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Sumario del 22/12/2016

Papa e Santa Sé

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Papa: "Reforma seja conforme à Boa Nova e aos sinais dos tempos"

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa começou a quinta-feira (22/12) recebendo na Sala Clementina, no Vaticano, seus colaboradores da Cúria Romana: Superiores, Oficiais, Representantes Pontifícios e Colaboradores nas Nunciaturas espalhadas pelo mundo, todas as pessoas que prestam serviço na Cúria Romana seus familiares. A audiência, uma tradição, é uma ocasião para a troca de votos natalinos. 

Definindo em seu discurso o Natal como ‘a amorosa humildade de Deus’ e após citar Santo Agostinho e o Beato Paulo VI, Francisco disse que ‘Deus escolheu nascer pequenino  porque quis ser amado. E assim a lógica do Natal é a subversão da lógica do mundo, da lógica do poder, da lógica do controle’. Neste sentido, ‘sob esta luz suave e imponente do rosto divino de Cristo menino’, o Papa adiantou ter escolhido como tema deste encontro anual a reforma da Cúria Romana.

Finalidade não é 'estética' e nem mudar as pessoas

“A reforma não tem uma finalidade estética, como se se quisesse tornar mais bela a Cúria; nem se pode entender como uma espécie de avivamento, maquiagem para embelezar o velho corpo curial, e nem mesmo como uma operação de cirurgia plástica para tirar as rugas.  Amados irmãos, não são as rugas que se devem temer na Igreja, mas as manchas!

Entretanto, o Pontífice deixou claro também que a reforma não se atua de forma alguma com a mudança das pessoas, mas com a conversão nas pessoas: “Na realidade, não basta uma formação permanente, é preciso também e sobretudo uma conversão e uma purificação permanente. Sem uma mudança de mentalidade, o esforço funcional não teria qualquer utilidade”.

As doenças e os tratamentos; as dificuldades e resistências

Francisco explicou a razão de ter abordado nos encontros natalícios anteriores as ‘doenças’ da Cúria, em 2014, e as virtudes necessárias para quem presta serviço na Cúria em 2015. “Era necessário falar de doenças e tratamentos, porque cada operação, para ter sucesso, deve ser antecedida por diagnósticos profundos, por análises cuidadosas e deve ser acompanhada e seguida por prescrições concretas”.

No percurso de qualquer reforma, é normal, até mesmo salutar, encontrar dificuldades, e o Papa quis falar sobre as resistências, que podem ser abertas, ocultas e até malévolas, que germinam em mentes doentes e aparecem quando o diabo inspira más intenções (muitas vezes disfarçadas sob pele de cordeiros). “Este último tipo de resistência esconde-se por trás das palavras justificadoras e, em muitos casos, acusatórias, refugiando-se nas tradições, nas aparências, nas formalidades, no conhecido, ou então em querer reduzir tudo a um caso pessoal, sem distinguir entre o ato, o ator e a ação”.

Mas o Papa fez uma ressalva: “A ausência de reação é sinal de morte! Por isso as resistências boas – e até as menos boas – são necessárias e merecem ser escutadas, acolhidas e encorajadas a expressar-se”.

Passos para frente, mas se for preciso, para trás

Antes de elencar os critérios orientadores da reforma, o Pontífice deu uma ulterior indicação: ela é um processo delicado que deve ser vivido com fidelidade ao essencial, discernimento contínuo, coragem evangélica, sabedoria eclesial, escuta cuidadosa, ação tenaz, silêncio positivo, decisões firmes, muita oração, profunda humildade, clarividência, passos concretos em frente e – se necessário – passos também para trás, vontade decidida, vitalidade vibrante, poder responsável, obediência incondicional; mas, em primeiro lugar, com o abandono à orientação segura do Espírito Santo, confiando no seu apoio necessário.

Os doze critérios orientadores e os passos já dados

Os critérios principais que orientaram o Pontífice são doze: individualidade, pastoralidade, missionariedade, racionalidade, funcionalidade, modernidade, sobriedade, subsidiariedade, sinodalidade, catolicidade; profissionalismo, gradualidade.

Ainda no discurso, o Papa mencionou alguns passos realizados, como a criação do Conselho dos Cardeais para aconselhar o Papa no governo da Igreja universal e de outras Comissões específicas para o Instituto para as Obras de Religião, o Comité de Segurança Financeira da Santa Sé, a Autoridade de Informação Financeira (AIF), a Secretaria para a Economia e o Conselho para a Economia, o Departamento de Auditoria Geral. a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores e a Secretaria para a Comunicação. Também foi renovado o processo canónico para as causas de declaração de nulidade do matrimónio; foi promulgado o Motu Proprio para obviar à negligência dos Bispos no exercício do seu cargo, particularmente em relação aos casos de abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis, foram constituídos os Dicastérios para os Leigos, a Família e a Vida e para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, cuja seção para a pastoral dos migrantes será ocupada diretamente pelo Papa.  

Encerrando o encontro, o Papa quis lembrar uma palavra e uma oração. A palavra é que o Natal é a festa da amorosa humildade de Deus, e a oração é uma convocatória natalícia do Padre Matta el Meskin. 

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Íntegra do Discurso do Santo Padre à Cúria

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco reuniu-se na manhã desta quinta-feira, 22 de dezembro, com os Cardeais da Cúria Romana, pra a apresentação dos votos natalícios. Eis a íntegra do pronunciamento do Santo Padre:

“Amados irmãos e irmãs!

Gostaria de começar este nosso encontro, apresentando os meus cordiais votos a todos vós – Superiores, Oficiais, Representantes Pontifícios e Colaboradores nas Nunciaturas espalhadas pelo mundo, todas as pessoas que prestam serviço na Cúria Romana – e aos vossos familiares. Votos de um santo e sereno Natal e um feliz ano novo de 2017.

Ao contemplar o rosto do Menino Jesus, Santo Agostinho exclamou: «Imenso na natureza divina, pequeno na natureza de servo».[1] Também São Macário, monge do século IV e discípulo do abade Santo Antão, para descrever o mistério da Encarnação, recorreu ao verbo grego smikruno, isto é, fazer-se pequeno reduzindo-se quase ao mínimo: «Ouvi com atenção! Por sua imensa e inefável bondade, o Deus infinito, inacessível e incriado tomou um corpo e – diria – diminuiu-se infinitamente a sua glória».[2]

Assim, o Natal é a festa da amante humildade de Deus, de Deus que inverte a ordem da lógica esperada, a ordem do devido, do dialético e do matemático. Nesta inversão, está toda a riqueza da lógica divina que transtorna a limitação da nossa lógica humana (cf. Is 55, 8-9). Disse Romano Guardini: «Que grande inversão de todos os valores familiares ao homem – não só humanos, mas também divinos! Verdadeiramente este Deus subverte tudo aquilo que o homem pretende edificar por si mesmo».[3] No Natal, somos chamados a dizer «sim, com a nossa fé, não ao Dominador do universo nem mesmo às mais nobres das ideias, mas precisamente a este Deus que é o humilde-amante.

O Beato Paulo VI, no Natal de 1971, afirmava: «Deus poderia ter vindo revestido de glória, esplendor, luz, poder, assustando-nos, deixando os nossos olhos arregalados pela maravilha. Mas não! Veio como o menor dos seres, o mais frágil, o mais fraco. E porquê? Para que ninguém tivesse vergonha de se aproximar d’Ele, para que ninguém tivesse medo, precisamente para que todos pudessem senti-Lo vizinho, aproximar-se d’Ele, já sem qualquer distância entre nós e Ele. Houve um esforço, por parte de Deus, de mergulhar, afundar-Se dentro de nós, para que cada um – digo cada um de vós – possa familiarizar com Ele, possa ter confidência, possa aproximar-se d’Ele, possa sentir-se pensado por Ele, por Ele amado... por Ele amado. Reparai que esta é uma grande afirmação! Se compreenderdes isto, se lembrardes isto que vos estou a dizer, tereis compreendido todo o cristianismo».[4]

Na realidade, Deus escolheu nascer pequenino,[5] porque quis ser amado.[6] E assim a lógica do Natal é a subversão da lógica do mundo, da lógica do poder, da lógica do controle, da lógica farisaica e da lógica causalística ou determinista.

Foi precisamente sob esta luz suave e imponente do rosto divino de Cristo menino que escolhi, como tema deste nosso encontro anual, a reforma da Cúria Romana. Pareceu-me justo e oportuno partilhar convosco o quadro da reforma, pondo em evidência os critérios orientadores, os passos feitos, mas sobretudo a lógica do porquê de cada passo realizado e daquilo que será feito.

Na verdade, aqui vem-me espontaneamente à memória o antigo ditado que ilustra a dinâmica dos Exercícios Espirituais no método inaciano, ou seja: deformata reformare, reformata conformare, conformata confirmare e confirmata transformare.

Não há dúvida que, na Cúria, o significado da re-forma pode ser duplo: antes de mais nada, torná-la con-forme à Boa Nova que deve ser proclamada jubilosa e corajosamente a todos, especialmente aos pobres, aos últimos e aos descartados; con-forme aos sinais do nosso tempo e a tudo o que de bom alcançou o homem, para melhor atender às exigências dos homens e das mulheres que somos chamados a servir;[7] ao mesmo tempo, trata-se de tornar a Cúria mais con-forme à sua finalidade que é colaborar no ministério próprio do Sucessor de Pedro[8] («cum Ipso consociatam operam prosequuntur», diz o Motu Proprio Humanam progressionem) e, por conseguinte, apoiar o Romano Pontífice no exercício do seu poder singular, ordinário, pleno, supremo, imediato e universal.[9]

Consequentemente, a reforma da Cúria Romana está orientada eclesiologicamente in bonum e in servitium, como o está o serviço do Bispo de Roma,[10] segundo uma significativa frase do Papa São Gregório Magno, retomada pelo capítulo III da constituição Pastor Aeternus do Concílio Vaticano I: «A minha honra é a da Igreja universal. A minha honra é a força firme dos meus irmãos. Sinto-me verdadeiramente honrado, quando não é negada a devida honra a cada um deles».[11]

Não sendo a Curia uma estrutura imóvel, a reforma é, antes de tudo, sinal da vivacidade da Igreja em caminho, em peregrinação, e da Igreja viva e, consequentemente, semper reformanda,[12]  necessitada de ser reformada porque está viva. Torna-se necessário reiterar vigorosamente que a reforma não é fim em si mesma, mas constitui um processo de crescimento e sobretudo de conversão. Por isso, a reforma não tem uma finalidade estética, como se se quisesse tornar mais bela a Cúria; nem se pode entender como uma espécie de avivamento, maquilhagem ou truco para embelezar o velho corpo curial, e nem mesmo como uma operação de cirurgia plástica para tirar as rugas.[13] Amados irmãos, não são as rugas que se devem temer na Igreja, mas as manchas!

Nesta perspetiva, é preciso destacar que a reforma será eficaz única e exclusivamente se for implementada com homens «renovados» e não apenas com homens «novos».[14] Não basta contentar-se em mudar o pessoal, mas é preciso levar os membros da Cúria a renovar-se espiritual, humana e profissionalmente. A reforma da Cúria não se atua de forma alguma com a mudança das pessoas –  que, sem dúvida, tem acontecido e acontecerá[15] – mas com a conversão nas pessoas. Na realidade, não basta uma formação permanente, é preciso também e sobretudo uma conversão e uma purificação permanente. Sem uma mudança de mentalidade, o esforço funcional não teria qualquer utilidade.[16]

Foi por esta razão que, nos nossos dois encontros natalícios anteriores, me detive no ano de 2014, tendo como modelo os Padres do deserto, sobre algumas «doenças» e em 2015, partindo da palavra «misericórdia», sobre uma espécie de catálogo das virtudes necessárias para quem presta serviço na Cúria e para quantos querem tornar fecunda a sua consagração ou o seu serviço à Igreja. A razão fundamental é que, como para toda a Igreja, também na Cúria o sempre reformanda deve transformar-se numa conversão pessoal e estrutural permanente.[17]

Era necessário falar de doenças e tratamentos, porque cada operação, para ter sucesso, deve ser antecedida por diagnósticos profundos, por análises cuidadosas e deve ser acompanhada e seguida por prescrições concretas.

Neste percurso, é normal, até mesmo salutar, encontrar dificuldades, que, no caso da reforma, poder-se-iam apresentar segundo diferentes tipologias de resistências: as resistências abertas, que nascem muitas vezes da boa vontade e do diálogo sincero; as resistências ocultas, que nascem dos corações assustados ou empedernidos que se alimentam das palavras vazias da hipocrisia espiritual; há também as resistências malévolas, que germinam em mentes doentes e aparecem quando o diabo inspira más intenções (muitas vezes disfarçadas sob pele de cordeiros). Este último tipo de resistência esconde-se por trás das palavras justificadoras e, em muitos casos, acusatórias, refugiando-se nas tradições, nas aparências, nas formalidades, no conhecido, ou então em querer reduzir tudo a um caso pessoal, sem distinguir entre o ato, o ator e a ação.[18]

A ausência de reação é sinal de morte! Por isso as resistências boas – e até as menos boas – são necessárias e merecem ser escutadas, acolhidas e encorajadas a expressar-se.

Tudo isto, para dizer que a reforma da Cúria é um processo delicado que deve ser vivido com fidelidade ao essencial, discernimento contínuo, coragem evangélica, sabedoria eclesial, escuta cuidadosa, ação tenaz, silêncio positivo, decisões firmes, muita oração, profunda humildade, clarividência, passos concretos em frente e – se necessário – passos também para trás, vontade decidida, vitalidade vibrante, poder responsável, obediência incondicional; mas, em primeiro lugar, com o abandono à orientação segura do Espírito Santo, confiando no seu apoio necessário.

ALGUNS CRITÉRIOS ORIENTADORES DA REFORMA

São principalmente doze: individualidade, pastoralidade, missionariedade, racionalidade, funcionalidade, modernidade, sobriedade, subsidiariedade, sinodalidade, catolicidade; profissionalismo, gradualidade.

1- Individualidade (conversão pessoal)

Volto a reiterar a importância da conversão individual, sem a qual serão inúteis todas as mudanças nas estruturas. A verdadeira alma da reforma são os seres humanos que estão envolvidos nela e a tornam possível. Com efeito, a conversão pessoal sustenta e reforça a comunitária.

Há uma forte relação de intercâmbio entre o comportamento pessoal e o comunitário. Uma única pessoa pode fazer muito bem a todo o corpo, como poderia danificá-lo e fazê-lo adoecer. E um corpo saudável é aquele que sabe recuperar, acolher, fortificar, cuidar e santificar os seus próprios membros.

2- Pastoralidade (conversão pastoral)

Fazendo apelo à imagem do pastor (cf. Ez 34, 16; Jo 10, 1-21) e sendo a Cúria uma comunidade de serviço, «far-nos-á bem, também a nós, chamados a ser Pastores na Igreja, deixar que a Face do Deus Bom Pastor nos ilumine, nos purifique, nos transforme e nos restitua plenamente renovados à nossa missão. Que também nos nossos ambientes de trabalho possamos sentir, cultivar e praticar um forte sentido pastoral, antes de tudo em relação às pessoas que encontramos todos os dias. Que ninguém se sinta ignorado ou maltratado, mas cada um possa experimentar, antes de tudo aqui, a atenção carinhosa do Bom Pastor».[19]

O compromisso de todo o pessoal da Cúria deve ser animado por uma pastoralidade e uma espiritualidade de serviço e comunhão, pois isto é o antídoto contra todos os venenos da vã ambição e da rivalidade ilusória. Neste sentido, o Beato Paulo VI advertiu: «Não seja, portanto, a Cúria Romana uma burocracia, como erradamente alguém a julga, pretensiosa e apática, apenas canonista e ritualista, um ringue de ocultas ambições e surdos antagonismos, como a acusam outros; mas seja uma verdadeira comunidade de fé e caridade, de oração e ação; de irmãos e filhos do Papa, que tudo fazem, cada um no respeito da competência alheia e com sentido de colaboração, para o servir no seu serviço aos irmãos e aos filhos da Igreja universal e de toda a terra».[20]

3- Missionariedade[21] (cristocentrismo)

É o fim principal de todo o serviço eclesial, ou seja, levar a boa nova a todos os confins da terra,[22] como nos lembra o magistério conciliar, porque «há estruturas eclesiais que podem chegar a 

condicionar um dinamismo evangelizador; de igual modo, as boas estruturas servem quando há uma vida que as anima, sustenta e avalia. Sem vida nova e espírito evangélico autêntico, sem “fidelidade da Igreja à própria vocação”, toda e qualquer nova estrutura se corrompe em pouco tempo».[23]

4- Racionalidade

Com base no princípio de que todos os Dicastérios são juridicamente iguais entre si, era necessária uma racionalização dos organismos da Cúria Romana,[24] para evidenciar que cada Dicastério tem competências próprias. Tais competências devem ser respeitadas, mas também distribuídas com racionalidade, eficácia e eficiência. Por isso nenhum Dicastério pode atribuir-se a competência doutro Dicastério, segundo o que está estabelecido pelo direito, e todos os Dicastérios fazem referência direta ao Papa.

5- Funcionalidade

A eventual incorporação num único Dicastério de dois ou mais Dicastérios competentes sobre matérias afins ou intimamente relacionadas serve, por um lado, para dar ao mesmo Dicastério uma maior relevância (mesmo exterior) e, por outro, a contiguidade e a interação das diferentes realidades no seio de um único Dicastério ajuda a ter maior funcionalidade (são exemplo disso mesmo os dois novos Dicastérios recentemente instituídos).[25]

A funcionalidade requer também a revisão contínua das funções e da atinência das competências e responsabilidades do pessoal e, consequentemente, a realização de deslocamentos, assunções, interrupções e também promoções.

6- Modernidade ‎(atualização)

Ou seja, a capacidade de ler e auscultar os «sinais dos tempos». Neste sentido, «providenciemos solicitamente para que os Dicastérios da Cúria Romana se coadunem às situações 

do nosso tempo e adaptem às necessidades da Igreja universal».[26] Assim o solicitara o Concílio Vaticano II: os Dicastérios da Cúria Romana «sejam reorganizados, segundo as necessidades dos tempos, das regiões e dos ritos sobretudo quanto ao número, nome, competência e modo de proceder de cada um, bem como no que respeita à coordenação recíproca dos trabalhos».[27] ‎

7- Sobriedade

Nesta perspetiva, são necessários uma simplificação e um aligeiramento da Cúria: incorporação ou fusão de Dicastérios segundo assuntos de competência e simplificação interna de cada um dos Dicastérios; eventuais supressões de Departamentos que se revelem desajustados das necessidades contingentes. Inserção nos Dicastérios ou redução das comissões, academias, comités, etc. Tendo sempre em vista a sobriedade indispensável para um testemunho digno e autêntico.

8- Subsidiariedade

Reordenamento de competências específicas dos vários Dicastérios, deslocando-as, se necessário, de um Dicastério para outro, a fim de alcançar a autonomia, a coordenação e a subsidiariedade nas competências e a interconexão no serviço.

Neste sentido, é necessário respeitar também os princípios da subsidiariedade e da racionalização na relação com a Secretaria de Estado e no seio dela mesma – entre as suas diferentes competências – para que, no cumprimento das próprias funções seja a ajuda direta e mais imediata do Papa.[28] E isto também para uma melhor coordenação dos vários setores dos Dicastérios e dos Departamentos da Cúria. A Secretaria de Estado poderá realizar esta sua importante função, precisamente na realização da unidade, interdependência e coordenação das suas Secções e dos seus vários setores.

9- Sinodalidade

O trabalho da Cúria deve ser sinodal: reuniões periódicas dos Chefes de Dicastério, presididas pelo Romano Pontífice;[29] audiências regulares previstas dos Chefes de Dicastério; reuniões habituais interdicasteriais. A redução do número de Dicastérios permitirá encontros mais frequentes e sistemáticos dos diferentes Prefeitos com o Papa e reuniões eficazes dos Chefes dos Dicastérios, não o podendo ser com um grupo demasiado grande.

A sinodalidade[30] deve ser vivida também dentro de cada Dicastério, dando particular realce ao Congresso e maior frequência pelo menos à Sessão ordinária. No seio de cada Dicastério, deve-

se evitar a fragmentação que pode ser determinada por vários fatores, tais como a proliferação de setores especializados, que podem tender para serem autorreferenciais. A coordenação entre eles deveria ser tarefa do Secretário ou do Subsecretário.

10- Catolicidade

Entre os colaboradores, além dos sacerdotes e consagrados/as, a Cúria deve refletir a catolicidade da Igreja com a assunção de pessoal proveniente de todo o mundo, de diáconos permanentes e fiéis leigos, cuja escolha deve ser cuidadosamente feita com base na sua vida espiritual e moral exemplar e na sua competência profissional. É oportuno prever o acesso de um número maior de fiéis leigos, especialmente nos Dicastérios onde eles possam ser mais competentes que os clérigos ou os consagrados. Além disso é de grande importância a valorização do papel da mulher e dos leigos na vida da Igreja e a sua integração nas lideranças dos Dicastérios, com particular atenção à multiculturalidade.

11- Profissionalismo

É indispensável que cada Dicastério adote uma política de formação permanente do pessoal, para evitar o enferrujamento e a queda na rotina do funcionalismo.

Por outro lado, é indispensável a arquivação definitiva da prática do promoveatur ut amoveatur.

12- Gradualidade (discernimento)

A gradualidade é o fruto daquele indispensável discernimento que envolve processo histórico, estipulação de tempos e etapas, verificação, verificação, correções, experimentação, aprovações ad experimentum. Nestes casos, portanto, não se trata de indecisão, mas da flexibilidade necessária para se poder alcançar uma verdadeira reforma.

ALGUNS PASSOS FEITOS[31]

Menciono brevemente e limitando-me a alguns passos realizados na implementação dos critérios orientadores, das recomendações feitas pelos Cardeais, durante as Reuniões plenárias antes do Conclave, da COSEA, do Conselho de Cardeais, bem como dos Chefes de Dicastério e de outras pessoas e peritos.

- Em 13 de abril de 2013, foi anunciado o Conselho dos Cardeais (Consilium Cardinalium Summi Pontifici) – o chamado C8, que se tornou C9 a partir de 1 de julho de 2014 – primariamente para aconselhar o Papa no governo da Igreja universal e sobre outros temas relacionados,[32] e também com a tarefa específica de propor a revisão da Constituição apostólica Pastor Bonus.[33]

- Com o Quirógrafo de 24 de junho de 2013, foi ereta a Pontifícia Comissão Referente sobre o Instituto para as Obras de Religião, a fim de se conhecer de modo mais aprofundado a posição jurídica do IOR e permitir uma sua melhor «harmonização» com «a missão universal da Sé Apostólica. Tudo para «permitir que os princípios do Evangelho permeiem também as atividades de natureza económica e financeira» e para alcançar uma completa e reconhecida transparência no seu trabalho.

- Com o Motu Proprio de 11 de julho de 2013, proveu-se a delinear a jurisdição dos órgãos judiciários do Estado da Cidade do Vaticano em matéria penal.

- Com o Quirógrafo de 18 de julho de 2013, foi instituída a COSEA (Pontifícia Comissão referente de estudo e orientação sobre a organização da estrutura económico-administrativa),[34] com a tarefa de estudar, analisar e recolher informações, em colaboração com o Conselho dos Cardeais para o estudo dos problemas organizativos e económicos da Santa Sé.

- Com o Motu Proprio de 8 de agosto de 2013, foi instituído o Comité de Segurança Financeira da Santa Sé para prevenir e contrastar o branqueamento de capitais, o financiamento do terrorismo e a proliferação de armas de destruição de massa. Tudo isso, para levar o IOR e todo o sistema económico vaticano à regular adoção e cumprimento completo, com empenho e diligência, de todas as normas internacionais sobre a transparência financeira.[35]

- Com o Motu Proprio de 15 de novembro de 2013, foi consolidada a Autoridade de Informação Financeira (AIF),[36] instituída por Bento XVI, com Motu Proprio de 30 de dezembro de 2010, para prevenir e contrastar atividades ilegais em campo financeiro e monetário.[37]

- Com o Motu Proprio de 24 de fevereiro de 2014 (Fidelis dispensator et prudens), foram eretas a Secretaria para a Economia e o Conselho para a Economia,[38] substituindo o Conselho dos 15 Cardeais, tendo o dever de harmonizar as políticas de controle a respeito da gestão económica da Santa Sé e da Cidade do Vaticano.

- Com o mesmo Motu Proprio (Fidelis dispensator et prudens) de 24 de fevereiro de 2014, foi ereto o Departamento do Auditor Geral (DAG) como novo ente da Santa Sé encarregado de fazer a revisão (audit) dos Dicastérios da Cúria Romana, das instituições ligadas à Santa Sé – ou que fazem referência a ela – e das administrações do Governatorado do Estado da Cidade do Vaticano.[39]

- Com o Quirógrafo de 22 de março de 2014, foi instituída a Pontifícia Comissão para a Tutela dos Menores para «promover a tutela da dignidade dos menores e dos adultos vulneráveis, através das formas e modalidades, cônsones à natureza da Igreja, que se considerem mais oportunas».

- Com o Motu Proprio de 8 de julho de 2014, foi transferida a Secção Ordinária da Administração do Património da Sé Apostólica para a Secretaria para a Economia.

- Em 22 de fevereiro de 2015, foram aprovados os Estatutos dos novos Organismos Econômicos.

- Com o Motu Proprio de 27 de junho de 2015, foi ereta a Secretaria para a Comunicação com a tarefa de «dar resposta ao atual contexto comunicativo, caraterizado pela presença e o desenvolvimento dos mídias digitais, pelos fatores da convergência e da interatividade», e também reestruturar globalmente, através dum processo de reorganização e de incorporação de «todas as realidades que até hoje, de diferentes maneiras, se ocuparam da comunicação», a fim de «corresponder cada vez melhor às exigências da missão da Igreja».

- Em 6 de setembro de 2016, foi promulgado o Estatuto da Secretaria para a Comunicação, que entrou em vigor em outubro passado.[40]

- Com os dois Motu Proprio de 15 de agosto de 2015, proveu-se à reforma do processo canónico para as causas de declaração de nulidade do matrimónio: Mitis et misericors Iesus, no Código dos Cânones das Igrejas Orientais; Mitis Iudex Dominus Iesus, no Código de Direito Canónico.[41]

- Com o Motu Proprio de 4 de junho de 2016 (Come una madre amorevole), pretendeu-se obviar à negligência dos Bispos no exercício do seu cargo, particularmente em relação aos casos de abusos sexuais de menores e adultos vulneráveis.

- Com o Motu Proprio de 15 de agosto de 2016 (Sedula Mater), foi constituído o Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, fazendo apelo antes de mais nada à finalidade pastoral geral do ministério petrino: «empenhamo-nos com prontidão por tudo dispor para que as riquezas de Cristo Jesus fluam apropriada e profusamente entre os fiéis».

- Com o Motu Proprio de 17 de agosto de 2016 (Humanam progressionem), foi constituído o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, a fim de que o desenvolvimento se implemente «mediante o cuidado pelos bens incomensuráveis da justiça, da paz e da salvaguarda da criação». Neste Dicastério confluirão, a partir de 1 janeiro de 2017, quatro Conselhos Pontifícios: Justiça e Paz, Cor Unum, Pastoral dos Migrantes e Agentes Sanitários. Ocupar-me-ei diretamente «ad tempus» da Secção para a pastoral dos migrantes deste novo Dicastério.[42]

- Em 18 de outubro de 2016, foi aprovado o Estatuto da Pontifícia Academia para a Vida.

O nosso encontro teve início falando do significado do Natal como subversão dos nossos critérios humanos para destacar que o coração e o centro da reforma é Cristo (cristocentrismo).

Gostaria de concluir simplesmente com uma palavra e uma oração. A palavra serve para reiterar que o Natal é a festa da amante humildade de Deus. A oração é a convocatória natalícia do Padre Matta el Meskin (monge contemporâneo) que, dirigindo-se ao Senhor Jesus nascido em Belém, assim se exprime: «Se para nós a experiência da infância é uma coisa difícil, não o é para Vós, Filho de Deus. Se tropeçamos no caminho que leva à comunhão convosco segundo esta pequena estatura, Vós sois capaz de remover todos os obstáculos que nos impedem de o fazer. Sabemos que não tereis paz enquanto não nos achardes de acordo com a vossa semelhança e com esta estatura. Permiti-nos hoje, ó Filho de Deus, que nos aproximemos do vosso coração. Concedei-nos a graça de não nos julgarmos grandes nas nossas experiências. Ao contrário, concedei que nos tornemos pequenos como Vós, para poder estar junto de Vós e receber de Vós humildade e mansidão em abundância. Não nos priveis da vossa revelação, a epifania da vossa infância nos nossos corações, para podermos curar, com ela, todo o orgulho e arrogância. Temos uma necessidade extrema (...) de que reveleis em nós a vossa simplicidade, fazendo-nos a nós, antes a Igreja e todo o mundo, semelhantes a Vós. O mundo está cansado e esgotado, porque encontra-se em competição para ver quem é o maior. Há uma concorrência desumana entre governos, entre Igrejas, entre povos, no seio das famílias, entre uma paróquia e outra: quem é o maior entre nós? O mundo é atormentado por dolorosas feridas, porque a sua grande epidemia é esta: quem é o maior? Mas hoje encontramos em Vós, Filho de Deus, o nosso único remédio. Nós e o mundo inteiro não acharemos salvação nem paz, se não voltarmos a encontrar-Vos de novo na manjedoura de Belém. Ámen».[43]

Obrigado! Desejo-vos um santo Natal e um feliz ano novo de 2017!

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1 Sermo 187, 1: PL 38, 1001: «Magnus dies angelorum, parvus in die hominum (…) magnus in forma Dei, brevis in forma servi».

2 Hom. IV, 9: PG 34, 480.

3 Il Signore, Milão 1977, 404.

4 Homilia, 25 de dezembro de 1971.

5 Cf. São Pedro Crisólogo, Sermo 118: PL 52, 617.

6 Santa Teresa do Menino Jesus – enamorada pela pequenez de Jesus –, na sua última carta (25 de agosto de 1897, dirigida a um sacerdote que lhe fora confiado como «irmão espiritual») escreveu: «Não posso temer um Deus que, por mim, Se fez assim tão pequenino! Amo-O! De facto, Ele é apenas amor e misericórdia» (LT 266: Obras completas, Roma 1997, 606).

7 Cf. Carta apostólica sob forma de Motu Proprio pela qual se institui o Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, 16 de agosto de 2016.

8 A Cúria Romana tem por função ajudar o Papa no seu governo quotidiano da Igreja, ou seja, nas tarefas que lhe são próprias: a) conservar todos os fiéis «no vínculo de uma só fé e da caridade» e também na «unidade de fé e comunhão»; b) «para que o episcopado fosse uno e indiviso» (Conc. Vat. I, Const. dogm. Pastor aeternus, prólogo). Isto mesmo retoma o Concílio Vaticano II, dizendo: «Este sagrado Concílio, seguindo os passos do Concílio Vaticano I, com ele ensina e declara que Jesus Cristo, pastor eterno, edificou a Santa Igreja tendo enviado os Apóstolos, como Ele fora enviado pelo Pai (cf. Jo 20, 21); e quis que os sucessores deles, os Bispos, fossem pastores na sua Igreja até ao fim dos tempos. Mas, para que o mesmo episcopado fosse uno e indiviso, colocou o bem-aventurado Pedro à frente dos outros Apóstolos e nele instituiu o princípio e fundamento perpétuo e visível da unidade de fé e comunhão» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Lumen gentium, 18).

9 Efetivamente, a propósito da Cúria Romana, o Concílio Vaticano II explica que, «no exercício do poder supremo, pleno e imediato sobre a Igreja universal, o Romano Pontífice serve-se dos Dicastérios da Cúria Romana, que, por isso, trabalham em seu nome e com a sua autoridade, para bem das Igrejas e ao serviço dos sagrados pastores» (Decr. Christus Dominus, 9). Assim lembra-nos, antes de mais nada, que a Cúria é um organismo de ajuda ao Papa, especificando ao mesmo tempo que o serviço dos organismos da Cúria Romana é sempre realizado nomine et auctoritate do mesmo Romano Pontífice. É por isso que a atividade da Cúria é realizada in bonum Ecclesiarum et in servitium Sacrorum Pastorum, isto é, orientada quer para o bem das Igrejas particulares, quer para apoio dos seus Bispos. As Igrejas particulares são «formadas à imagem da Igreja universal, das quais e pelas quais existe a Igreja católica, una e única» (Lumen gentium, 23).

10 Paulo VI, Discurso à Cúria Romana, 21 de setembro de 1963: «Aliás tal concordância entre o Papa e a sua Cúria é uma norma constante. E não é só nas grandes horas da história que tal concordância revela a sua existência e a sua força; mas vigora sempre, em cada dia, em cada ato do ministério pontifício, como convém ao órgão de imediata aderência e absoluta obediência, de que o Romano Pontífice se serve para exercer a sua missão universal. E é esta relação essencial da Cúria Romana com o exercício da atividade apostólica do Papa a justificação, mais ainda a glória da própria Curia, derivando desta mesma relação a sua necessidade, a sua utilidade, a sua dignidade e a sua autoridade; com efeito, a Cúria Romana é o instrumento de que o Papa precisa e do qual o Papa se serve para desempenhar o próprio mandato divino. Um instrumento digníssimo, ao qual – não deve surpreender ninguém – todos, e Nós mesmos em primeiro lugar, pedem tanto, exigem tanto! A sua função reclama competência e virtude sumas, porque sumo é precisamente o seu cargo. Função delicadíssima, que é a de ser guardiã ou eco das verdades divinas e de dirigir a palavra e dialogar com os espíritos humanos; função vastíssima, pois tem por confins o orbe inteiro; função nobilíssima, que é ouvir e interpretar a voz do Papa e, ao mesmo tempo, não lhe deixar faltar toda a informação útil e objetiva, todo o filial e ponderado conselho».

11 Ep. ad Eulog. Alexandrin., epist. 30: PL 77, 933. Na verdade, a Cúria Romana «haure do Pastor da Igreja universal a própria existência e competência. Com efeito, ela vive e atua na medida em que estiver em relação com o ministério petrino e nele se basear» (João Paulo II, Const. ap. Pastor Bonus, Introd. n. 7; cf. art. 1).

12 A história atesta que a Cúria Romana se encontra em estado de permanente «reforma», pelo menos nos últimos cem anos. «De facto, a reforma anunciada em 13 de abril de 2013 com o comunicado da Secretaria de Estado é já a quarta a começar da implementada por São Pio X com a constituição Sapienti Consilio, de 1908. Esta reforma tornava-se certamente urgente na perspetiva do novo ordenamento canónico, já em preparação; mas mostrava-se ainda mais necessária com o fim do poder temporal. Seguiu-se-lhe a reforma feita pelo Beato Paulo VI com a Regiminis Ecclesiae Universae (1967), depois da celebração do Concílio Vaticano II. O mesmo Papa previra um reexame do texto, à luz duma primeira experimentação. Em 1988, chega a constituição Pastor Bonus de São João Paulo II, que na estrutura geral seguia o esquema de Paulo VI, mas insere uma classificação diferente dos vários organismos e respetivas competências em sintonia com o CIC 1983. No meio destas etapas fundamentais, registam-se outras intervenções importantes. Bento XV, por exemplo, criou e inseriu entre as Congregações romanas a Congregação para os Seminários (até então uma Secção dentro da Congregação Consistorial) e as Universidades dos Estudos (1915) e outra para as Igrejas Orientais (1917: anteriormente, estava constituída como secção na S. Congregatio de Propaganda Fide). João Paulo II fez mudanças na organização da Cúria mesmo depois da Pastor Bonus e, em seguida, foram feitas intervenções significativas por Bento XVI: basta pensar na instituição do Conselho Pontifício para a Promoção da Nova Evangelização (2010), a transferência das competências sobre os Seminários da Congregação para a Educação Católica para a Congregação para o Clero e da competência sobre a Catequese desta última para o Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização (2013). A isto vieram juntar-se as outras intervenções de simplificação realizadas ao longo dos anos restando algumas válidas até ao dia de hoje, com a unificação de vários Dicastérios sob uma única presidência» [Marcello Semeraro, «La riforma di Papa Francesco» in Il Regno (Ano LXI, n. 1240 – 15 de julho de 2016), 433-441].

13 Neste sentido Paulo VI, quando falava à Cúria Romana em 21 de setembro de 1963, disse: «É explicável que tal ordenamento sinta o peso da sua idade venerável, que se faça sentir a disparidade dos seus órgãos e da sua atividade relativamente às necessidades e usos dos novos tempos, que ao mesmo tempo se sinta a necessidade de simplificar e descentralizar e de se ampliar e habilitar para novas funções».

14 Em 22 de fevereiro de 1975, por ocasião do Jubileu da Cúria Romana, disse Paulo VI: «Nós somos a Cúria Romana (...). Ora a nossa consciência, que desejamos bem clara não apenas na sua definição canónica, mas também no seu conteúdo moral e espiritual, impõe a cada um de nós um ato penitencial conforme à disciplina própria do Jubileu, ato que podemos chamar de autocrítica para verificarmos, no segredo dos nossos corações, se o nosso comportamento corresponde ao múnus que nos foi confiado. A este confronto interior estimula-nos, antes de mais nada, a coerência da nossa vida eclesial, e, depois, a análise que, a Igreja e a sociedade, fazem a nosso respeito, com exigência muitas vezes não objetiva e tanto mais severa quanto mais representativa é esta nossa posição, da qual devia irradiar sempre uma exemplaridade ideal. (...) Dois sentimentos espirituais darão, por isso, sentido e valor à nossa celebração jubilar: um sentimento de sincera humildade, isto é, de verdade acerca de nós mesmos, declarando-nos os primeiros a ter necessidade da misericórdia de Deus» [Insegnamenti di Paolo VI, vol. XIII (1975), 172-176].

15 Neste sentido, a sucessão das gerações faz parte da vida; ai de nós, se pensarmos ou vivermos esquecidos desta verdade. Por conseguinte, a alternância das pessoas é normal, necessária e desejável.

16 Durante o seu discurso à Cúria em 20 de dezembro de 2010, Bento XVI lembrou, inspirando-se numa visão de Santa Hildegarda de Bingen, que o próprio rosto da Igreja pode, infelizmente, estar «salpicado de pó» e «o seu vestido rasgado». Por isso – recordava eu, em idêntica ocasião de 2014 – a cura «é fruto também da consciencialização da doença e da decisão pessoal e comunitária de se curar suportando com paciência e perseverança o tratamento» (Discurso à Cúria Romana, 22 de dezembro de 2014).

17 Trata-se de entender a reforma como uma transformação, ou seja, uma mutação para diante, um melhoramento: mudar/modificar in melius.

18 Cf. Francisco, Homilia, Domus Sanctae Marthae, 1 de dezembro de 2016.

19 Francisco, Homilia por ocasião do Jubileu da Cúria Romana, 22 de fevereiro de 2016; cf. Idem, Discurso na inauguração dos trabalhos do Consistório, 12 de fevereiro de 2015.

20 Paulo VI, Discurso à Cúria Romana, 21 de setembro de 1963.

21 «A tarefa de evangelizar todos os homens constitui a missão essencial da Igreja; tarefa e missão, que as amplas e profundas mudanças da sociedade atual tornam ainda mais urgentes. Evangelizar constitui, de facto, a graça e a vocação própria da Igreja, a sua mais profunda identidade. Ela existe para evangelizar (…). A comunidade dos cristãos, realmente, nunca é algo de fechado em si mesmo. Nela, a vida íntima – vida de oração, ouvir a Palavra e o ensino dos Apóstolos, caridade fraterna vivida e fração do pão – não adquire todo o seu sentido senão quando ela se torna testemunho, que provoca a admiração e a conversão e se desenvolve na pregação e no anúncio da Boa Nova. Assim, é a Igreja toda que recebe a missão de evangelizar e a atividade de cada um é importante para o todo» (Idem, Evangelii nuntiandi, 14-15). Como escrevi na Exortação apostólica Evangelii gaudium, «não podemos ficar tranquilos, em espera passiva, em nossos templos», sendo necessário «passar de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária» (n. 15).

22 É preciso não perder a tensão para o anúncio àqueles que estão longe de Cristo, porque isto é o primeiro dever da Igreja (cf. João Paulo II, Carta enc. Redemptoris Missio, 34).

23 Francisco, Evangelii gaudium, 26. «Sonho com uma opção missionária (= missão paradigmática) capaz de transformar tudo, para que os costumes, os estilos, os horários, a linguagem e toda a estrutura eclesial (= missão programática) se tornem um canal proporcionado mais à evangelização do mundo atual que à Auto preservação» (ibid., 27). Neste sentido, «o que derruba as estruturas caducas, o que leva a mudar os corações dos cristãos é justamente a missionariedade», porque «a missão programática, como o nome indica, consiste na realização de atos de índole missionária. A missão paradigmática, por sua vez, implica colocar em chave missionária a atividade habitual das Igrejas particulares» (Idem, Discurso aos Bispos responsáveis do CELAM, na 28ª JMJ do Rio de Janeiro, 28 de julho de 2013).

24 Cf. Paulo VI, Regimini Ecclesiae Universae, art. 1-§ 2; João Paulo II, Pastor Bonus, art. 2-§ 2.

25 «Hoje é de Roma que parte o convite à “atualização” (…), isto é, ao aperfeiçoamento de todas as coisas, internas e externas, da Igreja. A Roma papal hoje é outra completamente diferente e, por graça de Deus, muito mais digna, mais sábia e mais santa; muito mais consciente da sua vocação evangélica, muito mais comprometida na sua missão cristã, muito mais desejosa e, por isso, capaz de perene renovação» (Paulo VI, Discurso à Cúria Romana, 21 de setembro de 1963).

26 Francisco, Motu Proprio Sedula Mater, 15 de agosto de 2016.

27 Decr. Christus ‎Dominus, 9.

28 Entre as funções do Secretário de Estado, enquanto primeiro colaborador do Sumo Pontífice no exercício da sua missão suprema e executor das decisões que o Papa toma com a ajuda dos órgãos consultivos, deveria aparecer como primordial a reunião periódica e frequente com os Chefes de Dicastério. Em todo o caso, é uma necessidade primária a coordenação e a cooperação dos Dicastérios entre si e com os outros Departamentos.

29 Cf. João Paulo II, Const. ap. Pastor Bonus, 22.

30 Uma Igreja sinodal é uma Igreja da escuta (cf. Francisco, Discurso na comemoração do cinquentenário da instituição do Sínodo dos Bispos, 17 de outubro de 2015; Idem, Exort. ap. Evangelii gaudium, 171). Eis as etapas de auscultação para a Reforma da Cúria: 1) Recolha de pareceres no Verão de 2013: dos Chefes de Dicastério e outros; dos Cardeais do Conselho, de diferentes Bispos e Conferências Episcopais da área territorial de proveniência; 2) Reunião dos Chefes de Dicastério, em 10 de setembro de 2013 e 24 de novembro de 2014; 3) Consistório de 12-13 de fevereiro de 2015; 4) Carta do Conselho dos Cardeais aos Chefes de Dicastério, em 17 de setembro de 2014, para eventuais «descentralizações»; 5) Intervenções de diferentes Chefes de Dicastério nas reuniões do Conselho de Cardeais que lhes solicitara propostas e pareceres para a reforma do respetivo Dicastério (cf. Marcello Semeraro, «La riforma di Papa Francesco» in: Il Regno, pp. 433–441).

31 Para aprofundar os passos dados, as razões e os objetivos do processo de reforma, recomenda-se como particular referência as três Cartas Apostólicas sob forma de Motu Proprio com que se interveio até hoje para a criação, a alteração e a supressão de alguns Dicastérios da Cúria Romana.

32 Quanto ao ritmo do trabalho, este ocupa os membros do Conselho de manhã e de tarde, tendo-se realizado até hoje 93 reuniões.

33 As sessões de trabalho do Conselho já ultrapassam as dezasseis (em média, uma de dois em dois meses), assim repartidas no tempo: I Sessão: 1-3 de outubro de 2013; II Sessão: 3-5 de dezembro de 2013; III Sessão: 17-19 fevereiro de 2014;

IV Sessão: 28-30 de abril de 2014; V Sessão: 1-4 de julho de 2014; VI Sessão: 15-17 de setembro de 2014; VII Sessão: 9-11 de dezembro de 2014; VIII Sessão: 9-11 de fevereiro de 2015; IX Sessão 13-15 de março de 2015; X Sessão 8-10 de junho de 2015; XI Sessão 14-16 de setembro de 2015; XII Sessão: 10-12 de dezembro de 2015; XIII Sessão: 8-9 de fevereiro de 2016; XIV Sessão: 11-13 de abril de 2016; XV Sessão: 6-8 de junho de 2016; XVI Sessão: 12-14 de setembro de 2016; XVII Sessão: 12-14 de dezembro de 2016.

34 Foi ereta em 18 de julho de 2013 (e suprimida em 22 de maio de 2014) para oferecer apoio técnico de consultoria especializada e elaborar soluções estratégicas de melhoramento, visando evitar gastos de recursos económicos, favorecer a transparência nos processo de aquisição de bens e serviços, aperfeiçoar a administração do património mobiliário e imobiliário, agir com prudência cada vez maior na área financeira, assegurar uma correta aplicação das normas contabilísticas e garantir assistência sanitária e previdência social a todos os que têm direito: «uma simplificação e racionalização dos Organismos existentes e uma programação mais cuidadosa das atividades económicas de todas as Administrações do Vaticano» (Quirógrafo de 18 de julho de 2013).

35 Por exemplo, as Recomendações elaboradas pelo Grupo de Ação Financeira Internacional (GAFI). Hoje a atividade do IOR desenrola-se plenamente de acordo com a legislação vigente no Estado da Cidade do Vaticano em matéria de branqueamento de capitais e de combate ao financiamento do terrorismo.

36 A AIF é o Departamento de prevenção e luta contra o branqueamento do produto de atividades criminosas e o financiamento do terrorismo (cf. Estatuto, cap I, art 1- § 1). Com a tarefa, entre outras coisas, de supervisionar o cumprimento das obrigações estabelecidas para prevenir e contrastar a lavagem de dinheiro e o financiamento do terrorismo, emanar disposições de implementação e adotar instruções e provisões de caráter particular com os sujeitos subordinados às obrigações.

37 A AIF foi instituída também para renovar o empenho da Santa Sé na adoção dos princípios e aplicação dos instrumentos jurídicos desenvolvidos pela Comunidade internacional, ajustando ainda mais o quadro institucional para efeitos de prevenção e combate da lavagem de dinheiro, financiamento do terrorismo e proliferação de armas de destruição de massa.

38 O Conselho tem o «dever de supervisionar a gestão económica e vigiar sobre as estruturas e as atividades administrativas e financeiras dos Dicastérios da Cúria Romana, das instituições relacionadas com a Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano» (Motu Proprio Fidelis dispensator et prudens, 1).

39 O Departamento do Auditor Geral atua com plena autonomia e independência nos termos da legislação vigente e do seu próprio Estatuto, referindo diretamente ao Sumo Pontífice. Submete ao Conselho para a Economia um programa anual de auditoria bem como um relatório anual das suas atividades. Objetivo do programa de auditoria é individuar as mais importantes áreas gerenciais e organizacionais de potenciais riscos». O Departamento do Auditor Geral é a instituição que realiza a auditoria contabilística dos Dicastérios da Cúria Romana, das Instituições ligadas à Santa Sé e do Estado da Cidade do Vaticano. A atividade do DAG visa fornecer pareceres profissionais e independentes a propósito da adequação dos procedimentos contabilísticos e administrativos (sistema de controlo interno) e a sua efetiva aplicação (compliance audit); bem como a credibilidade dos orçamentos dos diferentes Dicastérios e o Balanço consolidado (financial audit) e a regularidade da utilização dos recursos financeiros e materiais (value for money audit).

40 «O contexto comunicativo atual, caraterizado pela presença e o desenvolvimento dos mídias digitais, pelos fatores da convergência e da interatividade, exige repensar o sistema informativo da Santa Sé e obriga a uma reorganização que, valorizando tudo o que se foi desenvolvendo ao longo da história no âmbito da estrutura da comunicação da Sé Apostólica, avance decididamente para uma integração e gestão unitária».

41 Com o Motu Proprio de 31 de maio de 2016 (De concordia inter Codices), foram alteradas algumas normas do Código de Direito Canónico.

42 «O Organismo será competente para as questões que dizem respeito a migrações, necessitados, doentes e excluídos, marginalizados, vítimas de conflitos armados e catástrofes naturais, reclusos, desempregados e pessoas cuja dignidade corre perigo».

43 L’umanità di Dio, Qiqajon, Magnano 2015, 183-84.                               

 

 

 

 

 

 

 

 

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Francisco surpreende e oferece presente de Natal aos colaboradores

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Cidade do Vaticano (RV) – Os membros da Cúria romana presentes na audiência da manhã desta quinta-feira (22/12), receberam de presente de Natal do Papa o livro “Procedimentos para curar as doenças da alma”, do jesuíta Claudio Acquaviva, terceiro Superior geral da Companhia de Jesus. 

“Quando, dois anos atrás, eu falei das doenças, um de vocês me perguntou: O que devo fazer? Vou à farmácia ou me confesso? Eu respondi: os dois... mas o Cardeal Gerhard Mueller disse: Acquaviva. Não entendi, mas depois, pensando bem, me lembrei que Acquaviva escreveu um livro que nós estudantes líamos em latim e os padres espirituais nos obrigavam a ler”.

Depois de ler um breve trecho em latim sobre as doenças da alma, o Papa completou: “Três meses atrás, saiu uma edição muito boa em italiano, traduzida pelo Padre Giuliano Raffo, falecido recentemente. O bom prefácio indica como se deve ler o livro. Não é uma edição crítica, mas a tradução é muito bela e bem feita; creio que pode ajudar. Como dom de Natal, gostaria de oferecê-lo a cada um de vocês”. 

(CM)

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Funcionários do Vaticano e familiares animam audiência com o Papa

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco, proveniente da Sala Clementina, onde recebeu os cardeais e superiores da Cúria romana para o tradicional discurso de fim de ano e votos natalinos, entrou na Sala Paulo VI para o encontro com os funcionários da Santa Sé e do Estado do Vaticano com suas famílias, novamente para a troca de felicitações. 

O Pontífice atravessou a Sala passando pela plateia e parando para cumprimentar os funcionários e seus parentes, abraçando e acariciando especialmente as crianças.

“Hoje queremos agradecer a Deus, antes de tudo, pelo dom do trabalho. O trabalho é importantíssimo seja para a própria pessoa que trabalha, como para sua família. E enquanto agradecemos, rezamos também pelas pessoas e famílias, na Itália e no mundo, que não têm trabalho, ou que, muitas vezes, fazem trabalhos indignos, mal pagos, prejudiciais para a saúde. Devemos sempre agradecer a Deus pelo trabalho”, observou Francisco.

O Pontífice convida ao compromisso, “cada um com a sua responsabilidade, para que o trabalho seja digno, respeitoso pela pessoa e a família; que seja justo. E aqui no Vaticano temos um motivo a mais para fazê-lo: temos o Evangelho e devemos atender as normativas da Doutrina Social da Igreja”.

Aqui no Vaticano, não quero empregos que não sigam esta linha – acrescentou, improvisando – nada de trabalho informal, nada de subterfúgios”. 

(cm)

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Francisco envia seu afeto aos mexicanos atingidos por explosão

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Cidade do México (RV) – O Papa Francisco expressou sua proximidade aos mexicanos após a explosão em um mercado especializado em fogos de artifício que matou 31 pessoas, deixou 72 feridas e 32 desaparecidas na terça-feira (20/12) em Tultepec, periferia da capital.  As autoridades pretendem fazer exames em parentes para determinar se estas pessoas estão entre os falecidos. 

“Ao saber da dolorosa notícia da grave explosão ocorrida no mercado de San Pablito em Tultepec, o Pontífice enviou um telegrama a Guillermo Ortiz Mondragón, bispo de Cuautitlán, diocese a que pertence este município do centro do país. A mensagem foi difundida pela Conferência do Episcopado Mexicano (CEM). "O Papa deseja enviar ao bispo e a todos os filhos deste amado povo, sua proximidade e afeto nestes momentos difíceis”, diz a mensagem de pesar assinada pelo Secretário de Estado do Vaticano, Cardeal Pietro Parolin, em nome do Papa.

Francisco manifestou suas orações “pelo eterno descanso de todas as vítimas, assim como aos feridos e a suas famílias”.

A explosão ocorreu às 14h50 local (18h50 em Brasília) no mercado de fogos conhecido como San Pablito, repleto de pessoas devido às festas de final de ano.  No passado, o mercado sofreu dois incidentes semelhantes, ambos pelo mau manejo da pólvora. O mercado funcionava com o aval das autoridades. Em 15 de setembro de 2005, um incêndio e explosões destruíram o San Pablito. No ano seguinte, outro acidente destruiu mais de 200 barracas.

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Papa Francisco telefona a programa televisivo italiano

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco fez na manhã de quinta-feira, mais uma de suas surpresas: telefonou para um programa televiso italiano.

O Santo Padre telefonou ao Programa televisivo da RAI 1, Rádio e Televisão Italiana, “Unomattina”, que vai ao ar de manhã cedo, aprofunda vários temas de atualidade e é seguido por um amplo público. 

Bom-dia, iniciou o Papa. Disseram-me que hoje para vocês de “Unomattina” é uma data importante: vocês comemoram 30 anos de transmissões!

Queria me cumprimentar com todos vocês: com os autores do programa, com os apresentadores, os jornalistas, os diretores, os técnicos, os funcionários, enfim, com todos aqueles que cooperam para a realização desta transmissão tão popular.

O seu programa é transmitido no início da manhã, por isso vocês tem uma grande responsabilidade: dar aos telespectadores que os seguem a "tom" ao dia que começa. E então eu penso na sua redação, que em meio a tantas más notícias, às vezes dolorosas que vocês devem transmitir, procura sempre uma realidade positiva - porque existem, e muitas! -; e assim levar um raio de luz, um sorriso a ser partilhado, junto com as lágrimas, que também é correto compartilhar. É a vida que Deus nos chama a viver cada dia com Ele, que é o nosso Pai, e junto com os irmãos.

Quero agradecer-lhes por isso, - disse ainda Francisco - porque eu sei o quanto vocês são importantes para as pessoas. Coragem! Continuem assim!

Renovo os meus parabéns e aproveito esta oportunidade para desejar um Feliz Natal a todos vocês que estão no estúdio e a todos que os seguem; penso especialmente nos doentes e nas pessoas que estão passando por um momento difícil; mas penso também nas muitas famílias, crianças e idosos. Feliz Natal e Feliz Ano Novo! Por favor, rezem por mim. Felicitações!, concluiu Papa Francisco. (SP) 

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Papa: não desisto de invocar a graça de uma Igreja pobre e para os pobres

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Cidade do Vaticano (RV) - “Num mundo dilacerado pela lógica do lucro que produz novas pobrezas e gera a cultura do descarte, não desisto de invocar a graça de uma Igreja pobre e para os pobres”: é o que afirma o Papa Francisco numa Carta ao presidente de “Comunhão e Libertação”, Pe. Julián Carrón, na qual agradece à Fraternidade pela oferta, coletada durante as peregrinações, enviada ao Pontífice para as Obras de Caridade. 

O Santo Padre diz fazer bem a seu coração e sentir-se consolado por saber que a partir de mais de duzentos Santuários marianos na Itália e no mundo muitas pessoas assumiram o caminho da misericórdia no espírito da partilha com os necessitados.

Os pobres nos recordam o essencial da vida cristã

“Efetivamente, os pobres nos recordam o essencial da vida cristã”, frisa Francisco, que cita um ensinamento de Santo Agostinho: “Existem alguns para os quais é mais fácil distribuir todos seus bens com os pobres do que eles mesmos tornarem-se pobres em Deus”.

“Esta pobreza é necessária porque descreve aquilo que verdadeiramente temos no coração: a necessidade d’Ele. Por isso, vamos ao encontro dos pobres, não porque já sabemos que o pobre é Jesus, mas para descobrir novamente que aquele pobre é Jesus.

A pobreza é mãe e muro

Dito isso, o Papa cita Santo Inácio de Loyola, que acrescenta: “a pobreza é mãe e muro. A pobreza gera, é mãe, gera vida espiritual, vida de santidade, vida apostólica. E é muro, defende. Quantos desastres eclesiais tiveram início por falta de pobreza”.

Ao manifestar seu desejo de uma Igreja pobre e para os pobres – reiteradamente expresso em outras ocasiões –, Francisco afirma que não se trata de um programa liberal, mas um programa radical porque significa um retorno às raízes.

“Retornar às origens não é um dobrar-se ao passado, mas é força para um início corajoso voltado para o amanhã. É a revolução da ternura e do amor. Por isso, peço também a vocês que unam os intentos a esse objetivo”, exorta o Papa Francisco, desejando à “Fraternidade de Comunhão e Libertação” que trabalhe com serenidade e frutuosamente, e que testemunhe com coragem a autenticidade da vida cristã. (RL)

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Mártires da Guerra Civil espanhola entre os novos Beatos

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu em audiência no Vaticano, em 21 de dezembro, o Prefeito da Congregação da Causa dos Santos, Cardeal Angelo Amato, S.D.B.. Durante o encontro o Santo Padre autorizou a Congregação a promulgar os seguintes decretos, relativos à:

- o milagre, atribuído à intercessão do Beato Faustino Miguez, Sacerdote professo da Ordem dos Clérigos Pobres Regulares da Mãe de Deus das Pias Escolas (Escolápios), fundador da Congregação das Irmãs Calasanzianas Filhas de Divina Pastora; nascido em 24 de março de 1831 e falecido em 8 de março de 1925;

- o milagre, atribuído à intercessão da Venerável Serva de Deus Leopoldina Naudet, Fundadora da Congregação das Irmãs da Sagrada Família; nascida em 31 de maio de 1773 e falecida em 17 de agosto de 1834;

- o martírio dos Servos de Deus Matteo Casals, Sacerdote professo, Teofilo Casajús, Escolástico professo, Ferdinando Saperas, Irmão professo, e 106 companheiros, da Congregação dos Missionários Filhos do Imaculado Coração da Beata Virgem Maria; assassinados in odio fidei durante a Guerra Civil espanhola entre 1936 e 1937;

- as virtudes heroicas do Servo de Deus Giovanni Battista Fouquet, Sacerdote diocesano; nascido em 12 de setembro de 1851 e falecido em 5 de dezembro de 1926;

- as virtudes heroicas do Servo de Deus Lorenzo do Espírito Santo (no século: Egidio Marcelli), religioso professo da Congregação da Paixão de Jesus Cristo; nascido em 30 de agosto de 1874 e falecido em 14 de outubro de 1953;

- as virtudes heroicas da Serva de Deus Maria Raffaella do Sagrado Coração de Jesus (no século: Sebastiana Lladó Y Sala), fundadora da Congregação das Missionárias dos Sagrados Coração de Jesus e Maria; nascida em 2 de janeiro de 1814 e falecida em 8 de março de 1899;

- as virtudes heroicas da Serva de Deus Clelia Merloni, fundadora do Instituto das Apóstolas do Sagrado Coração de Jesus; nascida em 10 de março de 1861 e falecida em 21 de novembro de 1930;

- as virtudes heroicas do Servo de Deus Isidoro Zorzano Ledesma, leigo, da Prelazia Pessoal da Santa Cruz e da Opus Dei; nascido em 13 de setembro de 1902 e falecido em 15 de julho de 1943.

(je)

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Papa cria grupo para investigar ex-Grão Chanceler da Ordem de Malta

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Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre Francisco, na sua solicitude pela Soberana Ordem Militar de Malta – “Ordem religiosa laical” (cfr. Carta Constituiconal art. 1 § 1) que tem, entre os seus objetivos, o “serviço à Fé e ao Santo Padre” (ib. art. 2 § 1) – dispôs a constituição de um grupo de cinco membros com o encargo de investigar e informar plenamente e em breve tempo a Santa Sé em mérito aos acontecimentos que recentemente envolveram o Grão Chanceler da Ordem, Sr. Albrecht Freiherr von Boeselager.

O grupo é formado por S.E. Dom Silvano M. Tomasi, CS; Rev.do Pe. Gianfranco Ghirlanda, SJ; Avv. Jacques de Liedekerke; Sr. Marc Odendall; Sr. Marwan Sehnaoui.

A Ordem de Malta, cuja origem remonta ao ano de 1048 durante a época das Cruzadas e formada por leigos de famílias nobres que atualmente se dedicam a trabalhos humanitários, havia comunicado há alguns dias “a situação extremamente grave e insustentável em relação ao papel desempenhado por Albrech von Boeselager como Grão Chanceler da Ordem de malta”.

Segundo o comunicado da Ordem, em 6 de dezembro passado o Grão Mestre convocou von Boeselager para uma reunião na presença do Grão Comendador, Frey Ludwig Hoffmann von Rumerstein e o Cardeal Raymond Leo Burke, como representante do Santo Padre na Ordem de Malta,  obrigando-o a renunciar.

Diante da negativa de Boeselager, foi aberto um expediente disciplinar que acarretou em sua destituição como Grão Chanceler em 16 do corrente.

A Ordem cita “os graves problemas ocorridos durante o mandato de Boeselager como Grão Hospitalario da Ordem de Malta e a omissão de tais problemas por sua parte diante do Grão Magistério, como provou um informe pedido pelo Grão Mestre no ano passado”.

O Diretor da Sala de Imprensa da santa Sé, Greg Burke, explicou que a nomeação deste grupo é explicada com “a vontade de resolver o assunto de maneira pacífica”. (JE)

 

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Igreja no Mundo



Novo Prelado do Opus Dei será escolhido em janeiro

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Roma (RV) - O Vigário Auxiliar da Prelazia do Opus Dei, Dom Fernando Ocáriz, convocou o Congresso eletivo que a partir de 23 de janeiro de 2017 escolherá o novo Prelado, em substituição a Dom Javier Echevarría, falecido em 12 de dezembro passado no Hospital “Campus Bio-medico”, de Roma, devido à um insuficiência respiratória.

No processo eletivo se pronunciam tanto as mulheres quanto os homens e culmina com a confirmação da eleição por parte do Papa.

O site do Opus Dei oferecerá informações atualizadas sobre as diversas fases do Congresso.

A eleição do Prelado deve recair necessariamente sobre um sacerdote, com quarenta anos completos, que seja membro do Congresso de eleitores e que tenha ao menos dez anos de pertença à Prelazia e cinco de sacerdócio.

Perfil 

Os Estatutos da Prelazia descrevem as diversas condições humanas, espirituais e jurídicas que deve reunir o prelado, para garantir o reto desempenho do cargo. Em síntese, deve destacar-se na virtude da caridade, da prudência, da vida de piedade, amor à Igreja e a seu Magistério e a fidelidade ao Opus Dei; possuir uma profunda cultura, tanto nas ciências eclesiásticas como civis, e ter adequados dotes de governo pastoral. São requisitos similares aos exigidos pelo Direito Canônico para os candidatos ao episcopado.

O processo

Os fieis do Opus Dei que intervém no Congresso eletivo – atualmente ao redor de 150 – são sacerdotes e leigos de ao menos 32 anos de idade e que estejam incorporados à Prelazia por um mínimo de nove anos. Foram nomeados entre os fieis das diversas nações onde o Opus Dei desenvolve seu trabalho pastoral.

O Congresso eletivo tem início com uma reunião prévia do Pleno do Conselho para as mulheres da Prelazia, chamado Assessoria Central. Atualmente compõe este Conselho mulheres de 20 nacionalidades diferentes. Cada uma formula livremente uma proposta com o nome ou nomes daqueles sacerdote que considera como mais adequados para o cargo de Prelado.

Os membros do Congresso, levando em consideração estas propostas, procedem logo a votação. Uma vez realizada a eleição e aceita pelo eleito, este – por si mesmo ou por meio de outrem – deve solicitar a confirmação do Santo Padre, que é quem nomeia o Prelado.

(JE)

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Cristãos de Orissa pedem proteção policial para celebrar o Natal

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Bhubaneswar (RV) – A poucos dias do Natal, os cristãos do Distrito de Kandhamal, no Estado indiano de Orissa – epicentro dos massacres anticristãos de 2008 – almejam um Natal marcado pela paz e privado de qualquer tipo de violência.

“Queremos celebrar e festejar o Natal em paz e serenidade”, declarou à Agência Fides o Padre Pradosh Chandra Nayak, Pároco da Igreja de Nossa Senhora da Caridade, em Raikia, no Distrito de Kandhamal.

Proteção policial

Para isto o sacerdote apresentou um pedido por escrito à estação de Polícia local em Raikia, para que seja assegurada proteção às Igrejas e povoados cristãos durante as celebrações natalinas.

“A cada ano, durante as Festas de Natal - dado que no Distrito ainda se recorda dos momentos de violência e sofrimento – como medida de precaução pedimos à polícia proteção, para garantir o bem e a paz da comunidade cristã, que poderiam mais uma vez ser alvo de grupos fanáticos hinduístas”, explica o sacerdote.

“Esperamos que não aconteça nada de desagradável e que os cristãos possam festejar o Natal em paz. Rezemos pela vinda de Cristo que é Príncipe da Paz”, conclui.

Festa cristã virou sinônimo de medo

Em agosto de 2008, no Distrito de Kandhamal, registrou-se um violento movimento anticristão e, desde então, as ocasiões de festa como o Natal, tornam-se momentos em que os fieis temem ulteriores violências por parte de fanáticos hinduístas.

Encorajamento

Ao mesmo tempo, o Arcebispo John Barwa, à frente da Arquidiocese de Cuttack-Bhubaneswar, enviou uma mensagem aos sacerdotes, religiosas e fieis, convidando-os “a celebrar o Natal com alegria e sem temor”.

São 24 as paróquias católicas existentes no Distrito de Kandhamal, em 36 da Arquidiocese de Cuttack-Bhubaneswar.

Kandhamal é a parte central da Arquidiocese – que conta com 70 mil fieis -  e o corpo principal da população católica ali reside.

(je/fides)


 

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Natal na Finlândia: Ecumenismo que encoraja

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Helsinque (RV) – “Não temam!”. Estas breves palavras bíblicas guiaram a oração ecumênica em preparação ao Natal, realizada nos dias passados na Catedral de Turku, na Finlândia, sendo presidida pelo Bispo de Helsinki, Dom Teemu Sippo, pelo Bispo luterano Kari Mäkinen, pelo Arcebispo Leo da Igreja Ortodoxa da Finlândia e pelo Pastor Kalevo Aromäki, Presidente da Igreja Adventista finlandesa.

Este momento de oração ecumênica foi pensado para dar um testemunho público e compartilhado em como os cristãos na Finlândia desejam viver juntos o Natal como um tempo privilegiado para reafirmar o empenho cotidiano na condenação da violência e na construção da paz.

Renovou-se assim uma antiga tradição ecumênica nascida em 1994, nas raízes da tradição muito mais antiga da leitura de uma mensagem que convidava os cristãos finlandeses a viver o Natal em harmonia.

A tradição enriqueceu-se em 1998 com a leitura de uma mensagem com a qual, em nome dos valores humanos sem nenhuma conotação religiosa, se quer apoiar a importância da paz na sociedade, criando assim um aprofunda sintonia entre a cultura laica e o movimento ecumênico.

As palavras dos anjos dirigidas aos pastores – disse o Bispo luterano Mäkinen - são um convite a vencer o medo, abandonando-se na alegria do nascimento de Cristo; diante das notícias das atrocidades em tantos lugares do mundo, da Síria, do Sudão do Sul, do Iêmen, os cristãos devem organizar-se para aliviar o sofrimento daqueles que são vítimas da guerra, solicitando uma ação sempre mais decidida por parte das organizações internacionais para colocar fim à guerra.

O Bispo Märkinen falou ainda deste sentimento de insegurança que permeia a sociedade contemporânea; diante desta situação os cristãos devem redescobrir a alegria da acolhida do outro, assim como ocorreu com o nascimento de Cristo, segundo a narrativa evangélica, que ensina que não se pode deixar os estrangeiros fora da própria casa, como aconteceu com José e Maria.

Precisamente da partilha ecumênica do patrimônio bíblico deve partir o empenho dos cristãos de colocar-se a serviço dos últimos de forma a não deixar nenhum sozinho diante das violências do mundo.

A oração ecumênica de Turku pela paz enriquece um quadro de encontros, projetos e mensagens, entre os quais assumem um significado particularmente relevante – pelo conteúdo e pela perspectiva de uma ação ecumênica pela paz – os textos de Olav Fykse Tveit, Secretário Geral do Conselho Mundial de Igrejas, e de P.C. Singh, Presidente do Conselho das Igrejas Cristãs na Índia.

Esta iniciativa e estas palavras  testemunham em tantos lugares do mundo o quanto o caminho ecumênico pode ajudar a viver o Natal de modo a afirmar como a construção da paz seja parte essencial da missão da Igreja no século XXI.

(JE/Osservatore Romano)

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Mensagem de Natal do Patriarca de Babilônia dos Caldeu, Dom Sako

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Bagdá (RV) - Em meio aos temores gerados pelas guerras na Síria e Iraque e, mais em geral, em todos os conflitos do Oriente Médio que acabam atingindo também os civis e crianças, o Natal “recorda a importância da paz e sua estrema necessidade”.

É o que ressalta o Patriarca de Babilônia dos Caldeus, no Iraque, Dom Louis Raphaël I Sako, em sua mensagem de Natal aos fiéis – reportada pela agência missionária AsiaNews. Quando o espírito de vingança e de ira “desaparece de nossos corações”, sentimos realmente “o espírito natalino, que significa viver no signo da caridade e da alegria”, acrescenta o prelado.

A festa é uma ocasião “para oferecer uma vida nova e um futuro melhor”

A história de Jesus Cristo “é a história do Deus encarnado em nosso favor, para ser como nós, de modo que possamos ser felizes”, frisa Dom Sako. A festa é uma ocasião “para oferecer uma vida nova e um futuro melhor”, como recorda também o próprio Papa Francisco que exorta os cristãos a ser agentes de paz e a acabar com todos os conflitos.

O drama dos refugiados de Mosul e da planície de Nínive

O país e toda a região médio-oriental são presas de guerras, atentados, divisões que correm o risco de desencadear um clima de conflito permanente. Há, ainda, o drama dos refugiados de Mosul e da planície de Nínive, que há dois anos e meio esperam voltar para suas casas e suas terras, depredadas pelos jihadistas do autodenominado Estado Islâmico.

Líderes políticos, instituições e religiosos chamados a construir um Estado civil forte

É preciso trabalhar pela criação de um “autêntico e harmonioso acordo” em prol da reconciliação nacional do país, tanto a nível de “governo central quanto das autoridades regionais do Curdistão”.

Por conseguinte, os líderes políticos, instituições e religiosos são chamados a “construir um Estado civil forte”, que saiba revolucionar o sistema educacional que, em muitos casos, é ele mesmo gerador de uma ideologia fundamentalista.

Junta-se a isso o combate à “mentalidade tribal”, que prevê a “vingança” para sanar os desacordos, substituindo-a com uma “cultura aberta”, baseada nos valores humanos e morais autênticos e integrados à sociedade sobre a qual é fundada.

Para o Natal e passagem de ano “convido-vos a intensificar vossas orações” pelo fim das violências e dos sofrimentos, prossegue o primaz caldeu.

Agradecimento do Patriarca àqueles que ajudaram o Iraque

“Nesta ocasião – afirma o prelado –, gostaria  de expressar minha gratidão a todos aqueles que abriram os braços para ajudar os deslocados e aliviar seus sofrimentos, em particular, ao governo regional curdo, às organizações caritativas ligadas à Igreja e à sociedade civil. Ademais, quero agradecer ao Exército iraquiano e aos Peshmergas e a todos os componentes do país que trabalharam pela desocupação das terras ocupadas pelo Estado islâmico”.

Encorajamento a engajar-se nas atividades humanitárias, educacionais, sociais, de saúde e políticas

Por fim, o Patriarca caldeu encoraja os fiéis a engajar-se nas atividades “humanitárias, educacionais, sociais, de saúde e políticas”, a fim de contribuir para a “difusão da tolerância, da colaboração, do respeito recíproco, num contexto de unidade e pluralismo”.

O Patriarca de Babilônia dos Caldeus conclui sua mensagem de Natal assegurando a todos “que a nossa Igreja não poupará nenhum esforço para colaborar com as autoridades religiosas muçulmanas, a sociedade civil, as organizações e todas as pessoas de boa vontade para defender esse projeto promissor”. (RL)

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Formação



Concílio foi grande escola de participação eclesial das Igrejas locais

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Cidade do Vaticano (RV) - Amigo ouvinte, o quadro “Nova Evangelização e Concílio Vaticano II” continua com a participação do bispo da Diocese de Garanhuns, Dom Paulo Jackson Nóbrega de Souza. Na edição de hoje o bispo desta Igreja particular do agreste meridional de Pernambuco atém-se a algumas das intuições e desafios pastorais propostos pelo Concílio. 

Destaca, em primeiro lugar, a compreensão do ministério dos bispos. “O Concílio Vaticano II foi uma grande escola de participação eclesial dos bispos, das Igrejas locais”, afirma Dom Paulo, observando que “a redescoberta do magistério dos bispos, a presença das Igrejas locais, isso ainda não está suficientemente tranquilo e bem realizado” – enfatiza.

“Uma segunda coisa é exatamente o ecumenismo e o diálogo inter-religioso”, pondera o bispo de Garanhuns, indicando nas intuições do cardeal jesuíta Carlo Maria Martini (falecido em agosto de 2012) tratar-se de algo inacabado e que a Igreja precisa mais e mais sanar as chagas históricas das incompreensões e até das condenações recíprocas.

“Redescobrir a força do outro e buscarmos conjuntamente a unidade é outra coisa fundamental que precisa estar no coração da Igreja”, frisa Dom Paulo. Vamos ouvir (ouça clicando acima).

(RL)

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Atualidades



Celebrando o Natal nas Arábias

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Dubai (RV*) - A festa cristã do Natal, de uma forma ou de outra, influenciou todos os recantos do planeta. Nos países de lastro cristão, celebra-se o nascimento de Cristo mesmo sendo descaracterizado pelo consumismo. Existem também países nos quais o Natal é apenas sinônimo de tempos bons para negócios, sem que sejam vistos símbolos natalinos propriamente ditos nas decorações. Nos Emirados Árabes Unidos, luzes em profusão com animação podem ser vistas em lojas, hotéis e logradouros públicos sem fazer alusão ao nascimento de Cristo. 

Certamente, as celebrações natalinas num país islâmico despertam a curiosidade em muita gente. De fato, devido à violência praticada por grupos radicais, principalmente, contra os cristãos, a tendência é presumir que todos os islâmicos são radicais e intolerantes. Contudo, essa concepção não condiz com os Emirados Árabes Unidos. Aqui, todas as religiões têm seus lugares de culto, em áreas cedidas pelas famílias reinantes, onde é permitido realizar atividades relacionadas com a religião.

Considerando que, neste país, todos são expatriados, sem direito à residência definitiva e à possibilidade de conquistar a cidadania local, as denominações cristãs e religiões servem seus fiéis visando a manutenção da espiritualidade e dos ritos como são no país de origem, facilitando sua reintegração quando retornarem às suas comunidades.  Portanto, não existe a preocupação de incentivar nos expatriados a inserção na sociedade local. Dessa forma, as funções religiosas são conduzidas de acordo com os ritos e as cores culturais de cada país ou região.

Na Igreja de Santa Maria de Dubai, a maior paróquia com expatriados do mundo, e nas outras sete espalhadas pelo país, os grupos nacionais, além de vivenciarem suas devoções características e liturgias, organizam eventos sociais e culturais típicos. Evidentemente, comidas com a imensa variedade de sabores também estão disponíveis para satisfazer os paladares.

Nos tempos litúrgicos de Quaresma e Advento, além dos sacerdotes servindo aos grupos linguísticos, outros chegam da África e países asiáticos; são bem-vindos para apoiar seus fiéis longe de casa, pregando retiros e celebrando a eucaristia na língua dos países ou regiões de origem.  Línguas asiáticas, latinas, saxônicas, eslavas, africanas e o árabe compõem uma sinfonia global. A internacionalidade a plurirreligiosidade podem ser respiradas em todas as dependências do complexo da igreja.  À frente do pórtico da igreja, às noites de sexta-feira e domingo, os grupos de cada país são previamente escalados para oferecer um concerto natalino com as canções típicas de seu país ou grupo étnico.

A preparação para o Natal é muito rica e frequentada. Além da novena conduzida em inglês para todos, cada nacionalidade faz sua preparação de acordo com as características de suas comunidades, mas nem todas seguem novenários, concentrando a atenção em Cristo no dia de Natal.

Dentre todas as nacionalidades representadas no país, o grupo que causa mais impacto é o filipino. Reúnem-se de 25 a 30 mil pessoas em cada missa dos nove dias que antecedem a Festa de Natal, trazendo para as celebrações sua religiosidade simples, dramatizada e embalada por hinos natalinos em homenagem a Jesus Menino e a “Mama Mary.”.

Merecem destaque, igualmente, os ritos litúrgicos. Além do mais popular rito latino, a Igreja de Santa Maria é o espaço para a celebração da Eucaristia, usando os ritos de tradição bizantina, Siro-Malabar e Siro-Malancar. Logicamente, os cristãos de ritos orientais, prolongam as festividades para nós, pois eles celebram o nascimento de Cristo no dia 7 de janeiro.

 Línguas, ritos, cores, música e vestuário dão a ideia de um novo Pentecostes nas Arábias com a participação de mais de 40 nacionalidades e muitos grupos étnicos. Sem dúvida, a Igreja de Santa Maria em Dubai pode ser considerada como uma das vitrines da Igreja Católica para o mundo.

*Missionário Pe. Olmes Milani CS

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