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Sumario del 12/12/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: "Celebrar Maria é reafirmar a esperança"

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Cidade do Vaticano (RV) - Na tarde de segunda-feira, 12 de dezembro, Dia de Nossa Senhora de Guadalupe, o Papa Francisco presidiu uma Santa Missa na Basílica Vaticana. Foi a terceira vez que o Pontífice celebrou a Virgem padroeira das Américas. A Eucaristia foi precedida pela oração do terço em espanhol e o tradicional ingresso das bandeiras, representando os vários países devotos a Nossa Senhora.

Citação do Evangelho de Lucas

«Feliz aquela que acreditou», disse o Papa iniciando a homilia, lembrando a frase proferida por Isabel ao receber Maria em sua casa. As palavras dirigidas à prima grávida indicavam que “Deus nos visitou nas entranhas de uma mulher”; e segundo Francisco, aquela cena simboliza todo o dinamismo da visita de Deus. “E Maria é tão ‘ícone’ do discípulo que sabe acompanhar e encorajar nossa fé e nossa esperança nas várias etapas de nossa vida”.

Relacionando a centralidade de Maria com o mundo atual, o Pontífice lamentou esta nossa sociedade cada vez mais dividida e fragmentada, que deixa de lado especialmente aqueles que não obtêm o mínimo para viver com dignidade... “Uma sociedade que se vangloria de seus progressos científicos e tecnológicos, mas que é cega e insensível aos milhares de excluídos pelo orgulho de poucos”.

Continente americano acostumado ao desencanto dos jovens

“Como é difícil exaltar a sociedade do bem-estar quando vemos que o nosso querido continente americano se acostumou a ver milhares e milhares de crianças e jovens de rua mendigar e dormir em estações de trem e metrô, ou em qualquer lugar que encontram. Crianças e jovens explorados em trabalhos clandestinos ou obrigados a procurar trocados nas esquinas, limpando vidros dos carros e sentindo que não há lugar para eles no ‘trem da vida’.

Na homilia do Papa tiveram lugar também as famílias que veem seus filhos vítimas dos mercados da morte; os idosos que vivem na solidão, as mulheres cuja dignidade é ferida pela precariedade, as meninas e adolescentes submetidas a múltiplas formas de violência, dentro e fora de suas casas.

“São situações que podem nos paralisar, nos fazer duvidar de nossa fé e de nossa esperança, de nosso modo de enfrentar o futuro”, ressalvou o Pontífice. “Diante disso, devemos repetir com Isabel: «Feliz aquela que acreditou»”.

Nunca seremos órfãos

“Celebrar Maria é primeiramente fazer memória da mãe, pois não somos e nunca seremos um povo órfão. Onde há uma mãe, existe presença e gosto de casa; os irmãos podem até brigar, mas a unidade sempre triunfará”.

Francisco revelou que sempre lhe impressionou ver as mães batalhadoras da América Latina que, muitas vezes, crescem seus filhos sozinhas. “E assim é Maria conosco!”.

“Celebrar a memória de Maria é afirmar, contra qualquer previsão, que no coração e na vida de nossos povos bate um forte sentido de esperança, não obstante as condições de vida, que parecem ofuscá-la”.

Maria amou porque acreditou, concluiu Francisco.

“Celebrar sua memória é celebrar que nós, como ela, somos convidados a sair ao encontro com os outros: “Não tenhamos medo de sair e olhar os outros com o seu olhar, um olhar que nos torna irmãos. Como Juan Diego, sabemos que ela é nossa mãe, que estamos sob a sua sombra e proteção, que ela é a fonte de nossa alegria e que estamos envoltos em seus braços”.

(cm)

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Guadalupe: Papa preside Missa na Basílica Vaticana

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Cidade do Vaticano (RV) - No dia em que a Igreja celebra a Festa de Nossa Senhora de Guadalupe, na tarde deste 12 de dezembro o Papa Francisco preside pelo terceiro ano consecutivo à Santa Missa na Basílica Vaticana.

A celebração está marcada para as 17h50 hora local (14h50 no horário de Brasília), com transmissão ao vivo da Rádio Vaticano e comentários em português.

A Eucaristia será precedida pela oração do terço em espanhol e pelo tradicional ingresso das bandeiras, representando os vários países devotos a Nossa Senhora.

No ano passado, com o Ano Santo da Misericórdia há pouco inaugurado, em sua homilia Francisco confiou a Maria os sofrimentos e as alegrias dos povos de todo o Continente americano com estas palavras:

"Peçamos-lhe que este Ano jubilar seja uma sementeira de amor misericordioso no coração das pessoas, das famílias e das nações. Dirijo-lhe uma súplica a fim de que oriente os passos do seu povo americano, povo em peregrinação que está à procura da Mãe da misericórdia."

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Francisco: em 2017, comprometer-se com a não-violência

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Cidade do Vaticano (RV) – “Possa a não-violência tornar-se o estilo caraterístico das nossas decisões, dos nossos relacionamentos, das nossas ações, da política em todas as suas formas”: estes são os votos expressos pelo Papa Francisco em sua mensagem para o Dia Mundial da Paz, celebrado em 1º de janeiro. 

O texto foi divulgado na segunda-feira (12/12) pela Sala de Imprensa da Santa Sé, já traduzido para o português com o título “A não-violência: o estilo da política para a paz”.

Violência em pedaços

Na Mensagem, o Pontífice recorda que esta tradição foi inaugurada pelo Beato Paulo VI 50 anos atrás, dirigindo-se a todos os povos e não só aos católicos. Para Francisco, não é fácil saber se o mundo de hoje seja mais ou menos violento que o de ontem. “Seja como for, esta violência que se exerce 'aos pedaços', de maneiras diferentes e a variados níveis, provoca enormes sofrimentos de que estamos bem cientes: guerras em diferentes países e continentes; terrorismo, criminalidade e ataques armados imprevisíveis; os abusos sofridos pelos migrantes e as vítimas de tráfico humano; a devastação ambiental.”

Na melhor das hipóteses – escreve o Papa –, responder à violência com a violência leva a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos. No pior dos casos, pode levar à morte física e espiritual. “Hoje, ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência”, defende o Pontífice. Isso não significa rendição, negligência e passividade. Pelo contrário, quando sabem resistir à tentação da vingança, as vítimas da violência podem ser os protagonistas mais críveis de processos não-violentos de construção da paz.

Jesus e o manual das bem-aventuranças

Quem oferece o manual desta estratégia de ação é o próprio Jesus, com as bem-aventuranças: felizes os mansos, os misericordiosos, os pacificadores, os puros de coração, os que têm fome e sede de justiça. Para o Papa, este “manual” não é útil só para católicos, mas também a líderes políticos e religiosos, para os responsáveis das instituições internacionais e os dirigentes das empresas e dos meios de comunicação social de todo o mundo.

Como exemplos de pessoas que souberam praticar a não-violência, Francisco citou os Santos João Paulo II e Madre Teresa de Calcutá, Mahatma Gandhi, Martin Luther King e, de modo particular, as mulheres, como Leymah Gbowee e grupo por ela liderado durante a guerra civil na Libéria.

Hoje, a não-violência pode ser a melhor tática contra os traficantes de armas, de pessoas, contra as armas nucleares e o terrorismo. Mas para praticá-la em larga escala, esta deve ser o  estilo de vida manifestado primeiramente na família. “A partir da família, a alegria do amor propaga-se pelo mundo, irradiando para toda a sociedade”, escreve o Papa, lançando um apelo contra a violência doméstica e os abusos sobre mulheres e crianças.

Novo Dicastério

“Asseguro que a Igreja Católica acompanhará toda a tentativa de construir a paz inclusive através da não-violência ativa e criativa”, finaliza Francisco, anunciando que em 1º de janeiro de 2017, Dia Mundial da Paz, nasce o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral. Este organismo ajudará a Igreja a promover a justiça, a paz e a salvaguarda da criação através da solicitude para com os migrantes, os necessitados, os doentes, os excluídos, as vítimas dos conflitos armados e das catástrofes naturais, os reclusos, os desempregados e as vítimas de toda e qualquer forma de escravidão e de tortura.

“No ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações, palavras e gestos a violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. 'Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz': são os votos finais de Francisco.

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Não-violência: o estilo da política para a paz

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Cidade do Vaticano (RV) - Leia a seguir a mensagem do Papa Francisco para o Dia Mundial da Paz de 1o de janeiro de 2017.

A NÃO-VIOLÊNCIA: O ESTILO DA POLÍTICA PARA A PAZ

1.         No início deste novo ano, formulo sinceros votos de paz aos povos e nações do mundo inteiro, aos chefes de Estado e de governo, bem como aos responsáveis das Comunidades Religiosas e das várias expressões da sociedade civil. Almejo paz a todo o homem, mulher, menino e menina, e rezo para que a imagem e semelhança de Deus em cada pessoa nos permitam reconhecer-nos mutuamente como dons sagrados com uma dignidade imensa. Sobretudo nas situações de conflito, respeitemos esta «dignidade mais profunda»  e façamos da não-violência ativa o nosso estilo de vida.

Esta é a Mensagem para o 50º Dia Mundial da Paz. Na primeira, o Beato Papa Paulo VI dirigiu-se a todos os povos – e não só aos católicos – com palavras inequívocas: «Finalmente resulta, de forma claríssima, que a paz é a única e verdadeira linha do progresso humano (não as tensões de nacionalismos ambiciosos, nem as conquistas violentas, nem as repressões geradoras duma falsa ordem civil)». Advertia contra o «perigo de crer que as controvérsias internacionais não se possam resolver pelas vias da razão, isto é, das negociações baseadas no direito, na justiça, na equidade, mas apenas pelas vias dissuasivas e devastadoras». Ao contrário, citando a Pacem in terris do seu antecessor São João XXIII, exaltava «o sentido e o amor da paz baseada na verdade, na justiça, na liberdade, no amor».  É impressionante a atualidade destas palavras, não menos importantes e prementes hoje do que há cinquenta anos.

Nesta ocasião, desejo deter-me na não-violência como estilo duma política de paz, e peço a Deus que nos ajude, a todos nós, a inspirar na não-violência as profundezas dos nossos sentimentos e valores pessoais. Sejam a caridade e a não-violência a guiar o modo como nos tratamos uns aos outros nas relações interpessoais, sociais e internacionais. Quando sabem resistir à tentação da vingança, as vítimas da violência podem ser os protagonistas mais credíveis de processos não-violentos de construção da paz. Desde o nível local e diário até ao nível da ordem mundial, possa a não-violência tornar-se o estilo caraterístico das nossas decisões, dos nossos relacionamentos, das nossas ações, da política em todas as suas formas.

Um mundo dilacerado

2.         Enquanto o século passado foi arrasado por duas guerras mundiais devastadoras, conheceu a ameaça da guerra nuclear e um grande número de outros conflitos, hoje, infelizmente, encontramo-nos a braços com uma terrível guerra mundial aos pedaços. Não é fácil saber se o mundo de hoje seja mais ou menos violento que o de ontem, nem se os meios modernos de comunicação e a mobilidade que carateriza a nossa época nos tornem mais conscientes da violência ou mais rendidos a ela.

Seja como for, esta violência que se exerce «aos pedaços», de maneiras diferentes e a variados níveis, provoca enormes sofrimentos de que estamos bem cientes: guerras em diferentes países e continentes; terrorismo, criminalidade e ataques armados imprevisíveis; os abusos sofridos pelos migrantes e as vítimas de tráfico humano; a devastação ambiental. E para quê? Porventura a violência permite alcançar objetivos de valor duradouro? Tudo aquilo que obtém não é, antes, desencadear represálias e espirais de conflitos letais que beneficiam apenas a poucos «senhores da guerra»?

A violência não é o remédio para o nosso mundo dilacerado. Responder à violência com a violência leva, na melhor das hipóteses, a migrações forçadas e a atrozes sofrimentos, porque grandes quantidades de recursos são destinadas a fins militares e subtraídas às exigências do dia-a-dia dos jovens, das famílias em dificuldade, dos idosos, dos doentes, da grande maioria dos habitantes da terra. No pior dos casos, pode levar à morte física e espiritual de muitos, se não mesmo de todos.

A Boa Nova

3.         O próprio Jesus viveu em tempos de violência. Ensinou que o verdadeiro campo de batalha, onde se defrontam a violência e a paz, é o coração humano: «Porque é do interior do coração dos homens que saem os maus pensamentos» (Marcos 7, 21). Mas, perante esta realidade, a resposta que oferece a mensagem de Cristo é radicalmente positiva: Ele pregou incansavelmente o amor incondicional de Deus, que acolhe e perdoa, e ensinou os seus discípulos a amar os inimigos (cf. Mateus 5, 44) e a oferecer a outra face (cf. Mateus 5, 39). Quando impediu, aqueles que acusavam a adúltera, de a lapidar (cf. João 8, 1-11) e na noite antes de morrer, quando disse a Pedro para repor a espada na bainha (cf. Mateus 26, 52), Jesus traçou o caminho da não-violência que Ele percorreu até ao fim, até à cruz, tendo assim estabelecido a paz e destruído a hostilidade (cf. Efésios 2, 14-16). Por isso, quem acolhe a Boa Nova de Jesus, sabe reconhecer a violência que carrega dentro de si e deixa-se curar pela misericórdia de Deus, tornando-se assim, por sua vez, instrumento de reconciliação, como exortava São Francisco de Assis: «A paz que anunciais com os lábios, conservai-a ainda mais abundante nos vossos corações».

Hoje, ser verdadeiro discípulo de Jesus significa aderir também à sua proposta de não-violência. Esta, como afirmou o meu predecessor Bento XVI, «é realista pois considera que no mundo existe demasiada violência, demasiada injustiça e, portanto, não se pode superar esta situação, exceto se lhe contrapuser algo mais de amor, algo mais de bondade. Este “algo mais” vem de Deus».  E acrescentava sem hesitação: «a não-violência para os cristãos não é um mero comportamento tático, mas um modo de ser da pessoa, uma atitude de quem está tão convicto do amor de Deus e do seu poder que não tem medo de enfrentar o mal somente com as armas do amor e da verdade. O amor ao inimigo constitui o núcleo da “revolução cristã”».  A página evangélica – amai os vossos inimigos (cf. Lucas 6, 27) – é, justamente, considerada «a magna carta da não-violência cristã»: esta não consiste «em render-se ao mal (...), mas em responder ao mal com o bem (cf. Romanos 12, 17-21), quebrando dessa forma a corrente da injustiça».

Mais poderosa que a violência

4.         Por vezes, entende-se a não-violência como rendição, negligência e passividade, mas, na realidade, não é isso. Quando a Madre Teresa recebeu o Prémio Nobel da Paz em 1979, declarou claramente qual era a sua ideia de não-violência ativa: «Na nossa família, não temos necessidade de bombas e de armas, não precisamos de destruir para edificar a paz, mas apenas de estar juntos, de nos amarmos uns aos outros (...). E poderemos superar todo o mal que há no mundo».  Com efeito, a força das armas é enganadora. «Enquanto os traficantes de armas fazem o seu trabalho, há pobres pacificadores que, só para ajudar uma pessoa, outra e outra, dão a vida»; para estes obreiros da paz, a Madre Teresa é «um símbolo, um ícone dos nossos tempos».  No passado mês de setembro, tive a grande alegria de a proclamar Santa. Elogiei a sua disponibilidade para com todos «através do acolhimento e da defesa da vida humana, a dos nascituros e a dos abandonados e descartados. (...) Inclinou-se sobre as pessoas indefesas, deixadas moribundas à beira da estrada, reconhecendo a dignidade que Deus lhes dera; fez ouvir a sua voz aos poderosos da terra, para que reconhecessem a sua culpa diante dos crimes – diante dos crimes! – da pobreza criada por eles mesmos».  Como resposta, a sua missão – e nisto representa milhares, antes, milhões de pessoas – é ir ao encontro das vítimas com generosidade e dedicação, tocando e vendando cada corpo ferido, curando cada vida dilacerada.

A não-violência, praticada com decisão e coerência, produziu resultados impressionantes. Os sucessos alcançados por Mahatma Gandhi e Khan Abdul Ghaffar Khan, na libertação da Índia, e por Martin Luther King Jr contra a discriminação racial nunca serão esquecidos. As mulheres, em particular, são muitas vezes líderes de não-violência, como, por exemplo, Leymah Gbowee e milhares de mulheres liberianas, que organizaram encontros de oração e protesto não-violento (pray-ins), obtendo negociações de alto nível para a conclusão da segunda guerra civil na Libéria.

E não podemos esquecer também aquela década epocal que terminou com a queda dos regimes comunistas na Europa. As comunidades cristãs deram a sua contribuição através da oração insistente e a ação corajosa. Especial influência exerceu São João Paulo II, com o seu ministério e magistério. Refletindo sobre os acontecimentos de 1989, na Encíclica Centesimus annus (1991), o meu predecessor fazia ressaltar como uma mudança epocal na vida dos povos, nações e Estados se realizara «através de uma luta pacífica que lançou mão apenas das armas da verdade e da justiça».  Este percurso de transição política para a paz foi possível, em parte, «pelo empenho não-violento de homens que sempre se recusaram a ceder ao poder da força e, ao mesmo tempo, souberam encontrar aqui e ali formas eficazes para dar testemunho da verdade». E concluía: «Que os seres humanos aprendam a lutar pela justiça sem violência, renunciando tanto à luta de classes nas controvérsias internas, como à guerra nas internacionais». 

A Igreja comprometeu-se na implementação de estratégias não-violentas para promover a paz em muitos países solicitando, inclusive aos intervenientes mais violentos, esforços para construir uma paz justa e duradoura.

Este compromisso a favor das vítimas da injustiça e da violência não é um património exclusivo da Igreja Católica, mas pertence a muitas tradições religiosas, para quem «a compaixão e a não-violência são essenciais e indicam o caminho da vida».  Reitero-o aqui sem hesitação: «nenhuma religião é terrorista».  A violência é uma profanação do nome de Deus.  Nunca nos cansemos de repetir: «jamais o nome de Deus pode justificar a violência. Só a paz é santa. Só a paz é santa, não a guerra».

A raiz doméstica duma política não-violenta

5.         Se a origem donde brota a violência é o coração humano, então é fundamental começar por percorrer a senda da não-violência dentro da família. É uma componente daquela alegria do amor que apresentei na Exortação Apostólica Amoris laetitia, em março passado, concluindo dois anos de reflexão por parte da Igreja sobre o matrimónio e a família. Esta constitui o cadinho indispensável no qual cônjuges, pais e filhos, irmãos e irmãs aprendem a comunicar e a cuidar uns dos outros desinteressadamente e onde os atritos, ou mesmo os conflitos, devem ser superados, não pela força, mas com o diálogo, o respeito, a busca do bem do outro, a misericórdia e o perdão.  A partir da família, a alegria do amor propaga-se pelo mundo, irradiando para toda a sociedade.  Aliás, uma ética de fraternidade e coexistência pacífica entre as pessoas e entre os povos não se pode basear na lógica do medo, da violência e do fechamento, mas na responsabilidade, no respeito e no diálogo sincero. Neste sentido, lanço um apelo a favor do desarmamento, bem como da proibição e abolição das armas nucleares: a dissuasão nuclear e a ameaça duma segura destruição recíproca não podem fundamentar este tipo de ética.  Com igual urgência, suplico que cessem a violência doméstica e os abusos sobre mulheres e crianças.

O Jubileu da Misericórdia, que terminou em novembro passado, foi um convite a olhar para as profundezas do nosso coração e a deixar entrar nele a misericórdia de Deus. O ano jubilar fez-nos tomar consciência de como são numerosos e variados os indivíduos e os grupos sociais que são tratados com indiferença, que são vítimas de injustiça e sofrem violência. Fazem parte da nossa «família», são nossos irmãos e irmãs. Por isso, as políticas de não-violência devem começar dentro das paredes de casa para, depois, se difundir por toda a família humana. «O exemplo de Santa Teresa de Lisieux convida-nos a pôr em prática o pequeno caminho do amor, a não perder a oportunidade duma palavra gentil, dum sorriso, de qualquer pequeno gesto que semeie paz e amizade. Uma ecologia integral é feita também de simples gestos quotidianos, pelos quais quebramos a lógica da violência, da exploração, do egoísmo».

O meu convite

6.         A construção da paz por meio da não-violência ativa é um elemento necessário e coerente com os esforços contínuos da Igreja para limitar o uso da força através das normas morais, mediante a sua participação nos trabalhos das instituições internacionais e graças à competente contribuição de muitos cristãos para a elaboração da legislação a todos os níveis. O próprio Jesus nos oferece um «manual» desta estratégia de construção da paz no chamado Sermão da Montanha. As oito Bem-aventuranças (cf. Mateus 5, 3-10) traçam o perfil da pessoa que podemos definir feliz, boa e autêntica. Felizes os mansos – diz Jesus –, os misericordiosos, os pacificadores, os puros de coração, os que têm fome e sede de justiça.

Este é um programa e um desafio também para os líderes políticos e religiosos, para os responsáveis das instituições internacionais e os dirigentes das empresas e dos meios de comunicação social de todo o mundo: aplicar as Bem-aventuranças na forma como exercem as suas responsabilidades. É um desafio a construir a sociedade, a comunidade ou a empresa de que são responsáveis com o estilo dos obreiros da paz; a dar provas de misericórdia, recusando-se a descartar as pessoas, danificar o meio ambiente e querer vencer a todo o custo. Isto requer a disponibilidade para «suportar o conflito, resolvê-lo e transformá-lo no elo de ligação de um novo processo».  Agir desta forma significa escolher a solidariedade como estilo para fazer a história e construir a amizade social. A não-violência ativa é uma forma de mostrar que a unidade é, verdadeiramente, mais forte e fecunda do que o conflito. No mundo, tudo está intimamente ligado.  Claro, é possível que as diferenças gerem atritos: enfrentemo-los de forma construtiva e não-violenta, de modo que «as tensões e os opostos [possam] alcançar uma unidade multifacetada que gera nova vida», conservando «as preciosas potencialidades das polaridades em contraste».

Asseguro que a Igreja Católica acompanhará toda a tentativa de construir a paz inclusive através da não-violência ativa e criativa. No dia 1 de janeiro de 2017, nasce o novo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, que ajudará a Igreja a promover, de modo cada vez mais eficaz, «os bens incomensuráveis da justiça, da paz e da salvaguarda da criação» e da solicitude pelos migrantes, «os necessitados, os doentes e os excluídos, os marginalizados e as vítimas dos conflitos armados e das catástrofes naturais, os reclusos, os desempregados e as vítimas de toda e qualquer forma de escravidão e de tortura».  Toda a ação nesta linha, ainda que modesta, contribui para construir um mundo livre da violência, o primeiro passo para a justiça e a paz.

Em conclusão

7.         Como é tradição, assino esta Mensagem no dia 8 de dezembro, festa da Imaculada Conceição da Bem-Aventurada Virgem Maria. Nossa Senhora é a Rainha da Paz. No nascimento do seu Filho, os anjos glorificavam a Deus e almejavam paz na terra aos homens e mulheres de boa vontade (cf. Lucas 2, 14). Peçamos à Virgem Maria que nos sirva de guia.

«Todos desejamos a paz; muitas pessoas a constroem todos os dias com pequenos gestos; muitos sofrem e suportam pacientemente a dificuldade de tantas tentativas para a construir».  No ano de 2017, comprometamo-nos, através da oração e da ação, a tornar-nos pessoas que baniram dos seus corações, palavras e gestos a violência, e a construir comunidades não-violentas, que cuidem da casa comum. «Nada é impossível, se nos dirigimos a Deus na oração. Todos podem ser artesãos de paz».

Vaticano, 8 de dezembro de 2016.

Franciscus

 

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Papa telefona ao Patriarca Tawadros II: pesar pelas vítimas do atentado

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco telefonou, nesta segunda-feira (12/12), ao Patriarca da Igreja copta-ortodoxa de Alexandria, Papa Tawadros II, para manifestar seu pesar pelo atentado perpetrado neste domingo (11/12), contra a Catedral de São Marcos, no Cairo, Egito. 

Segundo o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, Francisco manifestou proximidade ao patriarca e à comunidade copta atingida duramente pelo ataque, especialmente as mulheres e crianças que são o número mais elevado entre as vítimas.  

O Patriarca Tawadros II recordou a expressão do Papa Francisco, proferida durante o encontro, no Vaticano, “ecumenismo de sangue”. Por sua vez, Francisco sublinhou que “estamos unidos no sangue de nossos mártires”. 

O Santo Padre prometeu rezar pela comunidade copta durante a missa que celebrará esta segunda-feira, na Basílica Vaticana, na Festa de Nossa Senhora de Guadalupe. 

O Patriarca agradeceu ao Papa pela solidariedade neste momento e pediu ao pontífice para rezar por eles e pela paz no Egito. 

(MJ)

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Papa com os cardeais do C9 para a última reunião de 2016

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Cidade do Vaticano (RV) – A partir desta segunda-feira (12/12), o Papa Francisco se reúne com os membros do Conselho dos Cardeais, também conhecido como C9, para o último encontro de 2016.

Trata-se da 17ª reunião desde que o Pontífice instituiu o grupo com o intuito de melhorar o serviço prestado pelos vários dicastérios vaticanos. No último encontro, em setembro passado, as atenções se concentraram nas Congregações para o Clero e para os Bispos, e no perfil que núncios e bispos devem ter hoje.

O C9 está examinando um amplo dossiê sobre o papel do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos e está estudando o tema da "diaconia da justiça". O  grupo foi instituído pelo Papa Francisco em 2013. A última reunião de 2016 se encerra na quarta-feira (14/12).

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Kirill presenteia Francisco pelos seus 80 anos com ícone de São Serafim

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu em audiência no sábado (10/12), no Palácio Apostólico, o Presidente do Departamento para as Relações Externas do Patriarcado de Moscou, o Metropolita Hilarion Alfeyev.

Em nome do Patriarca Kirill, Hilarion transmitiu especiais saudações e augúrios ao Santo Padre por ocasião dos seus 80 anos a serem completamos em 17 de dezembro. O Metropolita doou ao Pontífice – em nome do Patriarca – um ícone representando São Serafim de Sarov.

O Papa Francisco – segundo um comunicado do Patriarcado – pediu que fossem transmitidas a Kirill a sua profunda gratidão e fraternas saudações.

O Metropolita e o Papa trataram de diversos temas pertinentes às relações bilaterais entre as duas Confissões cristãs.

O Presidente do Departamento para as Relações Externas sublinhou que os temas do histórico encontro dos Primazes das duas Igrejas, realizado em 12 de fevereiro de 2016 em Havana, permanecem ainda válidos, em particular a situação no Oriente Médio, onde os terroristas continuam a matar pessoas inocentes.

Durante o encontro, as atenções voltaram-se também ao desenvolvimento da cooperação cultural, marcada por uma série de eventos significativos como uma Mostra única das obras-primas de arte sacra italiana dos Museus Vaticanos, aberta em 25 de novembro na Galeria Tretyakov, em Moscou, e o Concerto de música espiritual em 11 de dezembro, em Roma, que teve como protagonistas o Coral sinodal de Moscou e o Coral da Capela Sistina.

(je/sismógrafo)

 

 

 

 

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Francisco abençoa "i bambinelli": Jesus nos ajude a amar

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco saudou durante o Angelus, deste domingo (11/12), várias crianças e adolescentes de Roma que foram à Praça São Pedro para a tradicional bênção dos ‘bambinelli’, imagens do menino Jesus que depois são colocadas nos presépios das casas romanas. 

“Queridas crianças, quando vocês rezaram diante de seu presépio, com seus pais, peçam ao Menino Jesus para que ajude todos nós a amar a Deus e ao próximo”, disse o Papa às crianças.

Antes do Angelus, as crianças participaram da celebração eucarística na Basílica de São Pedro junto com seus catequistas e animadores, na Basílica de São Pedro, presidida pelo Cardeal Angelo Comastri. 

Esta iniciativa se realiza anualmente no III Domingo do Advento, duas semanas antes do Natal, promovida pelas escolas católicas e oratórios das paróquias romanas.

(MJ)

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Opera Omnia apresenta Ratzinger como "filho do Concílio"

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Cidade do Vaticano (RV) – Realizar-se-á no dia 14 de dezembro às 17 horas, na Aula Magna da Pontifícia Universidade Gregoriana, em Roma, a apresentação do livro “Joseph Ratzinger. O ensino do Concílio Vaticano II” (Tomo 1, Volume 7 da Opera Omnia, LEV 2016).

Depois das saudações iniciais do curador da Opera Omnia Joseph Ratzinger/Bento XVI, Cardeal Gerhard Ludwig Müller, Prefeito da Congregação para a Doutrina da Fé; do Decano da Faculdade de Teologia da Gregoriana Dariusz Kowalczyk; do Padre Giuseppe Costa - Diretor da Livraria Editora Vaticana - e do Padre Federico Lombardi, Presidente da Fundação Joseph Ratzinger, tomarão a palavra Inos Biffi, Ordinário emérito de Teologia Sistemática e de História da Teologia e Padre Dario Vitali, Ordinário de Eclesiologia e Diretor do Departamento de Teologia Dogmática.

O volume 7 da Opera Omnia de Joseph Ratzinger é uma coletânea de seus textos dedicados ao Concílio Vaticano II, sendo subdividido em duas partes.

Tomo 1 – Textos produzidos durante o Concílio

A primeira, correspondente ao primeiro Tomo do livro, recolhe o que foi escrito por Joseph Ratzinger entre o anúncio do Concílio, em 25 de janeiro de 1959 e os primeiros anos sucessivos ao seu encerramento, em 7 de dezembro de 1963, passando por tudo o que ele produziu durante o Concílio, quer como perito conciliar e membro das diversas Comissões, quer  como Conselheiro do Cardeal Joseph Frings que ele, já como Papa, definirá como “um pai”.

Precisamente com base na profunda amizade entre os dois, a última parte do primeiro Tomo do livro recolhe todos os escritos de Ratzinger em honra do Cardeal Frings.

Tomo 2 – Recepção e hermenêutica do Concílio

O segundo Tomo, por sua vez, é dedicado à recepção e à hermenêutica do Concílio até às vésperas da eleição de Ratzinger à Cátedra de Pedro.

Desde o início – sugerem os curadores – “a linguagem de Ratzinger não é uma linguagem de escola, porque não são as disputas escolásticas que interessam a ele e não é aos estudiosos que ele, em primeiro lugar, se dirige”.

“A sua  é, desde o início, uma linguagem “viva” por assim dizer, para todos, e isto precisamente porque é o homem de hoje na realidade de seu mundo, assim como esse é o seu constante ponto de referência, porque é propor a fé de forma positiva, aquilo que no fundo está sempre ao centro de seus pensamentos”.

“Meditar e expressar o Evangelho de Cristo em um modo compreensível ao homem de hoje, para fazê-lo de novo compreender Cristo na sua atualidade. Isto é, para ele, o aggiornamento. Ratzinger se revela assim um filho do Concílio já a partir de sua linguagem”.

(je/ansa)

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Igreja no Brasil



Agrava-se estado de saúde do Cardeal Arns

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São Paulo (RV) – A assessoria de imprensa da Arquidiocese de São Paulo comunica que o Cardeal Dom Paulo Evaristo Arns, Arcebispo emérito de São Paulo, encontra-se internado no Hospital Santa Catarina, na capital paulista. 

Dom Paulo deu entrada no hospital no dia 28 de novembro para tratar de problemas pulmonares decorrentes de sua idade avançada. Seu estado de saúde agravou-se nos últimos dias. A arquidiocese convida a todos a rezarem pelo Cardeal Arns. Novas informações serão oportunamente divulgadas no Portal da Arquidiocese.

Dom Paulo Evaristo Arns celebrou no domingo,  27 de novembro, aos 95 anos, na Catedral de São Paulo, seus 71 anos de sacerdócio e 76 anos de consagração na Vida Franciscana. No dia seguinte, foi internado na UTI do Hospital Santa Catarina, com diagnóstico de pneumonia e outras complicações.

Na última sexta-feira (09/12), Frei César Külkamp, Vigário Provincial, Frei Odorico Decker e Frei Diego Melo visitaram o Cardeal no hospital, informando que o Cardeal Arns está consciente, demonstra fraqueza física - mas não de ânimo - e alimenta-se por sonda.

O Cardeal mostra-se agradecido pelas orações e enviou saudações aos frades. As Irmãs Franciscanas da Ação Pastoral revezam-se no cuidado zeloso a ele.

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Igreja na América Latina



Missa para Guadalupe terá cantos litúrgicos em línguas indígenas

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco presidirá  na Basílica de São Pedro na tarde desta segunda-feira, 12 de dezembro -  pelo terceiro ano consecutivo - a celebração em honra a Nossa Senhora de Guadalupe. 

A cerimônia será acompanhada por cantos litúrgicos muito antigos, compostos em línguas indígenas, entre eles um bonito hino dedicado a Virgem de Guadalupe em "nahuatl" -  a língua originária do México – que contém um relato das aparições da “Morenita” ao índio São Juan Diego, assim como outras peças antigas em quechua, mapuche e guaraní. 

O Maestro argentino Eduardo Notrica irá dirigir o Coral latino-americano, ao lado do Coral da Capela Sistina.

Em entrevista ao La Nación, o Maestro explicou que foi contatado pela Pontifícia Comissão para a América Latina (CAL), que já o conhecia pela sua participação em 2012 na Missa Criola, obra latino-americana, interpretada na Missa presidida pelo Papa Bento XVI na Basílica vaticana em honra a Nossa Senhora de Guadalupe.

“Em outubro de 2016 – contou -  Gusmán Carriquiry, Secretário da Pontifícia Comissão para a América Latina me ouviu dirigir a Cantata Brocheriana de Carlos Di Fulvio na abertura dos festejos pela Canonização do Cura Brochero, em Roma, e se encantou com o trabalho. Me pediu para apresentar dois projetos musicais e decidiram optar pela música barroca latino-americana, proveniente de diversos países como Peru, Equador, México, Guatemala e Argentina, acompanhadas de um grupo de instrumentos antigos. Interpretamos também música litúrgica de raiz folclórica com charango, guitarra, queña e bumbo”.

O coral que estará na Basílica será formado por 65 pessoas de Corais atuantes de Roma, como o Coro latino -americano, Coro DeCanter, AnimadelSuono e o Carocoro, com a presença do solista argentino Pablo Cassiba e do percusionista Hugo Niro.

O Maestro revela sentir “uma grande emoção e um orgulho como argentino, em poder desenvolver esta proposta musical 100% latino-americana em um espaço tão significativo e de grande relevância e magia para grande parte do mundo, cristão ou não. Ademais, fazer isto na presença do Papa Francisco, o primeiro Pontífice latino-americano”.

(je/la nación)

 

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Igreja no Mundo



Universidade Gregoriana realiza primeira conferência hinduísta-cristã

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Cidade do Vaticano (RV) -  Um novo início que direciona para uma nova série de possibilidades no campo do diálogo, abrindo novas iniciativas e medidas futuras: Assim o Presidente do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso, Cardeal presidente Jean-Louis Tauran, definiu a primeira Conferência hinduísta-cristã organizada na Itália pela Pontifícia Universidade Gregoriana.

O Centro de Estudos Inter-religiosos do Ateneu pontifício estava entre os promotores do evento, juntamente com o Escritório Nacional para o Ecumenismo e Diálogo da Conferência Episcopal Italiana, a União Hinduísta italiana, o Movimento dos Focolares e a seção italiana de Religiões para a Paz. "O evento ocorreu em um espírito de amizade, reconhecendo que mutuamente precisamos uns dos outros, tendo em vista a construção de uma coexistência harmoniosa entre os povos de todas as fés", afirmou Tauran.

Na abertura do encontro, o Cardeal afirmou estar convencido de que todo o diálogo inter-religioso ilumina os valores compartilhados. E, nesse sentido, ele fez alusão a suas experiências de diálogo com os hinduístas. O primeiro - disse ele - eu vivi em Mumbai, Índia, em junho de 2009. Falamos sobre a necessidade de os responsáveis ​​por ambas as comunidades religiosas promoverem o diálogo e a cooperação para contribuir com o bem-estar do povo indiano, além da construção da paz na sociedade. Desde então, tenho tido a oportunidade de interagir com os amigos hinduístas em outros países. Em 2011, o nosso Pontifício Conselho organizou uma reunião com duração de três dias em Pune e eu participei, bem como as reuniões organizadas pelo nosso departamento em Londres em 2013 e em Washington em 2015. Estas foram oportunidades de aprendizagem mútua e de enriquecimento espiritual. Porque, concluiu, nós, que professamos diferentes religiões sentimos a necessidade de crescer sempre mais no respeito, na compreensão, na estimativa de vida e da fé do outro, e isso contribui para a harmonia e o desenvolvimento global da sociedade. Essas trocas maravilhosas também nos ajudam a aprofundar a nossa fé. Na verdade cada troca autêntica da vida e da fé como esta, enriquece nosso modo de ser e de viver.

Mais tarde, durante a sessão dedicada ao tema “Promoção da paz em um mundo globalizado: desafios, oportunidades e esperança” a perspectiva sobre política, foi dirigida pelo Arcebispo Paul Richard Gallagher, Secretário para as Relações com os Estados. O prelado pediu para que não tenhamos medo de sujar as mãos com a política, que não é de todo mau, especialmente se levarmos em conta que ela serve a realização do bem comum. Da mesma forma, é sempre aconselhável que os políticos lembrem-se de sua alta vocação, e que sejam incentivados a seguir e trabalhar da maneira certa. Isto - comentou ele - é o ponto de intersecção entre religião e política. A religião e os valores religiosos tem um papel profético no sentido de incentivar a política e os políticos sempre com bom aspecto. Portanto, precisamos distinguir a política ruim da boa política. Neste contexto - disse ele – os valores éticos das nossas tradições cristãs e hindus são necessárias e essenciais para fazer esta distinção.

Por fim, o Secretário destacou que no mundo globalizado o principal instrumento de construção da paz é a diplomacia. Mas – ainda advertiu – uma boa diplomacia requer uma boa política, pois a diplomacia, quando exercida sem escrúpulos para obter vantagens indevidas e concessões, pode ser simplesmente uma forma alternativa de guerra ou até mesmo ser usada para fomentar a guerra. Em resumo, de acordo com o prelado, o modelo de referência deve ser “St. Tommaso Moro” e não “O Príncipe de Maquiavel”. (LV)

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Nigéria: cai teto de uma igreja evangélica, 160 mortos

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Abuja (RV) - Pelo menos 160 pessoas morreram neste sábado (10/12), em Uyo, sul da Nigéria, devido a um teto de uma igreja evangélica, ainda em construção, que desabou sobre os fiéis.

Segundo testemunhas locais, na Reigners Bible Church estava em andamento a cerimônia de consagração do fundador Akan Weeks. A cerimônia contava centenas de fiéis. 

Os operários da construção da igreja, nos últimos dias, aceleraram os trabalhos para permitir a realização da cerimônia. Centenas de pessoas, dentre as quais o governador do Estado de Akwa Ibom, Udom Emmanuel, estavam presentes na igreja quando as traves de metal do teto cederam e caíram sobre os fiéis. O governador e o Emmanuel e bispo Weeks saíram ilesos. Segundo fontes locais, o número de vítimas poderá aumentar. 

No norte do país três pessoas morreram e 11 ficaram feridas depois de dois atentados terroristas, no último sábado (10/12), em que foram usadas duas meninas de sete e oito anos. O ataque ocorreu numa feira de Maiduguri, capital do Estado de Borno, muitas vezes mira das milícias jihadistas de Boko Haram. 

Segundo um membro das milícias civis locais, as duas meninas se aproximaram das barraquinhas dos vendedores de ave e uma delas acionou o explosivo. A segunda, explodiu quando estava chegando os socorristas. 

Na última sexta-feira, 45 pessoas morreram num atentado numa feira de Madagali, no Estado de Adamawa. Estas tragédias são geralmente obra de Boko Haram que desde 2009 causou 20 mil mortos. 

(MJ)

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Igreja no Laos festeja beatificação de 17 mártires

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Vientiane (RV) – Momento histórico para a Igreja no Laos. No domingo, 11 de dezembro, foram beatificados 17 mártires, em solene celebração realizada na Catedral da capital Vientiane.

Trata-se de um grupo formado por missionários estrangeiros e catequistas locais, assassinados entre 1954 e 1970, por guerrilheiros comunistas Pathet Lao, que tomaram o poder na pequena nação no sudeste asiático.

Cinco deles pertencem à Congregação das Missões Exteriores de Paris (MEP), os primeiros missionários que em 1885 levaram o Evangelho ao Laos; seis são Oblatos de Maria Imaculada (Omi), entre os quais o jovem missionário italiano Mario Borgaza, desaparecido em 1960, aos 27 anos, junto ao catequista local Paolo Thoj Xyooj.

Entre os laosianos proclamados Beatos figura também o Padre  Joseph Thao Tien, o primeiro sacerdote laosiano, assassinado em 1954, e outros quatro catequistas indígenas.

Os novos mártires foram reconhecidos pela Santa Sé em 2015, em duas distintas Causas de Beatificação: a primeira é a do missionário italiano Mario Borgaza e de Paolo Thoj Xyool. A segunda diz respeito a Thao Tien e 14 companheiros.

O Papa recordou dos novos Beatos no Angelus de domingo, 11 de dezembro, fazendo votos de que “a sua heroica fidelidade a Cristo possa ser de encorajamento e de exemplo aos missionários e especialmente aos catequistas, que nas terras de missão realizam uma preciosa e insubstituível obra apostólica, pela qual toda a Igreja lhes é agradecida”.

Como referido à Agência Fides, a Solene Eucaristia de Beatificação foi celebrada pelo Cardeal filipino Orlando Quevedo, enviado especial do Papa Francisco, na Catedral de Vientiane.

Estavam presentes também o Cardeal vietnamita Pierre Nguyen Van Nhon e o tailandês Francis Xavier Kriengsak Kovithavanij, o Núncio Apostólico vindo de Bangkok, além de bispos, sacerdotes, religiosos e fieis provenientes do Laos, Camboja, Vietnã e países vizinhos.

Entre os missionários estavam representantes europeus das MEP e dos Omi. Mais de dois mil os fieis presentes, que lotaram a igreja, ocupando também um espaço externo onde acompanharam a cerimônia por meio de um telão. Também autoridades civis tomaram parte na celebração.

Sublinhando que os mártires “são heróis e a história deles deve ser dada a conhecer às jovens gerações”, o cardeal Quevedo leu uma mensagem com a Solene Bênção Apostólica enviada pelo Papa Francisco, anunciando que a Festa litúrgica dos novos Beatos está fixada para 16 de dezembro.

No novo clima de disponibilidade e de abertura demonstrado pelo governo do Laos, o Arcebispo Paul Tschang In-Nam, Núncio Apostólico em Bangkok e Delegado Apostólico em Myanmar e Laos, no final da Missa expressou os seus agradecimentos, fazendo votos de que num futuro próximo o Laos possa estabelecer relações diplomáticas com a Santa Sé.

A comunidade católica no Laos conta com cerca de 60 mil batizados (1% da população de mais de 6 milhões de habitantes), espalhados em quatro Vicariatos Apostólicos e acompanhados no serviço pastoral por cerca de vinte sacerdotes no total.

(Je/Fides)

 

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Mundo árabe condena atentado contra igreja no Cairo

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Cairo (RV) – A Igreja Católica do Egito condenou com veemência o ato terrorista perpetrado na manhã de domingo contra a Igreja de São Pedro, junto à Catedral de São Marcos.

Em um comunicado, o Padre Rafic Greiche, Porta-voz da Igreja Católica egípcia, afirmou: “Estamos profundamente  chocados e em lágrimas por aquilo que aconteceu aos nossos irmãos ortodoxos e compartilhamos o seu luto com todo o coração. Rezamos pela rápida recuperação dos feridos e apresentamos as nossas mais sinceras condolências a Sua Santidade o Papa Tawadros II. Aos responsáveis pela segurança pedimos que encontrem os autores deste crime e de detê-los. Que o Senhor salve o Egito de todo o mal”.

Mundo árabe

Também a Frente para a Libertação da Palestina denunciou o ato terrorista, afirmando a sua proximidade ao povo egípcio “em combater com eles o terrorismo cego”. O Egito – afirmam – “está na mira porque este país é um dos pioneiros que quer encontrar soluções radicais aos problemas do mundo árabe, algo que não agarrada aos colonizadores israelenses”.

Outras mensagens foram publicadas pela Organização dos Parlamentares Árabes, por diversos partidos políticos egípcios, pelas Embaixadas árabes e estrangeiras presentes no Cairo.

A Universidade de al-Azhar, máxima autoridade do islã sunita – condenou o ato terrorista e cancelou a celebração da festa pelo nascimento do Profeta Maomé.

O Presidente do Egito, Abdel Fattah al Sisi, decretou três dias de luto nacional em honra às 25 vítimas do atentado.

O Patriarca Tawadros II, interrompeu sua visita à Grécia para retornar ao Egito e estar próximo aos fieis coptas. Sua Santidade estava em Atenas para a inauguração de uma nova igreja copta ortodoxa.

(je/asianews)

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Atualidades



Intercâmbio na Irlanda: a experiência de um jovem brasileiro

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Rádio Vaticano (RV) – A capital da Irlanda é uma das metas preferidas dos jovens brasileiros que desejam realizar um intercâmbio no exterior. Em Dublin, os brasileiros com visto de estudante podem conciliar os estudos com um período de trabalho.

De acordo com dados preliminares do Censo populacional de 2016, a Irlanda tem 4,757,976 habitantes. Os brasileiros com residência fixa no país são poucos, porém o número de estudantes costuma estar acima de 1mil: e a maioria se concentra em Dublin.

O jornalista Rafael Pierobon, de Araras (SP), que está fazendo esta experiência, falou à Rádio Vaticano sobre os impactos culturais, a presença dos brasileiros e os passos para quem também pretende passar um tempo em terras irlandesas. 

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