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Sumario del 09/12/2016

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Papa aos sacerdotes: ser mediadores e não intermediários

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Cidade do Vaticano (RV) – Que os sacerdotes sejam mediadores do amor de Deus, não intermediários que pensam somente no próprio interesse. Esta foi a advertência do Papa Francisco na homilia da missa celebrada na manhã desta sexta-feira (09/12), na Capela da Santa Marta, toda ela centrada nas tentações que podem colocar em risco o serviço dos sacerdotes. 

O Papa chamou a atenção dos “rígidos” que fazem os fiéis carregar coisas que nem eles carregam. Mais ainda: denunciou a tentação da mundanidade que transforma o sacerdote em um funcionário e o leva a parecer “ridículo”.

São como crianças às quais se oferece uma coisa e não lhes agrada. Oferece a elas o contrário, também não está bem. O Papa inspirou-se nas palavras de Jesus que, no Evangelho do dia, sublinham a insatisfação do povo, sempre insatisfeito.

Também hoje – observou imediatamente o Pontífice – “existem cristãos insatisfeitos – tantos – que não conseguem entender o que o Senhor nos ensinou, não conseguem entender o cerne da revelação do Evangelho”.

Então, concentrou-se nos padres “insatisfeitos” que – advertiu – “fazem tanto mal”. Vivem insatisfeitos, buscam sempre novos projetos, “porque o coração deles está afastado da lógica de Jesus” e por isto “se lamentam ou vivem tristes”.

Não ao sacerdotes intermediários, sim aos sacerdotes mediadores

A lógica de Jesus – retomou o Papa – deveria, ao invés disto , dar “plena satisfação” a um sacerdote. “É a lógica do mediador”. “Jesus – sublinhou  Francisco – é o mediador entre Deus e nós. E nós devemos seguir por este caminho de mediadores”, “não como a outra figura que assemelha tanto, mas não é a mesma: intermediários”.

O intermediário, de fato, “faz o seu trabalho e recebe o pagamento”, “ele nunca perde”. O mediador é totalmente diferente disto:

“O mediador perde a si mesmo para unir as partes, dá a vida, a si mesmo, e o preço é aquele: a própria vida, paga com a própria vida, o próprio cansaço, o próprio trabalho, tantas coisas, mas – neste caso o pároco – para unir o rebanho, para unir as pessoas, para levá-las a Jesus. A lógica de Jesus como mediador é a lógica de aniquilar a si mesmo. São Paulo na Carta aos Filipenses é claro sobre isto: “Aniquilou a si mesmo, esvaziou a si mesmo”, mas para fazer esta união, até a morte, morte de cruz. Esta é a lógica: esvaziar-se, aniquilar-se”.

O sacerdote autêntico – acrescentou o Santo Padre – “é um mediador muito próximo ao seu povo”. O intermediário – pelo contrário – faz o seu trabalho mas depois pega outro, “sempre como funcionário”, “não sabe o que significa sujar as mãos” em meio à realidade.

E é por isto – reiterou o Santo Padre – que quando “o sacerdote muda de mediador a intermediário não é feliz, é triste”. E busca um pouco de felicidade no “mostrar-se, no fazer sentir a sua autoridade”.

A rigidez afasta as pessoas que buscam consolação

Aos intermediários de seu tempo – acrescentou – “Jesus dizia que lhes agradava passear pelas praças”, para mostrarem-se e serem honrados:

“Mas para fazerem-se importantes, os sacerdotes intermediários seguem pelo caminho da rigidez: tantas vezes, separados das pessoas, não sabem o que é a dor humana;  perdem aquilo que haviam aprendido em suas casas, com o trabalho do pai, da mãe, do avô, da avó, dos irmãos... Perdem estas coisas. São rígidos, aqueles rígidos que largam sobre os fieis tantas coisas que eles não carregam, como dizia Jesus aos intermediários de seu tempo. A rigidez. Chicote em mãos com o povo de Deus: “Isto não pode, isto não pode...”. E tantas pessoas que se aproximam buscando um pouco de consolação, um pouco de compreensão, acabam expulsas com esta rigidez”.

Quando sacerdote rígido e mundano tornar-se um funcionário, cai no ridículo

Todavia – advertiu o Pontífice – a rigidez “não pode se manter por muito tempo, totalmente. E fundamentalmente é esquizoide: parecerás rígido, mas dentro serás um desastre”. E com a rigidez, a mundanidade. “Um sacerdote mundano, rígido – disse Francisco – é um insatisfeito porque pegou o caminho errado”:

“Sobre rigidez e mundanidade, aconteceu há algum tempo, que veio a mim um Monsenhor idoso da Cúria, que trabalha, um homem normal, enamorado de Jesus e me contou que havia ido ao ‘Euroclero’ comprar um par de camisas e viu diante de um espelho um jovem – ele pensa que talvez tivesse uns 25 anos, o padre jovem ou (que estava) para tornar-se padre – diante do espelho, com uma manta, grande, larga, com veludo, a corrente de prata e se olhava. E depois pegou o chapéu romano, o colocou e olhava. Um rígido mundano. E o sacerdote - é sábio o Monsenhor, muito sábio – conseguiu superar a dor, com uma história de saudável humorismo e acrescentou: “E depois se diz que a Igreja não permite o sacerdócio às mulheres!”. De forma que o trabalho que faz o sacerdote quando torna-se um funcionário, cai no ridículo”.

Um bom sacerdote se reconhece se sabe brincar com uma criança

“No exame de consciência – disse a seguir o Papa – considerem isto: hoje fui funcionário ou mediador? Guardei a mim mesmo, busquei a mim mesmo, a minha comodidade, a minha organização ou deixei que o dia seguisse a serviço dos outros?”.

Uma vez – contou Francisco – uma pessoa me dizia “que ele reconhecia os sacerdotes pelo comportamento com as crianças: se sabem fazer carinho numa criança, sorrir para uma criança, brincar com uma criança...É interessante isto porque significa que sabem abaixar-se, aproximar-se das pequenas coisas”.

Pelo contrário – observou – “o intermediário é triste, sempre com aquela cara triste ou muito séria, rosto sisudo. O intermediário tem olhar sisudo, muito sisudo! O mediador – retomou – é aberto: o sorriso, a acolhida, a compreensão, os carinhos”.

Policarpo, São Francisco Xavier, São Paulo: três ícones de sacerdotes mediadores

Na parte final da homilia, o Papa propôs três “ícones” de sacerdotes mediadores e não intermediários”. O primeiro é o “grande” Policarpo que “não negocia a sua vocação e vai com coragem à pira e quando o fogo o cerca, os fieis que estavam ali sentiram odor de pão”. “Assim – disse Francisco – acaba um mediador: como um pedaço de pão para os seus fieis”.

O outro ícone é São Francisco Xavier, que morre jovem na praia de San-cian, “olhando para a China” onde queria ir mas não o poderá, porque o Senhor o leva para Si.

E depois o último ícone: o idoso São Paulo nas Três Fontes. “Aquela manhã, bem cedo – recordou – os soldados foram até ele, o pegaram e ele caminhava encurvado”. Sabia muito bem que isto acontecia pela traição de alguns dentro da comunidade cristã, mas ele lutou tanto, tanto na sua vida, que se oferece ao Senhor como um sacrifício”.

“Três ícones – concluiu – que podem nos ajudar. Olhemos nisto: como quero acabar a minha vida de sacerdote? Como funcionário, como intermediário ou como mediador, isto é, na cruz?”.

(JE)

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2ª Pregação do Advento: “O Espírito Santo e o discernimento"

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa iniciou suas atividades, na manhã desta sexta-feira (09/12), participando, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, da segunda pregação do Advento do Frei Raniero Cantalamessa, que continuou suas reflexões sobre o tema: “Bebamos, sóbrios, a embriaguez do Espírito”. 

Em sua segunda meditação, em preparação ao Santo Natal, o Pregador oficial da Casa Pontifícia refletiu sobre “O Espírito Santo e o carisma do discernimento”, em continuação do tema da obra do Espírito Santo na vida do cristão: "discernimento dos espíritos".

Originalmente, este termo tem um significado muito específico: indica o dom que permite distinguir, entre as palavras inspiradas ou proféticas, pronunciadas durante uma assembleia, as que vêm do Espírito de Cristo das que vêm de outros espíritos, ou seja, do espírito do homem, do espírito demoníaco ou do espírito do mundo.

Desta maneira, o Frei Capuchinho aprofundou esta temática, dividindo-a em três partes: “O discernimento na vida eclesial, o discernimento na vida pessoal e deixar-se guiar pelo Espírito Santo”.

Devemos ter confiança na capacidade do Espírito, disse Cantalamessa, recordando que “todas as vezes que os pastores das Igrejas cristãs, em nível local ou universal, se reúnem para fazer discernimento ou tomar decisões importantes, deveriam ter no coração a confiante certeza da presença do Espírito Santo”.

O “discernimento na vida pessoal” ou das próprias inspirações. Por meio do dom ou do conselho, o Espírito Santo ajuda a avaliar as situações e orientar as escolhas, não apenas com base em critérios de sabedoria e prudência humanas, mas também à luz dos princípios sobrenaturais da fé.

O perigo de algumas formas modernas de entender e praticar o discernimento é enfatizar os aspectos psicológicos, esquecendo que o agente principal de todo discernimento é o Espírito Santo. O discernimento não é uma arte ou uma técnica, mas um carisma, um dom do Espírito!

Além da escuta da Palavra, a prática mais comum para exercer o discernimento em nível pessoal é o exame de consciência, que não deveria ser limitado somente à preparação da confissão, mas tornar-se uma capacidade constante de colocar-se sob a luz de Deus e deixar-se “perscrutar” no íntimo por ele.

Enfim, “deixar-se guiar pelo Espírito Santo” deve ser uma decisão renovada de confiarmos na orientação interior do Espírito Santo, como por uma espécie de "direção espiritual". O próprio Jesus nunca fez nada sem o Espírito Santo: ao retornar do deserto, mediante o poder do Espírito Santo, começou a sua pregação, escolheu os seus apóstolos e se ofereceu ao Pai.

Padre Raniero Cantalamessa concluiu sua reflexão pedindo ao Paráclito para dirigir a nossa mente e toda a nossa vida! (MT)

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2ª Pregação do Advento: texto integral

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Cidade do Vaticano (RV) – “O Espírito Santo e o carisma do discernimento” foi o tema da segunda pregação do Advento ao Papa e à Cúria, do Pregador da Casa Pontifícia Raniero Cantalamessa.

O Espírito Santo e o carisma do discernimento

Continuamos as nossas reflexões sobre a obra do Espírito Santo na vida do cristão. São Paulo menciona um carisma particular chamado de "discernimento dos espíritos" (1 Cor 12, 10). Originalmente, este termo tem um significado muito específico: indica o dom que permite distinguir, entre as palavras inspiradas ou proféticas pronunciadas durante uma assembleia, aquelas que vêm do Espírito de Cristo daquelas que vêm de outros espíritos, a saber, ou do espírito do homem, ou do espírito demoníaco, ou do espírito do mundo.

Também para o evangelista João este é o sentido fundamental. O discernimento consiste em "colocar à prova as inspirações a fim de testar se provêm realmente de Deus" (1 Jo 4,1-6). Para Paulo, o critério fundamental do discernimento é a confissão de Cristo como "Senhor" (1 Cor 12, 3); Para João é a confissão de que Jesus "veio na carne", ou seja, a encarnação. Já com ele o discernimento começa a ser usado em função teológica, como critério para discernir as verdadeiras das falsas doutrinas, a ortodoxia da heresia, o que será fundamental mais tarde.

1. O discernimento na vida eclesial

Existem dois campos nos quais se deve exercer esse dom do discernimento da voz do Espírito: o eclesial e o pessoal. No campo eclesial, o discernimento dos espíritos é exercido com autoridade pelo magistério, mas deve levar em conta, entre outros critérios, também o "senso dos fiéis", o "sensus fidelium".

Quero me concentrar em um ponto em particular, que pode ser útil na discussão atual na Igreja sobre alguns problemas particulares. Trata-se do discernimento dos sinais dos tempos. O concílio declarou:

"É dever permanente da Igreja perscrutar os sinais dos tempos e de interpreta-los à luz do Evangelho, de modo que em uma linguagem inteligível para cada geração, possa responder às questões perenes que os homens se fazem sobre o sentido desta vida presente e futura e sobre sua relação mútua "

É claro que, se a Igreja deve perscrutar os sinais dos tempos à luz do Evangelho, não é para aplicar aos "tempos", ou seja, às situações e aos novos problemas que surgem na sociedade, os remédios e as regras de sempre, mas sim para dar novas respostas a eles, “adequadas para cada geração", como diz o texto do concílio que acabamos de citar. A dificuldade encontrada neste caminho - e que deve ser tomada com toda a sua seriedade - é o medo de comprometer a autoridade do magistério, reconhecendo as mudanças em seus pronunciamentos.

Há uma consideração que pode ajudar, eu acho, a superar, em espírito de comunhão, esta dificuldade. A infalibilidade que a Igreja e o Papa reivindicam para si, não é certamente de grau superior à que se atribui à própria Escritura revelada. Bom, a inerrância bíblica garante que o Escritor sagrado expressa a verdade no modo e no grau em que ela podia ser expressada no momento em que escreve. Vemos que muitas verdades são formadas lentamente e gradualmente, como a da vida após a morte e da vida eterna. Também no âmbito moral, muitos usos e leis anteriores são, em seguida, abandonados para dar lugar a leis e critérios mais correspondentes ao espírito da Aliança. Um exemplo entre todos: no Êxodo se afirma que Deus pune os pecados dos pais nos filhos (cf. Ex 34, 7), mas Jeremias e Ezequiel dirão o contrário, ou seja, que Deus não pune os pecados dos pais nos filhos, mas que cada um deverá responder pelas próprias ações (cf. Jer 31, 29-30; Ez 18,1ss).

No Antigo Testamento, o critério pelo qual são superadas as prescrições anteriores é o de uma melhor compreensão do espírito da Aliança e da Torá; na Igreja o critério é o de uma contínua releitura do Evangelho à luz das novas questões. "Scriptura cum legentibus crescit", dizia São Gregório Magno: A Escritura cresce com aqueles que a leem .

Agora sabemos que a regra constante da ação de Jesus no Evangelho, em termos de moralidade, é resumida em poucas palavras: "Não ao pecado, sim ao pecador”. Ninguém é mais severo do que ele para condenar a riqueza injusta, mas se auto-convida para a casa de Zaqueu e com a sua simples aproximação muda-lhe a vida. Condena o adultério, até mesmo o do coração, mas perdoa a adúltera e lhe dá de novo a esperança; reafirma a indissolubilidade do matrimônio, mas conversa com a Samaritana que havia tido cinco maridos e lhe revela o segredo que não havia dito a ninguém mais, de forma tão explícita: "Este sou eu (o Messias) que vos fala" (Jo 4 , 26).

Se nos perguntarmos como se justifica teologicamente uma distinção tão clara entre pecado e pecador, a resposta é simples: o pecador é uma criatura de Deus, feita à sua imagem, e preserva a própria dignidade, apesar de todas as aberrações; o pecado não é obra de Deus, não vem Dele, mas do inimigo. É a mesma razão pela qual Cristo se tornou "semelhante a nós em tudo, exceto no pecado" (Hb 4, 15).

Um fator importante para cumprir esta tarefa de discernir os sinais dos tempos é a colegialidade dos bispos. Diz um texto da Lumen Gentium, que essa colegialidade permite "decidir em comum todas as questões mais importantes, por meio de uma decisão que a opinião do conjunto permite equilibrar ". O exercício efetivo da colegialidade traz como consequência o discernimento e à solução dos problemas a variedade das situações locais e dos pontos de vista, as luzes e os vários dons, dos quais cada Igreja e cada bispo é um portador.

Temos um claro exemplo disso precisamente no primeiro “concílio” da Igreja, o de Jerusalém. Lá se deu amplo espaço aos dois pontos de vista em contraste, o dos judaizantes e o dos favoráveis à abertura aos pagãos; houve uma “discussão acalorada”, mas, no fim isso lhes permitiu anunciar as decisões com aquela extraordinária fórmula: “Decidimos, o Espírito Santo e nós, ... (Atos 15, 6ss).

Percebe-se disso como o Espírito guia a Igreja de duas maneiras diferentes: às vezes diretamente e carismaticamente, através da revelação e inspiração proféticas; outras vezes, colegialmente, através do paciente e difícil confronto, e até mesmo o acordo, entre as partes e os diferentes pontos de vista. O discurso de Pedro no dia de Pentecostes e na casa de Cornélio é muito diferente daquele feito depois, para justificar a sua decisão diante dos anciãos (cf. Atos 11, 4-18; 15, 14); o primeiro é do tipo carismático, o segundo é do tipo colegial.

Devemos, portanto, ter confiança na capacidade do Espírito para realizar, no final, o acordo, embora às vezes pareça que todo o processo esteja saindo do controle. Toda vez que os pastores das Igrejas cristãs, a nível local ou universal, se reúnem para fazer discernimento ou tomar decisões importantes, deveria haver no coração de cada um a confiante certeza de que o Veni Creator está contido nos nossos dois versos: Ductore sic te praevio – vitemus omne noxium, “contigo, que es nosso guia, evitaremos todo mal”.

2. O discernimento na vida pessoal

Passemos agora para o discernimento na vida pessoal. Como carisma aplicado aos indivíduos, o discernimento dos espíritos sofreu uma notável evolução ao longo dos séculos. No início, vimos, o dom se destinava a discernir as inspirações dos outros, daqueles que tinham falado ou profetizado na assembleia; mais tarde, serviu especialmente para discernir as próprias inspirações.

A evolução não é arbitrária; trata-se, de fato, do mesmo dom, embora aplicado a objetos diferentes. Grande parte do que os autores espirituais escreveram sobre o “dom do conselho”, aplica-se também ao carisma do discernimento. Por meio do dom, ou carisma, do conselho, o Espírito Santo ajuda a avaliar as situações e orientar as escolhas, não apenas com base em critérios de sabedoria e prudência humanas, mas também à luz dos princípios sobrenaturais da fé.

O primeiro e fundamental discernimento dos espíritos é o que nos permite distinguir "o Espírito de Deus" do "espírito do mundo" (cf. 1 Cor 2, 12). São Paulo dá um critério objetivo de discernimento, o mesmo que havia dado Jesus: aquele dos frutos. As “obras da carne” revelam que um certo desejo vem do homem velho pecaminoso; “os frutos do Espírito” revelam que vem do Espírito (cf. Gl 5, 19-22).

"De fato, a carne tem desejos contrários ao Espírito e o Espírito tem desejos contrários à carne” (Gl 5, 17).

Às vezes este critério objetivo não é suficiente, porque a escolha não é entre o bem e o mal, mas entre um bem e outro bem e trata-se de ver o que Deus quer, em uma circunstância específica. Foi especialmente para responder a esta exigência que Santo Inácio de Loyola desenvolveu a sua doutrina do discernimento. Ele convida a olhar especialmente uma coisa: as próprias disposições interiores, as intenções (os “espíritos”) que estão por trás de uma escolha específica. Assim ele se coloca em uma tradição já estabelecida. Um autor medieval escreveu:

"Quem pode examinar as inspirações, se provêm de Deus, se não lhe foi dado por Deus o seu discernimento, para assim poder examinar exatamente e com reto juízo os pensamentos, as disposições, as intenções do espírito? O discernimento é como a mãe de todas as virtudes e é necessário para todos na tarefa de guiar a vida, tanto a própria quanto a dos outros... Este é, portanto, o discernimento: a união do reto juízo e da virtuosa intenção ”.

Santo Inácio sugeriu alguns meios práticos para aplicar esses critérios . Um deles é este. Quando nos deparamos diante de duas possíveis escolhas, é útil debruçar-se primeiro sobre uma, como se fosse segui-la, permanecer em tal estado por um dia ou mais; portanto, avaliar as reações do coração diante de tal escolha: se dá paz, se harmoniza com o resto das outras escolhas; se algo dentro de você te incentiva naquela direção, ou, pelo contrário, se a coisa causa uma inquietação. Repetir o processo com a segunda hipótese. Tudo em uma atmosfera de oração, de abandono à vontade de Deus, de abertura ao Espírito Santo.

Na base do discernimento em Santo Inácio de Loyola, está a doutrina da "santa indiferença ". Ela consiste em colocar-se em um estado de total disponibilidade para acolher a vontade de Deus, renunciando, de partida, toda preferência pessoal, como uma balança pronta para inclinar-se para o lado de maior peso. A experiência da paz interior se torna, assim, o principal critério em todo discernimento. Deve-se ver como vontade de Deus a escolha que, depois de longa ponderação e oração, vem acompanhada por maior paz do coração.

Basicamente, trata-se de colocar em prática o velho conselho que o sogro Jetro deu a Moisés: "apresentar os assuntos a Deus" e esperar em oração a sua resposta (cf. Ex 18, 19). Uma habitual disposição de fundo para fazer, em qualquer caso, a vontade de Deus, é a condição mais favorável para um bom discernimento. Jesus dizia: "O meu julgamento é justo, porque não busco a minha vontade, mas a vontade daquele que me enviou" (Jo 5, 30).

O perigo de algumas formas modernas de entender e praticar o discernimento é de enfatizar de tal forma os aspectos psicológicos, que se esquece o agente primário de todo o discernimento que é o Espírito Santo. O evangelista João vê como o fator decisivo no discernimento "a unção que vem do Santo" (1 Jo 2, 20). Tammbém Santo Inácio recorda ainda que em certos casos é apenas a unção do Espírito Santo que nos permite discernir o que é para ser feito . Há uma profunda razão teológica disso. O próprio Espírito Santo é a vontade substancial de Deus e quando entra em uma alma "se manifesta como a própria vontade de Deus para aquele no qual se encontra ”.

O discernimento não é, no fundo, nem uma arte, nem uma técnica, mas um carisma, ou seja, um dom do Espírito! Os aspectos psicológicos têm uma grande importância, mas “secundária”, ou seja, estão em segundo lugar. Um Padre antigo escrevia:

"Purificar o intelecto é coisa só do Espírito Santo... Deve-se, portanto, com todos os meios, especialmente com a paz da alma, fazer ‘repousar’ sobre nós o Espírito Santo, para ter conosco, sempre acesa, a lâmpada do conhecimento. Se ela brilha sem interrupção nos descansos da alma, não só os mesquinhos e tenebrosos assaltos dos demônios se tornam claros para o intelecto, como também ficam totalmente desprovidos de força, expostos, como são, por aquela santa e gloriosa luz. Por isso o Apóstolo diz: Não apaguem o Espírito (1 Ts 5, 19) .

Normalmente, o Espírito Santo não difunde esta luz na alma de maneira milagrosa e extraordinária, mas de forma muito simples, através da palavra da Escritura. Os mais importantes discernimentos da história da Igreja aconteceram assim. Foi ouvindo a palavra do evangelho: “Se queres ser perfeito...”, que Antônio compreendeu o que devia fazer e começou o monaquismo.

Foi da mesma forma que Francisco de Assis recebeu a luz para começar o seu movimento de retorno ao evangelho. "Depois que o Senhor me deu alguns frades - escreve em seu Testamento - ninguém me mostrava o que eu deveria fazer, mas o próprio Altíssimo me revelou que eu devia viver de acordo com a forma do santo evangelho”. Revelou-lhe ouvindo, durante uma Missa, a passagem evangélica na qual Jesus disse aos discípulos para irem ao mundo “sem levar nada para a viagem: nem bordão, nem alforje, nem pão, nem dinheiro, nem duas túnicas" (cf. Lc 9 , 3) .

Eu próprio me lembro de um pequeno caso do gênero. Um homem veio a mim durante uma missão, apresentando-me o seu problema. Tinha um menino de 11 anos ainda sem batizar. “Se eu batizá-lo, disse ele, começarei um drama na família, porque minha mulher virou testemunha de Jeová e não quer ouvir falar de batizá-lo na Igreja; se não o batizo, não me sinto tranquilo na consciência, porque quando nos casamos os dois éramos católicos e prometemos batizar os nossos filhos”. Um caso clássico de discernimento. Eu disse-lhe para voltar no dia seguinte, para me dar tempo de orar e refletir. No dia seguinte vejo-o vir ao meu encontro radiante e disse-me: “Encontrei a solução, padre. Li na minha Bíblia o episódio de Abraão e vi que quando Abraão levou o seu filho para sacrificar, não disse nada à sua mulher!” A palavra de Deus o havia iluminado melhor do que qualquer conselheiro humano. Eu próprio batizei o menino e foi uma grande alegria para todos.

Além da escuta da Palavra, a prática mais comum para exercer o discernimento a nível pessoal é o exame de consciência. Este não deveria ser limitado somente à preparação da confissão, mas deveria tornar-se uma capacidade constante de colocar-se sob a luz de Deus e deixar-se “perscrutar” no íntimo por ele. Por causa de um exame de consciência não praticado ou não realizado bem, até a graça da confissão se torna problemática: ou não se sabe o que confessar, ou fica muito carregada de um peso psicológico e pedagógico, ou seja, destinada unicamente ao melhoramento da vida. Um exame de consciência que se reduz só à preparação da confissão consegue identificar alguns pecados, mas não leva a uma relação autêntica, a um face a face com Cristo. Torna-se facilmente uma lista de imperfeições, confessadas para sentir-se melhor, sem aquela atitude de real arrependimento que nos permite experimentar a alegria de ter em Jesus “um tão grande Redentor”.

3. Deixar-se guiar pelo Espírito Santo

O fruto concreto desta meditação deve ser uma decisão renovada de confiar-nos em tudo e por tudo à orientação interior do Espírito Santo, como por uma espécie de "direção espiritual". Está escrito que “quando a nuvem se levantava e deixava a Morada, os israelitas levantavam o acampamento e se a nuvem não se levantava, eles não partiam” (Ex 40, 36-37). Nós, também, não devemos começar nada, se não for o Espírito Santo, (cuja nuvem, segundo os Padres, era figura ), a mover-nos e sem tê-lo consultado antes de qualquer ação.

Temos o exemplo mais luminoso na própria vida de Jesus. Ele nunca empreendeu nada sem o Espírito Santo. Com o Espírito Santo foi para o deserto; com o poder do Espírito Santo voltou e começou a sua pregação; "No Espírito Santo", escolheu os seus apóstolos (cf. At 1,2); no Espírito orou e ofereceu-se ao Pai (cf. Hb 9, 14).

Devemos precaver-nos contra uma tentação: aquela de querer dar conselhos ao Espírito Santo, em vez de recebê-los: "Quem guiou o Espírito do Senhor ou, como seu conselheiro, lhe deu sugestões?" (Is 40,13). O Espírito Santo dirige todos, e não é dirigido por ninguém; guia, não é guiado. Há um modo sutil de sugerir ao Espírito Santo o que deveria fazer conosco e como deveria guiar-nos. Às vezes, muitas vezes, nós tomamos decisões e as atribuímos com facilidade ao Espírito Santo.

Santo Tomás de Aquino fala desta condução interior do Espírito como de uma espécie de “instinto próprios dos justos”: “Como na vida corporal, escreve, o corpo só é movido pela alma que o vivifica, assim na vida espiritual cada movimento nosso deveria vir do Espírito Santo ”. É assim que age a “lei do Espírito”; isso é o que o Apóstolo chama de "deixar-se guiar pelo Espírito” (Gl 5,18).

Devemos abandonar-nos ao Espírito Santo como as cordas da harpa nos dedos daquele que as movem. Como bons atores, manter o ouvido atento à voz do conselheiro escondido, para recitar fielmente a nossa parte na cena da vida. É mais fácil do que se pensa, porque o nosso conselheiro nos fala dentro, nos ensina cada coisa, nos instrui sobre tudo. Basta às vezes um simples olhar interior, um movimento do coração, uma oração. De um santo bispo do II século, Melitão de Sardes, se lê este bonito elogio que eu gostaria que pudesse ser feito de cada um de nós depois da morte: “Na sua vida fez tudo no Espírito Santo ”.

Peçamos ao Paráclito para dirigir a nossa mente e toda a nossa vida, com as palavras de uma oração que é recitada no ofício de Pentecostes das Igrejas de rito siríaco:

"Espírito que distribuis a cada um os carismas;

Espírito de sabedoria e de ciência, amante dos homens;

que preenche os profetas, aperfeiçoas os apóstolos,

fortificas os mártires, inspiras os ensinamentos dos doutores!

É a ti, Deus Paráclito, que voltamos a nossa oração.

Pedimos-te para nos renovar com os teus santos dons,

para pousares sobre nós como sobre os apóstolos no Cenáculo.

Efunde sobre nós os teus carismas, preenche-nos com a sabedoria da tua doutrina;

faze de nós templos da tua glória,

inebria-nos com a bebida da tua graça.

Doa-nos viver para ti, ceder a ti e adorar a ti,

tu o puro, o santo, Deus Espírito Paráclito”.

 

Tradução de Thácio Siqueira

 

 

 

 

 

 

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Renúncia do Cardeal Stanisław Dziwisz, arcebispo de Cracóvia

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Cracóvia (RV) - O Santo Padre aceitou, nesta quinta-feira (8/12), por limite de idade, a renúncia do Cardeal Stanisław Dziwisz, arcebispo de Cracóvia, que por longos anos foi Secretário pessoal do Papa João Paulo II.

Stanisław foi ordenado sacerdote em 1963, na Catedral de Cracóvia, pelo então Arcebispo Karol Wojtyła, do qual foi Capelão e Secretário particular.

Desde a eleição do Papa João Paulo II, em outubro de 1978, até à sua morte, em 2 de abril de 2005, Dom Stanisław Dziwisz desenvolveu a função de Secretário particular do Papa Wojtyła, tornando-se seu mais direto e íntimo colaborador, desde as atividades apostólicas até aos momentos difíceis da sua enfermidade.

Em 1985, João Paulo II conferiu-lhe o título de Prelado de Sua Santidade; em 1987, tornou-se vice-presidente da Fundação João Paulo II; em 1998, João Paulo II o nomeou a Bispo e Prefeito Adjunto da Casa Pontifícia; em 2003, foi elevado à dignidade de Arcebispo.

Em 2005, Bento XVI o nomeou Arcebispo Metropolitano de Cracóvia; no mesmo ano, em Cracóvia, teve início o processo rogatório sobre as heroicidades e as virtudes do Servo de Deus João Paulo II (Karol Wojtyła).

Stanisław Dziwisz, criado Cardeal por Bento XVI, em 2006, foi nomeado membro da Congregação para a Educação Católica e do Pontifício Conselho para as Comunicações Sociais. (MT)

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Santa Sé e República Islâmica da Mauritânia estabelecem relações diplomáticas

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Cidade do Vaticano (RV) – A Santa Sé e a República Islâmica da Mauritânia – desejosas de assegurar relações amigáveis - estabeleceram relações diplomáticas, a nível de Nunciatura apostólica, por parte da Santa Sé e de Embaixada, por parte da República Islâmica da Mauritânia.

O país do noroeste da África, localizado em uma área de transição entre o Magreb e a África Negra, possui  4 milhões de habitantes, 75% deles árabes berberes. 99,1% da população é islâmica, 0,8% agnósticos e 0,1% ateus.

O deserto do Saara ocupa dois terços do país. A chuva que cai no território é suficiente para a agricultura somente numa estreita faixa no sul.

A extração de minério de ferro e a pesca são as principais fontes de receita.

A desertificação do solo tem provocado o êxodo de nômades árabes em direção ao sul, onde os negros são majoritários.

A Santa Sé mantém, a partir de agora, relações diplomáticas com 181 Estados soberanos (incluindo a parcialmente reconhecida República da China), além da Ordem Soberana e Militar de Malta e da União Europeia, administrando 180 missões diplomáticas permanentes no exterior, das quais 73 são não-residenciais,

Durante o Pontificado do Papa Bento XVI, a Santa Sé estabeleceu relações com Montenegro (em 2006), Emirados Árabes Unidos (em 2007), Botswana (em 2008), Federação Russa (em 2009), Malásia (em 2011) e Sudão do Sul (em 2013).  "Relações de natureza especial" haviam sido estabelecidas anteriormente com a Rússia, em similaridade às relações estabelecidas com a Organização para Libertação da Palestina.

(JE)

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Prefeitos europeus debatem tema dos refugiados no Vaticano

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Cidade do Vaticano (RV) – Realiza-se nesta sexta-feira (09/12), um encontro de dois dias na Casina Pio IV, nos Jardins do Vaticano, sobre o tema “Europa: os refugiados são nossos irmãos e irmãs”, promovido pela Pontifícia Academia das Ciências.

Tomam parte no encontro Prefeitos de 80 cidades europeias, que chamarão a atenção da mídia internacional sobre a “ameaça à estabilidade mundial representada pelo crescente número de refugiados no planeta, um número que, no momento, supera 125 milhões.

Durante o evento, serão apresentadas e avaliadas propostas que, em seu conjunto, apostam na redução dos riscos de uma espiral de reações catastróficas a curto prazo e ampliam e consolidam os benefícios de reformas a longo prazo.

Desenvolvimento sustentável

Os participantes ressaltarão a necessidade de se passar de uma estratégia, baseada na defesa e na guerra, a uma estratégia mais focalizada no desenvolvimento sustentável e global, especialmente no caso dos países desenvolvidos.

No convite de convocação do encontro, lê-se: “Construir mais muros e barreiras não poderá deter milhões de migrantes em fuga da violência, da exclusão, da pobreza extrema, da fome, da sede, das doenças, da seca, de inundações e outros males. Somente a cooperação internacional para a conquista da justiça social pode ser a solução”.

A Pontifícia Academia das Ciências convida os Prefeitos europeus a coloquem à disposição suas competências para acolher e regularizar todos os migrantes e refugiados. “É necessário que a voz dos prefeitos seja ouvida para promover a construção de pontes e não de muros.”

Não é a primeira vez que Prefeitos de importantes cidades do mundo se reúnem no Vaticano. Em julho de 2015, participaram do Congresso internacional sobre “Escravidão moderna e mudança climática: o compromisso das cidades”.(MT/vários)

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Papa: deixar-se atrair com alma de criança diante do presépio

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Cidade do Vaticano (RV) – “As bolas coloridas que vocês criaram representam os valores da vida, do amor e da paz que o Natal de Cristo nos repropõe a cada ano”. Com um pensamento especial dirigido às crianças que confeccionaram as bolas de Natal que embelezam o pinheiro na Praça São Pedro, o Papa Francisco recebeu no final da manhã desta sexta-feira, na Sala Paulo VI, cerca de 1.500 pessoas representando os doadores da Árvore e do Presépio. 

Ao agradecer aos Bispos e ao Governo da Ilha de Malta – responsáveis pelo presépio –  assim como Associações e representantes da Arquidiocese da Província de Trento – responsáveis pela árvores -  o Papa recordou que estes símbolos do Natal serão admirados na Praça São Pedro por peregrinos de todo o mundo, durante o Advento e as festividades de Natal.

Migrantes

O presépio montado na Praça São Pedro, obra do artista de Gozo, Manwel Grech, reproduz a paisagem maltesa e é completado pela tradicional Cruz de Malta e pelo “luzzu”, típica embarcação maltesa, “que recorda a triste e trágica realidade dos migrantes nas barcas que se dirigem à Itália”.

“Na experiência dolorosa destes irmãos e irmãs – recorda o Santo Padre – revemos aquela do Menino Jesus, que no momento do nascimento não encontrou abrigo e veio à luz na gruta de Belém, sendo depois levado ao Egito para fugir da ameaça de Herodes”.

Fraternidade e solidariedade

“Aqueles que visitarem este presépio serão convidados a redescobrir o valor simbólico, que é uma mensagem de fraternidade, de partilha, de acolhida e de solidariedade”, afirmou o Papa, recordando que “também os presépios montados nas igrejas, nas casas e em tantos lugares públicos são um convite a prepararmos um lugar em nossa vida e na sociedade para Deus, escondido no rosto de tantas pessoas que passam por dificuldades, pobreza e tribulações”.

Contemplar o Criador

Francisco recordou que a “beleza das paisagens” da cadeia de montanhas do Lagorai, de onde foi retirado o pinheiro, “é um convite para contemplar o Criador e a respeitar a natureza, obra de suas mãos. Somos todos chamados a nos aproximar da criação com estupor contemplativo”.

Espírito de Natal

O presépio e a árvore – completa o Papa – formam uma mensagem de “esperança e amor” e ajudam a “criar um clima natalício favorável para viver com fé o nascimento do Redentor, vindo à terra com simplicidade e humildade”.

“Deixemo-nos atrair com alma de crianças diante do presépio – foi o convite do Papa - porque ali se compreende a bondade de Deus e se contempla a sua misericórdia, que se fez carne humana para comover o nosso olhar”.

Inauguração do presépio e acendimento da árvore

O Presépio e a Árvore de Natal na Praça São Pedro serão inaugurados na tarde desta sexta-feira, pelo Presidente do Governatorato, Cardeal Giuseppe Bertello.

Durante a cerimônia – que contará com a presença, entre outros, do Arcebispo de Malta, Dom Charles Scicluna  e do Arcebispo de Trento, Dom Lauro Tisi – a Banda do Corpo da Gendarmeria executará diversas canções de Natal.

Pinheiro e Presépio

O pinheiro de 90 anos, com 25 metros de altura, foi doado pela Província Autônoma de Trento. As bolas de Natal que o embelezam reproduzem trabalhos realizados em argila por crianças em tratamento em departamentos oncológicos de alguns hospitais italianos. A iluminação da árvore, por sua vez, usará um sistema de baixo consumo energético projetado por uma empresa austríaca.

O Presépio, por sua vez, foi doado pela Ilha de Malta. É a primeira vez que um país estrangeiro doa o tradicional símbolo natalino montado na Praça São Pedro.  A estrutura chegou ao Vaticano em dois contêineres, via mar.

Loteria do Papa

A atenção que o Papa reserva aos necessitados é expressa pela realização da IV edição da Loteria de Beneficência para as Obras de Caridade do Santo Padre, com os bilhetes sendo vendidos há algumas semanas, também online.

Terremoto

Ademais, com a autorização da Arquidiocese de Spoleto-Núrcia, foi transportado por Restauradores da Direção dos Museus Vaticanos o pináculo da Basílica de São Bento, em Núrcia – ícone do terremoto que sacudiu diversas regiões da Itália Central -  e colocado ao lado do Presépio como sinal de partilha e solidariedade.

As ofertas que os peregrinos e turistas deixarem diante do Presépio e da árvore serão destinados à reconstrução do oratório paroquial da cidadezinha da Úmbria.

 

(JE)

 

 

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Igreja no Brasil



Cardeal Tempesta fala sobre violência em igreja do Rio

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Rádio Vaticano (RV) – A igreja de São José no centro do Rio foi palco de protestos e violências na última terça-feira (06/12). “Aguardamos uma nota da Polícia Militar”, declarou o Arcebispo do Rio de Janeiro.

“Igreja é lugar de culto, de acolhimento e, ao mesmo tempo, de respeito”, afirmou. 

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Morre Dom Lélis Lara. Nota de pesar da CNBB

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Coronel Fabriciano (RV) - Morreu aos 90 anos, nesta quinta-feira (08/12), o bispo emérito da diocese de Itabira-Coronel Fabriciano (MG), Dom Lelis Lara. O prelado estava internado no hospital metropolitano da Unimed, em Coronel Fabriciano, desde o dia 29 de novembro, para tratar uma pneumonia. 

Dom Lara foi ordenado sacerdote, em 1951, e nomeado bispo auxiliar de Itabira-Coronel Fabriciano pelo Papa Paulo VI, em 1976. Em 2003, renunciou ao cargo, de acordo com as normas do Direito Canônico, por questão de idade. 

Manteve programas na TV e rádios, em Itabira, e era, atualmente, presidente da Sociedade Dom Bosco de Comunicação de Coronel Fabriciano, entidade mantenedora da TV UNI do Vale do Aço. Também foi membro da Diretoria da União Brasileira de Educação e Cultura (Ubec), entidade mantenedora do Centro Universitário do Leste de Minas Gerais (Unileste), como também da Universidade Católica de Brasília (UCB) e Faculdades Católicas de Palmas (TO). Dom Lelis presidiu da Cáritas Diocesana.

O secretário-geral da CNBB, Dom Leonardo Steiner, enviou uma nota de Condolências aos familiares, aos Missionários Redentoristas, a Dom Marco Aurélio Gubiotti e às comunidades da diocese de Itabira-Coronel Fabriciano pelo falecimento do bispo emérito, Dom Lélis Lara.

Na nota, Dom Leonardo afirma que "inspirado por Santo Afonso Maria de Ligório, Bispo e Doutor da Igreja, fundador de sua congregação religiosa, Dom Lara era sempre uma presença alegre e esperançosa".

Leia a Nota:

Nota de condolências da CNBB pelo falecimento de dom Lélis Lara

A Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB) manifesta tristeza e pesar pelo falecimento do bispo emérito da diocese mineira de Itabira-Coronel Fabriciano, Dom Lélis Lara, ocorrido no final da noite desta quinta-feira, 8 de dezembro.

Dom Lara iria completar 91 anos no próximo dia 19 de dezembro e sua vida foi um testemunho vibrante de paixão missionária pela Igreja. Inspirado por Santo Afonso Maria de Ligório, bispo e Doutor da Igreja, fundador de sua congregação religiosa, dom Lara era sempre uma presença alegre e esperançosa. Desde 1976, quando foi nomeado bispo auxiliar de Itabira-Coronel Fabriciano, ele sempre atuou em frentes importantes da ação evangelizadora da Igreja destacando-se pelo seu vigor e coragem.

Seu lema episcopal era “Caritas omnia credit” (A caridade tudo crê). Expressão da radicalidade do amor de Cristo. Projeto de vida e de apostolado. A mensagem do lema de dom Lara nos remete à palavra do apóstolo Paulo em sua primeira Carta aos Coríntios: “o amor é paciente; é benfazejo; não é invejoso, não é presunçoso nem se incha de orgulho; não faz nada de vergonhoso, não é interesseiro, não se encoleriza, não leva em conta o mal sofrido; não se alegra com a injustiça, mas se alegra com a verdade. Ele desculpa tudo, crê tudo, espera tudo, suporta tudo” (1 Cor 13, 4-7).

Rezamos para que dom Lara tendo passado pela morte, participe do convívio dos santos na luz eterna. Enviamos nossa saudação fraterna aos familiares de dom Lara, aos Missionários Redentoristas, a Dom Marco Aurélio Gubiotti e a todas as comunidades da diocese de Itabira-Coronel Fabriciano.

Em Cristo,

Leonardo Ulrich Steiner
Bispo Auxiliar de Brasília (DF)
Secretário-Geral da CNBB


(MJ/CNBB)

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Igreja no Mundo



Bispos eslovacos: a família é a primeira vítima do trabalho dominical

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Bratislava (RV) - “Devemos dar-nos conta de que a família é a primeira vítima da eliminação da diferença entre trabalho ferial e trabalho dominical”: é o que escreve a Conferência Episcopal Eslovaca na Mensagem de Advento, na qual ressalta que o domingo deve ser celebrado como dia de repouso para que as pessoas possam dedicar tempo e alimentar a relação com Deus.

Católicos devem ser os primeiros a dar o exemplo

Segundo os bispos do país da Europa Central, a postura liberal da sociedade em relação ao trabalho dominical tem consequências negativas para a vida familiar.

“Quando não há tempo para cuidar das relações interpessoais a família é colocada em situação de risco, sem falar do fato que o trabalho estressante, sem interrupção e sem possibilidade de repouso, incide negativamente na saúde e resulta menos produtivo”, denunciam os prelados, convidando todos os fiéis e as pessoas de boa vontade a defender o repouso dominical para ter “pessoas mais felizes e satisfeitas” em nossa sociedade.

“Apelamos aos políticos, às autoridades locais e aos empresários a não colocar mães e pais para trabalhar no domingo. E não nos esqueçamos que nós, como católicos, devemos ser os primeiros a dar o exemplo”, conclui a carta pastoral. (RL)

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Arcebispo iraquiano: cristãos temem voltar a seus povoados

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Bagdá (RV) - “Ainda não está claro quem cuidará dos cristãos nos povoados libertados. Por isso, eles se sentem traídos pelo governo”. Foi o que afirmou o Arcebispo sírio-católico de Mosul, no Iraque, Dom Yohanna Petros Mouche, durante a visita à fundação ‘Ajuda à Igreja que Sofre’ (AIS). O prelado afirmou que os cristãos têm medo de voltar aos seus povoados não obstante a libertação da Planície de Nínive. 

“Não obstante o Estado Islâmico tenha militarmente acabado e expulso da região, permanece a ideologia dos muçulmanos radicais”, disse o arcebispo, um dos primeiros a visitar Qaraqosh depois da libertação. 

Em outubro passado, dois dias depois de o governo central iraquiano aprovar a medida de proibição do uso de álcool a toda a nação, um cristão que estava vendendo bebidas alcóolicas foi massacrado por fanáticos islâmicos em Qaraqosh. Dom Mouche ressaltou que os cristãos ficaram chocados ao descobrir que cerca de 75% das casas nos povoados cristãos libertados foram incendiadas por habitantes locais. 

“Por que estas pessoas, com as quais nos relacionávamos, fizeram tudo isso? Perguntamo-nos se esta é a sua maneira de nos dizer que nos teriam queimado vivos se voltássemos”, disse o prelado. 

“Tememos em continuar vivendo com eles! Esperávamos com impaciência a libertação e muitos queriam voltar imediatamente, mas agora a primeira necessidade é garantir a nossa incolumidade”, disse ainda Dom Mouche. O prelado acrescentou que é uma grande alegria que exista pelo menos a possibilidade de voltar a morar na Planície de Nínive a fim de “continuar testemunhando Cristo em nossa nação”. 

Dom Mouche agradeceu a todos os benfeitores de ‘Ajuda à Igreja que Sofre’ e pediu-lhes para continuar o seu apoio. “Pedimos aos benfeitores para continuarem sendo solidários conosco, nos apoiando com suas orações e com a ajuda material a fim de que possamos continuar testemunhando.”

Para acolher este apelo AIS-Itália propôs à comunidade italiana três projetos para o Iraque e a Síria. 

(MJ)

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Formação



O valor adjunto de uma missionária leiga na Amazônia

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São Gabriel da Cachoeira (RV) – No âmbito do projeto missionário dos Regionais Sul 1 e Norte 1 da CNBB, o Padre Luiz Aparecido Iauch, da Arquidiocese de Botucatu (SP), está em missão em São Gabriel da Cachoeira (AM) onde ficará por três anos.

à ‘diocese mais indígena do país’ possui 23 etnias diferentes e 18 línguas são faladas pelos povos locais. A 850 km de Manaus, faz fronteira com a Colômbia e a Venezuela. Gaúcho de Jaguari, Dom Edson Damian é o bispo há 7 anos.

Para ele, a parceria com a Igreja-irmã de São Paulo presenteou sua diocese com uma colaboração especial: Maria, com seu valor adjunto.  

“A presença da missionária leiga Maria nos fez ver o quanto uma leiga, e ela, doutora em serviço social, pode ajudar em várias dimensões: na formação dos agentes de pastoral, ela coordenou com muita habilidade as nossas assembleias diocesanas, e nos ajuda a refletir e avançar. Além disso, ela fez um esforço extraordinário para acompanhar as semanas de catequese indígena inculturada!”.

“Ela com a sua habilidosa didática e pedagogia – foi professora 30 anos – conduzia de uma forma maravilhosa estes encontros dos indígenas. Mesmo não sabendo a língua deles, ela sabia se expressar em simplicidade no português que eles conseguiam e obtivemos resultados muito bons. Crescemos muito neste esforço para inculturar o Evangelho”.

Ouça toda a entrevista clicando acima.

(cm)

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Sete Povos das Missões: Sepé Tiaraju, o mito da resistência

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Cidade do Vaticano (RV) - As Missões jesuíticas, em meados do século XVII, conheceram uma grande prosperidade, suficiente para desenvolver um intenso comércio com cidades e províncias próximas, chegando até mesmo a exportar produtos para a Europa, como instrumentos musicais e esculturas. 

Em muitos casos, seu sucesso superava o nível de vida dos colonos assentados nas vilas e cidades, desenvolvendo uma estrutura administrativa e econômica muito mais eficiente e humana, e tecnologias mais avançadas.

Século XVIII:  a região das Missões era disputada pelas Coroas Espanhola e Portuguesa. Com o Tratado de Madri, de 1750, a área passou a pertencer Portugal em troca da Colônia do Sacramento. Com isto, a saída dos Jesuítas espanhóis estava decretada.

O Tratado gerou conflitos. Os padres e os índios não queriam abandonar as reduções, construídas com afinco ao longo dos anos. Tampouco os portugueses queriam abandonar o Sacramento. Diversos confrontos armados culminaram na Guerra Guaranítica.

Neste contexto, surge um personagem, Sepé Tiarajú. Quem nos fala sobre o seu significado, é a Professora Claudete Boff, Mestre em História Latinoamericana e docente do Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões (URI), de Santo Ângelo (RS):

"Esta figura do Sepé, ele surge na Guerra Guaranítica. Então, pelas cartas que os indígenas escreveram ao Governador de Buenos Aires, que nesta região naquela época pertencia ao Vice-Reinado de Buenos Aires e também ao Rei da Espanha. Então, os caciques destes povoados se reuniram, momentos que antecederam este Tratado de Madrid, que acabou resultando na Guerra Guaranítica, eles escreveram cartas a estas autoridades, pedindo por favor, que o Rei olhasse por eles, pois esta terra era deles, eles aqui tinham seus filhos, suas plantações, tinham construído igrejas, suas casas e eles não poderiam abandonar isto, deixando tudo isto e passar para o outro lado do Rio Uruguai, que é, digamos assim, seria o Tratado, todos os índios dos Sete Povos deixarem seus povoados que estavam no Rio grande do Sul e transmigrassem para o outro lado do Rio Uruguai, no caso dali a Argentina. Então eles escreveram cartas pedindo que, como o Rei podia fazer isto? Que eles amavam tanto o Rei e que olhasse por eles. E assim também ao Governador de Buenos Aires. Isso não resultou em nada, estes pedidos. Então eles resolveram resistir.

E claro que toda a guerra sempre vai ter alguns líderes que se sobressaem. Neste momento um líder, chamado Sepé Tiaraju, se sobressaiu, manteve a resistência. Agora, eu vejo que o Sepé Tiarajú encarna todos os líderes, caciques guaranis, ele se torna como um símbolo da resistência e esta frase que a gente sempre ouve "Esta Terra tem dono", que é dita como do Sepé Tiarajú, há pesquisadores que disseram ter encontrado mesmo documentos onde isto foi dito pelo Sepé Tiaraju.

Eu vejo ele mais como esta encarnação de todos, pois como toda a história precisa do mito - a história não vive sem mitos -  Sepé  Tiarajú encarna esta resistência, esta força de todos eles prá resistir. Porque na verdade eles não tinham armas poderosas. Espanha e Portugal se unem com armas na época que eles podiam ter de melhor no momento e os índios vão assim, de peito aberto quase, de arco e flecha, mas também a gente  sabe que a partir do ano de 1640, as Reduções puderam usar armas de fogo, porque até entao não era permitido. O Rei de Espanha permitiu, a partir daí o uso da arma de fogo, por intercessão de Montoya, que esteve na Espanha, solicitando isto porque as Reduções estavam constantemente sendo atacadas por paulistas. Estou falando agora no século XVII. No século XVIII acontece a Guerra Guaranítica. Mas conforme a ideia do Sepé, vejo como esta encarnação de todos estes líderes e a importância da formação do mito".

Com a Guerra Guaranítica, seguiu-se uma intensa campanha difamatória contra os jesuítas. A Companhia de Jesus foi expulsa de terras portuguesas em 1759, e em 1767 a Espanha fez o mesmo. No ano seguinte todas as reduções foram esvaziadas, com a retirada final dos jesuítas. Então suas terras foram apossadas pelos espanhóis e os índios foram subjugados ou dispersos. Todo o  imenso patrimônio material, artístico e cultural durou apenas 159 anos. (JE)

 

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Atualidades



A semana de Francisco 03

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Rádio Vaticano (RV) - Está no ar em nosso canal no YouTube e em nossas redes sociais uma nova edição de “A semana de Francisco”, o vídeo produzido pela redação brasileira que deixa você por dentro das principais atividades do Papa durante a última semana.

Neste terceiro vídeo, vamos rever o que disse o Papa no Angelus de domingo, 4/12, as principais mensagens das reflexões matutinas da semana, a meditação na Audiência geral e as mensagens especiais no dia da Imaculada, 8/12.

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Presidente colombiano receberá Lâmpada da Paz de São Francisco

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Assis (RV) – A Lâmpada da Paz de São Francisco será entregue ao Prêmio Nobel da Paz, o Presidente Juan Manuel Santos, pelos esforços de paz e reconciliação realizados entre Governo colombianos e as FARC.

A cerimônia terá lugar na Basílica Superior de São Francisco no sábado, 17 de dezembro, às 11 horas, antes do XXXI Concerto de Natal.

No mesmo dia, às 15h30min, também na basílica, o Presidente Santos proferirá uma Lectio Magistralis, onde explicará o histórico acordo de paz com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia, ocasião esta, que permitirá aprofundar os temas da fraternidade e do diálogo. Segue-se uma coletiva de imprensa.

O Presidente da república da Colômbia, Juan Manuel Santos, será acolhido pelo Custódio do sacro Convento, Padre Mauro Gambetti.

(JE)

 

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