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Sumario del 02/10/2016

Papa e Santa Sé

Papa e Santa Sé



Papa no Encontro Inter-religioso: "Somos chamados a construir juntos um futuro de paz"

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Baku (RV) – A breve visita do Papa Francisco ao Azerbaijão teve um forte caráter inter-religioso. Neste sentido, este domingo teve seu ponto alto com o Encontro Inter-religioso na Mesquita H. Aliyev, de Baku, reunindo o Xeique dos muçulmanos do Cáucaso, Allahshukur Pashazadeh, e representantes das outras comunidades do país. 

Antes do proferir seu discurso, o Santo Padre teve um encontro privado com o Xeique, com a troca de dons, para então encontrar os demais representantes religiosos.

Ao se pronunciar antes de Francisco, o Xeique desejou a ele, em nome seu e de todo o Azerbaijão, as mais sinceras felicitações pelo transcurso dos 80 anos, proximamente”.

Ao iniciar seu pronunciamento, o Papa destacou o grande sinal que era o encontro - em fraterna amizade - realizar-se naquele local de oração. “Um sinal que manifesta aquela harmonia que as religiões, em conjunto, podem construir, a partir das relações pessoais e da boa vontade dos responsáveis”, e da qual o Azerbaijão se beneficia, pois "é a colaboração e não a contraposição que ajudam a construir sociedades melhores", frisou o Pontífice.

O presente encontro - recordou o Papa -  está em continuidade aos numerosos encontros que se realizam em Baku “para promover o diálogo e a multiculturalidade”:

“A fraternidade e a partilha que desejamos incrementar não serão apreciadas por aqueles que querem salientar divisões, reacender tensões e enriquecer à custa de conflitos e contrastes; mas são imploradas e esperadas por quem deseja o bem comum, e sobretudo são agradáveis a Deus, Compassivo e Misericordioso, que quer os filhos e filhas da única família humana unidos e sempre em diálogo entre si”.

“Abrir-se aos outros – diz Francisco -  não empobrece, mas enriquece, porque nos ajuda a ser mais humanos”:

“A reconhecer-se parte ativa dum todo maior e a interpretar a vida como um dom para os outros; a ter como alvo não os próprios interesses, mas o bem da humanidade; a agir sem idealismos nem intervencionismos, sem realizar interferências prejudiciais nem ações forçadas, mas sempre no respeito das dinâmicas históricas, das culturas e das tradições religiosas”.

Para o Papa, as próprias religiões “têm a grande tarefa de acompanhar os homens em busca do sentido da vida, ajudando-os a compreender que as limitadas capacidades do ser humano e os bens deste mundo nunca se devem tornar absolutos”:

“As religiões são chamadas a fazer-nos compreender que o centro do homem está fora dele, que tendemos para o Outro infinito e para o outro que está próximo de nós. Aí o homem é chamado a encaminhar a vida rumo ao amor mais sublime e, simultaneamente, mais concreto: este não pode deixar de estar no cume de toda a aspiração autenticamente religiosa”.

As religiões, neste sentido, têm também “uma tarefa educativa: ajudar a tirar fora do homem o seu melhor. E nós, como guias, temos uma grande responsabilidade que é dar respostas autênticas à busca do homem, hoje frequentemente perdido nos paradoxos vertiginosos do nosso tempo”.

O Papa observa, que nos nossos dias avança, por um lado, “o niilismo daqueles que não acreditam em nada mais senão nos seus próprios interesses, benefícios e lucros, daqueles que jogam fora a vida acomodando-se ao ditado «se Deus não existe, tudo é permitido» e por outro, “emergem cada vez mais as reações rígidas e fundamentalistas daqueles que, com a violência da palavra e dos gestos, querem impor atitudes extremas e radicalizadas, as mais distantes do Deus vivo:

“As religiões, pelo contrário, ajudando a discernir o bem e a pô-lo em prática com as obras, a oração e o esforço do trabalho interior, são chamadas a construir a cultura do encontro e da paz, feita de paciência, compreensão, passos humildes e concretos. É assim que se serve a sociedade humana”.

A sociedade, por sua vez – chama a atenção Francisco - está sempre obrigada a vencer a tentação de se servir do fator religioso: as religiões não devem jamais ser instrumentalizadas e nunca se podem prestar a apoiar conflitos e confrontos”. Pelo contrário, “é fecunda uma ligação virtuosa entre sociedade e religiões, uma aliança respeitosa que deve ser construída e preservada”, a qual o Papa simboliza com as preciosas janelas artísticas, presentes há séculos naquelas terras, “feitas apenas de madeira e vidros coloridos (Shebeke)”, sem o uso de colas, nem pregos, “mas encaixados entre si com um trabalho longo e cuidadoso”, em que um material sustenta o outro.

“Da mesma forma – observou o Papa -  é dever de cada sociedade civil sustentar a religião, que permite a entrada duma luz indispensável para viver: para isso é necessário garantir-lhe uma efetiva e autêntica liberdade”.

“Deus não pode ser invocado para interesses de parte nem para fins egoístas; não pode justificar qualquer forma de fundamentalismo, imperialismo ou colonialismo. Mais uma vez deste lugar tão significativo, levanta-se o grito angustiado: nunca mais violência em nome de Deus! Que o seu Santo nome seja adorado, e não profanado nem mercantilizado por ódios e conflitos humanos”, disse com veemência Francisco.

Oração e diálogo – dever para os cristãos e condição para a paz - estão profundamente relacionados entre si, disse o Pontífice. “Partem da abertura do coração e tendem para o bem dos outros; por isso se enriquecem e reforçam mutuamente”.

Nos passos do Concílio Vaticano II – disse o Papa – a Igreja exorta  ao diálogo e colaboração com seguidores de outras religiões. “Não se trata de qualquer «sincretismo conciliador», nem de «uma abertura diplomática que diga sim a tudo para evitar problemas» mas de dialogar com os outros e rezar por todos: estes são os nossos meios para mudar as lanças em foices, para fazer surgir amor onde há ódio e perdão onde há ofensa, para não nos cansarmos de implorar e percorrer caminhos de paz”:

“Uma paz verdadeira, fundada sobre o respeito mútuo, o encontro e a partilha, sobre a vontade de ultrapassar os preconceitos e as injustiças do passado, sobre a renúncia à duplicidade e aos interesses de parte; uma paz duradoura, animada pela coragem de superar as barreiras, de debelar a pobreza e as injustiças, de denunciar e deter a proliferação de armas e os ganhos iníquos obtidos à custa da pele dos outros. A voz de demasiado sangue clama a Deus a partir do solo da Terra, nossa casa comum”.

O Papa afirmou que “somos desafiados a dar uma resposta, sem mais adiamentos, para construir um futuro de paz”:

“Não é tempo de soluções violentas e bruscas, mas o momento urgente de empreender processos pacientes de reconciliação. A verdadeira questão do nosso tempo não é como promover os nossos interesses, mas que perspetiva de vida oferecer às gerações futuras, como deixar um mundo melhor do que aquele que recebemos”.

“Deus – disse o Papa - e a própria história, interrogar-nos-ão se hoje nos gastamos pela paz; já no-lo perguntam instantemente as gerações jovens, que sonham com um futuro diferente”.

“Na noite dos conflitos que estamos a atravessar, as religiões sejam alvorecer de paz, sementes de renascimento por entre devastações de morte, ecos de diálogo que ressoam incansavelmente, caminhos de encontro e reconciliação para se chegar mesmo lá onde as tentativas das mediações oficiais parecem não ter êxito. Especialmente nesta amada região caucásica, que muito desejei visitar e à qual cheguei como peregrino de paz, as religiões sejam veículos ativos para a superação das tragédias do passado e das tensões atuais”.

Que “as riquezas inestimáveis destes países – concluiu o Papa - sejam conhecidas e valorizadas: os tesouros antigos e sempre novos de sabedoria, cultura e religiosidade dos povos do Cáucaso são um grande recurso para o futuro da região e, em particular, para a cultura europeia, bens preciosos a que não podemos renunciar”.

(JE)

 

 

 

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No encontro com as Autoridades, Papa almeja nova fase de paz estável

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Baku (RV) – Na parte da tarde deste domingo (02/10), o Santo Padre iniciou suas atividades em terras azerbaijanas, com uma visita de cortesia ao Presidente do país, Ilham Heydar Aliyev, no Palácio Presidencial de Ganjlik, em Baku. 

Ao término da cerimônia de boas vindas, o Papa fez uma visita ao Monumento dos que tombaram na guerra da Independência do Azerbaijão.

A seguir, Francisco se dirigiu de papamóvel ao Centro Heydar Aliyev, de Baku, dedicado ao pai do atual Presidente, onde manteve um encontro com as Autoridades azerbaijanas.

Em seu discurso, ao agradecer as cordiais saudações do Presidente, em nome do seu Governo e de todo o povo, Francisco disse:

“Cheguei a este país trazendo no coração a admiração pela complexidade e a riqueza da sua cultura, fruto da contribuição dos muitos povos que, ao longo da história, habitaram nestas terras, dando vida a um tecido de experiências, valores e peculiaridades, que caracterizam a sociedade atual”.

No próximo dia 18 de outubro, disse o Papa, o Azerbaijão celebrará o 25° aniversário de independência. Esta ocasião dá a possibilidade de lançar um olhar de conjunto aos acontecimentos destas décadas, aos progressos realizados e aos problemas que o país está enfrentando.

O caminho percorrido até agora mostra claramente os esforços consideráveis feitos para consolidar as instituições e favorecer o crescimento econômico e civil da nação. É um percurso que requer constante solicitude de todos, especialmente dos mais vulneráveis.

Trata-se de um percurso possível, afirmou Francisco, graças a uma sociedade que reconhece os benefícios do multiculturalismo e instaura relações de mútua colaboração e respeito entre as várias comunidades civis e religiosas. E auspiciou:

“Espero vivamente que o Azerbaijão continue a trilhar o caminho da colaboração entre diferentes culturas e confissões religiosas. Que a harmonia e a coexistência pacífica alimentem sempre mais a vida social e civil do país, nas suas múltiplas expressões, e assegurem a todos a possibilidade de oferecer a própria contribuição para o bem comum”.

Infelizmente, recordou o Pontífice, o mundo sofre pelo drama de tantos conflitos, alimentados pela intolerância, promovidos por ideologias violentas e pela negação prática dos direitos dos mais frágeis. Por isso, é preciso fomentar a cultura da paz, que se nutre de um incessante diálogo e negociações leais; promover a harmonia entre os Estados, mediante sabedoria e a coragem, que leva ao progresso e à liberdade dos povos e aponta acordos duradouros e pacíficos. Aqui, o Papa fez um apelo:

“Quero expressar a minha atenciosa proximidade aos que foram obrigados a deixar a sua terra e aos que sofrem pelos conflitos sangrentos. Espero que a comunidade internacional possa oferecer a sua ajuda indispensável para a abertura de uma nova fase de paz estável na região; dirijo a todos o convite a não poupar esforços para se chegar a uma solução pacífica”.

O Santo Padre exprimiu sua esperança de que o Cáucaso possa ser o lugar, onde as controvérsias e as divergências encontrem, através do diálogo e da negociação, sua recomposição e superação das dificuldades, e seja uma verdadeira porta aberta entre o Oriente e o Ocidente, como também uma porta para a paz e a solução de conflitos novos e antigos. E o Papa acrescentou:

“A Igreja Católica, apesar de ser uma presença numericamente exígua no país, está integrada na vida civil e social do Azerbaijão, participa das suas alegrias e é solidária na solução dos seus problemas. Além disso, seu  reconhecimento jurídico internacional ofereceu uma maior estabilidade para a vida da comunidade católica no país”.

Francisco concluiu seu pronunciamento exprimindo sua satisfação pelas cordiais relações entre a comunidade católica e a muçulmana, a ortodoxa e a judaica, esperando que aumentem os sinais de amizade e colaboração. Estas boas relações são de grande importância para a convivência pacífica e a paz no mundo e a cooperação para o bem de todos. Por fim, o Papa admoestou:

“O apego aos genuínos valores religiosos é completamente incompatível com a tentativa de impor aos outros, pela violência, as próprias convicções, servindo-se, como escudo, do santo Nome de Deus. Que a fé em Deus seja fonte e inspiração de compreensão mútua, respeito e ajuda recíproca em prol do bem comum da sociedade. Deus abençoe o Azerbaijão com a harmonia, a paz e a prosperidade”. (MT)

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Papa visita Monumento às vítimas da Independência do Azerbaijão em Baku

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Baku (RV) – Entre as atividades do Santo Padre, na tarde deste domingo (02/10), destacamos a visita que fez ao Monumento dos que tombaram na guerra da Independência do Azerbaijão.

O Papa chegou de papamóvel diante do Monumento, em Baki, onde arde uma chama perene em memória dos que perderam as suas vidas pela independência do país. Durante a cerimônia foram executados os hinos nacionais do Vaticano e do Azerbaijão e depositada uma coroa de flores, na presença do Prefeito da capital.

O Monumento em memória das vítimas da independência foi edificado em 1998 em uma área denominada “Alley of Martyrs”, considerada o emblema da luta pela liberdade e a integridade nacional do Azerbaijão.

Em 1918, ali foram sepultados os soldados azerbaijanos e turcos, que morreram em defesa da cidade. O lugar foi palco de manifestações populares contra as tropas do exército soviético, sufocadas por uma violenta repressão, em 1990. As pessoas que morreram naqueles massacres foram sepultadas ali no Memorial, como também aqueles soldados da guerra do Nagorno-Karabakh, de 1992 a 1994. (MT)

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O Papa "perde tempo" em visitar uma comunidade pequena e longínqua?

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Baku (RV) - Ao final da Missa celebrada na Igreja da Imaculada em Baku, na manhã deste domingo, o Pontífice, falando de improviso, explicou porque viaja tantos quilômetros para encontrar uma pequena comunidade de fieis e exortou os fieis azerbaidjanos à perseverança: 

“Alguém, pode pensar que o Papa perde tanto tempo: percorrer tantos quilômetros de viagem para visitar uma pequena comunidade de 700 pessoas, em um país de 2 milhões... E até mesmo é uma comunidade não uniforme, porque entre vocês se fala azero, italiano, inglês, o espanhol..., tantas línguas. É uma comunidade de periferia. Mas o Papa, nisto, imita o Espírito Santo: também Ele desceu do céu em uma pequena comunidade de periferia recolhida dentro do Cenáculo. E àquela comunidade que tinha medo, se sentia pobre e talvez perseguida, ou deixada de lado, encoraja, dá a força, a parresia para seguir em frente e proclamar o nome de Jesus! E as portas daquela comunidade de Jerusalém, que estavam fechadas pelo medo ou pela vergonha, se abrem e desce a força do Espírito! O Papa perde o tempo como perdeu o Espírito Santo naquele tempo! Somente duas coisas são necessárias: naquela comunidade havia a Mãe – nunca esquecer a Mãe! – e naquela comunidade havia caridade, o amor fraterno que o Espírito Santo derramou neles! Em frente! Go ahead! Sem medo, em frente!”

(JE)

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Papa no Angelus: depois dos anos da perseguição, a fé realizou maravilhas

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Baku (RV) – Ao concluir a celebração eucarística na Igreja da Imaculada, em Baku, o Papa Francisco rezou a oração mariana do Angelus com os presentes. “Nesta Celebração Eucarística, dei graças a Deus convosco, mas também por vós: aqui, depois dos anos da perseguição, a fé realizou maravilhas”, afirmou. 

“Os tantos cristãos corajosos que tiveram confiança no Senhor e mantiveram-se fiéis nas adversidades”, foram recordados pelo Santo Padre, que citando um pronunciamento de João Paulo II quando de sua visita ao país em 2002 disse: «Honra… a vós que credes!».

O Papa então dirigiu seus pensamentos à Virgem Maria, “venerada no país, não somente pelos cristãos”:

“Na luz que resplandece do rosto materno de Maria, dirijo uma cordial saudação a vós, queridos fiéis do Azerbaijão, encorajando cada um a testemunhar com alegria a fé, a esperança e a caridade, unidos entre vós mesmos e com os vossos pastores. Saúdo e agradeço, em particular, à Família Salesiana, que cuida intensamente de vós e promove várias obras beneméritas, e às Irmãs Missionárias da Caridade: continuai com entusiasmo a vossa obra ao serviço de todos!”.

O Papa concluiu o Angelus, invocando a intercessão e a proteção da Santíssima Mãe de Deus “para as vossas famílias, os doentes e os idosos, para quantos sofrem no corpo e no espírito”.

 

 

(JE)

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Francisco: Fé e serviço estão interligados

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Baku (RV) – O primeiro compromisso do Papa, em terras azerbaijanas, foi a solene celebração Eucarística, na igreja da Imaculada Conceição, o primeiro templo católico de Baku, inaugurado em 1912, no Centro dos Salesianos. 

Hoje a pequena Comunidade dos Salesianos representa todo o clero do Azerbaijão: 6 sacerdotes, 3 irmãos e um jovem autóctone em formação, prestes a se tornar Diácono. O Centro Salesiano Maryam, dedicado a Nossa Senhora, é composto de um centro educacional para crianças e adolescentes, e refeitório para pobres e refugiados. Com os religiosos Salesianos, trabalham algumas Missionárias da Caridade, muito ativas entre as pessoas idosas e mais necessitadas da capital azerbaijana, e duas Filhas de Maria Auxiliadora.

Assim, o Santo Padre presidiu à celebração da Santa Missa na pequena igreja do Centro Salesiano, que pode conter 300 pessoas.

Em sua homilia, Francisco apresentou, com base na liturgia do dia, dois aspetos essenciais da vida cristã: a fé e o serviço. A propósito da fé, o Papa aconselhou a fazer dois pedidos particulares ao Senhor:

“O primeiro é do profeta Habacuc, que suplica a Deus para intervir e restabelecer a justiça e a paz, que os homens romperam com as violências, lutas e contendas. Mas, Deus não intervém e não resolve com a força a situação. Pelo contrário, convida a aguardar com paciência, sem nunca perder a esperança e a fé”.

Deus não atende a nossa vontade de mudar imediatamente o mundo e os outros, mas quer, antes de tudo, transformar o coração. Ele muda o mundo, mudando os nossos corações, mediante a nossa colaboração. Devemos abrir-lhe a porta do coração, para que ele possa entrar na nossa vida. Trata-se de uma abertura de confiança e de fé. E o Papa passou a explicar o segundo pedido que devemos fazer ao Senhor:

“O segundo pedido é aquele que, no Evangelho, os Apóstolos dirigem ao Senhor: “Aumentai a nossa fé!” É um bom pedido, uma súplica que deveríamos dirigir a Deus todos os dias. Mas a resposta divina é surpreendente: “Se tiverem fé...”. Ele nos pede para ter fé, porque a fé é um dom de Deus e deve sempre ser pedida e cultivada por nós”.

Mas a fé, afirmou Francisco, não é uma força mágica que cai do céu, não é um ‘dote’ pessoal para sempre, tampouco um superpoder para resolver os nossos problemas. A fé não deve ser confundida com bem-estar, como consolação para termos paz no coração. A fé é o fio de ouro que nos liga ao Senhor, a pura alegria de estar unido a Ele. Ao poder da fé, o Senhor acrescenta o poder do serviço. Fé e serviço estão interligados.

Para explicar esta interligação, o Pontífice utilizou a imagem que é muito familiar para os azerbaijanos: os tapetes. “Os seus tapetes, comparou o Papa, são verdadeiras obras de arte, provenientes de uma antiga tradição”.

Assim acontece com a vida cristã, que vem de longe, disse Francisco: é um dom que recebemos na Igreja e provém do coração de Deus, que deseja fazer de cada um de nós “uma obra-prima” da criação e da história. A vida cristã, como acontece com o tapete, tem que ser pacientemente tecida, a cada dia, entrelaçando a fé e o serviço. Assim, a fé causa maravilhas, sempre unida ao serviço. E o Papa perguntou: Mas que é o serviço? E respondeu:

“Poderíamos pensar que (o serviço) consiste apenas em ser fiéis aos nossos deveres ou em praticar uma boa ação. Mas, para Jesus, é muito mais: é disponibilidade total em nossa vida. Ele nos deu o exemplo vindo ao mundo para servir e dar a sua vida. Isto se realiza ainda hoje quando celebramos a Eucaristia, mediante a qual o Senhor está entre nós para servir e amar”.

Portanto, frisou o Papa, não somos chamados a servir apenas para sermos recompensados, mas para imitar Deus, que se fez servo por amor. Logo, o serviço se torna estilo de vida cristã: devemos servir a Deus na adoração e na oração, sendo abertos e disponíveis, amando o próximo e trabalhando com ardor pelo bem comum. Após ter apresentado duas tentações da vida cristã, tepidez e senhoria, Francisco animou o pequeno rebanho azerbaijano:

Estou certo, porém, de que, fixando seus olhos nos exemplos daqueles que lhes precederam na fé, não deixarão entibiar seu coração. Toda a Igreja, que nutre uma simpatia especial por vocês, os encoraja. Vocês são um pequeno rebanho, mas muito precioso aos olhos de Deus”.

Por fim, retomando a imagem do “tapete”, o Santo Padre a aplicou à pequena comunidade católica azerbaijana: cada um é como um esplêndido fio de seda, que, unidos e entrelaçados, criam uma linda composição. E os exortou:

“Permaneçam sempre unidos, vivendo humildemente na caridade e na alegria. O Senhor, que mantém a harmonia entre as diferenças, os protegerá. Por intercessão da Imaculada Conceição e de Santa Teresa de Calcutá, cujos frutos de fé e serviço estão presentes no meio de vocês, acolham as palavras, que resumem a mensagem de hoje: “O fruto da fé é o amor. O fruto do amor é o serviço. O fruto do serviço é a paz”. (MT)

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Papa no Azerbaijão: o diálogo é o caminho para a paz, diz Card. Tauran

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Cidade do Vaticano (RV) – A dimensão inter-religiosa marca fortemente a breve visita do Papa ao Azerbaijão, onde a maioria da população é muçulmana, com pequenas minorias cristãs-ortodoxas e judaicas. 

“A fraternidade invocada no lema da viagem de Francisco já é vivida em muitos aspectos pelos líderes religiosos do país e servirá para relançar ao mundo de hoje uma importante mensagem”, afirma o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal Jean Louis Tauran, entrevistado pela Rádio Vaticano:

“Cada encontro é um dom de Deus, Criador, Pai providente, Deus da paz. E esta viagem tem a particularidade de ser, de qualquer maneira, a continuação da recente viagem à Armênia. Sabemos das fortes tensões existentes entre os dois países. As religiões e os seus líderes, assim como também os seus seguidores, têm uma responsabilidade e uma missão especial pelo diálogo, a reconciliação e a paz”.

RV: Atualmente, como está o diálogo entre judeus, cristãos e muçulmanos no Azerbaijão?

“As informações que temos são positivas. Os líderes religiosos apareceram mais de uma vez juntos, viajam juntos; vieram a Roma juntos. Por outro lado, o próprio governo toma a iniciativa de promover o diálogo intercultural e inter-religioso. Portanto, diria que é um ambiente favorável”.

RV: E isto acaba tendo uma certa influência no país....

“Sim, sim! É um país que é relativamente aberto ao externo”.

RV: Eminência, hoje será a terceira vez que o Papa Francisco entrará em uma mesquita, ao lado de um importante líder muçulmano. O senhor poderia nos dizer se existe algum passo, se existe alguma mudança em andamento em relação ao mundo muçulmano?

“Não, coisas novas não. Porém é importante, porque o Xeique muçulmano de confissão xiita, tem também uma grande responsabilidade a nível regional e usufrui de um grande respeito e simpatia. Os refugiados e os imigrantes, sem distinção de etnia e religião, são acolhidos. Penso que seja importante encorajar esta orientação”.

RV: O que este encontro em Baku entre o Papa e o Xeique poderá dizer ao mundo de hoje, com os seus problemas, os seus questionamentos, sobretudo em relação ao terrorismo, à desconfiança em relação ao outro, o ceticismo e a guerra conduzida em nome da religião?

“Antes de tudo penso que difundirá uma mensagem de paz e de fraternidade, em particular para o Cáucaso onde não faltam tensões de fundo étnico e religioso. E depois, uma outra mensagem para aquela região e para o mundo: o diálogo – e não a guerra – é o caminho principal, o único digno de ser percorrido em direção à justiça e a paz. O diálogo é conhecer-se, apreciar-se, saber escutar. Estas atenções às pessoas no ordinário da vida são muito importantes, porque é lá que se cria uma cultura da paz e que nasce a esperança”.

(je/gc)

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Arcebispo ortodoxo de Baku: "As nossas divisões não chegam ao céu"

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Baku (RV) – Ao visitar a Mesquita em Baku, o Papa Francisco encontrará, além dos muçulmanos, também representantes da comunidade judaica e ortodoxa azerbaijana.  O Padre Viktor Vladymyrov entrevistou o Arcebispo Ortodoxo de Baku e Azerbaijão Alesandr, sobre a situação do diálogo inter-religioso no país:

“Devo dizer que o diálogo inter-religioso é muito relevante no Azerbaijão: o fato de ser um país multiétnico, comporta também que seja multiconfessional. Historicamente, no Azerbaijão, habitam os representantes de diversas religiões abraâmicas tradicionais: cristianismo, judaísmo e islã – e devo dizer que a relação entre os respectivos líderes se desenvolve em alto nível. Naturalmente, este exemplo é edificante para os cidadãos azeris  de diversas religiões, levando à boas relações humanas. Gostaria também de dizer que no Azerbaijão o fenômeno do multiculturalismo é elevado à nível de política interna do Estado: não temos nem bairros, nem ruas, nem povoados nacionais ou religiosos, porque na mesma cidade, na mesma casa, no mesmo bairro, vivem pessoas de diferentes nacionalidades e religiões. É encorajador que todos percebam e respeitem o lado cotidiano da vida religiosa. Todos sabemos quando são as festas do Ramadã e o Eid al-Adha, todos sabem quando será o Natal e a Páscoa, todos sabem quando será o Rosh Hashanah ou o Pesach. Isto é algo normal: as pessoas se encontram nestas festas, seguidamente vão visitar os próprios vizinhos. Devo dizer que no Azerbaijão, segundo o líder da Igreja Ortodoxa Russa, o Patriarca Kirill, passamos a uma nova fase – ao “diálogo inter-religioso construtivo”. O que significa isto? Significa diálogo em busca dos espaços, em que podemos cooperar”.

RV: Que mensagem os líderes religiosos querem lançar ao mundo de hoje com as suas diversas crises?

“Tenho na minha frente uma Declaração Comum do Papa Francisco e do Patriarca Kirill. No parágrafo 13, está muito bem escrito, que devemos mostrar a todos os povos do mundo que as diferenças na compreensão das verdades religiosas não devem impedir às pessoas de fés diferentes de viver na paz e na harmonia. Nas atuais circunstâncias, os líderes religiosos têm a responsabilidade particular de educar os seus fieis em um espírito respeitoso pelas convicções de quem pertence à outras tradições religiosas. Precisamente isto os líderes religiosos devem mostrar ao mundo e convencê-lo em seus discursos. Quando se realizam os encontros dos líderes religiosos, se deve falar disto. Acredito que estes encontros sejam um exemplo maravilhoso e digam ao mundo, que a religião não divide as pessoas, mas, pelo contrário, as une, e não há nenhuma justificativa para ações criminosas com slogan religioso”.

RV: Excelência, o que a Igreja Ortodoxa no Azerbaijão espera desta visita?

“Acredito que esta visita testemunhará que as nossas barreiras não chegam até o céu; que todos nós “caminhamos sob Deus”, e que os líderes religiosos podem trabalhar juntos pela paz, pela difusão da pregação do Evangelho e pelo bem de todos os povos da terra. Creio que esta é a coisa mais importante”.

(je/vv)

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Papa chega ao Azerbaijão

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Baku (RV) – O Papa Francisco chegou à Baku, capital do Azerbaijão, na manhã deste domingo, para cumprir a última etapa de sua 16ª Viagem Apostólica internacional.

Se na Geórgia a visita teve um caráter mais ecumênico, no Azerbaijão, de onde o Papa partirá ainda este domingo, a visita - que tem por lema "Somos todos irmãos" - será marcada pelo diálogo inter-religioso. 

O Airbus da Alitália aterrissou no Aeroporto Internacional Guidar Alíev às 9h30min locais, sendo o Pontífice recebido pelo Vice-Primeiro Ministro Yarub Eyubov. O Núncio Apostólico no Azerbaijão Dom Marek Solczynski, também Núncio na Geórgia e Armênia,  estava no voo vindo de Tbilisi.

Houve uma breve cerimônia de boas-vindas, somente com a apresentação da Guarda de Honra, sem que fossem entoados hinos ou proferidos discursos.

Do Aeroporto, Francisco seguiu para a Igreja da Imaculada, distante 23 km, para presidir uma Santa Missa para centenas de fieis.

O Papa João Paulo II já havia realizado uma breve viagem apostólica à cidade de Baku entre 22 e 23 de maio de 2002. O centro histórico da cidade está dentro de uma antiga fortaleza, sendo declarado Patrimônio da Humanidade pela Unesco no ano 2000.

A realidade católica no país é pequena: os católicos são 560, existe uma só paróquia, 7 sacerdotes religiosos, 10 religiosos, 5 religiosas professas, 1 seminarista cursando teologia, 1 Instituto de educação e 1 de beneficência Foram 14 os batizados no último ano. A pequena comunidade dos salesianos, que representa todo o clero do país, é formada por seis sacerdotes, três Irmãos e um jovem azero em formação para tornar-se diácono.

94,8% da população de 9,5 milhões de habitantes é de religião muçulmana. Os cristãos representam 3,5% da população, sendo a maioria ortodoxa.

Às 19 horas deste domingo (horário local), o Papa retorna a Roma.

(JE)

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Pe. Majewski: A acolhida do Papa pela pequena comunidade católica azeri

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Baku (RV) – O Papa recebeu uma calorosa acolhida no Azerbaijão. Em particular, da pequena comunidade católica do país, formada por algumas centenas de fieis, que demonstrou toda a sua alegria pela visita. Ouçamos os comentários do Diretor de Programas, Padre Andrea Majewski:

“Foram momentos muito bonitos, porque o Papa foi muito esperado aqui, pela pequena comunidade dos católicos que se encontra na capital azera. A Missa teve um caráter muito familiar, poderíamos dizer: como se fosse a Missa em uma paróquia, onde chega o Bispo. O Papa pronunciou a homilia, mas as palavras que vieram mais do coração saíram ao final da Missa. Comparando um pouco este encontro àquilo que aconteceu há 2 mil anos, no Cenáculo, onde de forma inesperada o Espírito Santo desceu sobre os primeiros apóstolos, o Papa explicou porque vai tão longe de Roma para encontrar uma comunidade assim tão pequena: porque foi justamente assim que teve início a Igreja”.

RV: Como a comunidade católica acolheu o Papa Francisco?

“A comunidade católica é muito diferenciada. Pluriforme, poderíamos dizer; multilíngue, multicultural. Existem poucos católicos azeris. Na igreja – me disseram os organizadores – havia somente cerca de vinte pessoas que falavam azero. Os outros eram católicos provenientes de muitos países. Eu, pessoalmente, vi pessoas do Paquistão, muitos da Índia, de diversas partes da Europa. Para eles, naturalmente, foi uma grande emoção acolher o Papa, ver o Papa aqui, no Azerbaijão, em modo assim inesperado”.

RV: A visita ao Azerbaijão: que mensagem deixará?

“Esta visita tem muitas dimensões. Antes de tudo, o Papa vem para fortalecer a Igreja, para falar à Igreja Católica, a este pequeno rebanho como ele mesmo o definiu. Mas o Papa vem também para encontrar um país onde se cruzam diversas culturas e religiões que devem coexistir. O próprio fato de o Papa  ser acolhido pelo Grande Xeique do Cáucaso e por  expoentes de diversas religiões e outra Confissões, é muito significativo. O Azerbaijão quer ser, quer apresentar-se como um país tolerante, um país aberto ao diálogo e certamente a visita do Papa, em um certo sentido, confirma isto: que este país é lugar de encontro de pessoas de diversas culturas e religiões que sabem falar entre si, que sabem dialogar e sabem viver juntos”.

RV: Qual foi a imagem que mais o tocou nesta viagem?

“Sobretudo, a imagem de um país acolhedor que esperava o Papa, que o recebeu com todas as honras. Este acontecimento, da vinda do Papa, tem realmente uma dimensão histórica. Todos recordam ainda muito bem a visita de João Paulo II; também o Papa Francisco, em seu pronunciamento ao final da Missa, reevocou esta visita. Desta visita de João Paulo II, praticamente, a comunidade católica no Azerbaijão renasceu. Agora tem seus problemas, mas também pequenas alegrias: são pequenos sinais de alegria, de esperança que o papa, com a sua visita, certamente fortalece”.

(JE/SC)

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