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Sumario del 19/11/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Mundo

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Atualidades

Papa e Santa Sé



Consistório: Papa exorta a "descer do monte e ser misericordiosos"

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidiu, na manhã deste sábado (19/11), na Basílica Vaticana, ao Consistório Ordinário Público para a Criação de 17 novos Cardeais, provenientes de diversos países, entre os quais o Brasil, na pessoa de Dom Sérgio da Rocha, arcebispo de Brasília (DF). 

Em sua homilia, o Santo Padre partiu da passagem evangélica, chamada “discurso da planície”: depois que Jesus escolheu os Doze apóstolos, pôs-se a caminho e desceu com eles para uma região plana, onde era aguardado por uma grande multidão, queria ouvir suas palavras e ser curada por Ele.

A vocação dos Apóstolos é associada a este “pôr-se a caminho” rumo à planície, para encontrar uma multidão “atormentada”. E o Papa explicou:

«A escolha, ao invés de mantê-los no alto da montanha, levou-os para o meio da multidão, em meio às suas tribulações, ao nível da sua vida. Assim, o Senhor revela, a eles e a nós, que o verdadeiro cume se alcança a partir da planície, que nos lembra que o cume se situa em um horizonte, que se torna um convite especial: ‘Sejam misericordiosos como o Pai é misericordioso’».

Trata-se de um convite, acrescentou Francisco, que é acompanhado de quatro imperativos ou quatro exortações – que o Senhor lhes dirige, para moldar a sua vocação no dia-a-dia. São quatro ações que darão forma, encarnarão e tornarão palpável o caminho do discípulo, como afirmou o Papa:

“Poderíamos dizer que são quatro etapas da mistagogia da misericórdia - iniciação nos mistérios de uma religião -: amar, fazer o bem, abençoar e rezar. Penso que, sobre estes aspetos, que parecem razoáveis, estamos todos de acordo. São quatro ações que facilmente realizamos com os nossos amigos, com as pessoas mais ou menos próximas na estima, nos gostos, nos costumes”.

O problema, diz o Pontífice, surge quando Jesus nos apresenta os destinatários destas ações: “Amem seus inimigos, façam o bem aos que lhes odeiam, abençoem os que lhes amaldiçoam, rezem pelos que lhes caluniam:

“Encontramo-nos diante de uma das caraterísticas mais específicas da mensagem de Jesus, onde se oculta a sua força e o seu segredo e da qual brota a fonte da nossa alegria, a força da nossa missão e o anúncio da Boa Nova. O inimigo é alguém que devo amar”.

O coração de Deus não tem inimigos; Deus tem apenas filhos. Nós erguemos muros, construímos barreiras e classificamos as pessoas. O amor de Deus é fiel, materno e paterno, incondicional, que exige conversão do coração, que tende a julgar, dividir, contrapor e condenar. E Francisco ponderou:

“A nossa época é caraterizada por problemáticas e interrogativos fortes em escala mundial. Vivemos em um tempo em que ressurgem, como uma epidemia nas sociedades, a polarização e a exclusão, como única forma  de se resolver os conflitos, ao invés, se torna uma ameaça e adquire a condição de inimigo”.

O inimigo, para muitos, explicou o Santo Padre, vem de terras distantes, tem outros costumes e cor da pele, língua ou condições sociais diferentes; porque pensa de outro modo ou professa outra fé. Aos poucos, essas diferenças se transformam em hostilidade, ameaça e violência. Quantas feridas por causa desta epidemia de inimizade e violência, desta patologia da indiferença! Quantas situações de precariedade, sofrimento e inimizade entre os povos, existem entre nós, em nossas comunidades, presbitérios e reuniões. E o Papa acrescentou:

“O vírus da polarização e da inimizade permeia em nosso modo de pensar, sentir e agir. Devemos estar atentos para que esta conduta não ocupe o nosso coração, porque vai contra a riqueza e a universalidade da Igreja, que se reflete no Colégio Cardinalício. Viemos de terras distantes, temos costumes, cor da pele, línguas e condições sociais diferentes; pensamos e celebramos a fé com vários ritos. Isso não nos torna inimigos, mas é uma das nossas maiores riquezas”.

O Santo Padre concluiu sua homilia, recordando que Jesus não cessa de “descer do monte” para nos inserir na história e anunciar o Evangelho da Misericórdia. Ele continua a enviar-nos à “planície” dos nossos povos e a dar-lhes a vida e a esperança, sinais de reconciliação.

Como Igreja, disse por fim Francisco aos Cardeais, somos convidados a abrir os nossos olhos para ver as feridas de tantos irmãos e irmãs privados e provados na sua dignidade. Sejam misericordiosos como o Pai!

Ao término da celebração do Consistório Ordinário Público, o Santo Padre e os novos Cardeais, a bordo de dois microônibus, foram visitar o Papa emérito, Bento XVI, no mosteiro Mater Ecclesiae, onde reside nos Jardins do Vaticano. (MT)

Íntegra da homilia do Papa:

Consistório Ordinário Público para a criação de novos Cardeais (Basílica Vaticana, 19 de novembro de 2016)

A passagem do Evangelho que acabamos de ouvir (cf. Lc 6, 27-36) faz parte do que muitos chamam «o discurso da planície». Despois da instituição dos Doze, Jesus desceu com os seus discípulos para um local plano, onde uma multidão estava à sua espera para O escutar e ser curada por Ele. A vocação dos Apóstolos aparece associada com este «pôr-se a caminho» rumo à planície, para encontrar uma multidão que se sentia – como diz o texto do Evangelho – «atormentada» (Lc 6, 18). A escolha deles, em vez de os fazer permanecer lá no alto, no cimo da montanha, leva-os para o seio da multidão, coloca-os no meio das suas tribulações, ao nível da sua vida. Assim o Senhor revela, a eles e a nós, que o verdadeiro cume se alcança na planície, e esta lembra-nos que o cume se situa num horizonte e, especialmente, num convite: «Sede misericordiosos como o vosso Pai é misericordioso» (Lc 6, 36).

Um convite acompanhado por quatro imperativos – poderíamos dizer quatro exortações – que o Senhor lhes dirige, para moldar a sua vocação na existência concreta do dia-a-dia. São quatro ações que darão forma, encarnarão e tornarão palpável o caminho do discípulo. Poderíamos dizer que são quatro etapas da mistagogia da misericórdia: amai, fazei o bem, abençoai e rezai. Penso que, sobre estes aspetos, é possível estarmos todos de acordo, parecendo-nos mesmo razoáveis. São quatro ações que facilmente realizamos com os nossos amigos, com as pessoas mais ou menos chegadas, próximas na estima, nos gostos, nos costumes.

O problema surge quando Jesus nos apresenta os destinatários destas ações, e fá-lo com muita clareza, sem divagações nem eufemismos. Amai os vossos inimigos, fazei bem aos que vos odeiam, abençoai aqueles que vos amaldiçoam, rezai pelos que vos caluniam (cf. Lc 6, 27-28).

Estas ações, não nos vem espontaneamente a vontade de as fazer a pessoas que aparecem a nossos olhos como um adversário, como um inimigo. Ao vê-las, a nossa atitude primária e instintiva é desqualificá-las, desacreditá-las, amaldiçoá-las; em muitos casos, procuramos «demonizá-las» a fim de ter uma justificação «santa» para nos livrarmos delas. Ao contrário Jesus, referindo-Se ao inimigo, a quem te odeia, amaldiçoa ou difama, diz-nos: ama-o, faz-lhe bem, abençoa-o e reza por ele.

Estamos perante uma das caraterísticas mais específicas da mensagem de Jesus, onde se esconde a sua força e o seu segredo; daí dimana a fonte da nossa alegria, a força da nossa missão e o anúncio da Boa Nova. O inimigo é alguém que devo amar. No coração de Deus, não há inimigos; Deus tem apenas filhos. Nós erguemos muros, construímos barreiras e classificamos as pessoas. Deus tem filhos, e não foi para Se livrar deles que os quis. O amor de Deus tem o sabor da fidelidade às pessoas, porque é um amor entranhado, um amor materno/paterno que não as deixa ao abandono, mesmo quando erraram. O nosso Pai não espera pelo momento em que formos bons, para amar o mundo; para nos amar, não espera pelo momento em que formos menos injustos, ou mesmo perfeitos; ama-nos porque escolheu amar-nos, ama-nos porque nos deu o estatuto de filhos. Amou-nos mesmo quando éramos seus inimigos (cf. Rm 5, 10). O amor incondicional do Pai para com todos foi, e é, uma verdadeira exigência de conversão para o nosso pobre coração, que tende a julgar, dividir, contrapor e condenar. Saber que Deus continua a amar mesmo quem O rejeita, é uma fonte ilimitada de confiança e estímulo para a missão. Nenhuma mão, por mais suja que esteja, pode impedir a Deus de colocar nela a Vida que nos deseja oferecer.

A nossa época carateriza-se por problemáticas e interrogativos fortes à escala mundial. Tocou-nos atravessar um tempo em que ressurgem, à maneira duma epidemia nas nossas sociedades, a polarização e a exclusão como única forma possível de resolver os conflitos. Vemos, por exemplo, como rapidamente quem vive ao nosso lado não só possui a condição de desconhecido, imigrante ou refugiado, mas torna-se uma ameaça, adquire a condição de inimigo. Inimigo, porque vem duma terra distante, ou porque tem outros costumes. Inimigo pela cor da sua pele, pela sua língua ou a sua condição social; inimigo, porque pensa de maneira diferente e mesmo porque tem outra fé. Inimigo, porque... E, sem nos darmos conta, esta lógica instala-se no nosso modo de viver, agir e proceder. Consequentemente, tudo e todos começam a ter sabor de inimizade. Pouco a pouco as diferenças transformam-se em sintomas de hostilidade, ameaça e violência. Quantas feridas se alargam devido a esta epidemia de inimizade e violência, que se imprime na carne de muitos que não têm voz, porque o seu clamor foi esmorecendo até ficar reduzido ao silêncio por causa desta patologia da indiferença! Quantas situações de precariedade e sofrimento são disseminadas através deste crescimento da inimizade entre os povos, entre nós! Sim, entre nós, dentro das nossas comunidades, dos nossos presbitérios, das nossas reuniões. O vírus da polarização e da inimizade permeia as nossas maneiras de pensar, sentir e agir. Não sendo imunes a isto, devemos estar atentos para que tal conduta não ocupe o nosso coração, pois iria contra a riqueza e a universalidade da Igreja que podemos constatar palpavelmente neste Colégio Cardinalício. Vimos de terras distantes, temos costumes, cor da pele, línguas e condições sociais distintas; pensamos de forma diferente e também celebramos a fé com vários ritos. E nada de tudo isto nos torna inimigos; pelo contrário, é uma das nossas maiores riquezas.

Amados irmãos, Jesus não cessa de «descer do monte», não cessa de querer inserir-nos na encruzilhada da nossa história para anunciarmos o Evangelho da Misericórdia. Jesus continua a chamar-nos e a enviar-nos à «planície» dos nossos povos, continua a convidar-nos a gastar a nossa vida apoiando a esperança do nosso povo, como sinais de reconciliação. Como Igreja, continuamos a ser convidados a abrir os nossos olhos para vermos as feridas de tantos irmãos e irmãs privados da sua dignidade, provados na sua dignidade.

Amado irmão neo-cardeal, o caminho para o céu começa na planície, no dia-a-dia da vida repartida e compartilhada, duma vida gasta e doada: na doação diária e silenciosa do que somos. O nosso cume é esta qualidade do amor; a nossa meta e aspiração é procurar na planície da vida, juntamente com o povo de Deus, transformar-nos em pessoas capazes de perdão e reconciliação.

Amado irmão, aquilo que hoje se te pede é que guardes no teu coração e no coração da Igreja este convite a ser misericordioso como o Pai, sabendo que «se alguma coisa nos deve santamente inquietar e preocupar a nossa consciência é que haja tantos irmãos nossos que vivem sem a força, a luz e a consolação da amizade com Jesus Cristo, sem uma comunidade de fé que os acolha, sem um horizonte de sentido e de vida» (Exort. ap. Evangelii gaudium, 49).

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Papa à Rota Romana: responder ao grito de ajuda de quem procura a verdade

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco encontrou-se nesta, sexta-feira (18/11), com os bispos que participam do Curso de formação sobre o processo matrimonial, organizado pelo Tribunal da Rota Romana, que se conclui neste sábado (19/11).

“Fidelidade ao anúncio do Evangelho”, mas também capacidade de “atualizar a mensagem de Jesus” para responder de maneira concreta e não decorativa às necessidades e perguntas do homem de hoje. Assim, o Papa encontrando os bispos, recorda o objetivo de toda ação pastoral.

O Santo Padre exortou os prelados a confiarem na “assistência indefectível do Espírito Santo, que conduz invisivelmente, mas realmente a Igreja”. “Rezemos para que ajude vocês e também o Sucessor de Pedro a responder, com disponibilidade e humildade, ao grito de ajuda de muitos de nossos irmãos e irmãs que precisam saber a verdade sobre o seu matrimônio e sobre o caminho de sua vida”, disse Francisco.

O Papa sublinhou que “a Igreja é mãe que acolhe e ama todos. Que se encarna nos acontecimentos tristes das pessoas, se inclina sobre os pobres, os distantes e sobre os que se consideram excluídos da comunidade eclesial por causa de seu falimento conjugal”. “Nenhum desses irmãos feridos deve ser considerado estranho ao Corpo de Cristo, que é a Igreja. Somos chamados a não excluí-los de nosso anseio pastoral,  mas a nos dedicar a eles e sua situação irregular e sofrida, com solicitude e caridade”.

Segundo Francisco, as questões econômicas e organizacionais “não podem constituir um obstáculo para a verificação canônica sobre a validade de um matrimônio”.

“Na ótica de uma relação saudável entre justiça e caridade”, disse o Papa, os Tribunais Eclesiásticos não podem prescindir da “lei suprema da Igreja”, o princípio fundamental: “a salvação das almas”. “Este deve ser o objetivo do Código de Direito Canônico, a palavra final que supera o próprio direito, indicando o horizonte da misericórdia”, concluiu.

(MJ)

 

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Igreja no Mundo



Beatificação do Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus em Avinhão

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Avinhão (RV) – O Cardeal Angelo Amato, Prefeito da Congregação das Causas dos Santos, preside neste sábado (19/11), em nome do Papa, em Avinhão, França, à celebração Eucarística de Beatificação do Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus, no civil, Henrique Grialou.

Frei Maria-Eugênio, sacerdote professo da Ordem dos Carmelitas Descalços foi o Fundador do Instituto Secular Nossa Senhora da Vida.

Henrique Grialou nasceu em 1894, em Aveyron, França. Depois da I Guerra Mundial, sentiu a poderosa proteção de Santa Teresinha do Menino Jesus, estudou no seminário, dando testemunho de uma profunda vida espiritual.

Vida Carmelita

A descoberta dos escritos de São João da Cruz revelou-lhe sua vocação ao Carmelo. Assim, entrou para esta Ordem em 1922, logo após a sua ordenação sacerdotal, onde recebeu o nome de Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus.

Imbuído pela graça de Deus e pelo espírito mariano do Carmelo, o Frei Maria-Eugênio serviu com devoção e dedicação a Igreja e a sua Ordem, desempenhando cargos de grande responsabilidade na França e em Roma.

Dedicou-se plenamente à difusão do espírito e da doutrina do Carmelo, desejando que fossem vividos na vida cotidiana, numa harmoniosa união de ação e contemplação.

O ensinamento dos mestres do Carmelo – Santa Teresa d’Ávila, São João da Cruz e Santa Teresinha – iluminou sua experiência de contemplativo e apóstolo e culminou na redação do livro “Quero ver a Deus”.

Fundação do Instituto

Em 1932, com a colaboração de Maria Pila, fundou o Instituto “Nossa Senhora da Vida” na cidade francesa de Venasque, em um antigo santuário mariano. Este Instituto secular de leigos e leigas consagrados e sacerdotes, coloca em prática o ideal do Frei Maria-Eugênio de uma vida de ação e contemplação, tão unidas que a contemplação estimula a ação e a ação estimula a contemplação, a ponto de dar testemunho do Deus vivo ao mundo.

Como sacerdote e diretor espiritual, conduziu incansavelmente seus irmãos no caminho da confiança e do amor, certo de que a misericórdia divina é derramada sempre e abundantemente!

Toda a vida do Frei Maria-Eugênio foi marcada por uma poderosa influência do Espírito Santo e da Virgem Maria. Com fidelidade ao seu amor, faleceu em 27 de março de 1967, segunda-feira de Páscoa, dia em que ele fazia questão de celebrar a alegria pascal de Maria, Mãe da Vida.

Instituto Nossa Senhora da Vida

A vocação dos leigos consagrados de Nossa Senhora da Vida é caracterizada por quatro aspectos: consagrados a Deus pela profissão dos conselhos evangélicos; leigos em uma vida ordinária no mundo, com uma profissão própria; arraigados no espírito do Carmelo e na vida de oração; participantes da missão da Igreja no mundo e a partir do mundo: indústrias, obras públicas, médico-social, educação, funções públicas e diplomáticas, edições, artesanato.

Os filhos e filhas do Instituto Secular “Nossa Senhora da Vida” atuam e diversos países entre os quais o Brasil. (MT)

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Entrevistas



Cardeal Orani: Consistório mostra a vitalidade da Igreja

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Cidade do Vaticano (RV) - O Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta, encontra-se em Roma para participar do Consistório que se realiza neste sábado (19/11), na Basílica de São Pedro, e do encerramento do Ano Santo da Misericórdia, neste domingo (20/11), Solenidade de Cristo Rei. 

O purpurado visitou a Rádio Vaticano e conversou com Silvonei José.  

“É sempre um momento solene quando o Papa num Consistório público cria novos cardeais, completando o número de cardeais votantes, além de alguns outros mais honorários, mostrando um pouco essa vitalidade da Igreja. O que o Papa Francisco tem feito também de chamar cardeais de todas as partes do mundo, mostra a universalidade da Igreja e quer ouvir a opinião de vários setores e diversos setores da Igreja”, disse o Cardeal Orani.

(MJ/SP)

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Formação



Editorial: Inspiração à caridade

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Cidade do Vaticano (RV) – Conclui-se o Ano da Misericórdia, um Ano Santo Extraordinário que envolveu mais de um bilhão de católicos em todo o mundo, e não somente eles, pois a graça desse Ano foi para todos os homens de boa vontade. A pergunta que nasce é legítima: o que deixa a cada um de nós como legado esse ano convocado pelo Papa Francisco, diante de um momento tão difícil pelo qual passa o nosso país, o nosso mundo? O que ficou dentro de nós passados esses 365 dias, e a questão ainda maior, como vamos nos comportar no futuro? 

Em um mundo em guerra, marcado pela pobreza, pelas migrações em massa, e no nosso país, pelas divisões e crises política e econômica, a misericórdia é um valor do qual temos extrema necessidade. Precisamente à misericórdia foi dedicado o Jubileu Extraordinário: um ano consagrado à remissão dos pecados, à reconciliação. Um tempo especial que a Igreja ofereceu para a conversão de cada um de nós, para a conversão do Povo de Deus e com a possibilidade de obter a indulgência plenária. E isso foi possível graças à peregrinação a uma igreja jubilar, percurso que culminou na passagem pela Porta Santa, ou Porta da Misericórdia.

Foi o primeiro jubileu temático descentralizado da história; o 65º ano jubilar extraordinário, não somente porque não se realizou nos 25 anos canônicos de distância do precedente (o último foi o do ano 2000, convocado por São João Paulo II), mas também porque foi o primeiro Jubileu temático – dedicado à Misericórdia. De fato, com uma decisão inédita, Francisco quis institui-lo em todas as catedrais do mundo. Cada Diocese pôde abrir a sua Porta Santa, ou as suas Portas Santas. Isso significou que para obter a indulgência, os fiéis não tiveram que vir a Roma e passar por uma das Portas Santas abertas nas Basílicas Papais, ou na Porta Santa da Caridade, na Estação Termini, mas sim nas igrejas de suas dioceses.

O Ano Santo começou com a abertura da Porta Santa na catedral de Bangui. Confirmando esse espírito mundial do ano jubilar, Francisco decidiu abrir a primeira Porta Santa não em Roma, mas na capital da República Centro-Africana.

E neste Ano Santo o Papa pensou em todos; nos anciãos, nos jovens, nos adolescentes, nos enfermos, nos encarcerados, nos socialmente excluídos, que puderam se reunir e viver o seu Jubileu em Roma, na Praça São Pedro, junto com Francisco. Os encarcerados e os moradores de rua fecharam o Ano da Misericórdia, com seus respectivos Jubileus. Recordamos que os encarcerados foram convidados a atravessar a porta de sua cela como fosse uma “porta santa”, de renascimento.

Outra originalidade do Jubileu foram os Missionários da Misericórdia que foram enviados às periferias do mundo. Eles foram enviados na Quarta-feira de Cinza entre as pessoas nos lugares de sua cotidianidade com a possibilidade de conceder, a quem pedisse, mesmo diante dos pecados mais graves, inclusive do aborto, o perdão.

Francisco dispôs também que para obter a indulgência fossem realizados gestos de caridade para com os estrangeiros e mais necessitados.

Foram muitos os “grandes eventos” do Jubileu em Roma, mas certamente a grandeza deste Ano Santo foi tocar todas as realidades da Igreja no mundo inteiro. Milhões de pessoas puderam fazer a experiência da Porta Santa, do perdão, da reconciliação e da mudança de vida.

Este Jubileu Extraordinário foi convocado a 50 anos do encerramento do Concílio Ecumênico Vaticano II, o da grande reviravolta, das mudanças, da modernização. A capacidade de dialogar com o mundo e a abertura a cada homem foram os grandes desafios vencidos pelo Vaticano II. Para Francisco este evento eclesial foi o grande divisor de águas na Igreja e o Jubileu, certamente, foi a ocasião para percorrer este pedaço de caminho que ainda deve ser concluído.

Fecha-se o Ano da Misericórdia, fecha-se a Porta Santa da Basílica Vaticana, mas não se fecha o coração misericordioso de Deus. Não se apaga a sua ternura para conosco, pecadores; não cessam de brotar rios de sua graça. Fecha-se o Ano Santo mas nós não podemos fechar nossos corações e não podemos deixar de realizar – pediu tanto Francisco – as nossas obras de misericórdia. Como disse o Papa, - e são também os nossos votos -, que a experiência da Misericórdia de Deus, que vivemos neste Ano Jubilar, permaneça com cada um de nós como inspiração à caridade àqueles que mais necessitam. (Silvonei José)

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Reflexão dominicical: Solenidade de Cristo Rei e Senhor do Universo!

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Cidade do Vaticano (RV) - «O Evangelho da solenidade deste domingo é o das bênçãos e das maldições que estão em Mateus, trecho também conhecido como Juízo Final. 

O texto celebra a vitória da justiça ocorrida na ressurreição de Jesus e no momento em que o Senhor é declarado rei para sempre. A justiça, a verdade e a paz serão eternas.

Depois de uma vida sobre a terra, depois do anúncio feito por Jesus de que Deus é nosso Pai e de que todos os habitantes da terra são irmãos, depois do Mestre ter anunciado a vocação de fraternidade e de ter promulgado as bem-aventuranças, depois do Senhor ter lavado os pés dos discípulos, depois do Redentor ter morrido na cruz e resuscitado, depois do Ressuscitado ter feito o envio de seus apóstolos a anunciarem o Evangelho, pregarem a conversão e o batismo, todos aqueles que responderam sim aos apelos amorosos de Deus, apesar do enfretamento a diversas dificuldades, serão acolhidos na Casa do Pai.

Como podemos apreender da atitude de Jesus, o Homem por excelência, o que conta para ser acolhido na felicidade eterna é e será sempre nossa atitude não apenas de soldariedade, mas de fraternidade, ou seja, um passo a mais no relacionamento com o outro. Ele não é apenas alguém com quem divido o pão, o teto e os sentimentos, mas é alguém que tenho como da mesma família, da mesma origem, a quem estou unido por laços de afeto.

No Livro de Ezequiel, 1ª leitura de hoje, Deus se apresenta como o Pastor, aquele que procura a ovelha perdida, reconduz a extraviada, cura a ferida, fortalece a doente e alimenta todas.

Esse discurso é dirigido aos judeus que estão procurando se recuperar da destruição feita pelo poder babilônico e esse mesmo povo se encontra agora oprimido também por judeus mais espertos que não têm escrúpulos de explorar seus compatriotas. Esse discurso é o alento de Deus aos pobres e aos oprimidos.

No Evangelho, Mateus nos diz que as obras de misericórdia são a resposta que Deus espera de nós em meio a uma situação de desgraças e infelicidades. É com pessoas que as praticam que o Senhor se identifica.

O amor a Deus está intimamente ligado ao amor ao próximo. A verdadeira religião leva ao outro.

A vida de alguém será considerada bem sucedida não pelos filhos que tenha gerado, nem pelos títulos acadêmicos que possa ter obtido, e muito menos pela riqueza que possuir. Uma vida realizada será assim considerada por Deus se a pessoa lutou por um mundo justo e fraterno, se empregou seu tempo, seus conhecimentos, sua saúde para eliminar situações em que seus irmãos se sentiam marginalizados e se não foram nem cúmplices e nem coniventes com as opressões.

Cristo é  Rei e Senhor porque na luta contra o mal venceu a tentação do acúmulo, da abundância e do prestígio».

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para a Solenidade de Cristo, Rei do Universo)

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Árabes e hebreus, povos das tendas

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Dubai (RV*) - Amigas e amigos, recebam uma saudação das Arábias. Já adultos e formados, temos alguma coisa que nos leva às origens de nossa existência e nos conhecemos melhor quem somos. Dá a impressão de que alguns elementos vividos e recebidos constituem um patrimônio pessoal e comunitário que definem nossa identidade. Sem eles seríamos incompletos. 

Assim são os povos. Hebreus e árabes viveram experiências de beduínos muito parecidas e muitas delas idênticas. Em ambos está presente o deserto e a tenda. Devido à necessidade de deslocamentos constantes, as tendas eram portáteis, feitas de pele de cabra e de camelo, resistentes às chuvas e às tempestades de areia.

A Metade da tenda é para as mulheres e as crianças. Nela está a cozinha e a dispensa.  A outra metade, com a abertura, pertence aos homens. Ali ou na frente da tenda, recebem as visitas.

  A tenda do casal de idosos, Abraão e de sua esposa Sara, por ocasião da visita dos três caminhantes, tinha praticamente, as mesmas características. Pela narração, Abraão estava sentado à porta da tenda quando se deparou com três homens à sua frente. Sem delongas organiza a acolhida. Ele entretém as visitas, na metade da frente da tenda, enquanto Sara prepara os alimentos na outra. Indagado sobre a esposa, Abraão informa que ela está na tenda. Apesar de não participar da conversa com os homens, a idosa Sara, afinou o ouvido e ouviu a afirmação que ao retornarem no ano seguinte, ela estaria grávida. Um surto de riso surgiu em Sara e disse: “Será que vou dar à luz agora que sou velha?”.

Outra coisa que chama a atenção é quanto à mudança de lugar das tendas. Qual é a motivação de tantos deslocamentos dos beduínos hebreus e árabes? A primeira delas é necessidade de encontrar alimentos e água, numa região carente dos dois elementos. Contudo, havia as brigas entre os grupos de beduínos, na disputa da mesma região. Basta lembrar que Abraão e seu irmão Ló quase se enfrentaram por causa de terras com pastagens. Abraão, para evitar o conflito, deixou Ló escolher a região que quisesse e ele foi para outro lugar.

Os beduínos, apesar de serem um povo fechado, muito arraigado à tradição, destacam-se pela hospitalidade. Eles chegam a oferecer aos hóspedes mais do que as suas posses permitiriam e até contraem dívidas.

Durante as andanças pela península do Senai, o próprio Deus tinha sua tenda no acampamento do povo. Veio habitar e caminhar com seus beduínos hebreus.

*Missionário Pe. Olmes Milani, para a Rádio Vaticano.

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Atualidades



Imigrantes EUA: abandonados à mercê do sol, fome e parasitas

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San Diego (RV) - Não para a marcha de crianças e famílias imigrantes do México, Guatemala, Honduras e El Salvador rumo ao Estados Unidos, que fogem da violência e pobreza. O alarme foi lançado pela Agência de Controle das Fronteiras dos Estados Unidos (CBP). 

Na nota enviada à Agência Fides lê-se que no confim entre Estados Unidos e México, numa terra de ninguém, onde a temperatura chega a cerca de 50ºC, se encontram centenas de corpos abandonados, muitas vezes só os ossos de pessoas que procuravam encontrar um lugar onde viver com dignidade e enviar aos familiares algo para saciar a fome. 

A CBP mantém o alerta alto: “Foi uma estação muito quente e as temperaturas não caíram”, refere a nota. Ao mesmo tempo, o número de crianças que são presas na fronteira está alcançando o da crise humanitária de 2014. Nós últimos três anos o confim entre Texas e México foi invadido por uma onda de crianças imigrantes e famílias centro-americanas sem precedentes. Elas fogem de seus respectivos países de origem, principalmente El Salvador, Guatemala e Honduras para pedir asilo aos Estados Unidos. 

(MJ)

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Celebração anual do "Dia de oração e ação pelas Crianças”

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Nova Iorque (RV) – Por ocasião da Convenção da ONU sobre os Direitos da Infância e da Adolescência, instituída em 20 de novembro de 1989, da qual teve origem o Unicef, celebra-se, todos os anos um dia especial de “Oração e ação pelas Crianças”.

O Fundo das Nações Unidas para a Infância (UNICEF) é um órgão das Nações Unidas que tem como objetivo promover a defesa dos direitos das crianças, ajudar a dar resposta às suas necessidades e contribuir para o seu desenvolvimento.

O Dia Mundial de Oração e Ação pelas Crianças, que se celebra neste domingo (20/11), congrega as diferentes organizações das Igrejas e Religiões para rezar pelas crianças e com as crianças e comprometer-se com ações para que "cada criança possa celebrar com alegria o seu próprio infinito potencial no mundo: brincar, rir, amar, meditar e rezar, o potencial de mudar o mundo.

Com efeito, o dia 20 de novembro significa um momento de união de todos que impulsione "orações e ações em todo o mundo para que as crianças tenham vida, muita vida e dignidade".

Unicef no Brasil

Desde 1950, o Unicef trabalha no Brasil em parceria com governos municipais, estaduais e federal, sociedade civil, grupos religiosos, media, sector privado e organizações internacionais, incluindo outras agências das Nações Unidas, para defender os direitos de meninas e meninos brasileiros.

O Unicef atua na articulação, no monitoramento e avaliação e na promoção de políticas na área da infância e da adolescência.Seu objetivo é garantir a cada criança e adolescente os seus direitos a sobreviver e se desenvolver; aprender; proteger e ser protegido do HIV/aids; crescer sem violência; ser prioridade absoluta nas políticas públicas.

A garantia desses direitos tem a ver com o reconhecimento de que alguns grupos de crianças e adolescentes estão mais vulneráveis à violência, à exploração e a várias situações de risco. Por isso, os direitos devem ser entendidos a partir de dois temas transversais fundamentais na universalização dos direitos: a promoção da equidade de raça/etnia e de gênero e a participação das próprias crianças e adolescentes nas decisões que afetam sua vida, sua família e sua comunidade.

Áreas regionais

Os esforços para a garantia dos direitos da criança também devem ser entendidos a partir das históricas disparidades regionais. Desse modo, para universalizar os direitos, é preciso centrar foco em algumas áreas geográficas do Brasil:

• o Semiárido brasileiro, onde se encontram os piores indicadores sociais e onde 70% dos 13 milhões de crianças e adolescentes vivem na pobreza;

• a Amazônia, onde vivem 9 milhões de crianças e adolescentes de considerável diversidade étnica e social, vivendo esparsamente em enormes áreas onde o desenvolvimento econômico, social e institucional é precário;

• as comunidades populares dos grandes centros urbanos do País, onde prevalecem altos tipos de violência contra crianças e adolescentes. (MT/Unicef)

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