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Sumario del 30/09/2016

Papa e Santa Sé

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Atualidades

Papa e Santa Sé



Paz e diálogo: Papa rumo à Geórgia e ao Azerbaijão

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco deixou o Vaticano na manhã desta sexta-feira (30/09) para realizar sua 16ª viagem apostólica internacional.

Trata-se de sua segunda etapa no Cáucaso. Depois de visitar a Armênia em junho passado, agora é a vez de Geórgia e Azerbaijão. “Acompanhem-me com suas orações para semear juntos paz, unidade e reconciliação”, pediu o Pontífice a seus seguidores no Twitter esta manhã.

Ao chegar à capital georgiana, Tbilisi, quatro eventos aguardam o Papa ainda esta sexta-feira:  a visita de cortesia ao Presidente da República, Giorgi Margvelashvili; o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o corpo diplomático; o encontro com Sua Beatitude Elias II, Catholicos e Patriarca de toda a Geórgia e, por fim, a oração pela paz com a comunidade assírio-caldeia. Todos esses eventos serão transmitidos ao vivo pela Rádio Vaticano, com comentários em português.

“Pax Vobis” (a paz esteja convosco) é o lema da viagem à Geórgia, marcada pelo ecumenismo. A Igreja ortodoxa georgiana, com a qual a Santa Sé mantém boas relações, é uma das poucas que não reconhecem a validez do batismo administrado pelos católicos. O Papa Francisco e o Patriarca Elias II se abraçarão, mas não rezarão juntos. O Patriarca e Catholicos dos ortodoxos georgianos não participará pessoalmente da missa celebrada pelo Pontífice no sábado, 1° de outubro, mas decidiu enviar uma delegação.

Raízes cristãs

A peregrinação à Geórgia é uma viagem às raízes cristãs da Europa: o cristianismo foi declarado religião de Estado em 337 d.C. e a Igreja georgiana se proclamou autocéfala, tornando-se autônoma do Patriarcado de Antioquia já no século V.

A viagem na fronteira entre Europa e Ásia se insere na tipologia de visitas que Francisco instituiu no Velho Continente: países pequenos, ainda feridos por conflitos,  onde o Papa espera encorajar percursos de reconciliação e de paz. Países onde os católicos são um “pequeno rebanho”, mas nos quais convivem com outras confissões cristãs e com outras religiões. Além disso, o Pontífice terá a oportunidade de aprofundar o drama dos refugiados que fogem da Síria e do Iraque, reunindo-se com a comunidade assírio-caldeia, e dos refugiados do conflito com a Federação Russa em 2008.

Caminho da paz

Em junho passado, o Papa assim explicou a decisão de conhecer essas três nações do Cáucaso: “Acolhi o convite a visitar esses países por dois motivos: de um lado, valorizar as antigas raízes cristãs presentes naquelas terras – sempre em espírito de diálogo com as outras religiões e culturas – e, de outro, encorajar esperanças e sendas de paz. A história nos ensina que o caminho da paz requer uma grande tenacidade e passos contínuos.”

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Papa Francisco chega à Geórgia

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Tbilisi (RV) – O Papa chegou à Geórgia dando início à segunda etapa de sua visita à região do Cáucaso (a primeira foi em junho com a visita à Armênia). É a 16ª Viagem Apostólica internacional do Pontificado de Francisco.A visita será de três dias, incluindo etapa no Azerbaijão no domingo. 

O A321 da Alitália aterrissou no Aeroporto de Tbilisi pouco antes das 15 horas locais (8 horas em Brasília). 

Durante o voo, o Santo Padre dirigiu algumas palavras de boas-vindas e de agradecimento aos jornalistas e ao séquito papal, sublinhando também que esta é a primeira viagem do novo Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke.

“Esta viagem será breve, graças a Deus. Em três dias retornaremos para casa”, brincou o Pontífice, antes de saudar um a um, todos os 70 jornalistas presentes no voo.

Ao descer do avião que o levou à capital da Geórgia, o Papa foi saudado no aeroporto pelo Presidente da República Georgi Margvelashvili.

A seguir, aproximou-se do Patriarca de toda a Geórgia, Primaz da Igreja Apostólica Ortodoxa georgiana, Elias II, abraçando-o duas vezes e trocando algumas palavras. (A Igreja Ortodoxa da Geórgia é uma das mais rígidas da ortodoxia e, pela primeira vez, uma delegação ortodoxa (não o Patriarca) participará da missa com o Papa).

A cerimônia de boas vindas foi breve, com a apresentação dos hinos nacionais e as honras militares. Logo a seguir o Pontífice transferiu-se ao Palácio Presidencial para a visita de cortesia ao Chefe de Estado e para o encontro com as autoridades e a sociedade civil.

(je/agências)

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Papa: Que as diferenças sejam fonte de enriquecimento recíproco

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Tbilisi (RV) – O primeiro compromisso do Papa Francisco em terras georgianas foi a visita de cortesia ao Presidente da República Giorgi Margvelashvili. 

Acolhido na entrada do Palácio Presidencial, o Pontífice e o Chefe de Estado da Geórgia posaram para a fotografia protocolar, dirigindo-se após à Sala da Presidência para um encontro privado. Ao final do colóquio, o Presidente apresentou ao Papa a sua família e houve a troca de dons.

Na sequência, o Papa e o Presidente transferiram-se ao Pátio de Honra do Palácio, para o encontro com as autoridades, a sociedade civil e o Corpo Diplomático. Após do discurso do mandatário georgiano, Francisco proferiu seu primeiro discurso.

Cristianismo, identidade dos valores georgianos

Ao agradecer ao Presidente o convite para a visita ao país, Francisco recordou que a Geórgia é uma “terra abençoada, local de encontro e intercâmbio vital entre culturas e civilizações, que achou no cristianismo, desde a pregação de Santa Nino, no início do século IV, a sua identidade mais profunda e o fundamento seguro dos seus valores”. Francisco citou palavras de João Paulo II ao visitar o país em 1999. “O cristianismo tornou-se a semente do sucessivo florescimento da cultura georgiana”.

Ponte entre Europa e Ásia

A posição geográfica do país “é quase uma ponte natural entre a Europa e a Ásia”, o que facilita as comunicações e as relações entre os povos, tendo possibilitado ao longo dos séculos o comércio, o diálogo e a troca de ideias e experiências entre mundos diversos.

“A pátria – disse Francisco - é como um ícone que define a identidade, delineia as características e a história, enquanto as montanhas, erguendo-se livres para o céu, longe de ser uma muralha insuperável, enchem de esplendor os vales, distinguem-nos e relacionam-nos, tornando cada um deles diferente dos outros e todos solidários com o céu comum que os cobre e protege”.

Desenvolvimento inclusivo

O Papa recordou que o país, desde a proclamação da independência da URSS há 25 anos - quando recuperou a plena liberdade - “construiu e consolidou as suas instituições democráticas e procurou os caminhos para garantir um desenvolvimento o mais possível inclusivo e autêntico. Tudo isto com grandes sacrifícios, que o povo enfrentou corajosamente para se assegurar a tão suspirada liberdade”.

Oportunidades para todos

Neste sentido, o Papa almejou “que o caminho de paz e desenvolvimento prossiga com o esforço solidário de todas as componentes da sociedade, para criar as condições de estabilidade, equidade e respeito da legalidade suscetíveis de favorecer o crescimento e aumentar as oportunidades para todos”.

Coexistência pacífica entre os povos

A condição prévia para um progresso autêntico – salientou o Pontífice – “é a coexistência pacífica entre todos os povos e Estados da região”, o que requer o crescimento de “sentimentos de mútua estima e consideração, que não podem ignorar o respeito das prerrogativas soberanas de cada país no quadro do direito internacional”.

Convivência concreta, ordenada e pacífica entre as nações

Para o Pontífice, a abertura de caminhos que levem a uma paz duradoura e a uma verdadeira colaboração” requerem a consciência de que “os princípios relevantes para um relacionamento équo e estável entre os Estados estejam ao serviço da convivência concreta, ordenada e pacífica entre as nações”:

“De fato, em demasiados lugares da terra, parece prevalecer uma lógica que torna difícil sustentar as legítimas diferenças e as disputas – que sempre podem surgir – num contexto de verificação e diálogo civil onde prevaleça a razão, a moderação e a responsabilidade. Isto revela-se muito necessário no momento histórico atual, em que não faltam também extremismos violentos que manipulam e distorcem os princípios de natureza civil e religiosa, pondo-os ao serviço de obscuros desígnios de domínio e morte”.

Diferenças, fonte de enriquecimento para o bem comum

É preciso – disse Francisco - que todos tenham a peito primariamente as sortes do ser humano na sua situação concreta e realizem, com paciência, toda e qualquer tentativa para evitar que as divergências descambem em violências, fadadas a provocar enormes ruínas para o homem e a sociedade:

“Qualquer distinção de caráter étnico, linguístico, político ou religioso, longe de ser utilizada como pretexto para transformar as divergências em conflitos e estes em tragédias sem fim, pode e deve ser, para todos, fonte de enriquecimento recíproco em benefício do bem comum”.

Isto – explicou o Santo Padre - exige que cada um “possa fazer pleno uso das especificidades próprias, a começar pela possibilidade de viver em paz na sua terra ou de retornar a ela livremente se, por qualquer motivo, foi forçado a abandoná-la”.

Coragem para reconhecer bem autêntico

O Papa reitera que para resolver a situação destas pessoas, é exigida “clarividência e coragem para reconhecer o bem autêntico dos povos e demandá-lo com determinação e prudência, sendo indispensável ter sempre diante dos olhos os sofrimentos das pessoas para prosseguir com convicção no caminho, paciente e árduo mas também emocionante e libertador, da construção da paz”.

“A Igreja Católica – disse Francisco - compartilha as alegrias e preocupações do povo georgiano e deseja prestar o seu contributo para o bem-estar e a paz da nação, colaborando ativamente com as autoridades e a sociedade civil”.

Renovado diálogo Igreja Ortodoxa Georgiana

Ao concluir o Papa expressou o desejo de que a contribuição da Igreja para o crescimento da sociedade georgiana continue “através do testemunho comum da tradição cristã que nos une, do seu compromisso a favor dos mais necessitados e mediante um diálogo renovado e mais intenso com a Igreja Ortodoxa Georgiana antiga e as outras comunidades religiosas do país”. (JE)

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Papa ao Patriarca Elias II: firmes no Senhor e unidos entre nós

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Cidade do Vaticano (RV) -“Deixemo-nos de novo olhar pelo Senhor Jesus, deixemo-nos ainda atrair pelo seu convite a pôr de lado tudo o que nos impede de ser, juntos, anunciadores da sua presença.” Foi a exortação do Papa Francisco em seu segundo discurso em terras georgianas, no encontro com Sua Beatitude Elias II, Catholicós e Patriarca de toda a Geórgia. Marcado por grande cordialidade, o encontro teve lugar na sede do Patriarcado Ortodoxo da Geórgia. 

Francisco quis recordar, já no início de seu discurso, que o Patriarca Elias inaugurara uma página nova nas relações entre a Igreja Ortodoxa da Geórgia e a Igreja Católica, ao realizar a primeira visita histórica ao Vaticano dum Patriarca georgiano.

O Papa lembrou que com tal gesto foi possível revigorar os laços de grande significado que existem entre as duas Igrejas desde os primeiros séculos do cristianismo. Após ressaltar também o carácter de colaboração e receptividade recíprocas que caracterizam esta relação, o Santo Padre disse ter chegado como peregrino e amigo a esta terra abençoada, quando, para os católicos, está no seu ponto alto o Ano Jubilar da Misericórdia.

O Pontífice recordou ainda a visita de João Paulo II ao país – o primeiro dos Sucessores de Pedro – num momento muito importante, ou seja, no limiar do Jubileu do ano 2000:

“Viera reforçar os ‘vínculos profundos e fortes’ com a Sé de Roma e lembrar a grande necessidade que havia, no limiar do terceiro milênio, da ‘contribuição da Geórgia, esta antiga encruzilhada de culturas e tradições, para a edificação (…) duma civilização do amor’.”

Agora, acrescentou, “a Providência divina faz-nos encontrar novamente e, face a um mundo sedento de misericórdia, unidade e paz, pede-nos que os vínculos entre nós recebam novo impulso, renovado ardor”.

Assim a Igreja Ortodoxa da Geórgia, enraizada na pregação apostólica e de modo especial na figura do apóstolo André, e a Igreja de Roma, fundada sobre o martírio do apóstolo Pedro, têm a graça de renovar hoje, em nome de Cristo e da sua glória, a beleza da fraternidade apostólica.

Tendo lembrado que Pedro e André eram irmãos, Francisco fez uma premente exortação:

-“Deixemo-nos de novo olhar pelo Senhor Jesus, deixemo-nos ainda atrair pelo seu convite a pôr de lado tudo o que nos impede de ser, juntos, anunciadores da sua presença”.

Após citar o grande poeta georgiano Rustaveli, reiterou que “verdadeiramente o amor do Senhor eleva-nos, porque nos permite subir acima das incompreensões do passado, dos cálculos do presente e dos medos do futuro”.

“O povo georgiano testemunhou, ao longo dos séculos, a grandeza deste amor. Nele encontrou a força para se levantar de novo depois de inúmeras provações; nele se elevou até aos cumes duma beleza artística extraordinária”, disse ainda o Pontífice.

Em seguida, Francisco lembrou uma figura luminosa de santidade, filha daquela terra caucásica:

“A gloriosa história do Evangelho nesta terra deve-se de modo especial a Santa Nino, que é comparada aos Apóstolos: ela espalhou a fé sob o sinal particular da cruz feita de lenho de videira. Não se trata duma cruz desnudada, porque a imagem da videira, para além do fruto que sobressai nesta terra, representa o Senhor Jesus. Na verdade, Ele é ‘a videira verdadeira’ e pediu aos Apóstolos para permanecerem fortemente enxertados n’Ele, como ramos, para dar fruto.”

Dirigindo-se diretamente ao Catholicós e Patriarca de toda a Geórgia, o Papa disse:

“E para que o Evangelho dê fruto também hoje, é-nos pedido, caríssimo Irmão, que permaneçamos cada vez mais firmes no Senhor e unidos entre nós. A multidão de Santos, que conta este país, encoraja-nos a colocar o Evangelho em primeiro lugar, evangelizando como no passado, e mais do que no passado, livres das amarras dos preconceitos e abertos à perene novidade de Deus.”

“Que as dificuldades não sejam impedimentos, mas estímulos para nos conhecermos melhor, compartilharmos a seiva vital da fé, intensificarmos a oração de uns pelos outros e colaborarmos com caridade apostólica no testemunho comum, para glória de Deus nos céus e ao serviço da paz na terra.

O Papa concluiu afirmando que o povo georgiano gosta de comemorar os valores mais queridos, brindando com o fruto da videira. A par do amor que eleva, é reservada um papel particular à amizade.

“Desejo ser amigo sincero desta terra e deste povo querido, que não esquece o bem recebido e cujo tratamento hospitaleiro se alia com um estilo de vida genuinamente esperançoso, mesmo no meio das dificuldades que nunca faltam. Também este caráter positivo se enraíza na fé, que leva os georgianos, à volta da própria mesa, a implorar a paz para todos, lembrando até os inimigos. (RL)

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Na Geórgia, Papa reza pela paz na Síria e Iraque

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Tbilisi (RV) - Francisco tornou-se hoje o primeiro Papa a entrar numa igreja da comunidade assírio-caldeia, ao visitar esta sexta-feira (30/09) a comunidade presente em Tbilisi, no último compromisso de seu primeiro dia de visita à Geórgia, onde rezou pelas populações da Síria e do Iraque, no âmbito desta sua 16ª viagem apostólica internacional. 

“Senhor Jesus, uni à vossa cruz os sofrimentos de tantas vítimas inocentes: as crianças, os idosos, os cristãos perseguidos; envolvei com a luz da Páscoa quem está ferido no seu íntimo: as pessoas vítimas de abusos, privadas da liberdade e da dignidade; fazei experimentar a estabilidade do vosso reino a quem vive na incerteza: os exilados, os refugiados, quem perdeu o gosto pela vida”, disse, numa oração pela paz na igreja de São Simão, onde se cantou e rezou em aramaico, a língua falada por Cristo.

O rito caldeu remonta às origens do Cristianismo e tem particular importância na Síria e no Iraque; muitos dos fiéis desta comunidade vivem na diáspora.

Francisco rezou pelas “vítimas da injustiça e da opressão”, pelos povos em guerra e “exaustos pelas bombas”.

“Senhor Jesus, estendei a sombra da vossa cruz sobre os povos em guerra: que eles aprendam o caminho da reconciliação, do diálogo e do perdão; fazei saborear a alegria da vossa ressurreição aos povos exaustos pelas bombas: levantai da devastação o Iraque e a Síria; reuni sob a vossa doce realeza os vossos filhos dispersos: sustentai os cristãos da diáspora e dai-lhes a unidade da fé e do amor.”

A comunidade caldeia sobrevive há 2 mil anos sem nunca ter tido um rei ou um império cristão no território.

Estes cristãos representam umas das mais antigas comunidades do Oriente, remontando ao Séc. II.

A chamada Igreja Assíria do Oriente obteve a autonomia no Concílio de Markbata, em 492, com a possibilidade de eleger um patriarca com o título de ‘catholicós’.

Em 1830, o Papa Pio VIII nomeou o "Patriarca da Babilônia dos Caldeus" como chefe de todos os católicos caldeus; a sede deste patriarcado era Mossul, no norte do Iraque, e seria transferida para Bagdá em 1950, após a II Guerra Mundial.

O rito caldeu é um dos cinco principais ritos do Cristianismo oriental.

No final da oração, o Papa cumprimentou os membros do Sínodo da Igreja Caldeia e, à saída do templo, soltou uma pomba branca, como gesto de paz.

Francisco encerrou assim o primeiro dia da viagem à Geórgia, que se prolonga até domingo, dia em que se transfere para o Azerbaijão.

Recordamos que em junho passado o Papa já tinha estado no Cáucaso, ao visitar a Armênia. (RL / Ecclesia)

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Geórgia: o país que o Papa visita

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Cidade do Vaticano (RV) – Mas que país é hoje a Geórgia, ex-república soviética independente desde 1991? E sobretudo, como as autoridades veem a chegada de um segundo Pontífice depois de São João Paulo II em 1999? A Rádio Vaticano conversou com Marilisa Lorusso, pesquisadora e perita da área do Observatório Bálcãs e Cáucaso:

R. – Certamente é um país que cresceu: viveu um período inicial muito turbulento, com duas guerras de secessão, uma guerra civil, grandes lacunas de capacidade de soberania e um colapso econômico completo, devido, como muitos outros países pós-soviéticos, à crise da estrutura econômica da URSS. Sobre os índices de crescimento que tinham superado 8% ao ano, agora estamos em 3% em relação ao PIB. Portanto, é um país que, com grande dificuldade, está procurando propor-se como um agente econômico, de explorar a sua posição seja do ponto de vista do turismo, seja da diferenciação da produção, seja industrial que agrícola, em um contexto que não é fácil. De fato, existem tensões entre os países vizinhos que geram dificuldades de transporte e comunicação; entre outras coisas, toda a Região do Mar Negro está sofrendo, e ainda mais por causa da crise na Ucrânia. Então, entre mil dificuldades, a Geórgia está procurando uma estabilização seja econômica, seja política.

P. O Papa chega a poucos dias das eleições: o que o país, e o povo também, esperam dessas eleições? O que as pessoas pedem?

R. - O que se espera segundo as pesquisas é que o governo atual seja bem ou mal confirmado. Existe um verdadeiro debate político: não temos mais o poder esmagador de um partido, por isso são eleições realmente discutidas e debatidas. No que concerne às questões reais que interessam ao povo, em primeiro lugar está o desemprego. Se esta estabilização política continuar, poderá incentivar os investidores estrangeiros a expandirem sua presença no país. Por isso, é muito provável que não se registrem grandes mudanças nas estratégias econômicas; assim é improvável que estas eleições tragam mudanças do ponto de vista de orientação, não só na política interna, mas também naquela exterior. A Geórgia parece bastante atrelada a um caminho euro-atlantista. O reconhecimento pela Rússia das suas duas repúblicas separatistas depois de 2008 - Abcásia e da Ossétia - na verdade, criou uma profunda divisão em relação à Rússia, que ainda não foi normalizada do ponto de vista diplomático, entregando assim a Geórgia a uma orientação pró-ocidental, já no pensamento do país desde a independência.

P. Como os políticos georgianos olham para a visita do Papa? Recordamos que quando São João Paulo II visitou o país estava ali o seu amigo Shevardnadze: portanto a situação era diferente…

R. - Certamente a visita do Papa é uma reafirmação da identidade europeia para a Geórgia. Depois, há planos relativos à política interna georgiana: acolher o representante de outra confissão cristã no seu próprio território é também, em certo sentido, um ato de superação de formas de nacionalismo que tendem então, eventualmente, a minar a coesão social. Isto aplica-se não só às minorias cristãs, mas também àquelas muçulmanas. Há também a questão das relações bilaterais: esta será, entre outras coisas, a primeira visita do Papa depois que a Geórgia reconheceu a presença de outras Igrejas no seu território, não como associações, mas como "Igrejas"; então certamente este é um dado importante. E, em geral - em nível internacional - a visita a um país que tem uma forte ligação entre a Igreja nacional e o Estado de um líder estrangeiro, é um desejo de reiterar o caminho de paz e de diálogo inter-religioso, que no Cáucaso é mais do que nunca necessário, em um momento em que toda a área é abalada pela onda do conflito sírio. (SP)

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Dom João Braz de Aviz comenta a viagem do Papa ao Cáucaso

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco já se encontra na Geórgia no âmbio da sua 16ª Viagem Apostólica internacional que o levará ainda ao Azerbaijão. A Rádio Vaticano conversou com o Prefeito da Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e as Sociedades de Vida Apostólica, Dom João Braz de Aviz sobre essa nova missão do Santo Padre. (SP)

 

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Acompanhe com a RV a visita do Papa ao Cáucaso

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Cidade do Vaticano (RV) – Confira a programação da viagem do Papa e as transmissões ao vivo da Rádio Vaticano, com comentários em português. Os horários indicados referem-se a Brasília:

Sexta-feira, 30 de setembro - Tbilisi

8h45: visita de cortesia ao Presidente da Geórgia, Giorgi Margvelashvili, e encontro com as autoridades locais e o corpo diplomático no Palácio Presidencial. Na sequência: encontro com o Patriarca da Igreja Ortodoxa da Geórgia, Elias II, no Palácio do Patriarcado; e com comunidade assírio-caldeia na Igreja de São Simão Bar Sabba'e.

O encerramento da transmissão está previsto para as 11h30

Sábado, 1º de outubro – Tbilisi e Tmskheta

03h: Santa Missa no estádio M. Meskhi

08h45: encontro com sacerdotes, religiosos, religiosas e seminaristas na Igreja da Assunção

10h: encontro com os assistidos e os agentes das obras de caridade da Igreja Católica

11h15: visita à Catedral Patriarcal Svetitskoveli, em Tmskheta

Domingo, 02 de outubro – Baku

03h30: Missa na Igreja da Imaculada, no Centro Salesiano de Baku

10h: encontro com as autoridades locais no Centro Heydar Aliyev da capital azerbaijana

10h45: encontro com o xeque dos muçulmanos do Cáucaso na mesquita Heydar Aliyev,  e com representantes das demais comunidades religiosas do país

Todas as transmissões podem ser acompanhadas também em nosso canal no Youtube.

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Igreja na América Latina



Papa aos argentinos: Como gostaria de voltar a vê-los, vocês são o meu povo

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Cidade do Vaticano (RV) – “Vocês não sabem o quanto eu gostaria de voltar a vê-los”. Em uma videomensagem enviada aos seus compatriotas, o Papa Francisco lamenta não ter podido ir à Argentina participar da beatificação de Mama Antula – uma mulher que ajudou a consolidar a Argentina de maneira profunda - e tão pouco da próxima canonização do Cura Brochero, “dois fatos muito importantes de nossa história”, no âmbito dos festejos do Bicentenário. 

“Nunca é demais dizer do quanto eu gostaria de ter ido à Argentina beatificar a Mama Antula e canonizar o Cura Brochero, porém não pude fazê-lo, não é possível. Vocês não sabem o quanto eu gostaria de voltar a vê-los. E tão pouco poderei fazê-lo no próximo ano, porque já estão agendados compromissos para a Ásia, África e o mundo é maior do que a Argentina, e assim tenho que me dividir, deixo nas mãos do Senhor para que Ele me indique a data. (...) Por isto decidi comunicar-me com vocês assim”.

Bergoglio diz que o seu povo é o argentino, que ele segue sendo argentino: “viajo com o passaporte argentino”, ressalta:

“Quando recebo cartas de vocês, tantas que não posso responder a todas, seguramente uma que outra para fazer-me presente, me consolo, me dá gozo, e isso me leva a rezar, e rezo por vocês na Missa, pelas necessidades de vocês, por cada um de vocês. É o amor pela pátria que me leva a isso e é o que me leva também a pedir a vocês, mais uma vez, para que coloquem a pátria nos ombros, essa pátria que necessita que cada um de nós entregue a ela o melhor de nós mesmos”.

Francisco recorda das belezas e riquezas naturais de seu país - exclamando: “temos tudo. Que país rico!” – mas ressalta, que a maior riqueza que tem a sua pátria, é o povo:

“Esse povo que sabe ser solidário, que sabe caminhar um junto ao outro, que sabe ajudar-se, que sabe respeitar-se, este povo argentino que não fica mal, que sabe encontrar sabedoria, e quando fica mal, os outros o ajudam para que este mal vá embora. E a este povo argentino o respeito, o quero, o levo em meu coração, é a maior riqueza de nossa pátria”.

Ao despedir-se, o Santo Padre recorda que estamos no Ano da Misericórdia, e como “despedida desta conversa, deste monólogo - porém quero que seja uma conversa - me atrevo a propor para vocês, como as professoras de antigamente, os deveres de casa”.

“Proponho para vocês que neste Ano de Misericórdia façam alguma obra de misericórdia todos os dias ou a cada dois dias, se não puderem todos os dias; e não fiquem zangados se eu as leio para recordar a vocês delas. Existem obras de misericórdia corporais e espirituais. Principalmente, se pega uma lista que o Senhor faz nas Bem-Aventuranças, em Mateus 25, em todo o Evangelho. São obras concretas de misericórdia que, se cada um de nós faz uma ao dia, ou uma a cada dois dias, é o bem que fazemos ao nosso povo”.

O Papa conclui a vídeo-mensagem citando as sete obras de misericórdia corporais e outras sete espirituais.

(JE)

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Igreja no Mundo



Libertado sacerdote sequestrado na Nigéria

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Abuja (RV) – O Reitor do Seminário Maior de Tansi, na Nigéria, Padre Emmanuel Dim, foi libertado depois de ter sido sequestrado na última segunda-feira (26/09), na estrada que liga Nkpologwo a Nimbo, no Estado de Enugu. Alguns pastores do grupo Fulani fortemente aramados interceptaram o automóvel em que viajava o sacerdote junto a outros dois padres.

“os três padres estavam indo de Nsukka à Onitsha e à Nnewi, quando foram atacados”, havia relatado à Agência Fides o Padre Hyginus Aghaulor.

Sacerdotes feridos levemente

No ataque, ficaram feridos levemente os outros dois sacerdotes. São eles Padre Ezeoka - que ensina quer no Seminário Maior de Onitsha como na Nnamdi Azikiwe University de Awka – e “Padre Chukwemeka, Capelão do San Camillus de Lellis College of Health Science, junto à Nnamdi Azikiwe University, em Nnewi, que foi atingido na testa por golpes de arma de fogo e foi transferido ao Hospital de Enugu para o de Nnewi”.

Diocese nega pagamento de resgate

Segundo a Diocese de Awka, não foi pago nenhum resgate. “Agradecemos a Deus pela libertação do Padre Emmanuel Dim, Reitor do Seminário Maior de Tansi, sem que tenha sido pago nenhum resgate”, lê-se em um comunicado . Dom Paulinus Chukwemeka Ezeokafor, Bispo de Awka, pediu às autoridades do Estado de Enugu e às federais, para garantirem a segurança da população, em risco pelas incursões dos pastores Fulani.

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Atualidades



Síria, 900 mil pessoas em áreas de guerra

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Cidade do Vaticano (RV) – O número de pessoas que se encontram nas áreas assediadas na Síria chegou a quase 900 mil: foi o que confirmou o chefe das operações humanitárias da ONU, Stephen O'Brien, falando em vídeo conferência ao Conselho de Segurança. Somente em Aleppo foram mortas 96 crianças. E se complica a situação diplomática.

Os Estados Unidos estão para suspender os colóquios com Moscou sobre a tentativa de atuar o acordo para o cessar-fogo na Síria. Foi o que afirmou o Secretário de Estado estadunidense, John Kerry. Para Kerry, é “irracional no contexto do bombardeio em andamento estar sentados tentando levar as coisas a sério”. De acordo com balanço do Observatório Sírio de Direitos Humanos, de 30 de setembro de 2015 a 20 de agosto último foram mortos pelos bombardeios russos mais de 8 mil pessoas, das quais 3.000 civis. Nesta quinta-feira, no entanto, Moscou confirmou que seus aviões vão permanecer ao lado de Damasco e isso, afirmou, para deter os “terroristas”.

A situação humanitária é desesperadora. Segundo o UNICEF, desde a última sexta-feira, em Aleppo leste, pelo menos 96 crianças morreram e 223 ficaram feridas. Para Justin Forsyth vice-diretor geral da organização “não há palavras para descrever o sofrimento que essas crianças estão vivendo”. Situação também denunciada pelo bispo da cidade, Dom Audo. Para a ONU, o número de pessoas que estão na áreas sitiadas na Síria chegou a 861.200. (SP)

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