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Sumario del 16/12/2016

Papa e Santa Sé

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Papa e Santa Sé



Papa: cristãos, abram a estrada para Jesus

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco voltou a falar de João Batista na homilia da missa celebrada na Casa Santa Marta, no Vaticano, na manhã desta sexta-feira (16/12), que contou com a presença de religiosos, bispos, sacerdotes e casais que comemoram 50 anos de vida consagrada ou matrimonial.

 
 
Na liturgia de hoje, João Batista é apresentado no Evangelho como a testemunha. “Esta é a sua vocação: testemunhar Jesus, indicar Jesus, como faz a lâmpada em relação à luz”, disse o Papa. 

Testemunho

“Lâmpada que indica onde está a luz, que dá testemunho da luz. Ele era a voz. Ele diz de si mesmo: ‘Eu sou a voz que clama no deserto’. Ele era a voz, uma voz que dá testemunho da Palavra, indica a Palavra, o Verbo de Deus, a Palavra. Ele era o pregador da penitência que batizava, o batista, mas deixa claro: no meio de vocês existe alguém que vocês não conhecem, e que vem depois de mim. Eu não mereço nem sequer desamarrar a correia das sandálias dele. Ele os batizará no fogo e Espírito Santo.”

Humildade 

João é o “provisório que indica o definitivo” e o definitivo é Jesus. “Esta é a sua grandeza demonstrada toda vez que o povo e os doutores da lei perguntavam a ele se era o não o Messias, e ele claramente respondia: ‘Não sou’. 

“Este testemunho provisório, mas seguro, forte, aquela chama que não se deixou apagar pelo vento da vaidade, aquela voz que não se deixou diminuir pela força do orgulho, se torna cada vez mais aquele que indica o outro e abre a porta a outro testemunho, ao do Pai, aquele que Jesus diz hoje: Eu tenho um testemunho superior ao de João, o testemunho do Pai. João o batista abre a porta a este testemunho e se ouve a voz do Pai que diz: ‘Este é o meu filho’. Foi João Batista quem abriu esta porta. João é grande, sempre fica de lado.”
 
“É humilde. João se diminui tomando a mesma estrada que Jesus tomará depois: a do rebaixamento de si”, disse ainda o Papa. Será assim até o fim: na escuridão de uma cela, no cárcere, decapitado por causa do capricho de uma bailarina, da inveja de uma adúltera e da fraqueza de um embriagado.”

Indicar Jesus

A seguir, o Papa se dirigiu aos fiéis presentes, religiosos, bispos e casais que celebram 50 anos de vida consagrada ou matrimonial: 

“É um dia bonito para se interrogar sobre a própria vida cristã, se a própria vida cristã sempre abriu a estrada para Jesus, se a própria vida foi plena do gesto: indicar Jesus. Agradecer pelas muitas vezes que o fizeram, agradecer e recomeçar, depois de 50 anos, com essa velhice jovem ou juventude envelhecida, como o bom vinho! Dar um passo pra frente a fim de continuar sendo testemunhas de Jesus. Que João, grande testemunha, os ajude nesta nova estrada que hoje vocês começam depois da celebração do 50º aniversário de sacerdócio, vida consagrada e matrimônio.” 

(MJ)

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III pregação de Advento com o Papa: A sóbria embriaguez do Espírito

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco participou na manhã de sexta-feira (16/12) da terceira pregação de Advento, na capela Redemptoris Mater, no Vaticano. 

O Pontífice e seus colaboradores da Cúria Romana ouviram o Pregador Fr. Raniero Cantalamessa desenvolver o tema “A sóbria embriaguez do Espírito”. Nesta terceira pregação, o frade capuchinho falou de modo especial da renovação carismática.

Para Fr. Cantalamessa, como outras análogas realidades novas da Igreja de hoje, a renovação carismática apresenta por vezes lados problemáticos, excessos, divisões, pecados. “Isso foi, também para mim, no começo pedra de escândalo. Mas isso acontece com todos os dons de Deus assim que caem nas mãos dos homens. No entanto, ninguém sonha com eliminar esse carisma na vida da Igreja. Não foram isentos de desordens e defeitos nem mesmo as primeiras comunidades carismáticas cristãs, como aquela de Corinto. O Espírito não faz todos e de uma vez santos. Age em diferentes graus e de acordo com a correspondência que encontra.”

O frade capuchino acrescenta que não se trata de aderir a um ou outro movimento na Igreja. Para ele, não se trata nem mesmo de um movimento, mas de uma “corrente de graça” aberta a todos. “São João XXIII falou de um "novo Pentecostes", o Beato Paulo VI foi ainda mais longe falando de um “perene Pentecostes”.

E concluiu com um verso ambrosiano - uma estrofe do hino das Laudes da Quarta Semana do saltério: “Seja Cristo o nosso alimento, seja Cristo a água viva: nele provamos sóbrios a embriaguez do Espírito”.

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III Pregação do Advento - texto integral

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco participou na manhã desta sexta-feira, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, da terceira pregação de Advento, a cargo do Pregador da Casa Pontifícia Frei Raniero Cantalamessa, intitulada "A sóbria embriaguez do espírito". Eis o texto integral:

1. Dois tipos de embriaguez

Na segunda-feira depois de Pentecostes de 1975, no encerramento do Primeiro Congresso Mundial da Renovação Carismática Católica, o Beato Paulo VI dirigiu, aos dez mil participantes reunidos na Basílica de São Pedro, umas palavras, na quais definiu a Renovação Carismática como "uma oportunidade para a Igreja". Após ter lido o seu discurso oficial, o Papa acrescentou, improvisando, estas palavras:

"No hino que lemos esta manhã no breviário e que remonta a Santo Ambrosio, no século IV, há esta frase difícil de traduzir, embora muito simples: Laeti, que significa com alegria; bibamus, que significa bebamos; sobriam, que significa bem definida e moderada; profusionem Spiritus, ou seja a abundância do Espírito. ‘Laeti bibamus sobriam profusionem Spiritus’. Poderia ser o lema impresso em seu movimento: um programa e um reconhecimento do próprio movimento".

O mais importante, que deve ser notado de imediato, é que essas palavras do hino certamente não foram escritas originalmente para a Renovação Carismática. Elas sempre fizeram parte, sempre, da Liturgia das Horas da Igreja universal; são, portanto, uma exortação dirigida a todos os cristãos e, como tal, eu gostaria de apresentá-las de novo, nestas meditações dedicadas à presença do Espírito Santo na vida da Igreja.

De fato, no texto original de Santo Ambrósio, no lugar de "profusionem Spiritus", abundância do Espírito, há "ebrietatem Spiritus, ou seja, a embriaguez do Espírito[1]. A tradição, mais tarde, tinha considerado esta última expressão demasiado ousada e a havia substituído por uma mais branda e aceitável. No entanto, desta forma, perdia-se o sentido de uma metáfora tão antiga quanto o próprio cristianismo. Precisamente por isso, na tradução italiana do Breviário, retomou-se o texto original do verso Ambrosiano. Uma estrofe do hino das Laudes da Quarta Semana do saltério, em língua italiana, de fato, diz:

Seja Cristo o nosso alimento,

seja Cristo a água viva:

nele provamos sóbrios

a embriaguez do Espírito.

O que levou os padres a retomar o tema da “sóbria embriaguez”, já desenvolvido por Filon de Alexandria[2], foi o texto no qual o Apóstolo exorta os cristãos de Éfeso, dizendo:

"E não vos embriagueis com vinho, que é porta para a devassidão, mas buscai a plenitude do Espírito. Falai uns aos outros com salmos, hinos e cânticos espirituais, cantando e louvando ao Senhor em vosso coração” (Ef 5,18-19).

A partir de Orígenes, são incontáveis os textos dos Padres que ilustram este tema, ora utilizando a analogia, ora o contraste entre embriaguez material e embriaguez espiritual. A analogia consiste no fato de que os dois tipos de embriaguez infundem alegria, fazem esquecer as preocupações e fazem sair de si mesmos. O contraste consiste no fato de que enquanto a embriaguez material (de álcool, de drogas, de sexo, de sucesso) causa instabilidade e insegurança, aquela espiritual causa estabilidade no bem; a primeira faz sair de si mesmos para viver além do próprio nível racional, a segunda faz sair de si mesmos, mas para viver além da própria razão. Para ambas usa-se a palavra “êxtase” (o nome dado recentemente a uma droga mortal!), Mas um é um êxtase para baixo, o outro um êxtase para o alto.

Aqueles que pensaram no dia de Pentecostes que os Apóstolos estavam embriagados tinham razão, escreve São Cirilo de Jerusalém; o único erro deles foi atribuir a causa da embriaguez ao vinho ordinário, enquanto que nesse caso se tratava do “vinho novo”, espremido da “videira verdadeira” que é Cristo; os apóstolos estavam, sim, embriagados, mas daquela embriaguez que mata o pecado e dá vida ao coração[3].

Aproveitando a deixa do episódio da água que jorrou da rocha no deserto (Ex 17, 1-7), e do comentário sobre isso que faz São Paulo na sua Carta aos Coríntios ("Todos beberam da mesma bebida espiritual... Todos nós bebemos de um só Espírito") (1 Cor 10,4; 12,13), o próprio Santo Ambrósio escrevia:

"O Senhor Jesus fez derramar água da rocha e todos beberam dela. Aqueles que dessa água beberam na figura, foram saciados; aqueles que beberam dela na verdade, ficaram até mesmo embriagados. Boa é a embriaguez que infunde alegria. Boa é a embriaguez que fortalece os passos da mente sóbria... Beba Cristo que é a videira; beba Cristo que é a rocha da qual jorrou a água; beba Cristo para beber o seu discurso... A Escritura divina se bebe, a Escritura divina se devora quando o suco da palavra eterna desce para as veias da mente e para a energia da alma[4]”.

2. Da embriaguez à sobriedade

Como fazer para retomar aquele ideal da sóbria embriaguez e encarná-lo na presente situação histórica e eclesial? Onde está escrito, de fato, que um modo tão “forte” de experimentar o Espírito era uma prerrogativa exclusiva dos Padres e dos primeiros tempos da Igreja, mas que não o é mais para nós? O dom de Cristo não se limita a uma época específica, mas oferece-se para todas as épocas. Há o suficiente para todos, no tesouro da sua redenção. É precisamente papel do Espírito tornar universal a redenção de Cristo, disponível para cada pessoa, em cada ponto do tempo e do espaço.

No passado, a ordem que se inculcava era, no geral, a que vai da sobriedade à embriaguez. Em outras palavras, o caminho para alcançar a embriaguez espiritual, ou o fervor, pensava-se, era a sobriedade, ou seja, a abstinência das coisas, da carne, o jejum do mundo e de si mesmos, em uma palavra, a mortificação. Neste sentido o conceito de sobriedade foi aprofundado especialmente pela espiritualidade monástica ortodoxa, ligada à assim chamada “oração de Jesus”. Nessa, a sobriedade indica “um método espiritual” feito de “vigilante atenção” para libertar-se de pensamentos passionais e das palavras más, retirando da mente toda satisfação carnal e deixando nela, como única atividade, a contrição pelo pecado e a oração[5].

Com nomes diferentes (despojamento, purificação, mortificação), é a mesma doutrina ascética que se encontra nos santos e nos mestres latinos. São João da Cruz fala de um “despojar-se e despir-se, para o Senhor, de tudo aquilo que não é o Senhor[6]”. Estamos na fase da vida espiritual chamada de purgativa e iluminativa. Nessa, a alma se liberta laboriosamente dos seus hábitos naturais, para preparar-se à união com Deus e às suas comunicações de graça. Estas coisas caracterizam o terceiro estágio, a “via unitiva” que os autores gregos chamam “divinização”.

Nós somos os herdeiros de uma espiritualidade que concebia o caminho de perfeição de acordo com esta sequência: primeiro devemos habitar por muito tempo na etapa purgativa, antes de entrar na unitiva; é necessário exercitar por muito tempo a sobriedade, antes de poder experimentar a embriaguez. Todo fervor que se manifestasse antes daquele momento deveria ser considerado suspeito. A embriaguez espiritual, com tudo o que ela significa, se destina, no final, aos “perfeitos”. Os outros, “os "proficientes", devem buscar especialmente a mortificação, sem pretender, enquanto lutam ainda com os seus próprios defeitos, de fazer já uma experiência forte e direta de Deus e do seu Espírito.

Existe uma grande sabedoria e experiência na base de tudo, e ai daquele que considerar essas coisas como ultrapassadas. É necessário, porém, dizer que um esquema tão rígido assim denota também uma lenta e progressiva mudança de acento, da graça ao esforço do homem, da fé às obras, até beirar o pelagianismo. De acordo com o Novo Testamento há uma circularidade e uma simultaneidade entre as duas coisas: a sobriedade é necessária para atingir a embriaguez do Espírito, e a embriaguez do Espírito é necessária para chegar a praticar a sobriedade.

Um ascetismo realizado sem um forte impulso do Espírito seria esforço morto, e não produziria mais do que "o orgulho da carne". Para São Paulo, é "com a ajuda do Espírito" que devemos "morrer às obras da carne" (cfr. Rom 8,13).

O Espírito nos é dado, portanto, para sermos capazes de mortificar-nos, antes mesmo que como prêmio por ter-nos mortificado.

Uma vida cristã cheia de esforços ascéticos e de mortificações, mas sem o toque vivificante do Espírito, assemelhar-se-ia – dizia um antigo Padre – a uma Missa na qual se lessem muitas leituras, se realizassem todos os ritos e se levassem muitas ofertas, mas na qual não ocorresse a consagragação das espécies por parte do sacerdote. Tudo permaneceria o que era antes, pão e vinho.

“Assim - concluia o Padre – é também para o cristão. Se também ele realizou perfeitamente o jejum e a vigília, a salmodia e toda a ascese e cada virtude, mas não realizou, pela graça de Deus, no altar do seu coração, a mística obra do Espírito, todo esse processo ascético é inacabado e quase vão, porque ele não tem a exultação do Espírito misticamente obrando no coração[7]”.

Este segundo caminho – aquele que vai da embriaguez à sobriedade – foi o caminho que Jesus fez com que os seus apóstolos percorressem. Apesar de terem tido como mestre e diretor espiritual o próprio Jesus, antes de Pentecotes eles não foram capazes de colocar em prática quase nenhum dos preceitos evangélicos. Mas quando, em Pentecostes, foram batizados com o Espírito Santo, então os vemos transformados, capacitados para suportar por Cristo dificuldades de todo tipo e, por fim, o próprio martírio. O Espírito Santo foi a causa do fervor deles, muito mais que o efeito dele.

Há uma outra razão que nos leva a redescobrir este caminho que vai da embriaguez à sobriedade. A vida cristã não é apenas uma questão de crescimento pessoal em santidade; é também ministério, serviço, anúncio, e para cumprir essas tarefas precisamos do "poder do alto", dos carismas; em uma palavra, de uma experiência forte, pentecostal, do Espírito Santo.

Precisamos da sóbria embriaguez do Espírito, ainda mais do que tinham os Padres. O mundo tornou-se tão indiferente ao Evangelho, tão seguro de si que somente o “vinho forte” do Espírito pode ter dar razão à sua incredulidade e puxá-lo para fora da sua sobriedade toda humana e racionalista que se acha “objetividade científica”. Só as armas espirituais, diz o Apóstolo, “têm o poder de Deus de destruir fortalezas, destruir os argumentos e toda arrogância que se levanta contra o conhecimento de Deus, e de submeter toda inteligência à obediência de Cristo" (2 Cor 10, 4-5).

3. O batismo no Espírito

Quais são os "lugares" onde o Espírito atua hoje desta maneira Pentecostal? Vamos ouvir mais uma vez a voz de Santo Ambrósio, que foi o cantor por excelência, entre os Padres latinos, da sóbria embriaguez do Espírito. Depois de ter recordado os dois “lugares” clássicos onde beber o Espírito – a Eucaristia e as Escrituras -, ele menciona uma terceira possibilidade. Diz:

"Há também uma outra embriaguez que ocorre por meio da penetrante chuva do Espírito Santo. Foi assim que, nos Atos dos Apóstolos, aqueles que falavam em línguas diferentes apareceram aos ouvintes como se estivessem cheios de vinho[8]".

Depois de recordar os meios "ordinários", Santo Ambrósio, com estas palavras, aponta para um meio diferente, "extraordinário", no sentido de que não é fixado antecipadamente, não é algo estabelecido. Consiste no reviver a experiência que os apóstolos fizeram no dia de Pentecostes. Ambrósio não pretendia certamente apontar para esta terceira possibilidade, para dizer aos ouvintes que esta estava restrita para eles, estando reservada somente para os apóstolos e para a primeira geração de cristãos. Pelo contrário, ele pretende levar os seus fieis a fazer a experiência daquela “chuva penetrante do Espírito” que ocorreu em Pentecostes.

Portanto, está aberto também para nós a possibilidade de alcançar o Espírito por este novo caminho, pessoal, dependente unicamente da soberana e livre iniciativa de Deus. Não devemos cair no erro dos fariseus e dos escribas que diziam a Jesus: “Existem seis dias para trabalhar; por que, então, fazer estes milagres no dia de sábado?” (Lc 13, 14). Podemos ser tentados a dizer a Deus, ou pensar em nossos corações: "Existem sete sacramentos para santificar e dar o Espírito, por que agir fora deles, com este modo novo e incomum?”

O teólogo Yves Congar, em suas palavras no Congresso Internacional de Pneumatologia, realizado no Vaticano em 1981, por ocasião do XVI centenário do Concílio Ecumênico de Constantinopla, falando dos sinais do renascimento do Espírito Santo em nosso tempo, disse:

"Como não situar aqui a corrente carismática, mais conhecida como Renovação no Espírito? Ela se espalhou como fogo no mato. É muito mais do que uma moda passageira ... Por um aspecto, especialmente, ela se assemelha a um movimento de despertar: pelo seu caráter público e verificável da sua ação que muda a vida das pessoas... É como uma juventude, um frescor e novas possibilidades dentro da antiga Igreja, nossa mãe. Exceto, por muito raras excepções, a renovação se coloca na Igreja e, longe de pôr em causa as instituições tradicionais, as reanima[9]".

É verdade que esta, como outras análogas realidades novas da Igreja de hoje, apresenta por vezes lados problemáticos, excessos, divisões, pecados. Isso foi, também para mim, no começo pedra de escândalo. Mas isso acontece com todos os dons de Deus, assim que caem nas mãos dos homens. Será que a autoridade sempre foi exercida na Igreja conforme o Evangelho, sem manchas de autoritarismo e busca humana pelo poder? No entanto, ninguém sonha com eliminar esse carisma na vida da Igreja. Não foram isentos de desordens e defeitos nem mesmo nas primeiras comunidades carismáticas cristãs, como aquela de Corinto. O Espírito não faz todos e de uma vez santos. Age em diferentes graus e de acordo com a correspondência que encontra.

O principal instrumento através do qual a Renovação no Espírito "muda a vida das pessoas" é o batismo no Espírito. E falo disso nessa sede sem nenhuma intenção de proselitismo, mas só porque penso que seja correto dar a conhecer no coração da Igreja uma realidade que envolve milhões de católicos.

A expressão “Batismo no Espírito” vem do próprio Jesus. Referindo-se ao iminente Pentecostes, antes de subir ao céu, ele disse aos seus apóstolos: "João batizou com água, mas vós, em poucos dias, sereis batizados no Espírito Santo" (Atos 1,5). Trata-se de um ritual que não tem nada de esotérico, mas é feito pelo contrário com gestos de grande simplicidade, calma e alegria, acompanhados por atitudes de humildade, de arrependimento, de disponibilidade a tornar-se criança, que é a condição para entrar no Reino.

É uma renovação e uma atualização não só do batismo e da crisma, mas de toda a vida cristã: para os casados, do sacramento do matrimônio, para os sacerdotes, da sua ordenação, para os consagrados, da sua profissão religiosa. O interessado se prepara, além de uma boa confissão, participando de encontros de catequeses nos quais é recolocado em um contato vivo e alegre com as principais verdades e realidades da fé: o amor de Deus, o pecado, a salvação, a vida nova, a transformação em Cristo, os carismas, os frutos do Espírito. O fruto mais frequente e mais importante é a descoberta do que significa ter “um relacionamento pessoal” com Jesus ressuscitado e vivo.

Uma década após o surgimento da Renovação Carismática na Igreja Católica, Karl Rahner escrevia:

"Não podemos negar que o homem pode fazer aqui em baixo experiências da graça, as quais lhe dão uma sensação de libertação, abrem-lhe horizontes totalmente novos, marcam-no profundamente, transformam-no, plasmando, também por longo tempo, a sua atitude cristã mais íntima. Nada proíbe de chamar tais experiências batismo do Espírito[10]".

É justo esperar que todos passem por esta experiência? Essa é a única maneira possível de experimentar a graça de Pentecostes? Se por batismo no Espírito queremos dizer um determinado rito, em um determinado contexto, devemos dizer não; não é a única maneira de fazer uma experiência forte do Espírito. Houve e há inúmeros cristãos que fizeram uma experiência semelhante, sem nada saber do batismo no Espírito, recebendo uma efusão espontânea do Espírito, depois de um retiro, um encontro, uma leitura, um toque da graça.

Deve ser dito, porém, que o "batismo no Espírito" provou ser uma maneira simples e poderosa de renovar a vida de milhões de crentes em quase todas as igrejas cristãs.

Até mesmo um curso de exercícios espirituais pode muito bem acabar com uma invocação especial do Espírito Santo, se o guia fez essa experiência e os participantes a desejarem. Fiz essa experiência no ano passado. O bispo de uma diocese ao sul de Londres lançou, de sua própria iniciativa, um retiro carismático aberto ao clero de outras dioceses. Havia uma centena de sacerdotes e diáconos permanentes e, no final todo mundo pediu e recebeu a efusão do Espírito, com o apoio de um grupo de leigos da Renovação vindos para a ocasião. Se os frutos do Espírito são "amor, alegria e paz" (Gal 5, 19), no final era possível tocar com a mão entre os presentes.

Não se trata de aderir a um ou outro movimento na Igreja. Não se trata nem mesmo, propriamente falando, de um movimento, mas de uma “corrente de graça” aberta a todos, destinada a se perder na Igreja como uma descarga elétrica que se dissipa na massa, para depois desaparecer, uma vez cumprida esta tarefa. São João XXIII falou de um "novo Pentecostes", o Beato Paulo VI foi ainda mais longe falando de um “perene Pentecostes”. Em uma audiência geral de 1972, disse literalmente estas palavras:

"A Igreja precisa do seu perene Pentecostes; precisa de fogo no coração, de palavra nos lábios, de profecia no olhar... Tem necessidade, a Igreja, de reconquistar a ânsia, o gosto, a certeza da sua verdade... E depois tem a necessidade, a Igreja, de sentir o refluir da onda de amor por todas as suas humanas faculdades, daquele amor que se chama caridade, e que precisamente está difundido nos nossos corações precisamente pelo Espírito Santo que nos foi dado[11]”.

Concluímos com as palavras do hino litúrgico recordado no começo:

Seja Cristo o nosso alimento,

seja Cristo a água viva:

nele provamos sóbrios

a embriaguez do Espírito.

 

[Tradução Thácio Siqueira]

[1] Santo Ambrósio, Hino “Splendor paternae gloriae”, in Sancti Ambrosii, Opera, 22: Hymni, Inscriptiones, Fragmenta, Milão, Roma 1994, p. 38.

[2] Filon de Alexandria, Legum allegoriae, I, 84 (ed. Claude Mondesert, Paris, u Cerf 1962, p. 88 (methē nefalios).

[3] S. Cirilo de G., Cat. XVII, 18-19 (PG 33, 989).

[4] S. Ambrosio, Comm. al Sal 1, 33.

[5] Cfr. Esichio, Carta a Teodulo, in Filocalia, I, Torino 1982, p. 230ss).

[6] São João da Cruz, Subida ao Monte Carmelo 5, 7; in Obras, Roma 1979, p. 82)

[7] Macario Egiziano, in Filocalia, 3, Torino 1985, p. 325).

[8] Santo Ambrósio, Comm. al Sal 35, 19.

[9] Y. Congar, Actualité de la Pneumatologie, in Credo in Spiritum Sanctum, Libreria Editrice Vaticana, 1983, I, p. 17ss.

[10] K. Rahner, Erfahrung des Geistes. Meditation auf Pfingsten, Herder, Friburgo  i. Br. 1977.

[11] Discurso à audiência geral do 29 de Novembro de 1972 (Insegnamenti di Paolo VI, Tipografia Poliglotta Vaticana, X, pp. 1210s.).

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Papa recebe Presidente Santos e Senador Uribe: diálogo e paz na Colômbia

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta sexta-feira (16/12), no Vaticano, o Presidente da Colômbia, Juan Manuel Santos Calderón, informa a Sala de Imprensa da Santa Sé.  

A seguir, o presidente colombiano encontrou-se com o Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, e com o Secretário das Relações com os Estados, Dom Paul Richard Gallagher.

O encontro realizou-se num clima cordial, confirmando as boas relações existentes entre Santa Sé e Colômbia. Foi manifestado apreço pelo apoio do Papa ao processo de paz e se auspiciou que essa paz seja estável e duradoura.
 
Para tal fim, foi reiterada a importância do encontro e da unidade entre as forças políticas colombianas e do compromisso das Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). A Igreja local continuará oferecendo o seu apoio em favor da reconciliação nacional e da educação ao perdão e a concórdia. 

Foram abordados também alguns temas ligados à situação atual da região. 

A seguir, o Papa Francisco encontrou-se com o Senador Álvaro Uribe Vélez, numa audiência particular, e depois junto com o Presidente Santos. O Santo Padre falou sobre a cultura do encontro e reiterou a importância do diálogo sincero entre todas as componentes da sociedade colombiana neste momento histórico.
 
Segundo o Diretor da Sala de Imprensa da Santa Sé, Greg Burke, entre os documentos que o Papa doou ao Presidente Santos se encontra a mensagem para o Dia Mundial da Paz 2017, dedicada ao tema da não-violência. 

(MJ)

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A semana do Papa

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Cidade do Vaticano (RV) - Angelus, missas, audiências e bolo: assim foi a semana de Francisco no Vaticano. A redação do Programa Brasileiro preparou o vídeo com as imagens mais significativas dos eventos realizados esta semana.

Um dos momentos mais marcantes foi a Audiência Geral, quando o Papa recebeu um bolo por seus 80 anos e brincou com os fiéis na Sala Paulo VI, dizendo que comemorar o aniversário antes da hora pode dar azar.

Confira as imagens!

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As celebrações do Santo Padre para o Tempo do Natal

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Cidade do Vaticano (RV) – Foi divulgado esta sexta-feira o calendário das celebrações presididas pelo Santo Padre no Tempo de Natal.

 As cerimônias serão transmitidas pela Rádio Vaticano para todo o Brasil e continente africano, com comentários em português. Os horários assinalados correspondem ao horário de Brasília:

- Missa da noite de Natal, na Basílica de São Pedro: no sábado, 24 de dezembro, a partir das 18h20min.

- Bênção Urbi et Orbi, da Sacada Central da Basílica: no domingo, 25 de dezembro, a partir das 8h50min.

- Vésperas e Te Deum, Basílica de São Pedro: no sábado, 31 de dezembro, a partir das 13h50min.

- Missa na Solenidade de Maria Mãe de Deus, Basílica de São Pedro: domingo, 1º de janeiro, a partir das 6h55min.

- Missa da Epifania, Basílica de São Pedro: quarta-feira, 6 de janeiro, a partir das 6h55min.

- Missa com Batismos, Capela Sistina: domingo, 8 de janeiro, a partir das 6h25min.

 

(je)

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Com visita à Fátima, Francisco prossegue tradição de viagens papais a Portugal

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Lisboa (RV) - O Papa Francisco vai tornar-se em 2017 o quarto Pontífice a visitar Portugal, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010).

O anúncio da visita foi feito esta sexta-feira em um comunicado da Presidência da República Portuguesa, revelando que a mesma terá lugar nos dias 12 e 13 de maio.

A Conferência Episcopal Portuguesa e o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, entregaram convites formais ao Papa argentino para que este visitasse Portugal em 2017, por ocasião da celebração do Centenário das Aparições.

As viagens internacionais dos Papas modernos são uma novidade que remonta à segunda metade do século XX, com o pontificado de Paulo VI (1897-1978).

Portugal entraria na rota dessas visitas apostólicas logo na quinta viagem deste pontífice italiano, a 13 de maio de 1967, por ocasião do 50º aniversário das aparições marianas, reconhecidas pela Igreja Católica, na Cova da Iria.

Fátima seria a partir de então o principal motor das - até hoje - cinco viagens pontifícias, depois de Pio XII, já em 31 de outubro de 1942, ter consagrado o mundo ao Imaculado Coração de Maria, em plena II Guerra Mundial.

Paulo VI desejou ir à Fátima como peregrino  em 13 de maio de 1967, decidindo que o avião que o transportou de Roma aterrissasse em Monte Real, ficando alojado na então Diocese de Leiria (hoje Leiria-Fátima); além da homilia na Missa do 13 de maio, no 50º aniversário das Aparições, Paulo VI teve outras seis intervenções.

João Paulo II, que em 13 de maio de 1981 tinha sido atingido a tiro na Praça de São Pedro, num atentado contra a sua vida, foi à Cova da Iria um ano mais tarde, para agradecer publicamente a intercessão de Nossa Senhora de Fátima na sua recuperação.

Em maio de 1982, no aniversário do atentado contra a sua vida, Karol Wojtyla (1920-2005) foi à Fátima  "agradecer à Divina Providência neste lugar que a mãe de Deus parece ter escolhido de modo tão particular". Cumpriu etapas também em Lisboa, Vila Viçosa, Coimbra, Braga e Porto, ao longo de quatro dias (12-15 de maio), proferindo um total de 22 pronunciamentos.

O Papa polonês voltou a Portugal nove anos mais tarde: em 10 maio de 1991, João Paulo II celebrou Missa no Estádio do Restelo e viajou a seguir para os Açores e Madeira, antes de centrar-se no Santuário de Fátima, nos dias 12 e 13 maio.

Durante quatro dias, São João Paulo II pronunciou-se 12 vezes, e enviou ainda uma carta, desde a Cova da Iria, aos bispos católicos da Europa, que preparavam uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos, dedicada ao Velho Continente.

A 12 e 13 maio de 2000, já com a saúde debilitada, João Paulo II regressou a Portugal, para presidir à beatificação dos Pastorinhos Francisco e Jacinta Marto; proferiu um discurso na chegada, no Aeroporto internacional de Lisboa, a homilia na Missa do 13 de maio e uma saudação aos doentes reunidos na Cova da Iria.

Na mesma ocasião deu-se o anúncio da publicação da terceira parte do chamado “Segredo de Fátima”.

João Paulo II cumpriu ainda uma escala técnica no Aeroporto de Lisboa (2 de março de 1983), a caminho da América Central, durante a qual proferiu um discurso em que apresentou Portugal como “Terra de Santa Maria”.

Bento XVI visitou Portugal de 11 a 14 de maio de 2010, para assinalar o décimo aniversário da beatificação de Francisco e Jacinta Marto, com passagens por Lisboa, Fátima e Porto.

Em Lisboa, com o Tejo ao fundo, reuniu milhares de pessoas numa Missa no Terreiro do Paço; já no Porto, nova multidão acorreu à Praça dos Aliados, para a celebração eucarística que concluiu uma viagem de quatro dias, com um total de 18 intervenções.

Em 2017, aguarda-se uma visita de Francisco centrada na Cova da Iria, onde a 13 de maio de 2013 o então cardeal-patriarca de Lisboa, D. José Policarpo, consagrou pontificado do Papa argentino à Virgem Maria.

(Agência Ecclesia)

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Santa Sé: Agenda global para deter proliferação de armas

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Nova York (RV) - “O drama verdadeiro de uma milícia bem fornida de armas de destruição de massa é que não tem regras para fazer uma guerra. Tudo pode ser um objetivo: uma mãe com o filho, um bairro com famílias. Qualquer pessoa é um inimigo, até mesmo um homem idoso desarmado.”

Foi o que disse o Observador Permanente da Santa Sé na ONU, em Nova York, Dom Bernardito Auza, na sessão do Conselho de Segurança da ONU dedicada à agenda global sobre a não proliferação de armas de destruição de massa. 

Armados e impunes

O representante vaticano apontou o dedo contra os “protagonistas não estatais” cujo envolvimento aumentou guerras e conflitos aumentou e isso causou efeitos horríveis contra as populações civis, sobretudo para mulheres, crianças, idosos e deficientes. Isso porque eles usam impunemente armas de destruição de massa na ilegalidade total, mostrando pouca ou nenhuma preocupação com os civis”.
 
Condenação

Segundo Dom Auza, preocupam “os progressos tecnológicos” registrados “na força destruidora dos sistemas de arma”, que produzem “catástrofes cada vez piores”. “Para a Santa Sé, qualquer ação, qualquer tipo de arma que mira destruir cidades inteiras ou grandes regiões e seus habitantes é contrária ao direito humanitário  internacional e vai contra todas as ideias de civilização, e merece uma condenação sem hesitações”, disse Dom Auza.

Sangue inocente

O prelado falou também sobre “o comércio de armas que em vários níveis envolve alguns Estados que fornecem armas a outros países  mesmo sabendo que serão usadas para perpetrar atrocidades de massa, suprimir os direitos humanos fundamentais e prejudicar o desenvolvimento de inteiras populações e nações”. “Transações”, acrescentou lembrando o Papa Francisco, “que permitem lucros enormes e fáceis com o preço do sangue inocente”.

“A não proliferação, o controle de armamentos e o desarmamento estão na base da segurança global, do respeito pelos direitos humanos e do desenvolvimento sustentável”, disse o representante vaticano. “Sem eles o alcance da tão almejada Agenda 2030 para o desenvolvimento sustentável será seriamente afetada”, concluiu Dom Auza.
 
(MJ)

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Gendarmaria vaticana e Carabineiros estreitam colaboração

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Cidade do Vaticano (RV) – O Comandante Geral dos Carabineiros, Tullio Del Sette, e o Comandante da Gendarmaria Vaticana, Domenico Giani, firmaram um acordo de cooperação técnica voltada a incrementar as iniciativas comuns no âmbito de treinamento, de formação e da cultura.

Próximas pela história, tradições, organização e atribuições – o Corpo dos Carabineiros Pontifícios foi constituído pelo Papa Pio VII em 1816 – a Arma dos Carabineiros e a Gendarmaria vaticana, “na esteira de uma consolidada relação de colaboração incrementarão as sinergias na formação de pessoal, com particular referência às temáticas da segurança e do combate ao terrorismo, por meio da troca de experiências e treinamentos conjuntos”, informa um comunicado dos Carabineiros.

Com este objetivo, a Arma se valerá das próprias escolas e dos Departamentos com específicas competências como o Instituto Superior de técnicas investigativas, a Escola de Aperfeiçoamento de Tiro, o Grupamento de Operações Especiais (ROS), assim como o Grupamento dos Carabineiros de Investigações Científicas (Ra.C.I.S.) para o desenvolvimento e a aplicação das ciências investigativas e forenses.

Também no âmbito da seleção e do recrutamento haverá uma estreita cooperação entre as duas forças de polícia por meio do estudo dos respectivos procedimentos e a avaliação de eficácia dos métodos aplicativos.

Serão organizados conjuntamente, também eventos culturais e promocionais com as duas bandas, para favorecer o intercâmbio artístico e cultural.

(je/sir)

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Igreja no Brasil



Projeto Barco-hospital tem apadrinhamento de artistas

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Óbidos (RV) – O projeto do Barco-hospital que está sendo construido pela Associação da Fraternidade São Francisco de Assis da Providência de Deus e que deve atender potencialmente cerca de 675 mil pessoas, tem o apadrinhamento da cantora Fafá de Belém e do cantor sertanejo Daniel, que deverão mobilizar outros artistas para angariar recursos que serão destinados à manutenção do barco.

Dom Bernardo Bahlman, Bispo de Óbidos, diocese paraense que será a base da embarcação, nos fala do tipo de atendimento que será oferecido e da situação de carência de assistência médica que a população ribeirinha sofre.

“O Barco terá o nome de Papa Francisco e nós queremos apresentar a ele este projeto. Esperamos assim que quem sabe no futuro, se ele vier ao Brasil, possa inagurar este Barco-hospital. Também para nós é uma alegria muito grande que a Fafá de Belém e o cantor Daniel assumiram o projeto como padrinhos. Isto nos ajuda muito para chamar a atenção sobre as questões da saúde, primeiramente na nossa região do Baixo Amazonas. É um projeto  muito ousado e estamos fazendo de tudo para que dê certo”.

“Primeiro, precisamos ver que de modo geral, a saúde está muito fragilizada e nós temos nas nossas comunidades, nos ribeirinhos, muitas pessoas, por vezes idosas, que ficam doentes mas não vão até a cidade ou até um posto de saúde por causa da falta de transporte, da falta de dinheiro ou falta de ânimo mesmo. Estas pessoas têm as mais variadas doenças que podemos imaginar: tuberculose, hanseníase, câncer. Por isso também queremos fazer uma ligação com o Hospital de Barretos... para poder atender bem. Há também doenças que resultam simplesmente da carência de higiene ou por causa da própria vida, alimentação e tudo isso”.

Ouça a entrevista aqui: 

(cm)

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Aprender a ser: projeto de inclusão social

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Porto Velho (RV) - A grande missão da Igreja se concretiza na preocupação com a pessoa humana em sua totalidade. Um compromisso de fé com o ser humano, com seu crescimento na sequela de Jesus e com sua realização plena em todos os sentidos, pois entre evangelização e promoção humana existem laços profundos.

Nesse sentido, o Centro Social São José Operário é um espaço, localizado na Vila Princesa, em Porto Velho (RO), onde se realizam atividades de inclusão social através do projeto “Aprender a ser”.
 
A Vila Princesa é uma comunidade que surgiu há mais de vinte anos ao lado do lixão de Porto Velho (RO). As pessoas diariamente retiram do lixo o seu sustento.

Para o missionário Pe. Jaime Luiz Gusberti da Diocese de Caxias do Sul (RS), “a Vila Princesa sempre foi um desafio para todos aqueles que passaram por lá”. Dom Esmeraldo Barreto, Auxiliar de São Luís, no Maranhão, foi quem deu um toque especial para que as pessoas olhassem com mais ternura e amor para essa realidade, para essas pessoas que são excluídas da sociedade. 

Cristiane Murray conversou com o Pe. Jaime sobre o projeto “Aprender a ser”. 

(MJ/CM)

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Igreja no Mundo



Caritas Internacional dedica sua mensagem de Natal à Síria

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Cidade do Vaticano (RV) – Nunca é Natal na Síria: a mensagem natalina do Presidente da Caritas Internacional, Cardeal Luis Antonio Tagle, é dedicada ao país que há cinco anos vive em guerra. 

“Às vezes parece que é sempre inverno na Síria, mas nunca é Natal. Milhões de pessoas não têm casas. E os que têm um refúgio, estão sem calefação ou eletricidade”, escreve o Arcebispo de Manila, nas Filipinas.

O Cardeal conta que os funcionários da Caritas local são obrigados a queimar seus móveis para produzir calor. “Pensemos nos pobres, nos idosos e nas crianças que vivem amontoados em pequenas habitações. Pensemos naqueles que estão vivendo sob as intempéries, sob constantes bombardeios, em quem saiu de sua casa em busca de segurança”, escreve.

O Presidente da Caritas Internacional relata o trabalho da instituição nessas condições, que inclui assistência de saúde, educação, refúgio e distribuição de roupas e alimentos.

“Esta guerra, em si mesma, tem sido o inverno mais cru para a Síria, mas sabemos que depois do inverno vem sempre a primavera”, afirma ainda o Cardeal, citando o Papa Francisco como um dos promotores da campanha “Síria: a paz é possível”, da Caritas Internacional.

“A paz na Síria seria a maior das perfeições neste Natal”, conclui o Cardeal filipino.

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Riga sediará o 39º Encontro Europeu dos Jovens de Taizé

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Riga (RV) – Riga sediará o 39º Encontro Europeu dos Jovens. Milhares de jovens da Europa e de outros países estarão reunidos na capital da Letônia - de 28 de dezembro a 1º de janeiro – no encontro promovido pela comunidade ecumênica de Taizé. 

Jovens convidados pelas Igrejas letãs

O convite para Taizé organizar o encontro em Riga partiu das Igrejas da Letônia, com o apoio das autoridades civis do país.

Quatro responsáveis de Igrejas – refere a Agência Sir – assinaram a carta do convite enviada à Taizé: O Arcebispo luterano, o Arcebispo católico, o Metropolita ortodoxo e o Bispo da união das Igrejas Batistas da Letônia.

Antes do encontro, mensagens de amizade serão enviadas aos participantes pelo Papa Francisco, por Patriarcas orientais e responsáveis anglicano, luterano e reformado.

As boas-vindas do Presidente

Os jovens de Taizé também receberão as boas-vindas do Presidente da Letônia, Vējonis, que recentemente assim se expressou sobre o próximo encontro europeu: “Mais de dez mil jovens de toda a Europa e de outros continentes já estão preparando sua viagem à Letônia. No final do ano, o encontro europeu dos jovens se realizará em Riga. Preparemo-nos para abrir as portas das nossas casas e também os nossos corações a estes peregrinos”.

Jovens da Ucrânia, Bielorussia e Rússia

Por cinco dias os participantes serão acolhidos pelas comunidades cristãs da região e alojados por moradores.

“No difícil contexto que atualmente atravessa a Europa – escrevem em um comunicado divulgado esta sexta-feira pelos irmãos de Taizé – os jovens levarão uma mensagem de paz e de reconciliação”.

“Os participantes – jovens dos 18 aos 35 anos – passarão a virada de ano de uma forma bem original: em oração, realizando encontros, vivendo a partilha e a solidariedade.

“Diante das atuais tensões – sublinha Taizé – a presença de numerosos jovens da Ucrânia, Bielorrússia e Rússia, assumirá uma particular importância. É a primeira vez que um encontro europeu é organizado em um país que no passado fazia parte da União Soviética.

“Juntos para abrir um caminho de esperança”

Graças à acolhida em toda a região, a maior parte dos peregrinos serão hospedados em casas de famílias. Cerca de cem comunidades eclesiais também receberão os jovens participantes. Apoiados pelo exemplo de testemunhos da Letônia, os jovens peregrinos são convidados a ir todos juntos às fontes da fé.

Irão Alois, Prior da Comunidade de Taizé, irá expor quatro propostas para 2017, inspiradas no recente encontro de Taizé realizado em Cotonou (Benin, África).

Taizé é uma comunidade ecumênica e internacional, formada por cerca de cem irmãos, que acolhe dezenas de milhares de jovens cristãos ao longo de todo o ano.

(je/rp)

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Bispo de Kafanchan denuncia perseguições na Nigéria

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Abuja (RV) – “De 2006 a 2014, mais de 12 mil cristãos foram mortos, cerca de 2 mil igrejas destruídas e 1,4 milhões de pessoas deslocadas na Nigéria”. Esta é a realidade apresentada no encontro realizado na sede em Roma da Ajuda à Igreja que Sofre (AIS), por Dom Joseph D. Bagobiri, Bispo da Diocese de Kafanchan, Estado de Kaduna.

“No último trimestre, mais da metade dos territórios da parte sul do Estado de Kaduna, registraram uma intensificação dos ataques por parte dos Fulani Herdsmen Terrorists (FHT)”.

Grupo desconhecido no Ocidente

No Ocidente, este grupo terrorista não é muito conhecido – explica o bispo – todavia, a “Anistia Internacional e outras organizações internacionais a consideram como a terceira entre as mais perigosas organizações no mundo, depois do Estado Islâmico e do Boko Haram”.

Para confirmar isto,  Dom Bagobiri revela que desde setembro passado, mais de 53 povoados foram incendiados, 808 pessoas assassinadas, 57 feridas, 1.422 casas e 16 igrejas destruídas. A organização é formada sobretudo por pastores, mas que usam armas sofisticadas.

Causas

Para o Bispo de Kafanchan, as causas do fenômenos “são quer sociais, isto é, questões fundiárias, como religiosas. Ambas as causas estão presentes, mas o fator religiosos é preponderante: é uma perseguição religiosa. O crescimento do cristianismo na área setentrional do Estado nos últimos cem anos foi excepcional, passando de um percentual próximo ao 0% aos 31%, e isto, naquele contexto, representa um motivo suficiente para desencadear a perseguição.”

Não obstante o nível da ameaça – observa o prelado – “a perseguição na Nigéria não se beneficia do mesmo grau de atenção internacional reservado, por exemplo, ao Oriente Médio”.

O que é pior – lamenta – é que não há suficiente atenção nem mesmo por parte do governo. “Estes ataques se verificam sob o olhar passivo do governo, que se limita a assistir, enquanto a população está à mercê destes terroristas armados com instrumentos avançados” e isto porque “as forças de polícia não têm armas adequadas para intervir, ou, não receberam ordens em tal sentido”.

Sharia

Esta ameaça terrorista se sobrepõe, além disto, a um problema estrutural, ou seja, a Sharia, introduzida em 12 dos 36 Estados da Nigéria.

A lei islâmica é causa de “desigualdade e discriminação” – denuncia – “basta pensar que “as Cortes islâmicas ordinariamente libertam muçulmanos acusados de crimes graves, como o assassinato de cristãos, considerados culpados por suposta blasfêmia”, concluiu Dom Bagoribi.

A presença de Dom Joseph D. Bagobiri na sede da Ajuda à Igreja que Sofre busca chamar a atenção dos observadores e responsáveis, para que os cristãos da nação não sejam esquecidos e deixados sozinhos.

(JE)

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Atualidades



A fuga de Aleppo

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Aleppo (RV) – Milhares de pessoas esperam deixar Aleppo, a cidade síria que tornou-se o epicentro do conflito que há seis anos dilacera o país. As operações se concentram nos bairros orientais, controlados  até há poucas semanas por forças opositoras e por grupos jihadistas.

Na manhã desta sexta-feira, todavia, a evacuação foi suspensa depois que um grupo de rebeldes abriu fogo contra os comboios que transportavam civis, segundo refere a TV estatal síria. O início das operações foi possível graças a um novo acordo alcançado, depois que o precedente cessar-fogo faliu. Inicialmente foram evacuados feridos e doentes, mas também rebeldes estão saindo.

Segundo um comunicado da UNICEF, “nas últimas 24 horas, mais de 2.700 crianças foram evacuadas de Aleppo oriental, algumas das quais doentes, feridas ou sem os pais”.

Testemunhos de quem deixa a cidade indicam a existência de um verdadeiro “genocídio”.

Dados das Nações Unidas indicam que cerca de 50 mil pessoas ainda devem ser evacuadas de Aleppo leste e cerca de 10 mil delas, entre as quais combatentes, serão levados a Idlib.

A confirmação é do enviado especial Staffan de Mistura durante uma coletiva de imprensa conjunta com o Ministro do Exterior francês Jean-Marc Ayrault. De Mistura explicou que 40 mil civis irão à Aleppo oeste.

Sobre a destinação de Idlib, o diplomata disse estar muito preocupado: “A cidade está nas mãos dos rebeldes. Sem um acordo político de cessar fogo, será a próxima Aleppo”. De Mistura também sublinhou a importância de presença de Observadores das Nações Unidas.

Segundo o Comitê internacional da Cruz Vermelha (Cicr) até o final desta sexta-feira deveriam ter sido evacuadas cerca de duas mil pessoas de uma zona rural ao redor de Aleppo oeste.

O Presidente iraniano, Hassan Rohani, telefonou na quinta-feira à Assad declarando: “A libertação de Aleppo é um grande sucesso para a Síria contra os terroristas e os seus aliados”. Ele declarou  a seguir “considerar nosso dever apoiar o governo sírio na sua campanha contra os terroristas para libertar o país de seus agressores”.

A perda de Aleppo, segunda cidade do país, representa uma derrota significativa para as forças rebeldes, que haviam conquistado a parte oriental da cidade em 2012. Para o governo sírio, a vitória de Aleppo constitui o sucesso mais relevante desde o início da guerra civil em 2011.

Os rebeldes continuam a dominar as localidades da parte oriental da Província de Aleppo. Entre estas, as zonas de  Atareb e Daret Ezza e le città di Kafarhamra, Hreitane e Marea Azaz.

No final da tarde de ontem, o Ministro do Exterior britânico, Boris Johnson, convocou os embaixadores russo e iraniano para discutir a situação em Aleppo.

A inquietação de Boris sobre a questão, manifestada em um tweet, é compartilhada pelo Secretário de Estados dos Estados Unidos, John Kerry, que reiterou que “os Estados Unidos querem ver corredores para a passagem segura de civis e combatentes”. O governo Assad – denunciou Kerry – está ajudando, favorecendo e executando “simplesmente um massacre” em Aleppo.

Segundo o chefe da diplomacia estadunidense, “é essencial que o processo político na Síria comece o mais breve possível depois do cessar das hostilidades”. Kerry confirmou que “outras partes em causa, confirmaram a sua vontade de voltar a Genebra para colóquios de paz”.

(Je/Osservatore Romano)

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Artigo: O Natal e seus símbolos

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Passo Fundo (RV) - Estamos refletindo sobre os símbolos de Natal. Recordar porque são símbolos e de onde se originaram permite que mantenham a sua força e seu significado. O Natal já está próximo e há tantos sinais que nos levam a ele.

Certamente o mais significativo dos símbolos natalinos é o presépio. Foi popularizado a partir de São Francisco de Assis, no século XIII. Ele cultivava uma grande veneração às manifestações do amor de Deus para com a humanidade, especialmente a participação na vida humana em suas situações de fraqueza e pobreza. Os atributos de Deus são a grandeza, o poder, a onipotência, mas escolheu vir ao mundo se fazendo pequeno, criança e nascendo entre os animais. Este mistério da encarnação manifesta a amor de Deus e para representá-lo São Francisco inventou o presépio.

Três anos antes de sua morte, São Francisco quis celebrar de modo especial o nascimento de Jesus Cristo. O primeiro biógrafo de São Francisco, Tomás de Celano, descreve os seguintes preparativos: pediu licença ao Papa e depois convidou um homem chamado João, de boa fama e vida ainda melhor, ao qual deu as seguintes recomendações, quinze dias antes do Natal: “Se você quiser que nós celebremos no Natal de Greccio, é bom começar a preparar diligentemente e desde já o que eu vou dizer. Quero lembrar o menino que nasceu em Belém, os apertos que passou, como foi posto num presépio, e ver com os próprios olhos como ficou em cima da palha, entre o boi e o burro”. Isto, João preparou.

Quando se aproximou o dia do Natal, Francisco, os confrades e vizinhança, se reuniram. Vieram com tochas, alimentos e celebraram a missa no presépio. De forma simples e solene viveram os fatos de Belém. A iniciativa de São Francisco foi se divulgado e as representações do nascimento através das imagens de Jesus, Maria e José, o boi, o burro, os pastores, as ovelhas e os magos, com seus presentes, foi se tornando um costume comum entre os cristãos.

O canto “Noite Feliz” é um símbolo sonoro. Foi composto em 1818, por F. Gruber, em alemão, na Áustria. Este canto impôs-se como canto de Natal no Brasil, não podendo imaginar-se uma noite de Natal sem ele.

Presentes nas decorações natalinas estão os sinos. São um meio de comunicação. Quantos se lembram, especialmente quem viveu nas cidades menores, da importância dos sinos. Avisam e convidam para as missas. Anunciam a morte de algum membro da comunidade ou ainda são um sinal de alerta. A sua ligação com Natal está em anunciar o nascimento de Jesus Cristo.

A ceia de Natal é a celebração da vida, do amor fraterno e da reconciliação em família. Grandes e felizes acontecimentos vêm acompanhados de festa e da partilha da comida. O Natal reúne e chama a família.

O Papai Noel é o menos cristão dos símbolos do Natal. Pode-se dar um sentido cristão nos presentes do Papai Noel. O grande presente que Deus Pai envia à comunidade, de forma gratuita e generosa, é Jesus Cristo, o Salvador. Este presente faz a verdadeira felicidade. Também é um incentivo à generosidade e à gratuidade. Dar de graça, algo para alguém, educa para o desapego e a partilha.

                       

Dom Rodolfo Luís Weber

Arcebispo de Passo Fundo
16 de dezembro de 2016

 

 

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