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Sumario del 07/02/2017

Papa e Santa Sé

Entrevistas

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: identidade, trabalho e amor são os dons de Deus ao homem

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Cidade do Vaticano (RV) – O homem feito à imagem de Deus, senhor da terra, tendo ao lado uma mulher para amar: a homilia do Papa na missa celebrada esta manhã na Casa Santa Marta (07/02) foi dedicada aos três grandes dons de Deus ao homem no ato da Criação. 

“Senhor, que é o homem, para dele assim vos lembrardes”. “Pouco abaixo de Deus o fizestes, coroando-o de glória e esplendor”. A reflexão do Papa foi inspirada no Salmo 8 e pela narração do Gênesis, para exaltar a admiração pela ”ternura” e pelo ”amor” de Deus que, na Criação, “deu tudo ao homem”.

O Papa destaca três grandes dons, começando pela identidade:

“Antes de tudo, nos deu o DNA, isto é, nos fez filhos, nos criou à Sua imagem, à Sua imagem e semelhança, como Ele. E quando alguém faz um filho, não pode dar para trás: o filho está feito, está ali. E que o assemelhe muito ou pouco, è seu filho; recebeu a identidade. E se o filho se torna bom, o pai fica orgulhoso, não?, “mas olhe, que bom filho!”. E se é um pouquinho feio, o pai diz: É bonito!”, porque é assim. Sempre. E se é mau, o pai o justifica, o aguarda.. Jesus nos ensinou como um pai sabe esperar os filhos. Ele nos deu esta identidade de filho: homem e mulher; devemos acrescentar: filhos. Somos como deuses, porque somos filhos de Deus”.

O Segundo dom de Deus na Criação é, para Francisco, uma “tarefa”: “nos deu toda a terra”, para dominar e subjugar, como diz o Gênesis. É uma “realeza”, acrescentou o Papa, porque Deus não quer o homem “escravo”, mas “senhor”, mas com uma tarefa:

“Assim como Ele trabalhou na Criação, deu a nós o trabalho, deu o trabalho de levar adiante a Criação. Não de destruí-la; mas fazê-la crescer, cuidar, proteger e fazê-la produzir fruto. Deu tudo. É curioso, penso eu: mas não nos deu dinheiro. Temos tudo. Quem deu o dinheiro? Eu não sei. Dizem as avós, que o diabo entra pelo bolso: pode ser … podemos pensar em quem deu dinheiro … Deu toda a Criação para preservá-la e levá-la adiante: este é o dom”.

Por fim, o Papa exaltou o terceiro e último dom contido no Gênesis: o amor.

“Homem e mulher Ele os criou. Não é bom que o homem viva sozinho. E fez a companheira”: um “diálogo de amor”, disse Francisco. Portanto “preservar a Criação e não destruí-la, levá-la adiante com o trabalho cuja ausência priva o homem de dignidade e, por fim, faz crescer o amor que tem início entre homem e mulher: esta é a imagem da Criação para o Papa, que fez sua exortação final:

“Agradeçamos ao Senhor por esses três presentes que nos deu: a identidade, o dom-tarefa e o amor. E peçamos a graça de proteger esta identidade de filhos, de trabalhar o dom que nos deu e levar avante com o nosso trabalho este dom, e a graça de aprender todos os dias a amar mais”.

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Papa: abrir a porta ao necessitado e reconhecer nele o rosto de Cristo

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Cidade do Vaticano (RV) - “Cada vida que se cruza conosco é um dom e merece aceitação, respeito, amor”: é o que afirma o Papa Francisco na Mensagem para a Quaresma deste ano, publicada esta terça-feira (07/02), cujo tema é “A Palavra é um dom. O outro é um dom”. 

Nela, o Santo Padre lembra que a Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo. Francisco recorda-nos que este tempo litúrgico “não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão”, convite este que caracteriza o tempo quaresmal:

“O cristão é chamado a voltar para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor.”

Já no início da mensagem, o Pontífice ressalta os meios santos que a Igreja habitualmente no propõe neste período da Quaresma qual momento favorável para intensificarmos a vida espiritual: o jejum, a oração e a esmola. O Papa observa que na base de tudo isso, porém, está Palavra de Deus.

A esse propósito, o Santo Padre atém-se, em particular, à conhecida parábola do homem rico e do pobre Lázaro. E exorta-nos a nos inspirar por esta página tão significativa, que “nos dá a chave para compreender como temos de agir para alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida eterna, incitando-nos a uma sincera conversão”.

O outro é um dom

O primeiro convite que nos faz esta parábola é o de abrir a porta do nosso coração ao outro, porque “cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho ou o pobre desconhecido”, lê-se na mensagem.

“Lázaro ensina-nos que o outro é um dom. A justa relação com as pessoas consiste em reconhecer, com gratidão, o seu valor. O próprio pobre à porta do rico não é um empecilho fastidioso, mas um apelo a converter-se e mudar de vida”, afirma Francisco, acrescentando que “a Palavra de Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a vida e amá-la, sobretudo quando é frágil”.

O pecado cega-nos

A parábola põe em evidência, sem piedade, as contradições em que vive o rico. Ao contrário de Lázaro – observa o Pontífice –, este personagem “não tem um nome, é qualificado apenas como rico”.

Assim, “a riqueza deste homem é excessiva, inclusive porque exibida habitualmente: «Fazia todos os dias esplêndidos banquetes». Entrevê-se nele, dramaticamente, a corrupção do pecado, que se realiza em três momentos sucessivos: o amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba”, descreve o Pontífice.

Francisco chama a atenção para este perigo evocando o que diz o Apóstolo Paulo a esse propósito: “a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro” (1 Tm 6,10). “Em vez de instrumento ao nosso dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade com os outros, o dinheiro pode-nos subjugar, a nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que não deixa espaço ao amor e dificulta a paz”, acrescenta.

A esse ponto de sua mensagem, Francisco afirma: “a parábola mostra-nos que a ganância do rico o faz vaidoso. A sua personalidade vive de aparências, fazendo ver aos outros aquilo que se pode permitir. Mas a aparência serve de máscara para o seu vazio interior. A sua vida está prisioneira da exterioridade, da dimensão mais superficial e efêmera da existência.

“O degrau mais baixo desta deterioração moral é a soberba. O homem veste-se como se fosse um rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se que é um simples mortal. Para o homem corrompido pelo amor das riquezas, nada mais existe além do próprio eu e, por isso, as pessoas que o rodeiam não caiem sob a alçada do seu olhar”, pondera o Papa.

A Palavra é um dom

O Evangelho do homem rico e do pobre Lázaro ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que se aproxima, evidencia Francisco, lembrando o gesto penitencial com o qual tem início o tempo quaresmal:

“Quando impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote repete estas palavras: «Lembra-te, homem, que és pó da terra e pó voltarás a ser». De fato, tanto o rico como o pobre morrem, e a parte principal da parábola desenrola-se no Além. Dum momento para o outro, os dois personagens descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele» (1 Tm 6,7).”

Só no meio dos tormentos do além é que o rico reconhece Lázaro e queria que o pobre aliviasse os seus sofrimentos com um pouco de água. No Além, restabelece-se uma certa equidade, e os males da vida são contrabalançados pelo bem, acrescenta o Papa, que aponta o verdadeiro problema do rico:

Servir Cristo nos irmãos necessitados

“A raiz dos seus males é não dar ouvidos à Palavra de Deus; isto levou-o a deixar de amar a Deus e, consequentemente, a desprezar o próximo. A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão.”

“Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados”, conclui Francisco. (RL)

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Quaresma: "A Palavra é um dom. O outro é um dom"

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Cidade do Vaticano (RV) - "A Palavra é um dom. O outro é um dom." Este é o título da mensagem do Papa Francisco para a Quaresma de 2017. Leia a seguir o texto na íntegra.

Amados irmãos e irmãs!

            A Quaresma é um novo começo, uma estrada que leva a um destino seguro: a Páscoa de Ressurreição, a vitória de Cristo sobre a morte. E este tempo não cessa de nos dirigir um forte convite à conversão: o cristão é chamado a voltar para Deus «de todo o coração» (Jl 2, 12), não se contentando com uma vida medíocre, mas crescendo na amizade do Senhor. Jesus é o amigo fiel que nunca nos abandona, pois, mesmo quando pecamos, espera pacientemente pelo nosso regresso a Ele e, com esta espera, manifesta a sua vontade de perdão (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

            A Quaresma é o momento favorável para intensificarmos a vida espiritual através dos meios santos que a Igreja nos propõe: o jejum, a oração e a esmola. Na base de tudo isto, porém, está a Palavra de Deus, que somos convidados a ouvir e meditar com maior assiduidade neste tempo. Aqui queria deter-me, em particular, na parábola do homem rico e do pobre Lázaro (cf. Lc 16, 19-31). Deixemo-nos inspirar por esta página tão significativa, que nos dá a chave para compreender como temos de agir para alcançarmos a verdadeira felicidade e a vida eterna, incitando-nos a uma sincera conversão.

1.         O outro é um dom

            A parábola inicia com a apresentação dos dois personagens principais, mas quem aparece descrito de forma mais detalhada é o pobre: encontra-se numa condição desesperada e sem forças para se solevar, jaz à porta do rico na esperança de comer as migalhas que caem da mesa dele, tem o corpo coberto de chagas, que os cães vêm lamber (cf. vv. 20-21). Enfim, o quadro é sombrio, com o homem degradado e humilhado.

            A cena revela-se ainda mais dramática, quando se considera que o pobre se chama Lázaro, um nome muito promissor pois significa, literalmente, «Deus ajuda». Não se trata duma pessoa anónima; antes, tem traços muito concretos e aparece como um indivíduo a quem podemos atribuir uma história pessoal. Enquanto Lázaro é como que invisível para o rico, a nossos olhos aparece como um ser conhecido e quase de família, torna-se um rosto; e, como tal, é um dom, uma riqueza inestimável, um ser querido, amado, recordado por Deus, apesar da sua condição concreta ser a duma escória humana (cf. Homilia na Santa Missa, 8 de janeiro de 2016).

            Lázaro ensina-nos que o outro é um dom. A justa relação com as pessoas consiste em reconhecer, com gratidão, o seu valor. O próprio pobre à porta do rico não é um empecilho fastidioso, mas um apelo a converter-se e mudar de vida. O primeiro convite que nos faz esta parábola é o de abrir a porta do nosso coração ao outro, porque cada pessoa é um dom, seja ela o nosso vizinho ou o pobre desconhecido. A Quaresma é um tempo propício para abrir a porta a cada necessitado e nele reconhecer o rosto de Cristo. Cada um de nós encontra-o no próprio caminho. Cada vida que se cruza connosco é um dom e merece aceitação, respeito, amor. A Palavra de Deus ajuda-nos a abrir os olhos para acolher a vida e amá-la, sobretudo quando é frágil. Mas, para se poder fazer isto, é necessário tomar a sério também aquilo que o Evangelho nos revela a propósito do homem rico.

2.         O pecado cega-nos

            A parábola põe em evidência, sem piedade, as contradições em que vive o rico (cf. v. 19). Este personagem, ao contrário do pobre Lázaro, não tem um nome, é qualificado apenas como «rico». A sua opulência manifesta-se nas roupas, de um luxo exagerado, que usa. De facto, a púrpura era muito apreciada, mais do que a prata e o ouro, e por isso se reservava para os deuses (cf. Jr 10, 9) e os reis (cf. Jz 8, 26). O linho fino era um linho especial que ajudava a conferir à posição da pessoa um caráter quase sagrado. Assim, a riqueza deste homem é excessiva, inclusive porque exibida habitualmente: «Fazia todos os dias esplêndidos banquetes» (v. 19). Entrevê-se nele, dramaticamente, a corrupção do pecado, que se realiza em três momentos sucessivos: o amor ao dinheiro, a vaidade e a soberba (cf. Homilia na Santa Missa, 20 de setembro de 2013).

            O apóstolo Paulo diz que «a raiz de todos os males é a ganância do dinheiro» (1 Tm 6, 10). Esta é o motivo principal da corrupção e uma fonte de invejas, contendas e suspeitas. O dinheiro pode chegar a dominar-nos até ao ponto de se tornar um ídolo tirânico (cf. Exort. ap. Evangelii gaudium, 55). Em vez de instrumento ao nosso dispor para fazer o bem e exercer a solidariedade com os outros, o dinheiro pode-nos subjugar, a nós e ao mundo inteiro, numa lógica egoísta que não deixa espaço ao amor e dificulta a paz.

            Depois, a parábola mostra-nos que a ganância do rico fá-lo vaidoso. A sua personalidade vive de aparências, fazendo ver aos outros aquilo que se pode permitir. Mas a aparência serve de máscara para o seu vazio interior. A sua vida está prisioneira da exterioridade, da dimensão mais superficial e efémera da existência (cf. ibid., 62).

            O degrau mais baixo desta deterioração moral é a soberba. O homem veste-se como se fosse um rei, simula a posição dum deus, esquecendo-se que é um simples mortal. Para o homem corrompido pelo amor das riquezas, nada mais existe além do próprio eu e, por isso, as pessoas que o rodeiam não caiem sob a alçada do seu olhar. Assim o fruto do apego ao dinheiro é uma espécie de cegueira: o rico não vê o pobre esfomeado, chagado e prostrado na sua humilhação.

            Olhando para esta figura, compreende-se por que motivo o Evangelho é tão claro ao condenar o amor ao dinheiro: «Ninguém pode servir a dois senhores: ou não gostará de um deles e estimará o outro, ou se dedicará a um e desprezará o outro. Não podeis servir a Deus e ao dinheiro» (Mt 6, 24).

3.         A Palavra é um dom

            O Evangelho do homem rico e do pobre Lázaro ajuda a prepararmo-nos bem para a Páscoa que se aproxima. A liturgia de Quarta-Feira de Cinzas convida-nos a viver uma experiência semelhante à que faz de forma tão dramática o rico. Quando impõe as cinzas sobre a cabeça, o sacerdote repete estas palavras: «Lembra-te, homem, que és pó da terra e à terra hás de voltar». De facto, tanto o rico como o pobre morrem, e a parte principal da parábola desenrola-se no Além. Dum momento para o outro, os dois personagens descobrem que nós «nada trouxemos ao mundo e nada podemos levar dele» (1 Tm 6, 7).

            Também o nosso olhar se abre para o Além, onde o rico tece um longo diálogo com Abraão, a quem trata por «pai» (Lc 16, 24.27), dando mostras de fazer parte do povo de Deus. Este detalhe torna ainda mais contraditória a sua vida, porque até agora nada se disse da sua relação com Deus. Com efeito, na sua vida, não havia lugar para Deus, sendo ele mesmo o seu único deus.

            Só no meio dos tormentos do Além é que o rico reconhece Lázaro e queria que o pobre aliviasse os seus sofrimentos com um pouco de água. Os gestos solicitados a Lázaro são semelhantes aos que o rico poderia ter feito, mas nunca fez. Abraão, porém, explica-lhe: «Recebeste os teus bens na vida, enquanto Lázaro recebeu somente males. Agora, ele é consolado, enquanto tu és atormentado» (v. 25). No Além, restabelece-se uma certa equidade, e os males da vida são contrabalançados pelo bem.

            Mas a parábola continua, apresentando uma mensagem para todos os cristãos. De facto o rico, que ainda tem irmãos vivos, pede a Abraão que mande Lázaro avisá-los; mas Abraão respondeu: «Têm Moisés e os Profetas; que os oiçam» (v. 29). E, à sucessiva objeção do rico, acrescenta: «Se não dão ouvidos a Moisés e aos Profetas, tão-pouco se deixarão convencer, se alguém ressuscitar dentre os mortos» (v. 31).

            Deste modo se patenteia o verdadeiro problema do rico: a raiz dos seus males é não dar ouvidos à Palavra de Deus; isto levou-o a deixar de amar a Deus e, consequentemente, a desprezar o próximo. A Palavra de Deus é uma força viva, capaz de suscitar a conversão no coração dos homens e orientar de novo a pessoa para Deus. Fechar o coração ao dom de Deus que fala, tem como consequência fechar o coração ao dom do irmão.

            Amados irmãos e irmãs, a Quaresma é o tempo favorável para nos renovarmos, encontrando Cristo vivo na sua Palavra, nos Sacramentos e no próximo. O Senhor – que, nos quarenta dias passados no deserto, venceu as ciladas do Tentador – indica-nos o caminho a seguir. Que o Espírito Santo nos guie na realização dum verdadeiro caminho de conversão, para redescobrirmos o dom da Palavra de Deus, sermos purificados do pecado que nos cega e servirmos Cristo presente nos irmãos necessitados. Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive participando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na única família humana. Rezemos uns pelos outros para que, participando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.

            Vaticano, 18 de outubro de 2016.

            Festa do Evangelista São Lucas 

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Santa Sé na Onu: paz e combate à pobreza, grandes desafios mundiais

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Nova York (RV) - A pobreza não pode ser enfrentada exclusivamente com categorias econômicas, mas em todas as suas dimensões sociais para garantir a todo ser humano realizar-se dignamente e num ambiente salutar.

Foi o que disse o observador permanente da Santa Sé na Onu, Dom Bernardito Auza, na 55ª sessão da Comissão para o Desenvolvimento Social sobre o tema “Estratégias para erradicar a pobreza e alcançar um desenvolvimento sustentável para todos”.

“Assim como a paz, a eliminação da pobreza não pode ser considerada meta alcançada uma vez por todas, mas deve ser continuamente construída”, explicou o arcebispo filipino.

Trata-se do “maior desafio global”, evidenciou o prelado que, citando o Papa Francisco, indicou a união de esforços de cada indivíduo e da sociedade em seu conjunto como único caminho para alcançar “a virtude ativa da paz”. Efetivamente, o objetivo é alcançar, ao mesmo tempo, “progresso civil e desenvolvimento econômico”.

Infelizmente, permanecem no mundo desigualdades sociais. Dom Auza ressalta que para muitas pessoas a paz é dada por certo e considerada um direito adquirido, enquanto para outras, tantas outras, a paz permanece um sonho distante.

Recordam-se milhões de homens e mulheres que vivem diariamente conflitos, “alimentados pela violência insensata, ódio e medo”, mas também aqueles lugares que, antes considerados seguros, tornaram-se menos estáveis devido à falta de oportunidades e crescentes tensões sociais.

Para o representante vaticano, se se quiser erradicar a pobreza e conseguir uma paz duradoura, deve ser prioritária a vontade de acabar com os conflitos, principais causas das migrações forçadas e dos deslocamentos de massa das populações.

São necessárias políticas e investimentos concretos: Dom Auza pede, por exemplo, que sejam implementados os esforços para oferecer aos jovens instrução, emprego e oportunidades que lhes permitam dar uma contribuição significativa à sociedade, à construção da paz e para assim não tornar-se presas de ideologias extremistas.

O prelado exorta a que se dê atenção aos “marginalizados pela sociedade”, como os anciãos que “contribuíram para a riqueza econômica e continuam gerando riqueza social com sua experiência e conhecimento”.

Papel crucial da família: verdadeiro amortecedor social, ela deve ser ajudada com políticas fiscais afins, recomenda Dom Auza.

Por fim, o delegado da Santa Sé expressa a convicção de que “o desenvolvimento sustentável para todos deveria contemplar migrantes, deslocados e refugiados. Não somente devemos respeitar o direito de toda pessoa a migrar, mas também cooperar”. Por uma plena integração nos países de acolhimento. (PO / RL)

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Entrevistas



Cardeal Tempesta fala sobre educação católica e carnaval no Rio

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Cidade do Vaticano (RV) – Teve início nesta terça-feira (07/02), no Vaticano, a Plenária da Congregação para a Educação Católica.

Um dos membros desta Congregação é o Arcebispo do Rio de Janeiro, Cardeal Orani João Tempesta.

Dom Orani fez nesta segunda-feira uma visita à Rádio Vaticano e será o nosso convidado no Programa Em Romaria, na próxima quinta-feira.

Ele conversou conosco sobre a sua presença em Roma. (SP) 

 

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Formação



Tráfico: uma realidade a dois passos de Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) – Em vista do Dia de Oração contra o Tráfico de Seres Humanos, em 8 de fevereiro, o Programa Brasileiro preparou uma série de reportagens sobre este fenômeno, abordando de modo especial o tema proposto para este dia, que são as crianças. 

Quando se pensa em tráfico humano, pode-se pensar em países e realidades distantes, como Camboja ou Nigéria...mas este crime também acontece perto de nós e acontece também aqui em Roma, a dois passos do Papa Francisco.

A Itália, aliás, é um país considerado de trânsito e de destino. As vítimas traficadas são empregadas principalmente na colheita de tomate ou laranja na região sul, ou para fins de exploração sexual em cidades como Milão e Roma. É comum, inclusive em plena luz do dia, ver jovens africanas e do leste europeu, e mais recentemente chinesas, em estradas que ligam a capital à periferia. Em todas as estações do ano e condições meteorológicas. Semivestidas, aguardam seus clientes em cenários esquálidos: são sobretudo homens com família, de todas as idades e condições sociais.

Até chegarem a esta condição, o processo do tráfico é complexo: passa pelo recrutamento nos países de origem, falsificação de documentos, viagem e meta.

E a Igreja? Leigos, religiosas e religiosos combatem contra todas estas fases. Há quem faça o primeiro contato com as jovens, ainda na rua. Há o acolhimento, a terapia, a readaptação e inclusive a possibilidade da repatriação voluntária. Foi neste âmbito que conhecemos a Ir. Monica Chikwe, nigeriana, como a maioria das mulheres traficadas aqui na Itália. Ao chegarem à Líbia, Ir. Monica explica a rota:

Muitas dessas jovens, especialmente nigerianas, vêm desembarcando em Lampedusa. Os traficantes estão usando esta via para trazer suas vítimas a Roma, são mulheres e crianças para exploração sexual.

Ir. Monica de formação é enfermeira obstetra, das Irmãs Hospitaleiras da Misericórdia, mas há sete anos recebeu uma incumbência especial: trabalhar com as vítimas do tráfico. Ela cuida do escritório especializado neste assunto na sede da União das Superioras Maiores Italianas, ao lado da Piazza Navona, no centro de Roma. Mas grande parte do seu tempo Ir. Monica passa nas embaixadas, regularizando a documentação de jovens. Aliás, explica ela, esta é uma tática dos traficantes: torná-las clandestinas, através da falsificação de documentos. Desde 2013, Ir. Monica faz parte de uma programa-piloto de repatriação voluntária assistida. Num trabalho em rede, a religiosa identifica as mulheres que, reabilitadas, querem voltar a seus países com um projeto de vida. O governo nigeriano concedeu a este programa uma anistia para obter a documentação. Até agora, 36 mulheres, com seus filhos, foram repatriadas.

Um trabalho que requer paciência, perseverança e diplomacia. Mesmo convivendo com este drama diariamente, Ir. Monica acredita que é possível acabar com o tráfico:

"Também eu me pergunto: 'mas todo esse esforço, todo o tempo dedicado, é inútil?' Não, não é. Temos que ter esperança, eis o motivo pelo qual rezamos, eis o 8 de fevereiro. Este problema é muito complexo. Porque se fossem só os traficantes, eles não sobreviveriam. Sem os consumidores, os traficantes morreriam de morte natural, mas a demanda é muito alta. Então rezamos para que Deus toque seja o coração dos traficantes, seja o coração dos consumidores, que esse fenômeno que degrada a pessoa humana a uma simples mercadoria possa acabar. Esperança existe. Deus sabe fazer as coisas e ele acabará com este fenômeno, porque tantas vidas humanas estão destruídas, estão destruídas, estão destruídas. Então isso é uma desumanização e rezo todos os dias para que o Senhor faça entender seja a quem compra, seja a quem vende que a pessoa humana tem uma dignidade e esta dignidade deve ser defendida de todos os modos."  

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ONU: mutilação genital feminina viola os direitos humanos

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Nova Iorque (RV) - Foi celebrado, nesta segunda-feira (06/02), o Dia Internacional de Tolerância Zero à Mutilação Genital Feminina. 

De acordo com a Agenda 2030 para o Desenvolvimento Sustentável, a mutilação genital feminina precisa acabar totalmente até 2030. O Secretário-Geral da ONU, António Guterres, lembrou que a prática viola os direitos humanos, destacando que as mulheres e as meninas que sofrem a mutilação perdem “sua dignidade, enfrentam riscos para a saúde e sofrem uma dor desnecessária”.

O que é

As consequências duram a vida toda e podem ser fatais. O assessor sênior do Fundo de População da ONU (Unfpa), Elizeu Chaves, explicou o que é a mutilação genital feminina, na entrevista à ONU News em Nova Iorque.

“É uma prática realizada hoje em cerca de 30 países do mundo e consiste na remoção de parte da genitália feminina parcial ou integral, da genitália externa. É uma prática que segue valores e tradições de algumas comunidades. Trata-se na verdade de uma violação de direitos humanos, sem nenhum tipo de benefício no campo da saúde.”

Segundo ele, existem 200 milhões de garotas e mulheres no mundo que sofreram essa violação. A maioria são meninas com menos de cinco anos.

Guiné-Bissau

Quase metade dos casos ocorre em apenas três países: Egito, Etiópia e Indonésia. O especialista do Fundo de População da ONU  informou que entre as complicações estão sangramentos, cistos, infecções, infertilidade e morte.

Essa agência da ONU trabalha com vários países para tentar conscientizar as comunidades sobre a importância de pôr um fim à mutilação genital feminina. Elizeu Chaves menciona a Guiné-Bissau e outras nações como casos de sucesso.

"Nossa parceria levou à criação de um módulo de atenção obstétrica e neonatal de emergência, que já incorpora a prevenção à mutilação genital como parte integrante do exercício dos profissionais de saúde. Nos últimos anos, por conta deste programa conjunto, 13 dos 17 países que são beneficiados já estabeleceram uma linha orçamentária com recursos para enfrentar a mutilação genital feminina. Mais de 1,6 milhão de meninas atendidas receberam serviços relacionados à mutilação genital feminina."

Apesar da maioria dos casos ocorrer na África, a prática é também realizada em nações do sudeste-asiático e até da América Latina. A comunidade indígena Emberá, da Colômbia, por exemplo, acredita que a mutilação genital feminina ajuda a prevenir a infidelidade.

(MJ/Rádio ONU)

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Atualidades



Bispos apelam ao diálogo para o fim da violência no Espírito Santo

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Vitória (RV) – A onda de violência com assaltos, arrastões e tiroteios que se instaurou no Espírito Santo já provocou mais de 60 mortes desde o final de semana, segundo informa o Sindicato dos Policiais Civis do Estado. Desde sábado (4), um protesto dos familiares dos policiais militares que cobram reajuste de salários para os agentes impede a saída das viaturas dos quartéis na Grande Vitória e em cidades do interior, paralisando o policiamento. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública (Sesp), a partir de hoje 1200 homens das Forças Armadas e Nacional estão nas ruas da região metropolitana para combater a criminalidade que gerou caos e medo na população. 

Com a paralisação policial e por falta de segurança, foi adiada a volta às aulas nas escolas da rede pública, restrito o atendimento nos postos de saúde e foram fechadas algumas repartições públicas e lojas. Preocupados com a situação, os bispos das dioceses locais divulgaram uma nota oficial nesta segunda-feira (6) exortando ao diálogo entre as autoridades políticas e a Polícia Militar para que se estabeleça a ordem e a tranquilidade.

Os bispos ilustram o atual momento vivido no Espírito Santo que atinge todos e que faz sentir a “nossa fraqueza e o perigo instaurado pelo império da violência. A segurança pública é um direito de todos, deve ser construída a partir de um amplo diálogo entre o Estado, a sociedade organizada e todos os cidadãos. Sabemos que violência gera violência, mas é verdade que todos queremos a paz e a concórdia”.

O comunicado convoca a população para entrar numa corrente de oração, “pedindo a Deus que conceda serenidade, paz, proteção e justiça. Peçamos também ao Senhor que não prevaleça o poder, mas o bom senso, o diálogo, o entendimento e se chegue a uma decisão sábia que engrandeça nossa sociedade”. (AC)

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