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Sumario del 21/03/2017

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Papa e Santa Sé



Papa na missa: "Confessionário não é lavanderia onde tirar manchas"

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Cidade do Vaticano (RV) - “Ser perdoados e perdoar: um mistério difícil de entender. É preciso oração, arrependimento e vergonha”. A afirmação é do Papa, na homilia da missa da manhã de terça-feira (21/03) na Casa Santa Marta. O Pontífice reiterou a importância de estar consciente da maravilha que Deus realiza conosco com a sua misericórdia, e de exercê-la depois, com os outros. 

O perdão é um mistério difícil de se entender

O primeiro passo para “penetrar neste mistério”, a grande “obra de misericórdia de Deus”, é envergonhar-se dos próprios pecados, uma graça que não podemos obter sozinhos. O povo de Deus, triste e humilhado por suas culpas, é capaz de senti-la, enquanto o protagonista do Evangelho do dia não consegue fazê-lo. É o servo que o patrão perdoa apesar de suas grandes dívidas, mas que por sua vez, é incapaz de perdoar seus devedores. “Ele não entendeu o mistério do perdão”, destacou Francisco, falando da realidade de hoje:

“Se eu pergunto: ‘Vocês são todos pecadores?’ – ‘Sim, padre, todos’ – ‘E para receber o perdão dos pecados?’- ‘Nos confessamos’ – ‘E como você se confessa?’- ‘Vou, digo meus pecados, o padre me perdoa, me dá três Ave Marias para rezar e vou embora em paz’.

“Você não entendeu! Fazendo assim, você foi ao confessionário fazer uma operação bancária ou um processo burocrático. Não foi lá envergonhado pelo que fez. Viu algumas manchas em sua consciência e errou, porque pensou que o confessionário fosse uma lavanderia para limpar as manchas. Você foi incapaz de envergonhar-se por seus pecados”. 

Maravilha deve entrar na consciência

Assim, o perdão recebido de Deus, a “maravilha que fez em seu coração” – prossegue o Papa – deve poder “entrar na consciência”, caso contrário, “você sai, encontra um amigo, uma amiga e começa e falar pelas costas de alguém, e continua a pecar”. “Eu posso perdoar, somente se me sinto perdoado”:

“Se você não tem consciência de ser perdoado, nunca poderá perdoar, nunca. Sempre existe aquele comportamento de querer acertar as contas com os outros. O perdão é total. Mas somente se pode dar quando eu sinto o meu pecado, me envergonho, tenho vergonha e peço o perdão a Deus e me sinto perdoado pelo Pai e assim posso perdoar. Caso contrário, não se pode perdoar, somos incapazes disto. Por esta razão o perdão é um mistério”.

O servo, o protagonista do Evangelho – diz o Papa – tem a sensação de “ter conseguido”, ter sido “esperto”; mas pelo contrário, não entendeu a generosidade do patrão. É aquela que o Papa define como “a hipocrisia de roubar um perdão, um perdão fingido”:

"Peçamos hoje ao Senhor a graça de entender este “setenta vezes sete”. Peçamos a graça da vergonha diante de Deus. E’ uma grande graça! Envergonhar-se dos próprios pecados e assim receber o perdão e a graça da generosidade de dá-lo aos outros, porque se o Senhor me perdoou tanto, quem sou eu para não perdoar?”.

(CM/JE)

 

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Papa aos jovens: conectar-se com Maria para transformar o mundo

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Cidade do Vaticano (RV) – “O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas”: este é o tema da Mensagem do Papa Francisco aos jovens de todo o mundo, em preparação à 32ª Jornada Mundial da Juventude (JMJ) em nível diocesano a ser celebrado no Domingo de Ramos, 9 de abril.

Este ano, para favorecer um difusão mais ampla da Mensagem, o Pontífice decidiu apresentá-la aos jovens com um vídeo, em que os convida a empreender o caminho de preparação espiritual que os conduzirá à próxima JMJ no Panamá, de 22 a 27 de janeiro de 2019.

Neste caminho, a guia é Nossa Senhora, que diz no Magnificat: “O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas”. “Maria sabe dar graças a Deus e reconhece as grandes obras em Ele realiza em sua vida”, disse o Papa, acrescentando que Maria não fica fechada em si mesma, mas vai ao encontro de sua prima Isabel porque não é uma “jovem-sofá” que quer ficar em casa sem ser perturbada. “Ela é movida pela fé, porque a fé é o coração de toda a história de nossa Mãe”.

Seja na mensagem, seja no vídeo, Francisco recorda que a Igreja e a sociedade precisam dos jovens para que, com sua coragem, sonhos e ideais, abatam os muros da imobilidade e se abram caminhos que levem a um mundo melhor, mais justo, menos cruel e mais humano.

O Papa convida os jovens a cultivarem uma relação de familiaridade e de amizade com a Virgem Maria: “Falem com Ela assim como falam a uma Mãe. Ela os ouve, os abraça, os quer bem e caminha com vocês”. E utiliza expressões e terminologias próprias da juventude, como estar conectado, flashmob, redes sociais, reality show, para pedir aos jovens que sejam protagonistas de sua história e de seu futuro.

O Pontífice conclui a mensagem convidando os jovens a se recordarem de dois aniversários importantes em 2017: os trezentos anos da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil e o centenário das aparições de Fátima, em Portugal.

Para um comentário sobre a mensagem do Papa Francisco, ouça o Pe. João Chagas, Responsável pelo Setor de Juventude do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida: 

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Mensagem do Papa para a XXXII JMJ 2017 - Texto integral

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Cidade do Vaticano (RV) – Foi divulgada esta terça-feira a mensagem do Papa Francisco para a XXXII Jornada Mundial da Juventude 2017, que serà celebrada à nivel diocesano em 9 de abril de 2017, Domingo de Ramos, com o tìtulo “O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas" (Lc 1, 49)”.  Eis a ìntegra da mensagem:

XXXII Giornata Mondiale della Gioventù 2017, che si celebrerà a livello diocesano il 9 aprile 2017, Domenica delle Palme, sul tema: «Grandi cose ha fatto per me l’Onnipotente» (Lc 1,49).

"Queridos jovens!

Eis-nos de novo em caminho, depois do nosso encontro maravilhoso em Cracóvia, onde celebramos juntos a XXXI Jornada Mundial da Juventude e o Jubileu dos Jovens, no contexto do Ano Santo da Misericórdia. Deixamo-nos guiar por São João Paulo II e Santa Faustina Kowalska, apóstolos da misericórdia divina, para dar uma resposta concreta aos desafios do nosso tempo. Vivemos uma intensa experiência de fraternidade e alegria, e demos ao mundo um sinal de esperança; as bandeiras e as línguas diferentes não eram motivo de discórdia e divisão, mas ocasião para abrir as portas dos corações, para construir pontes.

No final da JMJ de Cracóvia, indiquei o próximo destino da nossa peregrinação que, com a ajuda de Deus, nos levará ao Panamá em 2019. Neste caminho, acompanhar-nos-á a Virgem Maria, Aquela que todas as gerações chamam bem-aventurada (cf. Lc 1, 48). O novo trecho do nosso itinerário liga-se ao anterior, que estava centrado nas Bem-aventuranças, mas impele-nos a avançar. Na realidade, tenho a peito que vós, jovens, possais caminhar, não só fazendo memória do passado, mas tendo também coragem no presente e esperança no futuro. Estas atitudes, sempre vivas na jovem Mulher de Nazaré, aparecem claramente expressas nos temas escolhidos para as próximas três JMJ. Neste ano (2017), refletiremos sobre a fé de Maria, quando disse no Magnificat: «O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas» (Lc 1, 49). O tema do próximo ano (2018) – «Maria, não temas, pois achaste graça diante de Deus» (Lc 1, 30) – far-nos-á meditar sobre a caridade, cheia de coragem, com que a Virgem acolheu o anúncio do anjo. A JMJ de 2019 inspirar-se-á nas palavras «Eis a serva do Senhor, faça-se em Mim segundo a tua palavra» (Lc 1, 38), a resposta de Maria ao anjo, cheia de esperança.

Em outubro de 2018, a Igreja celebrará o Sínodo dos Bispos sobre o tema: Os jovens, a fé e o discernimento vocacional. Interrogar-nos-emos sobre o modo como vós, jovens, viveis a experiência da fé no meio dos desafios do nosso tempo. E abordaremos também a questão das possibilidades que tendes de maturar um projeto de vida, discernindo a vossa vocação – entendida em toda a sua amplitude de destinação – ao matrimónio, no âmbito laical e profissional, ou então à vida consagrada e ao sacerdócio. Desejo que haja uma grande sintonia entre o percurso para a JMJ do Panamá e o caminho sinodal.

O nosso tempo não precisa de «jovens-sofá»

Segundo o Evangelho de Lucas, Maria, depois de ter acolhido o anúncio do anjo respondendo «sim» à vocação de Se tornar mãe do Salvador, levanta-Se e vai, apressadamente, visitar a prima Isabel, que está no sexto mês de gravidez (cf. 1, 36.39). Maria é muito jovem; aquilo que Lhe foi anunciado é um dom imenso, mas inclui também desafios muito grandes; o Senhor garantiu-Lhe a sua presença e o seu apoio, mas há ainda muitas coisas obscuras na sua mente e no seu coração. No entanto, Maria não Se fecha em casa, não Se deixa paralisar pelo medo ou o orgulho. Maria não é daquelas pessoas que, para estar bem, precisam dum bom sofá onde ficar cómodas e seguras. Não é uma jovem-sofá! (cf. Discurso na Vigília, Cracóvia, 30/VII/2016). Vendo que servia uma mão à sua prima idosa, Ela não perde tempo e põe-Se imediatamente a caminho.

Longo é o percurso para chegar a casa de Isabel: cerca de 150 quilómetros. Mas a jovem de Nazaré, impelida pelo Espírito Santo, não conhece obstáculos. Certamente as jornadas de viagem ajudaram-Na a meditar sobre o acontecimento maravilhoso em que estava envolvida. O mesmo sucede connosco, quando fazemos uma peregrinação: ao longo da estrada, voltam-nos à mente os factos da vida, e podemos maturar o seu sentido e aprofundar a nossa vocação, descoberta em seguida no encontro com Deus e no serviço dos outros.

O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas

O encontro entre as duas mulheres, a jovem e a idosa, é repleto da presença do Espírito Santo e cheio de alegria e maravilha (cf. Lc 1, 40-45). As duas mães, bem como os filhos que trazem no ventre, quase dançam de felicidade. Isabel, impressionada pela fé de Maria, exclama: «Feliz de Ti que acreditaste, porque se vai cumprir tudo o que Te foi dito da parte do Senhor» (Lc 1, 45). Sim, um dos grandes dons recebidos pela Virgem foi o dom da fé. Acreditar em Deus é um dom inestimável, mas requer também ser acolhido; e, por isso, Isabel bendiz Maria. Ela, por sua vez, responde com o cântico do Magnificat (cf. Lc 1, 46-55), onde encontramos a frase: «O Todo-poderoso fez em Mim maravilhas» (Lc 1, 49).

Podemos definir revolucionária esta oração de Maria: o cântico duma jovem cheia de fé, consciente dos seus limites mas confiante na misericórdia divina. Esta mulher corajosa dá graças a Deus, porque olhou para a sua pequenez e também pela obra de salvação que realizou no povo, nos pobres e nos humildes. A fé é o coração de toda a história de Maria. O seu cântico ajuda-nos a compreender a misericórdia do Senhor como motor da história, tanto a história pessoal de cada um de nós como a da humanidade inteira.

Quando Deus toca o coração dum jovem, duma jovem, estes tornam-se capazes de ações verdadeiramente grandiosas. As «maravilhas» que o Todo-poderoso fez na existência de Maria falam-nos também da viagem da nossa vida, que não é um vagar sem sentido, mas uma peregrinação que, não obstante todas as suas incertezas e tribulações, pode encontrar em Deus a sua plenitude (cf. Angelus, 15/VIII/2015). Dir-me-eis: «Mas, padre, eu sou muito limitado, sou pecador; que posso fazer?» Quando o Senhor nos chama, não Se detém naquilo que somos ou no que fizemos. Pelo contrário, no momento em que nos chama, Ele está a ver tudo aquilo que poderemos fazer, todo o amor que somos capazes de desencadear. Como a jovem Maria, podeis fazer com que a vossa vida se torne instrumento para melhorar o mundo. Jesus chama-vos a deixar a vossa marca na vida, uma marca que determine a história, a vossa história e a história de muitos (cf. Discurso na Vigília, Cracóvia, 30/VII/2016).

Ser jovem não significa estar desconectado do passado

Maria ultrapassou há pouco a adolescência, como muitos de vós. E todavia, no Magnificat, dá voz ao louvor do seu povo, da sua história. Isto mostra-nos que ser jovem não significa estar desconectado do passado. A nossa história pessoal insere-se numa longa esteira, no caminho comunitário dos séculos que nos precederam. Como Maria, pertencemos a um povo. E a história da Igreja ensina-nos que, mesmo quando ela tem de atravessar mares borrascosos, a mão de Deus guia-a, fá-la superar momentos difíceis. A verdadeira experiência de Igreja não é como um flashmob em que se marca um encontro, faz-se uma representação e depois cada um continua pelo seu caminho. A Igreja traz consigo uma longa tradição, que se transmite de geração em geração, enriquecendo-se ao mesmo tempo com a experiência de cada indivíduo. Também a vossa história encontra o seu lugar dentro da história da Igreja.

Fazer memória do passado é útil também para acolher as intervenções inéditas que Deus quer realizar em nós e através de nós. E ajuda a abrir-nos para sermos escolhidos como seus instrumentos, colaboradores dos seus projetos salvíficos. Também vós, jovens, podereis fazer maravilhas, assumir responsabilidades enormes, se reconhecerdes a ação misericordiosa e omnipotente de Deus na vossa vida.

Deixai-me pôr-vos algumas perguntas: Como é que «salvais» na vossa memória os acontecimentos, as experiências da vossa vida? Que fazeis com os factos e as imagens gravadas nas vossas recordações? A alguns, particularmente feridos pelas circunstâncias da vida, poderia vir a vontade de «resetar» o seu passado, valer-se do direito ao esquecimento. Mas queria lembrar-vos que não há santo sem passado, nem pecador sem futuro. A pérola nasce duma ferida da ostra! Com o seu amor, Jesus pode curar os nossos corações, transformando as nossas feridas em verdadeiras pérolas. O Senhor, como dizia São Paulo, pode manifestar a sua força através das nossas fraquezas (cf. 2 Cor 12, 9).

Mas as nossas recordações não devem ficar todas comprimidas, como na memória dum disco rígido. Nem é possível arquivar tudo numa «nuvem» virtual. É preciso aprender a fazer com que os factos do passado se tornem realidade dinâmica, refletindo sobre ela e dela tirando lições e sentido para o nosso presente e futuro. Tarefa difícil, mas necessária, é descobrir o fio condutor do amor de Deus que une toda a nossa existência.

Muitos dizem que vós, jovens, sois desmemoriados e superficiais. Não concordo de maneira alguma! Mas é preciso reconhecer que, nestes nossos tempos, há necessidade de recuperar a capacidade de refletir sobre a própria vida e projetá-la para o futuro. Ter um passado não é o mesmo que ter uma história. Na nossa vida, podemos ter tantas recordações, mas delas… quantas constroem verdadeiramente a nossa memória? Quantas são significativas para os nossos corações e ajudam a dar um sentido à nossa existência? Os rostos dos jovens, nas «redes sociais», aparecem em muitas fotografias que contam acontecimentos mais ou menos reais, mas de tudo isso não sabemos quanto seja «história», experiência que possa ser narrada, dotada duma finalidade e dum sentido. Os programas na TV estão cheios dos chamados «reality show», mas não são histórias reais; são apenas minutos que transcorrem diante duma telecámera, nos quais os personagens passam o dia, sem um projeto. Não vos deixeis transviar por esta falsa imagem da realidade! Sede protagonistas da vossa história, decidi o vosso futuro!

Como permanecer conectado, seguindo o exemplo de Maria

Diz-se, de Maria, que guardava todas as coisas, meditando-as no seu coração (cf. Lc 2, 19.51). Com o seu exemplo, esta jovem simples de Nazaré ensina-nos a conservar a memória dos acontecimentos da vida, mas também a encaixá-los reconstruindo a unidade dos fragmentos que possam, juntos, compor um mosaico. Como podemos exercitar-nos concretamente neste sentido? Dou-vos algumas sugestões.

No fim de cada dia, podemos deter-nos alguns minutos a lembrar os momentos belos, os desafios, o que correu bem e o que correu mal. Assim, diante de Deus e de nós mesmos, podemos manifestar os sentimentos de gratidão, arrependimento e entrega, inclusivamente – se quiserdes – anotando-os num caderno, uma espécie de diário espiritual. Isto significa rezar na vida, com a vida e sobre a vida, e ajudar-vos-á certamente a perceber melhor as maravilhas que o Senhor faz em favor de cada um de vós. Como dizia Santo Agostinho, podemos encontrar Deus nos vastos campos da nossa memória (cf. Confissões, Livro X, 8, 12).

Ao ler o Magnificat, damo-nos conta do grande conhecimento que Maria tinha da Palavra de Deus. Cada versículo deste cântico tem um texto paralelo no Antigo Testamento. A jovem mãe de Jesus conhecia bem as orações do seu povo. Certamente foram os seus pais, os seus avós que Lhas ensinaram. Como é importante a transmissão da fé duma geração à outra! Há um tesouro escondido nas orações que nos ensinam os nossos antepassados, naquela espiritualidade vivida na cultura dos simples a que chamamos piedade popular. Maria reúne o património de fé do seu povo e recompõe-no num cântico todo seu, mas que é ao mesmo tempo cântico da Igreja inteira. E toda a Igreja o canta com Ela. Para que também vós, jovens, possais cantar um Magnificat todo vosso e fazer da vossa vida um dom para a humanidade inteira, é fundamental que vos unais à tradição histórica e à oração daqueles que vos precederam. Daí a importância de conhecer bem a Bíblia, a Palavra de Deus, de a ler diariamente confrontando a vossa vida com ela, lendo os acontecimentos diários à luz daquilo que o Senhor vos diz nas Sagradas Escrituras. Na oração e na leitura orante da Bíblia (a chamada lectio divina), Jesus abrasará os vossos corações, iluminará os vossos passos, mesmo nos momentos sombrios da vossa existência (cf. Lc 24, 13-35).

Maria ensina-nos também a viver numa atitude eucarística, ou seja, a dar graças, a cultivar o louvor, a não fixar-nos apenas nos problemas e dificuldades. Na dinâmica da vida, as súplicas de hoje tornar-se-ão motivos de agradecimento amanhã. Assim, a vossa participação na Santa Missa e os momentos em que celebrardes o sacramento da Reconciliação serão, simultaneamente, ápice e ponto de partida: as vossas vidas renovar-se-ão cada dia no perdão, tornando-se louvor perene ao Todo-poderoso. «Fiai-vos na recordação de Deus: a sua memória (…) é um coração terno e rico de compaixão, que se alegra em eliminar definitivamente todos os nossos vestígios de mal» (Homilia na Missa da JMJ, Cracóvia, 31/VII/2016).

Vimos que o Magnificat brota do coração de Maria no momento em que encontra a sua prima idosa Isabel. Esta, com a sua fé, o seu olhar perspicaz e as suas palavras, ajuda a Virgem a compreender melhor a grandeza da ação de Deus n’Ela, da missão que Lhe foi confiada. E vós, estais cientes da fonte extraordinária de riqueza que é o encontro entre os jovens e os idosos? Quanta importância dais aos idosos, aos vossos avós? Aspirais, justamente, a «levantar voo», levais no coração muitos sonhos, mas precisais da sabedoria e da visão dos idosos. Ao mesmo tempo que abris as asas ao vento, é importante descobrirdes as vossas raízes e recolherdes o testemunho das pessoas que vos precederam. Para construir um futuro que tenha sentido, é preciso conhecer os acontecimentos passados e tomar posição sobre eles (cf. Exort. ap. pós-sinodal Amoris laetitia, 191.193). Vós, jovens, tendes a força; os idosos têm a memória e a sabedoria. Como Maria com Isabel, ponde os vossos olhos nos idosos, nos vossos avós. Dir-vos-ão coisas que apaixonarão a vossa mente e comoverão o vosso coração.

Fidelidade criativa para construir tempos novos

É verdade que ainda poucos anos passaram por vós e, por isso, podeis sentir dificuldade em dar o devido valor à tradição. Fixai bem que isto não significa ser tradicionalistas. Não! Quando Maria diz, no Evangelho, «o Todo-poderoso fez em Mim maravilhas», Ela entende que aquelas «maravilhas» não acabaram, mas continuam a realizar-se no presente. Não se trata dum passado remoto. Saber fazer memória do passado não significa ser nostálgicos ou ficar presos a um período determinado da história, mas saber reconhecer as próprias origens, para voltar sempre ao essencial e lançar-se com fidelidade criativa na construção de tempos novos. Seria um mal e não beneficiaria ninguém cultivar uma memória paralisante, que levasse a fazer sempre as mesmas coisas da mesma maneira. É um dom do céu poder ver que muitos de vós, com as vossas dúvidas, sonhos e perguntas, vos opondes àqueles que dizem que as coisas não podem ser diferentes.

Uma sociedade que valoriza apenas o presente, tende também a desvalorizar tudo aquilo que se herda do passado, como, por exemplo, as instituições do matrimónio, da vida consagrada, da missão sacerdotal. Estas acabam por ser vistas como sem sentido, como formas ultrapassadas. Pensa-se viver melhor em situações chamadas «abertas», comportando-se na vida como num reality show, sem propósito nem finalidade. Não vos deixeis enganar! Deus veio ampliar os horizontes da nossa vida, em todas as direções. Ele ajuda-nos a dar o devido valor ao passado, para melhor projetar um futuro de felicidade: mas isto só é possível, se se viverem experiências autênticas de amor, que se concretizam na descoberta da vocação do Senhor e na adesão a ela. E isto é a única coisa que nos torna verdadeiramente felizes.

Queridos jovens, confio o nosso caminho rumo ao Panamá, bem como o itinerário de preparação do próximo Sínodo dos Bispos, à materna intercessão da Virgem Maria. Convido-vos a recordar dois aniversários importantes em 2017: os trezentos anos do achado da imagem de Nossa Senhora Aparecida, no Brasil; e o centenário das aparições de Fátima, em Portugal, onde, com a ajuda de Deus, irei em peregrinação no próximo mês de maio. São Martinho de Porres, um dos Santos padroeiros da América Latina e da JMJ 2019, tinha o costume, no seu serviço humilde de cada dia, de oferecer as flores melhores a Maria como sinal do seu amor filial. Cultivai também vós, como ele, uma relação de confidência e amizade com Nossa Senhora, confiando-Lhe as vossas alegrias, problemas e preocupações. Garanto-vos que não vos arrependereis!

A jovem de Nazaré, que em todo o mundo assumiu mil rostos e nomes para Se tornar vizinha aos seus filhos, interceda por cada um de nós e nos ajude a cantar as maravilhas que o Senhor realiza em nós e através de nós.

Vaticano,

                                                                                                     FRANCISCO

 

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Papa em Milão no sábado: aplicativo e transmissão ao vivo para seguidores

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Cidade do Vaticano (RV) – A visita pastoral do Papa a Milão, no próximo sábado, 25 de março, poderá ser acompanhada por moradores locais, mas também pelos seguidores da mídia digital. Além da transmissão via streaming pela televisão católica italiana através do site www.tv2000.it, um aplicativo oficial já está disponível para celulares de sistema Android e Apple, permitindo o acesso às principais atividades do Pontífice direto do smartphone ou tablet. Não há previsão de transmissão em português pela Rádio Vaticano. 

Uma das funcionalidades do aplicativo, chamado “Papa a Milano”, é a inscrição online para participar da missa campal que será realizada no Parque de Monza, cidade distante 15 quilômetros de Milão, onde são esperados quase um milhão de fiéis. A inscrição também pode ser feita pelo site oficial da visita pastoral: www.papamilano2017.it.

Silvia Landra e Pe. Gianni Zappa, respectivamente presidente e assistente eclesiástico da Ação Católica, divulgam uma mensagem dirigida aos associados da entidade e à Igreja de Milão: “daqui a poucos dias o Papa Francisco estará fisicamente entre nós. Como leigos cristãos que vivem na Ação Católica a paixão pela Igreja, sentimos que há uma grande e contagiante beleza nesse evento”.

Como aconteceu em 2012, por ocasião da visita de Bento XVI, também desta vez “sentimos de ser reconduzidos à universalidade de um abraço que nos lembra a missão discreta e enorme da Igreja no mundo, chamada a ir ‘até os extremos confins da terra’”. O Papa, ainda afirma a mensagem, “entra na cidade atravessando sobretudo uma periferia, viva e forte, mas desafiadora para quem nela mora; vai comer com os detentos na prisão, falar ao povo e aos seus guias, celebrar a Eucaristia e, enfim, encontrar as crianças. Oferece, assim, uma indicação explícita sobre os tesouros que devemos descobrir e incentivar no território e na Igreja diocesana”. (AC)  

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Os Papas e Portugal, uma relação que vem de longe

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Lisboa (RV) – Com a viagem a Fátima nos dias 12 e 13 de maio, Francisco será o quarto Pontífice a visitar Portugal, depois de Paulo VI (1967), João Paulo II (1982, 1991 e 2000) e Bento XVI (2010).

Pio XI

A relação dos Papas com o Santuário português teve início em 1929, com a bênção de Pio XI a uma imagem de Nossa Senhora do Rosário de Fátima para a capela do Pontifício Colégio Português de Roma.

Pio XII

No pontificado seguinte, Pio XII assumiu Fátima como um acontecimento de toda a Igreja e em 31 de outubro de 1942, consagrou o mundo ao Imaculado Coração de Maria, em plena II Guerra Mundial; o Santuário assinala, ainda hoje, o encerramento do Ano Santo em 13 de outubro de 1951.

João XXIII

São João XXIII visitou Fátima no dia 13 de maio de 1956, quando era Patriarca de Veneza. As viagens internacionais dos Papas modernos são uma novidade que remonta à segunda metade do século XX, com o pontificado de Paulo VI (1897-1978).

Portugal entraria na rota das visitas apostólicas logo na quinta viagem deste Pontífice italiano, em 13 de maio de 1967, por ocasião do 50º aniversário das aparições marianas, reconhecidas pela Igreja Católica, na Cova da Iria.

Paulo VI

Paulo VI quis ir pessoalmente a Fátima como peregrino, em 13 de maio de 1967, ficando alojado na então Diocese de Leiria (hoje Leiria-Fátima). Além da homilia na missa de 13 de maio, no 50º aniversário das Aparições, Paulo VI teve outros seis pronunciamentos.

João Paulo I

João Paulo I esteve em Portugal como Patriarca de Veneza em julho de 1977, passando por Fátima e encontrando-se com a Irmã Lúcia.

João Paulo II

São João Paulo II, que em 13 de maio de 1981 tinha sido ferido a tiros em atentado na Praça de São Pedro, foi à Cova da Iria um ano depois, agradecer a intercessão de Nossa Senhora de Fátima para sua recuperação.

Passou ainda por Lisboa, Vila Viçosa, Coimbra, Braga e Porto, ao longo de quatro dias (12-15 de maio), proferindo um total de 22 pronunciamentos.
O Papa polonês voltou a Portugal nove anos depois: em 10 maio de 1991, João Paulo II celebrou missa no Estádio do Restelo e viajou depois para Açores e Madeira, antes de deter-se no Santuário de Fátima nos dias 12 e 13 maio.

Durante quatro dias, São João Paulo II proferiu 12 intervenções e enviou ainda uma carta, desde a Cova da Iria, aos bispos católicos da Europa, que preparavam uma assembleia especial do Sínodo dos Bispos dedicada ao Velho Continente.

Em 12 e 13 de maio de 2000, já com a saúde debilitada, João Paulo II regressou a Portugal para presidir à beatificação dos pastorzinhos Francisco e Jacinta Marto; proferiu um discurso na chegada, no aeroporto internacional de Lisboa, a homilia na missa de 13 de maio e uma saudação aos doentes reunidos na Cova da Iria.

Na mesma ocasião deu-se o anúncio da publicação da terceira parte do chamado “Segredo de Fátima”.

Bento XVI

Bento XVI visitou Portugal de 11 a 14 de maio de 2010, para assinalar o décimo aniversário da beatificação de Francisco e Jacinta Marto, presidindo às celebrações da peregrinação internacional na Cova da Iria, nos dias 12 e 13 de maio.

Em Lisboa, o Papa alemão reuniu milhares de pessoas numa missa no Terreiro do Paço; já em Porto, nova multidão acorreu à Praça dos Aliados para a celebração eucarística que encerrou uma viagem de quatro dias, com um total de 18 intervenções.

Francisco

Em 2017, é a vez da visita do Papa Francisco a Fátima, para a celebração do Centenário das Aparições, numa viagem centrada exclusivamente na Cova da Iria, onde em 13 de maio de 2013 o então Cardeal-Patriarca de Lisboa, Dom José Policarpo, consagrou o atual Pontificado a Virgem Maria.

(CM-Ecclesia)

 

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Esperam o padre, mas chega o Papa: a surpresa das Irmãs da Caridade

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Cidade do Vaticano (RV) – Quaresma é tempo de exercícios espirituais e as Irmãs da Caridade de Santa Giovanna Antida Thouret em Roma tiveram um pregador inesperado: o Papa Francisco. 

Na tarde do dia 14 de março, as freiras aguardavam a chegada de um sacerdote, mas – improvisamente – viram chegar o Pontífice na Casa Geral, que fica nas proximidades do Circo Máximo, no centro histórico de Roma.

A Congregação divulgou a notícia somente uma semana depois em seu site, onde se lê: “Terça-feira, 14 de março, à tarde tivemos a alegria de acolher entre nós o Papa Francisco. Com ele rezamos e dialogamos. Louvamos ao Senhor e Lhe agradecemos por esta imensa graça que reservou a toda a nossa Congregação”.

O Papa Francisco chegou acompanhado somente do motorista e do sacerdote que efetivamente deveria pregar os Exercícios Espirituais. O encontro durou algumas horas, pois o Pontífice ainda se entreteve com as consagradas perguntando de suas vidas e problemas. O carisma das Irmãs da Caridade é ajudar os pobres. 

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Livro "A melhor arma - A oração segundo Papa Francisco"

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Cidade do Vaticano (RV) - “A verdadeira oração nos tira do egoísmo e nos torna instrumentos de amor que se alegra na doação aos outros. Se rezássemos verdadeiramente, o mundo se incendiaria de amor e mudaria totalmente.”

Essa é a convicção do vigário geral do Papa para a Cidade do Vaticano e arcipreste da Basílica de São Pedro, Cardeal Angelo Comastri, expressa numa conversação radiofônica com Pe. Vito Magno publicada no livro “A melhor arma – A oração segundo Papa Francisco”, pela Livraria Editora Vaticana (LEV).

“A verdadeira oração desdobra-se sempre em obras de caridade”, observa o purpurado que, recordando as palavras de Santa Madre Teresa de Calcutá, ressalta que “a oração purifica o coração e faz ver com outros olhos as pessoas que estão ao nosso lado; e, ao mesmo tempo, acende o amor no coração e impele a amar os outros com o amor de Deus mesmo”.

“A oração nos impulsiona a viver o mandamento do amor”, acrescenta o Cardeal Comastri, evidenciando que é possível identificar alguns efeitos da oração em algumas pessoas.

Se a oração retornasse nas famílias, seriam repletas da luz de Deus”, prossegue o arcipreste da Basílica de São Pedro, observando que “onde Deus está, há paz, alegria e amor. E consequentemente, teremos um mundo diferente”.

Porque “a oração  feita com fé é uma força que impulsiona em direção aos outros, impele a viver o amor para com os irmãos, a inclinar-se aos outros e a socorrê-los por este amor”. (Sir / RL)

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Periferias tornam-se centrais no Pontificado de Francisco

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Cidade do Vaticano (RV) - Domingo passado, 19 de março, teve início o quinto ano de Pontificado do Papa Francisco. Após um intenso 2016, vivido no signo da misericórdia, no próximo sábado, 25 de março, o Santo Padre fará uma visita pastoral a Milão, em 2 de abril a Carpi – ambas no norte da Itália –, em 27 de maio irá Gênova – noroeste da Península.

No âmbito das próximas viagens apostólicas internacionais, em abril irá ao Egito, em maio a Portugal e em setembro à Colômbia. Trata-se de um Pontificado que se perfaz no signo da misericórdia e da atenção aos últimos, passando pelas periferias do mundo.

A propósito, a Rádio Vaticano entrevistou o bispo de Albano, Dom Marcello Semeraro, que é também administrador apostólico da Abadia de Santa Maria de Grottaferrata e secretário do grupo dos 9 cardeais, o C9, formado por Francisco para estudar o projeto de reforma da Cúria Romana:

Dom Marcello Semeraro:- “O tema da periferia o encontramos desde o início na linguagem do Papa Bergoglio, mesmo antes, nas homilias feita em Buenos Aires. O Papa tem muito a peito uma Igreja que sai de si mesma rumo às periferias. Aliás, o Evangelho teve início numa periferia, a Palestina era um canto periférico do grande Império Romano. Portanto, a periferia tem também um valor teológico, além do geográfico e, depois, também antropológico, obviamente, porque o Papa fala de “periferias existenciais”. Diria, então, que não podemos perder de vista o fato de o Evangelho ser periférico, porque parte propriamente de uma periferia. Temos várias periferias, como as periferias da alma: a ausência de luz, a ausência de amizade, a solidão, a angústia e outros medos. Depois, as periferias da existência: temos em nossas mãos a Exortação Amoris laetitia, aí temos as famílias feridas, as relações interrompidas. Ademais, tantas outras situações de dor, as periferias sociais, onde há pessoas que não contam nada e onde as decisões são tomadas em outros lugares.”

RV: O magistério do Papa se caracteriza também por seus gestos de comunicação humana...

Dom Marcello Semeraro:- “Não nos esqueçamos que de certo modo todos os Papas, ao menos aqueles dos quais me recordo, realizaram gestos que tocaram profundamente o nosso ânimo. Mas, em particular, recordaria alguns de Francisco. O gesto com o qual o Papa curvou-se na noite na qual se apresentou no balcão central da Basílica de São Pedro, antes de abençoar, pedindo a oração dos fiéis. E esse gesto do Papa que pede para ser abençoado e que toda vez pede sempre para que rezem por ele, é um gesto de grande simplicidade e humildade. Penso também em suas viagens, que quis começar em lugares de periferia. Penso também no simples fato de morar na Casa Santa Marta. Mediante gestos ordinários da vida, o Papa mostra, sobretudo, ser, ele mesmo, um homem como nós.”

RV: Uma das chaves do Pontificado é a presença da misericórdia na vida cotidiana e na relação com Deus...

Dom Marcello Semeraro:- “Celebramos um Ano inteiro sobre o tema da misericórdia e a misericórdia está no coração do Evangelho. A misericórdia é atrativa, tem força interior porque é o coração do Evangelho, o pilar do Evangelho.”

RV: Os valores da Doutrina social da Igreja mudaram no modo de ser comunicados e defendidos?

Dom Marcello Semeraro:- “Penso que não. Temos uma Encíclica do Papa Francisco que retomou, diria, levou adiante, instâncias que já estavam na Caritas in veritate de Bento XVI. Na Laudato si vemos um alargamento desses valores sociais. É claro, todavia, que o Papa nos recorda que não é desses valores que parte o anúncio do Evangelho, o Evangelho parte do encontro com Cristo.” É daí que depois, consequentemente, vem tudo, como o compromisso público, na Igreja, e todos os outros valores irrenunciáveis que dizem respeito à vida, dignidade do homem, à consciência e liberdade do homem. Mas têm um sentido porque brotam do Evangelho.”

RV: Podemos dizer que os cristãos vivem com Francisco um espécie de novo Concílio?

Dom Marcello Semeraro:- “Diria que sim. A grande herança que o Concílio nos deixou foi a de viver de modo ‘conciliar’. Hoje, usamos muito a palavra “sinodalidade”. Também esta, a meu ver, não significa comprometer-nos a fazer Concílios e Sínodos, mas viver de modo “sinodal’ significa encontrar-nos, começando por escutar-nos reciprocamente. Se falarmos sem antes empenhar-nos na escuta, se falarmos sem ouvir, corremos o risco de dizer palavras inúteis.” (RL / LC)

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Dom Guixot em Doha: "o diálogo é uma necessidade real, não uma escolha"

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Doha (RV) – Para evitar os conflitos e as guerras “o diálogo é uma necessidade real, não uma escolha: não pode existir a paz no mundo sem o diálogo, sobretudo entre os crentes que são, desde longa data, a maioria da humanidade hoje”.  Mesmo porque, “em todas as religiões existe um tesouro de valor que pode contribuir para a construção de um mundo de justiça, de fraternidade e de prosperidade”.

Foi o que afirmou o Bispo Dom Miguel Angel Ayuso Guixot ao representar a Santa Sé na V Conferência internacional do ‘Research center for islamic legislation and ethics’ (CILE), realizada nos dia 18 e 19 março em Doha.

Na capital do Catar, o Secretário do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-religioso pronunciou-se na tarde do sábado sobre o tema do encontro: “Conflito e resistência ética: rumo a uma compreensão crítica da jihad e da “guerra justa””.

 A este propósito, o prelado reiterou a necessidade “de colocar juntos e abraçar os valores” comuns aos “seguidores das religiões em todas as partes do mundo” como “pessoas de boa vontade”, chamadas a estender a mão uns aos outros, em fraternidade e amizade, e a colaborar para o bem comum.

Em particular, o prelado comboniano ressaltou a capacidade que o diálogo tem de criar “uma escola de humanidade” e de se tornar “um instrumento de unidade, contribuindo para a construção de uma sociedade melhor, alicerçada no respeito recíproco”.

Após ter feito menção a diversos pronunciamentos de Pontífices – de João Paulo II a Francisco – e à passagens significativas do Catecismo da Igreja Católica sobre o tema em programa, Dom Ayuso Guixot evidenciou como as “tendências extremistas, independentemente de sua origem”,  colocam-se  “entre as ameaças mais perigosas para a paz e a segurança mundial”.

Porque – explicou – originam “movimentos radicais que introduzem mudanças fundamentais e repentinas, impondo politicas intransigentes e violentas. Estes criam um ambiente em que a aceitação e a compreensão recíproca não podem coexistir”. E isto acaba provocando “animosidade contra as pessoas de ideologias, raças e crenças diferentes”.

Neste sentido, os votos para que cresça “a consciência de que qualquer tipo de guerra é incompatível com a verdadeira ética religiosa”. Isto será possível – assegurou – somente “trabalhando juntos para mudar as percepções equivocadas e promover o diálogo sincero”.

(JE – L’Osservatore Romano)

 

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Igreja no Mundo



Card. Kasper e o longo caminho dos cristãos rumo à unidade

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Roma (RV) - ”A Igreja Católica teria chegado à Reforma mesmo sem Lutero, os tempos estavam maduros naquele período histórico para uma forte renovação”. Palavras de Walter Kasper, Cardeal presbítero da Igreja de Todos os Santos na Appia Antica e Presidente emérito do Pontifício Conselho para a Promoção da Unidade dos Cristãos, durante encontro promovido pela Diocese e pela Igreja valdense de Pinerolo, no âmbito dos 500 anos da Reforma.

A palavra “reforma” foi repetida muitas vezes pelo Cardeal durante o seu longo e articulado discurso. “Dentro da Igreja Católica – recordou - existiram muitos momentos de reforma, o movimento monástico, Francisco de Assis e a reforma de Trento, para citar alguns. E mesmo no tempo de Lutero a Igreja estava se transformando. A ruptura, a divisão que ainda hoje nos diferencia é filha daquele tempo, de um Lutero que não soube esperar o bastante, pois em relação a muitos aspectos, como as indulgencias, se poderia ter chegado a um ponto de encontro: a renovação estava pronta. A ruptura tornou-se depois irremediável quando o Papa foi definido como anticristo. Lutero soube utilizar da melhor forma a opinião publica nascida graças à intervenção da imprensa de Gutenberg”.

O Cardeal Kasper analisou após a evolução do pensamento católico que no século XX ”chegou a reconhecer que o pensamento de Lutero tinha sua dignidade também do ponto de vista religioso. Além do mais, dois importantes acontecimentos deram um impulso a partir da base ao percurso da unidade dos cristãos. Estamos falando das duas Guerras Mundiais: na Primeira, nas trincheiras, encontravam-se protestantes e católicos e pertencentes a outras Confissões, e na Segunda, a ligação entre as varias pertenças se fortaleceram para além das linhas do front, também nos campos de prisioneiros e de extermínio”.

Chegando ao final de seu pronunciamento, o Cardeal reconheceu no Espirito Santo a mão que esta guiando os cristãos no caminho do ecumenismo: “o impulso do Espirito é pela  vergonha e pela divisão: o que temos em comum é mais importante do que aquilo que nos divide”.

O caminho rumo à unidade segundo Kasper, esta sendo realizado, mas certamente não é linear e livre de dificuldades: assemelha-se, antes, a uma estradinha de montanha, estreita, cheia de contornos e privada de proteção a jusante, onde uma armadilha está sempre a espreita. Um exemplo: o sacerdócio universal: “neste momento não nos sentimos no direito de mudar”.

(JE/reforma.it)

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São Bento oferece ainda hoje "válidos pontos de referência para a vida pessoal e comunitária

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Núrcia (RV) – A cruz, o livro e o arado – ou seja, a oração, o estudo e o trabalho – instrumentos por meio dos quais São Bento e os seus filhos transmitiram a civilização cristã às várias populações espalhadas no continente europeu, “expressam a proposta de vida que permitiu a unificação espiritual da Europa centrada na comum orientação à Cristo (a Cruz); a sua unificação cultural a partir do amor à cultura clássica e bíblica (o livro), e por fim, o seu renascimento econômico e social na valorização do trabalho, também manual”.

Palavras do Arcebispo de Espoleto-Núrcia, Dom Renato Boccardo, ao celebrar na Praça de São Bento, em Núrcia,  a missa pontifical por ocasião da Festa de São Bento, Padroeiro da Europa. Tratou-se da primeira celebração dentro dos muros da cidade depois do terremoto de 30 de outubro de 2016.

“A herança beneditina – recordou o arcebispo – não se resume ao quadro histórico, mesmo importante e decisivo para o nascimento da Europa e de suas raízes cristas, mas oferece também ao homem contemporâneo válidos e concretos pontos de referência em relação à vida pessoal e comunitária”.

“Não será inútil, então, também para a Europa de hoje, colocar-se atentamente na escuta da sabedoria de Bento e ouvir novamente a sua mensagem”, sublinhou o prelado, citando palavras do Papa Francisco ao Parlamento Europeu  (Estrasburgo, 25 novembro 2014): “construir juntos uma Europa que gire não ao redor da economia, mas em torno à sacralidade da pessoa humana, dos seus valores inalienáveis; uma Europa que abraça com coragem o seu passado e olhe com confiança ao futuro para viver plenamente e com esperança o seu presente”.

São Bento foi declarado Padroeiro principal da Europa em 1964 pelo Papa Paulo VI, pela sua contribuição à civilização europeia.

A sua festa litúrgica recorre em 11 de julho, marcando a data da transladação das suas relíquias para a Abadia de Saint-Benoît-sur-Loire, na França. Jà neste dia 21 de março é celebrado o Transito de São Bento.

(JE/SIR)

 

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Igreja no Paquistão: proibição da mídia social não é solução para blasfêmias

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Islamabad (RV) – O secretário-executivo da Comissão para as Comunicações Sociais da Conferência Episcopal do Paquistão, Pe.  Qaiser Feroz, comentou a decisão da Assembleia Nacional, que dias atrás determinou que fossem eliminados os sites que relatam ofensas ao Profeta Maomé. “Condenamos as páginas do Facebook contendo comentários blasfemos, mas somos contra uma proibição total. Em vez disso, as pessoas devem aprender a usar os meios de comunicação de forma mais responsável. O erro de poucos não deve comprometer o bem de muitos.”

O primeiro-ministro Nawaz Sharif ordenou às autoridades de remover todo o conteúdo blasfemo das páginas e levar os responsáveis à justiça. O Supremo Tribunal de Islamabad iniciou investigações sobre as páginas dos bloggers em julgamento por críticas ao governo e as forças armadas. 

No mês passado, os intelectuais foram acusados de blasfêmia. Este crime no Paquistão é punido com a pena de morte. Para alguns lideres católicos a proibição da mídia social não é a solução para comentários e blasfêmias publicadas on-line. Em particular, Pe. Feroz acredita que a decisão é errada e manifesta sua preocupação. “Todos os dias nós publicamos na nossa página do Facebook pelo menos quinze programas de rádio. Graças a nós, centenas de pessoas, incluindo muitos muçulmanos, ouvem mensagens e histórias de esperança.”

Também o Pe. Morris Jala, da Arquidiocese de Lahore, transmite suas homilias dominicais ao vivo pelo Facebook e rejeita a ideia do bloqueio da rede social. “Ninguém deve insultar a religião de outras pessoas online, mas há também muitos conteúdos positivos. A Igreja utiliza essas plataformas para difundir músicas, programas, e alcançar a comunidade de língua Urdu, que vive no exterior. Tudo isso é muito importante quando se considera que os pobres e sem instrução têm acesso aos meios de comunicação social, disse o religioso. 

(MD)

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Bispo eslovaco sobre Card. Vlk: "extraordinario testemunho de fé"

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Bratislava (RV) – “O Senhor chamou para junto de si este extraordinário testemunho da fé, que soube dar um maravilhoso testemunho durante a época do comunismo e após a sua queda, quando com sabedoria guiava a Igreja na Republica Tcheca”.

Palavras do Presidente da Conferencia Episcopal eslovaca, Dom Stanislav Zvolensky, ao expressar seu mais profundo pesar pela morte do Cardeal  Miloslav Vlk, ao Cardeal Dominik Duka, Presidente da Conferencia Episcopal Tcheca e aos fieis boêmios e morávios.

O prelado, ademais, recordou as frutuosas reuniões conjuntas dos bispos thecos e eslovacos nos primeiros anos de liberdade apòs 1989, assim como a coragem e a total submissão do Cardeal à vontade de Deus quando tomou conhecimento da gravidade de sua enfermidade.

“Agradecemos ao Senhor pela sua vida e o seu exemplo de autentica fé”, continuou Dom Zvolensky.

As exéquias terão lugar no sábado, 25 de março, na Catedral de São Vito, em Praga. O corpo do cardeal falecido ficarà exposto para a ùltima homenagem dos fieis esta terça e na sexta-feira.

(SIR/JE)

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Formação



A água nos biomas do Brasil

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Cidade do Vaticano (RV) – Quarta-feira, 22 de março, é o Dia Mundial da Água, uma ocasião criada pela ONU (Organização das Nações Unidas) em 1992 para discutir sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.

Este ano, o debate se focaliza em "Bacias hidrográficas: reabastecer os valores da água para um mundo sedento".

A data não passa inobservada no Vaticano. O Pontifício Conselho da Cultura organiza um encontro com conferencistas de todo o mundo.

Mas como podemos comemorar esta importante data? Adotando atitudes para a preservação da água, durante todo o ano: não jogar lixo nos rios e lagos; economizar água nas atividades cotidianas (tomar banho rápido, fechar a torneira ao escovar os dentes e lavar louça, etc.) e tentar reutilizar a água em algumas situações. Além disso, seria bom também divulgar ideias ecológicas para amigos e parentes. Estes comportamentos, em nosso dia-a-dia, podem colaborar para a economia deste bem natural.

A água nos biomas do Brasil

Para Ivo Poletto, Cientista Social e Educador Popular, Assessor do Fórum Mudanças Climáticas e Justiça Social e da Cáritas Brasileira, os desafios em relação à água estão sendo vividos em todos os biomas do nosso país. Por ser fonte de vida, sem ela não haveria vida na Terra. Ouça: 

Para quem está seguindo a Campanha da Fraternidade, está claro que uma das práticas necessárias para recuperar o equilíbrio do ambiente vital de cada bioma é o cuidado com tudo que se refere à água, desde as nascentes até o consumo consciente dela, passando pelo cuidado dos córregos, rios, aquíferos e mares. E é preciso cuidar também das florestas e todo tipo de cobertura vegetal de cada bioma e de todos os biomas, para que haja umidade e chuvas em todas as Regiões. Na situação em que se encontram os biomas Mata Atlântica, Cerrado, Pantanal, Caatinga e Pampa, cada dia mais todos dependemos da preservação da floresta do bioma Amazônia. O Cerrado, de modo especial, precisa recuperar boa parte de sua cobertura vegetal e receber umidade da Amazônia para que volte a alimentar os aquíferos que distribuem água para os demais biomas do nosso país.

Tudo isso deixa claro que precisamos corrigir erros que cometemos na relação com a Mãe Terra por não conhecermos bem os biomas, os jardins criados por Deus junto com a Terra. Desejando criar mais uma oportunidade para conhecer melhor o bioma em que cada um de nós vive, junto com outros seres humanos e muitos tipos de seres vivos, e para reconhecer a solidariedade que há entre os biomas, escrevi e coloquei à disposição de todas as pessoas o livro Biomas do Brasil – da exploração à convivência. Quem desejar, pode ter acesso a ele no Site fmclimaticas.org.br e no Facebook.

Junto com a retomada da história da Terra, em que são criados em tempos diferentes os biomas do nosso país, e junto com a história da presença humana nos biomas, a reflexão se aprofunda na busca de resposta a essa pergunta: como seria o Brasil se fosse pensado a partir dos biomas? Por outro lado, haverá Brasil se teimarmos em destruir nossos biomas?"

(CM - www.fmclimaticas.org.br)

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Águas Residuais é o tema do Dia Mundial da Água 2017

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Cidade do Vaticano (RV) - Celebra-se amanhã, quarta-feira (22/03), o Dia Mundial da Água que este ano tem como tema “Águas Residuais”.

Popularmente conhecida como esgoto, as águas residuais compreendem todo o volume de água que teve suas características naturais alteradas após o uso doméstico, comercial ou industrial. Trata-se de uma substância com grau de impureza que varia de acordo com sua utilização, mas que sempre contém agentes contaminantes e potencialmente prejudiciais à saúde humana e à natureza de modo geral. 

O retorno dessa água ao meio ambiente deve necessariamente sofrer tratamento de modo que ela volte a apresentar qualidade e limpeza adequadas para que seja lançada no corpo receptor (rio, lago ou mar) sem causar danos à saúde e ao ecossistema.

No Brasil, a coleta e tratamento das águas residuais configuram-se como grande desafio para o saneamento ambiental. Segundo o Instituto Trata Brasil, apenas 48,6% da população tem acesso à coleta de esgoto, sendo que deste efluente coletado somente 40% passa por algum tipo de tratamento antes de ser descartado no meio ambiente.

O tema deste ano destaca a desigualdade social no país. Estados mais carentes e subdesenvolvidos apresentam menos acesso ao saneamento básico frente aos Estados com mais recursos. Por exemplo, a região norte é que apresenta as médias mais baixas de tratamento de esgoto (14,36%), enquanto o Centro-Sul brasileiro apresenta melhores índices, acima da média nacional.

O Dia Mundial da Água foi criado pela ONU no dia 22 de março de 1992. Desde então, essa mesma data a cada ano é destinada à discussão sobre os diversos temas relacionadas a este importante bem natural.

Sobre a importância da água nos fala em nosso programa o Gestor de Relações Institucionais da Pastoral da Criança, Clóvis Boufleur.

(MJ/agua.org.br)

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Atualidades



Copa do Mundo no Vaticano: Brasil está nas quartas de final

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Cidade do Vaticano (RV) – O resultado foi decidido nos pênaltis: depois do tempo normal terminar no empate de 1 a 1, o time do Colégio Pio Brasileiro levou vantagem em cima do Vaticano Anselmiano, que perdeu a última cobrança e ajudou o Brasil a conquistar o segundo lugar do grupo D da Clericus Cup, a Copa do Mundo de Futebol do Vaticano. O jogo foi no domingo (20) e a vitória de 4 a 3 garantiu a classificação da equipe canarinho para as quartas de final da competição, com uma rodada de antecedência. 

Entre os sacerdotes de diversas partes do mundo que disputam a Copa está a sensação brasileira, xará do craque Neymar, do Barcelona: o Pe. Neimar, camisa 5, do Paraná, se diz ter características diversas do jogador da Seleção pois, ao invés de dribles e gols, o seu forte é a marcação. De fato, o capitão do time chegou a errar uma das cobranças do pênalti, o que não interferiu no resultado final, graças à atuação do goleiro, o Pe. Carlos Gomes.

Em entrevista ao programa Redação SportTV no Brasil, o Pe. Neimar comentou que a competição usa o cartão azul, como sinal de atenção, caso algum jogador “esteja com os ânimos mais acirrados. Quem leva o cartão, fica fora de campo por cinco minutos”, explicou ele. Ao final dos jogos, todos se unem em oração, independente do resultado.

Esse é o 11° ano em que se realiza a Copa do Mundo de Futebol no Vaticano. A melhor performance do time brasileiro foi em 2010 com um terceiro lugar. Neste ano, as 18 equipes são formadas por mais de 400 sacerdotes e seminaristas de 66 nacionalidades diferentes que se encontram em Roma para um período de estudos.

Na quinta-feira (23), na Universidade Gregoriana em Roma, os atletas já estão convocados para participar de uma jornada formativa fora dos campos. Teólogos e preparadores físicos qualificados irão abordar o corpo através da “elevação da alma”, “da experiência cristã” e do seu “treinamento físico”.

O campeonato, com tabela de resultados, atualizações, notícias, fotos e vídeos, pode ser acompanhado pela página oficial no Facebook ou pelo site www.clericuscup.it. A próxima partida do Colégio Pio Brasileiro é no domingo, 26 de março, contra o Mater Ecclesiae, apenas para cumprir tabela. As quartas de final serão disputadas em 6 de maio. (AC) 

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