Sumario del 05/10/2016
- Papa: trabalhar como instrumentos de comunhão é um grande chamado
- Papa Francisco e Justin Welby: Declaração Comum anglicano-católica
- Papa: Que o esporte se torne cada vez mais inclusivo
- "Verdadeira missão não é proselitismo, mas atração a Cristo"
- Papa à iniciativa privada: não ser espectador das bombas que caem
- A reviravolta nas relações entre anglicanos e católicos
- Divulgado logotipo da viagem do Papa à Suécia
- Cruz em Lund terá marca salvadorenha
Papa: trabalhar como instrumentos de comunhão é um grande chamado
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco presidiu a celebração das Vésperas, na tarde desta quarta-feira (05/10), na Igreja dos Santos Andrea e Gregorio al Celio, em Roma, por ocasião do 50º aniversário das relações estreitas e profundas entre a Comunhão Anglicana e a Igreja Católica. A cerimônia ecumênica contou com a participação do Arcebispo de Cantuária, Dr. Justin Welby, Primaz da Comunhão Anglicana.
Em sua alocução, o Pontífice citou uma passagem do Livro do Profeta Ezequiel que descreve Deus como o Pastor que reúne suas ovelhas perdidas. “Elas tinham se dispersado umas das outras nos dias nebulosos e escuros.”
“O Senhor nos dirige esta noite, através do profeta, duas mensagens”, disse o Pontífice, acrescentando:
“Em primeiro lugar, uma mensagem de unidade. Deus, como Pastor, quer a unidade em seu povo e deseja que sobretudo os Pastores lutem por isso. Em segundo lugar, nos é dito o motivo das divisões do rebanho: nos dias nebulosos e escuros, perdemos de vista o irmão que estava ao nosso lado, nos tornamos incapazes de reconhecê-lo e nos alegrar de nossos dons respectivos e da graça recebida. Isto aconteceu porque se concentraram ao nosso redor, a escuridão da incompreensão e da suspeita, e acima de nós, as nuvens escuras das divergências e controvérsias, formadas muitas vezes por razões históricas e culturais e não somente por motivos teológicos.”
“Mas temos a certeza sólida de que Deus ama habitar entre nós, seu rebanho e tesouro precioso. Ele é um Pastor incansável que continua agindo, nos exortando a caminhar rumo à unidade, que pode ser alcançada somente com a ajuda de sua graça. Por isso, permaneçamos confiantes, porque em nós, que somos vasos de argila frágeis, Deus ama derramar a sua graça. Ele está convencido de que podemos passar da escuridão à luz, da dispersão à unidade e do pecado à plenitude. Este caminho de comunhão é o percurso de todos os cristãos e a missão particular dos pastores da Comissão Internacional anglicana e católica pela unidade e missão.”
Segundo Francisco, trabalhar como instrumentos de comunhão sempre e em todo lugar é um grande chamado.
“Isso significa promover ao mesmo tempo a unidade da família cristã e a unidade da família humana. Os dois âmbitos não se opõem, mas se enriquecem reciprocamente. Quando, como discípulos de Jesus, oferecemos o nosso serviço de maneira conjunta, um ao lado do outro, quando promovemos a abertura e o encontro, vencendo a tentação do fechamento e isolamento, trabalhamos contemporaneamente pela unidade dos cristãos e da família humana. Reconhecemo-nos como irmãos que pertencem a tradições diferentes, mas são impelidos pelo mesmo Evangelho a empreender a mesma missão no mundo. Então, seria sempre bom, antes de começar qualquer atividade, que vocês se fizessem estas perguntas: Por que não fazemos isso junto com os nossos irmãos anglicanos? Podemos testemunhar Jesus agindo junto com os nossos irmãos católicos?”
Segundo o Papa, é partilhando concretamente as dificuldades e as alegrias do ministério que nos reaproximamos uns dos outros. “Que vocês sejam promotores de um ecumenismo audacioso e real, sempre à procura de abrir novos caminhos, dos quais se beneficiarão em primeiro lugar os seus confrades nas Províncias e Conferências Episcopais. Trata-se de seguir sempre e sobretudo o exemplo do Senhor, a sua metodologia pastoral que o Profeta Ezequiel nos recorda: buscar a ovelha perdida, reconduzir ao rebanho a ovelha dispersa, curar a que está ferida e doente. Somente assim se reúne o povo disperso.”
O Papa se deteve no caminho comum da sequela do Cristo Bom Pastor, referindo-se à férula pastoral de São Gregório Magno, que simboliza o grande significado ecumênico deste encontro.
“Deste lugar, São Gregório escolheu e enviou São Agostinho de Cantuária e seus monges aos povos anglo-saxões, inaugurando uma grande página de evangelização que é nossa história comum”, disse Francisco.
O Papa frisou que o amor do Cordeiro vitorioso sobre o pecado e a morte é a mensagem verdadeira e inovadora a ser levada às ovelhas perdidas de hoje e aos que ainda não conhecem o rosto compassivo e o abraço misericordioso do Bom Pastor. “O nosso ministério consiste em iluminar as trevas com esta luz, com a força inerme do amor que vence o pecado e supera a morte. A missão dos Pastores é a de ajudar o rebanho a ele confiado a fim de que seja em saída, em movimento para anunciar a alegria do Evangelho.”
Francisco pediu a Deus a graça de imitar o espírito e o exemplo dos grandes missionários, através dos quais o Espírito Santo revitalizou a Igreja que se reanima quando sai de si para viver e anunciar o Evangelho nas estradas do mundo.
O Pontífice convidou a pensar no que aconteceu em Edimburgo, na Escócia, nas origens do movimento ecumênico: “O fogo da missão permitiu superar as barreiras e abater os muros que nos isolavam e tornavam impensável um caminho comum. Rezemos juntos por isso: O Senhor nos conceda que daqui saia um impulso renovado de comunhão e missão.”
(MJ)
Papa Francisco e Justin Welby: Declaração Comum anglicano-católica
Roma (RV) – Ao final da celebração das Vésperas na Igreja São Gregório al Celio, o Papa Francisco e o Primaz da Igreja da Inglaterra, o Arcebispo de Cantuária Justin Welby, assinaram uma Declaração Comum.
Eis a íntegra do texto:
“Há cinquenta anos os nossos predecessores, Papa Paulo VI e o Arcebispo Michael Ramsey, encontraram-se nesta cidade, tornada sagrada pelo ministério e pelo sangue dos Apóstolos Pedro e Paulo. Mais tarde, João Paulo II e os Arcebispos Robert Runcie e George Carey, o Papa Bento XVI e o Arcebispo Rowan Williams, rezaram juntos nesta Igreja de São Gregório al Celio, de onde o Papa Gregório enviou Agostinho para evangelizar os povos anglo-saxões. Em peregrinação ao túmulo destes Apóstolos e Santos Padres, Católicos e Anglicanos se reconhecem herdeiros do tesouro do Evangelho de Jesus Cristo e do chamado para compartilhá-lo com todo o mundo.
Recebemos a Boa Nova de Jesus Cristo por meio das vidas santas de homens e mulheres, que pregaram o Evangelho em palavras e obras, e fomos encarregados, e animados pelo Espírito Santo, para sermos testemunhas de Cristo “até os confins do mundo” (At 1,8). Estamos unidos na convicção de que “os confins da terra” hoje não representam somente uma expressão geográfica, mas um chamado a levar a mensagem salvífica do Evangelho, em modo particular àqueles que estão à margem e na periferia das nossas sociedades.
Em seu histórico encontro de 1996, o Papa Paulo VI e o Arcebispo Ramsey, instituíram a Comissão Internacional anglicano-católica com o objetivo de perseguir um sério diálogo teológico que, “alicerçado nos Evangelhos e nas antigas tradições comuns, conduza à unidade na Verdade pela qual Cristo rezou”.
Cinquenta anos mais tarde, damos graças pelos resultados da Comissão Internacional anglicano-católica, que examinou doutrinas que criaram divisões ao longo da história, a partir de uma nova perspectiva de mútuo respeito e caridade. Hoje somos agradecidos em particular pelos documentos do ARCIC II, que examinaremos, e aguardamos as conclusões do ARCIC III, que está procurando avançar nas novas situações e nos novos desafios para a nossa unidade.
Há cinquenta anos os nossos predecessores reconheceram os “sérios obstáculos” que impediam o caminho do restabelecimento de uma partilha completa da fé e da vida sacramental entre nós. Não obstante isto, na fidelidade à oração do Senhor para que os seus discípulos sejam um só, não se desencorajaram em iniciar o caminho, mesmo sem saber quais passos poderiam ser dados ao longo da estrada. Grande progresso foi realizado em muitos âmbitos que nos mantiveram distantes. Todavia, novas circunstância trouxeram novos desacordos entre nós, particularmente em relação à ordenação de mulheres e das recentes questões relativas à sexualidade humana. Por detrás destas divergências, permanece uma perene questão sobre o modo de exercício da autoridade na comunidade cristã . Estes são alguns aspectos que constituem sérios obstáculos à nossa plena unidade. Assim como com os nossos predecessores, também nós não vemos ainda soluções para os obstáculos diante de nós, mas não estamos desencorajados. Com confiança e alegria no Espírito Santo confiamos que o diálogo e o mútuo empenho tornarão mais profunda a nossa compreensão e nos ajudarão a discernir a vontade de Cristo para a sua Igreja. Estamos confiantes na graça de Deus e na Providência, sabendo que o Espírito Santo abrirá novas portas e nos encaminhará para toda a verdade (cfr João 16,13).
As divergências mencionadas não podem nos impedir de nos reconhecermos reciprocamente irmãos e irmãs em Cristo em razão do nosso comum Batismo. Também nunca deveríamos abster-nos de descobrir e de alegrarmo-nos na profunda fé cristã e na santidade que encontramos nas tradições dos outros. Estas divergências não devem levar-nos a diminuir os nossos esforços ecumênicos. A oração de Cristo durante a Última Ceia para que todos sejam um (João 17, 20-23) é um imperativo para os seus discípulos hoje, como o foi então, no momento iminente da sua paixão, morte e ressurreição e o consequente nascimento da sua Igreja. Nem sequer as nossas divergências deveriam impedir a nossa oração comum: não somente podemos rezar juntos, mas devemos rezar juntos, dando voz à fé e à alegria que compartilhamos no Evangelho de Cristo, nas antigas Profissões de Fé e no poder do amor de Deus, feito presente pelo Espírito Santo, para superar todo pecado e divisão. Assim, com os nossos predecessores, exortamos o nosso clero e os fieis a não negligenciar ou subestimar esta comunhão, que mesmo sendo imperfeita, já compartilhamos.
Mais amplas e profundas do que as nossas divergências são a fé que compartilhamos e a nossa alegria comum no Evangelho. Cristo rezou para que os seus discípulos possam ser todos um, “para que o mundo creia” (João 17,21). O vivo desejo de unidade que nós experimentamos nesta Declaração Comum está intimamente ligado ao desejo compartilhado de que homens e mulheres cheguem a acreditar que Deus enviou o seu Filho, Jesus, ao mundo, para salvá-lo do mal que oprime e enfraquece toda a criação. Jesus deu a sua vida por amor e ressuscitando dos mortos venceu até mesmo a morte. Os cristãos, que abraçaram esta fé, encontraram Jesus e a vitória de seu amor em suas próprias vidas, e são levados a compartilhar com os outros a alegria desta Boa Nova. A nossa capacidade de nos reunir no louvor e na oração a Deus e de testemunhar ao mundo, se apoia na confiança de que compartilhamos uma fé comum e em medida substancial um acordo na fé.
O mundo deve nos ver testemunhar, no nosso trabalhar juntos, esta fé comum em Jesus. Podemos e devemos trabalhar juntos para proteger e preservar a nossa casa comum: vivendo, instruindo e agindo de forma a favorecer um rápido fim da destruição ambiental, que ofende o Criador e degrada as suas criaturas, e gerando modelos de comportamento individuais e sociais que promovam um desenvolvimento sustentável e integral para o bem de todos. Podemos, e devemos, estar unidos na causa comum de apoiar e defender a dignidade de todos os homens. A pessoa humana é rebaixada pelo pecado pessoal e social. Em uma cultura da indiferença, muros de afastamento nos isolam dos outros, das suas lutas e dos seus sofrimentos, que também muitos nossos irmãos e irmãs em Cristo sofrem atualmente. Em uma cultura do descarte, as vidas mais vulneráveis na sociedade são frequentemente marginalizadas e descartadas. Em uma cultura do ódio, assistimos a indizíveis atos de violência, seguidamente justificados por uma compreensão distorcida do credo religioso. A nossa fé cristã nos leva a reconhecer o inestimável valor de toda vida humana e a honrá-la por meio de obras de misericórdia, oferecendo educação, cuidado à saúde, alimento, água limpa e abrigo, sempre buscando resolver os conflitos e construir a paz. Enquanto discípulos de Cristo, consideramos a pessoa humana sagrada e enquanto apóstolos de Cristo devemos ser os seus advogados.
Há cinquenta anos o Papa Paulo VI e o Arcebispo Ramsey inspiraram-se nas palavras do Apóstolo: “esquecendo-me das coisas que atrás ficam, e avançando para as que estão diante de mim, prossigo para o alvo, pelo prêmio da soberana vocação de Deus em Cristo Jesus” (Filipenses 3,13-14). Hoje, “aquilo que está para trás” – dolorosos séculos de separação – foi parcialmente curado por cinquenta anos de amizade. Damos graças pelos cinquenta anos do Centro Anglicano em Roma, destinado a ser um local de encontro e de amizade. Nos tornamos amigos e companheiros de viagem no peregrinar, enfrentando as mesmas dificuldades e fortalecendo-nos reciprocamente, aprendendo a apreciar os dons que Deus deu ao outro e a recebê-los como próprios, com humildade e gratidão.
Estamos impacientes em progredir para poder estar plenamente unidos em proclamar a todos, nas palavras e nos fatos, o Evangelho salvífico e curador de Cristo. Por isto recebemos grande encorajamento do encontro deste dias entre tantos Pastores católicos e anglicanos da Comissão internacional Anglicano-católica para a Unidade e a Missão (IARCCUM), os quais, com base naquilo que lhes é comum e que gerações de estudiosos do ARCIC cuidadosamente trouxeram à luz, estão vivamente desejosos em prosseguir na missão de colaborar e no testemunho até “os confins da terra”. Hoje nos alegramos em encarregá-los e em enviá-los em frente, dois em dois, como o Senhor enviou os setenta e dois discípulos. Que a sua missão ecumênica em direção àqueles que se encontram à margem da sociedade, seja um testemunho para todos nós, e deste lugar sagrado, como a Boa Nova há tantos séculos, saia a mensagem de que católicos e anglicanos trabalham juntos para dar voz à fé comum no Senhor Jesus Cristo, para levar alívio no sofrimento, paz onde existe conflito, dignidade onde negada e pisada.
Nesta Igreja de São Gregório Magno, invocamos ardentemente a bênção da Santíssima Trindade sobre o prosseguimento da obra da ARCIC e do IARCCUM, e sobre todos aqueles que rezam e contribuem para o restabelecimento da unidade entre nós.
Roma, 5 outubro de 2016
SUA GRAÇA JUSTIN WELBY SUA SANTIDADE FRANCISCO
(Tradução livre do Programa Brasileiro)
Papa: Que o esporte se torne cada vez mais inclusivo
Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu, na tarde desta quarta-feira (05/10), na Sala Paulo VI, no Vaticano, cerca de sete mil participantes da Conferência Mundial sobre Fé e Esporte, intitulada “O esporte a serviço da fé”. O encontro prossegue até a próxima sexta-feira (07/10).
A conferência foi promovida pelo Pontifício Conselho para a Cultura, com a colaboração da ONU e do Comitê Olímpico Internacional (COI). Estavam também presentes o presidente do organismo vaticano, Cardeal Gianfranco Ravasi, o Secretário-Geral da ONU, Ban Ki-moon, e o Presidente do Comitê Olímpico Internacional, Thomas Bach.
Jogos Olímpicos e Paraolímpicos
“O esporte é uma atividade humana de grande valor, capaz de enriquecer a vida das pessoas, do qual podem fruir e alegrar homens e mulheres de várias nações, etnias e pertença religiosa. Nos últimos meses, vimos como os Jogos Olímpicos e Paraolímpicos estiveram no centro da atenção mundial. Quando vemos os atletas darem o máximo de suas capacidades, o esporte nos entusiasma, nos causa admiração e nos faz sentir orgulhosos. Existe uma grande beleza na harmonia de certos movimentos, como também na força ou no jogo de equipe. Quando é assim, o esporte transcende o nível puramente físico e nos leva para a arena do espírito e do mistério.”
Segundo o Papa, “outra característica importante do esporte é que não é reservado aos grandes atletas. Existe também o esporte amador, recreativo, não finalizado a competir e que permite a todas as pessoas melhorar a saúde e o bem-estar, a aprender a trabalhar em equipe, a saber vencer e também perder. É importante que todos possam participar das atividades esportivas. Estou feliz porque nesses dias vocês refletem sobre a importância de garantir que o esporte se torne cada vez mais inclusivo e que seus benefícios sejam realmente acessíveis a todos”.
Valor da inclusão
“As nossas tradições religiosas partilham o compromisso de garantir o respeito pela dignidade de cada ser humano. É bonito saber que as instituições esportivas mundiais consideram o valor da inclusão. O movimento paraolímpico e outras associações esportivas de apoio às pessoas portadoras de deficiência, como Special Olympics, tiveram um papel decisivo em ajudar o público a reconhecer e admirar as capacidades extraordinárias de atletas com várias habilidades e capacidades. Estes eventos nos presenteiam experiências que ressaltam de modo admirável a grandeza e a pureza do gesto esportivo.”
A seguir, o Papa dirigiu o seu pensamento às crianças e adolescentes que vivem às margens da sociedade. “Conhecemos o entusiasmo das crianças que brincam com uma bola vazia ou feita de trapos nos subúrbios de algumas grandes cidades ou nas ruas de pequenos povoados”, disse o Pontífice, encorajando as instituições, empresas, realidades educacionais e sociais, e comunidades religiosas a trabalharem a fim de que estas crianças possam ter acesso ao esporte em condições dignas, especialmente as que foram excluídas por causa da pobreza.
Pureza do esporte
O Santo Padre saudou os fundadores da Homeless Cup e outras organizações que através do esporte oferecem às pessoas carentes a possibilidade de um desenvolvimento humano integral.
O Papa designou uma tarefa e um desafio aos participantes da conferência, representantes do esporte e empresas que patrocinam os eventos esportivos. “O desafio é o de manter a pureza do esporte, protegê-lo das manipulações e da exploração comercial. Seria triste para o esporte e para a humanidade, se as pessoas não conseguissem mais confiar na verdade dos resultados esportivos, ou se o cinismo e o desencanto prevalecessem sobre o entusiasmo e a participação alegre e desprendida. No esporte, como na vida, é importante lutar pelo resultado, mas jogar bem e com lealdade é ainda mais importante”, frisou Francisco.
Campanha da ONU
O Papa agradeceu aos presentes pelos esforços na erradicação de toda forma de corrupção e manipulação. “Sei que está em andamento uma campanha promovida pelas Nações Unidas contra o câncer da corrupção em todos os âmbitos da sociedade. Quando as pessoas lutam para criar uma sociedade mais justa e transparente, colaboram com a obra de Deus. Nós, responsáveis por várias comunidades religiosas, queremos dar a nossa contribuição neste sentido. A Igreja Católica está comprometida com o esporte para levar a alegria do Evangelho, o amor inclusivo e incondicional de Deus a todos os seres humanos.”
O Papa finalizou o seu discurso manifestando o desejo de que estes dias de encontro e reflexão ajudem a explorar o bem que o esporte e a fé fazem em nossas sociedades, e confiou a Deus o trabalho, as expectativas e esperanças dos participantes da conferência. (MJ)
"Verdadeira missão não é proselitismo, mas atração a Cristo"
Cidade do Vaticano (RV) – No último fim de semana, o Papa realizou uma viagem apostólica à Geórgia e Azerbaijão, dois países do extremo leste europeu. E nesta quarta-feira (05/10), dedicou o seu encontro público com os fiéis, na Praça São Pedro, a uma recordação desta experiência. Dezenas de milhares de pessoas acompanharam o relato do Pontífice.
Visita completa missão ao Cáucaso, depois da Armênia
A missão na Geórgia teve caráter ecumênico, pois sua população é majoritariamente ortodoxa, e foi intitulada “Pax vobis”. No Azerbaijão, república de religião islâmica, o lema foi “Somos todos irmãos”.
Na audiência, Francisco começou explicando que os dois países têm raízes históricas, culturais e religiosas muito antigas, mas ambos, celebrando 25 anos de independência do regime soviético, estão vivendo uma fase nova, desafiadora e repleta de dificuldades.
Igreja chamada a estar presente
“A Igreja Católica atua nos campos da caridade e da promoção humana, sempre em comunhão com as comunidades cristãs e em diálogo com outras comunidades religiosas, na certeza que Deus é Pai de todos e nós somos irmãos e irmãs”.
Dissertando sobre a etapa na Geórgia, o Papa recordou o encontro com o ‘venerado’ Patriarca Elias II, definindo-o ‘comovente’, e a oração na Catedral com os assírios-caldeus pela Síria, no Iraque e no Oriente Médio. Outro momento de destaque foi a missa com os católicos do país, celebrada na memória de Santa Teresa do Menino Jesus, padroeira das missões:
Verdadeira missão não é proselitista
“Ela nos recorda que a verdadeira missão não é proselitismo, mas atração a Cristo a partir da forte união com Ele na oração, na adoração e na caridade concreta, como o fazem os religiosos e religiosas encontrados em Tblisi, na Geórgia, e em Baku, no Azerbaijão. Também as famílias cristãs são preciosas no acolhimento, discernimento e integração da comunidade!”, disse Francisco.
700 católicos no Azerbaijão
No país de maioria muçulmana, os católicos são poucas centenas, mas têm boas relações com todos, afirmou, lembrando dois eventos: a Eucaristia e o encontro inter-religioso.
“Dirigindo-me às autoridades azeris, fiz votos que as questões abertas possam encontrar boas soluções e todas as populações caucásicas vivam na paz e no respeito recíproco. Que Deus abençoe a Armênia, Geórgia e Azerbaijão, e acompanhe o caminho de seu povo santo peregrino naqueles países”.
Antes de conceder a bênção final aos participantes da audiência e a todos em sintonia por rádio e TV, o Papa saudou os diversos grupos presentes, entre os quais os poloneses ex-prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz.
(CM)
Papa à iniciativa privada: não ser espectador das bombas que caem
Cidade do Vaticano (RV) – Construir e não destruir: foi o que pediu o Papa aos funcionários do ramo italiano de uma empresa de telefonia, recebidos no Vaticano antes da Audiência Geral, para falar de projetos da iniciativa privada em benefício da população.
De modo especial, o Pontífice comentou o projeto “Instant Schools for Africa”, para favorecer o acesso on line de jovens africanos a recursos educativos, inclusive para residentes em campos de refugiados.
Esta iniciativa, disse Francisco, se insere no amplo e variegado horizonte de intervenções públicas e privadas orientadas na promoção de um mundo mais inclusivo, mais solidário, mais capaz de oferecer oportunidades de desenvolvimento a pessoas e grupos sociais em risco de exclusão.
Depois de ouvir a explicação do projeto, o Papa fez um pedido: que entre os recursos oferecidos aos jovens, possa haver o acesso aos textos sacros das várias religiões, em diversas línguas. “Isso seria um belo sinal de atenção à dimensão religiosa, tão radicada nos povos africanos, e de encorajamento ao diálogo inter-religioso.”
“Pelo que ouvi, concluiu Francisco, este projeto é construtivo, e hoje é preciso ser construtivos, fazer coisas que levem a humanidade avante e não somente ver como caem as bombas sobre pessoas inocentes, crianças, doentes, cidades inteiras. Construir, não destruir!”
A reviravolta nas relações entre anglicanos e católicos
Cidade do Vaticano (RV) – Há meio século, em 23 e 24 de março de 1966, a história das relações entre anglicanos e católicos mudava completamente de direção com a visita solene a Paulo VI do Primaz Michael Ramsey, Arcebispo de Cantuária e com a assinatura de uma primeira Declaração comum, que deu início a um diálogo teológico intenso.
Quando o Concílio Vaticano II ainda estava em sua fase preparatória, em 2 de dezembro de 1960, foi o seu predecessor, Geoffrey Fisher que encontrou, numa audiência privada, o Papa João XXIII.
A visita de Ramsey foi histórica: “São mais de quatro séculos – comentou Montini no início da Audiência Geral realizada em São Pedro, logo após o encontro com o Primaz anglicano – que a Igreja romana tem a dor de estar separada da Igreja da Inglaterra; uma Igreja que Roma tanto amou e que, se poderia dizer, gerou. Repousam nesta Basílica os sagrados restos mortais de São Gregório Magno, que enviou Agostinho, com trinta monges, no final do século VI, para reevangelizar – houve outros missionários antes – a Inglaterra”.
Dois gestos imprevistos marcaram aqueles dias: o Primaz anglicano ajoelhou-se diante do Bispo de Roma, e Montini, ao final de uma longa e comovente oração na Basílica de São Paulo extramuros, tirou seu anel e o colocou no dedos de Ramsey.
Desde então o diálogo entre anglicanos e católicos ficou sempre mais intenso, com a instituição, em 1969, de uma Comissão Internacional Anglicano-Católica (ARCIC), com o multiplicar-se dos encontros, dos documentos e das Declarações comuns.
Neste sentido, o cinquentenário dos encontros daquele março e da instituição do Centro Anglicano de Roma, são comemorados na tarde de 5 de março na Igreja romana de Santo André e Gregório al Celio, com as Vésperas na presença do Papa Francisco e do Primaz anglicano Justin Welby.
(JE/Osservatore Romano)
Divulgado logotipo da viagem do Papa à Suécia
Cidade do Vaticano (RV) – Cristo está no centro de tudo: da cruz e do banquete para o qual são chamados todos os povos da terra. Este é o tema inspirador da imagem do logotipo da visita que o Papa Francisco realizará à Suécia nos dias 31 de outubro e 1 de novembro.
Na cruz está representado Deus uno e trino, criador e reconciliador. Na base, as mãos divinas mantêm unidas todas as coisas criadas. Jesus Cristo, palavra de Deus, que se torna presente na Eucaristia, é o ápice de toda a vida. Ele apoia toda a criação e renova a vida do homem com a sua morte e ressurreição. A vinha e a videira representadas simbolizam Cristo e o povo de Deus.
A pomba que se vê em três partes representa o Espírito Santo. É a certeza de que a obra de salvação de Deus continua a exprimir o seu poder em todos os tempos e situações, segundo a promessa divina.
A fonte batismal simboliza a água viva que regenera o homem inserindo-o no corpo de Cristo, na comunhão dos santos. A Eucaristia manifesta a comunhão visível da Igreja. Jesus Cristo, no centro do banquete, oferece-se como alimento para a viagem, para fortalecer a unidade e reconciliar todas as pessoas abatendo os muros de divisão. De fato, a cruz representa o desejo mais profundo de uma Eucaristia partilhada.
(Osservatore Romano)
Cruz em Lund terá marca salvadorenha
San Salvador (RV) - A pedido da Federação Luterana Mundial, a Cruz a ser colocada no local da oração comum em 31 de outubro em Lund, Suécia, durante a visita do Papa Francisco, será feita por Christian Chavarria Ayala.
A cruz é um sinal da vida e da esperança e o momento de reflexão e oração, quer ser um sinal de unidade, acima de qualquer diferença.
O artista salvadorenho tem o seu atelier em San Salvador, capital de El Salvador, um dos tantos países no mundo marcado por conflitos e violências internas. A história de Christian – contada no site da Federação Luterana Mundial - teve início na América Latina, continuou na Europa e por fim, retornou a El Salvador.
Guerra Civil
Durante a Guerra Civil em El Salvador, Christian foi obrigado a fugir dos esquadrões da morte. Sua família havia recebido diversas visitas de soldados. Seus desenhos - pombas brancas sobre cruzes - levantavam suspeitas.
Sua família conseguiu fugir para Honduras e dali, sua mãe conseguiu que fosse expatriado para a Suécia como refugiado, local onde sentiu-se inicialmente perdido, mas também extremamente feliz "por finalmente poder saborear a liberdade".
Suécia
Na Suécia, mas também em outros países escandinavos, o jovem salvadorenho colocou em prática toda a sua experiência na arte de produzir cruzes, sem nunca usar o preto ou o cinza. O colorido tropical, desde o início, sempre caracterizou sua arte. Os desenhos são típicos salvadorenhos, variando apenas as paisagens e os personagens.
Carreira
Sua carreira artística literalmente começa a voar, juntamente com suas pombas. Um dia presenteia um pastor finlandês com uma cruz. Pouco depois é contactado pela Igreja da Finlândia, que encomenda a ele 1000 crucifixos. Poucas semanas após a entrega, um novo pedido de mais 200 cruzes.
O retorno
Vencida a permissão para estar na Suécia, viu-se obrigado a retornar a El Salvador, no final das contas, um desejo guardado: "fui um refugiado por grande parte da minha vida, amo o meu país e ele não merece ser abandonado nas mãos de criminosos e exploradores".
Atelier
Residindo atualmente em San Salvador, Christian criou o seu próprio atelier no andar superior da Congregação luterana La Résurrection, que ele mesmo ajudou a reconstruir. No domingo toca piano durantes os cultos e nos finais de semana é ajudado por sete pessoas para fazer as suas cruzes coloridas, mantendo assim sete famílias com a sua arte.
Papa Francisco
Sua arte já percorreu os quatro cantos da terra. Suas cruzes já foram presenteadas a bispos, ex-presidente e políticos. O Papa Francisco recebeu do Presidente da Federação Luterana Mundial, Bispo Munib A. Younnan, uma das cruzes salvadorenhas, em uma audiência realizada em 2013.
"Sobre a cruz de Lund, gostaria de representar parte da minha visão de mundo, onde todos os povos da terra estejam representados, para além de qualquer diferença aparente, quer de cor, cultura, idade - como que convidados à mesa do Senhor para responder ao seu convite à unidade e ao amor".
(je/lutheranworld)
Pe Lombardi agradece trabalho do Pe Nicolás à frente dos jesuítas
Roma (RV) – No decorrer da Sessão da última segunda-feira (03/10), após a Congregação Geral ter aceitado a renúncia do Padre Nicolás como Geral da Companhia de Jesus, o Padre Federico Lombardi SJ, um dos quatro assistentes ad providentiam, pronunciou-se diante da Assembleia reunida para prestar homenagem ao Superior Geral em saída.
Os assistentes ad providentiam, eleitos também eles pela Congregação Geral, são os colaboradores mais próximos ao Geral. Padre Lombardi acompanhou o Padre Nicolás em todos estes anos em que esteve à frente da Companhia de Jesus. Pode, desta forma, agradecer ao Padre Adolfo Nicolás em nome dos seus colaboradores mais próximos, mas também em nome de toda a Companhia de Jesus.
Olhar para além das fronteiras das Províncias ou dos países
Padre Lombardi agradeceu aquele que foi seu Superior, antes de tudo por aquilo que é como pessoa, pelo estilo cordial e espontâneo que sempre o caracterizou durante os seus anos de serviço como Geral. Padre Nicolás favoreceu a simplicidade nas relações com todos os seus companheiros jesuítas, fator acrescido sobretudo pelo seu senso de humor e pelo sorriso sincero. Isto, entre outras coisas, deu ao Superior Geral o afeto e a confiança de todos.
Um dado talvez ainda mais importante é que o Geral inspirou o empenho religiosos dos jesuítas e recordou a eles, durante todo em tempo em que foi Geral, a perspectiva universal da missão que os obriga a olhar para além das fronteiras das Províncias ou dos países.
A insistência sobre a profundidade em tudo aquilo que diz respeito aos jesuítas, evitando a superficialidade, sempre caracterizou os discursos do Padre Nicolás.
Exemplo de sabedoria serena, enriquecida pelos anos transcursos na Ásia
Nas palavras de Lombardi, o Padre Nicolás foi um exemplo de sabedoria distinguida pela imaginação e reavivada pela experiência dos nãos transcursos na Ásia. Isto levou à Cúria em direção à criatividade para servir da melhor forma a Companhia, dando a cada um a possibilidade de fazer parte de um grupo e de viver uma responsabilidade compartilhada. Na mesma linha, o Geral também encorajou uma cultura da responsabilidade no exercício do governo, soube enfrentar os difíceis desafios que se apresentaram, sustentou a vida de seus confrades com cartas e pronunciamentos sempre marcados pelo verdadeiro sentido da escuta.
Padre Nicolás, primeiro Geral durante o pontificado de um Papa jesuíta
Também a participação e o papel discreto do Padre Nicolás no Sínodo sobre a Família não foi esquecido. Ademais, o Geral soube garantir relações construtivas com os dicastérios romanos e com tantos outros organismos eclesiásticos, sabendo defender os jesuítas quando foi necessário, com clareza e com justiça.
Padre Lombardi também sublinhou que o Padre Nicolás é o Primeiro Geral que exerceu as suas funções durante o pontificado de um Papa jesuíta. Trata-se de uma situação histórica sem precedentes sobre a qual podemos ainda refletir, em particular, no que concerne à compreensão que temos de nosso serviço ao Santo Padre.
Todos os jesuítas agradeceram pelo acompanhamento que o Padre Adolfo Nicolás ofereceu a eles e, assegurando a ele as suas orações, auguram que o Senhor o acompanhe em seus novos compromissos.
(je/rp)
A Amazônia chama... e Assis responde!
Cidade do Vaticano (RV) – “Amazônia chama Assis... e Assis responde!”. Inspirados neste slogan de Frei Valerio di Carlo, capuchinho italiano, grupos de jovens da região da Umbria têm partido para a Amazônia brasileira em missão. Passam o verão trabalhando junto a famílias, pessoas com problemas de drogas, meninos de rua. Mas qual a relação entre os frades capuchinhos de Assis e a Amazônia? Na cidade de São Francisco, é o frei amazônico Carlos Acácio a dirigir o Centro Missionário Capuchinho para a Amazônia. E nos conta como surgiu. Ouça, clicando aqui:
(CM)
A eclesiologia Trinitária da Lumen Gentium
Cidade do Vaticano (RV) - No nosso espaço Memória Histórica, 50 anos do Concílio Vaticano II, vamos continuar a tratar da Constituição Dogmática Lumen Gentium, abordando hohe a "Eclesiologia Trinária".
A Constituição dogmática Lumen Gentium é um dos grandes documentos do Concílio Vaticano II. A partir dela, a Igreja passou a ser vista não apenas como uma instituição hierarquizada, mas também como uma comunidade de cristãos espalhados por todo o mundo e pertencentes ao Corpo Místico de Cristo. O documento refletiu basicamente sobre a constituição e a natureza da Igreja, reafirmando várias verdades eclesiológicas. No programa de hoje, Padre Gerson Schmidt nos traz a reflexão sobre a "Eclesiologia Trinitária da Lumen Gentium". Vamos ouvir:
“A eclesiologia da Lumen Gentium foi objeto de inúmeras reflexões e muitos comentários, sobretudo no período pós-conciliar, particularmente em 1985, por ocasião do Sínodo Extraordinário de Roma. Após 50 anos de sua promulgação, se renova essa reflexão e aplicação da eclesiologia da Lumen Gentium¹. Baseando-me num artigo do teólogo Pe. Geraldo Borges Harckmann², professor da PUC-RS, cito aqui três elementos eclesiológicos presentes nesse importante e rico documento.
O primeiro elemento é a dimensão trinitária. No início de um artigo sobre a Eclesiologia da Lumen Gentium, o então Cardeal Ratzinger conta um episódio interessante, capaz de iluminar a intenção do Vaticano II com essa Constituição Dogmática. O Cardeal Frings contava que o Bispo de Regensburg, Dom Michael Buchberger, organizador do Lexikon für Theologie und Kirche, quando os Bispos da Alemanha discutiam quais deveriam ser os assuntos a serem abordados durante os trabalhos conciliares, pediu a palavra e disse que o Concílio, antes de tudo, deveria falar de Deus, porque esse era o tema que lhe parecia o mais importante. Os Bispos alemães se sentiram tocados por essa afirmação, e o Cardeal Frings manteve essa preocupação ao longo de todas as Sessões Plenárias do Vaticano II³.
Uso esse episódio para abordar a eclesiologia da Lumen Gentium. Nessa Constituição Dogmática encontra-se uma nova consciência da Igreja, que supera a autossuficiência de uma Igreja que se entende como fim em si mesma, e se descobre como a Igreja de Deus, que deve ser sacramento de salvação para o mundo. O primeiro capítulo da Lumen Gentium, intitulado O mistério da Igreja, sinaliza uma Igreja trinitária, que se origina do mistério de Deus e deve testemunhá-lo ao mundo.
O então teólogo e Cardeal Ratzinger defende a tese de que o Vaticano II queria claramente inserir o discurso sobre a Igreja no discurso sobre Deus e queria propor, com isso, uma eclesiologia propriamente teológica. Entretanto, a recepção do Concílio esqueceu essa característica qualificante em favor de simples afirmações eclesiológicas, fazendo retroceder o espírito do Vaticano II.
Como a Igreja é a Igreja de Deus, a Ekklesía tou Theou, pode-se afirmá-la como uma Igreja sacramento de salvação (cf. Lumen Gentium, 1), porque nela está presente o mistério do desígnio salvífico de Deus para a humanidade, como sinal do amor incondicional de Deus pelas pessoas, por ele criadas como um gesto de benevolência de seu dom. Com isso, uma das características da eclesiologia do Vaticano II é a dimensão trinitária da Igreja, que está clara no primeiro capítulo da Lumen Gentium".
¹ A título de exemplo, podem citar-se alguns trabalhos: B. KLOPPENBURG, Concílio Vaticano II (5 vol.). Petrópolis: Vozes, 1996; G. PHILIPS, A Igreja no mundo de hoje. Concilium 6 (junho de 1965), p. 5-18; Y. CONGAR, Mon journal du Concile. Paris: Cerf, 2002; G. BARAÚNA, A Igreja do Vaticano II. Petrópolis: Vozes, 1965; A. ANTÓN, Ecclesiologia postconciliare: speranze, risultati e prospettive. In R. LATOURELLE (a cura), Vaticano II: Bilancio e prospettive venticinque anni dopo (1962-1987). Assisi: Cittadella Editrice, 1987, p. 361-388; M. A. DOS SANTOS (Org.), Concílio Vaticano II. 40 anos da Lumen Gentium (Coleção Teologia 27). Porto Alegre: EDIPUCRS, 2005.
² Hackmann, Pe. Geraldo Luiz. A IGREJA DA LUMEN GENTIUM E A IGREJA DA GAUDIUM ET SPES Borges FATEO – PUCRS.
³ 10 J. RATZINGER, L’ecclesiologia della Costituzione Lumen Gentium. In R. FISICHELLA (a cura), Il Concilio Vaticano II. Recezione e attualità alla luce del Giubileo. Cinisello Balsamo: San Paolo, 2000, p. 66. 663
Ex-estagiária da RV e marido italiano saudados pelo Papa na audiência
Cidade do Vaticano (RV) – Dentre os milhares de fiéis que participaram da audiência geral desta quarta-feira (05/10), estava a ex-estagiária do Programa Brasileiro Jacqueline Oliveira. Desta vez sem microfone, mas abraçada ao marido, o italiano Enzo di Grado. Recém-casados na Sicília, puderam coroar um outro sonho: cumprimentar o Papa Francisco.
Os dois se conheceram em uma audiência com o Pontífice em junho de 2014, no Estádio Olímpico de Roma. Em meio aos mais de 50 mil integrantes do Movimento da Renovação Carismática, a enviada da RV encontrou Enzo e “depois de uma relação de amizade sempre mais profunda, desabrochou o amor”.
Após a audiência, ainda vestidos como no dia do casamento, em 29 de agosto, os dois estiveram em nossos estúdios e participaram da edição matutina de nosso programa, ao vivo, com Silvonei José. Ouça aqui o seu testemunho:
(CM/SP)