Noticiário da Rádio Vaticano Noticiário da Rádio Vaticano
RedaÇão +390669883895 e-mail: brasil@vatiradio.va

Sumario del 15/12/2016

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Papa e Santa Sé



Papa próximo da Igreja no Brasil pela perda do Card. Arns

◊  

Cidade do Vaticano (RV) –  O Papa Francisco recebeu a notícia da morte do “venerado irmão Cardeal Paulo Evaristo Arns” com grande pesar e enviou um telegrama ao Cardeal-arcebispo de São Paulo, Dom Odilo Scherer, na manhã desta quinta-feira (15/12).

O Pontífice expressa a todo o clero, comunidades religiosas e fiéis da Arquidiocese de São Paulo, bem como à família do falecido, os seus pêsames pelo desaparecimento desse intrépido pastor que no seu ministério eclesial se revelou autêntica testemunha do Evangelho no meio do seu povo, a todos apontando a senda da verdade na caridade e do serviço à comunidade em permanente atenção pelos mais desfavorecidos.

“Dou graças ao Senhor por ter dado à Igreja tão generoso pastor e elevo fervorosas preces para que Deus acolha na sua felicidade eterna este seu servo bom e fiel enquanto envio a essa comunidade arquidiocesana que chora a perda do seu amado pastor e à Igreja do Brasil, que nele teve um seguro ponto de referência e a quantos partilham esta hora de tristeza que anuncia a ressurreição, uma confortadora bênção apostólica”.

Os funerais do Cardeal Arns serão celebrados sexta-feira, às 15h, na Catedral da Sé, em São Paulo.

(cm)

inizio pagina

Papa: pastores, digam a verdade acolhendo as pessoas

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - João Batista foi a figura central da homilia do Papa Francisco na missa matutina celebrada na Capela da Santa Marta, nesta quinta-feira (15/12). 

A liturgia do Advento reflete sobre o ministério desse homem que vivia no deserto, pregava e batizava. Todos iam ao seu encontro, até mesmo os fariseus e os doutores da lei, mas “com distância”, para julgá-lo e não para se batizar. 

No Evangelho de hoje, Jesus pergunta às multidões: O que vocês foram ver no deserto? Um caniço agitado pelo vento? Um homem vestido com roupas finas? Não um homem vestido com roupas preciosas porque aqueles que vivem no luxo estão nos palácios dos reis, “alguns nos episcopados”, acrescentou o Papa.

O que eles foram ver é um profeta, “alguém que é mais do que um profeta”. “Entre os nascidos de mulher, ninguém é maior do que João”, “o último dos profetas” porque depois dele há o Messias, explicou Francisco, que se deteve nos motivos dessa grandeza: “Era um homem fiel ao que o Senhor lhe pediu”, “grande porque fiel” e essa grandeza se via em suas pregações: 

Vigor na pregação

“Pregava com vigor, dizia coisas fortes aos fariseus, aos doutores da lei, aos sacerdotes. Não lhes dizia: Queridos, comportem-se bem! Não! Dizia-lhes simplesmente: ‘Raça de víboras’. Não fazia rodeios, porque eles se aproximavam para controlar e para ver, mas nunca com o coração aberto: Raça de víboras! Arriscava a vida, mas era fiel. A Herodes dizia na cara: ‘Adúltero, isso não é lícito! Se um sacerdote hoje na homilia dominical dizer: Entre vocês existem alguns que são raça de víboras e existem também adúlteros, certamente o bispo receberia uma reclamação: Mande embora este pároco que nos insulta. E João Batista insultava. Por que? Porque era fiel à sua vocação e à verdade.”

O Papa observou que com as pessoas comuns João Batista era compreensivo. Aos publicanos, pecadores públicos porque exploravam o povo, ele dizia: “Não peçam mais do que o justo”. “Começava do pouco. Depois, veremos. E os batizava”, prosseguiu Francisco. “Primeiro este passo, depois a gente vê”.

Responsabilidade

Aos soldados, aos policiais pedia para não ameaçar nem denunciar ninguém e de se contentar com o seu salário. “Isso significa não entrar no mundo das propinas”, explicou o Papa. João batizava todos esses pecadores, mas com esse mínimo passo adiante porque sabia que com esse passo, depois o Senhor fazia o resto. E eles se convertiam. “É um pastor que entendia a situação das pessoas, que ajudava as pessoas a caminhar com o Senhor.” João foi o único dos profetas a quem foi dada a graça de indicar: “Este é Jesus”.

Mas, apesar de João ser grande, forte, certo da sua vocação, “também tinha momentos escuros”, “tinha as suas dúvidas”, diz Francisco. João, de fato, da prisão começa a duvidar, apesar de ter batizado Jesus, “porque era um Salvador, não como ele havia imaginado”. Ele, então, envia dois dos seus discípulos a perguntar-lhe se era realmente ele o Messias. E Jesus corrige a visão de João com uma resposta clara. Diz para referir a João que “os cegos recuperam a vista”, “os surdos ouvem”, “os mortos ressuscitam”. “Os grandes podem se dar ao luxo de duvidar, porque são grandes”, comenta o Papa:

Conversão

“Os grandes podem se dar ao luxo de duvidar, e isso é bom. Eles têm certeza da vocação, mas sempre que o Senhor lhes mostra uma nova estrada eles têm dúvidas. ‘Mas isso não é ortodoxo, isto é herético, este não é o Messias que eu esperava'. O diabo faz este trabalho e qualquer amigo também ajuda, certo? Esta é a grandeza de João, um grande, o último daquele grupo de crentes que começou com Abraão, aquele que prega a conversão, que não usa meias palavras para condenar os orgulhosos, que no fim da vida se permite de duvidar. E este é um bom programa de vida cristã”.

Francisco, em seguida, resume os pontos principais da sua homilia: dizer as coisas com verdade e receber das pessoas o que consegue dar, um primeiro passo:

“Peçamos a João a graça da coragem apostólica de sempre dizer as coisas com a verdade do amor pastoral, de receber pessoas com o pouco que pode dar, o primeiro passo. Deus fará o resto. E também a graça para duvidar. Muitas vezes, talvez no final da vida, alguém se pode perguntar: 'Mas é verdade tudo aquilo que eu acreditei ou são fantasias?’ A tentação contra a fé, contra o Senhor. Que o grande João, que é o menor no reino dos Céus, por isso é grande, nos ajude neste caminho nas pegadas do Senhor”. (MJ-SP)

 

inizio pagina

Dia Mundial do Enfermo 2017: publicada a mensagem do Papa

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – O Vaticano publicou na manhã desta quinta-feira (15/12) a mensagem dedicada pelo Papa ao XXV Dia Mundial do Enfermo, evento celebrado anualmente em 11 de fevereiro. O tema da edição 2017 será «Admiração pelo que Deus faz: “o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49)»

Instituído por São João Paulo II em 1992 e celebrado a primeira vez em Lourdes, na Franaça, no ano seguinte, o Dia é ocasião para se prestar especial atenção à condição dos doentes e mais em geral, a todos os atribulados; ao mesmo tempo, convida familiares, profissionais de saúde e voluntários a dar graças pela vocação de acompanhar os irmãos doentes. 

Na mensagem, o Papa se diz próximo a todos os que vivem a experiência do sofrimento e suas famílias, enaltece aqueles que nas estruturas de saúde espalhadas pelo mundo se ocupam das melhoras, cuidados e bem-estar diário dos enfermos; encoraja todos – doentes, atribulados, médicos, enfermeiros, familiares, voluntários – a olhar Maria, Saúde dos Enfermos, como a garante da ternura de Deus por todo o ser humano.   

Como Santa Bernadete, pobre, analfabeta e doente, estamos sob o olhar de Maria. “Peçamos à Imaculada Conceição a graça de saber sempre relacionar-nos com o doente como uma pessoa que certamente precisa de ajuda”, escreve o Pontífice. 

Por ocasião deste Dia, prossegue, “podemos encontrar novo impulso e contribuir para a difusão de uma cultura respeitadora da vida, da saúde e do meio ambiente; lutar pelo respeito da integridade e dignidade das pessoas, abordando corretamente as questões bioéticas e a tutela dos mais fracos”.

O Papa reafirma também a sua proximidade de oração e encorajamento a médicos, enfermeiros, voluntários e todos os homens e mulheres comprometidos no serviço dos doentes e necessitados; às instituições eclesiais e civis que trabalham nesta área; e às famílias que cuidam amorosamente dos seus membros doentes. 

Na conclusão, recorda o testemunho luminoso de tantos amigos e amigas de Deus, como São João de Deus e São Camilo de Lélis, Padroeiros dos hospitais e dos profissionais de saúde, e Santa Teresa de Calcutá, missionária da ternura de Deus. E termina com a oração a Maria: 

“Ó Maria, nossa Mãe,
que, em Cristo, acolheis a cada um de nós como filho,
sustentai a expectativa confiante do nosso coração,
socorrei-nos nas nossas enfermidades e tribulações,
guiai-nos para Cristo, vosso filho e nosso irmão,
e ajudai a confiarmo-nos ao Pai que faz maravilhas”.

(cm)

 

inizio pagina

Mensagem para o Dia Mundial do Enfermo - texto integral

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – Foi divulgada esta quinta-feira (15/12) a mensagem do Papa Francisco para a XXV Dia Mundial do Enfermo – a ser celebrado em 11 de fevereiro de 2017 -  que terá por tema «Admiração pelo que Deus faz:“o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49)».

Eis a íntegra da mensagem do Santo Padre:

“Queridos irmãos e irmãs,

No próximo dia 11 de fevereiro, celebrar-se-á em toda a Igreja, e de forma particular em Lourdes, o XXV  Dia Mundial do Enfermo,, sob o tema: «Admiração pelo que Deus faz: “o Todo-Poderoso fez em mim maravilhas” (Lc 1, 49)». Instituída pelo meu predecessor São João Paulo II em 1992 e celebrada a primeira vez precisamente em Lourdes no dia 11 de fevereiro de 1993, tal Jornada dá ocasião para se prestar especial atenção à condição dos doentes e, mais em geral, a todos os atribulados; ao mesmo tempo convida quem se prodigaliza em seu favor, a começar pelos familiares, profissionais de saúde e voluntários, a dar graças pela vocação recebida do Senhor para acompanhar os irmãos doentes. Além disso, esta recorrência renova, na Igreja, o vigor espiritual para desempenhar sempre da melhor forma a parte fundamental da sua missão que engloba o serviço aos últimos, aos enfermos, aos atribulados, aos excluídos e aos marginalizados (cf. JOÃO PAULO II, Motu proprio Dolentium hominum, 11 de fevereiro de 1985, 1). Com certeza, os momentos de oração, as Liturgias Eucarísticas e da Unção dos Enfermos, a interajuda aos doentes e os aprofundamentos bioéticos e teológico-pastorais que se realizarão em Lourdes, naqueles dias, prestarão uma nova e importante contribuição para tal serviço.

Sentindo-me desde agora presente espiritualmente na Gruta de Massabiel, diante da imagem da Virgem Imaculada, em quem o Todo-Poderoso fez maravilhas em prol da redenção da humanidade, desejo manifestar a minha proximidade a todos vós, irmãos e irmãs que viveis a experiência do sofrimento, e às vossas famílias, bem como o meu apreço a quantos, nas mais variadas tarefas de todas as estruturas sanitárias espalhadas pelo mundo, com competência, responsabilidade e dedicação se ocupam das melhoras, cuidados e bem-estar diário de todos vós. Desejo encorajar-vos a todos – doentes, atribulados, médicos, enfermeiros, familiares, voluntários – a olhar Maria, Saúde dos Enfermos, como a garante da ternura de Deus por todo o ser humano e o modelo de abandono à vontade divina; e encorajar-vos também a encontrar sempre na fé, alimentada pela Palavra e os Sacramentos, a força para amar a Deus e aos irmãos mesmo na experiência da doença.

Como Santa Bernadete, estamos sob o olhar de Maria. A jovem humilde de Lourdes conta que a Virgem, por ela designada «a Bela Senhora», a fixava como se olha para uma pessoa. Estas palavras simples descrevem a plenitude dum relacionamento. Bernadete, pobre, analfabeta e doente, sente-se olhada por Maria como pessoa. A Bela Senhora fala-lhe com grande respeito, sem Se pôr a lastimar a sorte dela. Isto lembra-nos que cada doente é e permanece sempre um ser humano, e deve ser tratado como tal. Os doentes, tal como as pessoas com deficiências mesmo muito graves, têm a sua dignidade inalienável e a sua missão própria na vida, não se tornando jamais meros objetos, ainda que às vezes pareçam de todo passivos, mas, na realidade, nunca o são.

Bernardete, depois de estar na Gruta, graças à oração, transforma a sua fragilidade em apoio para os outros; graças ao amor, torna-se capaz de enriquecer o próximo e sobretudo oferece a sua vida pela salvação da humanidade. O facto de a Bela Senhora lhe pedir para rezar pelos pecadores lembra-nos que os doentes, os atribulados não abrigam em si mesmos apenas o desejo de curar, mas também o de viver cristãmente a sua existência, chegando a doá-la como autênticos discípulos missionários de Cristo. A Bernadete, Maria dá a vocação de servir os doentes e chama-a para ser Irmã da Caridade, uma missão que ela traduz numa medida tão elevada que se torna modelo que todo o profissional de saúde pode tomar como referência. Por isso, peçamos à Imaculada Conceição a graça de saber sempre relacionar-nos com o doente como uma pessoa que certamente precisa de ajuda – e, por vezes, até para as coisas mais elementares – mas também é portadora do seu próprio dom que deve partilhar com os outros.

O olhar de Maria, Consoladora dos aflitos, ilumina o rosto da Igreja no seu compromisso diário a favor dos necessitados e dos doentes. Os preciosos frutos desta solicitude da Igreja pelo mundo dos atribulados e doentes são motivo de agradecimento ao Senhor Jesus, que Se fez solidário conosco, obedecendo à vontade do Pai até à morte na cruz, para que a humanidade fosse redimida. A solidariedade de Cristo, Filho de Deus nascido de Maria, é a expressão da omnipotência misericordiosa de Deus que se manifesta na nossa vida – sobretudo quando é frágil, está ferida, humilhada, marginalizada, atribulada –, infundindo nela a força da esperança que nos faz levantar e sustenta.

Uma riqueza tão grande de humanidade e de fé não deve ficar perdida, mas sim ajudar-nos a enfrentar as nossas fraquezas humanas e, ao mesmo tempo, os desafios presentes em âmbito sanitário e tecnológico. Por ocasião do Dia Mundial do Enfermo, podemos encontrar novo impulso a fim de contribuir para a difusão duma cultura respeitadora da vida, da saúde e do meio ambiente; encontrar um renovado impulso a fim de lutar pelo respeito da integridade e dignidade das pessoas, inclusive mediante uma abordagem correta das questões bioéticas, a tutela dos mais fracos e o cuidado pelo meio ambiente.

Por ocasião da XXV Dia Mundial do Enfermo, reitero a minha proximidade feita de oração e encorajamento aos médicos, enfermeiros, voluntários e a todos os homens e mulheres consagrados comprometidos no serviço dos doentes e necessitados; às instituições eclesiais e civis que trabalham nesta área; e às famílias que cuidam amorosamente dos seus membros doentes. A todos, desejo que possam ser sempre sinais jubilosos da presença e do amor de Deus, imitando o testemunho luminoso de tantos amigos e amigas de Deus, dentre os quais recordo São João de Deus e São Camilo de Lélis, Padroeiros dos hospitais e dos profissionais de saúde, e Santa Teresa de Calcutá, missionária da ternura de Deus.

Irmãs e irmãos todos – doentes, profissionais de saúde e voluntários –, elevemos juntos a nossa oração a Maria, para que a sua materna intercessão sustente e acompanhe a nossa fé e nos obtenha de Cristo seu Filho a esperança no caminho da cura e da saúde, o sentido da fraternidade e da responsabilidade, o compromisso pelo desenvolvimento humano integral e a alegria da gratidão sempre que Ele nos maravilha com a sua fidelidade e a sua misericórdia:

Ó Maria, nossa Mãe,

que, em Cristo, acolheis a cada um de nós como filho,

sustentai a expectativa confiante do nosso coração,

socorrei-nos nas nossas enfermidades e tribulações,

guiai-nos para Cristo, vosso filho e nosso irmão,

e ajudai a confiarmo-nos ao Pai que faz maravilhas.

A todos vós, asseguro a minha recordação constante na oração e, de coração, concedo a Bênção Apostólica.

 

Vaticano, 8 de dezembro – Festa da Imaculada Conceição – de 2016.

inizio pagina

Papa: Por que as crianças sofrem?

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – A esperança é a “gasolina” da vida cristã, que nos faz seguir em frente a cada dia. 

Num ambiente descontraído na Sala Paulo VI, o Papa Francisco encontrou na manhã desta quinta-feira pacientes, famílias, funcionários e colaboradores do Hospital Pediátrico “Bambino Gesù”. Na primeira fila, 150 crianças provenientes também das tantas “periferias do mundo”.

Presentes no encontro, entre outros, o Cardeal Arcebispo de Bangui, Dieudonné Nzapalainga, visto que a Santa Sé está reconstruindo um hospital pediátrico na capital da República Centro Africana, a favor do qual será realizado um concerto no próximo sábado com o cantor italiano Claudio Baglione.

Dá muito mais alegria viver “com o coração aberto do que com o coração fechado”. Diante das crianças que sofrem por alguma doença, levando a vida em frente com coragem e que confiam ao Pontífice as suas emoções, o Francisco responde com a sinceridade que lhe é própria.

Valentina, uma enfermeira, observa que quem trabalha no hospital, teve a possibilidade de escolha, enquanto que os pequenos pacientes e seus pais,  não tiveram a possibilidade de escolher em estar ou não ali. Francisco admite não existir uma resposta para o sofrimento das crianças:

“Nem mesmo Jesus deu uma resposta em palavras. Diante de alguns casos, acontecidos na época, de inocentes que haviam sofrido em circunstâncias trágicas, Jesus não fez uma pregação, um discurso teórico. Poderia ter feito, certamente, mas ele não fez. Vivendo em meio a nós, não nos explicou porque se sofre. Jesus – ao contrário – nos demonstrou o caminho para dar sentido também a esta experiência humana: não explicou porque se sofre, mas suportando com amor o sofrimento nos mostrou por quem se oferece. Não porque, mas por quem”.

Simplicidade

Neste sentido, Francisco exorta a abrir-se aos valores dos sonhos, do dom, das pequenas coisas, de um simples obrigado:

“Ensinamos isto às crianças e depois, nós adultos, não fazemos. Mas dizer obrigado, simplesmente porque estamos diante de uma pessoas, é um remédio contra o esfriamento da esperança, que é uma doença contagiosa feia. Dizer obrigado alimenta a esperança, aquela esperança na qual, como disse São Paulo, estamos salvos. A esperança é a “gasolina” da vida cristã, que nos faz seguir em frente a cada dia”.

A seguir Serena, de 27 anos, contou que sua história no“Bambino Gesù” teve início quando tinha apenas 13 anos. Uma história de doenças, recaídas, complicações de todo gênero, mas sobretudo de esperança. Agora a jovem estuda medicina. Neste sentido, o Papa exorta a encontrar “a beleza das pequenas coisas”:

Natal

“Pode parecer uma lógica de perdedor, sobretudo hoje, com a mentalidade de aparecer que exige resultados imediatos, sucesso, visibilidade. Ao invés disto, pensem em Jesus: a maior parte da sua vida sobre esta terra passou no escondimento; cresceu na sua família sem pressa, aprendendo a cada dia, trabalhando e compartilhando alegrias e dores dos seus. O Natal nos diz que Deus não se fez forte e poderosos, mas frágil e fraco, como uma criança”.

Vivemos em um tempo – constata o Papa – em que “os espaços e os tempos se restringem sempre mais”:

“Se corre tanto e menos espaços são encontrados: não somente para estacionar os automóveis, mas também locais para encontrar-se; não somente tempo livre, mas tempo para parar e se encontrar. Há grande necessidade de tempos e de espaços mais humanos”.

E ao falar de espaços, Francisco faz menção ao “Bambino Gesù” , que não obstante “os espaços estreitos, os horizontes se alargaram”. E cita os tantos projetos da instituição, “mesmo em outros continentes”.

O Papa então, aconselha antes de tudo a “manter vivos os sonhos”:

Sonhar

“Os sonhos não são nunca anestesiados, ali a anestesia é proibida! Deus mesmo, o ouviremos no Evangelho de domingo, comunica às vezes por meio de sonhos; mas sobretudo convida a realizar sonhos grandes, mesmo se difíceis. Nos leva a não pararmos de fazer o bem, a não apagar nunca o desejo de viver grandes projetos. Gosto de pensar que o próprio Deus tem  sonhos, também neste momento, para cada um de nós. Uma vida sem sonhos não é digna de Deus, não é cristã uma vida cansada e resignada, onde se contenta com isto, se vive à toa sem entusiasmo o dia”.

O Papa sublinha depois a “força de quem doa”: pode-se viver  “colocando em primeiro lugar o ter ou o dar”:

“Pode-se trabalhar pensando sobretudo no ganho, ou buscando dar o melhor de si em favor de todos. Então o trabalho, não obstante todas as dificuldades, torna-se uma contribuição ao bem comum, às vezes até mesmo uma missão”.

Doação

O importante – afirma – é reconhecer o que vem antes: fazer algo para os próprios interesses e para o sucesso ou “seguir a intuição de servir, doar, amar”, vivendo a cada dia como “gostaria o Senhor”:

“Não como um peso – que depois pesa sobretudo sobre os outros que devem me suportar – mas como um dom. É a minha vez de fazer um pouco de bem, para levar Jesus, para testemunhar não a palavra mas com as obras. A cada dia se pode sair de casa com o coração um pouco fechado em si mesmo, ou com o coração aberto, prontos a encontrar, a doar”.

Os votos finais de Francisco é para se viver ”com o coração aberto”.

(je/ga)

inizio pagina

Papa: não-violência, caminho para a paz no mundo

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (15/12), na Sala Clementina, no Vaticano, os embaixadores junto à Santa Sé da Suécia, Fiji, Moldávia, República de Maurício, Tunísia e Burundi, para a apresentação de suas credenciais.

 
 
O Santo Padre agradeceu aos embaixadores por sua presença que mostra o desejo de manter e desenvolver relações de estima e colaboração com a Santa Sé.

“Vocês vêm de várias regiões do mundo muito distantes e diferentes. Este fato constitui sempre aqui, em Roma, um motivo de alegria, porque o horizonte da Santa Sé é por sua natureza universal, por causa da vocação e missão que Deus confiou ao Sucessor do Apóstolo Pedro: missão essencialmente religiosa que assume na história a dimensão das relações com os Estados e seus governantes. Neste contexto histórico, a Igreja Católica, que tem na Santa Sé o seu centro unificador e propulsor, é chamada a transmitir e testemunhar os valores espirituais e morais que estão contidos na própria natureza do ser humano e da sociedade, e que como tais são partilhados por todos aqueles que promovem o bem comum.” 

Paz

Francisco sublinhou que dentre esses valores a paz ocupa um lugar de destaque e há cinquenta anos os Pontífices dedicaram o dia 1° de janeiro para a paz, “endereçando uma mensagem particular às autoridades civis e religiosas do mundo e a todos os homens e mulheres de boa vontade”.
 
Para o próximo Dia Mundial da Paz foi publicado, três dias atrás, a mensagem sobre o tema “A não-violência: estilo de uma política para a paz”.
 
A seguir, o Papa fez uma breve reflexão sobre esse tema.
 
“A não-violência é um exemplo típico de valor universal que encontra no Evangelho de Cristo a sua plenitude, mas pertence também a outras nobres e antigas tradições espirituais. Num mundo como o atual, marcado por guerras e numerosos conflitos, como também pela violência que se manifesta de várias formas na vida cotidiana, escolher a não-violência como estilo de vida se torna cada vez mais uma exigência de responsabilidade em todos os níveis, desde a educação familiar ao compromisso social e civil, das atividades políticas às relações internacionais. Trata-se de rejeitar a violência como método de resolução de conflitos e enfrentá-los sempre com o diálogo e a tratativa”, disse Francisco.

Estilo não violento

Segundo o Pontífice, “aqueles que desempenham cargos institucionais no âmbito nacional ou internacional são chamados a assumir na própria consciência e no exercício de suas funções um estilo não violento, que não é de fato sinônimo de fraqueza ou passividade, pelo contrário, pressupõe força de ânimo, coragem e capacidade de enfrentar as questões e os conflitos com honestidade intelectual, buscando realmente e primeiramente o bem comum antes de qualquer interesse seja ele ideológico, econômico ou político”.
 
“Do último século, devastado por guerras e genocídios de proporções sem precedentes, podemos recordar também exemplos brilhantes de como a não-violência, abraçada com convicção e praticada com coerência, possa alcançar resultados importantes também no plano social e político. Algumas populações e também nações inteiras, graças ao compromisso de líderes não-violentos, alcançaram metas de liberdade e justiça de forma pacífica. Este é o caminho a seguir no presente e no futuro. Este é o caminho da paz, não aquela proclamada por palavras mas negada de fato, seguindo estratégias de domínio, mantidas por gastos escandalosos em armamentos, enquanto muitas pessoas não possuem o necessário para viver”, frisou o Papa. 

Francisco concluiu seu discurso, afirmando aos embaixadores que é seu desejo e também da Santa Sé levar adiante com os governos de seus países este processo de promoção da paz, como também de outros valores que promovem o desenvolvimento integral do ser humano e da sociedade. 

(MJ)

inizio pagina

Papa aprecia proposta de criar uma rede de prefeitos

◊  

Cidade do Vaticano (RV) - “A minha porta estará sempre aberta a vocês e a esta nova rede” de prefeitos. É o que afirma o Papa Francisco numa carta enviada,  nesta quarta-feira (14/12), aos participantes do encontro que reuniu prefeitos de 80 cidades europeias, no Vaticano, nos dias 9 e 10 deste mês, para debater sobre a questão refugiados, um número que atualmente supera 125 milhões.

O evento, intitulado "Europa: os refugiados são nossos irmãos", foi realizado na Casina Pio IV, nos Jardins Vaticanos, convocado pela Pontifícia Academia das Ciências Sociais.

“Manifesto a cada um dos prefeitos a minha admiração e gratidão pelo trabalho inteligente e corajoso em favor de nossos irmãos e irmãs refugiados”, destaca o Papa na carta de agradecimento e incentivo. 

“Nos dois dias do evento, acompanhei de perto o desempenho dos trabalhos e estou consciente dos sucessos notáveis que foram alcançados. Aprecio muito a proposta de criar uma rede de prefeitos”, afirma ainda o Papa na missiva.
 
No final do encontro os participantes da conferência assinaram um documento unânime no qual escrevem que "os refugiados são nossos irmãos e irmãs". 

Segundo informações da Sala de Imprensa da Santa Sé, a carta do Papa Francisco aos prefeitos foi traduzida em várias línguas e o texto foi mesmo para todos os destinatários. 

(MJ)

inizio pagina

Santa Sé: educação, chave para prevenir intolerância contra cristãos

◊  

Viena (RV) – A educação para “a cultura do encontro”, a promoção de um clima de maior confiança pelas religiões, o reconhecimento de que “com os seus valores e tradições” possam contribuir “de modo significativo” ao desenvolvimento da sociedade: são estas as chaves para prevenir a intolerância e as discriminações anticristãs na Europa e assim garantir a segurança no continente.

Este é o fio condutor dos três pronunciamentos do Observador Permanente da Santa Sé na OSCE,  Dom Janusz Urbańczyk, durante a Conferência sobre a Luta contra a intolerância e a discriminação, realizada na quarta-feira, em Viena. A iniciativa foi uma promoção da mesma Organização sobre a Segurança e a Cooperação na Europa, que se ocupa também da promoção e da tutela dos direitos e da democracia.

Intolerância contra os cristãos na Europa

Em seu primeiro pronunciamento, Urbańczyk recordou que, por sorte, na Europa não se assiste às brutais perseguições sofridas hoje por tantos cristãos em outras partes do mundo. Estão,  infelizmente,  em preocupante aumento, as manifestações de intolerância, os crimes de ódio e os episódios de vandalismo em relação a ele, somadas as ofensas e os insultos devido às suas convicções. Fenômenos que são seguidamente subestimados, também pela mídia. Não menos preocupante – acrescentou o prelado – a agressividade de algumas campanhas que denigrem os cristãos, taxando-os de  bigotismo e intolerância, porque as suas opiniões não estão de acordo com as ideologias vigentes. Contra estes fenômenos – recordou o representante vaticano – a Santa Sé pede “medidas legislativas adequadas” e declarações oficiais análogas àquela adotada em 2014 pelo Conselho ministerial da OSCE em Basileia, sobre o aumento dos esforços para combater o antissemitismo.

A educação fundamental para construir pontes de paz e estabilidade

Mas para combater a discriminação e a intolerância – sublinhou Dom Urbańczyk, no segundo pronunciamento – é necessário intervir, antes de tudo, na educação: “A Santa Sé tem a firme convicção de que a educação é um instrumento importante para construir pontes de paz e estabilidade e para fazer de nossos jovens, construtores de paz e promotores de uma autêntica tolerância e não-discriminação”.

Fundamental, neste sentido, é depois a promoção de um diálogo construtivo no debate público. “Também o diálogo inter-religioso – acrescentou – seria um instrumento útil para promover a compreensão e a confiança recíproca para reduzir a intolerância e a discriminação".

Cultura do encontro

No terceiro e último pronunciamento, o representante vaticano insistiu ainda sobre a importância do diálogo, da compreensão e da confiança recíproca e sobre o reconhecimento nos Estados europeus da contribuição das religiões ao desenvolvimento da sociedade.

Neste sentido, o convite aos governos, aos crentes das várias religiões e a todos os outros protagonistas sociais, para unirem a sua voz na defesa da tolerância e a redescobrir a “cultura do encontro” invocada pelo Papa Francisco.

(JE/LZ)

 

 

inizio pagina

Conselho de Superintendência do IOR tem novos membros

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – A Comissão Cardinalícia do Instituto para as Obras de Religião (IOR) designou aos senhores Scott C. Malpass, Javier Marín Romano e Georg Freiherr von Boeselager o cargo de membros do Conselho de Superintendência do IOR, elevando assim a sete o número de participantes.

O Sr. Malpassa, de origem estadunidense, ocupou prestigiosos encargos, sendo atualmente  Chief Investment Officer para a Notre Dame University (Estados Unidos da América), onde trabalha no campo dos investimentos conforme a Doutrina Social da Igreja, há mais de 25 anos, e ministra cursos sobre a pesquisa na área financeiro na mesma Universidade.

O Sr. Marín, de origem espanhola, possui grande experiência no campo bancário e, em particular, desempenhou várias funções para o Banco Santander. De fato, foi Chief Executive Officer e Head of Private Banking, Asset Management and Insurance Division do referido Banco.

O Sr. von Boeselager, por sua vez, é de nacionalidade alemã. Trabalhou por diversos anos na qualidade de Private Banker e atualmente ocupa o cargo de Head of Supervisory Board da Merck Finck & Privatbankiers AG de Munique da Baviera.

Os três novos membros – com larga experiência no campo financeiro – se reunirão, junto aos outros Membros do Conselho, no próximo encontro previsto para janeiro de 2017.

 

(JE)

inizio pagina

Igreja no Brasil



Card. Hummes: "Ninguém silenciava a coragem de Dom Paulo"

◊  

São Paulo (RV) – Dom Paulo Evaristo Arns foi bispo e arcebispo de São Paulo entre os anos 60 e 70. Na Zona Norte da cidade, teve uma atuação marcante. Desenvolveu inúmeros projetos voltados para a população de baixa renda, entre 1966 e 1970, como auxiliar da Arquidiocese.

Em Santana começou trabalho orgânico e integrado com padres, religiosos e leigos, preocupado com a formação permanente do clero e do povo. Criou a "Missão do Povo de Deus', passando um tempo em cada paróquia da região com uma equipe para multiplicar os ensinos do Concílio Ecumênico Vaticano II. Dessa missão, surgiram Ministros da Palavra que levaram a "Semana da Palavra", em 8 etapas, para as ruas da arquidiocese, evangelizando a cidade, formando comunidades eclesiais de base (CEBs) e multiplicando grupos de rua.

Em 1998, aos 76 anos, apresentou a renúncia. Chegou à Arquidiocese outro franciscano, Dom Cláudio Hummes, que assim recorda o seu antecessor e confrade:

Era um homem de ação, não só de palavras

“Foi um grande pastor da Arquidiocese de SP e teve sempre uma liderança muito forte na Igreja do Brasil inteiro. Era admirado também no mundo afora, era uma figura internacional, como Dom Helder Câmara. Sua morte é uma grande perda para todos nós, mas hoje o lembramos também com alegria pelo que ele significou para o Brasil, a sociedade brasileira e a Igreja de modo particular. Se destacou no tempo da ditadura militar, quando foi bispo. Nos tempos do Presidente Médici, auge da repressão, ele o enfrentou pessoalmente para denunciar, reclamar, para pedir a cessação das torturas, das prisões, enfim... Sempre teve muita coragem, sempre o admiramos pela coragem e a lucidez. Ninguém o silenciava. Ele denunciava e fazia também. Não era só homem que falava, ele fazia, ia visitar as prisões, ira à procura dos que foram mortos e estavam desaparecidos... enfim, uma figura que o mundo conhece como grande defensor dos perseguidos”.

Levou a Igreja às periferias e esteve com os pobres

“Era também um homem das periferias. Ele começou um grande trabalho nas periferias da Arquidiocese de SP. Naquele tempo, a Arquidiocese era muito maior do que hoje... depois ela foi dividida. Havia enormes periferias e as favelas eram ainda muito mais miseráveis do que hoje. Ele começou a orientar a sua Igreja (de SP) para ir às favelas, a estar lá, junto com os pobres, trabalhar com eles, defende-los, solidarizar-se com os pobres, com os favelados, dos desempregados. Foi um homem muito dos pobres, com os pobres e para os pobres. Ele sabia que era necessário trabalhar com eles, fazer deles também sujeitos de sua própria história, acompanhando-os, apoiando-os, encorajando-os”.

A convivência amigável em SP

“No dia a dia era um homem muito agradável, muito fraterno. Convivi muito com ele, éramos franciscanos... Naquela época, eu estava no ABC e ele começou uns três anos antes aqui em SP. De uma certa forma trabalhamos juntos nos 21 anos em que estive em Santo André. Encontrava-me muitas vezes com ele, era muito querido, muito fraterno, muito amigo. Sabia rir juntos, sabia conviver... como um confrade franciscano. Tenho esta lembrança muito forte. Também quando eu vim para SP, indicado para sucedê-lo aqui, ele sempre me apoiou. Ele sabia que eu não era como ele nem ele era como eu... éramos pessoas diferentes e nem deveríamos tentar imitar um ao outro. Ele certamente me inspirou muito no trabalho, e ele sabia disso. Suas grandes linhas, no entanto, sempre ficaram e ficarão aqui dentro da nossa Arquidiocese de SP”. “Foi um homem que inspirou e vai continuar inspirando nós todos. Não podemos esquecê-lo”.

Lúcido e feliz com o Papa Francisco

“Estava muito feliz com o Pontificado do Papa Francisco. Todas as vezes que fui visita-lo, depois da eleição do Papa Francisco, ele sempre queria falar sobre o Papa; saber como estava. Acompanhava muito de perto”. 

Ouça aqui: 

 

(cm)

 

inizio pagina

Em Romaria: Dom Paulo Evaristo, uma vida de esperança

◊  

Cidade do Vaticano (RV) – “De Esperança em Esperança” era o lema episcopal de Dom Paulo Evaristo Arns, falecido aos 95 anos esta quarta-feira.

O Programa Brasileiro da Rádio Vaticano dedica a este importante protagonista da Igreja no Brasil o Programa “Em Romaria” desta quinta-feira. Ouça: 

 

 

inizio pagina

Tristeza e luto pela morte do Card. Arns

◊  

São Paulo (RV) – A notícia da morte do Cardeal Paulo Evaristo Arns repercutiu no Brasil e a imprensa internacional deu muito destaque à perda. Várias entidades ligadas à Igreja emitiram notas de pesar. Dom Paulo tinha 95 anos, 71 anos de sacerdócio e 76 anos de vida franciscana. Ele era cardeal desde 1973 e foi arcebispo metropolitano de São Paulo entre 1970 e 1998.

CNBB

A CNBB, em nota assinada pelo Secretário-geral, Dom Leonardo Steiner, afirma que “em seu ministério episcopal, especialmente durante os penosos anos do regime de exceção vividos pelo Brasil, ele foi sempre um pastor símbolo da fidelidade à Palavra de Cristo e aos Ensinamentos da Igreja... deu significativa contribuição na luta contra a tortura e o restabelecimento da democracia”.

Dom Arns, como Francisco de Assis, encontrava na prática de Jesus a motivação fundante para sua predileção pelos pobres e desamparados da sociedade conforme declarou em uma de suas obras mais conhecidas: "Jesus não foi indiferente nem estranho ao problema da dignidade e dos direitos da pessoa humana, nem às necessidades dos mais fracos, dos mais necessitados e das vítimas da injustiça. Em todos os momentos Ele revelou uma solidariedade real com os mais pobres e miseráveis (Mt 11, 28-30); lutou contra a injustiça, a hipocrisia, os abusos do poder, a avidez de ganho dos ricos, indiferentes aos sofrimentos dos pobres, apelando fortemente para a prestação de contas final, quando voltará na glória para julgar os vivos e os mortos" (Da esperança à utopia: testemunho de uma vida).

O secretário-executivo da Comissão Brasileira Justiça e Paz da CNBB, Carlos Moura, disse que Dom Paulo Evaristo Arns deixa o legado de colocar na agenda pública nacional a inviolabilidade da vida humana: “Quem conviveu com o religioso teve a oportunidade de escutar 'de esperança em esperança', esse quase lema que o acompanhou nos tempos mais difíceis da história nacional, quando o autoritarismo era lei que prendia, torturava e condenava quem discordasse da Lei de Segurança Nacional”, afirma, em nota.

O trabalho pastoral de Arns foi voltado principalmente aos moradores da periferia, aos trabalhadores, à formação de comunidades eclesiais de base nos bairros e à defesa e promoção dos direitos humanos. O livro de sua autoria ‘Brasil: nunca mais’ retrata os mecanismos de tortura e outras graves violações a direitos humanos durante a ditadura militar brasileira.

Pastoral da Criança

A Coordenação Nacional da Pastoral da Criança atesta que Dom Paulo foi “o grande responsável por semear a criação da Pastoral da Criança” em 1982, projeto desenvolvido por sua irmã, a médica pediatra e sanitarista Zilda Arns Neumann, e que busca reduzir a mortalidade infantil.

Em nota, a Pastoral disse que a vida do cardeal foi marcada por uma série de ações voltadas às populações mais pobres e necessitadas: “Ele foi um exemplo de que os ensinamentos cristãos se concretizam no contato com o povo, pelo viés da solidariedade, buscando a transformação das injustiças sociais. Costumava dizer que, para que essas transformações aconteçam, é importante cada um se interessar pela política e agir, no sentido de defender os direitos daqueles que mais precisam”.

Pastoral da Terra

A Comissão Pastoral da Terra também manifestou pesar à morte de Arns e ressaltou sua ligação com as questões agrárias. A entidade afirmou que "se une a todos os brasileiros e brasileiras e a todos os que, lutando por um mundo de justiça e igualdade, hoje pranteiam a morte de Dom Paulo Evaristo Arns.

"Dom Paulo foi um baluarte na luta pela democracia, no combate à Ditadura Militar, denunciando os desmandos praticados contra lideranças e militantes de movimentos, presos e submetidos a sessões de tortura. A palavra e a postura de Dom Paulo dando guarida a perseguidos, denunciando as atrocidades e brandindo a espada da Justiça é um exemplo que marca até hoje a história de nosso país".

Ouça: 

(cm-agências)

inizio pagina

Irmã M. José: "Dom Paulo é um pai querido que vai para o céu"

◊  

São Paulo (RV) - O velório de Dom Paulo Evaristo Arns se estenderá até aproximadamente às 15h de sexta-feira (16/12), quando seu corpo será sepultado na cripta da Catedral da Sé, em São Paulo. Até lá, estão sendo celebradas missas a cada duas horas. A informação é da Irmã Maria José Mendes, Superiora Geral da Congregação das Irmãs Franciscanas da Ação Pastoral.

Ouça:

  

“A família está vindo, a nossa Congregação das Franciscanas da Ação Pastoral está presente todo o tempo, porque ele é um co-fundador desde que ela se separou da Alemanha. Ele sempre disse ‘a nossa Congregação, vocês são minhas filhas’... Ele sempre rezou; as irmãs cuidam dele há mais de 30 anos. Irmã Terezinha sempre cuidou dele dia e noite. Ele tem um carinho especial por cada irmã. Domingo passado, quando lhe visitei, ele me agradeceu por tudo aquilo que as irmãs fizeram e fazem por ele. Para nós, Dom Paulo é um pai querido que vai para o céu. Sempre nos ajudou, foi nosso Diretor Espiritual e desde 2008 mora conosco no Taboão da Serra, na casinha que ele chama de ‘nosso eremitério franciscano’. Um homem santo de Deus, uma beleza de vida. Celebrava para nossas irmãs; a cada dia que podia, ele vinha rezar e celebrava, parecia que estava falando com o povo todo”.

“Dom Paulo deixa um legado muito grande para a Igreja de São Paulo, para o Brasil, para o mundo; e especialmente também para a nossa Congregação. Escreveu até um livro ‘Religiosas recomeçam sempre’, com a gravação das homilias que ele fazia para nós desde que começou a assumir a Congregação”.

“Estamos tristes, mas ao mesmo tempo, dando graças a Deus por uma vida maravilhosa, uma missão linda junto aos pobres e sofredores, lutando pela justiça e pela paz, com estes governantes e estas situações todas. Um homem que não deixou nada a desejar. Agora, desejamos que o Pai o receba com toda festa e de lá ele possa interceder por este nosso país, por este nosso mundo em conflito, guerra e com tanta falta de paz”.

“Não existem palavras para expressar tudo aquilo que gostaríamos de dizer de gratidão, de amor, a este grande homem, a este grande religioso, a este grande coração franciscano”.

 

(cm)

 

inizio pagina

Testemunho de Dom Paulo iluminou e encorajou a Igreja

◊  

São Paulo (RV) – A Província Franciscana da Imaculada Conceição do Brasil recebeu com pesar a notícia “da Páscoa derradeira” do Confrade e Bispo, Dom Paulo Evaristo Arns.

Uma nota assinada pelo Ministro Provincial Frei Fidêncio Vanboemmel foi divulgada ainda na quarta-feira:

“Sem dúvida, uma grande perda, pois viveu intensamente a sua vida e missão franciscana em plenitude.

"Amado por Deus e pelos homens", hoje foi recebido na mansão radiante do céu porque em vida lutou como profeta em favor dos direitos de toda a criatura humana, especialmente das pessoas mais fragilizadas e oprimidas.

Dom Paulo mesmo dividiu a história de sua vida em três partes: a família, a vida franciscana e a vida episcopal a serviço da Igreja.

Hoje, como Ministro Provincial e em nome desta Província, louvo e agradeço a Deus pelo seu testemunho franciscano que determinou a trajetória de toda a sua vida.

O seu testemunho iluminou e encorajou não só a nós, seus confrades, mas a vida religiosa e a vida dos cristãos, especialmente na América Latina, onde foi uma liderança ímpar, principalmente nas assembleias de Puebla e Medellín, da Conferência Episcopal Latino-americana. E o que dizer dos tempos da ditadura militar, quando se fez voz dos sem voz?

O nosso irmão Dom Paulo passou para a Casa do Senhor, alegremo-nos por ele, que alimentou na fé seu lema episcopal: "De esperança em Esperança".

Que da eternidade, Dom Paulo interceda pela nossa Igreja para que ela continue a ser a Igreja profética do Concílio Vaticano II e a sonhada Igreja do Papa Francisco, devotada às grandes causas sociais e humanitárias.

Que Dom Paulo, o incansável homem da esperança, ore pela nossa Pátria que neste momento vive uma profunda crise institucional, carente de ética e de cuidados para com os mais pobres, os doentes, os sedentos de justiça e paz.

Louvado seja meu Senhor, pela Irmã Morte, que nesta manhã visitou e libertou Dom Paulo da fragilidade do seu corpo, para viver a plenitude da liberdade dos filhos de Deus”. 

inizio pagina

Igreja na América Latina



Barco-hospital levará atendimento de qualidade aos ribeirinhos

◊  

Óbidos (RV) – Continuamos o nosso relato sobre a ideia do Barco-hospital construído pela Associação da Fraternidade São Francisco de Assis da Providência de Deus para as comunidades amazônicas.

O Hospital Flutuante terá 48 metros de extensão e vai comportar consultórios médicos, odontológicos, centro cirúrgico, sala oftalmológica completa, laboratório de análises, sala de medicação, sala de vacinação e leitos de enfermaria, além de equipamentos para exames, como raio-X, ultrassom, eco, mamógrafo, esteira ergométrica e eletro. Além da atenção básica de saúde à população, as equipes atuarão na prevenção e diagnóstico precoce do câncer, com a realização de exames e triagem, em parceria com as universidades nas patologias de maior incidência na região. A embarcação possibilitará ainda que o paciente receba o resultado do seu exame horas depois de realizá-lo. Dom Bernardo Bahlman, bispo de Óbidos (PA), nos fala do alcance do projeto:

“Em conjunto com o Ministério da Saúde em Brasília e a Secretaria Municipal de Saúde em Belém, foi visto que o projeto deve atender 12 municípios que ficam na margem do Rio Amazonas, no estado do Pará: desce a divisa com o estado do Amazonas até a divisa com o estado do Amapá. O projeto deve começar a partir do final do ano que vem, porque o barco ainda será construído”.

“Tivemos também a integração com estes hospitais, que hoje são da Igreja católica, em Juruti e Óbidos, além do Hospital de Alenquer, que está com as Irmãs Missionárias da Imaculada Mãe de Deus. Esta Congregação foi fundada em Santarém (PA) com missionárias alemãs e brasileiras por Dom Armando Bahlman, um meu parente distante. Esta Congregação tem também uma religiosa muito famosa, a Irmã Dulce, de Salvador. Estes três hospitais serão regionais, cada um vai atender a uma especialidade e o trabalho será integrado com o Barco-hospital. Nós, da Diocese de Óbidos, pretendemos elaborar um plano de ação de saúde porque queremos integrar nestes projetos a Pastoral da Criança, a Pastoral da Saúde e também a Fazenda da Esperança, para termos realmente um Plano Integral, para atender bem a nossa população”.

Ouça a íntegra da entrevista clicando aqui: 

(cm)

inizio pagina

Igreja no Mundo



Imame de Al-Azhar visita Patriarca Copta após atentado

◊  

Cairo (RV) – O Xeique Ahmed al Tayyeb, Gão Imame de Al-Azhar, guiou uma delegação de alto nível do mais importante centro do Islã sunita, na visita de solidariedade realizada nesta quarta-feira (14/12) à sede do Patriarcado da Igreja Copta.

Os muçulmanos apresentaram as condolências ao Patriarca Tawadros II e a toda a Igreja Copta pelas 26 vítimas do ataque perpetrado no domingo na Capela Boutroseya, anexa à Catedral copta de São Marcos.

Ataque contra a unidade do povo egípcio

O alvo dos ataques terroristas - que “não fazem distinção entre cristãos e muçulmanos” - é “a unidade do povo egípcio”, recordou o líder muçulmano. As agências de terror que ensanguentam o Egito têm suas bases “no exterior” – completou - e o plano delirante deles acaba envolvendo também aqueles – forças e grupos de poder – que no início haviam garantido a eles cobertura e cumplicidade.

O Patriarca Tawadros, por sua vez, recordou os 14 séculos de convivência entre cristãos e muçulmanos vividos no Egito, uma longa história que também os ajuda a enfrentar juntos as provas e as tribulações a serem suportadas para construir a Pátria comum.

EL reivindicou atentado

Por meio de mensagens divulgadas nas redes sociais o Estado Islâmico reivindicou a autoria do atentado, exaltando o kamikaze Abu Abdullah que se explodiu “entre os cruzados, provocando 80 entre mortos e feridos”.

(JE)

inizio pagina