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Sumario del 01/04/2017

Papa e Santa Sé

Igreja no Brasil

Formação

Atualidades

Papa e Santa Sé



Motu Proprio: “transferência das competências sobre os Santuários"

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Cidade do Vaticano (RV) – Foi promulgada, na manhã deste sábado (01/4), no Vaticano, a Carta, em forma de “Motu Proprio”, do Papa Francisco para a “transferência das Competências sobre os Santuários ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização. 

“O Santuário possui na Igreja um “grande valor simbólico” e ser peregrinos é uma profissão de fé genuína. Assim inicia o “Motu Proprio” do Papa Francisco, dividido em cinco pontos:

Primeiro: o Santuário é expressão de devoção, oração e confiança na misericórdia de Deus na vida do povo de Deus. Ao longo dos séculos, os fiéis sempre acorreram aos lugares sagrados onde Jesus viveu, aos túmulos dos Apóstolos e aos concernentes à Mãe de Deus, aos Santos e Bem-aventurados.  

Segundo: os Santuários permanecem, desde sempre, sinais de evangelização, mas também da fé simples e humilde dos fiéis, que ali encontram a dimensão da sua devoção e da presença divina.

Terceiro: apesar da crise de fé que se alastra no nosso mundo, os Santuários são vistos como espaços sagrados, verdadeiros refúgios, onde os peregrinos encontram paz, silêncio e contemplação, apesar da sua vida frenética. Neles, os fiéis recebem a força e a ajuda espiritual para o seu caminho eclesial e pastoral.

Quarto: por sua natureza, o Santuário é o lugar sagrado onde se pode ouvir a Palavra de Deus, participar dos Sacramentos e fortalecer sua ação evangelizadora, catequética. Nos Santuários, os enfermos, pobres, marginalizados, pessoas necessitadas encontram refúgio e coragem.

Enfim, o quinto ponto do “Motu proprio” ressalta a vocação dos Santuários, que continuam a dar impulso à Nova Evangelização, na sociedade e na Igreja, e ao desenvolvimento da pastoral devocional.

Por isso, querendo favorecer o desenvolvimento da pastoral nos Santuários da Igreja, o Santo Padre decidiu transferir, ao Pontifício Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, as competências, que até agora eram atribuídas à Congregação para o Clero, e as que se referem aos deslocamentos, devido à piedade popular.

Portanto, o Papa Francisco estabelece as tarefas do Pontifício  Conselho para a Promoção da Nova Evangelização, entre as quais a criação de novos Santuários e a aprovação dos seus estatutos; criar instrumentos para favorecer a evangelização e a religiosidade popular; promover encontros nacionais e internacionais para a renovação da pastoral da piedade e devoção popular; dar assistência espiritual e eclesial aos peregrinos e, enfim, dar maior valor cultural e artístico aos Santuários. (MT)

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Papa à PUC peruana: fechada em si mesma, universidade está fadada ao fracasso

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Cidade do Vaticano (RV) – O Papa Francisco enviou uma mensagem à Pontifícia Universidade Católica do Peru, por ocasião de seus 100 anos de fundação. 

No texto, o Pontífice escreve que esta data permite refletir sobre a natureza e a finalidade desta Universidade, que já em seu estatuto é definida como uma “comunidade de professores, alunos e graduados dedicada aos fins essenciais de uma instituição universitária católica”.

Antes de tudo, escreve Francisco, esta definição supõe reconhecer-se membros de uma mesma família, que compartilham uma história comum. “A comunidade se forma e se consolida quando se caminha juntos e unidos, valorizando o legado que receberam e devem preservar. É um chamado à abertura a outras culturas e realidades; fechando-se em si mesma, contemplando somente seu saber e sucessos, estará fadada ao fracasso. Ao contrário, conhecer o pensamento e os costumes dos outros nos enriquece e nos estimula.”

Ensinar e aprender, escreve ainda o Papa, é um processo lento e minucioso, que necessita de atenção e de um amor constante. Nesta tarefa, professores, alunos e graduados contribuem com a competência do seu saber e o específico de sua vocação e vida, para que esta instituição brilhe não somente em sua excelência acadêmica, mas também como escola de humanidade.

Todavia, acrescenta o Pontífice, adquirir conhecimento não basta, é necessário levá-lo à vida. “Somos discípulos missionários e somos chamados a transformar o mundo num evangelho vivo. Através do exemplo de nossa vida e de nossas boas obras, estaremos testemunhando Cristo, para que o coração do homem possa mudar e se transformar numa criatura nova.”

Ao confiar os projetos da Pontifícia Universidade Católica do Peru a Nossa Senhora, Francisco conclui afirmando que a instituição tem que enfrentar o desafio de sair em busca do homem e da mulher de hoje, levando uma palavra autêntica e segura.

“Para alcançar este objetivo, deve buscar ardentemente e com rigor a verdade, assim como sua adequada transmissão. (…) Esta Universidade terá alcançado seus objetivos se puder levar ao tecido social essa dose de profissionalismo e humanidade, que são próprias do cristão que soube buscar com paixão essa síntese entre fé e razão.”

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Papa Francisco: fugir da peste do carreirismo eclesiástico

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Cidade do Vaticano (RV) – O Santo Padre recebeu, ao final da manhã deste sábado (01/4), na Sala Clementina cerca de 160 membros da Comunidade do Pontifício Colégio Espanhol de São José, em Roma, por ocasião dos 125 anos de fundação. 

Esta Obra, disse o Papa, foi instituída pelo bem-aventurado Manuel Domingo y Sol, fundador da Irmandade de Sacerdotes Operários Diocesanos do Sagrado Coração de Jesus:

“Esta instituição nasceu com o intuito de ser ponto de referência para a formação do clero. Forma-se pressupõe se capazes de aproximar-se com humildade do Senhor e perguntar-lhe: “Qual é a vossa vontade? O que quereis que eu faça?”

A resposta, afirmou Francisco, nós já sabemos, mas seria bom recordá-la. Assim, propôs para a reflexão dos presentes três palavras extraídas do Shemá, com as quais Jesus respondeu ao Levita: “Amarás ao Senhor com todo o teu coração, com toda a tua alma e com todas as tuas forças”.

“Amar com todo o coração significa fazê-lo sem reservas e sem rugas, sem interesses ilegais e sem buscar a si mesmo para o bem pessoal. A caridade pastoral supõe ir ao encontro do outro, compreendendo-o, acolhendo-o e perdoando-o de coração. Porém, sozinhos não podemos crescer nesta caridade”.

Por isso, acrescentou o Pontífice, o Senhor nos chamou para viver em comunidade, de modo que esta caridade possa congregar todos os sacerdotes com um vínculo especial no ministério e na fraternidade. Para que isto seja possível, devemos contar com a ajuda do Espírito, com o combate ao individualismo, mas mediante a unidade na diversidade.

Depois o Papa explicou a segunda parte do Shemá: “Amar com toda a alma”, ou seja, estar dispostos a oferecer toda a nossa vida, como dizia o Fundador do Colégio Espanhol. Por isso, a formação de um sacerdote não deve ser apenas acadêmica, mas deve servir para crescer no discernimento e aproximar-nos de Deus e dos irmãos.

Por fim, Francisco explicou a terceira resposta de Jesus ao Levita: “Amar com todas as forças”.

Não se pode contentar em ter uma vida organizada e cômoda, mas manter uma adequada relação com o mundo e com os bens terrenos, renunciando às coisas supérfluas, mediante a confiança na Providência divina, para estar mais próximos dos pobres e dos frágeis.”

O Santo Padre concluiu exortando os presentes a “serem testemunhas de Jesus, através da sensibilidade e austeridade da vida, para ser promotores críveis de uma verdadeira justiça social". E se despediu pedindo à Comunidade espanhola “para fugir da peste do carreirismo eclesiástico". (MT)

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Igreja no Brasil



Rede contra o tráfico humano completa 10 anos no Brasil

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Manaus (RV) - A Rede “Um Grito Pela Vida”, que atua no enfrentamento ao tráfico de pessoas, completou 10 anos de existência esta semana, no dia 30 de março. Neste período, foram promovidas diversas ações de prevenção e assistência e intervenção política, buscando instruir a sociedade a fim de coibir o crescimento da inserção de vítimas neste mercado do crime.

Constituída por religiosas e religiosos de diversos Regionais e Congregações, a Rede é um espaço de “articulação e ação profético-solidária da Vida Religiosa Consagrada do Brasil”. A iniciativa surgiu a partir de uma solicitação da União Internacional de Superioras Gerais à Conferência dos Religiosos do Brasil (CRB) de que fosse realizado um curso sobre o tráfico de pessoas. 

Após o encontro, 28 religiosas, de 20 congregações, sentiram o clamor das vítimas deste crime e decidiram atuar nesta realidade, buscando ser “presença solidária entre os empobrecidos e excluídos”. Com o tempo, de acordo com a Rede, diferentes congregações masculinas e femininas têm se juntado no trabalho. Atualmente, são 300 religiosos que estão presentes em todas as regiões do país no trabalho da Rede, que é “uma ação missionaria em conjunto”.

Desde 2006 a Rede “Um Grito Pela Vida” é parte constitutiva da CRB Nacional, atuando de forma descentralizada e articulada com as organizações e iniciativas afins, nas diversas localidades, estados e municípios brasileiros. Ela também integra a Rede internacional da Vida Religiosa Consagrada Talitha Kum.

A grande comemoração dos 10 anos da Rede Um Grito pela Vida será feita em Brasília (DF) no mês de outubro, durante o encontro nacional.

A coordenadora da de Talitha Kum, Irmã Gabriella Bottani, agradeceu por meio de mensagem a todas as irmãs “que tiveram a coragem de tecer os primeiros fios de solidariedade e compromisso da Rede Um Grito pela Vida”.

“Desejo que a celebração dos dez anos proporcione um tempo especial para renovar as forças e continuar com coragem, criatividade e ousadia o compromisso assumido de enfrentar o tráfico de pessoas, pois a conjuntura política e econômica mundial está evidenciando um aumento preocupante de todas as formas de exploração da vida e do tráfico de pessoas”, escreveu a religiosa.

Para a coordenadora Nacional da Rede Um Grito pela Vida, Ir. Eurides Alves de Oliveira, este é um momento de “agradecer por tantas pessoas que têm colaborado nesse tempo, mas também de avaliar e encontrar o caminho a ser percorrido daqui pela frente, cada vez com maior determinação e coragem”.

Em entrevista à Rádio Vaticano, Ir. Eurides fala do trabalho da Rede: 

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Formação



Reflexão dominical: "Rejeitar os laços da morte e promover a cultura da vida"

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Cidade do Vaticano (RV) - «O tema da liturgia deste domingo é o Senhor como fonte da Vida, como a própria Vida.

Este relato é uma catequese sobre a ressurreição. Faz parte do tradicionalmente chamado Livro dos Sinais, do qual é o sétimo e o último sinal realizado por Jesus, segundo o Evangelho de João. 

A primeira leitura fala da revivificação de ossos ressequidos e o evangelho nos apresenta a belíssima cena conhecida como ressurreição de Lázaro. O Senhor mostra seu poder não para intimidar o ser humano, mas para salvá-lo, para trazê-lo à vida e devolver a alegria à sua família.

Se prestarmos bastante atenção nos gestos de Jesus, ele não restringe sua ação aos momentos limites como a morte, mas ele age trazendo a saúde, recuperando pessoas envolvidas com situações de morte, enfim perdoando o pecados. Ele, a Vida, recupera o que estava perdido.

Por isso, supliquemos ao Senhor da Vida que traga harmonia àquele casal que está com dificuldades no relacionamento conjugal, àquele jovem que perde sua vida nas drogas, àquele pai de família que gasta o dinheiro do sustento familiar nos jogos de azar, àquela moça que destrói sua vida através da prostituição.

Apresentemos ao Senhor aquelas mães que pensam em abortar a vida que Deus colaborou para que gerassem, aqueles médicos que desejam aliviar o sofrimento de seus pacientes agindo diretamente contra o dom divino da vida, e tantos outros casos que conhecemos. Só Deus poderá iluminar essas pessoas, mostrando-lhes o verdadeiro sentido da vida e dando-lhes coragem para enfrentar  com fé, esperança e caridade essas situações dificílimas.

O Senhor quer nos libertar de todas essas mortes e também daquela que leva nosso corpo para o cemitério, quer sinalizar que pode muito mais, que pode nos libertar da morte definitiva. Ele disse: “ Quem crê em mim, ainda que morra viverá, e quem vive e crê em mim, não morrerá para sempre.”

A segunda leitura da liturgia de hoje nos apresenta Paulo dizendo que não morremos porque, no batismo, assumimos essa vida dada a nós, por Jesus, em sua cruz e ressurreição. A partir do batismo, da profissão de fé em Jesus, viveremos, mesmo que aparentemente estejamos mortos. Aí não será uma reanimação do corpo ou revivificação como em Lázaro, que voltou à vida e depois morreu de novo, mas ressurreição, ou seja, Jesus nos dá a vida sem fim e plena, sem doenças, sem drogas, sem desavenças.

Ele nos dará aquilo que desejamos: vida saudável, ao lado das pessoas queridas que amamos, ao lado do Pai, de Maria, de todos os santos, e para sempre. Essa vida já pode começar agora, se colocarmos em prática a renúncia à cultura de morte, renúncia feita no batismo e, simultaneamente, colocarmos também em prática a profissão de fé na cultura de vida trazida por Jesus.

Que a graça de Deus nos conduza à opção pela Vida, em todos os momentos de nossa caminhada. Que nossa religiosidade nos leve a colocar em prática a ordem de Jesus: “Desatai-o e deixai-o ir”. Desatemos os laços de morte que amarram a nós e a nossos irmãos, e caminhemos juntos para a vida, como filhos do mesmo Pai, como destinatários que somos todos nós da salvação trazida por Cristo Jesus, nosso Redentor!

(Reflexão do Padre Cesar Augusto dos Santos para o V Domingo da Quaresma)

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Populorum Progressio: o desenvolvimento continua sendo o nome da paz

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Cidade do Vaticano (RV) - “O desenvolvimento é o novo nome da paz”: assim o hoje Beato Papa Paulo VI concluía 50 anos atrás – 26 de março de 1967 – uma das mais importantes encíclicas da Doutrina social da Igreja, a Populorum Progressio (O Desenvolvimento dos Povos), dando curso às aplicações do Concílio ecumênico Vaticano II, encerrado havia menos de dois anos. 

Muitas iniciativas destes dias têm celebrado no mundo inteiro, em instituições acadêmicas católicas e não só, este importante 50º aniversário, dando-nos a ocasião de revisitar a memorável encíclica do Papa Montini (Giovanni Battista Montini era seu nome de batismo), da qual é impressionante constatar a grande atualidade.

É pertinente observar que a partir da Rerum Novarum, publicada em 1891 no contexto da pós-revolução industrial e das questões sociais que se apresentavam partindo da questão operária no final do Séc. XIX, os importantes documentos magisteriais sociais que se seguiram, via de regra, foram publicados pelos Pontífices em ocasião de aniversário da histórica encíclica de Leão XIII que, como primeira encíclica social da Igreja, constituindo um marco, tornou-se também uma referência.

Assim foi com a Quadragesimo Anno do Papa Pio XI, em 1931, nos 40 anos da Rerum Novarum; a famosa Radiomensagem de Pio XII, em 1941 (não uma encíclica, mas uma Mensagem), no 50° aniversário; a Mater et Magistra de João XXIII, em 1961, nos 70 anos da primeira encíclica social.

Em 1967, portanto, não num aniversário decenal da Rerum Novarum, Paulo VI publicou a memorável Populorum Progressio. Antes dele, João XXIII publicara a Pacem in Terris em 1963, toda ela dedicada à urgente questão da paz diante da tensão pelo risco de um conflito atômico num contexto de intensificação da guerra fria.

Com a Pacem in Terris, primeira encíclica dirigida também aos não-cristãos, a todos os homens e mulheres de boa vontade, o Magistério dá um verdadeiro salto de qualidade como consciência crítica da humanidade. Paulo VI assume esta herança e como homem de grande visão e de profunda intuição, diante dos desequilíbrios econômicos e injustiças entre povos e nações, diante do alargamento do fosso social cada vez maior entre ricos e pobres, lança a todos este apelo solene em favor do desenvolvimento integral do homem e do desenvolvimento solidário da humanidade.

Entendendo que a paz não será possível sem o desenvolvimento dos povos a nível planetário, a Populorum Progressio ressalta que o desenvolvimento é um dever. Os povos, portanto, são chamados a convergir numa obra comum para promover o desenvolvimento integral. Nessa empreitada Paulo VI recorda, sobretudo, os deveres dos povos mais favorecidos.

Os grandes documentos sociais que se seguiram após a Populorum Progressio voltaram à tradição de publicação em aniversário decenal da Rerum Novarum: a Octogesima Adveniens (Carta apostólica), também de Paulo VI, em 1971, nos 80 anos da encíclica de Leão XIII; a encíclica Laborem Exercens de João Paulo II, em 1981, nos 90 anos da primeira encíclica social.

Outro dado interessante: em 1987 João Paulo II quis celebrar o 20° aniversário da Populorum Progressio presenteando-nos a encíclica Solicitudo Rei Socialis; para o centenário da Rerum Novarum  (1991) publicou a encíclica Centesimus Annus; em 2009 o Papa Bento XVI escreveu a encíclica Caritas in Veritate, sobre o desenvolvimento humano integral na caridade e na verdade, na qual celebra os 40 anos da Populorum Progressio (embora publicada dois anos após este aniversário).

Em sua encíclica, Bento XVI expressa a sua convicção de que a Populorum Progressio merece ser considerada como “a Rerum Novarum da época contemporânea”, que ilumina o caminho da humanidade em vias de unificação, a considera importante compêndio da doutrina socioeconômica do Concílio Vaticano II e descreve a forte transformação econômica ao longo dos 40 anos do memorável texto magisterial do Papa Montini.

É verdade que a economia passou por grande transformacão nestes anos, mas as questões no centro da atencão da Populorum Progressio permanecem imperiosamente urgentes e são de impressionante atualidade, num contexto sociocultural marcado pela interdependência planetária, agudizada pela globalização, pela prolongada crise econômica e pelo fenômeno mais recente dos refugiados, constituindo – como reiteradas vezes denunciada pelo Papa Francisco – a maior crise migratória desde a II Guerra Mundial.

Todavia, vale lembrar que, acima de tudo, é a visão cristã do homem que inspira o discurso da encíclica sobre o desenvolvimento e que impede reduzi-lo a questão puramente econômica e política. Uma das afirmações-chave para compreender a antropologia subjacente à Populorum Progressio e sua visão de desenvolvimento é a de que “a verdade do desenvolvimento consiste na sua integralidade: se não é desenvolvimento do homem todo e de todo o homem, não é verdadeiro desenvolvimento”. Esta é a mensagem central da Populorum Progressio, válida hoje e sempre.

Qual “perita em humanidade”, como a define Paulo VI, a Igreja “escruta os sinais dos tempos” para oferecer uma visão global do homem e da humanidade.

O Papa Montini se dirige a todos os homens e mulheres de boa vontade a fim de que se realize um desenvolvimento para o bem de todos: uma justiça em escala mundial que garanta uma paz planetária e torne possível um “humanismo planetário”.

Desenvolvimento integral do homem e desenvolvimento solidário da humanidade: Paulo VI desenvolve o princípio de que o primeiro não pode realizar-se sem o segundo. Passados 50 anos, os dois temas fundamentais que a encíclica resume no ideal de um desenvolvimento integral e solidário são, certamente, mais do que nunca atuais.

Enquanto permanecerem os desequilíbrios e as injustiças que caracterizam o mundo de hoje, jamais a paz será possível. É ilusão acreditar na realização da paz enquanto povos inteiros e nações  jazem alijados do progresso, à margem do desenvolvimento. A extrema atualidade da Populorum Progressio leva-nos a poder afirmar com convicção: hoje, mais do que nunca, o desenvolvimento é o nome da paz. (Raimundo Lima)

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Atualidades



A semana do Papa em imagens

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Cidade do Vaticano (RV) - Confira como foi a semana do Papa Francisco, no Vaticano, com os eventos de 26 a 31 de março.

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Da Fátima das Arábias para a Fátima de Portugal

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Dubai (RV*) - Amigas e amigos, o estudo das culturas e religiões nos transporta para além das linhas do horizonte, dentro das quais construímos nossa história pessoal, familiar e comunitária. Alguns elementos estão envoltos em lendas e muitos são hauridos das tradições populares. Embora, nem sempre sejam comprovados com base científica ou histórica, não deixam de ter seus significados e verdade. 

Um dos nomes mais comuns e belos com os quais chamamos nossas irmãs é Fátima. O significado de Fátima não deixa de ser interessante. Significa “desmamada”, que deixou de ser bebê, uma pessoa que sabe ouvir a intuição e não se prende às regras ultrapassadas.

O profeta fundador do Islã, Maomé, deu o nome de Fátima a uma de suas filhas, nascida no ano 605 ou 606. A moça distinguiu-se como mulher forte, esposa amorosa, educadora exemplar ao assumir sozinha a educação dos filhos após a morte do marido.

Dois episódios entristeceram Fátima, durante o tempo em que viveu em Meca: a morte da mãe e quando retirou, de cima de seu pai, o lixo atirado por um membro da tribo, hostil à sua mensagem religiosa. Pela ligação profunda com ele, Fátima sofreu muito também durante sua doença e partida definitiva.

Pelas suas virtudes religiosas, Fátima é muito venerada entre os islâmicos. Por esta razão seus devotos são chamados de “fatímidas”.

Bem antes das aparições, no século XII, os muçulmanos dominavam a Península Ibérica, mas estavam sob pressão dos cristãos que queriam vê-los fora daquela região. A tradição diz que o governador do castelo de Alcácer do Sal, chamou sua filha de Fátima, em honra da filha de Maomé. Num dos confrontos entre cristãos e sarracenos, Dom Gonçalo Hermingues encontrou-se com Fátima e dela se enamorou, casando-se logo depois. A jovem esposa se converteu ao catolicismo e foi batizada, transformando-se em cristã exemplar.

Contudo, o feliz casamento terminou prematuramente, pois Fátima faleceu ainda muito jovem. Dom Gonçalo, inconsolável em sua dor, abandonou as armas e se fez monge na abadia cisterciense de Alcobaça, onde conseguiu sepultar os restos mortais da esposa tão amada. Depois de poucos anos, a abadia fundou um mosteiro a poucos quilômetros do local e para lá enviou Dom Gonçalo como seu superior. Mais uma vez foi concedido ao ex-líder guerreiro que não se separasse dos restos de sua esposa, depositados na nova igreja da localidade, até então um local ermo, e que agora recebeu o nome de Fátima, em honra daquela que, nascida muçulmana, havia- se tornado uma exemplar esposa cristã. O mosteiro, depois de muito tempo, desapareceu, mas até hoje está de pé a pequena igreja, dedicada a Nossa Senhora, onde teria sido enterrado o corpo de Fátima.

A pequena aldeia adquiriu fama mundial a partir de 13 de maio de 1917, data em que a Virgem Maria apareceu aos pastorinhos, sendo a partir de então invocada com o título de Nossa Senhora de Fátima.

Conhecendo o passado, a tradição e a experiência dos antepassados, podemos entender melhor quem somos e em que acreditamos, bem como seu significado. Afinal, a História é a mestra da vida que nos enriquece com seu conteúdo.

*Missionário Pe. Olmes Milani CS, das Arábias para a Rádio Vaticano

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