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Sumario del 10/03/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Mundo

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Papa e Santa Sé



Papa retorna ao Vaticano e faz doação aos pobres de Aleppo

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Cidade do Vaticano (RV) - O Santo Padre retornou ao Vaticano às 11h30 desta sexta-feira, depois de ter concluído os Exercícios Espirituais pregados pelo franciscano Padre Giulio Michelini.Nesta manhã, Francisco celebrou a Santa Missa em Ariccia pela Síria e enviou 100 mil euros aos pobres de Aleppo, graças também à contribuição da Cúria Romana. A doação será feita através da Esmolaria Apostólica e da Custódia da Terra Santa.

Ao término do Retiro Espiritual, o Santo Padre dirigiu um agradecimento especial ao pregador, Padre Michelini, “pelo bem que fez com suas reflexões normais e naturais, sem artifícios, partindo das suas experiências pessoais.

O Papa o agradeceu pela preparação do seu trabalho, feito com responsabilidade e seriedade:

“Há um monte de coisas para meditar. Mas, Santo Inácio diz que ‘quando alguém encontra os Exercícios Espirituais algo que causa consolação ou desolação’ deve deter-se nisso e não ir adiante. Certamente, não encontramos uma coisa, mas tudo. O resto permanece e serve para a próxima vez. Às vezes, as palavras mais simples são as que mais nos ajudam. O Senhor dá a cada um a palavra justa”.

O Santo Padre concluiu suas breves palavras de agradecimento encorajando o Padre Michelini a continuar seu trabalho pela Igreja e na Igreja. Mas, sobretudo, desejou-lhe ser um “bom frade”.

No final da tarde de hoje às 17h, hora de Roma, o Papa se dirigirá ao Vicariato de Roma para se encontrar com os párocos prefeitos da Diocese. Trata-se de um encontro privado, que faz parte da prática normal da vida da Igreja. (SP-MT)

 

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Papa agradece a Pe. Michelini pela pregação dos Exercícios espirituais

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Ariccia (RV) - Os Exercícios espirituais da Quaresma propostos ao Papa e à Cúria Romana chegaram ao final na manhã desta sexta-feira (10/03) com a nona meditação feita pelo pregador do Retiro, Pe. Giulio Michelini. 

Tomando a palavra após a meditação que teve como tema “O túmulo vazio e a Ressurreição” segundo o Evangelho de São Mateus, o Pontífice agradeceu ao frade menor pela naturalidade e a preparação com a qual os guiou na reflexão fazendo-lhe votos de que, sobretudo, continue sendo um bom frade.

A página final de Mateus, a da Ressurreição – que esteve no centro da reflexão desta sexta-feira –, é finalmente uma página de respiro que revela o mistério cristão, comentou Pe. Michelini.

Após a dor e a Paixão não se encontra o fim, mas um novo início, que é a Ressurreição. Mas como anunciá-lo ao homem de hoje?

Àquele homem que se mostra ainda emblematicamente como o protagonista da história de Franz Kafka nas Metamorfoses, Gregor Samsa, que acorda um dia transformado em inseto, sozinho, fechado em si mesmo, ansioso e sem laços de afeto com a família? É preciso partir novamente de Jesus homem e da sua mensagem:

“A Ressurreição indica uma novidade real de Cristo em relação ao Jesus histórico, claro; o seu corpo é um corpo pós-pascal. Mas é uma novidade que é antecipada nos sinais históricos de Jesus pré-pascal. E onde quero chegar, com esta minha tentativa de resposta? Que quando ouvimos dizer que ressuscitou, podemos partir novamente do homem Jesus, de Jesus da Galileia, cuja mensagem é de libertação do homem.”

Portanto, uma mensagem de libertação para o homem de hoje que pode chegar até ele mediante dois caminhos, ambos ressaltados e ilustrados pelo Papa Francisco: o empenho cultural no aprofundamento das Escrituras e em sua nova explicação e o caminho da caridade.

“Esforçar-nos para entender melhor aquilo que os 27 Livros do Novo Testamento, e os outros Livros do Antigo Testamento querem dizer, e para que possamos explicá-los novamente, mediante – naturalmente – a vida da Igreja, a Liturgia, a homilia que é o centro de tantos números da Evangelii Gaudium, mas através também do empenho cultural. Mas outro caminho, se pudéssemos abrir o quarto onde Gregor Samsa está trancado, é o da caridade. Se Gregor Samsa ao invés de ficar ali, num esquálido quarto fechado – entenderam? Quero dizer: é um túmulo! –, se fosse socorrido por alguém, teria reencontrado a sua humanidade. Ao invés de inseto, talvez tivesse podido reconhecer algum traço de seu corpo humano.”

No Evangelho segundo São Mateus o anúncio da Ressurreição é dado pelo Anjo. O frade menor partiu daí para ressaltar que não basta o túmulo vazio, deve-se falar da Ressurreição, a mensagem de Cristo Ressuscitado deve ser anunciada.

As palavras de Mateus evidenciam também outra dimensão da Ressurreição, o perdão. Jesus Ressuscitado quer encontrar os onze discípulos e os chama de “irmãos”, perdoou-os por tê-lo abandonado; e os encontra na Galileia, “prostrados” e, ao mesmo tempo, “cheios de dúvidas”.

No entanto, aproxima-se deles, e a narração de Mateus conclui-se com as palavras: “Eu estarei convosco todos os dias até o fim dos tempos”. Verdadeiramente, concluiu Pe. Michelini, este é o “modo de fazer de Deus”, cuja Palavra é “capaz de iluminar nossos limites e transformá-los em oportunidade”:

“O Pai de Jesus Cristo aproximou-se de nós através de sua Palavra e o seu Filho que, de fato, no Evangelho segundo São Mateus é chamado ‘Emanuel’, o Deus-conosco. E o Evangelho de Mateus termina assim: ‘Eu estarei convosco, Emanuel, até o fim dos tempos’. Trata-se do maior recurso que temos, apesar das nossas dúvidas e da nossa parte ruim e dos nossos pecados.” (RL/GC)

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Frei Cantalamessa: proclamamos o nome de Nosso Senhor Jesus Cristo

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Cidade do Vaticano (RV) – Frei Raniero Cantalamessa, Pregador oficial da Casa Pontifícia, fez, na manhã desta sexta-feira, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a sua primeira pregação de Quaresma sobre o tema: “Ninguém pode dizer que Jesus é o Senhor, senão pelo Espírito Santo”, extraído da Carta de São Paulo aos Coríntios (1Cor 12,3). 

O Santo Padre não esteve presente nesta primeira meditação porque participava dos Exercícios Espirituais de Quaresma, junto com a Cúria Romana, que se realizaram desde o último domingo (5/3) e se concluíram nesta sexta-feira (10/3), em Ariccia, nas imediações de Roma.

O Frei Cantalamessa, Capuchinho e pregador oficial da Casa Pontifícia, desde 1980, deu seu testemunho pessoal em sua pregação quaresmal de hoje falando sobre o Espírito Santo que nos introduz no conhecimento do mistério de Cristo.

Desta forma, o Padre Cantalamessa dá continuação à pregação sua de Advento, ou seja, sobre “o Espírito Santo permeia toda a vida da Igreja e seu anúncio”. Agora, nestas sextas-feiras de Quaresma, ele procura aprofundar o papel do Espírito Santo na Morte e Ressurreição de Cristo.

Neste sentido, o Pregador aborda os diversos aspectos do Espírito Santo em relação a Jesus: testemunho, conhecimento e pessoa de Cristo.

Ao longo dos séculos, continua-se a falar de Jesus como o Senhor: “Nosso Senhor Jesus Cristo” ou “Jesus é o nosso Senhor? São duas coisas diferentes. Uma coisa é dizer “Nosso Senhor Jesus Cristo está na glória de Deus Pai” e outra “Jesus Cristo é o nosso Senhor, a glória de Deus Pai”.

Hoje, não pronunciamos somente um Nome, mas fazemos a sua profissão de fé. Ao proclamarmos o nome de Jesus Cristo imergimos no conhecimento de Cristo ressuscitado e vivo. Aqui, Cantalamessa retomou as palavras do Papa Francisco na Evangelii gaudium:

“Convido todo cristão, em qualquer lugar ou situação que se encontrar, a renovar o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, pelo menos, a tomar a decisão de deixar-se encontrar por Ele, a procurá-lo todos os dias, sem cessar! Este é um convite para todos os cristãos”. (MT)

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1ª Pregação da Quaresma: O Espírito Santo nos introduz no mistério do Senhorio de Jesus

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Cidade do Vaticano (RV) - Na manhã desta sexta-feira, 10 de março, o Pregador da Casa Pontifícia, Frei Raniero Cantalamessa, fez no Vaticano a primeira pregação da Quaresma intitulada "O Espírito Santo nos introduz no mistério do Senhorio de Jesus".

Eis a sua reflexão na íntegra:

1. "Ele me fará testemunho"

Lendo a Oração da Coleta da Primeiro Domingo da Quaresma, me tocou este ano um detalhe. Nela, não se pede a Deus para para dar-nos a força de realizar alguma das obras clássicas deste tempo: jejum , oração, esmola; pede-se somente uma coisa: de fazer-nos "crescer no conhecimento de Cristo". Creio que seja realmente a obra mais bela e mais agradável ao Salvador e é o objetivo com o qual gostaria de contribuir com as meditações quaresmais deste ano.

Prosseguindo a reflexão iniciada na pregação do Advento sobre o Espírito Santo que deve permear toda a vida e anúncio da Igreja ("Teologia do terceiro artigo!"), nestas meditações quaresmais nos propomos subir da terceira para a segunda parte do Creio. Em outras palavras, buscaremos ressaltar como o Espírito Santo "no introduz na verdade plena" sobre Cristo e sobre seu mistério pascal, isto é, sobre o ser e sobre o agir do Salvador.

Do agir de Cristo em sintonia com o tempo litúrgico da Quaresma, procuraremos aprofundar o papel que o Espírito Santo desenvolve na morte e na ressurreição de Cristo e,  após ele, na nossa morte e na nossa ressurreição.

A segunda parte do Creio, na sua forma completa, diz assim: "Creio em um só Senhor, Jesus Cristo, Filho Unigênito de Deus, nascido do Pai antes de todos os séculos: Deus de Deus, Luz da Luz, Deus verdadeiro de Deus verdadeiro, gerado não criado, consubstancial Pai: Por Ele todas as coisas foram criadas".

Esta parte central do Creio reflete dois estágios diferentes da fé. A frase "Creio em um só Senhor Jesus Cristo", reflete a primeiríssima fé da Igreja, logo após a Páscoa. O que segue nesta parte do Creio: "Filho Unigênito de Deus..." reflete um estágio posterior, mais evoluído, sucessivo à controvérsia ariana e ao Concílio de Nicéia. Dediquemos a presente meditação à primeira parte - "creio em um só Senhor Jesus Cristo" - e vejamos o que o Novo Testamento nos diz sobre o Espírito Santo como autor do verdadeiro conhecimento de Cristo.

São Paulo afirma que Jesus Cristo foi estabelecido "Filho de Deus com o poder mediante o Espírito de santidade" (Rom 1,4), isto é, por obra do Espírito Santo. Chega a afirmar que "ninguém pode dizer: Jesus é o Senhor, senão sob a ação do Espírito Santo" (1 Cor 12,3), isto é, graças a uma iluminação interior sua. Atribui ao Espírito Santo "a compreensão do mistério de Cristo" que foi dada a ele como a todos os santos apóstolos e profetas (cf. Ef 3, 4-5); diz que aqueles que creem serão capazes de "compreender a largura, o comprimento, a altura e a profundidade e conhecer a caridade (o amor) de Cristo que desafia todo o conhecimento" somente se forem "repletos do Espírito" (Ef 3, 16-19).

No Evangelho de João, Jesus mesmo anuncia esta obra do Paráclito em relação a eles. Ele tomará do que é seu e o anunciará aos discípulos; recordará a eles tudo aquilo que disse; os conduzirá à verdade plena sobre sua relação com o Pai e os fará testemunhas (cf. Jo 16, 7-15). Precisamente isto será, desde então, o critério para reconhecer se se trata do verdadeiro Espírito de Deus e não de outro espírito: se leva a reconhecer Jesus que veio na carne (cf. 1 Jo 4,2-3).

Alguns acreditam que a ênfase atual sobre o Espírito Santo possa colocar na sombra a obra de Cristo, como se esta fosse incompleta ou perfectível. É uma incompreensão total. O Espírito nunca diz "eu", nunca fala em primeira pessoa, não pretende fundar uma obra própria, mas sempre faz referência a Cristo. O Espírito Santo não faz coisas novas, mas faz novas todas as coisas! Não acrescenta nada às coisas "instituídas" por Jesus, mas as vivifica e renova.

A vinda do Espírito Santo em Pentecostes traduz-se em uma repentina iluminação de todas as ações e a pessoa de Cristo. Pedro concluiu o seu discurso de Pentecostes com a solene definição, que hoje se diria "urbi et orbi": "Que toda a casa de Israel saiba, portanto, com a maior certeza de que este Jesus que vós crucificastes, Deus o constituiu Senhor (Kyrios) e Messias" (At 2,36).

A partir daquele dia, a comunidade primitiva começou a repassar a vida de Jesus, a sua morte e a sua ressurreição, de maneira diversa; tudo pareceu claro, como se tivesse sido tirado um véu de seus olhos (cf. 2 Cor 3,16). Mesmo vivendo lado a lado com ele, sem o Espírito não tinham podido penetrar em profundidade em seu mistérios.

Hoje está em andamento uma reaproximação entre teologia ortodoxa e teologia católica sobre este tema da relação entre Cristo e o Espírito. O teólogo Johannes Zizioulas, em um encontro realizado em Bolonha em 1980, por um lado manifestava reservas sobre a eclesiologia do Concílio Vaticano II porque, segundo ele, "o Espírito Santo era introduzido na eclesiologia depois que se tinha construído o edifício da Igreja somente com material cristológico"; por outro, porém, reconhecia que também a teologia ortodoxa tinha necessidade de repensar a relação entre cristologia e pneumatologia, para não construir a eclesiologia somente sobre uma base pneumatológica. Em outras palavras, nós latinos somos estimulados a aprofundar o papel do Espírito Santo na vida interna da Igreja (que foi o que ocorreu após o Concílio), e os irmãos ortodoxos o de Cristo e da presença na Igreja na história.

2. Conhecimento objetivo e conhecimento subjetivo de Cristo

Voltemos, portanto, ao papel do Espírito Santo em relação ao conhecimento de Cristo. Delineiam-se já, no âmbito do Novo Testamento, dois tipos de conhecimento de Cristo, ou dois âmbitos onde o Espírito desenvolve a sua ação. Existe um conhecimento objetivo de Cristo, de seu ser, de seu mistério e de sua pessoa, e existe um conhecimento mais subjetivo, funcional e interior, que tem por objeto o que Jesus "faz por mim", mais do que aquilo que ele "é em si mesmo".

Em Paulo prevalece ainda o interesse pelo conhecimento daquilo que Cristo fez por nós, pela obra de Cristo e em particular o seu mistério pascal; já em João prevalece o interesse por aquilo que Cristo é: o "Logos" eterno que estava junto de Deus e veio na carne, que é "um com o Pai" (Jo 10,30).

Para João, Cristo é sobretudo o Revelador, para Paulo é sobretudo o Salvador. Mas é somente nos fatos sucessivos que estas duas tendências ficarão evidentes. Fazemos uma breve referência a elas, porque isto nos ajudará a compreender qual é o dom que o Espírito Santo faz, neste campo, na Igreja hoje.

Na época patrística, o Espírito Santo aparece sobretudo como garante da tradição apostólica em torno a Jesus, contra as inovações dos gnósticos. À Igreja - afirma Santo Irineu - foi confiado o Dom de Deus que é o Espírito; dele não são partícipes os que se separam da verdade pregada pela Igreja com suas falsas doutrinas. As Igrejas apostólicas - argumenta Tertuliano - não podem ter errado ao pregar a verdade. Pensar o contrário, significaria que "o Espírito Santo, para esta finalidade enviado por Cristo impetrado pelo Pai como mestre da verdade, ele que é o vigário de Cristo e o seu administrador, teria falhado no cumprimento de sua missão”. 

Na época das grandes controvérsias dogmáticas, o Espírito Santo é visto como o custódio da ortodoxia cristológica. Nos concílios,  a Igreja tem a firme certeza de ser "inspirada" pelo Espírito ao formular a verdade sobre as duas naturezas de Cristo, a unidade de sua pessoa, a totalidade de sua humanidade. O acento, portanto, é claramente sobre o conhecimento objetivo, dogmático, eclesial de Cristo.

Esta tendência predominou, na teologia, até a Reforma. Com uma diferença, porém. Os dogmas que no momento de serem formulados eram questões vitais, fruto de viva participação, de toda a Igreja, uma vez sancionados  e transmitidos, tendem a perder pungência, a tornarem-se formais. "Duas naturezas, uma pessoa", torna-se uma fórmula bela e acabada, mais do que o ponto de chegada de um longo e sofrido processo. Certamente não faltaram, em todo este tempo, esplêndidas experiências de um conhecimento de Cristo íntimo, pessoal, repleto de fervorosa devoção a Cristo, como aquelas de São Bernardo e de São Francisco de Assis; mas isso não influenciava muito na teologia. Também hoje disso se fala na história da espiritualidade, não naquela da teologia.

Os reformadores protestantes invertem esta situação e dizem: "Conhecer Cristo significa reconhecer os seus benefícios, não pesquisar as suas naturezas e os modos de encarnação". O Cristo "para mim" aparece em primeiro plano. Ao conhecimento objetivo, dogmático, se opõe um conhecimento subjetivo, íntimo; ao testemunho externo da Igreja e das próprias Escrituras sobre Jesus, se antepõe o "testemunho interno" que o Espírito Santo dá a Jesus no coração de cada cristão.

Quando, mais tarde, esta novidade teológica tenderá, ela mesma, no protestantismo oficial, a transformar-se em "morta ortodoxia", surgirão periodicamente movimentos, como o Pietismo no âmbito luterano e o Metodismo no anglicano, para trazê-la novamente à vida. O ápice do conhecimento de Cristo coincide, nestes âmbitos, com o momento em que, movido pelo Espírito Santo, o cristão toma conhecimento de que Jesus morreu "por ele", precisamente por ele, e o reconhece como seu Salvador pessoal:

"Pela primeira vez de todo o coração eu acreditei;

acreditei de fé divina,

e no Espírito Santo encontrei a força

de chamar meu o Salvador.

Senti o sangue da expiação de meu Senhor

diretamente derramado em minha alma".

Completemos este rápido olhar para a história, acenando a uma terceira fase na maneira de perceber a relação entre o Espírito Santo e o conhecimento de Cristo, aquela que caracterizou os séculos do Iluminismo, do qual nós somos herdeiros diretos. Volta a predominar um conhecimento objetivo, separado; não mais, porém, do tipo ontológico, como na época antiga, mas histórico.

Em outras palavras, não interessa saber quem é  Jesus Cristo (a pré-existência, as naturezas, a pessoa), mas quem ele foi na realidade da história. É a época da busca do assim chamado "Jesus histórico"!

Nesta fase, o Espírito Santo não desempenha mais nenhum papel no conhecimento de Cristo; está totalmente ausente. O "testemunho interno" do Espírito Santo passa a ser identificado com a razão e com o espírito humano. O "testemunho externo" é o único importante, mas com ele não se entende mais o testemunho apostólico da Igreja, mas unicamente aquele da história, comprovado com os diversos métodos críticos. O pressuposto comum deste esforço era de que para encontrar o verdadeiro Jesus, é necessário buscar fora da Igreja, separá-lo "das vendas do dogma eclesiástico".

Sabemos qual foi o êxito de toda esta busca do Jesus histórico: o fracasso, o que não significa que não tenha trazido muitos frutos positivos. Persiste ainda, a este respeito, um equívoco de fundo. Jesus Cristo - e depois dele outros homens, como São Francisco de Assis - simplesmente não vive na história, mas criou uma história, e vive agora na história que criou, como um som na onde que provocou. O esforço obstinado dos historiadores racionalistas parece aquele de separá-lo da história que criou, para restituí-lo àquela comum e universal, como se assim fosse possível perceber melhor o som na sua originalidade, separando-o da onda que o transporta. A história que Jesus iniciou, ou a onda que emitiu, é a fé da Igreja animada pelo Espírito Santo e é somente por meio dela que se remete à sua fonte.

Não está excluída com isto a legitimidade também da normal busca histórica sobre ele, mas esta deveria ser mais consciente de seu limite e reconhecer que não exaure tudo o que se pode saber de Cristo. Como o ato mais nobre da razão é reconhecer que existe algo que a supera, assim o ato mais honesto do historiador é reconhecer que existe algo que não se pode alcançar somente com a história.

3. O sublime conhecimento de Cristo

Ao final de sua obra clássica sobre a história da exegese cristã, Henri de Lubac chegava a uma conclusão pessimista. Faltavam a nós, modernos - dizia - as condições para poder ressuscitar uma leitura espiritual como aquela dos Padres; nos falta aquela fé plena de ímpeto, aquele senso da plenitude e da unidade das Escrituras que eles tinham. Querer imitar hoje a audácia deles em ler a Bíblia, seria um expor-se quase que à profanação, porque nos falta o espírito do qual brotavam aquelas coisas. Todavia ele não fechava totalmente a porta à esperança; em outra obra sua, disse que "caso se queira reencontrar algo daquilo que foi, nos primeiro séculos da Igreja, a interpretação espiritual das Escrituras, é necessário reproduzir, antes de tudo, um movimento espiritual".

Aquilo que de Lubac observava a propósito da inteligência espiritual das Escrituras, se aplica, com mais forte razão, ao conhecimento espiritual de Cristo. Não basta escrever novos e mais atualizados tratados de pneumatologia. Se falta o suporte de uma vivida experiência do Espírito, análoga àquela que acompanhou, no século IV, a primeira elaboração da teologia do Espírito, o que se disser permanecerá sempre ao externo do verdadeiro problema. Nos faltam as condições necessárias para elevar-nos ao plano em que opera o Paráclito: o ímpeto, a audácia e aquela "sóbria embriaguez do Espírito", do qual falam quase todos os autores daquele século.

Ora, precisamente aqui realizou-se a grande novidade desejada pelo Padre de Lubac. No século passado surgiu e se difundiu sempre mais um "movimento espiritual" que criou as bases para uma renovação da pneumatologia a partir da experiência do Espírito e de seus carismas. Falo do fenômeno pentecostal e carismático. Em seus primeiros cinquenta anos de vida, este movimento, nascido (como o Pietismo e o Metodismo recordados acima) como reação à tendência racionalista e liberal da teologia ignorou deliberadamente a teologia e foi, por sua vez, ignorado ( e até mesmo ridicularizado!) pela teologia.

Quando , porém, por volta da metade do século passado, ele penetrou nas Igrejas tradicionais, na posse de uma vasta instrumentação teológica e recebeu uma acolhida de fundo pelas respectivas hierarquias, a teologia não pode mais ignorá-lo. No livro intitulado "A redescoberta do Espírito. Experiência e teologia do Espírito Santo", os mais conhecidos teólogos do momento, católicos e protestantes, examinaram o significado do fenômeno pentecostal e carismático para a renovação da doutrina do Espírito Santo.

Tudo isto nos interessa, neste momento, somente do ponto de vista do conhecimento de Cristo. Qual conhecimento de Cristo começa a surgir nesta nova atmosfera espiritual e teológica? O fato mais significativo não é a descoberta de novas perspectivas e novas metodologias sugeridas pela filosofia do momento (estruturalismo, análises linguísticas, etc), mas é a redescoberta de um dado bíblico elementar: que Jesus Cristo é o Senhor! O Senhorio de Cristo é um mundo novo no qual se entra somente "pela ação do Espírito Santo".

São Paulo fala de um conhecimento de Cristo de grau "superior", ou, até mesmo, "sublime", que consiste em conhecê-lo e proclamá-lo precisamente como "Senhor" (cf. Filip 3,8). É a proclamação que, unida à fé na ressurreição de Cristo, faz de uma pessoa alguém salvo: "Se com a tua boca proclamares: 'Jesus é o Senhor!', e com o teu coração creres que Deus o ressuscitou dos mortos, serás salvo" (Rm 10,9). Ora, este conhecimento é possível somente pelo Espírito Santo: "Ninguém pode dizer: 'Jesus é o Senhor!', senão sob a ação do Espírito Santo" (1 Cor 12,3). Cada um, naturalmente, pode dizer com os lábios estas palavras, mesmo sem o Espírito Santo, mas não seria então a coisa grandiosa que recém dissemos; não faria dele alguém salvo.

O que existe de especial nesta afirmação, para torná-la assim tão decisiva? Pode-se explicar isto sob diversos pontos de vista, objetivos ou subjetivos. A força objetiva da  frase: "Jesus é o Senhor" está no fato de que ela torna presente a história e em particular o mistério pascal. É a conclusão que brota de dois acontecimentos: Cristo morreu pelos nossos pecados; ressuscitou para a nossa justificação; por isto é o Senhor. "Para isso, de fato, é que morreu Cristo e retomou a vida: para ser o Senhor tanto dos mortos como dos vivos" (Rm 14,9).  Os acontecimentos que a prepararam como que se fecharam nesta conclusão e nela se tornam presentes e atuantes. Neste caso a palavra é realmente "a casa do ser". A proclamação: "Jesus é o Senhor" é a semente da qual desenvolveu-se todo o querigma e o anúncio cristão sucessivo.

Do ponto de vista subjetivo  - isto é, daquilo que depende de nós - a força daquela proclamação está no fato de que ela supõe também uma decisão. Quem a pronuncia decide o sentido da sua vida. É como se dissesse: "Tu és o meu Senhor; eu me submeto a ti, eu te reconheço livremente como o meu salvador, o meu senhor, o meu mestre, aquele que tem todos os direitos sobre mim". Eu pertenço a ti mais do que a mim mesmo, porque tu me compraste por um alto preço (cf 1 Cor 6,19 ss).

O aspecto de decisão inerente à proclamação de Jesus "Senhor" assume hoje uma atualidade particular. Alguns acreditam que seja possível, e mesmo necessário, renunciar à tese da unicidade de Cristo, para favorecer o diálogo entre as várias religiões. Ora, proclamar Jesus "Senhor" significa precisamente proclamar a sua unicidade. Não por nada,  a fórmula nos faz dizer: "Creio em um só Senhor Jesus Cristo". São Paulo escreve:

"Pretende-se, é verdade, que existam outros desuses, quer no céu, quer na terra (e há um bom número desses deuses e senhores). Mas para nós, há um só Deus, o Pai, do qual procedem todas as coisas e para o qual existimos, e um só Senhor, Jesus Cristo, por quem todas as coisas existem e nós também" (1 Cor 8, 5-6).

O apóstolo escrevia estas palavras no momento em que a fé cristã surgia, pequena e recém nascida, em um mundo dominado por cultos e religiões poderosas e prestigiosas. A coragem que é necessária hoje para acreditar que Jesus é "o único Senhor" é nada em relação àquilo que acontecia então. Mas o "poder do Espírito" não é concedido se não a quem proclama Jesus Senhor, nesta acepção forte das origens. É um dado de experiência. Somente depois que um teólogo ou um anunciador tenha decidido apostar tudo em Jesus Cristo "único Senhor", mas tudo mesmo, mesmo com o risco de ser "expulso da sinagoga", somente então faz a experiência de uma certeza e de um poder novos em sua vida.

4. Do Jesus "personagem" ao Jesus "pessoa"

Esta redescoberta luminosa de Jesus como Senhor é, dizia, a novidade e a graça que Deus está concedendo, nos nossos tempos, à sua Igreja. Eu me dei conta de que quando interrogava a Tradição sobre todos os outros temas e palavras da Escritura, os testemunhos dos Padres povoavam a mente; quando tentei interrogá-la sobre este ponto, esta restava quase muda. Já no século III, o título de Senhor não era mais compreendido em seu significado querigmático; fora do âmbito religioso judaico, ele não era assim mais tão significativo para expressar suficientemente a unicidade de Cristo. Orígenes considera "Senhor" (Kyrios) o título precisamente de quem está ainda na fase do temor; a isto corresponde, segundo ele, o título de "servo", enquanto a "Mestre" corresponde o de "discípulo" e de amigo.

Se continua certamente a falar de Jesus "Senhor", mas isto tornou-se um nome de Cristo como os outros, antes, mais frequentemente um dos elementos do nome completo de Cristo: "Nosso Senhor Jesus Cristo". Mas uma coisa é dizer: "Nosso Senhor Jesus Cristo" e outra é dizer "Jesus Cristo é o nosso Senhor!". Um indicador desta mudança é o modo como foi traduzido na Vulgata o texto de Filipenses 2,11: "Omnis lingua confiteatur quia Dominus noster Iesus Christus in gloria est Dei Patris", "E toda língua confesse, para a glória de Deus Pai, que Jesus Cristo é o Senhor". Neste modo, que é aquela das traduções atuais, não se pronuncia somente um nome, mas se faz uma profissão de fé.

Onde está, em tudo isto, o salto qualitativo que o Espírito Santo no faz dar no conhecimento de Cristo? Está no fato de que a proclamação de Jesus Senhor é a porta que introduz ao conhecimento de Cristo ressuscitado e vivo! Não mais um Cristo personagem, mas pessoa; não mais um conjunto de teses, de dogmas (e de correspondentes heresias), não mais somente objeto de culto e de memória - mesmo aquela litúrgica e eucarística - mas pessoa viva e sempre presente no Espírito.

Este conhecimento espiritual e existencial de Jesus como Senhor, não leva a negligenciar o conhecimento objetivo, dogmático e eclesial de Cristo, mas o revitaliza. Graças ao Espírito Santo, diz Santo Irineu, a verdade revelada "como um depósito precioso contido em um vaso de valor, rejuvenesce e faz sempre rejuvenescer também o vaso que a contém".

A um destes dogmas, aquele que constitui a segunda parte da fórmula do Creio: "gerado e não criado, da mesma substância do Pai", dedicaremos, se Deus quiser, a nossa próxima meditação.

Não saberia indicar uma resolução prática a ser tomada ao final destas reflexões, melhor do que aquela que se lê no início da Exortação Apostólica do Papa Francisco Evangelii gaudium: "Convido a todos os cristãos, em qualquer lugar e situação em que se encontrem, a renovar hoje mesmo o seu encontro pessoal com Jesus Cristo ou, ao menos, a tomar a decisão de deixar-se encontrar por Ele, de buscá-lo a cada dia sem cessar. Não existe motivo pelo qual alguém possa pensar que este convite não seja para ele".

(JE)

 

 

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Papa Francisco visitará Colômbia de 6 a 11 de setembro

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Cidade do Vaticano (RV) - Acolhendo ao convite do Presidente e dos bispos colombianos, o Papa Francisco visitará a Colômbia de 6 a 11 de setembro próximo, visitando as cidades de Bogotá Villavicencio, Medellín e Cartagena. Foi o que declarou a Vice-diretora da Sala de Imprensa da Santa Sé, Paloma Garcia Ovejero, nesta sexta-feira (10/03). O programa da viagem será publicado proximamente. 

Contemporaneamente ao anúncio da Sala de Imprensa da Santa Sé, realizou-se, em Bogotá, uma coletiva de imprensa onde foi apresentado o logotipo da viagem do Papa.

O texto que acompanha o logotipo da vigem do Papa Francisco à Colômbia destaca que o país “viveu o conflito armado mais longo da América Latina. Os mais de 50 anos de violência deixou uma ferida muito profunda no coração de uma sociedade que anseia reconstruir, curando as feridas que lhe causaram somente dor, indiferente diante da violência e distante das lágrimas. Os colombianos aprenderam a conviver com a violência. Durante muito tempo a aceitamos e justificamos. A dor se tornou parte de nossa história e fez com esta permeasse o coração de milhões de cidadãos”. 

Lesão profunda

“Esta é uma história de violência que deixou uma lesão profunda e fez com que muitos perdessem os laços que nos uniram como colombianos. Separamo-nos como nação, nos sentamos em bancos diferentes e nos esquecemos do diálogo e da escuta ao próximo. Vestimo-nos de cores, rótulos e marcas que nos tornaram inimigos, no mais profundo de nosso ser o sentimento de perder a esperança, alimentado por traços de dor e ódio. Sentimentos que nos levaram a desrespeitar a dignidade humana, o valor da vida e da confiança como colombianos. Esta guerra nos roubou a possibilidade de sonhar com um país diferente, um país em paz”, destaca ainda a mensagem.

“Percebemos que 50 anos de guerra não foram o nosso maior problema e nem a única coisa que nos define. O problema foi os 50 anos de motivos que apagaram de nossos corações os valores da paz e da unidade. Optamos em nossa vida cotidiana pela violência como forma de vida; uma forma de relacionarmos com as nossas famílias, nossos amigos, nossos vizinhos e nós mesmos. Deixamos a outros a tarefa de construir um país e não entendemos que a construção da paz sempre esteve em nossas mãos. A paz é construída em espaços pequenos, nas mesas na hora de partilhar uma refeição, nas esquinas dos bairros, na maneira como dialogamos com o nosso próximo, na forma como cuidamos de nossos filhos e como respeitamos os nossos pais. Hoje, como observou o Santo Padre, “perdemos o encanto de sonhar juntos, de caminhar juntos. Hoje, devemos nos encontrar e nos atrever a sonhar. Não importam quantas foram as quedas, nunca devemos perder o encanto de sonhar com um caminho diferente”.

Momento de graça

“A visita do Papa Francisco à Colômbia é um momento de graça e alegria para sonhar com a possibilidade de transformar o nosso país e dar o primeiro passo. O Santo Padre é um missionário para a reconciliação. Sua presença nos ajudará a descobrir que é possível voltar a nos unir como nação para aprender a nos olhar novamente com os olhos da esperança e misericórdia. Devemos ser os artesãos de nossa paz, como Jesus nos ensinou. Por isso, como Igreja, temos a responsabilidade de ser missionários de paz e encontro a fim de ensinar o país a se descobrir com ações de paz em seu coração. Este sonho exige o esforço de todos e se constrói a cada dia. É necessário dar o primeiro passo que nos ajuda a nos aproximar de Jesus, a nos encontrar novamente com o amor de nossas famílias, desarmar as palavras com o nosso próximo e ter compaixão por aqueles que sofreram”, destaca ainda o texto.

“A vinda do Santo Padre à Colômbia é um convite para que como colombianos nos vejamos com esperança e possamos dar o primeiro passo para: reconhecer o sofrimento dos outros, perdoar aqueles que nos feriram, voltar a nos encontrar como colombianos, entender a dor dos que sofreram, curar o nosso coração, descobrir o país que se esconde atrás das montanhas e construir a nação que sempre sonhamos: um país em paz. É um convite do Papa Francisco a ir para as ruas a fim de estar ao lado dos colombianos na construção da paz. ‘Quero que a Igreja vá para as ruas, a paz se constrói caminhando’.” 

Semear a esperança

Esta visita é “apresentada com a imagem do Santo Padre caminhando a fim de construir um símbolo de ação, dar o passo e começar a construir e sonhar, pois toda mudança começa com a conversão do coração (indivíduo), toda mudança precisa de um momento para voltar a nos encontrar (coletivo). É um momento em nossa história para nos descobrir como nação. Por isso, hoje, temos de semear a esperança em nossos corações, a bondade em nossas ações, a paz em nossas palavras e o amor em nosso país para que desta forma a vinda do Santo Padre seja um ponto de partida para começar algo novo. “A riqueza parte do coração de cada um nas ações de cada dia”. Com minhas mãos que semeiam, com o meu coração que compreende, com a minha mente que sonha, posso colher um futuro melhor e no unir através de uma palavra no espírito que será o sopro de vida, para enfrentar os desafios que enfrentamos nesta nova etapa em que nos encontramos.

“A principal ameaça é pensar que a paz está nas ações dos outros”, conclui o texto recordando as palavras do Papa Francisco.

(MJ)

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Divulgado programa oficial da visita do Papa a Milão

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Cidade do Vaticano (RV) – A Sala de Imprensa da Santa Sé divulgou o programa da visita pastoral do Papa Francisco a Milão, no sábado, 25 de março.

 

O voo do Papa partirá do aeroporto de Roma-Fiumicino às 7h10 com chegada prevista ao aeroporto Milano-Linate às 8h.

Às 8h30 o Papa chegará ao bairro popular Forlanini, onde encontrará duas famílias em seus respectivos apartamentos para, a seguir, falar com os moradores no pátio do condomínio. Ali, Francisco ainda encontrará representantes de famílias nômades, islâmicas e imigrantes que vivem no bairro.

Às 10h o Papa encontrará os sacerdotes e consagrados na Catedral de Milão, onde está previsto que responda a algumas perguntas.

Às 11h está previsto que o Papa recite o Angelus e conceda bênção no átrio da Catedral.

Às 11h30 o Papa visitará a penitenciária de San Vittore onde almoçará com alguns detentos.

À tarde, o Papa irá de carro a Monza onde às 15h celebrará a Missa no Parque da cidade.

A seguir, o Pontífice irá ao Estádio San Siro em Milão onde encontrará centenas de jovens recém-crismados e responderá a algumas perguntas.

A chegada a Roma está prevista para às 19h30.

(si)

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Santa Sé: convivência pacífica entre as religiões, chave para a paz

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Genebra (RV) - O efetivo reconhecimento das liberdades religiosas como primeiro e mais importante entre os direitos humanos fundamentais é a chave para enfrentar a crise em que o mundo hoje se encontra, marcado por novas perseguições religiosas que têm os cristãos entre as primeiras vítimas.

Foi o que disse o observador permanente da Santa Sé no escritório da Onu em Genebra, na Suíça, Dom Ivan Jurkovič, em pronunciamento num encontro de alto nível sobre o tema “Respeito recíproco e coexistência pacífica, condição da paz inter-religiosa e da estabilidade: apoiar cristãos e outras comunidades”.

Defender a dimensão pública da liberdade religiosa

“Apesar dos numerosos esforços para promover e reforçar a liberdade religiosa – disse o arcebispo esloveno –, estamos  efetivamente assistindo a uma contínua deterioração, se não a um verdadeiro ataque em várias partes do mundo contra este direito inalienável.”

Uma liberdade que tem uma relevância pública – especificou –, porque a escolha de uma fé incide “em todos os níveis da vida social e política”, mais ainda hoje que “a religião assumiu uma renovada importância por causa das complexas relações entre as escolhas pessoais de fé de cada um e a sua expressão pública”.

Reagir às violências contra os cristãos e as outras comunidades religiosas

Propriamente por causa destas implicações  - observou o representante vaticano – tal escolha “deve ser livre de vínculos e constrições” e deve ser tutelada pelas autoridades públicas.

Nesse sentido, a grande atenção dada hoje contra responsáveis pelas violações dos direitos humanos levam a esperar que a comunidade internacional reaja à inaudita violência contra os cristãos e as outras comunidades religiosas e que tal violência não tenha caído naquela “globalização da indiferença” tantas vezes denunciada pelo Papa Francisco.

Cristãos hoje mais perseguidos do que nos primeiros séculos do cristianismo

Após ter-se detido em particular sobre as perseguições aos cristãos no Oriente Médio, piores – frisou – do que as sofridas nos primeiros séculos do cristianismo, Dom Jurkovič insistiu sobre a dimensão pública da liberdade religiosa que não pode ser reduzida a mero fato individual ou apenas ao culto, porque por sua própria natureza transcende “a esfera privada dos indivíduos e das famílias”.

De fato, as várias tradições religiosas “servem à sociedade sobretudo com a mensagem que proclamam”, com seu convite à conversão, à reconciliação, ao sacrifício em prol do bem comum, à compaixão pelos necessitados.

As religiões, um aliado precioso na defesa da dignidade humana

Num mundo “onde convicções débeis abaixam também o nível ético, num mundo sempre sujeito à “globalização do paradigma tecnocrático“, que procura “eliminar todas as diferenças e as tradições numa busca superficial de unidade”, as religiões “têm o direito e o dever de dizer abertamente que é possível construir uma sociedade em que um sadio pluralismo que respeita as diferenças e as valoriza como tais é um aliado precioso no compromisso de defender a dignidade humana e um caminho para a paz em nosso mundo”, disse, por fim, o representante da Santa Sé. (RL)

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Igreja no Mundo



Santuário e autoridades preparam visita do Papa a Fátima

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Fátima (RV) - O Reitor do Santuário de Fátima, Padre Carlos Cabecinhas, pronunciou-se no V Workshop Internacional de Turismo Religioso, realizado no Centro Pastoral Paulo VI. na ocasião, o sacerdote falou das expectativas quanto à participação de fieis na visita do Papa a Fátima, em maio.

"Se esperamos por muitas e grandes peregrinações jubilares, em 2017, a maior será sem dúvida a de 12 e 13 de maio, com a presença do Papa Francisco”, afirmou.

O responsável recordou que “receber visita do Papa não é uma novidade para a cidade de Fátima”, que se tornou o “mais significativo destino religioso português”.

“A nossa expectativa é que sejam muitos aqueles que acorrerão a Fátima para ver, saudar e ouvir o Papa e para rezar com ele. E não temos dúvidas de que muitos dos peregrinos que acorrerão a Fátima, nestes dias, virão do estrangeiro”, observou.

Francisco será o quarto Pontífice a visitar Fátima, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000), e Bento XVI (2010).

O reitor do Santuário de Fátima adiantou que a agenda oficial da viagem vai ser divulgada “dois meses” antes da mesma, prevendo-se que se mantenha “o programa das grandes peregrinações ao Santuário".

Francisco virá “em peregrinação ao Santuário de Nossa Senhora de Fátima”, isto é, “virá como peregrino, para rezar com os peregrinos presentes em Fátima e com os que o acompanharão através dos meios de comunicação social”, assinalou o Padre Carlos Cabecinhas, coordenador-geral da visita do Papa a Fátima, citado pelo site oficial do Santuário.

Para os peregrinos que não puderem entrar, serão instalados telões gigantes no espaço circundante à Basílica da Santíssima Trindade.

O Capitão Carlos Canatário, comandante do Destacamento Territorial de Tomar – GNR, estima a presença de ao menos 500 mil fiéis, tendo como preocupações fundamentais a “segurança” da multidão e o apoio aos cidadãos.

No início de abril vão ser comunicadas as medidas a serem implementadas no local, sabendo-se no entanto, que a operação se vai iniciar “muito antes” de 12 e 13 de maio.

O responsável sublinhou a importância da utilização de “vias alternativas” nos acessos à freguesia de Fátima e ao Santuário e adiantou que irão existir “locais de estacionamento” fora da Cova da Iria, para prevenir a superlotação dos parques mais próximos.

A partir do dia 11 de maio haverá controle de entrada de carros na Cova da Iria.

O comandante Mário Silvestre, da Proteção Civil, assinalou que o plano de operações já está delineado, começando a 5 de maio, com mais de 560 agentes.

(Agência Ecclesia/Je)

 

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Bispos africanos pedem restabelecimento das transmissões de OC da RV

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Accra (RV) – Que não cesse o serviço de Ondas Curtas da Rádio Vaticano. O apelo é do Comitê Permanente do SECAM/SCEAM (Simpósio das Conferências Episcopais da África e Madagascar) que por meio de uma carta enviada à emissora do Papa, formalizou o pedido para que o serviço seja restabelecido. As transmissões foram encerradas recentemente, também para os continentes europeu e americano. 

Na carta, divulgada durante a reunião do organismo em Accra, é expressa “a preocupação pelo recente encerramento dos serviços de Ondas Curtas da rádio, o que garantia a milhões de africanos a oportunidade de ouvir o Santo Padre e de compartilhar os interesses e a missão da Igreja”.

Desde 2012 o serviço de Ondas Curtas e Médias da Rádio Vaticano para a Europa e a América, migrou, principalmente, para a internet. As transmissões, no entanto, haviam sido mantidas para a África, Ásia e Oriente Médio.

Este ano, porém, decidiu-se encerrar completamente o serviço, fazendo a aposta nas novas tecnologias digitais para chegar aos ouvintes africanos e asiáticos.

“Mesmo reconhecendo que os serviços da Rádio Vaticano podem ser recebidos pela internet – afirma a carta dos bispos – o fato é que muito africanos simplesmente não dispõe dos meios e das tecnologias para usufruir de tais serviços”.

O Comitê Permanente do SECAM “expressa o seu profundo reconhecimento e apreço pelo papel desempenhado pela Rádio Vaticano durante vários decênios em prol da evangelização da África, na catequese e no desenvolvimento espiritual do continente africano”.

“A Rádio Vaticano sempre foi uma fonte confiável de notícias sobre a Igreja universal e um canal rápido para compartilhar notícias sobre a África com o resto do mundo”, reconhece o SECAM.

(FIDES/JE)

 

 

 

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Vigário Apostólico de Aleppo: “Obrigado, Santidade! Não nos sentimos abandonados”

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Damasco (RV) –  “Não nos sentimos sozinhos, não nos sentimos abandonados, mas sabemos ser parte de uma grande família que é a Igreja de Cristo. Isto nos dá coragem e esperança e a força para suportar tantas coisas”.

Estes foram os sentimentos expressos pelo Vigário Apostólico de Aleppo dos Latinos, Dom Georges Abou Khazen, ao comentar a notícia sobre a doação de 100 mil euros feita pelo Papa e a Cúria Romana.

De fato, ao final dos Exercícios Espirituais em Ariccia, proximidades de Roma, o Santo Padre celebrou a Missa pela Síria e anunciou a doação aos pobres de Aleppo do valor, que chegará ao seu destino por meio da Custódia da Terra Santa.

Em entrevista telefônica à Agência SIR, Dom Khazen afirmou não ver a hora de dar a notícia aos fiéis que permaneceram na cidade.

“A notícia – disse ele – me foi dada há pouco pelo meu confrade Padre Giulio Michelini, chamado pelo próprio Papa para pregar os Exercícios Espirituais. Foi ideia sua ler durante as refeições algumas páginas do livro do Pároco de Aleppo, Padre Ibrahim Alsabagh, intitulado “Um instante antes do amanhecer”, onde narra as histórias de guerra e de esperança em  Aleppo”.

“O Santo Padre – ressaltou Dom Khazen – sempre foi próximo à Síria e acompanha de perto o que acontece aqui. Os seus apelos ao diálogo, à paz e à concórdia são contínuos. Como também a sua oração. Acredito que a situação na Síria esteja pouco a pouco melhorando também pela sua oração. Hoje nos chega este ulterior sinal de proximidade concreta e lhe somos agradecidos”.

O Vigário Apostólico de Aleppo dos Latinos espera que este gesto do Papa Francisco “seja uma mensagem à diplomacia, para que possa encontrar uma solução justa e pacífica para esta guerra que ninguém quer”.

Dom Khazan conta ainda que há alguns dias foi restabelecido o fornecimento de energia elétrica em alguns bairros, esperando que o mesmo aconteça com a água, visto o exército ter retomado o controle da estação hídrica em al-Khafsa. “A situação, no entanto – completa - continua crítica, especialmente no campo humanitário e sanitário. O preço dos remédios aumentos 300%. Tratar-se é muito difícil. Os salários, para quem trabalha, são baixíssimos”.

Diante da surpresa do anúncio da doação, ainda não foi possível determinar com exatidão como será usado o montante. No entanto, o Vigário de Aleppo diz que parte do valor poderia ser usada em projetos para criar empregos. “Se um pai de família consegue trabalhar – observa – e levar para dentro de casa alimentos, não deixará Aleppo. Esperamos que o mais breve possível recomece a reconstrução, que criará tantos empregos”.

Ele lamenta que ainda são muitas as famílias cristãs que deixam a cidade. “Antes da guerra, em Aleppo, viviam 185 mil cristãos de todos os ritos. Uma comunidade muito viva e comprometida também na sociedade. Hoje permaneceram menos da metade. Os católicos, depois, são pouquíssimos. Alguns permaneceram por princípios, esta é a sua pátria, outros, porque não tinham a possibilidade de emigrar. A minha esperança, é que este gesto do Papa, a proximidade de toda a Igreja, possa motivar tantas de nossas famílias a voltar”.

(JE/SIR)

 

 

 

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Síria: Patriarcado sírio-ortodoxo criará universidade em Hassakè

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Damasco (RV) - O Conselho dos Ministros da República árabe da Síria, confirmou definitivamente na terça-feira (7/3) o decreto que concede ao Patriarcado sírio-ortodoxo de Antioquia, a permissão para a construção de uma Universidade privada, a Akhtal Private International University, em Qamishli, Província de Hassakè.

A Universidade - que levará o nome do poeta árabe-cristão sírio-ortodoxo Akhtal al Kabir, pertencente à tribo mesopotâmica dos Taghli, e que viveu entre os séculos VII e VIII – terá uma sucursal no povoado de Maarat Saidnaya, onde está o Mosteiro de Santo Efrém, sede do Patriarcado sírio-ortodoxo.

O Patriarcado expressou alegria e gratidão pela concessão definitiva da licença para construir a Universidade, cujo pedido havia sido submetido às autoridades sírias antes do início do conflito que martiriza o país, pelo então Patriarca Mor Ignatius Zakka I Iwas, falecido em 21 março de 2014.

Os trágicos acontecimentos dos últimos anos haviam interrompido os procedimentos para a realização do projeto, que agora recomeça, colocando-se como uma contribuição à reconstrução do país devastado pela guerra.

O Patriarcado sírio-ortodoxo, por meio de seus canais oficiais, explica ter escolhido a Província de Hassakè como sede da futura universidade, para favorecer o desenvolvimento cultural, social e econômico daquela região e para oferecer às jovens gerações daquela área a possibilidade de adquirir uma formação profissional qualificada, alargando suas possibilidades para encontrar trabalhos decentes e para contrastar, também por este caminho, a fuga de jovens da Síria.

Oportunidade de qualificação acadêmica e profissional – referem as fontes do Patriarcado à Agência Fides – serão reservadas também a jovens pertencentes às faixas sociais mais vulneráveis e mais atingidas pelos efeitos da guerra, para abrir também a eles novas perspectivas de resgate social.

(FIDES/JE)

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Bangladesh: Casamento Infantil

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Cidade do Vaticano (RV) - Representantes da Igreja Católica local condenaram a lei que acabou de ser aprovada em Bangladesh que permite, e incentiva, em alguns casos, o casamento de menores. Essa medida provocou fortes protestos das organizações de Direitos Humanos, aos quais se associou a Comissão Justiça e Paz da Conferência Episcopal. Para Dom Gervas Rozario, Bispo de Rajshahi, o parlamento cometeu um grave erro ao aprovar o casamento infantil.

O Parlamento ainda introduziu situações especiais para o matrimônio precoce, que permite casamentos de mulheres menores de idade em casos específicos, por exemplo, gravidez acidental ou ilegal, que salvariam a honra da jovem. Ao contrario do que se esperava com essa medida, a mesma poderá aumentar o número de casamento infantil no país.

Uma das preocupações  das  Organizações dos Direitos Humanos é com a  clausula que legaliza os casamentos para reparar a gravidez resultado de violência sexual. O Bispo de Rajshahi, acredita que agora haverá muitos tutores aproveitando para organizar o casamento entre menores. “A policia e os ativistas nada poderão fazer para impedi-los.”

A regra geral determina que a idade legal para o casamento é de 21 anos para homens e 18 para mulheres. Bangladesh é o país asiático com a maior taxa de casamento infantil, segundo os dados oficiais. A pobreza e a tradição cultural são os principais fatores que levam as famílias a organizarem casamentos de meninas em idade precoce.

Os dados oficiais também apontam que, 52% das noivas tem menos de 18 anos de idade, e 18% menos de 15 anos. Segundo Ayesha Khanom, Presidente da organização  de Bangladesh Mahila Parishad, a nova lei é uma vergonha e uma desgraça para todos. (MD)   

 

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Formação



As Filhas de São Camilo e o Ano da Misericórdia

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Cidade do Vaticano (RV) - A Postuladora Geral da Congregação das Filhas de São Camilo, Irmã Bernadete Rossoni, durante sua visita à nossa emissora conversou conosco sobre o Ano da Misericórdia em seu instituto, que segue o carisma de São Camilo de Lellis, na dedicação aos enfermos. 

Os fundadores da Congregação das Filhas de São Camilo são os Beatos Padre Luiz Tezza e Madre Josefina Vannini.

O instituto completou, em 2 de fevereiro passado, 125 anos de fundação. Natural de Pérola D’Oeste, no Paraná, Ir. Bernadete vive há 24 anos em Grottaferrata, na Itália.

Eis o que disse a propósito do Ano da Misericórdia.

(MJ)

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Piquiá de Baixo: as parcerias e o apego à terra nativa

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Cidade do Vaticano (RV) - Imaginem se fossem instalados 66 fornos de carvão vegetal para alimentar 5 siderúrgicas, bem ao lado de sua casa. Foi o que aconteceu, há alguns anos, no bairro de Piquiá de Baixo, em Açailândia, estado do Maranhão. As 300 famílias moradoras começaram a conviver em meio à fumaça tóxica, resíduos minerais, poluição sonora e poeira. Dificuldade para respirar, ardência nos olhos, problemas na pele e na saúde em geral passaram a fazer parte de seu cotidiano.   

A moradora Joselma Alves de Oliveira, uma das lideranças da comunidade na batalha para a sua sobrevivência saudável, trouxe o caso até a Europa. Depois de apresentá-lo nas Nações Unidas, em Genebra, e no Instituto de Tumores de Milão, ela esteve no Vaticano e prossegue o seu relato. Ouça: 

“No Brasil, a nossa comunidade é uma das primeiras a fazer este processo de luta. Não sabemos como fazer nada, tivemos que aprender tudo. Precisamos de muitos parceiros para nos ajudar. A nossa luta iniciou assim, com 21 famílias. Tinha uma guseira que ficava bem próximo de suas casas. Elas se mobilizaram para entrar na justiça contra uma destas empresas, que ficava bem perto (10 metros, 30 metros). Elas chegaram e se colocaram atrás da gente e começaram a poluir. Estas 21 famílias olharam e ‘isto não tá certo, vamos nos mobilizar’. Entraram com a ação contra a empresa e depois viram que não eram só 21 famílias, era o bairro todo. Assim começou a Associação de Moradores de Piquiá de Baixo, na figura de nosso Presidente, Sr. Edgar Cardeal, que acabou de ser reeleito no final de fevereiro”.

“Assim começou todo este processo, começaram a se organizar. Procuraram o Centro de Defesa de Direitos Humanos de Açailândia, a paróquia Santa Luzia, os combonianos... E com o passar do tempo, fomos achando mais parceiros: Igreja e Mineração, Justiça nos trilhos, Justiça global... pessoas que nos apoiam e nos auxiliam para aprendermos a se organizar melhor como comunidade. Nunca tomam decisões por nós, mas nos orientam. As decisões são sempre da comunidade. Eles nos apoiam com meios para poder realizar as atividades. A luta é da comunidade, mas com muitos parceiros a quem a nossa comunidade só tem a agradecer: a Igreja, as entidades, todos os que têm interesse pela nossa história, pela nossa luta”.

O governo não tem interesse em ajudar a comunidade, em fazer com que as pessoas tenham laudos médicos. A empresa é mais importante, então orientam os médicos a não dar laudos, a não falar ‘você está doente por causa da poluição... é difícil conseguir provas, documentos para poder fortalecer a nossa luta”.

“Temos que lutar não só por uma moradia melhor, mas também por recompensações porque se você tem sua casa, seu modo de vida, sua cultura, depois de muitos anos no mesmo lugar, na mesma comunidade... Hoje, tenho muita vontade de sair do Piquiá, mas tem horas que paro e penso: ‘e quando eu sair daqui?’. Eu nasci neste local! Então, é toda uma história, um vínculo... de uma certa forma, queremos se reassentados porque não consegue viver mais lá, mas também tenho um certo amor por esta localidade... é complicado... mas é assim...”.  

(CM)

 

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