Noticiário da Rádio Vaticano Noticiário da Rádio Vaticano
RedaÇão +390669883895 e-mail: brasil@vatiradio.va

Sumario del 28/10/2016

Papa e Santa Sé

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Atualidades

Papa e Santa Sé



Francisco: Jesus que reza por nós é o fundamento da nossa vida

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - O fundamento da nossa vida cristã é que Jesus reza por nós. Foi o que afirmou o Papa Francisco na missa celebrada na manhã desta sexta-feira (28/10), na capela da Casa Santa Marta. O Pontífice destacou que cada escolha de Jesus, cada gesto e até mesmo o fim de sua vida terrena na Cruz foi marcada pela oração. 

Como faz habitualmente, Francisco fez sua homilia partindo das leituras do dia e comentou o Evangelho, em que Jesus escolhe seus discípulos depois de uma longa e intensa oração.

A pedra angular

“A pedra angular é o próprio Jesus”, disse o Papa. “Sem Ele, não há Igreja.” Francisco, porém, destaca um detalhe do Evangelho de São Lucas que faz refletir:

“Jesus foi para a montanha rezar e passou toda a noite em oração a Deus’. E depois aconteceu tudo: as pessoas, a escolha dos discípulos, as curas, a expulsão dos demônios … A pedra angular é Jesus, sim: mas Jesus que reza. Jesus reza. Rezou e continua rezando pela Igreja. A pedra angular da Igreja é o Senhor diante do Pai, que intercede por nós. Nós rezamos para Ele, mas o fundamento é Ele que reza por nós”.

A nossa segurança é Jesus em oração

“Jesus sempre rezou pelos seus discípulos, inclusive na última Ceia, disse o Papa. Antes de realizar qualquer milagre, Jesus reza. Francisco cita como exemplo a ressurreição de Lázaro: Jesus reza ao Pai”:

“No Jardim das Oliveiras, Jesus reza; na Cruz, termina rezando: a sua vida terminou em oração. E esta é a nossa segurança, este é o nosso fundamento, esta é a nossa pedra angular: Jesus que reza por nós! Jesus que reza por mim! E cada um de nós pode dizer isto: estou certo, estou certa de que Jesus reza por mim; ele está diante do Pai e me cita. Esta é a pedra angular da Igreja: Jesus em oração”.

Refletir sobre o mistério da Igreja

O Papa propõe o episódio, antes da Paixão, quando Jesus se dirige a Pedro com a advertência”: “Pedro … Satanás vos pediu para vos cirandar como o trigo. Mas eu roguei por ti para que a tua fé não desfaleça”:

“E aquilo que diz a Pedro o diz a você, e a você, e a você, e a mim, e a todos: ‘Eu rezei por você, eu rezo por você, eu agora estou rezando por você’, e quando vem no altar, Ele vem para interceder, para rezar por nós. Como faz na Cruz. E isso nos dá uma grande segurança. Eu pertenço a esta comunidade, forte porque tem como pedra angular Jesus, mas Jesus que reza por mim, que reza por nós. Hoje nos fará bem na Igreja; refletir sobre este mistério da Igreja. Somos todos como uma construção, mas o fundamento é Jesus, é Jesus que reza por nós. É Jesus que reza por mim”.

(bf)

inizio pagina

Respeito é a base da relação entre bispos e religiosos, afirma Papa

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano, no final da manhã desta sexta-feira (28/10), os participantes do I Congresso Internacional dos Vigários e Delegados Episcopais para a Vida Consagrada. 

Depois de ouvir a saudação do promotor do evento, o Cardeal brasileiro João Braz de Aviz, o Papa fez seu discurso refletindo sobre três dimensões da vida consagrada: a sua presença dentro da Igreja particular, a criação de novos Institutos e as relações mútuas.

Francisco citou alguns documentos da Igreja para ressaltar que a vida consagrada é “um capital espiritual que contribui ao bem de todo o corpo de Cristo” e não somente das famílias religiosas. Portanto, o Pontífice pediu aos bispos, vigários e delegados para a vida consagrada que acolham este dom como “elemento decisivo para a sua missão”, promovendo em suas dioceses os diferentes carismas, antigos e novos. Aos consagrados, Francisco recordou que a autonomia e isenção não podem se confundir com isolamento e independência. Os bispos são chamados a respeitar, sem manipular, a pluridimensionalidade que constitui a Igreja. Por sua vez, os consagrados devem se recordar que não são um patrimônio fechado, mas uma dimensão integrada no corpo da Igreja.

Maturidade eclesial

Quanto à criação de novos Institutos, o Papa reforçou que cabe ao bispo diocesano discernir e reconhecer a autenticidade dos dons carismáticos, levando em consideração inúmeros critérios: a originalidade do carisma, a sua dimensão profética, a sua inserção na vida da Igreja particular, o compromisso evangelizador e a também a sua dimensão social. O bispo deve verificar ainda que o fundador ou a fundadora tenha demonstrado maturidade eclesial e uma vida que não contradiga a ação do Espírito Santo. O pastor tem ainda a obrigação de consultar sempre previamente a Congregação para os Institutos de Vida Consagrada e a as Sociedades de Vida Apostólica.

“No momento de erigir um novo instituto não podemos pensar somente na utilidade para a Igreja particular”, afirmou Francisco, acrescentando que os Bispos, seus vigários e delegados não devem ser simplórios na decisão, já que assumem uma responsabilidade em nome da Igreja universal. Ao ser criado, deve-se pensar que o Instituto será destinado a crescer e a sair dos confins da Diocese que o viu nascer. Além disso, o Papa pediu uma atenção especial à formação dos candidatos à vida consagrada.

Responsabilidade

Por fim, o Pontífice falou da relação entre bispos e consagrados – tema que será debatido no Congresso em andamento e matéria de estudo da Congregação para a Vida Consagrada.

“Não existem relações mútuas lá onde alguns comandam e outros se submetem, por medo ou conveniência. Mas há relações mútuas onde se cultiva o diálogo, a escuta respeitosa, a recíproca hospitalidade, o encontro e o desejo de fraterna colaboração pelo bem da Igreja. Tudo isso é responsabilidade seja dos bispos, seja dos consagrados”, reiterou o Papa, que prosseguiu: “Neste sentido, somos todos chamados a ser ‘pontífices’, construtores de pontes. O tempo atual requer comunhão no respeito das diversidades. Não tenhamos medo da diversidade que provém do Espírito”.

Francisco concluiu pedindo uma atenção especial às irmãs contemplativas. “Acompanhem-nas com afeto fraterno, tratando-as como mulheres adultas, respeitando as competências que lhes são próprias, sem interferências indevidas.”

“Queridos irmãos, amem a vida consagrada e para este fim, busquem conhecê-la em profundidade. Construam relações mútuas a partir da eclesiologia de comunhão, do princípio de coessencialidade e da justa autonomia que compete aos consagrados”, foi a exortação final do Papa. 

(bf)

inizio pagina

Mãe que perdeu filha em terremoto encontra o Papa

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – “Sou uma mãe perdida”: assim Michela Sirianni Massaro se apresentou ao Papa Francisco para contar a história de sua família depois do terremoto em Pescara del Tronto.

As feridas provocadas pelo sismo de 24 agosto no centro da Itália ainda estavam abertas quando a terra voltou a tremer nestes dias na mesma região. Desta vez, sem vítimas fatais.

Michela, em companhia do marido Fábio, falou para o Papa Francisco de suas duas meninas: Giulia, de 11 anos, e Giorgia, de quatro. A filha mais velha morreu, e a menor foi resgata depois de 17 horas sob os escombros.

A mãe contou que se emocionou ao ver, pela televisão, o Papa Francisco acariciar o cão que encontrou suas filhas.

“Como pais, estamos felizes que Giorgia esteja viva e que para muitos tenha se tornado até mesmo um símbolo de esperança com o seu lindo sorriso; mas a perda de Giulia ofusca a nossa vontade de viver e ainda não conseguimos encontrar forças para ir avante: eis o motivo pelo qual batemos à porta do coração do Papa”, disse Michela ao jornal vaticano, L’Osservatore Romano. 

O abraço com Francisco ocorreu durante a Audiência Geral, em que o Pontífice dispensou uma atenção especial à caçula, que lhe mostrou a foto de sua irmã.  

inizio pagina

Rota Romana realiza curso sobre novo processo matrimonial

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – O Tribunal da Rota Romana está organizado um Curso de Formação para os Bispos sobre o novo processo matrimonial.

 iniciativa será realizada na sede do Tribunal em Roma entre os dias 17 e 19 de novembro próximo. As inscrições terminam no próximo dia 31 de outubro.

Os bispos interessados podem acessar o site da Rota Romana. 

A Rádio Vaticano conversou com Mons. Satruino da Costa Gomes, membro da Rota Romana sobre o curso e sobre o novo processo matrimonial. (SP)

inizio pagina

Arcebispo de Juba: o Papa quer visitar o Sudão do Sul

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - A trágica situação no Sudão do Sul, onde desde julho do ano passado explodiu mais uma vez a guerra civil, foi trazida à atenção do Papa Francisco, que na manhã desta quinta-feira (27/10), encontrou em audiência no Palácio Apostólico os líderes religiosos cristãos do país.

“No contexto das tensões que dividem a população e destroem a convivência no país”, lê-se em um comunicado da Sala de Imprensa do Vaticano, destacou-se a boa e frutuosa cooperação entre as Igrejas cristãs para promover o bem comum, tutelar a dignidade da pessoa, para proteger os indefesos e realizar iniciativas de diálogo e de reconciliação”.

O Sudão do Sul, o país mais jovem do mundo, independente desde 2011, encontra-se desde o último verão em plena guerra civil entre os grupos que apoiam o Presidente Salva Kiir e aqueles leais ao ex-vice-presidente Riek Machar.

Os dois lados já haviam combatido de dezembro de 2013 a agosto de 2015, quando foram alcançadas os acordos de paz, violados em julho passado com os confrontos na capital Juba.

Desde então, o país está em desordem, com a Anistia Internacional, que denunciou “assassinatos deliberados de civis, estupros de mulheres e jovens, e saques”. A situação é seguido com grande atenção pelo Papa Francisco, como explica Dom Paolino Lukudu Loro, Arcebispo de Juba, recebido pelo Pontífice:

“Falamos sobre a situação no país neste momento. Há guerra, há assassinatos, há morte, há refugiados, há pessoas nos campos do país. Há um desgosto pela situação. As pessoas sentem que não há um governo, e mesmo que haja um presidente é como se fosse ausente, há medo, muito medo! Dissemos tudo isso ao Santo Padre. Nós fazemos todo o possível, como Igreja, para ajudar nesta situação. E nós - é claro - pedimos ao Santo Padre para nos visitar. Nós, como Igreja Católica, em janeiro, tínhamos pedido uma visita do Santo Padre. Agora pedimos, como Igreja Ecumênica, que ele venha. Ele nos disse: 'Ouçam, eu estou com vocês, eu sofro e vivo com vocês. Desejo visitar o Sudão do Sul”. Ele disse: “Eu quero visitar o Sudão do Sul”. (SP)

inizio pagina

Papa na Suécia: futuro rico de promessas, diz Card. Parolin

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – “Do conflito à comunhão. Juntos na esperança” é o lema da 17ª viagem apostólica internacional do Papa Francisco que visitará a Suécia de 31 de outubro a 1º de novembro, por ocasião da celebração ecumênica dos 500 anos da Reforma protestante e em agradecimento pelos 50 anos de diálogo oficial entre as duas Confissões. No dia 1º, o Pontífice celebrará a Missa para a pequena comunidade católica sueca. A este respeito, o Centro Televisivo Vaticano ouviu o Cardeal Secretário de Estado Pietro Parolin: 

“Em 1517, o monge Lutero, na cidade de Wittemberg, contestou publicamente a venda de indulgências, e também em um contexto de grandes mudanças políticas, sociais e econômicas da sociedade daquele tempo, deu início a um processo de transformações que levou, infelizmente, à divisão e à separação das Igrejas no Ocidente, e acompanhado por lutas pelo poder, por violência, guerras, as famosas guerras de religiões que depois se seguiram. E a partir daquela época, praticamente os centenários da Reforma foram sempre recordados, foram sempre comemorados de forma polêmica, com um espírito de confronto e talvez se possa falar mesmo de hostilidades. Esta vez, pelo contrário, não é assim... Pela primeira vez católicos com a presença do Papa e luteranos, celebram juntos este quinto centenário da Reforma. E eu penso realmente que se possa falar de um momento histórico, se possa falar realmente de um marco no caminho da reconciliação e da busca comum da unidade entre as Igrejas e as comunidades eclesiais. E este momento assim tão importante é fruto do diálogo que se desenvolveu nestes 50 anos, a partir da solicitação do Concílio Vaticano II. Um diálogo que buscou superar as dificuldades, buscou criar confiança entre as partes e buscou esclarecer, segundo o princípio enunciado já por São João XXIII, aquilo que une, mais do que aquilo que divide e separa. Um diálogo em que um dos pontos centrais foi precisamente a assinatura, em 1999, da Declaração Comum sobre a Doutrina da Justificação, um dos pontos que estavam na origem e que tornaram-se precisamente o centro da polêmica. Portanto, é de agradecer ao Senhor por se ter chegado a este ponto, que é o fruto de um caminho que se está levando em frente há tempos, e pedir a Ele para nos ajudar, também por meio deste momento de comemoração comum, de prosseguir no caminho do diálogo e da busca da unidade da Igreja”.

CTV: Depois da oração ecumênica, haverá um momento de festa e testemunho, dirigido sobretudo aos jovens...

“Sim, me parece que se realizará no Estádio de Malmö, e será um momento festivo, um momento de alegria voltado sobretudo aos jovens. Soube que dentro deste momento de celebração haverá também a assinatura entre a seção de serviço para o mundo da Federação Luterana Mundial e a Caritas Internationalis. Como que por dizer que esta reconciliação que estamos buscando deve acontecer sobretudo em vantagem do comum testemunho em relação ao mundo, deve traduzir-se em um encontro, deve traduzir-se em um comportamento de amor compassivo em relação às tantas pessoas que sofrem pelas mais diversas causas no mundo. E obviamente os jovens são chamados em primeira pessoa a assumir este desafio, porque os jovens são o futuro e a esperança, como tantas vezes se disse, da Igreja. E então, a eles é dirigido de maneira especial este momento de celebração, que deve também traduzir-se em um compromisso em relação a um testemunho comum”.

CTV: Os temas da defesa da criação e da solidariedade pelos últimos estarão no centro destes testemunhos...

“É muito importante encontrar âmbitos comuns nos quais este testemunho possa ser traduzido, e me parece que a solidariedade em relação aos últimos e a defesa e a tutela da casa comum possam ser realmente âmbitos de compromisso sério e compromisso eficaz”.

CTV: A Suécia é um país muito secularizado, mesmo que ultimamente se registre um novo interesse pela religião. O testemunho comum dos católicos e luteranos poderá abrir uma brecha neste individualismo e materialismo?

“Certamente, basta recordar a palavra de Jesus: por isto acreditarão, na medida em que vocês derem um testemunho comum. Evidentemente estes são os perigos das nossas sociedades secularizadas: por um lado este fechamento em si mesmas, sem abertura aos outros, e aqui podemos recordar a insistência do Papa Francisco sobre a cultura do encontro, e me parece que a própria comemoração deseja sublinhar esta dimensão, porque fala de passar dos conflitos à comunhão, e depois diz “unidos na esperança”: e a comunhão significa justamente a superação do individualismo, a superação do fechamento em si mesmo, a superação do dobrar-se sobre si mesmo, que no final das contas, é a origem de todos os conflitos. E isto os cristãos o devem fazer sobretudo com o seu exemplo de comunhão, é inútil falar de comunhão se depois cada um segue por conta própria. Portanto, me parece que deste ponto de vista, será importante este testemunho comum. E depois contra o materialismo, que é um fechamento do nosso horizonte somente aos valores terrenos, às realidades terrenas, sem esta abertura ao transcendente, sem esta abertura a Deus. Assim católicos e luteranos são chamados a testemunhar juntos, em nome da fé comum em Jesus Salvador, precisamente toda a beleza, todo o esplendor e toda a alegria da fé, que têm e que testemunha”.

CTV: A pequena comunidade dos católicos suecos está crescendo também graças à imigração. O gesto ecumênico do Papa os ajudará a crescer também na comunhão com os luteranos?

“Eu acredito que esta presença do Papa é um grande estímulo para a comunidade católica a continuar neste caminho da busca da unidade, neste caminho ecumênico. Hoje a escolha ecumênica é uma escolha irreversível, e não obstante tenha conhecido e conheça também dificuldades, acredito que se deva seguir em frente corajosamente. E neste sentido penso que a comunidade católica na Suécia - que como você justamente dizia é formada também por tantos componentes e se está enriquecendo por isto – possa trabalhar junto com a comunidade luterana precisamente pelo testemunho cristão. E em relação a isto gostaria de recordar uma declaração que foi feita recentemente e que me parece muito indicativa do espírito com que católicos e luteranos querem prosseguir. Diz assim: “Juntos católicos e luteranos se aproximarão sempre mais ao seu comum Senhor e Redentor Jesus Cristo. Vale a pena manter o diálogo. É possível deixar para trás os conflitos. O ódio e a violência, mesmo motivados pela religião, não deveriam ser banalizados, ou mesmo justificados, mas sim rejeitados com força. As recordações obscuras podem desaparecer, uma história dolorosa não exclui a possibilidade de um futuro rico de promessas. É possível chegar do conflito à comunhão, e percorrer este caminho juntos, cheios de esperança. A reconciliação traz consigo a força de nos tornar livres, de dirigir-se uns aos outros, mas também de dedicar-nos aos outros no amor e no serviço”. São palavras muito bonitas, sobretudo este futuro rico de promessas. Esperemos que esta comemoração comum abra ao futuro de Deus, que é sempre um futuro rico de promessas”.

(JE)

inizio pagina

Papa na Suécia, viagem que ilumina 50 anos de diálogo

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – “As Igrejas luteranas sempre celebraram os centenários da Reforma. No passado, estas manifestações eram realizadas ‘contra’ a Igreja Católica, ou assumiam um caráter nacional. Em 2017, porém, pela primeira vez abriu-se a possibilidade de celebrar este aniversário em um clima de diálogo. A Federação Luterana Mundial trabalhou tanto nesta direção e hoje a abertura destas celebrações na Suécia, na presença do Papa Francisco, é um lindo sinal que sublinha este esforço”. Foi o que recordou aos microfones da Rádio Vaticano o Pastor Heiner Bludau, Decano da Igreja Evangélica Luterana na Itália e Pastor da Comunidade Evangélica Luterana de Turim.

“A presença do Papa nestas celebrações adquire um significado particular não somente dentro do mundo eclesial luterano, mas também para além dele. O Secretário Geral da Federação Luterana Mundial, Martin Junge, afirmou que justamente a celebração conjunta é um bom exemplo de como podem ser superados os conflitos, sobretudo em um mundo dilacerado por confrontos e guerras. É um importante testemunho comum, por um futuro baseado no diálogo”.

Não se celebra a divisão

“A grande novidade deste centenário é que se trata do primeiro a ser celebrado em uma época ecumênica”, explica o Prefeito da Biblioteca Ambrosiana de Milão, estudioso da Reforma e um dos fundadores da Academia de Estudos Luteranos na Itália (ASLI), Mons. Franco Buzzi.

“A celebração conjunta representa um passo em frente formidável, porque assim se subtrai a figura de Lutero a uma perspectiva eclesial ligada somente à nação alemã. Reconhece-se, assim, a universalidade e a grandeza do modo de pensar de Lutero, de modo que sejam compartilhadas em parte também pela Igreja Católica. Celebrar juntos o aniversário significa subtrair ao particularismo o evento da Reforma e levá-lo a sério, saindo daquela mentalidade conflitual, baseada simplesmente na contraposição, para acolher tudo aquilo que de bonito, de bom e de verdadeiro podemos compartilhar juntos”.

“Deve ser sublinhado que indo à Suécia, o Papa não celebra a divisão, mas a vontade de reunião que significa a superação de uma mentalidade baseada no confronto polêmico. Confronto que infelizmente viu por cinco séculos católicos e luteranos contraporem-se, quase que às cegas, com tanto de teologia polêmica, baseadas em teses pré-concebidas, com o único objetivo de afirmar o oposto do outro. Acredito que indo além de certas teses rígidas, quer no âmbito da contrarreforma como no da assim chamada ortodoxia luterana estreita, se percebe que nas obras de Lutero existem riquezas que são ideias de fé e de doutrina profundamente cristãs, que não podem de forma alguma serem negligenciadas”.

“Assim, me parece ser algo extraordinário o fato de Francisco ir à Suécia, não para recordar um evento doloroso, mas sobretudo por propor um futuro de alegria, paz, comunhão e união em tudo aquilo que é compartilhável”.

Progressos teológicos

Este ano não se celebram somente os 500 anos da Reforma, mas também os 50 anos de diálogo ecumênico iniciado entre católicos e luteranos com o Concílio. “Seguramente o passo em frente mais importante neste caminho – explica o Pastor Heiner Blau – foi a Declaração Conjunta sobre a Justificação de 1999. Sobre este tema fundamental, que dividiu as nossas Igrejas há meio século, existe hoje um consenso e isto é um ponto forte alcançado pelo diálogo”.

A dividir-nos ainda, não obstante existam mais coisas que nos unam, é o fato de que um luterano não possa participar da Eucaristia católica. E mesmo que nós convidemos os católicos presentes nas nossas celebrações para participar da Eucaristia, para eles não é possível. Nós desejamos uma certa abertura neste sentido, porque a ausência de uma hospitalidade eucarística recíproca representa um fato doloroso”.

Pertencemos ao Corpo de Cristo

“O ter redescoberto juntos de que somos concordes sobre São Paulo, capítulo terceiro da Carta aos Romanos, é um ponto de chegada teológico importantíssimo de diálogo com os luteranos”, comenta Mons. Buzzi.

“Nós acreditamos ser justificados pela fé, independentemente das obras da lei. Nós todos recebemos a nossa salvação por obra absolutamente gratuita de Cristo e recebemos esta justificação como um dom contínuo, respeito ao qual toda tentativa de apropriação significa também uma compreensão do dom. Entendeu-se que sobre isto estamos de acordo e que existem ênfases teológicas diferentes, mas não são tais de poder habilitar os irmãos das duas Confissões diferentes – luteranos e católicos – a excomungar-se reciprocamente ou a acusarem-se reciprocamente de heresia”.

“A minha impressão – acrescenta Mons. Buzzi – é que o Documento Conjunto sobre a Justificação, pela fé tenha, por assim dizer, passado sobre a cabeça das nossas comunidades cristãs. Pelo menos aqui na Itália, a presença do luteranismo não é tão elevada. Porém, poder aprofundar e compartilhar tudo isto é um ponto de partida para uma comunhão mais profunda. Levando em consideração que no Batismo nós todos nos dizemos parte do Corpo de Cristo e portanto também o conceito de Igreja, a partir desta definição de Batismo, deverá ser considerada no prosseguimento do diálogo”.

Oportunidade para tornar visível o caminho ecumênico

“A viagem do Papa à Suécia é realmente uma oportunidade ecumênica, porque torna visível os passos dados juntos nestes 50 anos”, conclui o Pastor Bludau. “Na Alemanha, por exemplo, bispos católicos e luteranos se manifestam juntos, já há tempos, sobre questões éticas. Existe uma forte colaboração entre paróquias católicas e comunidades luteranas. Trata-se de realidades ainda pouco conhecidas e as celebrações em Lund e Malmö podem dar um ulterior ímpeto para incentivar o diálogo também em outras regiões do mundo”.

“Para mim – conclui Mons. Buzzi – esta viagem do Papa à Suécia é uma iniciativa abençoada pelo Céu. A quer o Céu para que exista esta vontade do diálogo, de entendimento e de fraternidade, visto que fazemos parte todos do mesmo Corpo de Cristo, graças à Fé e ao Batismo e à nossa vida que se desenvolve na Trindade, argumentos que Lutero nunca colocou em discussão”.

(JE/FC)

inizio pagina

Reforma Protestante: fala o pastor luterano Walter Altmann

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco visitará a Suécia, de 31 deste mês a 1º de novembro, por ocasião da comemoração comum luterano-católica da Reforma.

Em vista desse evento, nós conversamos com o Pastor Walter Altmann da Igreja Luterana no Brasil.  

“Há um amplo leque de iniciativas no âmbito local, sinodal. Por sinodal entendo a Igreja Luterana no Brasil está dividida nos chamados Sínodos, 18 deles, mas também iniciativas no âmbito nacional. As iniciativas vão desde a constituição de praças públicas, monumentos e jardins de Lutero em associação ao Jardim de Lutero criado na cidade de Wittenberg, em que ele tanto atuou, passando por materiais didáticos e visuais ilustrando quem foi Lutero, o que ele ensinou para crianças, jovens e adultos, e comemorações públicas”, disse o Pastor Walter.

(MJ)

inizio pagina

Beneditinos mortos por ódio à fé serão beatificados na Espanha

◊  

Madrid (RV) – Quatro monges beneditinos que fizeram do ora et labora seu ideal de vida. Viviam no Priorado de Nossa Senhora de Montserrat, em Madrid e depararam-se com a violência da Guerra Civil de 1936, quando começou a voltar-se contra os religiosos e os sacerdotes.

A única culpa que foi atribuída a eles foi a de seguir Jesus Cristo na escola de São Bento e de serem sacerdotes. Chamavam-se José Antón Gómez (1891-1936), Antolín Pablos Villanueva (1871-1936), Juan Rafael Mariano Alcocer Martínez (1889-1936) e Luis Vidaurrázaga Gonzáles (1901-1936).

Os quatro serão beatificados pelo Cardeal Angelo Amato - Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, representando o Santo Padre - na manhã deste sábado (29/10), na Catedral madrilenha de Almudena.

José Antón Gómez

Nascido em Hacinas em 26 de agosto de 1878,  José Antón Gómez entrou ainda pequeno como oblato na comunidade da vizinha Abadia de Santo Domingo de Silos, onde professou os votos como monge beneditino em 21 de novembro de 1896. Foi ordenado sacerdote em Silos pelo Bispo de Osma, em 31 de agosto de 1902.

Não obstante não tivesse completado os estudos universitários, conhecia muitas línguas e tinha o encargo de professor em matéria humanista e diretor das crianças oblatas. Em 1919 foi enviado ao novo Priorado de Nossa Senhor de Montserrat, na Rua São Bernardo, em Madrid, Priorado que dependia de Silos. Foi nomeado também Superior da comunidade, que na época contava com sete membros. Naquele período se ocupou da catalogação da Biblioteca de Zabálburu, além de desenvolver outros trabalhos intelectuais.

Com o início da Guerra Civil  de 1936, dissolveu a comunidade e refugiou-se em casa de alguns amigos. Estranho à política e de caráter tranquilo, continuou a frequentar os locais habituais de seu trabalho. Descoberto seu estado de monge e sacerdote, é levado a um cárcere clandestino e fuzilado in odium fidei na madrugada de 25 de setembro de 1936. Sepultados no cemitério do Sul, ao final da guerra seus restos mortais, junto com aqueles dos outros monges, foram trasladados ao cemitério de Almudena, de onde, em 1960, passaram ao Priorado de Montserrat.

Antolín Pablos Villanueva

Antolín Pablos Villanueva era originário de Villa de Lerma, Provúincia de Burgos, onde nasceu em 2 de setembro de 1871. Entrou na Abadia de Silos aos 13 anos como oblato. Emitiu a profissão monástica em 11 de setembro de 1890, sendo ordenado sacerdote em 19 de setembro de 1896. É enviado a Paris para prosseguir os estudos de História e Diplomacia, sendo transferido em 1902 para a casa dependente da Abadia de Silos no México.

Refugiando-se na Ilha de Pinos, em Cuba, durante a perseguição religiosa de 1914, retornou à Espanha em 1919. A partir de então, permaneceu no priorado de Montserrat. Como os outros monges, no início da guerra civil foi preso e levado ao cárcere de Modelo. Foi fuzilado em 8 de novembro de 1936 em San Fernando de Henares (Madrid), junto com outros prisioneiros.

Juan Rafael Mariano Alcocer Martínez

Juan Rafael Mariano Alcocer Martínez nasceu em Madrid em 29 de outubro de 1889, sendo batizado na Paróquia de San Sebastián, Bairro de Atocha. Aos 20 anos entrou no noviciado na Abadia de Silos. Depois dos estudos, teve que prestar serviço militar em Ceuta, retornando a Silos onde emitiu os votos em 6 de abril de 1915. Foi ordenado sacerdote em Burgos em 25 de agosto de 1918. Era laureado em Letras e Filosofia. Tinha a fama de bom orador e era conhecido por uma discreta produção literária. A partir de 1926 passou a residir no Priorado de Montserrat. Com o início da Guerra Civil e a dispersão da comunidade, buscou refúgio na casa de um amigo livreiro. Descoberto e levado ao Ateneu Libertário em 4 de outubro de 1936, foi fuzilado na Cuesta della Elipa.

Luis Vidaurrázaga Gonzáles

Luis Vidaurrázaga Gonzáles nasceu em Bilbao em 13 de setembro de 1901. A prematura norte de seu pai deixou a família em dificuldades. Entrou como oblato na Abadia de Silos aos 12 anos. Emitiu os votos em 15 de setembro de 1919. Foi ordenado sacerdote em Burgos pelo Bispo Auxiliar Dom Jaime Viladrich em 19 de dezembro de 1925. Destinado ao Mosteiro de Santa María de Cogullada em Zaragoza, em 1928 é transferido a Madrid. Encarcerado nos primeiros meses da Guerra Civil , antes é solto, mas depois feito prisioneiro novamente, sendo então fuzilado em Elipa em 31 de dezembro de 1936.

 

(JE)

inizio pagina

Nomeações para a Congregação do Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre nomeou Membros da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos os Eminentíssimos Cardeais: Rainer Maria Woelki, Arcebispo de Colônia (Alemanha); John Olorunfemi Onaiyekan, Arcebispo de Abuja (Nigéria); Pietro Parolin, Secretário de Estato; Gérald Cyprien Lacroix, Arcebispo de Québec (Canadá); Philippe Nakellentuba Ouédraogo, Arcebispo de Ouagadougou (Burkina Faso); John Atcherley Dew, Arcebispo de Wellington (Nova Zelândia); Ricardo Blázquez Pérez, Arcebispo de Valladolid (Espanha); Arlindo Gomes Furtado, Bispo de Santiago de Cabo Verde (Capo Verde); Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho da Cultura; Beniamino Stella, Prefeito da Congregação para o Clero.

Também foram nomeados os Excelentíssimos Bispos  Dominic Jala, Arcebispo de Shillong (Índia); Domenico Sorrentino, Arcebispo Bispo de Assis Nocera Umbra Gualdo Tadino (Itália); Denis James Hart, Arcebispo de Melbourne (Austrália); Piero Marini, Arcebispo Tit. de Martirano, Presidente do Pontifício Comitê para os Congressos Eucarísticos Internacionais; Bernard Nicolas Aubertin, Arcebispo de Tours (Francia); Romulo G. Valles, Arcebispo de Davao (Filippine); Lorenzo Voltolini Esti, Arcebispo de Portoviejo (Equador); Arthur Joseph Serratelli, Bispo de Paterson (Estados Unidos); Alan Stephen Hopes, Bispo de East Anglia (Grã Bretanha); Claudio Maniago, Bispo de Castellaneta (Itália); Bernt Ivar Eidsvig, Bispo de Oslo (Noruega); Miguel Ángel D'Annibale, Bispo de Rio Gallegos (Argentina); José Manuel Garcia Cordeiro, Bispo de Bragança Miranda (Portugal); Charles Morerod, Bispo de Lausanne, Genève et Fribourg (Suiça); Jean Pierre Kwambamba Masi, Bispo Tit. di Naratcata, Auxiliar de Kinshasa (Rep. Democrática do Congo); Benny Mario Travas, Bispo de Multan (Paquistão); John Bosco Chang Shin Ho, Bispo Tit. de Vescera, Auxiliar de Daegu (Coreia).

inizio pagina

Igreja na América Latina



Igrejas-irmãs da Amazônia vão se reunir em Belém

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – De 14 a 16 de novembro próximos, Belém (PA) recebe o II Encontro das Igrejas da Amazônia Legal, uma reunião cuja proposta é discutir a realidade política, social, econômica, cultural e religiosa da região, e a contribuição da Igreja Católica para a promoção e defesa da vida dos seus habitantes e de sua biodiversidade. O primeiro encontro ocorreu em Manaus (AM), em 2013. 

O Encontro vai reunir bispos, coordenadores de pastoral, religiosos, religiosas, leigos e leigas dos seis regionais da CNBB que fazem parte da Amazônia Legal: Norte 1 (norte do Amazonas e Roraima), Norte 2 (Amapá e Pará), Norte 3 (Tocantins e norte de Goiás), Nordeste 5 (Maranhão), Noroeste (Acre, sul do Amazonas e Rondônia) e Oeste 2 (Mato Grosso).

Nos dias 17 e 18, o evento prossegue com a participação das Igrejas-irmãs, um projeto impulsionado pelo Arcebispo de Brasília, Dom Sérgio da Rocha, que será feito cardeal no próximo dia 19 de novembro. Em entrevista à RV, ele explica a importância desta parceria, seja para quem envia ajudas, como para quem as recebe:

Amazônia e sua Igreja são de todo o Brasil

“Creio que este encontro que está sendo programado certamente vai animar ainda mais a comunhão e a corresponsabilidade da Igreja no Brasil com a Igreja que está na Amazônia”.

“Eu desejei muito que este momento acontecesse, procurei apoiar e incentivar a realização deste evento e é claro que ele é a expressão de que a Amazônia e a sua evangelização não se restringem aos bispos e às Igrejas que se localizam naquela região, mas diz respeito ao conjunto do Brasil, isto é, a Amazônia interpela o conjunto da Igreja no Brasil e diria também da América Latina”.

Quem sai em missão ganha mais do que quem recebe

“Creio que nós temos aí um momento para reavivar o nosso compromisso missionário. Na nossa Arquidiocese de Brasília, temos a graça de há dez anos desenvolver um projeto missionário em Roraima. Tem sido um momento em que a ajuda maior somos nós que temos recebido; na verdade, quem sai em missão e assume a missão evangelizadora sempre ganha muito mais do que quem recebe. Eu diria que tem sido gratificante, um motivo de crescimento e amadurecimento da Igreja em Brasília o fato de colaborar com a Igreja na Amazônia, e assim, muitas outras dioceses já têm os seus projetos”.

“No entanto, o caminho a seguir é tão grande que os passos que temos dado não têm sido suficientes, isto é, agradecemos a Deus, nos animamos e somos muito gratos aos irmãos da Amazônia que nos acolhem, seja os bispos e Igrejas que vão em direção à Amazônia para que a Igreja no Brasil seja uma ‘Igreja em saída’, mas o caminho a percorrer é longo; os passos a serem dados muito mais. Então, o que nós temos vivido não é motivo para se acomodar, para achar que está bem”.

“Este encontro vai incentivar e animar ainda mais não só os atuais projetos, mas certamente o despertar de outros projetos missionários”. 

A importância da participação dos leigos

“Quando se fala de missão, de missionários, geralmente se pensa apenas nos ordenados; padres, religiosos ou religiosas... ministério ordenado ou vida consagrada. Mas tem sido novidade da missão da evangelização da Igreja a presença cada vez maior de leigos e leigas. Neste projeto a que me referi (de Brasília) temos contado sempre com um número significativo de leigos e leigas. Sempre é necessária a presença de um sacerdote, é muito importante, porque há tarefas próprias e é claro que queremos valorizar o ministério sacerdotal ou diaconal, mas é bom quando temos leigos e leigas querendo ser missionários além-fronteiras. Para isso, a Igreja local tem que ser uma Igreja missionária; não há um despertar de vocações missionárias, a não ser que o terreno onde se encontram estas pessoas se torne fecundo, ou seja, tem que haver o espírito missionário na Igreja local para permitir a missão além-fronteiras”.  

(CM)

inizio pagina

Caritas Internacional: No Haiti, a situação é de desespero

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - Desde o terremoto de 2010 que devastou o Haiti, no país vivem 62.600 deslocados em 36 campos provisórios; 60% da população vive em condições de pobreza e 25 mil pessoas correm o risco de contrair o cólera. 

Este é o quadro dramático do Haiti, onde as pessoas continuam vivendo sem água potável e sem acesso aos serviços de saúde depois da passagem do furacão Matthew que devastou a ilha causando pelo menos 1.000 mortos. No país, se registra também um elevado índice de violência e uma corrupção galopante que impede o andamento normal do trabalho das organizações humanitárias.
 
A nossa emissora conversou com o Secretário-geral da Caritas Internacional, Michel Roy, que acabou de voltar do Haiti e disse que ali “a situação é de desespero”.

Roy: “Três semanas depois as pessoas vivem ainda sem-teto e chove. A chuva é forte. Viver sem uma moradia é realmente difícil para eles. Vi pessoas com os olhos completamente no vazio, realmente traumatizadas pelo que passaram. Na sexta-feira da semana passada, as chuvas em Les Cayes, cidade situada no sul, causou uma inundação. Havia um metro de água na cidade. É complicado sair desta tragédia. Os haitianos são pobres, as suas casas são construídas com materiais fracos, mas a maioria não quer ir embora da cidade, quer permanecer em seus povoados e pedem uma ajuda para refazer suas casas e sementes para recomeçar a cultivar depois de limpar a terra.”

Eles têm alguma coisa para comer ou se curar se estiverem feridos ou doentes?

Roy: “Tudo foi destruído. Precisam de alimento, certamente. A comida chega, mas não chega a quantidade suficiente e não é distribuída de maneira profissional. As pessoas que vivem fora da cidade recebem muito pouco. Isso quando recebem! Esta é uma prioridade para a Caritas. Quando há distribuição as pessoas correm e são agressivas para pegar aquilo que é distribuído. Isso manifesta a dor e a preocupação das pessoas. O Governo não levou a sério esta tragédia como deveria. Grande parte das doações foram feitas por políticos e a ajuda é muito politizada. A Caritas trabalha nas comunidades que do Estado não recebem nada da ajuda internacional oficial.”

Passaram-se três semanas desde que o furacão Matthew abalou o Haiti. Porém, não se fala mais desse país.  

Roy: “Exatamente. É preciso que a comunidade internacional se mobilize para ajudar as pessoas no Haiti. Há fadiga porque tem sempre problemas nesse país, porém a situação é tal que é preciso se comprometer no nível elevado. É uma tragédia! É uma grande catástrofe! É preciso que também nós, a família Caritas, a Igreja, se mobilize para levar mais ajuda. É preciso reconstruir tudo, quase tudo. É muito importante e por isso é necessário o compromisso e também o dinheiro.”

(MJ)

inizio pagina

Igreja no Mundo



Líbano poderá ter um Presidente em breve: a alegria do Patriarca Raï

◊  

Beirute (RV) – As ruas de Beirute foram tomadas por manifestantes que levam a foto do ex-general Michel Aoun, o líder do Movimento Patriótico Livre, que se prepara para tornar-se o novo Presidente da República libanesa.

Salvo improváveis surpresas de última hora, o Parlamento do País dos Cedros elegerá Aoun como novo Chefe de Estado na sessão de 31 de outubro, às 11 horas, hora local.

Consenso, única incógnita

“Os preparativos – refere à Agência Fides o sacerdote maronita Rouphael Zgheib, Diretor nacional das Pontifícias Obras Missionárias libanesas – estão em andamento também no Palácio Presidencial, onde são feitos os últimos preparativos para receber o novo inquilino e jornalistas de todo o mundo, para o início do mandato presidencial. A única incógnita está ligada ao consenso em relação ao nome de Aoun. Ele poderá ser eleito na primeira votação – sendo necessário para tal dois terços dos votos favoráveis -  ou no segundo turno, quando bastará alcançar a maioria absoluta”.

Líbano sem Presidente há dois anos e meio

A anunciada eleição de Aoun colocará fim a mais de dois anos e meio de vacatio presidencial, devido aos vetos e boicotes recíprocos das tendências que dominavam a cena política libanesa. O fim do impasse é devido à convergência transversal em torno da candidatura de Aoun dos Partidos mais influentes maronitas, xiitas e sunitas. O líder do Movimento Patriótico Livre, principal partido maronita, será apoiado pelos maronitas antigos rivais das Forças Libanesas, pelos xiitas do Hezbollah e pelos sunitas do Partido “Futuro”, guiados por Saad Hariri.

Apoio do ex-Premier Hariri decisivo para Aoun

Precisamente o apoio acordado pelo “Futuro” (formação sunita ligada à Arábia Saudita) com o ex-inimigo Aoun deslocou o peso da balança, abrindo caminho para o fim do impasse que paralisou a vida institucional libanesa.

Pequenos partidos, como a formação xiita Amal – da qual faz parte o Presidente do Parlamento Nabih Berri – e os maronitas do Marada – formação política à qual pertence Suleiman Franjieh, também ele candidato à Presidente – continuam a opor-se ao “grande compromisso”.

O delicado sistema político libanês prevê que o cargo de Chefe de Estado seja ocupado por um cristão maronita. A nível geopolítico, a já iminente eleição de Aoun é interpretada como um sinal da menor influência da Arábia Saudita no quadrante médio oriental.

A alegria do Patriarca Maronita Rai

Na tarde de quinta-feira, no âmbito da recepção organizada no Casinò du Liban pelo Centro Católico de Informação, o Patriarca maronita Bechara Rai expressou o seu contentamento pela próxima eleição de um “Presidente forte”.

O Primaz da Igreja Maronita teceu elogios ao ex-Premier Saad Kariri, sublinhando que a escolha feita pelo líder do Partido “Futuro” salvou o Líbano do risco de cair no abismo.

“O Patriarca - explicou à Agência Fides Padre Rouphael Zgheib – sempre insistiu na urgência de colocar um fim ao vacum presidencial, qualquer fosse o candidato capaz de obter  o consenso necessário, porque somente assim todas as instituições poderão sair da paralisia e recomeçar a funcionar segundo quanto prevê a Constituição”.

inizio pagina

Atualidades



Freira brasileira denuncia tráfico de albinos em Moçambique

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – Reforçar a cooperação internacional no combate ao tráfico de pessoas foi o pedido do Papa Francisco ao receber em audiência, no Vaticano, os membros do chamado “Grupo Santa Marta”.

O pedido do Pontífice está em sintonia com o trabalho que a brasileira Ir. Marinês Biasibetti realiza em Moçambique, em parceria com a Conferência Episcopal. Em entrevista ao Programa Brasileiro, a scalabriniana afirma que o tráfico em Moçambique está relacionado com a migração e fala de uma realidade típica da região: o tráfico de pessoas com albinismo:

Ir. Marinês:- Em Moçambique, trabalho na Comissão Episcopal para Migrantes, Refugiados  e Deslocados e consideramos este tema importante, porque com a migração o tráfico está muito relacionado, já que as pessoas vítimas de tráfico normalmente são mulheres, crianças e jovens que estão em situação de movimento e são as principais vítimas. É uma realidade muito triste. Além da questão do tráfico de seres humanos, em Moçambique temos também a questão do tráfico, a comercialização de órgãos ou partes do corpo e a perseguição, o rapto de pessoas portadoras de albinismo. Como Comissão, estamos trabalhando no sentido de resgatar a dignidade do ser humano, das pessoas e trabalhamos na área da formação, da sensibilização não só no combate, mas queremos fazer a prevenção.

RV:- De como modo as pessoas portadores de albinismo são vítimas do tráfico?

Ir. Marinês:- Especialmente no norte do país, essas pessoas são raptadas, são levadas para a Tanzânia, para o Malauí, para países que fazem fronteira, porque existem crenças na África, e em Moçambique em particular, de que essas pessoas são portadoras de benefícios, possuem poderes mágicos e não morrem (mas desaparecem). Então seus cabelos, sua pele, são usados justamente para essas crenças mágicas como amuleto, para medicamentos dentro da medicina tradicional. Essas pessoas não podem estudar, os adultos não podem trabalhar, justamente por medo – não somente em vida, mas depois que morrem seus túmulos são profanados.

Ouça aqui a entrevista completa: 

inizio pagina