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Sumario del 31/03/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Igreja na América Latina

Igreja no Mundo

Atualidades

Papa e Santa Sé



Papa: 500 anos da Reforma são ocasião para purificar a memória

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco recebeu em audiência esta sexta-feira (31/03), no Vaticano, aos participantes do Congresso “Lutero 500 anos depois”, promovido pelo Pontifício Comitê de Ciências Históricas. 

“Não muito tempo atrás, um Congresso do gênero seria impensável”, disse o Papa, manifestando sua gratidão aos organizadores e também o seu estupor.

“Falar de Lutero, católicos e protestantes juntos, por iniciativa de um organismo da Santa Sé: realmente tocamos com as mãos os frutos da ação do Espírito Santo, que ultrapassa toda barreira e transforma os conflitos em ocasiões de crescimento na comunhão.”

A comemoração dos 500 anos da Reforma, disse ainda Francisco, deu a oportunidade de olhar o passado juntos, livre de preconceitos e polêmicas ideológicas, discernindo o que de positivo e legítimo aconteceu e se distanciando de erros, exageros e falências.

“Hoje, depois de 50 anos de diálogo ecumênico entre católicos e protestantes, é possível realizar uma ‘purificação da memória’, que não consiste em realizar uma impraticável correção do que aconteceu 500 anos atrás, mas em ‘narrar esta história de modo diferente’, sem vestígios daquele rancor pelas feridas sofridas, que deforma a visão que temos uns dos outros.”

Como cristãos, concluiu o Papa, hoje somos todos chamados a nos libertar dos preconceitos pela fé que os outros professam, a oferecer mutuamente o perdão pelas culpas cometidas e a invocar de Deus o dom da reconciliação e da unidade.

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Papa faz visita surpresa à instituição que acolhe cegos em Roma

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Cidade do Vaticano (RV) –  Na tarde desta sexta-feira (31), o Papa Francisco deu seguimento às sextas-feiras da Misericórdia, realizadas uma vez por mês durante o Jubileu, e visitou os hóspedes do Centro Regional Sant'Alessio - Margherita di Savoia de Roma.

A histórica instituição, fundada em 1868 por alguns cidadãos, mas de iniciativa de Pio IX, é também a primeira escola italiana para cegos, já que as crianças recebiam preparação musical e literária com método Braille. Hoje realiza as mais diversas atividades de inclusão social para cegos.

Durante a visita, que surpreendeu tanto colaboradores como hóspedes do local, Francisco encontrou e pôde conversar com pessoas com deficiência visual, cegos desde o nascimento ou com perda de visão causada por graves doenças. Entre eles, 50 crianças que frequentam a instituição para receber uma formação especial, que ajuda na realização de pequenas ações diárias, e 37 idosos e adultos, residentes fixos da casa de saúde.

O Papa também pode encontrar o presidente do Centro Regional, Amedeo Piva, e o diretor geral, Antonio Organtini, que perdeu a visão no decorrer da vida, além da equipe médica e voluntários que auxiliam no trabalho aos hóspedes. Ao final da visita, Francisco deixou um presente para a instituição e assinou um pergaminho para a capela do local, como uma lembrança do encontro.

Durante o Ano Jubilar, o Pontífice percorreu obras de misericórdia que atendiam pessoas em situação de exclusão física e social, como uma casa para idosos, um centro de refugiados e hospitais de atendimento infantil. Com a visita surpresa desta sexta-feira, Francisco imprimiu mais uma vez a sua marca concreta de atenção e carinho aos mais vulneráveis nas periferias existenciais. (AC)

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Pregação de Quaresma reflete sobre a fé na vida eterna

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco participou na manhã de sexta-feira (31/03) da 4ª pregação de Quaresma, proposta pelo Frei capuchinho Raniero Cantalamessa para os colaboradores da Cúria. Na Capela Redemptoris Mater, a meditação teve o tema “O Espírito Santo nos introduz no mistério da Ressurreição de Cristo”.

O pregador iniciou a reflexão com uma abordagem histórica da ressurreição. Pelo fato de ninguém ter visto o momento em que Jesus ressuscita, mas só tê-lo visto ressuscitado, os historiadores se baseiam em dois fatos: a súbita e inexplicável fé dos discípulos; e a explicação de tal fé que os interessados nos deixaram. Negando o caráter histórico e objetivo da ressurreição, o nascimento da fé e da Igreja se tornaria um mistério ainda mais inexplicável do que a própria ressurreição. Segundo Frei Cantalamessa, “não basta constatar historicamente os fatos, é necessário ‘ver’ o Ressuscitado, e isso a história não pode dar, mas só a fé”.    

Mas o que é a ressurreição, considerada do ponto de vista da fé?, questionou ainda o frade. A morte de Cristo não torna verdadeira a sua causa; somente testemunha que eles acreditavam na verdade dela. “Que Cristo tenha morrido todo mundo acredita, inclusive os pagãos, mas que tenha ressuscitado, só os cristãos acreditam e não é cristão quem não acredita”, prosseguiu.

A fé cristã na ressurreição dos mortos responde também ao desejo mais instintivo do coração humano.  

A verdade é que tudo o que diz respeito à nossa condição no pós-vida permanece um mistério impenetrável; a eternidade não é uma entidade que existe a parte e que pode ser definida em si mesma, como se fosse um tempo esticado infinitamente. É o modo de ser de Deus. A eternidade é Deus! Entrar na vida eterna significa simplesmente ser admitidos, por graça, a compartilhar o modo de ser de Deus.

O pregador oficial da Casa Pontifícia concluiu com uma citação de Santo Agostinho: “Quando se quer atravessar um braço de mar, a coisa mais importante não é sentar-se na costa e aguçar a visão para ver o que está do outro lado, mas é subir no barco que leva àquela margem. E também para nós a coisa mais importante não é especular sobre como será a nossa vida eterna, mas fazer as coisas que sabemos que nos levam a ela”.  

Tradução de Thácio Siqueira.

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Vaticano promove encontro sobre a 'Populorum Progressio'

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Cidade do Vaticano (RV) – Por ocasião do 50º aniversário da Encíclica Populorum Progressio, de Paulo VI, será realizado na Sala Nova do Sínodo, em 3 e 4 de abril próximo, o encontro internacional intitulado “Perspectivas para o serviço do desenvolvimento humano integral: 50 anos da Populorum Progressio”.

Organizado pelo Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, o encontro tem por objetivo aprofundar as perspectivas teológicas, antropológicas e pastorais da Encíclica, em particular em relação às atividades de quem trabalha em favor da promoção da pessoa e de formular orientações para as atividades do novo dicastério criado pelo Papa Francisco.

O encontro é voltado, em particular, aos membros dos Pontifícios Conselhos que foram agrupados no novo Dicastério (Justiça e Paz, Cor Unum, Migrantes e Itinerantes, Agentes de Saúde), os Representantes  das Conferências Episcopais e das respectivas Comissões sociais “Justiça e Paz”, representantes de caridade católicos a nível internacional e o Corpo Diplomático acreditado junto à Santa Sé.

O Congresso será aberto na segunda-feira, 3 de abril, com o pronunciamento do Prefeito do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson, e com a apresentação teológica do tema antropológico, son responsabilidade do Prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, Cardeal Gerhard Ludwig Müller.

O Congresso será articulado em base às três tensões fundamentais da pessoa: corpo-alma, homem-mulher e pessoa-sociedade. Além dos pronunciamentos de especialistas de diversas áreas, estão previstos testemunhos sobre como a Igreja trabalha diretamente em favor dos mais vulneráveis.

O Cardeal Secretário de Estado, Pietro Parolin, presidirá a celebração Eucarística na segunda-feira, 3 de abril, na Basílica de São Pedro, enquanto para as 11h30 da terça-feira está prevista uma audiência com o Papa Francisco. (JE)

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Meditações da Via Sacra no Coliseu serão escritas por uma teóloga

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Cidade do Vaticano (RV) – Pela primeira vez no pontificado do Papa Francisco os textos das meditações das Estações da Via Sacra da Sexta-feira Santa no Coliseu serão preparados por uma mulher.

Segundo a Sala de Imprensa da Santa Sé, o Pontífice encarregou para este fim a Professora Anne-Marie Pelletier, francesa, ilustre biblista e estudiosa de linguística e literatura comparada, vencedora do Prêmio Ratzinger 2014.

Anne-Marie é a quarta mulher a preparar as meditações para a Via Sacra dos Papas no Coliseu. A última havia sido elaborada por sua mãe, Maria Rita Piccione, reitora da Fundação das Monjas Agostinianas, para a Sexta-feira Santa de 2011 com Bento XVI.

Já em 1993, durante o Pontificado de Wojtyla, a elaboração das meditações coube à Abadessa da Abadia beneditina “Mater Eclesiae”, Madre Ana Maria Canopi,  e em 1995 pela Irmã Minke de Vries, monja da comunidade protestante de Grandchamp, Suiça.

Durante o Pontificado de Francisco,  as meditações para a Via Sacra no Coliseu haviam sido escritas, em 2013, por jovens libaneses, orientados pelo Cardeal Béchara Boutros Raï; em 2014 pelo Arcebispo de Campobasso-Boiano, Dom Giancarlo Maria Bregantini; em 2015 pelo Bispo emérito de Novara, Dom Renato Corti e em 2016 pelo Cardeal Gualtiero Bassetti, Arcebispo de Perugia-Città dela Pieve. (JE)

 

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Papa recebe Frei Alois, Prior da Comunidade de Taizé

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco recebeu em audiência, nesta quinta-feira (30/03), no Vaticano, pela quarta vez desde o início de seu pontificado, o Prior da Comunidade Ecumênica de Taizé, Frei Alois.

Este ano, Frei Alois evocou entre os assuntos abordados com o Papa,  a vida comunitária dos irmãos, a busca pela unidade entre os cristãos, o acolhimento dos jovens, em Taizé, e a presença nas comunidades de refugiados de vários países do mundo.
 
Ele informou o Papa sobre a visita que o Patriarca Ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu I, fará a Taizé, em 25 de abril.

Para as próximas celebrações pascais, cerca de 8 mil jovens passarão alguns dias, em Taizé, antes e depois da Páscoa. 

Pela primeira vez será proposta uma vigília de oração em torno do fogo santo na noite entre sábado e domingo, e a missa pascal será celebrada no domingo de manhã. 

(MJ)

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Logotipo da viagem do Papa ao Egito é dedicado à paz

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Cidade do Vaticano (RV) - Foi divulgado, nesta sexta-feira (31/03), o logotipo da viagem do Papa Francisco ao Egito, programada para 28 e 29 de abril próximo. 

Três são os elementos principais: o Egito, o Papa e a paz presentes também no lema “O Papa da paz no Egito de paz”.
 
Este país do nordeste da África é representado pelo Nilo, símbolo da vida, e pelas pirâmides e a esfinge que evocam a história da civilização egípcia. 

A cruz e a meia-lua, situadas no centro do logotipo, representam a coexistência entre as várias componentes do povo egípcio. 

A pomba, ou seja, a paz, o dom mais elevado ao qual todo ser humano aspira, é também a saudação das religiões monoteístas.

Por fim, a pomba que precede o Papa Francisco para anunciar a sua chegada como Pontífice de paz num país de paz. 

(MJ)

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Card. Tagle: 'Populorum Progressio' e 'Evangelii Gaudium' tem o mesmo espírito

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Florença (RV) – “Sim ao desafio de uma espiritualidade missionária” foi o tema da conferência proferida pelo Cardeal Luis Antonio  Tagle  em Florença, na quinta-feira, 30 de março, no âmbito de uma série de encontros sobre a Evangelii Gaudium.

A este respeito, a Rádio Vaticano entrevistou o Arcebispo de Manila e Presidente da Caritas Internationalis:

“Nós associamos a Exortação Apostólica Evangelii gaudium à famosa afirmação do Papa Francisco, a “Igreja em saída rumo às periferias”. Descobri, porém, relendo a Exortação Apostólica, que a missão não é somente uma tarefa, é uma espiritualidade! Sem esta espiritualidade não existe uma “Igreja em saída”, missionária. Segundo o Papa Francisco, a espiritualidade missionária é a abertura ao Espírito Santo, o discernimento da vontade do Espírito Santo, da ação do Espírito Santo e a Igreja obedece ao Espírito Santo, faz somente o que o Espírito Santo sugere! Portanto, a missão não é somente um trabalho, uma tarefa, mas é também contemplação, o estupor diante do Evangelho. A missão não é somente dar, dar tudo, mas é também receber tudo. Porém, no centro está o encontro com a pessoa de Jesus Cristo e também a abertura aos outros, aos pobres, nestes encontros pessoais. Se não existem estes encontros, não existe a conversão e sem conversão não existe missão”.

RV: Esta “Igreja missionária em saída”... o Papa Francisco disse tantas vezes – também o senhor dizia isto – deve ir para fora, em direção às periferias. O senhor é o pastor de uma grande Igreja, Manila, mas uma Igreja periférica em relação a Roma. Porque é assim tão importante este Pontificado para a periferia?

“A periferia não é um espaço geográfico, é um espaço humano. A periferia é a zona mais abandonada, a zona dos seres humanos que não se sentem respeitados na dignidade humana, porque é abandonada pela sociedade e também pela cultura. Sair em direção à periferia é um sinal da comunhão, da solidariedade, que afirma a dignidade de toda pessoa humana e para nós cristãos é também um ato de evangelizar, de proclamar que entre os pobres se encontra a presença de Jesus Cristo. Sair em direção à periferia não somente para levar o Evangelho, mas para ver o Evangelho vivido pelos pobres. Os pobres tem uma sabedoria, uma capacidade de entender existencialmente os valores evangélicos. O Evangelho vivido pelos pobres é uma milagre para mim, porque estas pessoas que não têm comida, teto, e educação, sabem amar,  conhecem a verdadeira esperança, sabem partilhar. Este é o Evangelho vivido!”.

RV:  A Igreja missionária, a Igreja em saída que encontra os pobres tem muito a ver com a  visão cristã do desenvolvimento. Estamos precisamente nos dias em que se celebra o 50º aniversário da Populorum progressio, de Paulo VI: qual é a contribuição que o Papa Francisco está dando a esta linha iniciada por Paulo VI?

“Em um encontro, o Papa Francisco disse que Paulo VI é “o verdadeiro reformador”. Existe uma linha contínua. O Papa Paulo VI ensinou na Populorum progressio que o novo nome da paz é o desenvolvimento humano integral: o desenvolvimento de cada homem, de cada mulher e também o desenvolvimento de toda a pessoa, o desenvolvimento de todo o mundo, porque a humanidade é uma grande família. Este é o mesmo espírito da Evangelii gaudium, a responsabilidade pelos outros. Encontrar as outras pessoas não como estrangeiros, mas como irmão, como irmã e ver a presença do Senhor nos outros. Este é um impulso para trabalhar pelo desenvolvimento humano, não somente por motivos econômicos e sociais ou culturais, mas com motivos espirituais, na presença do senhor. Cada pessoa é uma criatura, um dom do Senhor”. (AG/JE)

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Card. Ravasi: "Prevenir violência contra mulheres é dever também da Igreja"

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Cidade do Vaticano (RV) – “O único e verdadeiro instrumento para prevenir a violência, especialmente contra as mulheres, é a educação, e ela é um grande dever da escola e da Igreja”: é o que afirma o Cardeal Gianfranco Ravasi, Presidente do Pontifício Conselho para a Cultura, que participou do encontro em Roma “Prepotência e medo. A dignidade da mulher contra a violência”.

O evento é uma iniciativa promovida pelo Pátio dos Gentios, no âmbito do projeto ‘Pátio dos Estudantes’, do qual participam cerca de 300 jovens alunos do ensino superior de escolas romanas.

“As religiões que no passado foram instrumento de guerra e opressão – prossegue o cardeal – hoje são a única semente plantada nesta terra repleta de intrigas. Exemplo destas sementes é o que o Papa está fazendo neste sentido”.

O opúsculo do evento traz na capa o convite do Pontífice à oração, feito no Angelus de 12 de março passado, pelas jovens vítimas da violência, que o Papa definiu como “um grito abafado que deve ser ouvido por todos nós e que não podemos continuar a fingir que não vemos nem ouvimos”.

O Cardeal Ravasi lembra que Francisco sublinha continuamente a importância de respeitar e valorizar as mulheres. “Convida a comportamentos de misericórdia e compreensão nas relações. Os erros dos outros não podem justificar a violência da reação instintiva e primordial. Infelizmente, conclui o cardeal, esta evolução ainda não se deu e alguns homens parecem viver no tempo das cavernas”. 

(CM)

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Francisco é a favor de economia social, não de mercado, diz Card. Turkson

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Cidade do Vaticano (RV) –  Em declaração aos jornalistas nesta semana, durante encontro promovido para divulgação da conferência da próxima semana pelos 50 anos da Encíclica de Paulo VI, a “Populorum progressio”, o Cardeal Peter Turkson, prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, rejeitou a tese de quem acusa o Papa Francisco de ser “marxista”: “dizem que o Papa critica o capitalismo, mas se vemos os seus documentos, em nenhum deles foi usada a palavra capitalismo”.

O purpurado explicou ainda que Francisco “denuncia o dinheiro que domina a vida das pessoas. Não é contra o sistema econômico, mas é pela economia que seja à serviço do interesse das pessoas e que não veja as pessoas submissas às razões do mercado”. (AC)

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Igreja no Brasil



Igreja indígena de todo o Brasil avalia a evangelização

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Brasília (RV) - A Comissão Episcopal Pastoral para a Ação Missionária e a Comissão Episcopal para a Amazônia, em parceria com a Comissão Bíblico-Catequética e Comissão Pastoral para a Liturgia, promoveram em Brasília, de 27 a 29 de março, um encontro sobre evangelização dos povos indígenas.

Participaram do evento bispos em cujos territórios vivem povos indígenas, lideranças que trabalham com povos indígenas, padres, religiosas/os e lideranças indígenas das comunidades católicas.  

Dom Cláudio Hummes, Presidente da Comissão para a Amazônia e da Rede Eclesial Pan-Amazônia (Repam), ressalta que o encontro quis ouvir a atuação da Igreja junto às populações indígenas, em todo o Brasil:

“Quisemos ouvir de que forma a Igreja está presente na vida dessas comunidades, como está evangelizando, de que forma está inculturando a fé e como estamos assumindo as propostas do Papa Francisco de uma Igreja mais próxima daqueles que são os últimos; uma Igreja misericordiosa, uma Igreja que encoraja, caminha junto, que anima, que ajuda a não perder o sonho a esperança, uma Igreja desejosa que os indígenas sejam protagonistas de sua história e na evangelização”, conclui.

Leonardo Ferraz Penteado, do povo indígena Tukano e coordenador do conselho paroquial em Iauaretê, um povoado de São Gabriel da Cachoeira, no estado do Amazonas, avalia que estar junto com os bispos, em nível de Brasil, para refletir sobre a evangelização dos povos indígenas “dá muita esperança, no sentido de um trabalho em conjunto na Igreja, indígena e indigenista pensando juntos”.

Padre Justino Sarmento Resende, do povo Tuyuka, também de São Gabriel da Cachoeira, ordenado há 23 anos, conta que enfrentou vários desafios no sentido de não perder suas raízes na inculturação da fé cristã. “Nós temos nosso modo próprio de viver a fé, mas é no mesmo Deus criador que cremos, só vivemos de forma diferente”.    

“Quando se pensa em povos indígenas é comum voltar-se para a Amazônia, que tem uma proporção populacional maior, contudo, vale ressaltar que no Brasil inteiro há povos indígenas”, lembra Marline Dassoler Buzatto, do Conselho Indigenista Missionário (Cimi).

Ao termino do encontro, foi constituída uma equipe para sistematizar as sugestões propostas pelos grupos de trabalho, que sugeriram três eixos para a Evangelização dos povos indígenas: formação específica dos missionários que irão trabalhar com os povos indígenas; oferecer formação e qualificação dos indígenas para serem eles evangelizadores discípulos missionários de Jesus Cristo e a instituição de ministérios e ritos próprios para os sacramentos e bênçãos para as culturas indígenas.

(CM/Repam)

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São Paulo sediará Exarcado Armênio da América Latina

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São Paulo (RV) - Os católicos de rito armênio que vivem na cidade de São Paulo estão em festa. Em uma missa que será celebrada neste domingo, 2 de abril, ocorrerá a oficialização da Catedral São Gregório Iluminador, no bairro da Luz, como sede do Exarcado Apostólico Armênio da América Latina. A celebração será presidida por Dom Vartan Waldir Boghossian, Exarca apostólico armênio, e contará com a presença do Cardeal Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo.

A Igreja Católica é constituída pela comunhão de 24 igrejas de diferentes ritos, sendo uma igreja ocidental, a Católica Apostólica Romana, de rito latino, e 23 igrejas chamadas de sui iuris, de rito oriental. Essas igrejas orientais, nascidas em diferentes épocas, mantêm vivas as tradições e ritos litúrgicos dos povos orientais e permanecem unidas ao papa.

Nas igrejas orientais, o exarcado é equivalente ao que na igreja ocidental é chamado de prelazia, isto é, uma diocese em formação.

Rito

A liturgia dos armênios tem um rito próprio, utilizado tanto pela Igreja Católica Armênia como pela Igreja Apostólica Armênia.

O rito foi modelado a partir das diretrizes de São Gregório, fundador e padroeiro da Igreja Armênia. A ordem da celebração da Eucaristia foi inicialmente influenciada pelos siríacos e pelos cristãos da Capadócia. Em seguida, a partir do século V, pela liturgia de São Tiago; após o século X, pelos bizantinos; e, finalmente, pelos latinos nas Cruzadas. Os armênios são a única igreja oriental que utiliza o vinho sem adição de água e, como os ocidentais, usam pão sem fermento para a Eucaristia.

Desafios

Como se trata de uma Igreja destinada aos fiéis de um determinado rito, independentemente da existência de uma paróquia ou igreja própria no local, onde houver um fiel católico armênio no vasto território do Exarcado, o bispo armênio e seus sacerdotes têm a responsabilidade pastoral de atendê-lo. “Por exemplo, se um fiel armênio vai se casar no interior do estado, o processo matrimonial deve ser feito junto à paróquia armênia, aqui da cidade de São Paulo. A celebração do sacramento pode ser feita em uma igreja local, mas celebrada por um sacerdote armênio”, explicou o Padre Antonio Francisco Lelo, sacerdote do Exarcado.

Dom Vartan ressaltou à reportagem que é um constante desafio atender pastoralmente as comunidades armênias católicas espalhadas em grandes cidades. “As novas gerações de armênios já não possuem os intensos sentimentos armênios de seus pais e avós. Mesmo com relação à fé, muitos dos que a vivem participam da paróquia latina mais perto de sua residência. Em toda América Latina, temos somente uma escola armênia católica. Torna-se difícil manter a identidade de um povo sem transmitir-lhe a cultura própria”, disse.

Cultura viva

O Exarcado também conta com dois padres seculares, um padre religioso e um padre do Caminho Neocatecumenal.  

Padre Antonio destacou ao O SÃO PAULO que a presença das Igrejas de rito oriental no Ocidente ajuda a manter viva não somente a fé, mas a cultura dos povos que vivem na diáspora, isto é, fora de sua nação. “O sentido de nação é muito forte nos armênios, uma vez que foi uma nação perseguida, que sofreu um genocídio, e foi dispersada”, afirmou, recordando o massacre de 1,5 milhão de armênios por parte dos turcos-otomanos, em 1915, considerado o primeiro genocídio do século XX.

“Esse povo tem uma história milenar, uma língua, uma tradição que se cristalizou, se consolidou no modo de ser armênio. Isso nos chama a atenção enquanto brasileiros, porque a nossa história é recente em relação a deles, o nosso horizonte de formação étnica é caracterizado pela mistura de povos.  Os armênios, ao contrário, têm uma fisionomia, um rosto”, acrescentou o Sacerdote.

Memorial

Após à missa da oficialização da sede, haverá a inauguração da fachada da Catedral. “Na nova e artística parede da entrada, a Cruz e algumas letras armênias cinzeladas no metal indicam justamente os dois pilares da identidade armênia: a fé e a cultura”.

Também será abençoado o Memorial do Genocídio Armênio. “O memorial contém uma imponente e artística Cruz de Pedra, trazida da Armênia. Abriga ainda uma relíquia de mártires armênios do genocídio, trazida do deserto da Síria, onde ocorreu a morte de milhares de fiéis”, relatou Dom Vartan.

A celebração solene será às 11h do dia 2, na Catedral Armênia Católica São Gregório Iluminador (avenida Tiradentes, 718, Luz). Informações pelo telefone (11) 3227-6703.

Os cristãos armênios

A Armênia foi a primeira nação a adotar o Cristianismo como religião oficial, em 301. Um século depois, os armênios se separaram da Igreja Católica, por não aceitarem as definições do Concílio de Calcedônia, em 401, tornando-se a Igreja Apostólica Armênia.

Em 1742, um grupo de armênios se uniu novamente ao papa, dando origem à Igreja Católica Armênia, que, desde 1749, tem sua sede em Bzoummar, no Líbano. O patriarca dos católicos armênios é Gregório Pedro XX Gabroyan, responsável por cerca de 540 mil fiéis.

O Exarcado Apostólico da América Latina foi criado em 1981 por São João Paulo II, com sede em Buenos Aires, na Argentina, tendo Dom Vartan como primeiro bispo. Em 1989, a Argentina se tornou uma Eparquia (diocese) à parte, separando-se do restante da América Latina, mas tendo também Dom Vartan como bispo.

Com a criação da nova Eparquia, o Exarcado ficou sem uma sede própria. Mas a paróquia brasileira se tornou um local de referência, embora não oficialmente. “Para sanar essa situação irregular, solicitei à Sé Apostólica que a sede do Exarcado fosse, então, estabelecida no Brasil, que congrega a maior comunidade armênia católica do Exarcado”, explicou Dom Vartan.

Em 22 de novembro de 2016, o prefeito da Congregação para as Igrejas Orientais, Cardeal Leonardo Sandri, emitiu um decreto constituindo a sede do Exarcado na capital paulista.

O Exarcado Armênio possui comunidades no México, Venezuela, Brasil, Uruguai e Chile. Estima-se que na América Latina haja 30 mil fiéis católicos armênios, sendo 16 mil na eparquia argentina e os 14 mil restantes no Exarcado Apostólico da América Latina. Destes, 7 mil vivem no Brasil, concentrados especialmente nas cidades de São Paulo e Rio de Janeiro. (SP-O São Paulo)

 

 

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Artigo: Conversão Ecológica

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Passo Fundo (RV) - Toda Campanha da Fraternidade, situada dentro do tempo quaresmal da liturgia católica, tem por objetivo conhecer e aprofundar um tema, denunciar problemas graves vinculados ele. Porém, o mais importante, é provocar uma mudança de mentalidade e uma mudança de atitudes, isto é, uma conversão.

Desde o pontificado do Papa Paulo VI (1963 -1978) até o de Francisco, o tema da ecologia é recorrente nos pronunciamentos papais. O Papa Francisco com a Carta Encíclica Laudato Sí: sobre o cuidado da casa comum (24/05/2015) disse claramente que o tema se insere na Doutrina Social da Igreja. Lamenta que “muitos esforços na busca de soluções concretas para a crise ambiental acabam, com frequência, frustradas não só pela recusa dos poderosos, mas também pelo desinteresse dos outros. As atitudes que dificultam os caminhos de solução, mesmo entre os crentes, vão da negação do problema à indiferença, à resignação acomodada ou à confiança cega nas soluções técnicas”. (LS 14).

O Papa escrevendo aos católicos, mas também se dirige a todas as pessoas que quiserem se associar, lembra que o cuidado com a criação tem implicações com a fé e o modo de viver cristão. É uma questão de moral social que implica em responsabilidade, seja por atitudes destrutivas ou por omissões.

Muito importante é a reflexão desenvolvida por Francisco no capítulo VI, da Laudato Si, que traz o título “Educação e espiritualidade ecológicas”. O foco é suscitar a conversão ecológica na certeza que não bastam somente soluções técnicas. Formar a consciência para desenvolver novas convicções, atitudes e estilos de vida.

Como ponto de partida aponta para um outro estilo de vida que não seja o consumista. “O consumismo obsessivo é o reflexo subjetivo do paradigma tecno-econômico” (LS 203). O consumismo compulsivo, além de gerar danos para a saúde, gera desperdício e necessita avançar sobre os recursos naturais. Um estilo de vida sóbrio manifesta a preocupação com as gerações futuras. É alegrar-se com o necessário. A sobriedade, vivida livre e conscientemente, é libertadora. Trata-se da convicção de que “quanto menos, tanto mais”. O Papa Bento XVI disse que: “Comprar é sempre um ato moral, para além de econômico”. Cada compra não é uma simples transação econômica, mas tem implicações de corresponsabilidade. Comprar de quem degrada o bioma é ajuda-lo a manter a sua prática destrutiva.

Educar para a aliança entre a humanidade e o ambiente. O desafio de educar é grande, ainda mais um educar que leve a mudar hábitos, e não apenas ofereça informações. Os seres humanos não vivem competindo com a natureza, mas são aliados. Recuperar a aliança consigo mesmo, a solidariedade com os outros, o natural com todos os seres vivos, o espiritual com Deus.  “A educação ambiental deveria predispor-nos a para dar este salto para o Mistério, do qual a ética ecológica recebe o seu sentido mais profundo” (LS 210). É a valorização das pequenas atitudes que são o princípio das grandes mudanças.

Dom Rodolfo Luís Weber

Arcebispo de Passo Fundo

 

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Brasil: Frades Menores divulgam carta sobre situação política-econômica

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Olinda (RV) - A Conferência dos Frades Menores do Brasil, CFMB, divulgou uma carta  sobre o atual momento político e econômico do Brasil.

"Pautados pelos princípios do respeito, da justiça e da paz, valores irrenunciáveis de nossa tradição franciscana, convocamos todas as pessoas de boa vontade, especialmente nas comunidades de fé onde nos fazemos presentes, a se mobilizarem ao redor destes temas, a fim de buscarmos o melhor para o nosso povo", afirmam os Ministros e Custódios reunidos em Olinda (PE). Eis a íntegra da mensagem:

“Carta aberta ao Povo Brasileiro – Contra a subtração de direitos fundamentais

 “Depois do pedaço de pão, Satanás entrou em Judas. Então Jesus lhe disse: ‘O que tens  a fazer, executa-o depressa’” (Jo 13,27).

Reunidos no Convento São Francisco, em Olinda (PE), o primeiro Convento da Ordem dos Frades Menores no Brasil (1585), entre os dias 27 e 31 de março, nós, os Ministros e Custódios da Conferência da Ordem dos Frades Menores do Brasil (CFMB), desejamos manifestar nossa máxima preocupação diante do momento político e social que vivemos em nosso país. O ritmo célere da tramitação de propostas polêmicas em torno de temas delicados faz-nos recordar a pressa de Judas Iscariotes para entregar Jesus aos poderosos. Neste caso, entregue de bandeja ao interesse dos detentores do poder e do dinheiro está o povo brasileiro, especialmente os mais simples: trabalhadores e assalariados.

Propostas aos moldes da PEC 287/16, que versa sobre a reforma da Previdência, e o “desengavetamento” repentino e acelerado do Projeto de Lei 4.302/98, que aprova a terceirização irrestrita de todas as atividades profissionais, soam como uma “corrida” contra o tempo de quem deseja, à força de um momento de instabilidade e insegurança, ver aprovadas leis que, à custa da subtração dos poucos recursos de muitos, concentrar ainda mais a riqueza nas mãos de uma seleta minoria.

Cientes de que teto, terra e trabalho são direitos inalienáveis de todo e qualquer ser humano (Cf. discurso do Papa Francisco aos Movimentos Populares em outubro de 2014), e em comunhão com a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), a Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB),  a Conferência da Família Franciscana no Brasil (CFFB), os Presidentes e Representantes das Igrejas Evangélicas Históricas do Brasil e outras entidades e instituições que manifestam as mesmas preocupações, queremos também apresentar nossa disposição em trabalhar com firmeza para que nenhum direito dos mais pobres seja subtraído injustamente. Pautados pelos princípios do respeito, da justiça e da paz, valores irrenunciáveis de nossa tradição franciscana, convocamos todas as pessoas de boa vontade, especialmente nas comunidades de fé onde nos fazemos presentes, a se mobilizarem ao redor destes temas, a fim de buscarmos o melhor para o nosso povo.

Olinda, 31 de março de 2017"

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Igreja na América Latina



Venezuela: o país está a um passo da "ditadura"

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Caracas (RV) – A Igreja Católica na Venezuela afirma que o país está a um passo da “ditadura”, depois do Supremo Tribunal de Justiça autorizar a retirada da imunidade aos membros do parlamento, quase todos contrários ao atual presidente Nicolás Maduro.

Em declarações aos jornalistas, divulgadas pelo jornal ‘El Universal’, o Cardeal Baltazar Porras utilizou a expressão “precipício da ditadura” para alertar para o contexto atual de um país onde “a crise agrava-se a cada dia, devido a um sistema totalitário que não quer reconhecer a soberania do povo, que elegeu uma Assembleia Nacional”.

Para o arcebispo de Mérida, a retirada da imunidade parlamentar é uma decisão “anticonstitucional” porque retira poder a um órgão eleito pelas populações. Contrariar uma decisão saída do povo “é negar aquilo que está na base da democracia”, frisou Dom Baltazar Porras.

A decisão de retirar a imunidade aos membros do parlamento venezuelano surgiu depois dos deputados da oposição, que são detentores da maioria dos assentos naquele órgão, terem votado a favor da aplicação da Carta Democrática Interamericana na Venezuela, para contrariar aquilo que apelidaram como “violação da ordem constitucional” por parte do Governo.

Em causa estão cerca de 90 deputados que agora vão poder ser alvos de acusações por parte do executivo de Nicolás Maduro.

Dom Baltazar Porras lamenta que a ativação da referida carta esteja suscitando tanta polêmica e que a representação venezuelana junto daquele órgão tenha até agora sido marcada pelo “insulto e pela provocação”, quando o que está sobre a mesa é o futuro da nação.

O arcebispo lembra ainda que tudo o que o povo venezuelano deseja é o direito a “eleições” democráticas e autênticas, um objetivo que até agora tem sido negado “de maneira inconstitucional e arbitrária”. O que apenas tem contribuído para agravar a “crise” que o país atravessa, acrescenta o prelado.

Para a Igreja Católica na Venezuela, é essencial abrir espaço para a convocação de uma Assembleia Nacional Constituinte e, sobretudo, para a realização das eleições regionais que estavam marcadas para o final de 2016.

A decisão do Tribunal Constitucional de Justiça da Venezuela, divulgada na terça-feira, dá ainda poderes ao atual presidente, Nicolás Maduro, para, em um “quadro de Estado de exceção” rever “a título excecional”, um conjunto de normas como a Lei Orgânica contra a Criminalidade Organizada e o Financiamento do Terrorismo. Pode rever também a Lei Contra a Corrupção, o Código Penal, o Código Orgânico Processual Penal e o Código de Justiça Militar. (SP)

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Superior dos Jesuítas: sair da tragédia na Venezuela com o diálogo

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Cidade do Vaticano (RV) – O Superior dos Jesuítas, o Padre venezuelano Arturo Sosa – primeiro latino-americano a ser eleito Geral da Companhia de Jesus -  esteve em visita esta semana a seus confrades no Peru, onde foi entrevistado pelo jornal “El Comercio”.

Interpelado sobre a situação vivida em seu país natal, o sacerdote assim respondeu: “Conheci os defeitos e as potencialidades quer do governo como da oposição. Não basta dizer que não estão fazendo bem, mas que se pode fazer melhor, e ambos podem fazer melhor”.

“O objetivo – completou ele – deve ser o de melhorar a situação de tragédia, e isto será possível somente através do diálogo. Isto cabe à política, e isto substitui a guerra. Além disso, é também necessário negociar, porque cada um deve renunciar a alguma coisa”.

(JE/FIDES)

 

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IV Pregação da Quaresma - Texto integral

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Cidade do Vaticano (RV) - "O Espírito Santo nos introduz no mistério" foi o tema da IV Pregação da Quaresma do Pe. Raniero Cantalamessa, ofmcap ao Papa Francisco e à Cùria, na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano. Eis o texto na ìntegra:

"Refletimos nas duas primeiras meditações quaresmais sobre o Espírito Santo, que nos insere, nos introduz, na plena verdade sobre a pessoa de Cristo, fazendo-nos proclamá-lo Senhor e verdadeiro Deus. Na última meditação passamos do ser para o agir de Cristo, da sua pessoa para as suas obras, e, especialmente, para o mistério da sua morte redentora. Hoje nos propomos meditar sobre o mistério da sua e da nossa ressurreição.

São Paulo atribui abertamente a ressurreição de Jesus da morte, à obra do Espírito Santo. Ele diz que Cristo "foi constituído Filho de Deus com poder, segundo o Espírito de santidade, em virtude da ressurreição dos mortos” (Rm 1,4). Em Cristo, tornou-se realidade a grande profecia de Ezequiel sobre o Espírito que entra nos ossos secos, ressuscita-os dos seus túmulos e faz de um grande número de mortos "um grande exército" de ressuscitados à vida e à esperança (cf. Ez 37, 1-14).

Mas, não gostaria de continuar a minha meditação seguindo essa linha de raciocínio.  Fazer do Espírito Santo o princípio inspirador de toda a teologia (intenção da assim chamada Teologia do terceiro artigo!) não significa colocar o Espírito Santo, à força, em toda afirmação, nomeando-o a cada passo. Não estaria na natureza do Paráclito que, como aquela da luz, ilumina todas as coisas permanecendo, ele próprio, por assim dizer, na sombra, como nos bastidores. Mais que falar “do” Espírito Santo, a Teologia do terceiro artigo consiste em falar “no” Espírito Santo, com tudo o que esta simples mudança de preposição comporta.

1. A ressurreição de Cristo: abordagem histórica

Antes de mais nada, digamos algo sobre a ressurreição de Cristo como fato “histórico”. Podemos definir a ressurreição como um evento histórico, no sentido usual deste termo, que é de realmente acontecido, no sentido, isto é, onde histórico se opõe a mítico e a lendário? Para expressar-nos em termos do debate recente: Jesus ressuscitou apenas no kerygma, ou seja, no anúncio da Igreja (como alguém afirmou na linha de Rudolf Bultmann), ou, pelo contrário, ressuscitou também na realidade e na história? E mais: ele ressuscitou, a pessoa de Jesus, ou ressuscitou somente a sua causa, no sentido metafórico no qual ressuscitar significa sobreviver, ou a vitória de uma ideia, após a morte da pessoa que a propôs?

Vemos, portanto, em que sentido se dá uma abordagem também histórica à ressurreição de Cristo. Não porque qualquer um de nós aqui tenha a necessidade de ser persuadido a respeito disso, mas, como disse Lucas no começo do seu evangelho, “para que verifiques a solidez dos ensinamentos que recebeste” (cf. Lc 1, 4) e que transmitimos aos demais.

A fé dos discípulos, salvo algumas excepções (João, as piedosas mulheres), não resiste ao teste do seu trágico fim. Com a paixão e a morte, a escuridão cobre tudo. Seu estado de espírito emerge das palavras dos dois discípulos de Emaús: "Esperávamos que fosse ele… mas já faz três dias" (Lc 24, 21). Estamos em um beco sem saída da fé. O caso Jesus é considerado encerrado.

Agora – continuando nosso trabalho de historiadores – vamos para alguns anos, ou melhor, algumas semanas, depois. O que encontramos? Um grupo de homens, o mesmo que esteve ao lado de Jesus, que vai repetindo, em voz alta, que Jesus de Nazaré é o Messias, o Senhor, o Filho de Deus; que está vivo e que virá para julgar o mundo. O caso de Jesus não só foi reaberto, mas, em pouco tempo foi levado a uma dimensão absoluta e universal. Aquele homem afeta não só o povo de Israel, mas todos os homens de todos os tempos. “A pedra que os construtores rejeitaram tornou-se a pedra angular” (1Pd 2, 4), ou seja, começo de uma nova humanidade. A partir de agora, sabendo ou não, não há nenhum outro nome debaixo do céu dado aos homens, no qual é possível salvar-se, a não ser aquele de Jesus de Nazaré (cf. At 4, 12).

O que provocou tal mudança que fez com que os mesmos homens que antes haviam negado Jesus ou tinham fugido, agora dizem em público estas coisas, fundam Igrejas e se deixam, inclusive, prender, flagelar, matar por ele? Em coro, eles nos dão esta resposta: “Ressuscitou! Nós vimos!”. O ultimo ato que pode fazer o historiador, antes de ceder a palavra à fé, é verificar aquela resposta.

A ressurreição é um acontecimento histórico, em um sentido muito particular. Ela está no limite da história, como aquele fio que separa o mar da terra firme. Está dentro e fora ao mesmo tempo. Com ela, a história se abre ao que está além da história, à escatologia. É, portanto, em certo sentido, a ruptura da história e a sua superação, assim como a criação é o seu começo. Isto significa que a ressurreição é um evento em si mesmo não testemunhável e atingível com as nossas categorias mentais que são todas ligadas à experiência do tempo e do espaço. E, de fato, ninguém vê o momento em que Jesus ressuscita. Ninguém pode dizer que viu Jesus ressuscitar, mas só de tê-lo visto ressuscitado.

A ressurreição, portanto, é conhecida a posteriori, em seguida. Como é a presença física do Verbo em Maria que demonstra o fato que se encarnou; assim a presença espiritual de Cristo na comunidade, evidenciada pelas aparições, demonstra que ressuscitou. Isso explica o fato de que nenhum historiador profano diga uma palavra sobre a ressurreição. Tácito, que também lembra da morte de um “um certo Cristo” nos dias de Pôncio Pilatos[1], cala sobre a ressurreição. Aquele evento não tinha relevância e sentido a não ser para quem experimentava as suas consequências, no seio da comunidade.

Em que sentido, então, falamos de uma abordagem histórica para a ressurreição? Aquilo que se apresenta para a consideração do historiador e o permite falar da ressurreição, são dois fatos: primeiro, a súbita e inexplicável fé dos discípulos, uma fé tão tenaz a ponto de resistir até mesmo à prova do martírio; segundo, a explicação de tal fé que os interessados nos deixaram. Escreveu um exegeta eminente: "No momento decisivo, quando Jesus foi capturado e executado, os discípulos não cultivavam nenhum pensamento sobre a ressurreição. Eles fugiram e deram por encerrado o caso de Jesus. Algo teve de intervir que, em um curto espaço de tempo, não só provocou a mudança radical de seu estado de espírito, mas os levou também a uma atividade totalmente diferente e à fundação da Igreja. Esse "algo" é o núcleo histórico da fé pascal[2]".

Foi justamente notado que, se se nega o caráter histórico e objetivo da ressurreição, o nascimento da fé e da Igreja se tornaria um mistério ainda mais inexplicável do que a própria ressurreição: "A ideia de que o imponente edifício da história do cristianismo seja como uma enorme pirâmide pendurada sobre um fato insignificante é, certamente, menos credível do que a afirmação de que todo o evento – ou seja, o dado de fato mais o significado inerente a ele – tenha realmente ocupado um lugar na história comparável ao que lhe atribui o Novo Testamento[3]”.

Qual é, então, o ponto de chegada da pesquisa histórica com relação à ressurreição? Podemos apreendê-lo nas palavras dos discípulos de Emaús. Alguns discípulos, na manhã da Páscoa, foram ao túmulo de Jesus e descobriram que as coisas estavam como haviam relatado as mulheres, que foram antes deles, “mas a ele, não o viram” (cf. Lc 24, 24). Até a história vai a sepulcro de Jesus e deve constatar que as coisas estão da forma como disseram os testemunhos. Mas ele, o Ressuscitado, não o vê. Não basta constatar historicamente os fatos, é necessário “ver” o Ressuscitado, e isso a história não pode dar, mas só a fé[4].  Quem chega correndo da terra firme rumo a costa do mar deve parar de repente; pode ir além com o olhar, mas não com os pés.

2. Significado apologético da ressurreição

Passando da história para a fé, muda também o modo de falar da ressurreição. O do Novo Testamento e da liturgia da Igreja é uma linguagem assertiva, apodíctica, que não se baseia em demonstrações dialéticas. "Mas agora Cristo ressuscitou dos mortos" (1 Cor 15, 20), diz Paulo. Aqui se está no nível da fé, não mais no da demonstração. É o que chamamos de kerygma. "Scimus Christum surrexisse a mortuis vere", canta a liturgia do Domingo de Páscoa: "Nós sabemos que Cristo verdadeiramente ressuscitou". Não só acreditamos, mas tendo acreditado, sabemos que é assim, disso temos certeza. A prova mais segura da ressurreição se tem depois, não antes, que se acreditou, porque então se experimenta que Jesus está vivo.

Mas o que é a ressurreição considerada do ponto de vista da fé? É o testemunho de Deus sobre Jesus Cristo. Deus Pai, que, em vida, já havia corroborado Jesus de Nazaré com prodígios e sinais, agora colocou um selo definitivo no seu reconhecimento, ressuscitando-o da morte. Em seu discurso de Atenas, São Paulo formula assim a coisa: “Deus o ressuscitou dos mortos dando, assim, a todos os homens uma prova certa sobre ele” (At 17, 31). A ressurreição é o poderoso “Sim” de Deus, o seu “Amém” pronunciado sobre a vida do seu Filho Jesus.

A morte de Cristo não era, em si, suficiente para dar testemunho da verdade de sua causa. Muitos homens - temos uma prova trágica disso em nossos dias - morrem por razões erradas, até mesmo por razões iníquas; A sua morte não torna verdadeira a sua causa; somente testemunha que eles acreditavam na verdade dela. A morte de Cristo não é a garantia da sua verdade, mas do seu amor, pois "ninguém tem maior amor do que aquele que dá a vida pela pessoa amada” (Jo 15, 13).

Somente a ressurreição é o selo de autenticidade divina de Cristo. É por isso que, a quem lhe pedia um sinal, Jesus respondeu: "Destruí este santuário, e em três dias eu o levantarei" (Jo 2, 18s) e em outro lugar diz: "Não vai ser dada a esta geração nenhum sinal, a não ser o sinal de Jonas” que depois de três dias no ventre do peixe viu novamente a luz (Mt 16,4). Paulo tem razão de edificar sobre a ressurreição, como seu fundamento, todo o edifício da fé: “Se Cristo não tivesse ressuscitado, vã seria nossa fé. Nós seríamos falsas testemunhas de Deus... seríamos os mais dignos de compaixão de todos os homens"(1 Cor 15, 14-15,19). É possível compreender por que Santo Agostinho pode dizer que "a fé dos cristãos é a ressurreição de Cristo". Que Cristo tenha morrido todo mundo acredita, também os pagãos, mas que tenha ressuscitado, só os cristãos acreditam, e não é cristão quem não acredita[5].

3. Significado mistérico da ressurreição

Até aqui o significado apologético da ressurreição de Cristo, que é destinado a estabelecer a autenticidade da missão de Cristo e a legitimidade da sua pretensão divina. A esse se deve acrescentar outro significado que poderemos chamar mistérico ou salvífico, em quanto que diz respeito também a nós que cremos. A ressurreição de Cristo nos diz respeito e é um mistério “para nós”, porque fundamenta a esperança da nossa própria ressurreição da morte:

“E se o Espírito daquele que ressuscitou Jesus  dentre os mortos dará vida também a vossos corpos mortais, mediante o seu Espírito que habita em vós” (Rm 8, 11).

A fé em uma vida após a morte aparece, de forma clara e explícita, apenas no final do Antigo Testamento. O segundo livro dos Macabeus é o testemunho mais avançado: "Depois de morrermos – exclama um dos sete irmãos mortos por Antíoco – (Deus) nos ressuscitará à vida nova e eternal” (cf. 2 Mac 7,1-14). Mas essa fé não nasce de repente, do nada; está enraizada vitalmente em toda a precedente revelação bíblica, da qual representa a conclusão esperada e, por assim dizer, o fruto mais maduro.

Especialmente duas certezas levaram a esta conclusão: a certeza da onipotência de Deus e a certeza da insuficiência e da injustiça da retribuição terrena. Aparecia sempre mais evidente – especialmente depois da experiência do exílio – que a sorte dos bons neste mundo é tal que, sem a esperança de uma retribuição diferente dos justos após a morte, seria impossível não cair no desespero. Nesta vida, de fato, tudo acontece da mesma forma ao justo e ao ímpio, tanto na felicidade quanto na desgraça. O livro do Coélet representa a expressão mais lúcida desta amarga conclusão (cf. Ecl 7, 15).

O pensamento de Jesus sobre o assunto é expresso na discussão com os Saduceus sobre o caso da mulher que teve sete maridos (Lc 20, 27-38). De acordo com a revelação bíblica mais antiga, a mosaica, eles não aceitaram a doutrina da ressurreição dos mortos que consideravam uma novidade. Referindo-se à lei do levirato (Dt 25: a mulher que ficou viúva, sem filhos homens, deve casar-se com o cunhado), eles especulam o caso limite de uma mulher que, dessa forma, passou por sete maridos. No final, com a certeza de ter demonstrado o absurdo da ressurreição, perguntam: "Esta mulher, na ressurreição, de quem será esposa"?

Sem se afastar do terreno escolhido pelos seus adversários, com poucas palavras, Jesus primeiro revela onde está o erro dos saduceus e o corrige, depois, dá à fé na ressurreição a sua fundamentação mais profunda e mais convincente. Jesus se pronuncia sobre duas coisas: sobre o modo e sobre o fato da ressurreição. Quanto ao fato de que haverá uma ressurreição dos mortos, Jesus recorda o episódio da sarça ardente, onde Deus se proclama "Deus de Abraão, Deus de Isaac e Deus de Jacó". Se Deus se proclama "Deus de Abraão, de Isaac e de Jacó, quando Abraão, Isaac e Jacó morreram há gerações, e se, por outro lado, “Deus é Deus dos vivos e não dos mortos”, então quer dizer que Abraão, Isaac e Jacó estão vivos em algum lugar!

Mais do que sobre a resposta de Jesus aos Saduceus, a fé na ressurreição se fundamenta no fato da sua ressurreição da morte. “Se se prega que Cristo ressuscitou dos mortos, exclama Paulo, como podem dizer alguns de vocês que não existe ressurreição dos mortos? Se não existe ressurreição dos mortos, nem sequer Cristo ressuscitou!” (1 Cor 15,12-13). É absurdo pensar em um corpo, cuja cabeça reina gloriosa no céu e cujo corpo se decompõe eternamente na terra ou acabe no nada.

A fé cristã na ressurreição dos mortos responde, além disso, ao desejo mais instintivo do coração humano. Nós – diz Paulo – não queremos ser despojados do nosso corpo, mas revestidos, ou seja, não queremos sobreviver com uma parte somente do nosso ser – a alma – , mas com todo o nosso eu, alma e corpo; por isso, não desejamos que o nosso corpo mortal seja destruído, mas que “seja absorvido pela vida” e se vista, ele próprio, de imortalidade (cf. 2 Cor 5, 1-5; 1 Cor 15, 51-53).

Da vida eterna, nós não só temos nesta vida uma promessa: nós também temos "as primícias" e o "sinal" (ou arras, ndt). Jamais se deveria traduzir o termo grego arrabôn usado por São Paulo a respeito do Espírito (2 Cor 1, 22; 5,5; Ef 1, 14) com “penhor” (pignus), mas só com sinal. Santo Agostinho explicou muito bem a diferença. O penhor, diz, não é o começo do pagamento, mas algo que se dá enquanto se espera o pagamento; assim que o pagamento é feito, o penhor é devolvido. Não acontece isso com o sinal. Ele não é devolvido no momento do pagamento, mas completado. Já faz parte do pagamento. “Se Deus, por meio do seu Espírito, nos deu como sinal o amor, quando nos for dada toda a realidade, nos será tirado o sinal? Certamente que não, mas o que já foi dado será completado[6]".

Como “as primícias” anunciam a safra cheia e são parte dela, assim o sinal é parte da posse plena do Espírito. É o “Espírito que habita em nós” (Rm 8,11), mais que a imortalidade da alma, que garante, como se vê, a continuidade entre a nossa vida presente e aquela futura.

Sobre o modo da ressurreição, naquela mesma ocasião Jesus afirma a condição espiritual dos ressuscitados: "Aqueles que são considerados dignos do outro mundo e da ressurreição dos mortos, não tomam mulher nem marido; e nem podem mais morrer, porque são iguais aos anjos e, sendo filhos da ressurreição, são filhos de Deus”.

Foi feita uma tentativa de ilustrar a transição da condição terrestre para aquela de ressuscitados com exemplos tirados da natureza: a semente da qual brota a árvore, a natureza morta no inverno que ressurge na primavera, a lagarta que se transforma em uma borboleta. Paulo simplesmente diz: "semeado corruptível, o corpo ressuscita incorruptível; semeado desprezível, ressuscita reluzente de glória; semeado na fraqueza, ressuscita cheio de força; semeado corpo psíquico ressuscita corpo espiritual"(1 Cor 15, 42- 44).

A verdade é que tudo o que diz respeito à nossa condição no pós-vida permanece um mistério impenetrável; não porque Deus quis mantê-lo escondido, mas porque, como somos forçados a pensar em tudo nas categorias de tempo e espaço, não temos as ferramentas para representá-lo. A eternidade não é uma entidade que existe a parte e que pode ser definida em si mesma, como se fosse um tempo esticado infinitamente. É o modo de ser de Deus. A eternidade é Deus! Entrar na vida eterna significa simplesmente ser admitidos, por graça, a compartilhar o modo de ser de Deus.

Tudo isso não teria sido possível se a eternidade não tivesse antes entrado no tempo. É em Cristo ressuscitado e graças a ele que nós podemos revestir o modo de ser de Deus. São Paulo se representa aquilo que o espera depois da morte como um “ir para estar com Cristo” (Fl 1,23). A mesma coisa pode ser deduzida a partir da palavra de Jesus ao bom ladrão: "Hoje estarás comigo no paraíso" (Lc 23, 43). O paraíso é um ser “com Cristo”, como seus "herdeiros". A vida eterna é um reunir-se dos membros com a cabeça, um “apinhar-se” com ele na glória, depois de ter estado unido com ele no sofrimento (Rm 8,17).

Uma boa história contada por um escritor alemão moderno nos ajuda a nos dar um sentido de vida eterna mais do que todas as tentativas racionais de explicação. Em um mosteiro medieval moravam dois monges ligados entre si por profunda amizade espiritual. Um se chamava Rufus e o outro Rufinus. Em todo o seu tempo livre a única coisa que faziam era tentar imaginar e descrever como seria a vida eterna na Jerusalém celeste. Rufus que era um mestre-de-obras imaginava-a como uma cidade com portas de ouro, cravejada de pedras preciosas; Rufinus que era organista, como toda ressoante de celestes melodias.

No final, fizeram um pacto: qualquer um deles que tivesse morrido primeiro deveria voltar na noite seguinte, para garantir ao amigo que as coisas eram assim como eles haviam imaginado. Teria sido suficiente uma palavra. Se fosse como eles tinham pensado, se deveria dizer simplesmente: taliter!, ou seja, isso mesmo;! se – mas era completamente impossível – fosse de outra forma, deveria dizer: aliter, diferente!

Uma noite, enquanto estava no órgão, o coração de Rufino parou. O amigo velou ansiosamente toda a noite, mas nada; esperou em vigílias e jejuns por semanas e meses, e nada. Finalmente, no aniversário da sua morte, eis que, à noite, em um halo de luz, entra na sua cela o amigo. Vendo que silencia, é ele que lhe pergunta, confiante na resposta afirmativa: taliter? É tão verdade? Mas o amigo balança a cabeça em sinal negativo. Em desespero, grita: aliter? É diferente? Mais uma vez um sinal negativo da cabeça. E, finalmente, dos lábios fechados do amigo, em um instante, duas palavras: totaliter aliter: Totalmente diferente! Rufus entende em um flash que o céu é infinitamente mais do que eles tinham imaginado, que não pode ser descrito, e logo depois morre também ele, pelo desejo de alcançá-lo[7].

O fato, é claro, é uma lenda, mas o seu conteúdo é bastante bíblico. "O que os olhos não viram, os ouvidos não ouviram e o corçaão do homem não percebeu, tudo o que Deus preparou para os que o amam” (1 Cor 2, 9). São Simeão, o Novo Teólogo, um dos santos mais amados na Igreja Ortodoxa, teve uma visão um dia; estava certo de ter contemplado Deus em pessoa e, com a certeza de que não poderia haver nada maior e mais radioso do que tinha visto, disse: “Se o céu é isso, me basta!” O Senhor lhe respondeu: "Es realmente bem mesquinho, se te contentas com estes bens, porque, com relação aos bens futuros, esses são como um céu pintado no papel, em comparação ao céu real[8]”.

Quando se quer atravessar um braço de mar, dizia Santo Agostinho, a coisa mais importante não é sentar-se na costa e aguçar a visão para ver o que está do outro lado, mas é subir no barco que leva àquela margem. E também para nós a coisa mais importante não é especular sobre como será a nossa vida eterna, mas fazer as coisas que sabemos que nos levam a ela[9]. Que o nosso dia de hoje seja um pequeno passo em direção a ela.

Traduçao de Thácio Siqueira

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[1] Tacito, Anais 25.

[2] Martin Dibelius, Iesus,  Berlim 1966, p. 117.

[3] Charles H. Dodd, History and the Gospel, London 1964, p.76 (ed. Italiana Storia ed Evangelo, Brescia 1976, p. 87).

[4] Cf. Søren Kierkegaard, Diario, X, 4, A, 523.

[5] Cf. S. Agostinho, Enarr. in Psalmos, 120, 6 (CCL, 40, p 1791).

[6] S. Agostinho, Discursos, 23, 9 (CC 41, p. 314).

[7] H. Franck, Der Regenbogen. Siebenmalsieben Geschichten, Leipzig 1927.

[8] S. Simeão Novo Teólogo, Segunda oração de agradecimento (SCh 113, p. 350).

[9] Agostinho, A Trindade IV,15,30; Confissões, VII, 21.

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México: libertado sacerdote sequestrado em Tamaulipas

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Tampico (RV) - A Diocese de Tampico, em Tamaulipas, no México, informou que o Pe. Oscar López Navarro foi libertado nesta quinta-feira (30/03).

Segundo a Agência Fides, a notícia foi dada à imprensa local pelo bispo da diocese, Dom José Luis Dibildox Martínez, que não conseguiu falar diretamente com o sacerdote porque era exausto e descansava depois da experiência dramática.

“Não se trata da quantidade de dinheiro, mas das orações de muitas pessoas, da pressão exercida pelos meios de comunicação e também o interesse das autoridades em resolver esta situação. O importante é que ele está bem”, disse Dom Martínez a propósito da libertação do sacerdote.
 
O Bispo de Tampico disse ainda que durante o cativeiro, Pe. López Navarro telefonou duas vezes. Teve medo, mas está bem e não foi maltratado.
 
Segundo a rádio local, os sequestradores contataram os sacerdotes da comunidade "Missionários de Cristo Mediador", responsáveis pela Paróquia de São José Operário de Altamira, onde o Pe. López Navarro trabalha, para pedir uma cifra muito elevada pelo resgate. Os sacerdotes declararam que era impossível obter aquela quantia e não denunciaram o fato à Polícia com medo de colocar em perigo a vida do sacerdote sequestrado.
 
A comunidade de missionários acredita que se tratou de um erro ou de um sequestro por acaso. “Por trás de tudo isso não há outra causa a não ser a ambição dos sequestradores de tirar dinheiro de qualquer pessoa, mas entenderam que não tínhamos nada para dar”, disse um membro da comunidade. 

(MJ)

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Igreja no Mundo



EUA: 13 fiéis morrem em grave acidente, após retiro espiritual

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San Antonio (RV) –  O grupo de fiéis da Primeira Igreja Batista de New Braunfels, no Texas, voltava de um retiro espiritual, quando a van em que viajavam bateu de frente contra uma caminhonete.

O acidente, que matou 13 idosos e feriu outras duas pessoas, aconteceu na tarde de quarta-feira (29), numa estrada em San Antonio, no Texas (EUA). Apenas o motorista da caminhonete e um passageiro da van conseguiram sobreviver.

O pastor da igreja, Brad McLean, confirmou que as vítimas estavam num retiro espiritual na região de Uvalde. As atividades do templo em New Braunfels foram canceladas, mas seguirá aberto para parentes e amigos das vítimas para apoio e oração.

Já o porta-voz do Departamento de Segurança Pública do Texas, sargento Conrad Hein, disse à imprensa local que não se sabem as causas do acidente, que está sob investigação. O governador do Texas, Greg Abbott, através de um comunicado, também se pronunciou: “estamos tristes pela perda dessas vidas e nossos corações se encontram com todos eles”. (Ansa/EFE/AC)

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Bispos australianos: cristãos, grupo religioso mais perseguido do mundo

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Sydney (RV) – “Os cristãos são o grupo religioso mais perseguido do mundo”, afirma o comunicado divulgado nesta quinta-feira (30/03), pelos bispos australianos. 

“Todos os anos, por causa de sua fé, mais de 100 mil cristãos são mortos” e outros “foram expulsos do Oriente Médio, berço do cristianismo”, diz o documento.  
 
O texto é parte de uma investigação sobre a situação do direito humano à liberdade de religião ou crença, feita pela Comissão Permanente Conjunta do Parlamento australiano das Relações Exteriores, Defesa e Comércio.

A preocupação dos bispos australianos não é apenas com os cristãos, eles condenam a perseguição aos yazidis, judeus, mulçumanos e outros grupos religiosos. “Entender e reconhecer a complexidade do direito à liberdade de religião ou crença será sempre muito importante para nosso país”, diz o presidente dos bispos australianos, Dom Denis Hart.  

“A porcentagem da população com uma crença religiosa – disse o bispo, aumenta no mundo. E se, os governantes australianos querem entender o mundo, então eles devem entender e aceitar a fé religiosa”.

Muitos, no entanto, são os desafios que as religiões são obrigadas a enfrentar nos dias de hoje, e Dom Hart lembra alguns deles: ataques violentos, restrições governamentais “mas também, especialmente no Ocidente, um ateísmo cada vez mais agressivo que não tolera opiniões diferentes e tentativas de excluir a religião do contexto público.” E o bispo, acrescenta, “é a crença religiosa que dá origem aos direitos humanos.”

“Basta pensar”, disse Mons. Hart, que "na tradição judaico-cristã, as pessoas são criadas à imagem e semelhança de Deus e esta é a base do reconhecimento da dignidade humana. E é, a partir dessa dignidade, universal e inerente, que provém os direitos humanos de todos." Daí, o apelo da Igreja em Sydney para os governos, reconhecer que "quando falamos de pessoas de fé, estamos falando de cidadãos, sejam eles cristãos, judeus, muçulmanos ou outros."

Os bispos defendem que os "fiéis, independentemente da sua religião, têm o direito de exercer sua liberdade religiosa para o bem comum", no "respeito pelos direitos e liberdades dos outros" e  esperam, por sua vez, ser protegidos". E concluem dizendo: “a Austrália desempenha um importante papel no reconhecimento e respeito pela liberdade religiosa e promoção do diálogo e outras iniciativas internacionais, para proteger as pessoas perseguidas por causa de suas crenças religiosas." 

(MD)

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Paquistão: nova tentativa de conversão de cristãos ao Islã

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Roma (RV) - Líderes religiosos e ativistas cristãos pedem ações contra um promotor que confessou ter instigado prisioneiros cristãos a abandonarem a sua fé para abraçar o Islã. A desencadear a reação, afirma a agência AsiaNews, é a notícia publicada pelos meios de comunicação paquistaneses, que relata que o promotor Syed Anees Shah conduziu 42 prisioneiros cristãos perante um tribunal antiterrorismo em Lahore, na Província de Punjab, afirmando ser capaz de “assegurar sua libertação se se fossem convertidos ao Islã.

Shah, que foi contatado por um jornal britânico, primeiro rejeitou as acusações, para em seguida, confessar ter oferecido a eles uma escolha. Os cristãos, todos do bairro Youhanabad de Lahore, foram presos por terem linchado dois muçulmanos suspeitos de terrorismo alguns minutos após o ataque de dois agressores talibãs contra duas igrejas, em 15 de maio de 2015.

Conversões forçadas, milhares a cada ano

As conversões forçadas são um tema muito candente no país. Organizações paquistanesas para os direitos humanos afirmam que a cada ano cerca de mil mulheres cristãs e hindus são forçadas a se converter e se casar com homens muçulmanos. Segundo o último “Relatório sobre minorias religiosas no Paquistão”, da Comissão Nacional de Justiça e Paz da Conferência Episcopal Paquistanesa, cinco cristãos se converteram ao islamismo em 2014. Entre esses, três adolescentes cristãs que haviam sido sequestradas e forçadas a se casarem.

A tentativa com Asia Bibi

De acordo com o advogado cristão Nadeem Anthony, a mesma proposta de conversão ao Islã foi feita a Asia Bibi, a mãe cristã há sete anos na prisão e que corre o risco da pena de morte com a acusação de blasfêmia contra o profeta Maomé. Recordando o seu encontro na prisão distrital de Sheikhupura, em 2010, Anthony cita as suas palavras: “Minha fé é viva e jamais me converterei”. (SP)

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Atualidades



Carta de S. Vicente: a criatividade apostólica de Anchieta

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Cidade do Vaticano (RV) – Nesta semana em que recordamos os 3 anos da canonização de José de Anchieta, e na concomitância da Quaresma, que traz o tema ‘Fraternidade: biomas brasileiros e defesa da vida’ e o lema ‘Cultivar e guardar a criação’, estamos conhecendo melhor a Carta de São Vicente. 
Em 1560, sensibilizado com a extraordinária biodiversidade da Mata Atlântica, o Padre José de Anchieta escreveu a Carta, primeiro registro histórico sobre o bioma.

Com grande sensibilidade e criatividade apostólica, o jovem, demonstrando fidelidade à fé e abertura ao diálogo com a cultura indígena, é hoje um exemplo de ‘Igreja em saída’. É o que afirma o nosso hóspede, Pe. Josafá Siqueira SJ, reitor da PUC-Rio, estudioso de questões ambientais, autor de artigos científicos e de 12 livros, entre eles ‘Um olhar sobre a natureza’, ‘Ética e meio ambiente’, ‘Ética socioambiental’.

“A vida de Anchieta traz um testemunho especial e extraordinário, mudando a nossa capacidade de nos relacionarmos com toda a Criação e ao mesmo tempo, a capacidade bonita de ver quais são as demandas de uma cultura local e de que maneira podemos evangelizar utilizando elementos desta cultura”.

“As vezes fico fascinado quando vejo a sensibilidade que Anchieta teve para ver o caminho para que o Evangelho pudesse realmente chegar ao coração das pessoas usando as mediações daquela cultura: a dança, a música, a poesia, isto é muito importante. Acho que hoje está faltando um pouco esta nossa ‘criatividade apostólica’ de uma Igreja ‘em saída’, com o Papa sempre insiste, de ter a coragem de ver realmente o que é importante, como fazer gestos significativos de saída, de acolhida. Anchieta deu o exemplo de ser alguém que foi fiel à sua fé, sem abrir mão de seus princípios, e ao mesmo tempo, de uma abertura para acolher e dialogar com outra cultura”.

Ouça a reportagem completa: 

(CM)

 

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Casa do Menor: grito por família, um grito constante

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Cidade do Vaticano (RV) - O fundador da Casa do Menor, Pe. Renato Chiera, se encontra atualmente na Itália e visitou recentemente a nossa emissora.  

O sacerdote está fazendo um ano sabático e delegou a Casa do Menor a seus colaboradores. Um dos objetivos do Pe. Renato é fazer, durante este período de pausa, um mergulho em sua família biológica. 

Pe. Renato está celebrando 50 anos de sacerdócio, 40 anos de trabalho missionário no Brasil e 31 anos de experiência na Casa do Menor que  acolhe crianças, adolescentes e jovens em situação de risco, em Nova Iguaçu (RJ), na Baixada Fluminense, apresentando-lhes os valores que desconhecem através da pedagogia-presença.

(MJ)

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