçando o compromisso dos consagrados e consagradas, e de todo o povo de Deus, de caminharem sempre mais em unidade, a fim de que nosso mundo seja contagiado pela misericórdia de Deus e fortaleça a paz, a justiça, a fraternidade e o amor.

O dia celebrativo teve início com a procissão, benção e passagem dos consagrados e consagradas pela Porta Santa na Catedral, juntamente com Dom Orani, seus bispos auxiliares e eméritos, vigários episcopais, sacerdotes, diáconos, seminaristas e todo o povo de Deus presentes na cerimônia.

Santa Missa

Em sua saudação inicial de acolhida a todos os que estavam presentes na Catedral e aos que assistiam e ouviam pela Rede Vida de Televisão, WebTV Redentor e Rádio Catedral FM – que transmitiram, ao vivo, toda a celebração –, o vigário episcopal para os Institutos de Vida Consagrada, Sociedades de Vida Apostólica, Movimentos Eclesiais e Novas Comunidades, Dom Roberto Lopes, citou algumas instituições inspiradas em Santa Teresa de Calcutá, pela sua obra de evangelização e seu exemplo de misericórdia para com o próximo.

Homilia de Dom Orani

Em sua homilia, Dom Orani abordou as atividades realizadas pela Igreja no Rio com a finalidade de atender os irmãos em situação de rua, além de citar a importância da vida de Santa Teresa de Calcutá para as instituições de caridade no Rio de Janeiro. O Cardeal reforçou ainda a presença de Madre Teresa e das Irmãs Missionárias da Caridade na cidade e recordou o trabalho que elas realizam através de suas casas em Bonsucesso, Realengo e na Lapa.  

A Santa Missa também contou com a participação de alguns convidados ligados à Santa e ao processo de canonização, dentre eles, o casal Marcílio e Fernanda acompanhados de seus filhos Murilo e Mariana, que a tornou possível – o Santo Padre, Papa Francisco, reconheceu um milagre atribuído à religiosa: a cura inexplicável de Marcílio Haddad Andrino, ocorrida em dezembro de 2008, que se recuperou dos múltiplos tumores no cérebro.

Benção da Imagem da Santa Teresa de Calcutá

Com a conclusão da Celebração Eucarística, o pároco da Catedral Metropolitana de São Sebastião, Monsenhor Joel Portella Amado, convidou todos a participar da cerimônia de benção da imagem de Santa Teresa de Calcutá, na Praça do Papa, localizada na área externa da igreja. Com intermediação do governo da Albânia – local de nascimento de Madre Teresa –, a imagem foi doada por uma família muçulmana, e posicionada com os olhos voltados para o Cristo Redentor e a Catedral, representando o seu amor por Deus e pela Igreja.

A superiora provincial da congregação fundada por Madre Teresa de Calcutá no Brasil, Irmã Maria do Carmo, participou de toda a celebração e falou sobre o amor incondicional por Deus e pela Igreja que moveu a vida da Santa.

O coral do projeto ‘Uma só Voz’, composto por irmãos em situação de rua, participou da Santa Missa e da benção da imagem de Santa Teresa de Calcutá, animando todos os fiéis presentes. 

Assistência aos mais pobres entre os pobres

Inspirados nas ações de Santa Teresa de Calcutá, que cuidava e atendia os mais pobres entre os pobres, a Arquidiocese do Rio realizou durante toda a manhã de sábado, dia 10, simultaneamente com as celebrações, uma ação sociorreligiosa no CIEP José Pedro Varela com atendimentos nas áreas da saúde, higiene, cidadania (emissão de documentos), cultura e assistência religiosa, que contou com a participação, parceria e apoio de diversas congregações, comunidades e instituições.

(ArqRJ/CM)

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Igreja na América Latina



Venezuela: "As pessoas morrem de fome e cresce a tensão no país"

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Venezuela (RV) – O Cardeal Jorge Urosa Savino em mensagem à Agência Fides disse que o povo venezuelano deveria resolver os conflitos de forma pacífica. "Há falta de todos os gêneros alimentares e não têm remédios, isso se tornou um grave problema que devemos resolver pacificamente", disse o Cardeal.

Nesse tempo a situação se tornou crítica, segundo um depoimento dado a Agência Fides, na cidade de Barquisimeto, Estado de Lara,  a cerca de 340 km de Caracas, no centro psiquiátrico El Pampero os pacientes estão morrendo de fome. No mês passado 3 pessoas morreram e a situação não muda.

Nessa semana a tensão no país aumentou,  em muitas cidades a população foi às ruas contra o Conselho Nacional eleitoral - CNE, que é acusado de obstruir e retardar a convocação do referendo afim de evitar que eleições ocorram antes de 10 de janeiro próximo. Manifestantes e oposição pedem uma votação antes dessa data, porque somente desta forma, haverá a remoção de todo o governo e seriam realizadas novas eleições nacionais.

(Agência Fides - VM)

 

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Mais de um milhão de pessoas em defesa da família no México

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Cidade do Vaticano (RV) – Depois das manifestações em favor da família se está verificando um despertar nacional e a Igreja vem em apoio, observou Dom Sigifredo Noriega Barceló, bispo de Zacatecas. A agência de notícias Fides fez referência ao bispo que depois da missa dominical explicou não querer discriminar ninguém com o tema da família: "não é um retorno ao passado, à família tradicional, mas defender a união entre o homem e a mulher como base da família”.

“Não se trata de estar contra alguém, nem mesmo contra os homossexuais, se reconhecem os direitos deles, mas sem negar, nem destruir aquilo que é o matrimônio”, acrescentou Dom Barceló. “A Igreja, os bispos, veem com bons olhos esse despertar da população e dá o seu apoio, mas não somos os promotores”, sublinhou ele.

A manifestação pela família em resposta a uma proposta de lei

No último sábado (10), a “Frente Nacional pela Família” – que reúne diversas confissões religiosas e também realidades não-religiosas – organizou a “Marcha pela Família”. O evento foi realizado em 125 cidades do país e movimentou mais de um milhão e meio de pessoas, segundo dados da agência Fides. A marcha foi convocada depois que o presidente Enrique Peña Nieto tinha decidido de apoiar uma proposta de lei sobre os “matrimônios igualitários” e em seguida às primeiras reações de protesto dos movimentos católicos.

No México, o primeiro valor é a família

Mais de um líder católico repetiu o que disse à imprensa Dom Pedro Pablo Elizondo, bispo de Cancún-Chetumal: “no México, para os 75% dos mexicanos, o primeiro valor é a família. Ver mais de um milhão de pessoas nas ruas para defendê-la é uma mensagem clara e forte”. (AC)

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Igreja no Mundo



Bispos europeus e migrações: parcerias e respeito mútuo

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Bratislava (RV) – Os bispos das Conferências Episcopais da Europa estão preocupados com os imigrantes que chegam ao continente europeu e pedem às estruturas políticas dos Estados-membros parcerias de igualdade e respeito mútuo pelos povos em diálogo com as religiões.

Diálogo e parcerias com outras religiões

“É fundamental que os Estados membros tenham parcerias baseadas na igual dignidade de todos os povos e respeito mútuo. É igualmente importante que as estruturas públicas, nacionais e europeias desenvolvam uma verdadeiro diálogo com os representantes das Igrejas cristãs ou com membros de outras religiões”, afirmam os bispos europeus em comunicado divulgado na conclusão de uma visita do Conselho Europeu das Conferências Episcopais (CCEE) à Eslováquia.

Os participantes do encontro mostraram-se profundamente tocados pelo sofrimento das pessoas em fuga dos conflitos bélicos, especialmente o que devasta a Síria, sem esquecer a situação dos que enfrentam os ataques terroristas na Europa, que causam tantas vítimas.

Os bispos sentem a necessidade de estimular a comunicação com o mundo muçulmano e dedicar mais esforços para ajudar os necessitados de acordo com o mandamento divino do amor.

Ajuda aos cristãos perseguidos

A ajuda aos cristãos perseguidos, bem como o auxílio a quem necessita, seja em regiões em crise no mundo como nos seus países, concretiza os fins cristãos e humanos que devem ser perseguidos com generosidade e sabedoria, considerando as circunstâncias culturais, religiosas e econômicas dos povos europeus e de quem chega.

Reunidos na Eslováquia, país que preside atualmente o Conselho da União Europeia, os bispos pedem uma profunda reflexão sobre o futuro do continente, sobre os valores que vão edificar a sociedade e o papel da religião.  

Pedindo ajuda especializada, tendo em conta a trajetória que os migrantes desejam realizar, os bispos exortam a não esquecer as vítimas da violência, da guerra e do terrorismo.

(Ecclesia/RV)

 

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Irmãs Operárias no Burundi: o trabalho pela paz

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Cidade do Vaticano (RV) - O Burundi está entre a guerra e a paz desde o início do trabalho das Irmãs Operárias da Santa Casa de Nazaré, que há 50 anos (festejaram há poucos dias o Jubileu) desenvolvem a sua missão em uma nação marcada por uma forte crise política e social.

 

"A pobreza – conta a religiosa Raffaella Falco – chegou a um nível histórico desde que foram suspensas as ajudas internacionais. Por causa da inflação os produtos de primeira necessidade estão muito caros. Se vive em um contexto de insegurança e medo com policiais e soldados armados em todo o Estado. Cerca de 260 mil refugiados estão distribuídos entre a Tanzânia e Ruanda. Não se pode falar de segurança em um clima tão incerto, mas permanece o grande desejo de partilhar do início até o fim os cansaços e o medo com tantos que não podem fugir".   

"É um pequeno país, do qual se fala pouco: muitos tem o interesse de alimentar esse silêncio. Infelizmente, também o atual governo!", diz Irmã Raffaella.

Mas, em um lugar de morte, há espaço para anunciar a alegria de Cristo e a Sua Misericórdia.

"Muitas orações são pela Paz, em particular para as pessoas pobres dos vialarejos. A Igreja por meio da voz dos bispos continua a defender a justiça e a paz".

Partilha de vida

Nascida do carisma de São Arcangelo Tadini, as religiosas colocam as mãos na massa: partilham a vida com as pessoas, cultivam campos, trabalham na produção de chás, ensinam e ajudam na formação profissional, cuidam dos doentes e se colocam a serviço dos mais pobres.

No momento desenvolvem muitos projetos, mas o trabalho mais importante é "a comunhão entre as etnias, idades e culturas diferentes. Em um contexto social e político no qual a divisão afirma o próprio poder, na nossa comunidade – explica irmã Raffalella – tentamos contar com a vida como é possível conviver juntos e querer-se bem".

A Congregação trabalhou muito pela causa africana (recentemente abriu duas missões: uma no Mali e outra em Ruanda);

"Aprendemos a ser irmãs porque somos filhas de um único Pai que nos deu um estilo de família simples e bonito, a serviço dos trabalhadores. São tantas as diferenças (língua, cultura, modos de viver a Fé, a oração e as relações com o tempo...), e é muito mais o que nos une: O evangelho do trabalho, Jesus operário de Nazaré".

No Burundi estão presentes em Nyamurenza, a primeira missão e a Casa Mãe da Congregação em Rwegura uma região habitada por tantos trabalhadores que cultivam e produzem chá. O Bispo quis a presença das imãs nas regiões "para anunciar a boa notícia do Evangelho partilhando os mesmos cansaços do trabalho".

Missionárias pelo mundo

A terceira missão se encontra em Giteca, uma pequena cidade no centro do Burundi, que no final de 1998 passou por "um período muito difícil de atrocidades, limpeza etnica, mortes e destruição até o fim com a decapitação da Igreja local por Dom Ruhuna".

Florescem vocações, basta pensar que existem setenta irmãs burundeses, das quais 14 são missionárias na Itália, três no Brasil, três no Mali e três em Ruanda. 

"Muitas jovens - conclui - se aproximam da nossa família religiosa porque são fascinadas pelo desafio da comunhão e da possibilidade de viver uma vida simples, partilhando o cotidiano e o trabalho".

 (VI-VM)

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Formação



Mulheres cristãs são duplamente vulneráveis

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Cidade do Vaticano (RV) – O drama da perseguição e discriminação a milhões de cristãos no mundo que acontece ainda hoje, no início do Terceiro Milênio, virou livro apresentado nesta segunda-feira (12) em Roma.

 

Quem nos ajuda a compreender o fenômeno, dando uma visão geral do quadro, é a autora e porta-voz da entidade italiana “Ajuda à Igreja que Sofre”, Marta Petrosillo. A obra leva o título de “Perseguirão também vocês”.

Marta Petrosillo – Paradoxalmente, os valores cristãos tornam os cristãos mais vulneráveis. Uma vez um rapaz de Bagdá me disse: “eles sabem perfeitamente que nós nunca nos vingaremos e, então, essa nossa disponibilidade ao perdão nos torna obviamente mais vulneráveis”.

RV – Muitas vezes o Papa Francisco falou da perseguição dos cristãos, do seu martírio e disse “só porque são cristãos”, sublinhando o silêncio cúmplice de tantas potências. Fundamental, pelo contrário, é construir sociedades em que exista um pluralismo saudável, respeitando os outros e os seus valores. Quanto pesa a postura de alguns poderes fortes do mundo em fazer passar essa perseguição em silêncio?

MP – Pesa muito. O primeiro passo a cumprir para deter a perseguição cristã, que assume hoje também novas formas, é a consciência, porque somente conhecendo a realidade se pode passar a tomar medidas que obviamente devem ser tomadas pelos nossos governos. Um certo progresso tem sido visto nos últimos anos.

Papa Francisco e o diálogo inter-religioso

RV – Quanto é importante o diálogo inter-religioso, não identificar o islamismo com o terrorismo e os gestos de encontro entre os representantes das religiões promovidos por Francisco?

MP – Fundamentais as repercussões que as palavras do Santo Padre têm nos países em que os cristãos são perseguidos. Dom Joseph Coutts, arcebispo de Karachi, me contava como o discurso feito pelo Papa Francisco, em que pediu para não identificar o terrorismo com o islamismo, foi muito apreciado pela comunidade islâmica local. Muitos líderes islâmicos quiseram encontrar o arcebispo para expressar reconhecimento e pedir para levar  a sua mensagem diretamente a Francisco. Então, as palavras do Santo Padre são fundamentais inclusive nos países onde os cristãos não são perseguidos para favorecer o diálogo inter-religioso e fazer com que seja a comunidade islâmica local – que, lembramos, não é para ser identificada com o terrorismo – a se unir à comunidade cristã e a demonstrar solidariedade.

Defender os cristãos a custo de vida

RV – Por exemplo, no Paquistão, para defender os cristãos, as pessoas de fé muçulmana são mortas...

MP -  Não faltam exemplos de muçulmanos que, também a custo de vida, têm defendido os cristãos. Um exemplo é aquele de Salman Taseer, o governador de Punjab, morto em 2011 por causa do seu empenho pela liberação de Asia Bibi.

As mulheres cristãs, duplamente vulneráveis

RV – No livro, um capítulo é dedicado às mulheres cristãs nos países de maioria islâmica, vítimas quase sempre de estupros, sequestros por parte dos extremistas. A situação das mulheres, duplamente discriminadas enquanto mulheres, lhe tocou muito?

MP – Sim, me tocou muito, porque existe realmente um panorama dessas mulheres que são duplamente vulneráveis: vulneráveis porque mulheres e vulneráveis porque são minoria. Há o tema dos estupros, das conversas forçadas, mas também da imposição da vestimenta islâmica para as mulheres cristãs. Penso, por exemplo, no Sudão, onde as mulheres cristãs foram chicoteadas somente porque usavam uma saia considerada muito curta, mesmo se não eram obrigadas a cumprir com o código de vestimenta islâmica.

Palavras do Papa para criar a paz

Na apresentação do livro de Marta Petrosillo também estava presente o arcebispo de Karachi, do Paquistão, Dom Joseph Coutts. Ele comentou sobre a recepção de diferentes representantes muçulmanos às palavras do Papa ao sublinhar que não se pode identificar o islamismo com o terrorismo.

Dom Joseph Coutts – Ficaram muito felizes e agradecidos pelas palavras do Papa, como líder dos cristãos em nível mundial. O Papa disse que o islamismo como religião não é uma religião de terrorismo. Eles disseram que é muito importante quando um líder desse nível diz essas coisas. É um progresso em direção ao diálogo e para criar a paz.

(AC)

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Atualidades



FAO: Sul como protagonista do próprio desenvolvimento

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Rádio Vaticano (RV) – As Nações Unidas celebram nesta segunda-feira (12/09), o Dia da Cooperação Sul-Sul, um tratado da ONU que desde 1978 trabalha para colocar os países do Hemisfério Sul na condição de protagonistas do seu próprio desenvolvimento.

 

“Os destinos de cada nação estão mais do que nunca relacionados entre si, como os membros de uma mesma família, que dependem uns dos outros”, disse o Papa à plenária da Organização das Nações Unidas para a Agricultura e Alimentação (FAO), em 2014.

Francisco Dias Chimuco, economista do setor de Cooperação Sul-Sul na FAO em Roma, descreve como esta interligação ajuda a promover o desenvolvimento do Sul na prática.

“Temos um projeto de aquicultura na Namíbia em que trabalhamos com especialistas vindos do Vietnã que formam namibianos com o financiamento proveniente da Espanha. Esta interligação e esta troca de experiências e de capacidades é muito positivo”, disse o economista da FAO.

Brasil

São cerca de 20 países do Hemisfério Sul que enviam técnicos a 80 nações em desenvolvimento. Uma das cooperações técnicas brasileiras é com Angola.

“É uma capacitação de agrônomos e veterinários angolanos dos Institutos nacionais de pesquisa realizado por técnicos da Embrapa”, explicou Chimuco.

O tratado para o desenvolvimento Sul-Sul foi firmado em Buenos Aires está prestes a completar 40 anos.

“O nosso dever é servir os países-membros, os países mais vulneráveis, as populações mais pobres. Muitos governos colocam seus próprios recursos e nós ajudamos para implementar, outros países não têm recursos e nós os mobilizamos. Faz parte do mandato das Nações Unidas proteger as populações mais vulneráveis” .

(rb)

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Mau tempo na Itália: cripta de basílica é alagada na Puglia

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Cidade do Vaticano (RV) – A Puglia foi uma das regiões italianas que mais sofreu com o mau tempo do final de semana. Com estradas bloqueadas e linhas férreas interrompidas foram registrados problemas de mobilidade urbana; com o violento alagamento, vinhedos – que representam uma das principais vias de exportação regional – e centenas de hectares de plantações de tomate e legumes prontos para serem colhidos foram destruídos.

Igreja subterrânea alagada

Em Bari, a segunda cidade mais importante do sul da Itália, a cripta da Basílica de São Nicolau foi alagada. Fieis e bombeiros fizeram um mutirão com vassouras e baldes para ajudar os padres a tirar a água que invadiu a parte subterrânea da igreja.

As imagens do ocorrido feitas pelos fieis estão circulando na internet e foram notícia nos principais veículos de comunicação na Itália. Segundo as agências de imprensa, foram necessárias várias horas para que a situação no local voltasse ao normal.

Na igreja subterrânea se encontram as relíquias do padroeiro da cidade, São Nicolau. A basílica fica no coração da cidade antiga de Bari. (AC)

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Penúria no Sudão do Sul: Dom Biguzzi, servem ajudas internacionais

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Makeni (RV) - O Sudão do Sul está sendo atingido por uma dramática penúria: é o que denuncia a FAO. Seriam pelo menos 5 milhões as pessoas que passam fome. A crise política, que se intensificou em julho, deixa em uma condição de grande instabilidade e violência todo o país. Para a população, é difícil lidar com a escassez de alimentos por causa da diminuição da produção agrícola e da alta taxa de inflação. A isso se acrescenta a dificuldade para fazer chegar ajuda dos países vizinhos, devido à insegurança das estradas. A Rádio Vaticano conversou com Dom Giorgio Biguzzi, Bispo emérito de Makeni, Serra Leoa, que recentemente visitou o Sudão do Sul:

R. - É uma situação muito dolorosa e muito complexa, há raízes profundas: vai da experiência de guerra, de guerrilha pela independência, ao entrelaçamento de interesses internacionais e lutas tribais pelo poder local. Tudo isto em detrimento da população civil. Eu vi nos vilarejos distantes pessoas que tentam sobreviver, defendendo-se ou fugindo dos grupos armados que são incentivados por este ou aquele grupo com raízes ligadas a interesses políticos e econômicos de outros países, sejam daqueles vizinhos sejam daqueles de longe. O Sudão do Sul é um país rico em petróleo, água e muitas outras riquezas, como diz a Bíblia: "Onde estão os cadáveres, ali se reúnem as águias."

P. – A produção agrícola está paralisada por causa da situação política instável. Desde o início da guerra civil em 2013, a situação pirou?

R. – Piorou muito. Entre 2014 e 2015 tinha se estabilizado e, portanto, as pessoas tinham recomeçado a cultivar a terra. A atividade principal está ligada à criação de gado, e depois à cultivação do sorgo. Infelizmente, com o acordo assinado, mas não mantido por um governo de coalizão nacional, retornou a guerra. As vítimas foram milhares e muita gente teve que parar de cultivar, também porque cultivavam, mas chegavam grupos de guerrilheiros e levavam tudo embora… Assim não há mais a vontade de tentar, porque o futuro é incerto. Consequentemente procuram refúgio nos campos que deveriam ser protegidos pelos soldados da ONU, ou vão para o exterior com sofrimentos inimagináveis. É difícil ver tanta gente inocente sofrer tanto assim ... Porém, devemos dizer que as Igrejas cristãs, todas juntas, sempre levantaram a voz para pedir paz, justiça, respeito às pessoas. Isso sempre fizeram com grande coragem. As Igrejas se tornaram um ponto de referência para muitos que fogem e encontram um oásis de paz, de segurança nas igrejas. (SP)

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Grito dos Excluídos: expressão da Igreja em saída

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Cidade do Vaticano (RV) – O Grito dos Excluídos não acabou; é uma expressão da Igreja em saída: palavras de Ari Alberti, da coordenação nacional do Grito, que fez um balanço da manifestação ao vice-coordenador da Pastoral Carcerária, Pe. Gianfranco Graziola:

Ari Alberti:- “O Grito manteve a sua trajetória de 22 anos. A proposta do Grito, além de discutir temáticas, objetivos e eixos, é se enraizar no Brasil afora. E ele conseguiu. Nós estamos recebendo informações ‘do fundo’ do Brasil, das pequenas comunidades, dos municípios – isso é importante. Ele impacta muito nas comunidades locais e nós percebemos que este tema e o lema que foi escolhido este ano – que é sobre esse sistema insuportável, que degrada, que mata, focando a questão de Mariana – repercutiu muito, porque deu eco a um fato que aconteceu há 10 meses, que matou muita gente, a natureza, e o rio inclusive está sendo esquecido. As pessoas de Mariana se sentiram valorizadas e se fortaleceram em sua luta. E o Grito está aí para isso, para ser um espaço onde a voz dos excluídos possa repercutir.”

Podemos falar do Grito como uma expressão da “Igreja em saída”? Que continua a questionar os grandes temas sociais que, muitas vezes, poderiam ter sido esquecidos pela própria Igreja e pela própria ação pastoral?

Ari Alberti:- “Acredito que sim. O Grito é uma experiência de Igreja, de ecumenismo. E mostra uma Igreja em saída, uma Igreja que vai para a periferia, que volta para os bairros, para os pequenos municípios, para as pequenas comunidades rurais e urbanas. É um desafio.”

Ouça aqui a reportagem completa:

 

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