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Sumario del 07/04/2017

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Padre Cantalamessa: V pregação da Quaresma

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Cidade do Vaticano (RV) – Frei Raniero Cantalamessa, Pregador oficial da Casa Pontifícia, fez, na manhã desta sexta-feira, (07) na Capela Redemptoris Mater, no Vaticano, a sua quinta e última pregação de Quaresma 2017. “Manifestou-se a Justiça de Deus” - Como fazer do V centenário da Reforma protestante uma ocasião de graça e de reconciliação para toda a Igreja, foi o tema da meditação da qual participou o Papa Francisco e membro da Cúria. 

O Espírito Santo que – vimos nas meditações anteriores – nos insere na plena verdade da pessoa de Cristo e no seu mistério pascal, nos ilumina também sobre um aspecto crucial da nossa fé em Cristo, ou seja, sobre a maneira pela qual a salvação alcançada por ele chega a nós hoje na Igreja. Em outras palavras, sobre o grande problema da justificação do homem pecador por meio da fé. Acredito – disse o pregador - que tentar lançar luz sobre a história e sobre o estado atual deste debate seja a melhor forma para fazer do acontecimento do V centenário da Reforma protestante uma ocasião de graça e de reconciliação para toda a Igreja.

Ainda hoje, na pessoa religiosa mediana, em certos países do Norte da Europa, tal doutrina é o divisor de águas entre catolicismo e protestantismo. Eu mesmo ouvi de vários fieis leigos luteranos a pergunta: "Você crê na justificação pela fé?", como a condição para poder ouvir aquilo que eu dizia. Esta doutrina é definida pelos próprios iniciadores da Reforma “o artigo com o qual a Igreja está em pé ou cai".

É importante recordar que a tese da justificação pela fé e não pelas obras, não foi o resultado da polêmica com a Igreja da época, mas a sua causa. Foi uma verdadeira iluminação do alto, uma “experiência Erlebnis, tal como foi definida por ele próprio.

Então, a Reforma Protestante foi um caso de "muito barulho por nada"? Fruto de um equívoco? Devemos responder com firmeza: não! As revoluções, no entanto, não surgem pelas ideias ou pelas teorias abstratas, mas por situações históricas concretas, e a situação da Igreja, há tempo, não refletia realmente aquelas convicções. A vida, a catequese, a piedade cristã, a direção espiritual, por não falar depois da pregação popular: tudo parecia afirmar o contrário, ou seja, que o que conta são as obras, o esforço humano.

Depois que o cristianismo se tornou religião do Estado, a fé era absorvida naturalmente através da família, da escola, da sociedade. Não era tão importante insistir no momento em que se chega à fé e na decisão pessoal com a qual se torna crentes, mas insistir nas exigências práticas da fé, em outras palavras, na moral, nos costumes.

A doutrina da justificação gratuita pela fé  - disse Frei Cantalamessa - não é uma invenção do Apóstolo Paulo, mas a mensagem central do Evangelho de Cristo, independente da forma que tenha sido conhecida pelo Apóstolo: se por revelação direta do ressuscitado, ou pela "tradição", que ele diz ter recebido e que não era certamente limitada às poucas palavras do kerygma. Se não fosse assim, teriam razão aqueles que dizem que Paulo, não Jesus, é o verdadeiro fundador do cristianismo.

O núcleo da doutrina está contido já na palavra “Evangelho”, boa notícia, que Paulo com certeza não inventou do nada.

Falando ainda Reforma, o pregador disse que é vital que o centenário da Reforma não seja desperdiçado permanecendo prisioneiros do passado, procurando ver quem errou ou quem tem razão, talvez em um tom mais conciliador do que no passado. Devemos, pelo contrário, dar um passo à frente, como quando um rio chega a um estreitamente de leito e retoma o seu curso em um nível mais alto.

A situação mudou desde então. Os problemas que causaram a separação entre a Igreja de Roma e a Reforma foram particularmente as indulgências e o modo como ocorre a justificação do ímpio. Mas podemos dizer que estes são os problemas que levantam ou derrubam a fé do homem de hoje? Em uma ocasião recordo que o cardeal Kasper fez esta observação: para Lutero o problema existencial número um era como superar o sentido de culpa e obter um Deus benevolente; hoje o problema é exatamente o oposto: como dar novamente ao homem o sentido do pecado que desapareceu totalmente.

A justificação gratuita por meio da fé em Cristo deveria ser pregada hoje por toda a Igreja e com mais vigor do que nunca. Não, no entanto, em oposição às “obras” mencionadas no Novo Testamento, mas em contraste com a pretensão do homem pós-moderno de salvar-se sozinho com a sua ciência e tecnologia ou com espiritualidades improvisadas e tranquilizantes. Estas são as "obras" em que o homem moderno confia. Estou convencido de que, se Lutero voltasse à vida, esta seria a maneira pela qual ele também pregaria hoje a justificação pela fé.

Outra coisa importante devemos aprender todos, luteranos e católicos, do iniciador da Reforma. Para ele a justificação gratuita pela fé era acima de tudo uma experiência vivida e só mais tarde teorizada.

Nunca devemos perder de vista o ponto principal da mensagem paulina. Aquilo que o Apóstolo quer por acima de tudo afirmar em Romanos 3 não é que somos justificados pela fé , mas que somos justificados pela fé em Cristo; não é tanto que somos justificados pela graça, mas que somos justificados pela graça de Cristo. É Cristo o coração da mensagem, antes mesmo que a graça e a fé. É ele, hoje, o artigo com o qual a Igreja está em pé ou cai: uma pessoa, não uma doutrina. (SP)

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V Pregação da Quaresma - Texto integral

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Cidade do Vaticano (RV) – “Manifestou-se a Justiça de Deus” - Como fazer do V centenário da Reforma protestante uma ocasião de graça e de reconciliação para toda a Igreja, foi o tema da V e última pregação da Quaresma do Frei Raniero Cantalamessa ofmcap para o Papa e a Cúria. Confira a íntegra de pregação:

As origens da Reforma protestante

O Espírito Santo que – vimos nas meditações anteriores – nos insere na plena verdade da pessoa de Cristo e no seu mistério pascal, nos ilumina também sobre um aspecto crucial da nossa fé em Cristo, ou seja, sobre a maneira pela qual a salvação alcançada por ele chega a nós hoje na Igreja. Em outras palavras, sobre o grande problema da justificação do homem pecador por meio da fé. Acredito que tentar lançar luz sobre a história e sobre o estado atual deste debate seja a melhor forma para fazer do acontecimento do V centenário da Reforma protestante uma ocasião de graça e de reconciliação para toda a Igreja.

Não podemos deixar de ler todo o trecho da Carta aos Romanos, sobre o qual este debate está concentrado. Diz:

“21Agora, porém, independentemente da Lei, se manifestou a justiça de Deus, testemunhada pela Lei e pelos Profetas, 22justiça de Deus que opera pela fé em Jesus Cristo, em favor de todos os que creem – pois não há diferença, 23visto que todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus – 24e são justificados gratuitamente, por sua graça, em virtude da redenção realizada em Cristo Jesus: 25Deus o expôs como instrumento de propiciação, por seu próprio sangue, mediante a fé. Ele queria assim manifestar sua justiça, pelo fato de ter deixado sem punição os pecados de outrora, 26no tempo da paciência de Deus; ele queria manifestar sua justiça no tempo presente para mostrar-se justo e para justificar aquele que apela para a fé em Jesus. 27Onde está, então, o motivo de glória? Fica excluído. Em força de que lei? A das obras? De modo algum, mas em força da lei da fé. 28Porquanto nós sustentamos que o homem é justificado pela fé, sem a prática da Lei”.

Como foi possível que esta mensagem tão consoladora e luminosa tenha se tornado o pomo da discórdia no seio do cristianismo ocidental, dividindo a Igreja e a Europa em dois continentes religiosos diferentes? Ainda hoje, na pessoa religiosa mediana, em certos países do Norte da Europa, tal doutrina é o divisor de águas entre catolicismo e protestantismo. Eu mesmo ouvi de vários fieis leigos luteranos a pergunta: "Você crê na justificação pela fé?", como a condição para poder ouvir aquilo que eu dizia. Esta doutrina é definida pelos próprios iniciadores da Reforma “o artigo com o qual a Igreja está em pé ou cai" (articulus stantis et cadentis Ecclesiae).

Devemos remontar à famosa “experiência da torre” de Martinho Lutero que teve lugar nos anos de 1511 ou 1512. (Tem essa denominação porque se pensa que ocorreu em uma cela do convento agostiniano de Wittenberg chamado de "a Torre"). Lutero estava angustiado, quase em nível de desespero e ressentimento para com Deus, por causa do fato de que com todas as suas práticas religiosas e penitências ele não conseguisse sentir-se acolhido e em paz com Deus. Foi aqui que, de repente, apareceu de súbito em sua mente a palavra de Paulo em Romanos 1, 17: “O justo vive pela fé”. Foi uma libertação. Ele próprio, narrando sua experiência, próximo à sua morte, escreveu: “Quando descobri isso, me senti renascer e pareceu-me que se escancaravam para mim as portas do paraíso[1]”.

Precisamente, alguns historiadores luteranos datam este momento, ou seja, alguns anos antes do 1517, como o verdadeiro começo da Reforma. A ocasião que transformou esta experiência interior em uma verdadeira e real avalanche religiosa foi o incidente das indulgências que fez Lutero se decidir a afixar as famosas 95 teses na Igreja do Castelo de Wittenberg, em 31 de outubro de 1517. É importante notar esta sucessão histórica dos fatos. Ela nos diz que a tese da justificação pela fé e não pelas obras, não foi o resultado da polêmica com a Igreja da época, mas a sua causa. Foi uma verdadeira iluminação do alto, uma “experiência Erlebnis, tal como foi definida por ele próprio.

Surge espontaneamente uma pergunta: como podemos explicar o terremoto causado pela tomada de posição de Lutero? O que havia nessa decisão de tão revolucionário? Santo Agostinho tinha dado, da expressão "justiça de Deus", a mesma explicação de Lutero muitos séculos antes. "A justiça de Deus (justitia Dei) – tinha escrito – é aquela através da qual, pela sua graça, nos tornamos justos, exatamente como a salvação de Deus (salus Dei) (Sal 3,9) é aquela pela qual Deus nos salva[2]”.

São Gregório Magno tinha dito: “Não se vai das virtudes à fé, mas da fé às virtudes[3]”. E São Bernardo: “Eu, aquilo que não posso alcançar por mim mesmo, me aproprio (usurpo!) com confiança do lado trespassado do Senhor, porque é cheio de misericórdia. [...] E o que sobra da minha justiça? Oh, Senhor, lembrar-me-ei somente da tua justiça. De fato, ela é também a minha, porque tu es para mim justiça da parte de Deus (cf. 1 Cor 1, 30)[4]". S. Tomas de Aquino foi ainda mais longe. Comentando a sentença paulina “a letra mata, mas o Espírito vivifica" (2 Cor 3,6), ele escreveu que por letra entendem-se também os preceitos morais do evangelho, pelos quais “também a letra do Evangelho mataria, se não se acrescentasse, dentro, a graça da fé que cura[5]”.

O Concílio de Trento, convocado em resposta à Reforma, não encontra dificuldade em reafirmar esta convicção do primado da fé e da graça, embora considerando (como, aliás, fará todo o ramo da Reforma encabeçada por Calvino) as obras e a observância da lei, necessárias no contexto de todo o processo da salvação, segundo a fórmula paulina da “fé que opera pela caridade” (“fides quae per caritatem operatur”) (Gal 5,6)[6]. Fica assim explicado como, no novo clima de diálogo ecumênico, tenha sido possível chegar à declaração conjunta da Igreja Católica e da Federação mundial das Igrejas Luteranas, sobre a justificação pela graça mediante a fé, assinada no dia 31 de Outubro de 1999, na qual se reconhece um acordo fundamental, embora não total, sobre tal doutrina.

Então, a Reforma Protestante foi um caso de "muito barulho por nada"? Fruto de um equívoco? Devemos responder com firmeza: não! É verdade que o magistério da Igreja não tinha anulado nunca as decisões tomadas nos concílios anteriores (especialmente contra os Pelagianos); nunca negou o que havia escrito Agostinho, Gregório, Bernardo, Tomás de Aquino. As revoluções, no entanto, não surgem pelas ideias ou pelas teorias abstratas, mas por situações históricas concretas, e a situação da Igreja, há tempo, não refletia realmente aquelas convicções. A vida, a catequese, a piedade cristã, a direção espiritual, por não falar depois da pregação popular: tudo parecia afirmar o contrário, ou seja, que o que conta são as obras, o esforço humano. Além disso, por “boas obras” não se entendiam no geral aquelas enumeradas por Jesus em Mateus 25, sem as quais, diz ele próprio, não se entra no reino dos céus; entendiam-se, ao invés, peregrinações, velas votivas, novenas, ofertas à Igreja e, como contrapartida a estas coisas, as indulgências.

O fenômeno tinha raízes profundas comuns a todo o cristianismo e não só ao latino. Depois que o cristianismo se tornou religião do Estado, a fé era absorvida naturalmente através da família, da escola, da sociedade. Não era tão importante insistir no momento em que se chega à fé e na decisão pessoal com a qual se torna crentes, mas insistir nas exigências práticas da fé, em outras palavras, na moral, nos costumes.

Um sinal indicador desta mudança de interesse é indicado por Henri de Lubac em sua História da exegese medieval. Na fase mais adiantada, a ordem dos quatro sentidos da Escritura era: sentido histórico literal, sentido cristológico ou de fé, sentido moral e sentido escatológico[7]. Cada vez mais, esta ordem é substituída por uma diferente na qual o senso moral é anterior ao cristológico ou de fé. Antes do "em que acreditar", se coloca o "o que fazer." O dever vem antes do dom. Na vida espiritual, se pensava, em primeiro lugar há o caminho da purificação, em seguida, o da iluminação e da união[8]. Sem perceber, se dizia exatamente o oposto do que havia escrito São Gregório Magno, ou seja, que “não chega das virtudes à fé, mas da fé às virtudes”.

2. A doutrina da justificação pela fé, depois de Lutero

Depois de Lutero e bem próximo aos outros grandes dois reformadores, Calvino e Zwiglio, a doutrina da justificação pela fé, naqueles que transformaram-na em um modo de vida, teve por efeito uma nítida melhoria da qualidade da vida cristã, graças à circulação da palavra de Deus em língua vernácula, aos muitos hinos e cânticos espirituais, aos subsídios escritos, tornados acessíveis ao povo pela recente invenção e difusão da imprensa.

Na Frente externa, a tese da justificação só pela fé tornou-se o divisor de águas entre catolicismo e protestantismo. Em pouco tempo (em parte pelo próprio Lutero), essa oposição se ampliou e se tornou também oposição entre cristianismo e judaísmo, com os católicos que representavam, segundo alguns, a continuação dos legalismos e ritualismos judaicos e o protestantismo que representava a novidade cristã.

A polêmica anticatólica casa-se com a polêmica antijudaica que, por outras razões, não estava menos presente no mundo católico. O cristianismo teria se formado por oposição, não por derivação, do judaísmo. A partir de Ferdinand Christian Baur (1792-1860), vai se estabelecendo a tese das duas almas do cristianismo: aquela petrina do assim chamado "protocatolicismo" (Frühkatholizismus) e aquela paulina que encontra a sua expressão mais realizada no protestantismo.

Esta convicção aumenta a distância entre a religião cristã e o judaísmo. Buscar-se-á explicar as doutrinas e os mistérios cristãos (incluindo o título de Kyrios, Senhor, e o culto divino de Jesus), como resultado do contato com o helenismo. O critério utilizado para julgar a autenticidade ou não de uma sentença e de um fato do Evangelho é a sua alteridade em relação ao que é atestado no ambiente judaico do tempo. Se não foi esta a razão principal do epílogo trágico do antisemitismo, o certo é que, juntamente com a acusação de deicídio, favoreceu-o, dando-lhe uma tácita cobertura religiosa.

Desde os anos 70 do século passado, houve uma reversão radical nesta área dos estudos bíblicos. É necessário dizer algo sobre isso para esclarecer qual é o estado atual da doutrina paulina e luterana da justificação gratuita pela fé em Cristo. A natureza e o objetivo deste meu discurso me dispensam de citar os nomes dos autores modernos comprometidos neste debate. Quem é especialista na matéria não terá dificuldade em dar nomes aos autores das teses aqui mencionadas, aos demais, eu acho, não interessam os nomes, mas as ideias.

Trata-se da assim chamada “terceira via de pesquisa sobre Jesus histórico" (terceira depois daquela liberal do século XIX e aquela de Bultmann e seguidores do século XX). Esta nova perspectiva consiste em reconhecer no judaísmo a verdadeira matriz dentro da qual se formou o cristianismo, dissipando o mito da irredutível alteridade do cristianismo com relação ao judaísmo. O critério com o qual se julga a maior ou menor probabilidade de que uma sentença e um fato da vida de Jesus sejam autênticos é a sua compatibilidade com o judaísmo do seu tempo, não a sua incompatibilidade como se pensava no passado.

Algumas vantagens desta nova abordagem são evidentes. Reencontra-se a continuidade da revelação. Jesus se coloca dentro do mundo judaico, na linha dos profetas bíblicos. Se faz, também, mais justiça com o judaísmo do tempo de Jesus, mostrando a sua riqueza e variedade. O problema é que se tem ido tão além desta conquista a ponto de transformá-la em uma perda. Em muitos representantes desta terceira pesquisa, Jesus acaba por dissolver-se completamente no mundo judaico, sem mais se diferenciar, a não ser por alguma interpretação particular da Torá. Ele acaba reduzido a um dos profetas hebraicos, um “carismático itinerante”, “um cidadão judeu do Mediterrâneo”, como escreveu alguém. A nova pesquisa histórica produziu estudos de outro nível (por exemplo, os de James D. G. Dunn sobre “a nova perspectiva sobre Jesus”); mas aquela que eu mencionei é a versão que circulou mais amplamente a nível de divulgação e a que mais influenciou a opinião pública.

Quem revelou a natureza ilusória dessa abordagem para um diálogo sério entre judaísmo e cristianismo foi precisamente um judeu, o rabino americano Jacob Neusner[9]. Aquele que leu o livro de Bento XVI sobre Jesus de Nazaré, conhece o pensamento deste rabino com quem ele conversa em um dos capítulos mais emocionantes do seu livro. Jesus não pode ser considerado um judeu como qualquer outro, diz Neusner, dado que coloca-se acima de Moisés e se proclama: "Senhor também do Sábado".

Mas é sobretudo no que diz respeito a São Paulo que a nova pesquisa mostra toda a sua insuficiência. De acordo com um de seus mais conhecidos representantes, a religião das obras, contra a qual o apóstolo se contrapõe com muita veemência em suas cartas, não existe na realidade. O judaísmo, também no tempo de Jesus, é um "nomismo da aliança" (Covenantal Nomism), ou seja, uma religião baseada sobre a iniciativa gratuita de Deus e sobre o seu amor; o cumprimento da lei é a sua consequência, não a causa; essa serve para permanecer na aliança, não para entrar nela. A religião judaica continua a ser aquela dos patriarcas e dos profetas, em cujo centro está a hesed, a graça e a benevolência divina.

Procura-se, então, alguns possíveis alvos diferentes para a polêmica de Paulo: não “os judeus”, mas os “judaico-cristãos”, ou aquele tipo de judaísmo “zeloso” que se sente ameaçado pelo mundo pagão circundante e reage na forma dos Macabeus. Em suma, aquele que havia sido o seu judaísmo, antes da conversão, e que o tinha levado a perseguir os fieis helenísticos como Estevão.

Mas essas explicações são insustentáveis e acabam tornando incompreensível e contraditório o pensamento do Apóstolo. Nos capítulos anteriores o Apóstolo fez uma acusação tão universal quanto a própria humanidade: "Não há diferença, porque todos pecaram e todos estão privados da glória de Deus” (Rm 3, 22-23); por três vezes repete-se a expressão "judeus e gregos", ou seja, judeus e gentios, ao mesmo tempo. Como alguém poderia pensar que uma acusação tão universal, tenha uma aplicação limitada a um pequeno grupo de fieis?

3. A justificação pela fé: doutrina de Paulo ou Jesus?

A dificuldade nasce, na minha opinião, do fato de que a exegese de Paulo se comporta, às vezes, como se o problema começasse com ele e como se Jesus não tivesse dito nada a respeito. A doutrina da justificação gratuita pela fé não é uma invenção de Paulo, mas a mensagem central do Evangelho de Cristo, independente da forma que tenha sido conhecida pelo Apóstolo: se por revelação direta do ressuscitado, ou pela "tradição", que ele diz ter recebido e que não era certamente limitada às poucas palavras do kerygma (cf. 1 Cor 15, 3). Se não fosse assim, teriam razão aqueles que dizem que Paulo, não Jesus, é o verdadeiro fundador do cristianismo.

O núcleo da doutrina está contido já na palavra “Evangelho”, boa notícia, que Paulo com certeza não inventou do nada. No início de seu ministério, Jesus proclamava: “Cumpriu-se o tempo e o Reino de Deus está próximo. Arrependei-vos e crede no Evangelho” (Mc 1, 15). Como poderia, este proclama, chamar-se “boa notícia” se fosse somente um ameaçador apelo para mudar de vida? Aquilo que Cristo inclui na expressão "reino de Deus" - isto é, a iniciativa salvífica de Deus, a sua oferta de salvação para a humanidade – , são Paulo chama de “justiça de Deus”, mas se trata da mesma fundamental realidade. “Reino de Deus” e “justiça de Deus” são reunidos pelo próprio Jesus quando diz: “Buscai primeiro o reino de Deus e a sua justiça” (Mt 6, 33).

Quando Jesus dizia: "Arrependei-vos e crede no Evangelho", ensinava, portanto, a justificação por meio da fé. Antes dele, converter-se significava sempre “voltar atrás”, como indica o próprio termo hebraico shub; significava voltar à aliança quebrada, através de uma observância renovada da lei. Converter-se, consequentemente, tem um significado principalmente ascético, moral e penitencial e se consegue através da mudança de vida. A conversão é vista como condição para a salvação; o significado é: arrependei-vos e sejam salvos; convertei-vos e a salvação virá a vós. Este é o sentido de converter-se até João Batista inclusive.

Na boca de Jesus este significado moral passa para segundo plano (pelo menos no início da sua pregação), com relação a um significado novo, até agora desconhecido. Converter-se não significa mais voltar atrás, à antiga aliança e à observância da lei; significa, pelo contrário, dar um salto adiante, entra na nova aliança, agarrar este Reino que apareceu, entrar nele. E entrar nele por meio da fé. “Convertei-vos e crede” não significa duas coisas diferentes e sucessivas, mas a mesma ação: convertei-vos, ou seja, crede; convertei-vos crendo! Converter-se não significa tanto "arrepender-se", mas "aperceber-se", isto é, dar-se conta da novidade, pensar de forma nova.

Diferentes dados evangélicos, dentre os que mais remontam a Jesus, confirmam esta interpretação. Um é a insistência com que Jesus afirma a necessidade de se tornar como uma criança para entrar no reino dos céus. A característica da criança é que não tem nada para dar, só pode receber; não pede uma coisa aos pais por tê-la conquistado, mas somente porque sabe que é amada. Aceita a gratuidade.

Também a polêmica paulina contra a pretensão de salvar-se pelas próprias obras não nasce com ele. É necessário negar incontáveis fatos, para excluir do evangelho todas as referências polêmicas a um certo número de “escribas, fariseus e doutores da lei”. Não é possível deixar de reconhecer na parábola do fariseu e do publicano ao mesmo tempo os dois tipos de religiosidade, contrapostas mais tarde por são Paulo: a daquele que confia em seu próprio desempenho religioso e a daquele que confia na misericórdia de Deus e volta à casa “justificado” (Lc 18,14).

Não se trata da tendência presente em uma religião, mas em todas as religiões, incluindo, naturalmente, a dos cristãos. (Os evangelistas não transmitiram as palavras de Jesus contra os fariseus para corrigir os fariseus, mas para advertir os cristãos!). Se Paulo persegue o judaísmo, é porque esse é o contexto religioso no qual vivem, ele e os seus interlocutores, no entanto, se trata mais de uma categoria religiosa do que étnica. Judeus, no contexto, são aqueles que, à diferença dos pagãos, possuem uma revelação, conhecem a vontade de Deus e, armados com esse fato, se sentem seguros no lado de Deus e julgam o resto da humanidade. Já no século III, Orígenes dizia que agora, quem veste a carapuça das palavras do Apóstolo, são “os chefes das igrejas: bispos, presbíteros e diáconos”, ou seja, os guias, os mestres do povo[10].

A dificuldade de conciliar a imagem que Paulo nos dá da religião judaica com aquela que conhecemos dela de outras fontes deriva de um fundamental erro de método. Jesus e Paulo tem a ver com a vida vivida, com o coração; os estudiosos, pelo contrário, com os livros e os testemunhos escritos. As declarações orais ou escritas dizem o que as pessoas sabem que precisam ser ou que gostariam de ser, não, necessariamente, aquilo que são. Não é surpreendente encontrar nas Escrituras e em fontes rabínicas da época afirmações comoventes e sinceras sobre a graça, a misericórdia, a iniciativa preveniente de Deus; mas, uma coisa é o que a Escritura diz ou que os mestres ensinam, outra coisa o que os homens têm no coração e que governa as suas ações.

O que aconteceu no momento da Reforma protestante ajuda a entender a situação na época de Jesus e de Paulo. Se se olha para a doutrina ensinada nas escolas de teologia da época, para as definições antigas jamais contestadas, para os escritos de Agostinho reverenciados com grande honra, ou também só para a Imitação de Cristo, leitura diária das almas piedosas, se achará uma magnífica doutrina da graça e não se compreenderá contra quem Lutero brigava; mas se se olha para a vivência cristã da época, o resultado, já vimos, é bem diferente.

4. Como pregar a justificação pela fé hoje

O que concluir desse rápido olhar aos cinco séculos desde o começo da Reforma protestante? É vital, de fato, que o centenário da Reforma não seja desperdiçado permanecendo prisioneiros do passado, procurando ver quem errou ou quem tem razão, talvez em um tom mais conciliador do que no passado. Devemos, pelo contrário, dar um passo à frente, como quando um rio chega a um estreitamente de leito e retoma o seu curso em um nível mais alto.

A situação mudou desde então. Os problemas que causaram a separação entre a Igreja de Roma e a Reforma foram particularmente as indulgências e o modo como ocorre a justificação do ímpio. Mas podemos dizer que estes são os problemas que levantam ou derrubam a fé do homem de hoje? Em uma ocasião recordo que o cardeal Kasper fez esta observação: para Lutero o problema existencial número um era como superar o sentido de culpa e obter um Deus benevolente; hoje o problema é exatamente o oposto: como dar novamente ao homem o sentido do pecado que desapareceu totalmente.

Isto não significa ignorar o enriquecimento realizado pela Reforma ou desejar voltar atrás, à época anterior. Significa, pelo contrário, permitir que toda a cristandade se beneficie das suas muitas e importantes conquistas, uma vez libertos de certas distorções e excessos devido ao clima superaquecido do momento e da necessidade de endireitar abusos grosseiros.

Dentre os excessos resultantes da secular concentração sobre o problema da justificação do ímpio, me parece que um seja o de ter feito do cristianismo ocidental um anúncio sombrio, todo focado no pecado, que a cultura laica acabou por combater e rejeitar. A coisa mais importante não é o que Jesus, com a sua morte, tirou do homem – o pecado – , mas aquilo que doou, ou seja, o Espírito Santo. Muitos exegetas consideram hoje o capítulo terceiro da Carta aos Romanos sobre a justificação pela fé, como inseparável do capítulo oitavo sobre o dom do Espírito e uma unidade com ele.

A justificação gratuita por meio da fé em Cristo deveria ser pregada hoje por toda a Igreja e com mais vigor do que nunca. Não, no entanto, em oposição às “obras” mencionadas no Novo Testamento, mas em contraste com a pretensão do homem pós-moderno de salvar-se sozinho com a sua ciência e tecnologia ou com espiritualidades improvisadas e tranquilizantes. Estas são as "obras" em que o homem moderno confia. Estou convencido de que, se Lutero voltasse à vida, esta seria a maneira pela qual ele também pregaria hoje a justificação pela fé.

Uma outra coisa importante devemos aprender todos, luteranos e católicos, do iniciador da Reforma. Para ele, vimos, a justificação gratuita pela fé era acima de tudo uma experiência vivida e só mais tarde teorizada. Infelizmente, depois dele, ela tornou-se cada vez mais um argumento teológico a ser defendido ou combatido, e sempre menos uma experiência pessoal e libertadora, a ser vivida na própria relação íntima com Deus. A Declaração Conjunta de 1999 lembra apropriadamente que o consenso alcançado por católicos e luteranos sobre verdades fundamentais da doutrina da justificação deve ter efeitos e encontrar um impacto, não somente no ensinamento da Igreja, mas também na vida das pessoas (n. 43).

Nunca devemos perder de vista o ponto principal da mensagem paulina. Aquilo que o Apóstolo quer por acima de tudo afirmar em Romanos 3 não é que somos justificados pela fé , mas que somos justificados pela fé em Cristo; não é tanto que somos justificados pela graça, mas que somos justificados pela graça de Cristo. É Cristo o coração da mensagem, antes mesmo que a graça e a fé. É ele, hoje, o artigo com o qual a Igreja está em pé ou cai: uma pessoa, não uma doutrina.

Devemos regozijar-nos porque é isso que está acontecendo na Igreja e em maior medida do que geralmente pensamos. Nos últimos meses pude participar de dois encontros: um na Suíça, organizado por evangélicos com a participação dos católicos, o outro na Alemanha organizado por católicos com a participação dos evangélicos. Este último ocorreu em Augsburg, em janeiro passado, pareceu-me realmente um sinal dos tempos. Havia 6000 católicos e 2000 luteranos, na maioria jovens, provenientes de toda a Alemanha. O título em inglês era "Holy Fascination", Santa Fascinação. Quem fascinava aquela multidão era Jesus de Nazaré, feito presente e quase tangível pelo Espírito Santo. Por trás disso, uma comunidade de leigos e uma casa de oração (Gebetshaus), ativa há anos e em plena comunhão com a Igreja Católica local.

Não era um ecumenismo de "somos amigos!". Missa catolicíssima, com muito incenso, presidida uma vez por mim e uma vez pelo bispo auxiliar de Augsburg; outro dia, Santa Ceia presidida por um pastor luterano, no pleno respeito mútuo pela própria liturgia. Adoração, ensinamentos, música: um clima que só os jovens são capazes de organizar hoje e que poderia servir como modelo para um evento particular durante as Jornadas Mundiais da Juventude.

Certa vez perguntei aos responsáveis se devia falar da unidade dos cristãos; me responderam: “Não, preferimos viver a unidade, mais que falar dela”. Tinham razão. São sinais do rumo que o Espírito – e com ele o Papa Francisco – nos convidam a andar.

Feliz e Santa Páscoa!

(Traduçao de Thacio Siqueira)

[1] M. Lutero, Prefácio às obras em latim, ed. Weimar vol. 54, p. 186.

[2] S. Agostinho, De Spiritu et littera, 32,56 (PL 44, 237).

[3] S. Gregorio Magno, Homilias sobre Ezequiel, II, 7 (PL 76, 1018).

[4] S. Bernardo de Claraval, Sermões sobre o Cântico, 61, 4-5( PL 183, 1072).

[5] S. Tomás de Aquino, Summa theologiae, I-IIae, q. 106, a. 2.

[6] Concílio di Trento, “Decretum de iustificatione”, 7, in Denzinger – Schoenmetzer, Enchiridion Symbolorum, ed. 34, nr. 1531.

[7] Clássico é o dístico com o qual se expressa esta ordem: Littera gesta docet, quid credas allegoria. / Moralis, quid agas; quo tendas anagogia. A letra ensina o acontecido; o que deve crer, a alegoria. / A moral, o que fazer; onde tender, a anagogia.

[8] Cf. Henri de Lubac, Histoire de l’exégèse médiévale. Le quatre sens de l’Ecriture, Paris, Aubier, 1959, Vol. I,1, pp. 139-157.

[9] Jacob Neusner, A Rabbi Talks with Jesus, McGill-Queen’s University Press, Montreal 2000.

[10] Orígenes, Comentário à Carta aos Romanos, II, 2 (PG 14, 873).

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Papa: criar coexistência pacífica através do diálogo e integração

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Cidade do Vaticano (RV) - O Prefeito do Dicastério para o Serviço do Desenvolvimento Humano Integral, Cardeal Peter Turkson, participou nesta sexta-feira (07/04), em Roma, da Conferência internacional sobre a situação dos ciganos na Europa.
 
Em seu discurso, o purpurado ressaltou que “a Igreja está presente no mundo dos ciganos através do serviço de vários sacerdotes, religiosos e leigos que assumem essa missão, partilhando a vida dos ciganos e abraçando muitas vezes o seu modo de viver”. 

“Os ciganos, não obstante sua presença secular na Europa, formam a minoria mais marginalizada e discriminada nos direitos humanos fundamentais”, sublinhou o Cardeal Turkson.

Segundo o purpurado, o maior problema que os ciganos devem enfrentar, além da marginalização “é o anticiganismo, fenômeno que aumenta cada vez mais em nossas sociedades e que muitas vezes gera atos de violência e racismo”. 
 
Para o Cardeal Turkson, “a integração dos ciganos apresenta para a sociedade o desafio de conhecer a sua identidade, história e valores. Essa integração deve se basear em quatro pilares que correspondem a quatro direitos humanos negados a esse povo: educação, trabalho, assistência médica e moradia digna”.
 
“A educação é o primeiro fator de uma integração autêntica e prepara a pessoa para a participação ativa na vida política, social e econômica em posição de igualdade em relação aos outros. Infelizmente, a frequência escolar das crianças e jovens ciganos deixa muito a desejar”, frisou. 

Na mensagem assinada pelo Secretário de Estado, Cardeal Pietro Parolin, enviada aos participantes da conferência sobre a situação dos ciganos na Europa, o Papa manifesta satisfação por esse encontro organizado pela Embaixada da Hungria junto à Santa Sé, que reflete sobre a integração do povo cigano na Comunidade Europeia em geral.

O Papa incentiva as pessoas reunidas a considerem os vários caminhos que excluem a comunidade cigana da participação e dos benefícios da sociedade, e que encontrem soluções para superar as barreiras que os impedem de usufruir de seus direitos fundamentais e cumprir seus deveres. 

“Quando indivíduos e comunidades são livres de participar plenamente da vida pública e oferecer sua contribuição, é possível construir a coexistência pacífica, em que as diferentes culturas e tradições protegem seus respectivos valores, não adotando uma atitude de fechamento ou oposição, mas através do diálogo e integração”, frisa o Papa na mensagem. “Desta forma, o bem de todos na sociedade é preservado e promovido, e os marginalizados participam da vida plena da comunidade”.

Com esses sentimentos, o Papa Francisco garante suas orações e invoca sobre os participantes abundantes bênçãos de paz e força. 

(MJ)

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Relatório sobre discriminação a estudantes é entregue ao Papa

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Cidade do Vaticano (RV) – Um documento da Fundação Scholas Occurrentes sobre discriminação e indiferença, realizado por 200 estudantes de Roma, foi entregue em mãos ao Papa Francisco, na tarde desta sexta-feira (7). O presidente da entidade, José María del Corral, foi quem fez chegar o relatório ao Pontífice que, entre vários dados, revela que 43,3% dos alunos sofrem de bullying. 

Pela primeira vez a fundação internacional, criada por Bergoglio desde a época de Buenos Aires para tratar de temas de educação e formação dos jovens, trouxe o programa “Scholas Cidadania” para a Itália. Em Roma, as atividades de formação para os estudantes entre 15 e 17 anos de dez escolas públicas e privadas terminaram nesta sexta-feira (7).

Durante uma semana, o programa abordou temas como a discriminação e a indiferença, com uma atenção especial ao bullying virtual. De uma das pesquisas realizadas, emerge que 71,3% dos estudantes entrevistados encontra “indiferença” na sociedade romana, atribuindo essa percepção à educação familiar (47,7%), à mentalidade fechada (45,4%), à ignorância (31%) e ao egoísmo (44,9%). Nesse mesmo contexto, 50,2% acredita que a educação e a formação escolástica não ajudam os jovens a respeitar eles mesmos e os outros.

Em se tratando do tema da discriminação, o relatório entregue ao Papa enfatiza que 78,7% dos jovens entrevistados já presenciaram ao menos uma vez um ato do gênero, por causa do aspecto físico, da nacionalidade e da condição social. Da mesma forma, 43,3% já se sentiu discriminado diretamente e, desse grupo, 54,6% chegou a reagir fisicamente contra o bullying. (AC)

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A Bênção do Papa ao centro anti-máfia de Palermo

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Palermo (RV) – O Papa Francisco aprecia a obra didática desenvolvida nas escolas do Centro Pio La Torre, de Palermo, e envia a sua bênção aos voluntários, aos funcionários e a todos aqueles que contribuem para difundir a cultura anti-máfia na região.

A exortação para prosseguirem com coragem na atividade realizada está contida na mensagem em que Bergoglio  faz votos de “todo desejado bem” a todos os componentes do Centro.

Em uma carta enviada precedentemente ao Pontífice por meio do Arcebispado de Palermo, no ano em que se recorda o 35º aniversário da morte de Pio La Torre e Rosario Di Salvo e o 31º aniversário da fundação do Centro de estudos, o Presidente do Centro, Vito Lo Monaco, sublinhava a “plena convergência” com “os frequentes apelos” do Pontífice “dirigidos a todos, para enfrentar a pobreza, a corrupção, a injustiça social, as máfias, em continuidade ao que disse João Paulo II no Vale dos Templos e Bento XVI em Palermo, reafirmando assim a incompatibilidade entre pertença à Ecclesia e a máfia”. (JE)

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Anuário Pontifício 2017 revela os dados da Igreja no mundo

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Cidade do Vaticano (RV) - O Anuário Pontifício 2017 e o Anuarium Statisticum Ecclesiae 2015, cuja redação esteve sob a responsabilidade do Departamento Central de Estatística da Igreja foi distribuídos nestes dias nas livrarias. O trabalho de impressão dos dois volumes é da Tipografia Vaticana. Reproduzimos aqui a análise dos dados do L’Osservatore Romano. 

Da análise dos dados referidos no Anuário Pontifício pode-se deduzir algumas novidades relativas à vida da Igreja Católica no mundo, a partir de 2016. Como por exemplo: durante o referido período foram eretas quatro novas sedes episcopais, uma eparquia, dois exarcados apostólicos, um ordinariato e um exarcado apostólico foi elevado à eparquia. Os dados do Annuarium Statisticum, por sua vez, relativos ao ano de 2015, fornecem um quadro de síntese dos principais andamentos que interessam o desenvolvimento da Igreja Católica no mundo.

A seguir são descritas as tendências verificadas no quinquênio recém transcorrido, quer dos católicos batizados, quer dos clérigos, religiosos professos não-sacerdotes e religiosas professas e do número de vocações sacerdotais. As informações serão fornecidas em nível global, assim como para cada área geográfica.

Na presente nota, os dados de 2015, além de serem sistematicamente confrontados com aqueles relativos ao ano precedente, são comparados também com aqueles do quinquênio que teve início em 2010, com o objetivo de extrapolar as dinâmicas evolutivas prevalentes no médio período.

O arco de tempo considerado cobre os últimos dois anos do Pontificado do Papa Bento XVI e os primeiros três anos do atual pontificado do Papa Francisco, com importantes indicações sobre a Igreja Católica no novo milênio.

Número de batizados

O número de católicos batizados cresceu em todo o mundo, passando de 1,272 bilhões em 2014 a 1,285 bilhões em 2015, com um incremento pertinente a 1%, o que representa 17,7% da população total do planeta.

Caso se adote uma perspectiva de período médio, por exemplo com referência a 2010, se constata um crescimento mais significativo, de 7,4%.

A dinâmica de tal incremento varia de continente a continente: enquanto, de fato, na África se registra um aumento de 19,4% no número de católicos, passando no mesmo período de 186 a 222 milhões, na Europa, por outro lado, manifesta-se uma situação de estabilidade (em 2015 os católicos chegavam a quase 286 milhões, pouco mais de 800 mil em relação a 2010, e 1,3 milhões a menos em relação a 2014. Tal constatação deve ser atribuída à situação demográfica, cuja população teve um leve aumento e para a qual, nos próximos anos, está prevista uma queda.

Situação intermediária entre as duas citadas acima são registradas na América e na Ásia, onde o crescimento dos católicos é certamente importante (respectivamente + 6,7% e + 9,1 %), mas alinhado com o desenvolvimento demográfico destes dois continentes. Estacionários, no entanto, com valores absolutos obviamente inferiores, os números relativos à Oceania.

Como estes movimentos estão relacionamos com os dados demográficos, uma informação melhor pode ser obtida analisando-se a relação entre católicos batizados por número de habitantes. Na África, por exemplo, a tendência ao crescimento permanece constante, enquanto mais contida se mostra na Ásia e na Oceania.

Também poderia ser frisado que nos vários continentes o número relativo de católicos varia em dimensões profundamente diferentes: se vai pelo ano mais recente, dos 3,2 católicos a cada 100 habitantes na Ásia aos 63,7 na América. Tal número relativo de católicos é de 19,4 na África, de 26,4 na Oceania e de 39,9 na Europa.

Também se confirma o peso do continente africano, cujos fiéis batizados aumentam dos 15,5% aos 17,3% dos católicos totais  no mundo. A Europa, por outro lado, registra uma queda, saindo dos 23,8 % em 2010 para os 22,2% em 2015.

América com maior percentual de católicos

A América, por outro lado, permanece como o continente com maior percentual de católicos, ou seja, 49% dos católicos batizados em todo o mundo.

O continente asiático mantém-se com 11% do total de batizados católicos do planeta em 2015. Números estáveis também relativos à Oceania, representando 0,8% dos católicos a nível mundial.

Brasil, país com maior número de católicos

Aprofundando o detalhe territorial para cada país e observando os dados relativos à 2015, revela-se que o Brasil, no conjunto dos dez países no mundo com maior consistência de católicos batizados, ocupa o primeiro lugar, com 172,2 milhões de católicos, o que representa 26,4% do total dos católicos do continente americano.

O Brasil é seguido pelo México (110,9 milhões), Filipinas (83,6 milhões), Estados Unidos da América (72,3), Itália (58,0 ), França (48,3), Colômbia (45,3), Espanha (43,3), República Democrática do Congo (43,2) e Argentina (40,8).

A soma total de católicos presentes nos países que ocupam as dez primeiras posições chega a 717,9 milhões, ou seja, 55,9% dos católicos presentes em todo o mundo.

As estatísticas relativas a 2015 também revelam que o número de clérigos em todo o mundo é de 466.212, com 5.304 bispos, 415.656 sacerdotes e 45.255 diáconos permanentes.

Bispos

O número de bispos aumentou no decorrer do tempo, satisfazendo as exigências de um maior número de fiéis e de um reequilíbrio numérico e funcional em relação ao corpo sacerdotal. No último quinquênio registrou-se um incremento de 3,9%. Tal movimento de crescimento é registrado em todos os continentes, ainda que as variações se apresentem mais acentuadas para o continente asiático (+5,4%) e para a Europa (+4,2%). Já na América é +3,7% e África +2,3%.

Também pode ser assinalado que o peso relativo em cada continente permaneceu praticamente invariável. Em 2015, em particular, verificou-se que a América teve 37,4% de todos os prelados, seguida pela Europa com 31,6%, Ásia com 15,1%, África 13,4% e Oceania com 2,5%.

Sacerdotes

2015 é caracterizado por uma queda no número de sacerdotes em relação ao ano precedente, invertendo assim a tendência que caracterizou os anos de 2000 a 2014. A diminuição entre 2014 e 2015 é de 136 unidades e diz respeito em particular ao continente europeu (-2.502 unidades). Já para os outros continentes a variação é positiva: +1.133 unidades para a África, +47 para a América, +1.104 para a Ásia e +82 para a Oceania.

O total de sacerdotes no mundo em 2015, em relação a 2010, sofreu um aumento de 0,83%, passando de 412.236 a 415.656.

Para este período, a África registrou um aumento de 17,4% e a Ásia 13,3%, enquanto na América mostrou-se estacionária, com aumento de 0,35%. Europa e Oceania registraram, para o mesmo período,  taxas negativas de -5,8 e -2,0% respectivamente.

Sacerdotes diocesanos e religiosos

Fazendo-se a distinção entre sacerdotes diocesanos e religiosos observa-se os seguintes dados. Entre os diocesanos, no total, registra-se um aumento de 1,6%, passando dos 277.009 em 2010 aos 281.514 em 2015. Já entre os religiosos constata-se uma constante diminuição (-0,8% no período), chegando-se aos 134 mil em 2015.

A queda no número sacerdotes religiosos é observada não somente na Europa e Oceania, mas também no continente americano, onde em 2015 eram pouco mais de 38 mil, em comparação com os mais de 40 mil em 2010.

Relacionando-se os dados de tais áreas com dados globais, observa-se que a África, a América Centro-continental e a do Sul e a Ásia sul-oriental observam um aumento em seu peso de 2010 a 2015, enquanto a Ásia médio-oriental e a Oceania permanecem praticamente estacionárias em relação a esta característica.

Por fim, a América do Norte e a Europa têm um peso em declínio. Se em 2010 na Europa os sacerdotes representavam 46,1% do total mundial, caem para pouco mais de 43% em 2015, numa queda de 3 pontos percentuais.

Sacerdotes/número de fiéis

Analisando a relação entre o número dos católicos batizados presentes nas várias áreas continentais e o número de sacerdotes, constata-se que, enquanto em 2010 existia um sacerdote para cada 2.900 fiéis católicos, em 2015 este número sobre para 3.091.

Particularmente crítica é a situação na América, onde a relação católico/sacerdote supera as 5.000 unidades, mantendo-se crescente no período considerado.

Mas a presença sacerdotal se enfraquece também na Europa, mesmo contando com 1 sacerdote para cada 1.595 fiéis católicos, uma relação mais vantajosa em termos absolutos.

Na Ásia, por sua vez, os católicos por sacerdote no período considerado passaram de 2.269 a 2.185, enquanto na África permanece estável, em número que indicam 5.000 católicos por sacerdote.

Diáconos permanentes

O número dos Diáconos permanentes mostra uma significativa dinâmica evolutiva: tem um aumento em 2015 de 14,4% em relação aos dados dos cinco anos anteriores, passando de 39.564 a 45.255 unidades.

O número de diáconos cresce em todos os continentes em ritmo significativo. Na Oceania, onde não chegam ainda a 1% do total, ele aumentam 13,8%,chegano a 395.

Os dados melhoram ainda mais em áreas onde a presença deles é quantitativamente relevante, como na América e na Europa, onde estão 98% do total. O número de diáconos, de fato, aumentou em 16,2 e 10,5% respectivamente.

A ação pastoral dos clérigos é apoiada também por outros agentes pastorais, entre os quais os religiosos professos não-sacerdotes e religiosas professas: à análise numérica destes agentes podem ser feitas importantes observações.

Religiosos professos não-sacerdotes

O grupo dos religiosos professos não-sacerdotes observa uma ligeira retração em nível global. De um total de 54.665 em 2010 passaram a 54.229 em 2015. No continente africano e na Oceania, por outro lado, foi verificado um incremento no número de religiosos.

Naturalmente, os números variam de continente a continente. Pelos dados de 2015, o maior número de religiosos não-sacerdotes encontra-se na Europa com 16.004 e na América com 15.321, num total mundial de 54.229.

Religiosas professas

As religiosas professas constituem uma população consistente. Em 2015 superaram em 61% o número de sacerdotes em todo o mundo, mas observam uma clara diminuição. Em nível global, passaram de 721.935 em 2010 para 670.320 em 2015, representando uma queda de 7,1 pontos percentuais.

Segundo a região, estes números comportam-se de forma diferenciada. A África é o continente com o maior número de religiosas, que passaram de 66.375 em 2010 a 71.567 em 2015, com um aumento de 7,8% no período e 1,6% a cada ano.

Segue o sudeste asiático, onde as religiosas professas passaram de 160.564 em 2010 a 166.786 em 2015, com um incremento de 3,9% em todo o período e 0,78 a cada ano.

A América do Sul e Central mostraram uma diminuição, passando de 122.213 religiosas em 2010 para 112.051 em 2015, com um decréscimo de 8,3% no período e 1,7% a cada ano.

Por fim, são agrupadas três áreas continentais com evidente contração: América do Norte (- 17,9% no período e -3,6% na variação anual), Europa (-13,4% e -2,7%) e a Oceania (- 13,8% e -2,7%). A nível mundial, portanto, estas áreas apresentam os dados mais relevantes.

Vocações sacerdotais

Prossegue também a queda nas vocações sacerdotais. Em 2015 os seminaristas maiores era 116.843 contra os 116.939 de 2014, 118.251 de 2013, 120.051 de 2012, 120.616 em 2011 e 118.990 em 2010.

A taxa de vocações cai, por sua vez, de 99,5 seminaristas por milhão de católicos em 2010, para 90,9 em 2015.

Uma detalhada análise a nível de subcontinentes evidencia que os comportamentos locais são profundamente diferenciados entre eles, de forma que a análise da evolução mundial da consistência numérica das vocações pode resultar não exaustiva.

Na África, por exemplo, o número de seminaristas maiores no quinquênio considerado aumentou, observando um incremento de 7,7%.

Já nas Américas observou-se no período uma contínua diminuição das vocações, chegando a -8,1%.

Na Ásia sul-oriental, ao crescimento inicial verificado em 2012 (+4,5% em relação a 2010), seguiu-se uma acentuada diminuição que levou o número de seminaristas maiores em 2015 a um nível 1,6% inferior em relação ao nível de 2012.

Na Europa de 2010 a 2015, o número de seminaristas diminuiu 9,7%. Na Oceania a consistência mais alta foi registrada em 2012, observando uma contínua diminuição a seguir, sendo em 2015 6,9% inferior em relação a 2012.

Dos 116.843 seminaristas em todo o mundo em 2015, o continente que registra um maior número é a Ásia, com 34.741, seguida pela América com 33.512, a África com 29.007, a Europa com 18.579 e por fim a Oceania com 1.004 seminaristas.

Caso se observe o número de católicos em cada continente, chega-se à seguinte relação: Ásia 245,7 seminaristas / 1 milhão de católicos; África 130,6; Europa 65,0 e América 53,6 seminaristas por milhão de católicos.

Avaliação final

Entre as dinâmicas já consolidadas, confirma-se o aumento do número de católicos no mundo, sobretudo no continente africano, cujo peso relativo continua a crescer no tempo.

Com referência à evolução dos vários agentes pastorais, em particular no período 2010/2015, observa-se um significativo crescimento do número de bispos, dos diáconos permanentes, dos missionários leigos e dos catequistas diante de uma evidente retração dos religiosos professos e das religiosas professas.

Entre os clérigos, enquanto continua a melhorar o número total dos bispos em relação ao número de fiéis, a evolução dos sacerdotes parece sofrer em 2015 uma parada, principalmente devido à queda atribuída à duas áreas geográficas: Europa e América do Norte.

Por fim, um dado que merece atenção é o relativo às vocações sacerdotais, com o número de seminaristas atingindo o seu máximo em 2011, passando a sofrer uma gradual retração, tendo como única exceção a África, que no momento, parece permanecer intocada pela crise de vocações e confirmando-se como a área geográfica com maiores potencialidades.

(L'Osservatore Romano - JE)

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Mons. Fabene: Papa quer Sínodo para todos os jovens

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Cidade do Vaticano (RV) - Está em andamento, no Pontifício Colégio Maria Mater Ecclesiæ, em Roma, até o próximo dia 9, o fórum internacional de jovens intitulado “De Cracóvia ao Panamá. O Sínodo a caminho com os jovens”, promovido pelo Dicastério vaticano para os Leigos, Família e Vida. 

O Papa Francisco presidirá a vigília de oração, neste sábado (08/4), na Basílica de Santa Maria Maior, em preparação da 32ª edição da Jornada Mundial da Juventude em nível diocesano. 

Trata-se do primeiro encontro do Papa com os jovens no caminho de preparação da XV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, marcada para outubro de 2018 sobre o tema “Os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, e da 34ª Jornada Mundial da Juventude que se realizará no Panamá, em 2019.

Maria e o Discípulo Amado

A vigília se realizará em torno das figuras do Discípulo Amado, escolhido como ícone evangélico do documento preparatório do Sínodo, e da Beata Virgem Maria, que inspira os temas das próximas Jornadas Mundiais da Juventude rumo ao encontro no Panamá.
 
Segundo o Subsecretário do Sínodo dos Bispos, Dom Fabio Fabene, o clima que se respira no fórum “é de grande expectativa da parte dos jovens pelo Sínodo que o Papa quis dedicar a eles. Os jovens querem se sentir Igreja, querem fazer ouvir a sua voz e querem participar do caminho sinodal para que a Igreja possa se rejuvenescer com a sua presença e sua participação. Os jovens não querem caminhar sozinhos: querem caminhar conosco, com todos os adultos na fé, todos os fiéis e pastores para edificar a Igreja de Cristo, e através de sua obra rejuvenescê-la a fim de que seja anunciadora do Evangelho às novas gerações”. 

Renovar o rosto da Igreja

Segundo Dom Fabene, o Papa quer renovar o rosto da Igreja através dos jovens, mas é preciso estar atentos, “pois devem ser envolvidos não somente os jovens que já vivem a experiência de fé nas comunidades. O Sínodo quer alcançar todos os jovens, porque, como escrevemos no documento preparatório do próximo Sínodo, «todos os jovens têm o direito de ser acompanhados para encontrar o seu lugar na vida e na Igreja»”. 

“O Sínodo é o Sínodo dos Bispos, mas este próximo Sínodo, em particular, quer ser um sínodo não somente para os jovens, mas um sínodo com os jovens, onde eles querem ser os protagonistas! A iniciativa desses dias se insere neste envolvimento dos jovens no caminho sinodal. Depois, encontraremos outras formas para que os jovens possam realmente ser parte ativa, parte viva do caminho sinodal e fazer ouvir a sua voz e seus desejos também aos padres sinodais que se reunirão em outubro de 2018”, disse ainda Dom Fabene.

Cruz e ícone de Nossa Senhora

Sobre o evento neste sábado com os jovens na Basílica de Santa Maria Maior, o Subsecretário do Sínodo dos Bispos disse que este encontro na mais antiga Basílica romana do Ocidente “está ligado ao Sínodo porque o documento preparatório pegou como imagens do Evangelho na preparação do caminho, Nossa Senhora e o Discípulo amado. Assim, o caminho rumo ao Panamá é um caminho fortemente mariano porque os três temas são temas marianos”. 

Ele recordou também que no Domingo de Ramos (09/04), na Praça São Pedro, haverá a passagem da Cruz e do ícone de Nossa Senhora Salus Populi Romani dos jovens de Cracóvia aos jovens do Panamá. “Na noite precedente, nos encontraremos em torno da imagem original, do ícone original de Nossa Senhora Salus Populi Romani que passará aos jovens do Panamá no domingo de manhã”, concluiu. 

(MJ)

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De Cracóvia ao Panamá, o Sínodo em caminho com os jovens

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Cidade do Vaticano (RV) - Jovens provenientes de 104 países, pertencentes a 44 diferentes movimentos, grupos e associações internacionais de jovens católicos participam nestes dias em Roma do evento "De Cracóvia à Polônia", promovido pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e que se estenderá até o dia 9.

No final da tarde de sábado, os participantes estarão com o Papa Francisco na Basílica Santa Maria Maior, para uma Vigília de Oração por ocasião da 32a Jornada Mundial da juventude, celebrada em nível diocesano.

A iniciativa analisa os detalhes da passagem do Dia Mundial da Juventude de Cracóvia àquela do Panamá a ser realizada em 2019, passando pello Síndo dedicado aos jovens.

"As boas-vindas a todos em nome do Papa Francisco a este encontro que é de grande importância para a Igreja", falou o Prefeito do dicastério, Cardeal Kevin Farrel, ao saudar os mais de 300 delegados presentes, agentes da pastoral juvenil e, sobretudo, jovens.

No primeiro dia dos trabalhos, na quarta-feira (5/4), foi repassada a JMJ de Cracóvia e seus frutos, o que foi de grande utilidade principalmente para os panamenhos e para quem for organizar as futuras JMJs.

O próprio Arcebispo de Cracóvia, Cardeal Stanislaw Dziwisz, abriu a sessão de trabalhos, chamando a atenção dos presentes para quatro pontos principais: JMJ, experiência de catolicidade da Igreja; JMJ, experiência de comunidade e esperança de um mundo novo; JMJ, experiência de uma Igreja "em saída" e por fim, JMJ, experiência de compromisso com a nova evangelização.

Quer o Padre Grzegorz Suchodolski, Secretário Geral do Comitê JMJ 2016, como o Padre Parfiniuk, responsável pela Pastoral da Juventude na Polônia, sublinharam em seus pronunciamentos a importância do longo caminho de preparação e do envolvimento pessoal dos jovens, indicando na colaboração de todas as 44 dioceses, na redescoberta por parte dos jovens poloneses da riqueza espiritual de seu país e no encontro com pessoas provenientes de todo o mundo - unidas porém na fé em Cristo - as chaves do sucesso da Jornada Mundial da Juventude de Cracóvia.

Um dos elementos que mais surpreendeu positivamente a JMJ Cracóvia foi a acolhida dos peregrinos nas diferentes dioceses polonesas, fato destacado por boa parte dos que se pronunciaram.

Também suscitou interesse o testemunho do delegado iraquiano - uma das mais antigas comunidades cristãs do mundo - que quis estar presente em Cracóvia, porque "estar entre os jovens de todo o mundo é o melhor modo para não sentir-se abandonados a um destino incompreensível".

Testemunhos de jovens de diversos países - da Coréia do Sul à Albânia, de Uganda à República Dominicana - confirmaram os frutos que a participação na JMJ levou a seus próprios países.

O Bispo Auxiliar de Cracóvia, Dom Damian Muskus, introduziu os trabalhos da tarde, dedicados aos aspectos técnicos e logísticos, sem esquecer de ressaltar que trabalho e oração andaram juntos antes e durante o evento.

O primeiro dia de trabalhos foi concluído com a celebração da Santa Missa presidida pelo Cardeal Farrel, que na homilia sublinhou que "dizer-se cristão não é suficiente: não basta a etiqueta, são necessários fatos, testemunho". (JE)

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O Sínodo em caminho com os jovens, segundo dia do encontro

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Roma (RV) –  A XV Assembleia do Sínodo terá precisamente como tema “os jovens, a fé e o discernimento vocacional”, fato que torna inevitável o encontro entre estas duas realidades, no decorrer da iniciativa  "De Cracóvia ao Panamá", organizada em Roma de 5 a 9 de abril pelo Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, e que reúne jovens e agentes da pastoral juvenil de 104 países.

Neste sentido, “caminho é a palavra que une o percurso das Jornadas Mundiais da Juventude e o Sínodo dos Bispos. A palavra Sínodo que significa justamente “Caminhar juntos””.

Foi o próprio Secretário Geral do Sínodo, Cardeal Lorenzo Baldisseri, a introduzir os trabalhos do segundo dia do encontro ao falar sobre o percurso por meio do qual, após uma ampla consulta, o Papa Francisco escolheu o tema.

Ele explicou que o Sínodo não é sobre os jovens (como objetos de estudo), nem dos jovens, pois o Sínodo é dos Bispos, mas é “com os jovens e para os jovens, que o Papa convida, na carta escrita por ocasião da apresentação do documento preparatório, a expressar e comunicar a sua fé.

O próprio Documento preparatório não é outra coisa que um percurso que quer estar em atenta escuta de todas as realidades e de profunda reflexão e cujos frutos serão colhidos somente ao final do percurso sinodal.

Uma introdução ao Documento preparatório, apresentado em janeiro passado, foi feita pelo Sub-Secretário do Sínodo, Dom Fabio Fabbene, que depois acompanhou todo o dia de trabalho.

“Queremos falar com os distantes e os indiferentes, mostrando a eles uma Igreja que cuida de seu presente e de seu futuro. Os jovens comprometidos na comunidade eclesial devem tornar-se missionários e próximos aos seus coetâneos, por meio de forma e itinerários que vocês mesmos irão propor às dioceses de vossos países”, afirmou aos presentes.

Dom Fabenne descreveu então os métodos de consulta e de aprofundamento das situações dos jovens no mundo, previstos pelos Padres sinodais, com a intenção de envolver os jovens, ouvi—los e fazê-los  sentirem-se protagonistas do evento.

Passou-se então à escuta de uma série de realidade nacionais por meio de duas mesas-redondas e numerosas participações dos delegados. Dos Estados Unidos, por exemplo, o convite para apresentar o Documento preparatório aos jovens de forma criativa e também com a utilização das redes sociais.

Na França, o consenso ao tema escolhido foi unânime e logo foi dado início a uma série de iniciativas diocesanas, na convicção de que a sinodalidade é a forma da Igreja moderna.

Nas Filipinas, já em março foi realizado um encontro nacional com os responsáveis locais pela pastoral juvenil; para a Igreja australiana, 2018 será o ano dos jovens; o Burundi apresenta muitos desafios diante dos quais existe a expectativa de uma fé consciente, responsável, madura, não superficial.

Já na Terra Santa - que compreende Israel, Jordânia e Palestina e que conta somente com 2% dos católicos – os jovens estão comprometidos em uma pastoral criativa para levar os jovens a Cristo, “sem apossar-se deles”. Por fim, na Colômbia, a Igreja é chamada a dar respostas aos problemas da pobreza, da violência e da secularização.

Na parte da tarde de quinta-feira, o professor Alessandro Rosina, docente de Demografia e Estatística na Universidade Católica de Milão e consultor do Sínodo, apresentou o trabalho desenvolvido para a primeira parte do Documento preparatório, relativos à análise da situação dos jovens hoje. A Igreja – afirmou - “deve estar sempre mais atenta em relação aos jovens e tornar-se experiência positiva em suas vidas, para poder ser escolhida por eles”. “É necessário jovens audazes”, disse ainda, citando o Papa Francisco, “conscientes de ser um valor para o mundo”.

Posteriormente, os delgados dividiram-se em grupos de trabalho, segundo a língua, para aprofundar as linhas sugeridas pelos responsáveis do Sínodo. Uma Missa presidida por Dom Fabene, concluiu o segundo dia de trabalhos.

O evento pode ser seguido nas redes sociais com o hashtag #Krakow2Panama e no site www.laityfamilylife.va.

(JE)

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Igreja na América Latina



Núncio Apostólico na Colômbia visita Mocoa e leva saudação do Papa

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Mocoa (RV) - “O Papa Francisco manifesta seu pesar aos familiares das vítimas e reza para que os feridos fiquem logo curados.”  

Foi o que disse, nesta quinta-feira (06/04), o Núncio Apostólico na Colômbia, Dom Ettore Balestrero, durante uma visita à cidade de Mocoa, onde morreram mais de 300 pessoas após um gigante deslizamento de terra, causado por chuvas torrenciais. O prelado celebrou a missa na catedral dessa cidade colombiana, situada a 500 quilômetros ao sul da capital Bogotá. 

Na homilia, Dom Balestrero destacou que o sacrifício sacramental se estende também a outros momentos do dia, como por exemplo, quando “servimos os irmãos, escavamos na lama, curamos os feridos e consolamos os sobreviventes”. “Somos expectadores de um país inteiro que renasce em Mocoa, pois supera suas tensões e polarizações, se une e se torna solidário com cada um dos habitantes dessa cidade. Trata-se de amor e somente o amor permite renascer”, disse o arcebispo.
 
O Núncio Apostólico na Colômbia agradeceu “a todos aqueles que estão se mobilizando e se sacrificando por Mocoa, começando pelo bispo e pelos sacerdotes que participam da dor de seu povo”. 

“O Papa ficou muito triste por causa daqueles que morreram, pelos que estão chorando seus entes queridos e por todos aqueles que deram a vida para ajudar os próprios irmãos. Eles estão presentes em suas orações”, disse o arcebispo aos jornalistas. 

O Bispo de Mocoa, Dom Luis Albeiro Maldonado Monsalve, sublinhou que “a realidade mais dura de Mocoa está no cemitério”. “De agora em diante, a obra da Igreja com as pessoas do Estado de Putumayo será a de semear esperança nos corações a fim de reconstruir o nosso povo”. 

O Presidente da Conferência Episcopal da Colômbia, Dom Luis Augusto Castro Quiroga, anunciou que os fundos arrecadados durante a campanha da Igreja colombiana na Quaresma serão destinados ao povo de Mocoa. 

Segundo a Agência Sir, nessa cidade falta ainda corrente elétrica. A água é distribuída em carro-pipa. Começam a chegar as primeiras ajudas de todo o país e prossegue o reconhecimento das vítimas. O presidente colombiano, Juan Manuel Santos, declarou estado de emergência. 

Foram destinados 40 bilhões de pesos para a assistência humanitária e o projeto de construção de um aqueduto e um hospital.
 
(MJ)

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Preocupação dos religiosos (as) venezuelanos com crise no país

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Caracas (RV)  - Seja ouvido o grito do povo sofredor. Esta é a exortação da Conferência dos Religiosos e das Religiosas da Venezuela (CONVER), que expressa por meio de um comunicado forte preocupação pela situação vivida no país.

No documento é denunciada, em particular, a "indolência do governo nacional", interessado somente em manter o poder, sem levar em consideração o preço pago pelo povo que necessita de comida, remédios, segurança e paz.

No comunicado, ademais, é lançado um premente apelo para que sejam garantidos, para o bem da Venezuela, os processos democráticos. Os poderes do Estado - recordam os religiosos e as religiosas da Venezuela - devem ser independentes um do outro. O organismo religioso avalia depois como "por nada responsáveis, moralmente inaceitáveis e portanto reprováveis" as recentes decisões tomadas pela Corte Suprema.

Pretextos após a votação da Corte Suprema

Nos últimos dias, o Estado sul-americano foi sacudido por protestos surgidos após a decisão de 30 de março da Corte Suprema. Um voto controverso com o qual o Parlamento foi esvaziado de qualquer função.

Logo após, a Assembleia Nacional - onde a oposição tem a maioria -  aprovou a abertura do procedimento de remoção dos magistrados responsáveis pela sentença, anulada mais tarde, que atribuía à Alta Corte as funções de poder legislativo.

País abalado por grave crise

Momentos de grande tensão foram vividos em particular na última terça-feira, em Caracas, quando grupos paramilitares ligados ao governo abriram fogo contra a multidão que protestava.

A polícia impediu aos manifestantes, entre os quais o Presidente da Assembleia Nacional, Júlio Borges, de chegarem à sede do Parlamento.

A situação na Venezuela é muito grave. Na opinião de diversos especialistas, a crise mundial, a queda do preço do petróleo e a corrupção, prejudicaram a economia do país, onde entre outros, se registra uma das inflações mais altas do mundo, ao redor dos 475%.

(AL/JE)

 

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Bispos do Equador: Não à violência, a paz está em perigo

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Quito (RV) – O Equador vive um momento difícil desde o resultado do segundo turno das eleições presidenciais, no último domingo (02/04). Já nas primeiras notícias sobre a vitória de Lenin Moreno para a presidência, a oposição acusou ter havido fraude nas contagens dos votos. A tensão tomou conta do país por causa das manifestações, onde a oposição exige  a recontagem dos votos.

“As manifestações ameaçam a integridade do país. Realmente a paz está em Perigo”, lê-se na declaração feita pela Conferência Episcopal do Equador (CEE), publicada pela Agência Fides, referindo-se ao contexto pós-eleitoral que o país atravessa.

“Diante do resultado conflitante expresso nas urnas no último domingo”, diz o texto – “os bispos reconhecem incondicionalmente o direito do povo equatoriano de saber a verdade”.

“As autoridades eleitorais, apoiadas pelo governo nacional”, continua a nota, “têm o dever de garantir a transparência e mostrar as evidências da verdade dos resultados”. E fazem um apelo: “Violência nunca! Mas o caminho para a paz, é o desenvolvimento e a democracia.”

O documento da CEE conclui: “é essencial iniciar imediatamente um diálogo para esclarecer totalmente a verdade e, para em seguida, retomar a calma e a tranquilidade nas ruas de nossas cidades.”

(MD)      

 

 

 

 

 

 

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Igreja no Mundo



Bispo sírio sobre ataque EUA: Tudo se decide por impulso. Papa não é ouvido!

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Aleppo (RV) – “Uma coisa que desconcerta diante do ataque militar estadunidense em território sírio, é a rapidez com que foi decidido e realizado, sem que antes tivessem sido realizadas investigações adequadas sobre o trágico acontecimento com armas químicas na Província de Idlib”.

Esta é a avaliação do Vigário de Aleppo para os Católicos de Rito Latino, Dom Georges Abou Khazen, ao comentar a notícia do ataque à base aérea em Shayrat (Província de Homs) por mísseis estadunidenses.

“Esta operação militar – acrescenta o prelado em conversa com a Agência Fides – abre novos cenários inquietantes para todos. Vejo que agora também Erdogan exulta por esta intervenção, decidida e realizada sem levar em consideração as vozes que pediam uma investigação independente sobre os fatos ocorridos em Idlib”.

“Tudo se decide com base aos impulsos veiculados por meio da mídia internacional. O Papa e a santa Sé não são ouvidos. E há quem queira que esta guerra suja continue”, alertou o prelado.

Foram 59 os mísseis Tomahawk que nas primeiras horas desta sexta-feira, 7 de abril, foram lançados de dois navios EUA estacionados no Mar Mediterrâneo, atingindo a base militar governamental de onde, segundo sustentado pelos EUA, teriam partido os aviões que em 4 de abril teriam bombardeado com armas químicas a cidade de Khan Shaikun, na Província de Idlib.

Após a operação militar determinada pela administração Trump, a Rússia pediu uma reunião de urgência do Conselho de Segurança da ONU, condenado o ataque.

(FIDES/JE)

 

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Índia - Arquidiocese de Goa festejará centenário das aparições de Fátima

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Nova Délhi (RV) - Também a Arquidiocese de Goa, na Índia, está prestes a festejar o centenário das aparições de Nossa Senhora de Fátima, ocasião na qual o Papa Francisco visitará o Santuário português, cuja viagem apostólica internacional se realizará nos dias 12 e 13 de maio próximo. 

Série de celebrações especiais e iniciativas

A arquidiocese indiana, em colaboração com a seção local do Apostolado Mundial de Fátima, organizou uma série de celebrações especiais e iniciativas, em particular nas cinco datas que recordam as aparições aos três pastorinhos Lúcia, Jacinta e Francisco, ocorridas entre 13 de maio de 13 de outubro de 1917.

Entre essas, destaca-se a chamada “Comunhão de reparação”, todo primeiro sábado do mês. Trata-se de um percurso contendo momentos de penitência e oração, a confissão, a comunhão e a recitação do Terço de Nossa Senhora.

Cinco sábados de Comunhão de reparação

Segundo explica o vice-presidente do Apostolado Mundial de Fátima, Celcio Dias, ao todo, serão cinco sábados para recordar as “cinco ofensas e blasfêmias contra Nossa Senhora: contra a Imaculada Conceição; a sua virgindade, a sua maternidade divina; e a blasfêmia daqueles que encorajam abertamente o ultraje a seu coração e a sua imagem sacra”.

Aparição de Nossa Senhora de Fátima, a mais profética dos tempos modernos

O arcebispo de Goa e Damão, Dom Filipe Neri António Sebastião do Rosário Ferrão, ressalta que as aparições de Nossa Senhora na Cova da Iria são, “sem dúvida, as mais proféticas entre as aparições dos tempos modernos”.

Segundo nota da arquidiocese indiana reportada pela agência missionária AsiaNews, “Fátima mostra à sociedade moderna a necessidade de conversão do coração humano” e de oração.

Efetivamente – prossegue a nota –, a falta de oração é “a causa da crise espiritual e moral que acomete o mundo de hoje”. Mas a oração não basta, é preciso também a penitência:

“É possível ser santos, viver a alegria de Deus e a paz na terra mediante a oferta diária de nossos deveres ao Sagrado Coração de Jesus e ao Imaculado Coração de Maria. Esse é o caminho para santificar nossas vidas e oferecer o testemunho da nossa fé cristã ao próximo”, conclui a nota. (AsiaNews / RL)

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Em Roma, a Via Sacra das mulheres crucifficadas

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Cidade do Vaticano (RV) – Mais de cem mil mulheres estrangeiras se prostituem na Itália. Têm entre 15 e 25 anos e são em maioria nigerianas, romenas, albanesas, chinesas e sul-americanas. Atraídas pela esperança de uma vida melhor, caem na rede do tráfico e sobrevivem vendendo seus corpos nas ruas das periferias ou em porões de boates. A elas é dedicada a Via SacraPelas mulheres crucificadas’, que sexta-feira (07/04) chega à terceira edição. 

Na noite de Roma, a caminhada atravessará sete estações no bairro da Garbatella, chegando à igreja de Santa Francisca Romana. Ali, algumas jovens vão testemunhar a experiência vivida como vítimas desta condição de escravidão. 

A iniciativa é promovida pela Diocese de Roma e a Comunidade Papa João XXIII, visitada em 2016 pelo Papa Francesco, que no âmbito das ‘sextas-feiras da misericórdia’, encontrou 20 mulheres hóspedes que foram libertadas do tráfico. 

Na audiência geral da última 4ª feira, Francisco convidou os fiéis a se unirem à Via Sacra e o arcebispo Angelo Becciu, substituto da Secretaria de Estado, anunciou sua participação. 

“Desçamos às ruas juntos”, exortam os organizadores, “para abraçar simbolicamente todas as estradas deste horrível mercado, para doar solidariedade e elevar uma súplica ao Senhor para as jovens irmãs que pedem para ser libertadas”.

O fenômeno da prostituição quadruplicou nos últimos dois anos em função do incremento dos desembarques de migrantes na Itália. 

Na edição de 2016, cerca de 8 mil pessoas aderiram à Via Sacra ‘Pelas mulheres crucificadas’. 

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Egito-Islã: Al Azhar e os direitos dos cristãos no mundo islâmico

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Cairo (RV) - O reconhecimento da plena igualdade dos direitos a todo cidadão, independentemente da fé à qual pertença, foi certamente uma das mais corajosas e sugestivas propostas lançadas no Congresso realizado no mês passado pela universidade sunita de Al-Azhar do Cairo, no Egito, realizado no mês passado.

Laicidade do Estado e igualdade de direitos

Personalidades do mundo acadêmico, político e cultural islâmico e cristão que debateram e refletiram juntos por iniciativa do Grão-Imame Ahmed el-Tayyib levantaram com coragem dois temas que criaram desconforto no mundo político e institucional árabe e islâmico: a laicidade do Estado e a plena igualdade dos direitos das pessoas com base no status de cidadania.

Mais que importantes para o desenvolvimento de uma cultura de paz e recíproco respeito das pessoas humanas, esses temas não poderão deixar de ser objeto de ulterior desenvolvimento, inclusive à luz da iminente viagem do Papa Francisco ao Egito, nos dias 28 e 29 de abril, ocasião na qual visitará também Al Azhar.

Segundo os tratados e os acordos das principais organizações internacionais, Onu em primeiro lugar, a correta aplicação do status de cidadania pressupõe que todo cidadão, pelo simples fato de pertencer a um determinado Estado, não possa ser objeto de discriminação no gozo de seus direitos por motivos de religião, étnicos, linguísticos e assim por diante.

Cidadania: liberdade de pensamento e de consciência

O princípio de cidadania é, portanto, baseado no respeito pela liberdade de pensamento e de consciência, da qual a religião é uma das manifestações fundamentais, como recordou o Patriarca maronita do Líbano, Cardeal Béchara Boutros Raï, em pronunciamento no Congresso egípcio.

Se olharmos para o quadro político normativo que define o status de cidadania nas Constituições do mundo árabe e islâmico, veremos que existem muitas discriminações à liberdade de pensamento e de religião, que levam a definir as profissões de fé diferentes do Islã como minorias, ou seja, “várias” comunidades que não têm direito à paridade de tratamento, que são reconhecidas segundo um estado de “dhimmitudine” (discriminação aos não-islâmicos por parte de muçulmanos, ndr), portanto, às quais o máximo que se pode fazer é tolerar.

Igualdade de dignidade entre religiões

O próprio Patriarca maronita afirmou que o termo “minoria religiosa” deveria desaparecer e ser substituído pelo reconhecimento da igual dignidade entre as religiões.

A concepção da cidadania nas Constituições dos Estados árabes está expressamente ligada à religião islâmica em que qualificam a própria identidade nacional. Isso comporta que, sendo considerados minoria, são impostos aos cristãos restrições, limites e tratamento diferente em relação aos direitos fundamentais. (AsiaNews / RL)

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Entrevistas



Brasil tem novo embaixador na Santa Sé. Conheça-o

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Cidade do Vaticano (RV) - Luiz Felipe Mendonça Filho, embaixador extraordinário e plenipotenciário do Brasil junto à Santa Sé, apresentou-se quinta-feira ao Papa Francisco, no Vaticano.

Ex-embaixador na Nicarágua, Mendonça Filho foi também embaixador em El Salvador de 2008 a 2012. Ao longo da carreira diplomática, serviu nas embaixadas em Santiago, Buenos Aires e Viena, no Consulado-Geral em Miami e na Missão do Brasil junto à Organização dos Estados Americanos.

Luiz Felipe Mendonça Filho substitui Dênis Fontes de Souza Pinto, que estava no cargo desde 2013. 

A RV o entrevistou. Ouça aqui as suas primeiras impressões após a audiência com o Papa: 

 

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Atualidades



Ataque em Estocolmo: caminhão avança contra multidão e mata três pessoas

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Estocolmo (RV) – Três pessoas morreram e oito ficaram feridas no centro de Estocolmo, na Suécia, arrastadas por um caminhão que avançou em meio à multidão que estava numa calçada. Para o primeiro-ministro, Stefan Lofven, e o Serviço de Segurança do país, a dinâmica do ocorrido faz pensar que se trate de um ataque terrorista. 

O caminhão atropelou pedestres que estavam numa importante rua do centro da capital, na tarde desta sexta-feira (7). O veículo teria sido roubado um pouco antes do atentado, por um suspeito que já teve a foto postada no Twitter pela Rádio Pública da Suécia. Segundo a polícia, porém, ainda ninguém foi preso.

A União Europeia já ofereceu apoio e solidariedade ao país. O presidente executivo do bloco, Jean-Claude Juncker, disse que “um ataque a qualquer um dos nossos Estados membros é um ataque a nós todos”.

A mesma região de Estocolmo atacada hoje, em 11 de dezembro de 2010 já tinha sido palco de um duplo atentado com autobomba. Naquele caso, no entanto, a tragédia foi evitada porque o arsenal não funcionou, e o autor foi sucessivamente identificado como um cidadão sueco, nascido no Iraque. (AC)

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Ataque dos Estados Unidos contra a Síria, lançados 59 mísseis

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Damasco (RV) - Bombardeio dos EUA contra a Síria. O Pentágono anunciou ter lançado um ataque contra o exército de Assad, usando 59 mísseis Tomahawk dos navios que se encontram no Mediterrâneo oriental. Para o Governador de Homs no ataque teriam perdido a vida 4 pessoas.

Trump passa das palavras aos fatos

Trump passa das palavras aos fatos. O presidente dos EUA anunciou o ataque em resposta ao massacre de civis com gás no último dia 4 de abri, ataque atribuído ao regime de Damasco. São 59 os mísseis Tomahawk lançados por dois navios estadunidenses no Mediterrâneo oriental, e que atingiram às 03:45, hora local, a base aérea Shayrat, no centro do país: a mesma de onde de acordo com fontes de inteligência teriam partido os aviões que na terça-feira lançaram agentes químicos sobre a província de Idlib, que causaram a morte de 70 pessoas, 30 delas crianças.

A Rússia decidiu suspender o “memorandum” 

Trump justificou o ataque “no interesse vital da segurança nacional dos EUA para evitar e prevenir o uso de armas químicas letais”. Em seguida, um apelo ao mundo, aos “países civilizados” para que se unam com os EUA para “pôr fim - disse ele - ao massacre e ao banho de sangue” na Síria. Uma decisão tomada na última terça. O Pentágono disse que o ataque dos EUA contra a base aérea na Síria “reduziu a capacidade do governo sírio de usar armas químicas”. Para a Rússia, no entanto, informada sobre o ataque, isso poderia piorar as relações entre Moscou e Washington. A Rússia decidiu suspender o “memorandum” com a coalizão guiada pelos estadunidenses para a prevenção de incidentes e sobre a garantia da segurança de voos durante a operação na Síria.

Síria: uma "agressão"

Já o ministro da Defesa da Síria, Fahd Yasem al Freich, qualificou nesta manhã o ataque dos Estados Unidos como uma “agressão” e disse que com essa ação Washington se converteu em um “sócio” dos terroristas.

As autoridades de Damasco reconheceram que realizaram o bombardeio contra a localidade de Idlib, na última terça-feira, porém negaram de maneria categórica o uso de armas químicas. Segunda a versão do governo, durante os bombardeios foi atingido um depósito de armas químicas da Frente Al Nusra, introduzidas de contrabando na província a partir da fronteira com o Iraque e Turquia. (SP)

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Guerra na Síria: desenhos das crianças vão do horror à esperança

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Damasco (RV) – Nenhuma criança está sendo poupada do horror da guerra na Síria, que sofre ataques todos os dias. Os pequenos acabam pagando o preço mais alto dessa realidade que já dura seis anos. 

No ataque químico a Idlib, na terça-feira (7), 546 pessoas ficaram feridas e ao menos 27 crianças foram mortas. O diretor regional da Unicef para o Oriente Médio e Norte da África, Geert Cappelaere, declarou que todas as partes em conflito, “devem imediatamente colocar um fim a esse horror. Não podemos permitir que o assassinato de crianças na Síria continue”, disse ele.

Segundo dados do Unicef, mais de 1,7 milhão de crianças sírias não vão à escola. No final de 2016, porém, ao participarem de programas psicossociais da entidade, elas fizeram desenhos que mostram as suas dores, mas também as alegrias. Em meio à tragédia e o sofrimento da guerra, são crianças e, pela magia da idade, continuam sonhando com um futuro diferente. (AC)   

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Acompanhe com a RV a vigília do Papa com os jovens

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Cidade do Vaticano (RV) - O Papa Francisco preside neste sábado, 8 de abril, à vigília de oração na Basílica Santa Maria Maior com os jovens, por ocasião da 32ª edição da Jornada Mundial da Juventude em nível diocesano, que se celebra no Domingo de Ramos. 

A Rádio Vaticano transmite este evento ao vivo, com comentários em português, a partir das 18h20 (13h20 no horário de Brasília).

“O Todo-Poderoso fez em Mim maravilhas” é o tema da mensagem da JMJ deste ano, que tem como protagonista Nossa Senhora, que soube dar graças a Deus e reconhecer as grandes obras que Ele realiza em sua vida.

No texto, o Papa utiliza expressões e terminologias próprias da juventude, como estar conectado, flashmob, redes sociais, reality show, e cunhou outra, “jovem-sofá”, para pedir aos jovens que sejam protagonistas de sua história e de seu futuro.

Sobre esta linguagem, o Pe. João Chagas, Responsável pelo Setor de Juventude do Dicastério para os Leigos, a Família e a Vida, faz um comentário aos ouvintes do Programa Brasileiro. Ouça clicando acima.

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